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APOSTILA DE

CAPACITAÇÃO
PASTORAL
ITIEOC INSTITUTO TEOLÓGICO INTERNACINAL ESCOLA DE OBREIROS CRISTÃOS
CURSO DE CAPACITAÇÃO PASTORAL

MINISTÉRIO PASTORAL

CONTEÚDO PROGRAMATICO

1. O MINISTÉRIO PASTORAL
2. O PERFIL DO PASTOR
3. O/A PASTOR\A: ASPECTOS PESSOAIS E SEU RELACIONAMENTO COM A
COMUNIDADE
4. ÉTICA PASTORAL COMO FRUTO DA VOCAÇÃO
5. DESAFIOS PASTORAIS
6. DIRETRIZES PARA UM MINISTÉRIO EFICAZ
7. A TAREFA PASTORAL NUMA IGREJA DE DONS E MINISTÉRIO
8. DESAFIOS PASTORAL NA IGREJA LOCAL
9. A RELEVÂNCIA E A EFICIÊNCIA DA FIGURA PASTORAL

AVALIAÇÃO

Fazer um resenha do livro Autoridade pastoral “Lawrence Bill” 4 pontos

Pontuando:

Quais são os desafios do autor para sua vida como futuro pastor/a? 2 pontos

Quais são os desafios para um ministério bem sucedido? 2 pontos

Como desempenhar uma prática pastoral eficaz? 2 pontos

I - O MINISTÉRIO PASTORAL
I.I – TÍTULOS PARA O/A PASTOR/A - Atos 20:28

1 – Bispos - Atos 20:28; Tito 1:7; Filemon 1:1


2 – Presbíteros – Atos 14:23; 15:7; I Timóteo 5:17-18
3 – Guias da Igreja – Hebreus 13:7, 17; João 10:4
4 – Presidentes – I Tessalonicenses 5:12-13
5 – Anjos da Igreja – Apocalipse 1:20; 2:1, 12; Malaquias 2:7
6 – Ministros de Cristo – I Coríntios 3:5; 4:1-2
7 – Despenseiros da Casa de Deus – Tito 1:7; I Coríntios 9:1-2

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I.II – A FUNÇÃO DO/A PASTOR/A - “Pastoreardes...”

1 – Cuidar do rebanho – Jeremias 23:1-2; Ezequiel 20:31; 34:1-11


2 – Alimentar o rebanho – Salmo 23, Atos 20:27
3 – Ser um modelo – Tito 2:7; I Timóteo 4:12; I Coríntios 11:1; Atos 20:20
4 – Edificar o Corpo de Cristo – Efésios 4:11-15; Atos 20:20
5 – Equipar os Santos para o Ministério – Efésios 4:12

I.III – O SEGREDO DA AUTORIDADE PASTORAL - “como me portei...” Atos 20:19

1 – De sua vocação – Efésisos 4:11; Atos 9:16; Atos 20:28


2 – Vida exemplar – I Pedro 5:2; Hebreus 13:7; Atos 20:19
3 – Amor e abnegação – Mateus 20:28; Atos 20:19
4 – Sinais no Ministério – II Timóteo 2:15; Tito 1:9
5 – Autoridade na Palavra - II Timóteo 2:15; Tito 1:9; Atos 20:18-21
6 – Pastores segundo o coração de Deus – Jeremias 3:15; 23:4

I.IV – QUEIXAS DE DEUS CONTRA OS/AS PASTORES/AS INFIÉIS – Atos 20:30

1 – Os que dispersam o rebanho – Jeremias 23:1-2


2 – Os que destroem a vinha do Senhor – Jeremias 12:10; 50:6
3 – Os que não buscam ao Senhor – Jeremias 10:21; Atos 20:36
4 – Os que nada sabem – Isaías 56:11; I Timóteo 4:13; Atos 20:27
5 – Os que abandonam o rebanho – Zacarias 11:15-17; João 10:12-13
6 – Os que não visitam – Ezequiel 34:3-10; Atos 20:20
7 – Os que se apascentam – Ezequiel 34:10-20; Atos 20:34

I.V – ASPECTOS GERAIS DA OBRA ESPIRITUAL

5.1 – COM RELAÇÃO A SI PRÓPRIO – “olhai, pois, por vós...”

A – Cultivar, diariamente, vida espiritual abundante – Josué 1:7-9; Atos 20:28


B – Manter a família nos padrões bíblicos – I Timóteo 3:4-5; Atos 20:19
C – Ter vida irrepreensível, caráter santo – I Timóteo 3:2
D – Ser diligente, eficiente, abnegado, cheio de amor e fé – Tito 1:5-9; Atos 20:24
E – Rejeitar orgulho, inveja, censura e cobiça – I Timóteo 3
F – Fazer o trabalho do apóstolo, profeta, evangelista e Mestre – Efésios 4:11; Atos 20:28

5.2 – COM RELAÇÃO AOS MEMBROS DA IGREJA - “e por todo o rebanho...”

A – Promover a participação aos cultos da Igreja – Atos 5:42


B – Incentivar o testemunho pessoal de cada crente – I Pedro 2:9
C – Levar o membro a amar a sua Igreja – Mateus 16:18
D – Despertar o senso de mordomia: talentos, dosns, bens e tempo – Romanos 14:9E – Ter bom
relacionamento com todos, sem preferências – João 13:34-35

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5.3 – COM RELAÇÃO À ORGANIZAÇÃO DA IGREJA - Atos 20:20, 27

A – Manter projetos na área de Evangelização e Missão – Atos 5:42


B – Ter programa/projeto dinâmico de discipulado – Atos 19:9-10; 20:20
C – Priorizar, fortalecer e dinamizar a área de docência (Ensino) da Igreja – Mt .20:27; 28:19 D – Firmar a
Igreja em sólidas bases financeiras.
E – Manter registros acurados de membros.
F – Treinar (equipar) a liderança para as diferentes funções – II Timóteo 2:2; Atos 20:18G – Promover a
sociabilidade e confraternização dos fiéis – Salmo 133:1 H – Assegurar equipamento atualizado para a
Igreja.
I – Enriquecer os cultos, cuidando de cada parte – Jeremias 48:10
– Conservar a harmonia, o respeito e dinâmica entre os ministérios e grupos.

5.4 – COM REFERÊNCIA À COMUNIDADE – Mateus 5:13-17

A – Levar a influência da Igreja à Comunidade – Atos 2:47


B – Ajudar na solução de problemas sociais – Atos 6C – Providenciar socorro nas
calamidades – Atos 11:30 D – Cooperar nos empreendimentos educacionais. E –
Apoiar projetos de caráter cívico beneficente. F – Ser cidadão exemplar.

