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01/06/2020 ISS incide sobre contratos de franquia, decide STF

FRANCHISING

Incide ISS sobre contratos de franquia, decide STF


Tese favorável às fazendas municipais foi xada em repercussão geral por oito votos a dois

JAMILE RACANICCI

29/05/2020 16:05

Gilmar Mendes / Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Por maioria de oito votos a dois, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o
Imposto sobre Serviços (ISS) incide sobre contratos de franquia empresarial, que
costumam incluir cessão de uso de marca, direito de distribuição de produtos e
serviços, treinamento de funcionários, aquisição de matéria prima, assistência
técnica, entre outras obrigações.

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01/06/2020 ISS incide sobre contratos de franquia, decide STF

O julgamento em plenário virtual foi nalizado nesta sexta-feira (29/5), em processo


com repercussão geral reconhecida. O RE 603.136/RJ foi interposto por uma
franquia de fast food contra o município do Rio de Janeiro.

A maior parte dos ministros acompanhou o posicionamento do relator, ministro


Gilmar Mendes, favorável à tributação estabelecida pela lei complementar
116/2003.

Assim, o plenário aprovou a seguinte tese: “é constitucional a incidência de Imposto


sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre contratos de franquia
(franchising)”. O franchising consta nos itens 10.04 e 17.08 da lista de serviços no
anexo da lei complementar.

No voto, Mendes salientou que o STF costuma con rmar a incidência do ISS sobre
atividades mistas, que representam não só uma obrigação de fazer como uma
obrigação de dar. Ainda, o relator enfatizou que os contratos de franquia têm
natureza complexa e híbrida, sem distinções claras entre os dois tipos de obrigação
na relação entre franqueador e franqueado.

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01/06/2020 ISS incide sobre contratos de franquia, decide STF

“Não condiz com a realidade atual das trocas comerciais pretender que a relação
estabelecida em decorrência de um contrato de franquia […] resuma-se a uma
simples cessão de direitos, sem qualquer forma de prestação de serviços, como
pretendem fazer crer os que defendem a tese da não incidência de ISS. Isso
simplesmente não é correto”, escreveu.

O relator ainda defendeu que, para razões scais, o ISS deve incidir tanto sobre
serviços descritos como atividade m – como a cessão do uso da marca – quanto
sobre atividade meio – a exemplo de treinamento, orientação e publicidade. Isso
porque o contrato é uma unidade, e se os serviços forem prestados separadamente
ca descaracterizada a relação contratual de franquia.

Além disso, Mendes avaliou que o tratamento scal diferenciado à atividade meio e


à atividade m “certamente conduziria o contribuinte à tentação de manipular as
formas contratuais e os custos individuais das diversas prestações, a m de reduzir
a carga scal incidente no contrato”.

Por m, o relator concluiu que se a incidência fosse considerada inconstitucional o


Supremo criaria um “vazio” no sistema tributário, porque o estado também não
poderia exigir o ICMS sobre os contratos de franquia. Assim, Mendes negou
provimento ao recurso do contribuinte.

Acompanharam o relator os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Cármen


Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso.

Ficaram vencidos os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, contrários à


incidência do imposto municipal por entenderem que o núcleo do contrato de
franquia não envolve um ato humano, um trabalho prestado para gerar benefícios a
terceiros.

Do contrário, essencialmente haveria uma obrigação de dar. O franchising, na visão


da divergência, consiste em um método comercial de abertura de liais mediante
licenciamento da exploração da marca a um comerciante independente.

JAMILE RACANICCI – Repórter

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