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AGRAVO INTERNO VS.

AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Weber Luiz de Oliveira  01/04/2018

Coluna: Adovocacia Pública em Debate / Coordenadores: Weber


Luiz de Oliveira e José Henrique Mouta Araújo
A Lei 13.256, de 4 de fevereiro de 2016, alterando o CPC/2015
antes mesmo de sua vigência, manteve o duplo juízo de
admissibilidade dos recursos especial e extraordinário: o
primeiro realizado pelo tribunal de origem; o segundo pelo
próprio tribunal superior, STJ ou STF.

Expõe-se aqui, a sistemática recursal adotada no caso de


negativa de seguimento de tais recursos realizada pelo
primeiro juízo de admissibilidade.

De início é relevante destacar que o novo diploma processual


civil, para fins recursais, trabalha com a decisão
denegatória dos recursos extraordinários com o conteúdo que
nela contém, assim como o fez quando conceituou expressamente
a sentença (art. 203, § 1º), elegendo não apenas o critério
da finalidade, ou seja, de fim de uma fase processual, mas,
também, com o critério do conteúdo, de resolução ou não do
mérito.

O CPC/2015 passou, então, a exigir a verificação não apenas


da decisão e da fase de sua prolação, mas
do conteúdo utilizado no juízo de admissibilidade pelo
tribunal de origem.
Assim, de decisão denegatória de recurso especial ou
extraordinário, baseada em repercussão geral ou em julgamento
de recursos repetitivos, o recurso cabível é o agravo
interno, nos termos dos arts. 1.021 e 1.030, § 2º, Código de
Processo Civil.

Não sendo o caso, ou seja, se a decisão que não admitiu o


recurso extraordinário não conter fundamento em repercussão
geral ou julgamento de casos repetitivos, o recurso cabível é
o agravo em recurso extraordinário, a teor dos arts. 1.030, §
1º e 1.042, do Código de Processo Civil[i].
Tal situação já foi enfrentada em algumas oportunidades pelo
Supremo Tribunal Federal que, reiteradamente, tem decidido
que o recurso cabível contra decisão que inadmite recurso
extraordinário quando a decisão recorrida do tribunal local
se assenta em tese de repercussão geral ou em julgamento de
recursos repetitivos é o agravo interno[ii]. 
Esclarecedor é o voto proferido pelo Ministro Celso de Mello,
nos autos do ARE 1003037, julgado em 19/05/2017: 
Cabe assinalar, no ponto, que o novíssimo Código de Processo
Civil, na linha de consolidada jurisprudência desta Suprema
Corte (Rcl 10.793/SP, Rel. Min. ELLEN
GRACIE, v.g.), estabelece que o agravo interno (CPC, art.
1.030, § 2º, na redação dada pela Lei nº
13.256/2016) constitui o único instrumento recursal apto a
questionar a correção do ato judicial que, ao negar
seguimento a recurso extraordinário, limita-se a meramente
aplicar entendimento firmado em sede de repercussão
geral (CPC, art. 1.030, I).
Na realidade, a interposição do agravo interno objetiva
viabilizar a formulação de juízo de retratação pelo
Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal recorrido ou a
reforma da decisão agravada pelo órgão colegiado previsto em
