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Juízes incompetentes

O Brasil entrou em alvoroço quando ficou decidido no STF que Sérgio Moro teria sido um juiz
incompetente para julgar o ex-presidente Lula.

Vendo toda aquela polêmica me ocorreu que no julgamento de Jesus houve fato semelhante. O
relato se encontra no capítulo 23 do Evangelho de São Lucas.

Pilatos a princípio não achou nenhuma culpa em Jesus. (Diferentemente de Lula que havia sido
condenado em três instâncias). Então Pilatos ficou sabendo que Jesus vinha da Galileia, outra
jurisdição que pertencia a Herodes. E tratou de passar para Herodes aquele complicado caso –
primeira lição:

1) Não fuja de suas responsabilidades, encare-as! Quando algo vier a suas mãos para fazer,
faze-o conforme as suas forças. Não busque subterfúgios para fugir daquilo que lhe compete
resolver. Você não ganhará tempo e a situação irá só se agravar. Tome atitude. Faça o que é
correto e pronto. Tudo estará resolvido. Assuma as consequências, ainda que elas não lhes
sejam favoráveis, sabendo que Deus assim estará do seu lado.

Pois bem, Herodes recebe a Jesus com muita alegria. Herodes há muito desejava vê-lo. Esperava ver
algo maravilhoso. O resultado foi que ele lhe interrogou com muitas palavras, mas Jesus nada lhe
respondia.

Todos nós, crentes, um dia recebemos Jesus também com muita alegria. Todos nós, de certa forma,
também desejávamos e desejamos muito também contemplá-lo. Também não é raro querermos ver
algo maravilhoso, por parte de Jesus. As semelhanças se aprofundam. Muitas vezes interrogamos o
Mestre também com muitas perguntas e por fim, semelhantemente, recebemos em contrapartida
nada mais, nada menos, que o silêncio de Deus. Aqui podemos tirar sérias e duras lições:

2) Aproxime-se de Jesus com santa e reverente alegria, nunca com leviandade. Às vezes
brincamos demais com aquilo que não é objeto de brincadeira. “Irreverência” é quase
sempre usada na mídia como algo virtuoso. A sociedade, hoje, oferece mais espaço para a
descontração e somos poupados de ambientes pesados com semblantes carrancudos. Mas
isso não deve ser desculpa para negligenciarmos a santidade e a devida reverência ao
sagrado.
3) Deseje muito ver Jesus, mas deseje sempre com as corretas motivações. Nunca
instrumentalize Deus como um objeto de entretenimento. Seja a sós, em nosso tempo
devocional, ou seja em um ambiente coletivo de culto, nossas motivações devem se
submeterem àquelas impostas por Deus. Jesus ainda é servo e nos serve? Sim! Claro. Ele é o
mesmo, ontem, hoje e eternamente. Ele nos ama. Mas Ele também é o Senhor. Nós somos
pecadores e Ele, Santo. Nem sempre nossas motivações são santas, há muito egoísmo, há
muito materialismo, há muita pressa, há muita euforia. Deixemos que Deus nos revele Suas
próprias motivações. Agrada-te do Senhor (e Ele fará aquilo que deseja o teu coração).
4) Assim como, em si, não há nada de errado em se alegrar com Jesus, nem em desejar vê-lo,
também não há problemas em querermos ver o sobrenatural de Deus – especialmente
quando nossa necessidade vai além do natural. Mas nunca deixemos que o fascínio pelo
milagre seja mero capricho de nossas vaidades, de nossas curiosidades infantis. Não tentarás
o Senhor teu Deus! O sobrenatural é um pequeno sinal que aponta para um destino bem
maior e mais fascinante. Quando estamos perdidos numa trilha nos alegramos muito ao
encontrarmos uma placa apontando a direção e uma localidade, mas não ficamos ali
deslumbrados com a placa, como se tudo já estivesse resolvido. O que nos deve empolgar é a
nova perspectiva adquirida de chegada ao destino final.
5) Por fim a parte mais dura, do silêncio de Jesus. Costumo dizer que Deus nunca se cala, nós é
que nos tornamos insensíveis. Mas de fato, o texto sagrado relata o silêncio de Deus, o
silêncio de Jesus. Não é de se espantar, que se nos achegamos a Deus com uma alegria
leviana, com desejos egoístas e buscando entretenimento, querendo encaixá-lo em nosso
mundo de pecados, não somente estaremos insensíveis às suas palavras, como Ele também
não terá nada para nos dizer. Ainda que o interroguemos com muitas perguntas. Portanto,
vigie para que você não se torne insensível à voz divina e Ele se cale diante de seus
questionamentos.

Aquele triste episódio termina com um fato no mínimo curioso. Herodes e Pilatos, dois homens
que andavam em inimizades fizeram as pazes entre si. Isso me leva a pensar: Teria sido uma
espécie de efeito colateral, pelo simples fato de terem estado diante de alguém tão manso e
humilde? Ou será que diante de uma vítima tão inocente, a maldade e a crueldade de ambos
foram potencializadas, e quiseram unir forças ao exercitarem seu poder inescrupuloso contra o
Messias?

Obviamente que nem aqueles dois romanos e nem ninguém no Universo teria competência para
julgar o Filho de Deus. Mas Ele tem plena competência e autoridade para julgar o mundo. Ou
seja, Sergio Moro e Lula, o STF do Brasil e de todos outros juízes de todas as nações. Poderes
executivos, judiciários e legislativos.

E lembremos que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”. (2 Coríntios 5:10)

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