5.5 – A OBRA ESPECÍFICA DO/A PASTOR/A

A – A pregação e o ensino da Palavra – Atos 6:4; 20:27


B – Ministrar os sacramentos
C – A direção dos cultos públicosD – A visitação aos enfermos.
E – O cuidado com as famílias, e o indivíduo, em particular.
F – Atenção a Ezequiel 34: os perdidos, desviados, fracos, novos crentes Atos 20:28

CONCLUSÃO: O TRIPÉ DO MINISTÉRIO PASTORAL

1 – A Oração – Atos 20:36


2 - A Palavra – Atos 20:20; 27:31
3 – A visitação – Atos 20:20
II – O PERFIL DO/A PASTOR/A

II.I– ASPECTOS BÍBLICOS

1.1 – O Modelo do/a Pastor/a é o próprio Jesus Cristo em seu Ministério como Profeta, Sacerdote e Rei.

1.2 – O perfil do/a Pastor/a deve subordinar-se à busca que, como ministro, deve fazer da vontade de Deus
para sua pessoa e ministério.

1.3 – Deve ser pronto/a e submisso/a a aceitar a vontade de Deus e a obedecer à autoridade eclesiástica.

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1.4 – Deve ter claramente diante de si qual é a Missão da Igreja, dentro do reino de Deus, e quais as
prioridades que a Igreja Metodista deve destacar dentro da Missão de acordo com as necessidade e realidades
atuais.

1.5 – Deve ser um/a vocacionado/a, isto é, autêntico, consciente de sue chamado, evangelista, versátil,
espiritual. Deve apresentar coerência entre o que fala e faz. Deve ter responsabilidade.

II.II – ASPECTOS DA PRÁTICA PASTORAL

2.1 – Deve valorizar e orientar a Igreja sobre o significativo da liturgia e dos símbolos da Igreja Cristã.

2.2 – Deve adequar sua linguagem ao ambiente em que se vai comunicar o evangelho.

2.3 – Deve ser cuidadoso/a com sua aparência - que não é o aspecto mais importante. Neste sentido dever
usar o bom senso e lembrar que o aspecto externo deve estar subordinado ao aspecto interno.

2.4 – Deve ter zelo nos seus procedimentos. Deve cultivar a prática das virtudes cristãs. Sua ética deve
basear-se no profundo respeito à vida e na Bíblia.

2.5 – Não deve “invadir” a seara alheia, ou seja, a igreja do seu colega.

2.6 – A definição do perfil do/a pastora/a, depende também, da reposta a esta questão: que tipo de pastor/a a
igreja precisa hoje?

2.7 – A visitação pastoral deve constituir-se, também, em ocasião de ensino cristão.

2.8 – As mensagens devem ser cuidadosamente preparadas e devem ajudar os crentes em sua vida durante a
semana.

2.9 – Deve amar aqueles que estão sob sua responsabilidade pastoral. Acompanhar-lhes em suas dores,
provações e alegrias.
2.10 – Deve ter certa visão administrativa e jurídica para a melhor condução dos assuntos da igreja. Inclusive,
conhecer a fundo os Cânones da Igreja Metodista.

II.III - PERFIL DO/A PASTOR/A IDEAL

1 – Convicção do chamado, vocacionados consciente de sua missão.

2 – Vida abundante de amor, amor como vínculo de perfeição. Habilidade em repartir seu tempo.

3 – Que seja culto.

4 – Pastor/a: amigo, conselheiro, guia espiritual, sincero, verdadeiro, orientador, organizado, pontual,
flexível, reconhecer “erros” com personalidade suficiente para discernir e não ser influenciado, ter mente
aberta.

5 – pastor/a participante, conhecer o momento que deve animar e o momento de exortar.

6 – Pastor/a zeloso/a na escolha de seu/sua companheiro/a.

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7 – Pastor/a com conhecimentos gerais para responder perguntas e enfrentar os membros. Conhecer um
pouco de expressão artística.

8 – Deve ser humilde.

9 – De vida espiritual abundante.

10 – Ter facilidade de relacionar-se com as pessoas com alegria e satisfação.

11 – Ser estudioso da vida espiritual, aplicando mais de seu tempo no crescimento de sua espiritualidade do
que em atividades administrativas; desenvolver atividades de clínica pastoral.

12 – Viver em paz e segurança na e com a família.

13 – O/A pastor/a deve ter sempre ao seu lado a família da Igreja.

14 – Pastor/a imparcial.

15 – Pastor/a que ensina, corrige, cobra trabalhos, que seja meigo/a e compreensivo/a.

16 – Pastor/a líder democrático/a.

17 – Pastor/a perdoador/a.

18 – Pastor/a cristão/ã e firme nas doutrinas metodistas.


(Documento extraído de Atas, Registros e Documentos do XXII Concílio Regional da 3ª Região Eclesiástica, São Paulo , 1981,
p. 65-66).

III – O/A PASTOR/A: ASPECTOS PESSOAIS E SEU


RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE, OU “PASTOR/A NÃO É SUPER-
HOMEM/SUPER-MULHER”
Qual é a contribuição do/a pastor/a no relacionamento interpessoal... que figura mágica e onipotente
é, afinal, esta? Por que a maioria deles se dispõe 24 horas por dia a ajudar, aconselhar, consolar e ouvir as
pessoas?
O/A pastor/a é um figura humana, de carne e osso, sujeito aos problemas comuns a todos os mortais
embora haja os que escolhem o trabalho ministerial como fuga das tentações do mundo em que vivem, logo
descobrirão que essa fuga não passa de uma ilusão.
Talvez uma das mais desumanas e destrutivas idéias a respeito dos/as pastores/as é que eles/as não
tem necessidades emocionais, idéia esta, que, muitas vezes, eles mesmos alimentam nas pessoas (McBurney,
1977). É Esperado dele/a, por exemplo, mesmo quando criticado/a, por qualquer razão, não se sinta ferido/a
ou magoado/a mas permaneça calmo/a e caloroso/a para com os críticos/as. Os próprios pastores/as tem medo
de admitir sua vulnerabilidade, simplesmente aceitando o desafio de serem super-homens/super-mulheres,
não demonstrando seus verdadeiros sentimentos, realimentando assim as expectativas. Cabe aqui, creio que
apropriadamente, a colaboração de Linhares de Faria (1984, p. 17):
“Embora contendo grandes riscos e desgastes, o papel de super-homem pode ser tentador. Ele é
atraente por oferecer uma posição de prestígio e será sedutor em maior ou menor grau dependendo das
susceptibilidades do pastor às vaidades pessoais. Contudo, as razões mais profundas que levam um pastor
a assumir tal papel, tem raízes em aspectos que ele mesmo ignora e que estão presentes no seu inconsciente,
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e de lá o impulsionam, não obstante as racionalizações desenvolvidas para justificar suas atitudes... O


pastor que correspondendo às expectativas da comunidade e atendendo a necessidades pessoais
inconscientes, assume o papel de estereotipado e onipotente de “super-homem” ou “santo”, nega a sua
própria humanidade”.