seu regimento interno, ensejando-se ao recorrente, desse
modo, a possibilidade de demonstrar a eventual existência de
distinção entre a controvérsia jurídica versada no caso
concreto e a tese firmada no paradigma invocado como
fundamento para negar trânsito ao apelo extremo. Vê-se, desse
modo, que se revela inviável submeter ao Supremo Tribunal
Federal, por via recursal inadequada (ARE), tal como
pretendido pelo ora recorrente, o reexame da decisão
proferida pelo Tribunal “a quo” (ou pelo Colégio Recursal “a
quo”) que, ao julgar inadmissível o recurso
extraordinário, apoiou-se em entendimento firmado em regime
de repercussão geral. 
Sobreleva destacar que no agravo interno, sob pena de não
conhecimento por ausência de dialeticidade, é impositivo
confrontar nas razões recursais o equívoco da decisão de
inadmissão do recurso extraordinário ou especial,
demonstrando, de forma escorreita, o distinguishing entre a
tese de repercussão geral ou de recurso repetitivo utilizado
na decisão denegatória de recurso extraordinário ou especial
e a situação jurídica a que se postula admissão do recurso.
Não havendo, ainda, êxito, se pode conjecturar na propositura
de Reclamação ao STF, conforme as disposições do art. 988, II
e, a contrario sensu, art. 988, § 5º, II[iii].
Por fim, merece ser destacada a possibilidade de interposição
dos dois recursos contra a decisão denegatória de recurso
extraordinário feito pelo tribunal local – agravo interno e
agravo em recurso especial e recurso extraordinário[iv].
Com efeito, se a decisão denegatória de recurso
extraordinário conter dois capítulos, sendo um fundamentado
em repercussão geral ou recursos repetitivos e o outro sem
qualquer fundamento nesse sentido, abre-se o cabimento de
dois recursos contra a mesma decisão. Referida situação já
foi enfrentada pelo STF e pelo STJ[v].
Nada obstante a clareza dos dispositivos legais e dos
precedentes judiciais das Cortes Superiores, o Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, em algumas oportunidades, não se
pautou dessa maneira[vi].
Esses entendimentos judiciais dissonantes com o sistema
recursal levou a edição, no último Fórum Permanente de
Processualistas Civis, ocorrido em Recife em março de 2018,
do Enunciado n. 685, que interpretando os arts. 988 e 1.042,
§ 4º, do CPC, e a súmula 727 do STF[vii], descreve: “Cabe
reclamação, por usurpação de competência do Tribunal
Superior, contra decisão do tribunal local que não admite
agravo em recurso especial ou em recurso extraordinário”.
Conclui-se, em se tratando de decisão de inadmissão de
recurso extraordinário ou especial feito pelo tribunal de
origem (primeiro juízo de admissibilidade), que não é apenas
o tipo de decisão que determinará o recurso cabível, mas, de
igual modo, o conteúdo das decisões, o que revela a atenção
em suas análises e definição do recurso a ser interposto –
agravo interno e/ou agravo em recurso especial e em recurso
extraordinário, cabendo, por fim, no caso de usurpação de
competência do STJ ou STF pelos tribunais de origem, a
propositura de reclamação.