EXPECTATIVAS ESPERADAS DO/A PSTDOR/A PELA COMUNIDADE

III.I - DISPONIBILIDADE – Normalmente a congregação espera que o/a pastor/a esteja à disposição a
qualquer hora do dia. E ele mesmo, de alguma forma, se sente responsável, ou diante de Deus por pensar
que o ministério, diferente de qualquer profissão, exige esta total disponibilidade, ou diante da Igreja por esta
pagar seu salário. Creio que além de tomar consciência deste fato o/a pastor/a terá de, gentilmente, ir
mostrando e ensinando às pessoas da sua igreja que ele tem necessidade de privacidade, além de outra
também válidas. Isto será uma grande proteção tanto para si mesmo, para sua saúde mental bem como para
toda a sua família.

III.II – HABILIDADES - Também se espera que o/a pastor/a tenha inúmeras habilidades. Tentar mostrar
habilidade e talento para com a sua igreja sendo ao mesmo tempo pastor/a, professor, pregador,
administrador, conselheiro, evangelista e mais uma porção de coisas, pode ser tentador e ter suas
recompensas. No entanto, a própria Bíblia nos ensina que cada cristão possui dons, mas nenhum possui todos.
Muitas vezes, o que leva o pastor o assumir todas estas responsabilidades, está dentro dele mesmo - o seu
ego ideal não lhe permite erros ou fala de habilidade. Suas inseguranças pessoais, não tratadas devidamente,
levam-no a assumir mais do que deve e isto certamente tem o seu preço com o passar dos anos. Não são
poucos os pastores hoje que estão sofrendo grave depressão e outros problemas de saúde ligados ao desgaste
emocional que isto acarreta. Os sinais que o corpo e a mente estão emitindo, avisando que alguma coisa está
errada, muitas são ignorados.

III.III– IMPECABILIDADE - Espera-se que ele seja impecável. Ele também, normalmente, acha que
não deve demonstrar à sua igreja o que se passa dentro dele. Muitas vezes ele se apresenta com uma fachada
de retidão e piedade a qualquer custo. Isto gera duas reações interessantes: Primeiro, ao contrário de ajuda-
lo, o torna distante das pessoas a quem pastoreia, sempre bem, impecável e sorridente; mas por outro lado,
o/a pastor/a pensa que se ele for humano, falar de seus defeitos, suas lutas internas ainda não vencidas, ele é
humano demais e, portanto, não serve par ser pastor/a. Que dilema!

III.IV – EMOCIONALMENTE AUTO-SUFICIENTE E INVULNERÁVEL – E quantos tentam viver


isto! Todavia há outros que já aprenderam que podem demonstrar seus sentimentos de medo, raiva,
frustração, e mágoa e ainda serem aceitas pelas pessoas da igreja. E, indo além, até recebendo delas o
conforto, carinho e consolo que precisam. Ninguém é invulnerável ou auto-suficiente emocionalmente.

III.V – RENÚNCIA AOS BENS MATERIAIS – Esta é uma idéia bem arraigada na maioria das igrejas e
aceita até mesmo pelos/as pastores/as. Eles sabem que terão de “viver pela fé”. Um/a pastor/a próspero não
é visto com bons olhos. É preciso que o/a pastor/a aprenda a manejar bem o dinheiro e, se preciso, busque
ajuda especializada neste sentido. Além destas expectativas e, muitas vezes, por causa delas há um número
de pastores/as que se deparam com situações dolorosas e complexas tais como: isolamento e solidão,
hostilidade reprimida, sensação de fracasso e inadequação, insegurança no trabalho (medo de perder o
“emprego”) além da confusão de papéis. Como pastores/as bem sucedidos/as lidam com este conflito? Como
se libertam dessas situações opressivas, escravizantes?
1 – Reconhecendo suas emoções. Não mais negando, racionalizando ou reprimindo sentimentos
de fracasso e insegurança, raiva, medo, depressão, amor, etc.

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2 – Expressando suas emoções de forma adequada. Não mais encarar isto como sinal de
fraqueza mas sim de força.
3 – Aliviando o peso. Tirando tempo para si mesmo, para a família, para o lazer, para atividades
fora da igreja sem sentimentos de culpa e sem aceitar demasiadas cobranças por parte da igreja.
4 – Compreendendo o seu próprio valor. Fazendo um inventário honesto de suas capacidades e
habilidades e colocando-se em equilíbrio sem tentar fazer o que não pode, mas fazendo bem o que sabe.
5 – Estabelecendo prioridades. E vivendo de acordo com elas.

Enfim, o/a pastor/a, este/a que está sempre ajudando e aconselhando outros, pode e deve procurar
ajuda especializada (psicólogo cristão, conselheiro) par si mesmo. Pode também formar grupos de vivência
com outros/as pastores/as onde tenha oportunidade de falar abertamente de suas lutas e dificuldades. Pode,
também providenciar ajuda para seu cônjuge e filhos que, muitas vezes também, carregam fardos
desnecessários.
“Aprendei de mim” disse o Senhor Jesus, “porque o meu fardo é leve e o meu jugo suave”. Isto
também é verdade para os/as pastores/as.
Fonte: KLASSEN, Eleni de Campos. Persona Pastoral e Pessoa, boletim de Psicoteologia – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras
Cristãos 9CPPC), ANO 7, N° 16. JULHO DE 1994, P. 5-6.

IV – ÉTICA PASTORAL COMO FRUTO DA VOCAÇÃO


“ÉTICA É A FÉ EM AÇÃO”
Ao estudarmos este assunto não estamos pensando meramente em procedimentos sociais que os/as
pastores deveriam ter para com seus colegas, comunidades e familiares. Não são procedimentos de
“etiquetas”, mas sim de um relacionamento “interpessoal’ frutos os imperativos da fé cristã e da expressão
real de uma consciência vocacional da parte do/a pastor/a.
Alguém disse que a “ética” é a fé em ação, em relacionamento respeitoso, amoroso, humilde, serviçal,
solidário e apoiador.
Neste sentido um “comportamento ético” da parte do/a pastor/a para com a Igreja local, com as
autoridades, com os colegas de ministério e com a sua própria família é algo “inevitável” e de “alta
relevância”. Ao analisarmos este assunto partimos do pressuposto de que esta ética não é resultado do
imperativo da Lei e da Disciplina, mas sim, da atuação da Graça divina em nós e na comunidade, de respeito
à liberdade e do exercício da responsabilidade. A sua expressão horizontal – relacionamento com as
comunidades e pessoas – deve ser uma expressão do relacionamento pessoal com Deus, através da direção e
nutrição do Espírito Santo.
O princípio do relacionamento ético em Jesus é o amor – para com Deus e para com o próximo (da
mesma forma como ele nos amou).
Paulo enfatiza em suas preocupações pastorais a importância de um relacionamento entre as pessoas
fundamentado na fé, no amor e na presença orientadora e sustentadora do Espírito Santo. É a presença do
Espírito Santo que frutificará em nós condições de relacionamento onde o respeito, a humildade, o amor, a
misericórdia, a empatia, o suportar uns aos outros, o levar os fardos uns dos outros, o falar, os servir e tantos
outros procedimentos, tornar-se-ão atos e não meras palavras. Além destes aspectos, ele enfatiza a
importância do relacionamento entre ética e verdade: sem um conhecimento real e existencial da pessoa
consigo mesma, uma atitude coerente da pessoa para consigo e um relacionamento expresso por motivações
e fatos verdadeiros, não se pode estabelecer um relacionamento interpessoal á luz do Evangelho. É por isso
que ele nos diz: “não mintais uns aos outros” (Colossenses 3:9) e I João 1:6:7 afirma: para se ter “comunhão”
com Cristo e uns com os outros devemos “andar na luz” e não viver mascarada ou camufladamente.