[i] Na doutrina, por todos, pode-se citar: “Ressalva


importante na nova sistemática, estampada no caput do art.
1.042, está nas hipóteses em que a decisão de inadmissão do
recurso extraordinário ou do recurso especial fundar-se em
‘aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão
geral ou em julgamento de recursos repetitivos’. Neste caso,
o recurso cabível não é o agravo em recurso especial e em
recurso extraordinário do art. 1.042 mas, bem diferentemente,
o agravo interno, no que é suficientemente claro o § 2º do
art. 1.030, com a remissão por ele feita ao inciso I
do caput daquele mesmo artigo. O que pode ocorrer, em tais
situações – e isso é irrecusável diante do modelo
constitucional -, é que do acórdão proferido no agravo
interno seja interposto outro recurso extraordinário e/ou
recurso especial com o objetivo de alcançar o STF e/ou o STJ,
respectivamente. Isso sem prejuízo de se aventar a
possibilidade de contrastar a decisão local ou regional
perante o STF ou o STJ mediante o emprego da reclamação, o
que, a despeito da nova redação do inciso IV do art. 988,
encontra fundamento no inciso II do § 5º do mesmo
dispositivo, ambos na redação que lhes deu a mesma Lei n.
13.256/2016...” (BUENO, Cassio Scarpinella, Manual de direito
processual civil, 3ª ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2017,
p. 772). Ainda, o Enunciado 464, do Fórum Permanente de
Processualistas Civis: “(arts. 932 e 1.021; Lei 9.099/1995;
Lei 10.259/2001; Lei 12.153/2009) A decisão unipessoal
(monocrática) do relator em Turma Recursal é impugnável por
agravo interno”.
[ii] “AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. APLICAÇÃO PELO TRIBUNAL A
QUO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. INTERPOSIÇÃO DE
AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO (ART. 1.042 DO CPC/2015).
MANIFESTO DESCABIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 727 DESTA
CORTE. INEXISTÊNCIA DE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. PRETENSÃO DE
REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE EM SEDE DE RECLAMAÇÃO.
AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Inexiste usurpação de
competência desta Suprema Corte na decisão que não conhece
agravo em recurso extraordinário (artigo 1.042 do CPC/2015)
interposto contra decisão que aplicou a sistemática da
repercussão geral, passível de impugnação apenas por agravo
interno (artigo 1.030, § 2º, do CPC/2015). 2. Hipótese de
manifesto descabimento do agravo em recurso extraordinário
interposto pelo reclamante, a afastar a incidência da Súmula
727 do STF. Precedentes: Rcl 24.145 AgR, Rel. Min. Edson
Fachin, Primeira Turma, DJe de 25/10/2016, Rcl 24.365 AgR,
Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de 25/08/2016,
e Rcl 12.122 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, DJe de
24/10/2013. 3. Impossibilidade de reexame de provas em sede
de reclamação, que “não se qualifica como sucedâneo recursal
nem configura instrumento viabilizador do reexame do conteúdo
do ato reclamado, eis que tal finalidade revela-se estranha à
destinação constitucional subjacente à instituição dessa
medida processual” (Rcl 4.381 AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
Pleno, DJe de 5/8/2011). 4. Agravo interno desprovido. (Rcl
24885 AgR, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 25/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 08-
08-2017 PUBLIC 09-08-2017)”. 
“Agravo regimental na reclamação. Negativa de seguimento a
recurso extraordinário com fundamento nos Temas nºs 181, 424
e 660 de repercussão geral. Recurso extraordinário com
agravo. Não conhecimento pelo Tribunal a quo. Ausência de
usurpação da competência do STF. Agravo regimental não
provido. 1. Não cabe recurso de agravo ou reclamação contra
decisão com que o órgão de origem, fundado em entendimento
firmado em regime de repercussão geral, não admite recurso
extraordinário. Precedentes . 2. Compete ao órgão colegiado
ao qual pertence o juízo prolator do despacho de
inadmissibilidade de recurso extraordinário na origem
proceder, em sede de agravo interno, à análise de adequação
entre o teor do provimento concedido pelo órgão de origem
acerca do tema constitucional destacado no recurso
extraordinário e a tese de repercussão geral firmada pela
Suprema Corte. 3. Agravo regimental não provido.