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A vida do cristão é sempre uma resposta à ação divina. Uma resposta de amor e gratidão ao Criador
e ao Redentor. Ao mesmo tempo é uma resposta de contrição, confissão e arrependimento, levando-se muitas
vezes à “negação” de si mesmo e tendo como resultado final uma atitude de perdão, libertação e
responsabilidade.
Partindo desta bases introdutórias veremos o relacionamento ético dos/as pastores/as metodistas com
a igreja local, as autoridades, os colegas de ministério, a família – a nossa e as da Igreja: fidelidade á Igreja
Metodista, relacionamento com a comunidade secular e o respeito próprio.

IV.I – CONSIDERAÇÕES SOBRE O RELACIONAMENTO PASTOR/A-IGREJA

1.1 – O Conhecimento em si

O conhecimento de si mesmo é o primeiro passo na direção de um relacionamento adequado com a


realidade. Quanto maior conhecimento uma pessoa tem de suas motivações, habilidades e interesses, maiores
são suas possibilidades de ser um agente consciente do seu estar no mundo. O “conhecedor a si mesmo”
reveste-se da maior importância quando se trata de pessoas que desempenham o papel de líderes.
Aqueles que estão à frente de grupos inevitavelmente estabelecem um relacionamento com as pessoas
que estão sob sua orientação. Este relacionamento é determinado não apenas por uma intenção deliberada e
consciente, como também em grande parte por processos que escapam à percepção daqueles que estão neles
envolvidos. Muitas de nossas aspirações e comportamentos são motivados por processos inconscientes. No
caso do/a pastor/a poderíamos citar, a título de exemplo, uma ênfase doutrinária ou na forma de dirigir a
congregação como satisfazendo muito mais as necessidades pessoais inconscientes, que suprindo
necessidades reais da congregação.
Conhecer a si próprio não é tão fácil como a princípio pode aparecer. Sem perceber, enganamos a nós
mesmos com bastante freqüência. Para se entender melhor esta afirmação podemos considerar por um lado
que a imagem que fazemos de nós mesmos, pode em muitos momentos estar em desacordo com o que
fazemos e sentimos. Por outro lado a expectativa que temos sobre como os outros nos vêm e o que esperam
de nós, pode orientar nosso comportamne4to tanto para corresponder como para negar o que imaginamos
que se espera de nós.
Entretanto, por ser doloroso tomar consciência destas e outras coisas evitamos e resistimos
inconscientemente a um confronto com nós mesmos. Diante disto as reflexões que uma pessoa pode fazer
isoladamente sobre seu próprio comportamento, apesar de necessárias, não são suficientes para um
conhecimento integral dele mesmo. Por isto é recomendável para um conhecimento adequado d si, que o
indivíduo aprenda a sair dele mesmo diante de outra/s pessoa/s.
É necessário a coragem de, sem defesas, expor-se em sentimentos, idéias e problemas pelos quais se
passa, diante de outro que possa nos ajudar no confronto e reflexão sobre nossa conduta e a história de nossa
vida.

2. O Conhecimento da Congregação

Também a congregação tem a sua história, e, portanto, determinadas motivações, tendências,


condicionamentos e possibilidades estão presentes no modo como ela se relaciona com suas lideranças ou
vive o evangelho. Os fatores específicos de cada igreja local não podem ser ignorados: realidade econômica,
sócio-cultural, pastorados anteriores, lideranças leigas, origens da igreja no lugar, situação geográfica, etc.
ao lado desta realidade específica da Congregação, há que se considerar ainda a sociedade como um todo, no
qual a igreja está inserida. Se a história da sociedade na qual a igreja existe for marcada, por exemplo, por
uma tradição de acomodação e não participação do povo no seu destino, a Congregação sentirá os reflexos
disto. Como sentirá também o momento que vive. Exemplificando ainda mais, poderíamos dizer que uma
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sociedade tecnológica-burocrata, cuja publicidade oferece soluções prontas e fáceis para todos os problemas,
certamente imprimiria suja marca nos diversos setores que compõem – e a igreja não será exceção. E tanto
mais profunda será a marca quanto menos consciência e discernimento se tiver sobre estas influências.
Ao lado desta visão mais globalizante da igreja é importante ressaltar que em última análise ela é
composta por indivíduos que também tem suas próprias histórias. Será então a mescla e a interação destas
histórias individuais, com a história da Congregação e da sociedade que comporão a complexa realidade que
está presente em todo grupo humano.

3 Vínculos entre o/a Pastor/a e a Congregação

No relacionamento do/a pastor/a com a congregação, vínculos psicológicos de diversas naturezas e


formas podem nortear a conduta de ambas as partes. Um destes vínculos, que é de vital importância para a
maturidade da igreja é o de dependência. Este pode chegar ao ponto de fazer com que a congregação só
caminhe a reboque do seu líder. Geralmente esta dependência é mantida e reforçada por formas autoritárias
de governo, bem como por “técnicas sugestivas” que estão presentes em algumas formas de “apelos” e
“campanhas”. Muitas vezes obreiros bem intencionados, no seu afã de obterem “frutos”, substituem, sem se
darem conta, a Graça de Deus por um relacionamento que manipula a congregação. As formas autoritárias e
manipulativas de relacionamento impedem continuamente o amadurecimento da Igreja já que a oportunidade
de caminhar por si lhe é negada. Negada porque o líder como pessoa “melhor preparada” antevê que a
caminhada da comunidade por si só, será trôpega e não haverá segurança de que ele percorra os caminhos
pré-traçados e alcance as metas propostas. Então para que o caminho proposto seja percorrido com mais
objetividade o líder assume integralmente a direção. Muitas vezes esta postura de pessoa “melhor
preparada” reflete um desrespeito pelo outro ao julgá-lo inferior ou incapaz. Por trás disto pode estar um
sentimento de poder e superioridade que é justificado mediante argumentos como “ignorância e falta de
cultura do povo”, “apatia”, etc. o que se esquece, entretanto é que esta suposta “ignorância” e “apatia” se
deve ao fato destas pessoas serem tratadas como são. Ao se lhes obstruírem os caminhos e oportunidades de
se expressarem e conduzirem a si mesmas, cria-se sempre a condição de rotulá-las como “!ignorantes” e
“dependentes”. Lamentavelmente temos então um círculo vicioso que impede a grei crescer. Por não
desenvolver uma visão responsável da vida cristã, ela fica sempre na dependência para qualquer forma de
ação, de um pastor que tome a liderança. São conhecidos os problemas de “orfandade” que a saída de um/a
pastor/a provoca numa igreja sem que este vínculo de dependência são muitos fortes. E deve-se distinguir
aqui (embora eles costumam se mesclar) os sentimentos naturais de pesar e tristezas que uma pessoa ao partir
desperta naqueles com quem conviveu, com o sentimento de impotência, desamparo, desânimo e mesmo a
desagregação na qual uma comunidade (ou parte dela) pode mergulhar com a retirada do líder. Ainda pode
suceder que a dor da perda do “pai” leve a uma postura de resistência a um/a novo/a pastor/a.