(Rcl 25105 AgR, Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI, Segunda
Turma, julgado em 13/12/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034
DIVULG 20-02-2017 PUBLIC 21-02-2017)”. 
[iii] A propósito: “AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO. DESRESPEITO A
PRECEDENTE DO STF PLASMADO SOB O RITO DA REPERCUSSÃO GERAL.
1. Rompendo tradicional entendimento do SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, o Código de Processo Civil de 2015 prevê hipótese de
reclamação por ofensa a entendimento de mérito desta Corte
formado em julgamento de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida. 2. Essa previsão, todavia, não
deve representar a banalização do instituto, de modo a trazer
para esta Corte toda e qualquer inconformidade com as
decisões das instâncias de origem. 3. O próprio Código
fornece balizas seguras para a adequada compreensão do
instituto. 4. A parte final do inc. II do § 5º do art. 988 do
CPC impõe o esgotamento das instâncias ordinárias. 5.
Portanto, NÃO caberá reclamação por inobservância a
precedente com repercussão geral reconhecida (a) enquanto
couberem recursos na instância de origem, não se considerando
entre esses os chamados “recursos facultativos” (embargos de
declaração; embargos de divergência; embargos do art. 894,
II, da Consolidação das Leis do Trabalho; entre outros) e (b)
quando a decisão comportar recurso para o SUPREMO. 6. Em
relação ao que se colocou na letra b supra, NÃO caberá a
reclamação ora em exame contra decisão da origem que inadmita
recurso extraordinário sem fazer menção a precedente formado
sob a sistemática da repercussão geral. Para trazer ao
SUPREMO a discussão sobre todos outros tipos de óbices, a
parte dispõe do agravo do art. 1.042 do CPC, no qual, além de
proceder à indispensável impugnação específica, pode postular
a aplicação de precedente de repercussão geral. A reclamação,
nessa hipótese, mostra-se desnecessária, pois a parte tem
acesso ao SUPREMO, inclusive com possibilidade de tutela de
urgência (art. 1.029, § 5º). 7. Por decorrência lógica, a
reclamação em tela somente caberá do julgamento do agravo
interno de que trata o art. 1.030, § 2º, do CPC, devendo ser
proposta antes da formação da coisa julgada (CPC, art. 988, §
5º, I). 8. De outro lado, o Código deixa muito claro que o
reclamante pode usar como fundamento somente “acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral RECONHECIDA” ou
“acórdão proferido em julgamento de recurso extraordinário
REPETITIVO”. 9. Dentro desses exíguos limites, não cabe
alegar nesta reclamação (a) desrespeito a acórdão que afirmou
INEXISTENTE a repercussão geral de certa matéria e (b) a
aplicação de óbices processuais ou de outros precedentes,
destituídos da força da repercussão geral ou do caráter
repetitivo definido nos arts. 1.036 a 1.041. 10. Em síntese:
a reclamação prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC (a) cabe
tão-somente do julgado que resultar da apreciação do agravo
interno de que trata o art. 1.030, § 2º, do CPC e (b) pode
apontar como fundamento exclusivamente acórdão de recurso
extraordinário REPETITIVO ou com repercussão geral
RECONHECIDA. 11. Embora a presente reclamação ajuste-se a
esses parâmetros, no mérito, não traz argumentos que
evidenciem a inobservância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida. 12. Agravo
interno a que se nega provimento. (Rcl 27798 AgR,
Relator(a):  Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
julgado em 27/10/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-258 DIVULG 13-
11-2017 PUBLIC 14-11-2017)”. 
“Embargos de declaração em agravo regimental em reclamação.
2. Reclamação contra decisão que aplica a sistemática da
repercussão geral na origem. Não cabimento. Ausência de
exaurimento das instâncias ordinárias. Artigos 988, § 5º, II,
e 1.030, § 2º, do CPC/2015. 3. Impossibilidade de utilização
da reclamação como sucedâneo recursal. 4. Ausência de
omissão, contradição ou obscuridade. 5. Não configuração de
situação excepcional. Embargos protelatórios. Imposição de
multa. 6. Embargos de declaração rejeitados. (Rcl 25195 AgR-
ED, Relator(a):  Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado
em 29/09/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-232 DIVULG 09-10-2017
PUBLIC 10-10-2017)” 