No relacionamento solitário está sempre presente também o risco de impingir aos outros alternativas
que nada mais são que preferências pessoais revestidas de caráter de melhor alternativa e verdade absoluta.
Se analisarmos um pouco mais em profundidade as motivações do líder autoritário é possível que se descubra,
associada a esta necessidade egoísta de satisfação, uma insegurança básica que consiste no medo de perder
o controle da situação.

De um outro lado desta questão do vínculo de dependência temos a Congregação ou grupos dela que
desenvolvem um poder de controle muito grande sobre o/a pastor/a. por alguma dificuldade pessoal em
assumir o papel de líder e as responsabilidade nele implicadas, o obreiro pode tornar-se vulnerável a grupos
que, por estabelecerem vínculos “especiais” com o/a pastor/a, terminam por exceder autoridade sobre ela/a.
é conveniente aclarar que isto pode se dar tanto em relação a grupos de pressão, mais ou menos definidos,

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ou mesmo de oposição aberta, bem como com grupos dentro dos quais o/a pastor/a se sente melhor e “mais
à vontade” e pode, portanto, sem perceber, ter a tendência a agradá-los. O que ocorre é que o líder e os grupos
se relacionam dentro de “espaços psicológicos” que atendem à necessidade de ambas as partes. o/a pastor/a,
por exemplo, devido às dificuldades de assumir seu papel pode se apoiar em grupos que o rodeiam para
tomar decisões (o que é bem diferente de uma atitude democrática consciente). Assim o apoio que o grupo
lhe dá compensa sua insegurança diante de seu papel e dá oportunidade ao grupo de realizar seu desejo de
poder.

4 – A Imagem do/a Pastor/a.

Outro aspecto que, embora esteja intimamente ligado aos anteriores, merece destaque, devido à sua
importância, e, diz respeito às imagens idealizadas que a Congregação pode ter do/a pastor/a. imagens que
tornam-se um pesado fardo quando o obreiro, ao assumir a postura de cristão ideal que a Congregação lhe
atribui, passa agir de acordo com as expectativas que ele pensa que os outros tem a seu respeito. Contribuindo
assim para a manutenção desta imagem ele desumaniza-se. Pressionado a não viver a sua humanidade, nega
seu cansaço, seu sofrimento, descuida de aspectos importantes da sua vida e submete-se em nome da “Obra
do Senhor” ( e de acordo com a sua visão de ministério) a um ativismo que pode leva-lo a uma vida
extremamente solitária. Embora cercado de tantos irmãos e irmãs, sente-se impedido de expressar seus
autênticos sentimentos e sua vida diante deles.
Os problemas familiares de pastores/as são muito ilustrativos neste aspecto. Elevados ao papel de
“super-homens/super-mulheres” ou de “homens/mulheres espirituais” procuram atender a todas as
necessidades da Igreja, menos as de si mesmo e de sua família. Raramente há tempo para estar só, meditar,
estar com a família. E muitas vezes o que se vive nestes raros momentos juntos é a ansiedade de ter que
ordenar e disciplinar a família em função da expectativa que a igreja tem (ou que se pensa que tem) sobre
ela.
Perde-se então as ocasiões de viver descontraidamente o amor e a das pessoas da própria casa.
Vendo o problema de um outro lado pode ser que esta ausência da família esteja ligada a dificuldades
pessoais de relacionamento que conduzem então o/a pastor/a, ou qualquer pessoa, a mergulhar no se trabalho
como uma forma (inconsciente) de não ter tempo para estar em casa e enfrentar os limites de sua própria
personalidade, sua família, nesta complexa, rica e delicada experiência que é o relacionamento humano.

5– Conclusão e Sugestões

Por este pequeno esboço do Relacionamento pastor/a-igreja fica claro que o tema não é simples.
Envolve todas as sutilezas e nuances que estão presentes nas pessoas e suas relações certamente não será
somente a capacidade que tenhamos de analisá-lo, entende-lo e propor alternativas que fará com que seja
depurado e possa promover um verdadeiro crescimento da Igreja. Isto seria reduzir a Igreja a uma instituição
ou grupo meramente de origem e propósitos humanos.
Acima de qualquer conhecimento está a Graça de Deus e seu espírito que impulsiona a Igreja para os
propósitos que Ele mesmo estabeleceu para ela. Se, porém, a Igreja deixar a margem o conhecimento e
considera-lo secundário para seu crescimento, estará incorrendo em erro contra si própria. O conhecimento,
em última análise provém de Deus e a consciência e preocupação que se tem em determinados momentos
históricos com aspectos da igreja pode ter sua origem no próprio Espírito de Deus orientando a Igreja para
questões que ela deve dar atenção.
Neste espírito, algumas propostas de trabalho que visem cuidar do relacionamento do/a pastor/a com
a Congregação e consigo mesmo podem ser sugeridas:
a) a inclusão nos currículos dos Cursos de Teologia, a exemplo do que já fazemalguns
seminários, da “Formação Pessoal”. Formação Pessoal não seria evidentemente uma matéria nos moldes
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tradicionais, mas a possibilidade que os estudantes teriam de em grupo, e com a participação de uma pessoa
especializada, confrontarem-se consigo mesmos para entenderem melhor suas motivações mais profundas.
Conhecendo mais de si mesmos, maiores possibilidades teriam de agir conscientemente na futura direção de
uma igreja.
b) aprofundar o estudo da concepção do ministério pastoral e rever como esta
concepção tem sido transmitida nos seminários.
c) criar possibilidade para que os/as pastores/as em exercício tenham encontros periódicos em
pequenos grupos, nos quais possam discutir suas idéias e expressar seus sentimentos diante da experiência
que vivem em suas igrejas para que, além de um saudável confronto mútuo, possam buscar formas mais
adequadas de exercer o ministério.
d) estimular e favorecer o aconselhamento de pastores/as junto a outro colega, ou
pessoa capacitada.