[iv] Oportuna a menção ao texto de Denis Danoso e Marco


Aurélio Serau Junior, disponível
em: http://emporiododireito.com.br/leitura/cabimento-
simultaneo-de-agravo-interno-e-agravo-de-admissao-em-recurso-
especial-extraordinario-nova-excecao-ao-principio-da-
unirrecorribilidade-por-denis-donoso-e-marco-aurelio-serau-
junior. Acesso em 31.03.2018.
[v] “AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
RECURSO CONTRA DECISÃO QUE APLICA A SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL NA ORIGEM. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
NECESSIDADE DE REEXAME DA LEI INFRACONSTITUCIONAL.
INVIABILIDADE. REANÁLISE DOS FATOS E PROVAS DOS AUTOS. SÚMULA
279 DO STF. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO.
INEXISTÊNCIA. MERA INTERPRETAÇÃO DA LEI FRENTE AO CASO
CONCRETO PELA INSTÂNCIA DE ORIGEM. PRECEDENTES. 1. Ao
proceder ao juízo de admissibilidade de recurso
extraordinário com capítulos independentes e autônomos, o
Tribunal de origem aplicou precedente formado sob o rito da
repercussão geral para algumas questões e óbices de outra
natureza para os demais pontos. 2. As decisões de
admissibilidade com esse perfil têm sido apelidadas de
“mistas” (ou “complexas”). 3. Tais decisões comportam duas
espécies de recursos: agravo interno quanto às matérias
decididas com base em precedente produzido sob o rito da
repercussão geral (CPC, art. 1.030, § 2º); e agravo do art.
544 do CPC/1973 ou do art. 1.042 do CPC/2015 (a depender do
momento em que publicada a decisão agravada) quanto aos
aspectos resolvidos por outros tipos de fundamentos. 4. Não
há previsão legal de recurso para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
contra a parte da decisão do Juízo de origem que aplicou a
sistemática da repercussão geral (Pleno, AG.REG. NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 994.469, Relatora: Min. CÁRMEN
LÚCIA (Presidente), DJe de 14/3/2017). 5. Embora admissível
quanto aos demais óbices, o agravo não merece prosperar. A
reforma do julgado recorrido impõe o exame de legislação
infraconstitucional e o revolvimento do conjunto fático-
probatório dos autos, o que é estranho ao âmbito de cognição
do recurso extraordinário, conforme a Súmula 279/STF. 6. O
Tribunal de origem apenas interpretou e aplicou a legislação
ordinária pertinente de acordo com o caso concreto, não
havendo infração ao art. 97 da CF ou à Súmula Vinculante 10.
7. Agravo interno a que se nega provimento. Fixam-se
honorários advocatícios adicionais equivalentes a 10% (dez
por cento) do valor a esse título arbitrado nas instâncias
ordinárias (CPC/2015, art. 85, § 11). (ARE 1017409 AgR,
Relator(a):  Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
julgado em 27/10/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-258 DIVULG 13-
11-2017 PUBLIC 14-11-2017)”. 
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. ENUNCIADOS ADMINISTRATIVOS 2 E 3 DO STJ.
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE. DESAPROPRIAÇÃO POR
INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. INDENIZAÇÃO.
APURAÇÃO EM LAUDO PERICIAL. CONDENAÇÃO EM JUROS
COMPENSATÓRIOS. JUÍZO DE INADMISSIBILIDADE. INTERPOSIÇÃO
CONCOMITANTE DE AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E DE AGRAVO
INTERNO. POSSIBILIDADE. CAPÍTULOS DECISÓRIOS COM FUNDAMENTOS
DISTINTOS. EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. REEXAME DO FEITO.
VIOLAÇÃO A NORMATIVOS FEDERAIS. CRITÉRIOS E METODOLOGIA DO
LAUDO PERICIAL. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 07/STJ.
CONTEMPORANEIDADE. AVALIAÇÃO JUDICIAL. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
PASSIVO AMBIENTAL. DEDUÇÃO DO VALOR NO MONTANTE
INDENIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. DEFINIÇÃO UNILATERAL.
SUJEIÇÃO AO CONTRADITÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO INATACADA. SÚMULA
283/STF. 1. O juízo de admissibilidade negativo feito na
origem, quando contiver capítulos decisórios fundados
autonomamente no inciso I e II do art. 1.030 do CPC/2015 e
também no inciso V do mesmo preceito legal, desafia a
interposição concomitante de agravo interno e de agravo em
recurso especial, hipótese em que admitida exceção à regra da
unirrecorribilidade. Precedente. 2. Não é cognoscível o
recurso especial para o exame da justeza da indenização
arbitrada em ação de desapropriação quando a verificação
disso exigir a revisão e a reinterpretação dos critérios e da
metodologia utilizados nos laudos do assistente técnico e do
perito judicial. Inteligência da Súmula 07/STJ. 3. O art. 12,
"caput", da Lei 8.629/1993, o art. 12, § 2.º, da Lei
Complementar 76/1993, e o art. 26, "caput" do Decreto-Lei
3.365/1941, atribuem à justa indenização o predicado da
contemporaneidade à avaliação judicial, sendo desimportante,
em princípio, o laudo elaborado pelo ente expropriante para a
aferição desse requisito ou a data da imissão na posse.
Precedentes. 4. Não se conhece do recurso especial quando o
acórdão tem múltiplos fundamentos autônomos e o recurso não
abrange todos eles. Inteligência da Súmula 283/STF. 5. No
caso concreto, a questão do passivo ambiental e da sua
composição pela dedução no valor indenizatório foi repelida
em razão da unilateralidade na sua definição, isto é, pela
falta de sujeição ao contraditório, ao passo que as razões
recursais apenas repisam a questão da responsabilidade ser do
titular do direito de propriedade, em consideração à natureza
de obrigação "propter rem". 6. Agravo interno conhecido para,
no exercício do juízo de retratação, reconsiderar a decisão
monocrática prolatada por Sua Excelência o Senhor Ministro
Presidente do Superior Tribunal de Justiça e, vencida a
questão da unirrecorribilidade, conhecer do agravo para
conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa extensão,
negar-lhe provimento. (AgInt no AREsp 827.564/BA, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
12/12/2017, DJe 18/12/2017)”. 