A participação em programa desta natureza não pode ser imposta. Entretanto, é importante criar estas
possibilidades e fazer um trabalho de conscientização sobre a importância delas. A comunidade cristã deve
ser um local onde as pessoas possam se expressar livremente, sem receios de ocultar quem são e o que vivem.
“onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (II Coríntios 3:17). Se vivermos integralmente o evangelho
teremos nossas igrejas transformadas onde um leva a carga do outro (Gálatas 6:2) e o amor conduz ao perdão
e ao crescimento.

IV.II– O RELACIONAMENTO ÉTICO COM A IGREJA LOCAL

Há de se ter respeito para com a igreja local, sua história, o ministério pastoral dos seus antecessores,
a consideração com os posicionamentos, o seu passado,, suas tradições, suas realizações. Não pode o/a
pastor/a “jogar” para fora toda uma história ou um passado. Ele há de respeitar e valorizar tudo o que tem
sido feito.
É comum, muitas vezes, o/a pastor/a jogar suas preocupações, tendências e frustrações sobre a igreja
local. Nem através do púlpito, nem como através do relacionamento pessoal ou com grupos da igreja, deve
o/a pastor/a fazer transparecer esta atitude. Há de se ter o cuidado e muito tato no relacionamento humano
com as pessoas, grupos e igrejas em geral. A falta deste tato e relacionamento é a causa de muitos transtornos
e problemas na interação do/a pastor/a com a igreja ou parte dela.
A igreja local como comunidade total não pode receber a carga problemática individual de seus
membros. É falta de ética pastoral lançar situações e os problemas dos membros e seus familiares sobre a
igreja como um todo. Estas situações e problemas são de foro íntimo e merecem respeito, sigilo e
ponderação.
Ao mudarmos de igreja carecemos de respeitar tanto as nossas igrejas anteriores como também a nova
igreja. Evitemos falar ou fazer projeção de umas sobre as outras.

IV.III– O RELACIONAMENTO COM OS COLEGAS DE MINISTÉRIO

Aqui reside um dos grandes problemas do ministério. Falta comunhão, relacionamento e respeito
entre os colegas. Uma grande falta de ética tem existido neste relacionamento: uns diminuindo os outros,
sobrepondo os colegas, minimizando opiniões, posicionamentos e ministério.
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Ao substituir-se um colega nem sempre se tem uma atitude de valorização e respeito para com o
antecessor. Buscando a auto-afirmação pastoral, o recém nomeado, consciente ou inconscientemente,
minimiza o trabalho pastoral do seu antecessor, deixando muitas vezes de valorizar tudo aquilo que foi feito.
Cada pastor/a tem suas características, seu modo de ser, suas prioridades e seus pontos fortes e fracos.
Carece que respeitemos os colegas no seu todo. No trabalho pastoral, dependendo do seu momento histórico,
das realidades encontradas e das necessidades prioritárias, certas ênfases são dadas. Sempre algumas outras
são deixadas de lado, isto não significa negligência, mas opção de prioridade. Ao substituir colegas temos
que levar em conta esta realidade e valorizar aquilo que foi feito, dentro das condições, da realidade, das
necessidades e da capacidade do colega. Infelizmente nem sempre isto tem acontecido.
Para buscar-se conseguir um melhor relacionamento entre os pastores, mais respeito, acatamento,
aceitação e tolerância, carecemos de um convívio mais fraterno, espiritual e informações entre os/as
pastores/as, tais como reuniões dos Distritos, encontros informais para compartilhar, orar e meditar, etc. é a
partir daqui que nos conheceremos melhor, iremos nos compreender e teremos uma atitude de aceitação
mútua.
Há de se ter muita honestidade uns para com os outros. Tem faltado uma comunhão e um viver
pastoral fundamentados na “verdade e no amor”. Nem sempre temos sido honestos uns com os outros. Somos
muito mais críticos, valorizadores de nós próprios, usando o outro para a nossa auto-afirmação. Carecemos
desenvolver, verdadeiramente, um ministério que “chora com os que choram”, “sofre com os que sofrem”,
mas se “alegra com as vitórias e conquistas” uns dos outros, mesmo que seja o nosso antecessor.

IV.IV– ÉTICA NO RELACIONAMENTO FAMILIAR

1– Com sua própria família

A família do/a pastor/a deve ser uma prioridade no seu ministério. A falta desta consideração e no
atendimento das responsabilidade do/a pastor/a para com o seu lar tem produzido grandes desajustes e
problemas em sua família. /
É falta de ética lançar sobre a família, principalmente sobre os filhos e filhas, as tensões e as angústias
do ministério. Isto tem contribuído para o afastamento de muitos da comunhão com Deus e com a Igreja,
levando-os a deixarem sua vivência na fé.
Muitos assuntos e situações soa de foro íntimo do/a pastor/a e dos membros que o procuram. Levar
estes problemas e situações ao cônjuge, aos filhos e filhas, ou outras pessoas, seria falta de respeito e ética
por parte do/a pastor/a; acontecimentos que tem sido caracterizado, muitas vezes, e que tem atrapalhado o
relacionamento do/a pastor/a com a sua comunidade. Por falta deste tato muitas pessoas não tem confiado e
buscado a orientação pastoral.
Tem havido muitas crises e tensões no relacionamento da família do/a pastor/a. todo cuidado deve
ser tomado pra que se evite demasiadamente estas tensões. Expectativas exageradas da parte da família para
com o/a pastor/a e vice-versa tem trazido um clima de tensão.
A família do/a pastor/a é uma família que vive as mesmas situações e tensões das outras famílias.
Muitas vezes a igreja local traz sobre si expectativas demasiadas sobre os membros da família pastoral;
esposa/esposo, filhos/filhas, etc. estas expectativas deverão ser corrigidas com cuidado e tato, evitando com
isto frustrações, maiores tensões, desajustes familiares e tensão entre a igreja e os familiares.
Como uma atitude de respeito e ética, o/a pastor/a não deve lançar sobre a sua família as tensões percebidas
por ele ou ela, existe entre a igreja e a mesma. Esta atitude de “leva e traz” somente agrava a situação.