[vi]   Colhe-se, por exemplo: “AGRAVO EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO NÃO ADMITIDO COM FUNDAMENTO NO ART. 1.030, I,
A, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. DECISÃO AGRAVADA QUE
ANALISOU A MATÉRIA SOB A SISTEMÁTICA DOS RECURSOS
REPETITIVOS. CABIMENTO DO AGRAVO INTERNO, PREVISTO NO ART.
1.021 DO REFERIDO DIPLOMA LEGAL. AUSÊNCIA DE DÚVIDA OBJETIVA
QUANTO AO RECURSO CABÍVEL. ERRO GROSSEIRO CONFIGURADO.
INVIABILIDADE DE ADOÇÃO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. RECURSO
NÃO CONHECIDO.    [...] "A interposição do agravo previsto no
art. 1.042, caput, do CPC/2015 quando a Corte de origem o
inadmitir com base em recurso repetitivo constitui erro
grosseiro, não sendo mais devida a determinação de outrora de
retorno dos autos ao Tribunal a quo para que o aprecie como
agravo interno" (AREsp 959.991/RS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe
de 26/08/2016). [...]" (AgInt no AREsp 951.728/MG, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, j. em 15/12/2016, DJe
07/02/2017). (TJSC, Agravo n. 0022389-92.2012.8.24.0008, de
Blumenau, rel. Des. Sérgio Izidoro Heil, Câmara de Agravos
Internos em Recursos Constitucionais, j. 25-10-2017)”.
[vii] “Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo
Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da
decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que
referente a causa instaurada no âmbito dos juizados
especiais”.
 

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NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO OU POSICIONAMENTO DO EMPÓRIO DO DIREITO.

Art. 1.042 do Novo CPC comentado


artigo por artigo
 
 25/03/19

Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em


Recurso Extraordinário (art. 1.042 do Novo CPC)
O Novo Código de Processo realizou importantes alterações em sede de
agravo, excluindo, por exemplo, o agravo retido. No entanto, manteve a
possibilidade de agravo em recurso especial ou recurso extraordinário (art.
1.042, do Novo CPC), ainda que com algumas modificações após a publicação
da Lei 13.105/2015 e da Lei 13.256/2016.

Os parágrafos 1º e 2º do art. 1.030 do Novo CPC preveem, então, duas


possibilidades de recurso diante da inadmissão ao recurso especial ou recurso
extraordinário:
1. agravo interno, nos moldes dos parágrafos dos incisos I, II e III do
art. 1.030 do Novo CPC, observando, portanto, o art. 1.021 do
Novo CPC; ou
2. agravo, nos moldes do inciso V do art. 1.030, do Novo CPC,
observando, desse modo, o art. 1.042 do Novo CPC.

O inciso V do art. 1.030, CPC/2015, dessa maneira, estabelece a causa de


agravo. E prevê, assim:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o


recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)
dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente
do tribunal recorrido, que deverá:

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao


Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a. o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de


repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos; 
b. o recurso tenha sido selecionado como representativo da
controvérsia; ou
c. o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. 

Art. 1.042 do Novo CPC

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-


presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou
recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento
firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos.

I. Revogado.
II. Revogado.
III. Revogado.

§1º – Revogado.

I. Revogado.
II. Revogado.
a. Revogado.
b. Revogado.
§2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente
do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas
postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos
repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo
de retratação.

§3º O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no


prazo de 15 (quinze) dias.

§4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será


remetido ao tribunal superior competente.

§5º O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o


recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação
oral, observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal
respectivo. 

§6º Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e


especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não
admitido.

§7º Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal


competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos
ao Superior Tribunal de Justiça.

§8º Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e,


se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os
autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do
agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

Art. 1.042, caput, do Novo CPC

(1) O art. 1.042 do CPC/2015, de modo semelhante ao art. 544 do CPC/1973,


trata, assim, da hipótese agravo em decisão que inadmite recurso
extraordinário ou recurso extraordinário. O art. 544, CPC/1973, previa, em
seu caput, que “não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial,
caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias”.

(2) Sobre o juízo de admissibilidade, Didier (1), esclarece:


[…] o juizo de admissibilidade é um juizo sobre a validade do procedimento
(neste caso, do recursal). Assim: a) se for positivo, o juizo de admissibilidade é
declaratório da eficácia do recurso, decorrente da constatação da validade do
procedimento (aptidão para a prolação da decisão sobre o objeto litigioso); b)
se negativo, o juizo de admissibilidade será constitutivo negativo, em que se
aplica a sanção da inadmissibilidade (invalidade) ao ato-complexo, que se
apresenta defeituoso/viciado.
(3) O caput do art. 1.042, Novo CPC, então, dispõe que caberá agravo contra
decisão presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir
recurso especial ou recurso extraordinário.