2– Com as famílias da Igreja


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Um grande respeito deve existir da parte do/a pastor/a para com as famílias da Igreja. Ele/a deverá
conhecê-la e para tal visita-las; assisti-las e acompanha-las; conviver com elas e receber delas confiança e
acatamento.
O/A pastor/a deve respeitar a vivência e a intimidade da vida familiar. Não é por ser pastor/a e por ter
liberdade para com as famílias, que ele/a deixará de respeitar a intimidade familiar. Ele/a deve ser um
elemento de integração na vida familiar e não de desintegração.
A ética pastoral no relacionamento com as famílias da igreja o levará a ter cuidado no expressar de
sentimentos, atitudes e emoções que as famílias e seus membros tem uns para com os outros. Não se pode
ter atitudes parciais, ser canal de informações, boatos e “disse-que-disse”. Este leva e traz é um grande e
grave empecilho na vida comunitária da igreja. Mesmo quando o/a pastor/a perceber situações difíceis,
discriminações, amarguras, ressentimentos e outros sentimentos e atitudes, da parte dos membros e entre si,
ele/a deve ser um elemento de reconciliação, ajuste e integração. Estas situações nunca devem ser levadas
para o púlpito.
Na visitação pastoral o/a pastor/a deve atender seus membros em suas realidades, necessidades,
acompanhando-os em seus momentos de vitória e crises; visitando-os visando conhece-los, integrar-se com
eles, fazendo isto para todos, não sendo discriminatórios, dando a devida atenção a todos e evitando atenções
demasiadas para uns e falta de atenção para outros.

IV.V– RELACIONAMENTO COM AS AUTORIDADES

Chamamos aqui a atenção para dois tipos de relacionamento do/a pastor/a com relação às autoridades:
1 – relacionamento com as autoridades eclesiásticas; 2 –
relacionamento com as autoridades seculares.

Com relação à primeira os Cânones, no rito para admissão ao pastorado, solicita ao candidato inteira
obediência às autoridades da Igreja Metodista.
Apesar dos tempos terem mudado muito depois da elaboração da idéia contida nos rituais, isto é, o
princípio da autoridade, o assunto deve ser alvo de diálogo levando-se em consideração a nova realidade que
estamos vivendo dentro do atual ministério metodista; pastor54es/as graduam-se em várias áreas afins ao
ministério e, forçados por elevação do custo de vida, passam a exercer outras profissões, na comunidade
local, recusando-se a transferir de cidade, ferindo assim um dos mais conhecidos princípios adotados pela
Igreja Metodista, a itinerância.
Além da crise de autoridade resultante da recusa da itinerância por muitos, temos um outro “furo” na
atual visão que temos sobre a autoridade na Igreja: a falta de orientação, de definição sobre alguns problemas
mais cruciantes que enfrentamos, tanto na área eclesiástica, bem como secular.
Não se deve discutir o princípio da autoridade. Deve ser alvo de nosso diálogo e obediência à mesma.
A Igreja Metodista enfrentará problemas gravíssimos sem este princípio de autoridade; mas, em que termos
devemos vivenciá-lo levando em consideração as novas situações vividas pelos/as pastores/as, hoje? Não
seria o diluir da autoridade episcopal fruto do conflito entre a constituição da Igreja, cujo governo é episcopal
e a estrutura canônica, com características híbridas do regime metodista?
No que se refere ao relacionamento com as autoridades seculares permanecem algumas das razões
que tem influenciado no declínio de autoridade oficial. Muitos de nós, tentando justificar uma obediência
indiscutível, vão ao Novo Testamento buscar a base para isso, citando Romanos 13:1 “Todo homem esteja
sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que
existem foram por Ele instituídas.” Primeiro é bom lembrar que os cristãos esperavam a segunda vinda de
Cristo para aqueles dias. Segundo, os cristãos por serem um pequeno grupo, sem nenhuma possibilidade de
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influenciar politicamente o todo, não lhe restava outra alternativa a não ser a obediência indiscutível. Mas
mesmo assim, vemos a sugestão à desobediência quando a fé no Deus vivo corre perigo. Terceiro, serão
todos os governos modernamente instituídos por Deus? Será que os grandes vilões da história política
mundial, chegaram ao poder pela vontade divina? Quarto: devemos obedecer a uma autoridade que protege
os privilegiados, isto é, exerce o poder para manter privilégios? Devemos obedecer irrestritamente a uma
autoridade que não consegue diminuir o avanço da injustiça social? Ou devemos nos preparar para exercer
uma função crítica consciente, correndo certos fiscos?

IV.VI– RELACIONAMENTO COM A IGREJA METODISTA

O/A pastor/a Metodista são obreiros da Igreja, fiéis em sua conduta pessoal e familiar, irrepreensíveis
em sua conduta ética no relacionamento dentro da comunidade eclesial e de onde a Igreja está inserida, fiéis,
na aplicação disciplinar e doutrinária da Igreja, obediente em amor e sues superiores e amorosos na aplicação
disciplinar, administrativa e pastoral para com seus subordinados, fiéis e jamais buscando posições de
privilégio dentro da Instituição Eclesiástica em detrimento dos cristãos metodistas e dos colegas.

IV.VII– RESPEITO PRÓPRIO

O/A pastor/a, amadurecido/a emocional, intelectual e espiritualmente sentem sua auto-afirmação,


pois no exercício de seus ministérios sabem que são realmente especialistas em trabalho pastoral, nunca se
preocupando em se auto-afirmar em outros setores da vida humana.
Fonte: Ênfases Metodistas no Ministério Pastoral, Série “Documentos” – 1, Igreja Metodista/Conselho Geral, SP: Imprensa
Metodista, 1980, capítulo IV, p. 51-61.

5 – DESAFIOS PASTORAIS O/A PASTOR/A E SUA FAMÍLIA

Vivemos nos dias de hoje no meio de tensões e expectativas das mais diversas. Elas afetam a vida das
pessoas, seus relacionamento, a sua maneira de ser, de viver e de expressara as suas convicções, os seus
valores, a sua vocação e a sua vivência pessoal, familiar, religiosa e social.
Nos tempos atuais, um dos grandes motivadores da vida é o que chamamos “ter coisas,possuí-las.”
O ter está acima do ser pessoa. Junto desse apelo, está o chamado ao “fazer, realizar”. Em outras palavras a
“compulsão pelo de empenho”. Ser pessoa, ter relacionamentos, expressar afetividades, desenvolver valores
são deixados em segundo plano. O evangelho coloca como prioridade o ”ser pessoa e o ter relacionamentos”,
fundamentados no amor, na afetividade, na intimidade e na comunhão. Isso em todas as dimensões com
Deus, consigo próprio, nos relacionamentos com as pessoas, na vida familiar, na vivência religiosa e nas
expressões vocacional, profissional e social.
O contexto social em que vivemos tem afetado diretamente o/a pastor/a e a sua família. A temática O/A
pastor/a e a sua família é demasiadamente amplo. Tem aspectos e múltiplas facetas. Nos dias de hoje, exigiria
de todos nós um esforço concentrado visando analisar, sob todos os aspectos, essa realidade em que nos
encontramos. Infelizmente, no momento buscando atender ao objetivo proposto, iremos considerar apenas,
e de forma genérica, alguns dos aspectos e dos componentes aqui presentes. Se conseguirmos nos despertar
para a urgência e a necessidade de levar a sério essa questão e começarmos a tomar algumas providências,
em níveis pessoal, familiar e institucional, isso nos levará a alcançar o objetivo estabelecido para o momento.