(4) Prevê, no entanto, também uma exceção: quando a decisão for fundada em


entendimento firmado em regime de repercussão geral ou julgamento de
recursos repetitivos.

(5) Por fim, o Enunciado 225 do Fórum Permanente de Processualistas Civis


(FPPC) dispõe:

225. (art. 1.042) O agravo em recurso especial ou extraordinário será interposto


nos próprios autos. (Grupo: Recursos Extraordinários)

Art. 1.042, parágrafo 1º, do Novo CPC

(6) O parágrafo 1º do art. 1.042, Novo CPC, assim como os incisos do caput,
foi revogado pela Lei 13.256/2016, que disciplina, então, o processo e o
julgamento do recurso extraordinário e do recurso especial.

Art. 1.042, parágrafo 2º, do Novo CPC

(7) O parágrafo 2º do art. 1.042 dispõe, então, que a petição de agravo será
dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem. Isto porque
a eles cabe o juízo de admissibilidade do recurso especial ou recurso
extraordinário, nos moldes do inciso V do caput do art. 1.030 do Novo CPC.

(8) Não obstante, a petição independe do pagamento de custas e despesas


postais. Ou seja, o agravo de decisão que inadmite recurso extraordinário ou
especial dispensa preparo. E está, assim, em consonância com o previsto no
art. 521, inciso III, do Novo CPC, sobre a caução,
(9) E aplica-se, por fim, o regime da repercussão geral e de recursos
repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de
retratação.

Art. 1.042, parágrafo 3º, do Novo CPC

(9) O parágrafo 3º do art. 1.042 do Novo CPC prevê, então, que o prazo para
as contrarrazões do agravado será de 15 dias.

Art. 1.042, parágrafo 4º, do Novo CPC

(10) Caso, contudo, o agravado não ofereça a resposta no prazo do parágrafo


3º do art. 1.042 do Novo CPC, o agravo será remetido, então, ao tribunal
superior competente para o seu julgamento.

(11) A Súmula 288 do STF previa que o agravo para subida de recurso
extraordinário teria seu provimento negado diante da falta, no traslado:

 despacho agravado;
 da decisão recorrida;
 da petição de recurso extraordinário; ou
 de qualquer peça essencial à compreensão da controvérsia.

(12) A súmula, contudo, restou superada com o advento do CPC/2015,


conforme o Enunciado 228 do FPPC. Do mesmo modo, conforme o Enunciado
229 do FPPC, restou superada, então, a Súmula 639 do STF, segundo a qual,
“aplica-se a súmula 288 quando não constarem do traslado do agravo de
instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade
do recurso extraordinário não admitido pela decisão agravada”.

(13) Ainda, segundo Didier [2]:

Analisando as razões do agravo, em cotejo com suas contrarrazões, o


presidente ou vice-presidente pode retratar-se e desfazer a decisão de
inadmissibilidade, determinando seja o recurso especial ou extraordinário, a
depender do caso, encaminhado ao tribunal superior.

Não exercida a retratação, a decisão mantém-se, com a remessa dos autos


ao tribunal superior (art. 1.042, § 40).

Art. 1.042, parágrafo 5º, do Novo CPC


(13) O parágrafo 5º do art. 1.042 prevê, então, que o agravo poderá ser
julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial ou
extraordinário. Contudo, restará assegurada a sustentação oral, observando-
se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo. 

Art. 1.042, parágrafo 6º, do Novo CPC

(14) Caso ambos os recursos (recurso especial e recurso extraordinário) sejam


interpostos, o agravo não aproveitará, todavia, a ambos. Será necessário,
portanto, interpor um agravo para cada recurso cuja admissibilidade tenha sido
negada.

Art. 1.042, parágrafo 7º, do Novo CPC

(15) Havendo, assim, apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal


competente. Havendo, entretanto, interposição conjunta, os autos serão
remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

Art. 1.042, parágrafo 8º, do Novo CPC

(16) Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se


for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão
remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele
dirigido, salvo se estiver prejudicado.

Referências

1. DIDIER Jr., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de direito


processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de
competência originária de tribunal. 13. ed. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016, p. 131.
2. Ibid., p. 282.
Aline Gostinski MECNPJ: 34.463.330/0001-84ISSN: 2446-7405
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