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Uma visão bíblica

A Bíblia nos apresenta uma visão bem ampla a respeito da figura do/a pastor/a. há uma série de textos
que nos dão diversos referenciais. Vejamos alguns:

Jeremias 3:15 – apresenta-nos a promessa do Senhor para o seu povo – “Dar-vos-ei pastores segundo
o meu coração... que vos apascentem com sabedoria e conhecimento”. Há um povo carente, desobediente,
inseguro e necessitado de orientação e amparo, há essa expectativa do Senhor.

Ezequiel 34 – apresenta-nos o questionamento de Deus aos pastores de Israel. Os pastores


apascentam a si mesmos, deixando de cuidar das ovelhas e usando-as para o seu próprio proveito. Deus
decide cuidar das ovelhas, dar a vida por elas, amá-las, busca-las, cura-las. Em Jesus Cristo, ele cumpre essa
determinação da sua graça.

No evangelho de João – Jesus cumpre essa visão.ele torna-se o bom pastor, amandoas, conhecendo-
as, servindo-as, guiando-as e dando a vida por elas (João 10:7-18).

Quando avaliamos os chamamentos feitos aos profetas, encontramos elementos significativos que nos
orientam. Chamamento feito pelo Senhor, nossa dependência Dele, a nossa insuficiência, a visão da obra, o
cuidado de Deus, a nossa responsabilidade, a dependência da graça, etc.

O apóstolo Paulo coloca diversas perspectivas pastorais e familiares em algumas de suas cartas. Em
I Timóteo 3, fala-nos das qualificações que deveriam ser encontradas nos bispos e diáconos. No livro de
Tito 1:5-9, apresenta novamente características que deveriam ser encontradas nos presbíteros e bispos. Nelas,
encontramos princípios que se relacionam com a vida pessoa, vocacional, ministerial, interpessoal e social
do/a pastor/a.
Em suas diversas cartas, temos orientações, em nível geral, que direcionam o relacionamento dos
cristãos consigo mesmos, com as pessoas, na vida social, na convivência com a comunidade de fé, em
especial com Deus. Esses textos são, em sua gênese, destinados aos pastores e às pastoras. Como exemplo,
podemos citar Romanos, 12:9-21; Efésios 4, 5 e 6; Colossenses 3:124,6; Filipenses 2:1-11,dentre tantos
outros.

O apóstolo Pedro, em sua primeira carta, apresenta-nos, no capítulo 5:1-4, um significativo perfil
pastoral. Aqui, ele coloca Cristo como o Supremo Pastor e Bispo, tornando-se ele o nosso referencial.

Como destaque, podemos citar a orientação pastoral que Paulo dá a seu colaborador Timóteo. Em I
Timóteo 4:1-5, vemos algumas recomendações específicas. Dentre elas, destacamos o verso 16: “Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina.”

De certa forma, temos procurado dar ênfase ao cuidado doutrinário. Mesmo assim, isso tem sido feito
de forma descuidada. Contudo, o cuidar de nós mesmo tem sido deixado de lado.

1 - CUIDANDO DE SI MESMO

Cuidar de si mesmo, na vida pastoral, torna-se o grande desafio para todos nós. Esse cuidado é bem
abrangente. Diz respeito a todos os aspectos pessoais presentes em nossas vidas, a todos os componentes do
nosso ser, aos relacionamentos que mantemos com as pessoas, com a igreja e com a sociedade, a vida

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familiar, em todos os seus aspectos, ao relacionamento pessoal com Deus, através de nossa vivência cúltica
e devocional, do nosso ministério e do testemunho dado pelo nosso viver.
Somos seres com características biológicas, psicológicas, dentre elas destacamos os aspectos mentais,
emocionais, sociais (relacionamo-nos com pessoas). Éticas morais e espirituais. A totalidade do nosso ser,
com seus valores, seu histórico, sua formação seu temperamento, caráter e personalidade devem ser
alcançados e trabalhados pela graça a de Deus.
Temos que reconhecer que somos seres humanos e não super-seres ou anjos. Deus nos constituiu com
valores, possibilidades e potencialidades. Com o decorrer do tempo, fragilidades foram anexadas às nossas
vidas. Carecemos dos cuidados humano e divino destinado a todo o nosso ser, em especial, às diversas áreas
de nosso viver, dentre elas a vida familiar. Somos chamados a reconhecer os nossos valores e as nossas
debilidades e buscar, no Senhor, na vivência interpessoal, comunitária e nos recursos humanos e sociais, as
forças e as condições necessários visando o aprimoramento de nossas vidas e de nossos relacionamentos.

2 – UMA ESCALA DE PRIORIDADES

Ao estabelecermos uma escala de prioridade na vida, podemos enumerar as seguintes: 1 – Deus


2 – Família
3 – Ministério
4 – Igreja
5 – Sociedade

O Pr. Jaime Kemp, da Sepal, em seus estudos e livros, tem apresentado uma relação próxima a essa, mas um
pouco diferenciada:

1 – Deus
2 – Pessoas - antes do que Coisas
3 – Família – antes do que a Igreja
4 – Esposa/o – antes do que os filhos
5 - Filhos – antes do que amigos
6 – Cônjuge - antes de si mesmo
7 – Espírito – antes do que matéria

Num primeiro momento, essas duas colocações nos chocam, tendo em vista as prioridades que temos
estabelecido para as nossas vidas, em especial, para o nosso ministério pastoral.

3 – ANÁLIES DA CRISES

Ao fazer uma análise das crises nas vidas das pessoas e de seus relacionamentos, ocorreu a seguinte
classificação:

1 – A CRISE PESSOAL afeta o aspecto interior, relacional, familiar e a vida no trabalho. 2 – A CRISE NO
TRABALHO afeta a vida pessoal, familiar, relacional e o próprio trabalho.
3 - A CRISE RELACIONAL afeta o trabalho, a pessoa e a família.

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Qualquer natureza que seja a origem ou o âmbito de uma crise, as vivências familiar e relacional são
afetadas.

É fundamental, visando desenvolver a nossa vocação, a vivência pessoal, relacional, familiar. Podemos
seguir o seguinte esquema:

Conhecer Compreender Aceitar Tolerar Acolher Apoiar Servir Restaurar AMAR

4 – PERSONAGEM OU PESSOA

Esse é o grande dilema presente na sociedade moderna. O ser humano é “coisa”, “número”, “objeto”,
“personagem”, e uma série de outras coisas, menos pessoas.
Cumprimos determinados papéis na sociedade. Somos cobrados a partir do desempenho de nossos
papéis. A pressão pelo desempenho predomina, hoje, criando angústias, tensões, desajustes de todos os tipos.
Mediante uma diversidade de expectativas, tenho que desempenhar determinados papéis do/a pastor/a, do/a
líder, do/a esposo/a, do/a pai/mãe, do/a cidadão/ã, familiar, amigo, etc. mediante os valores de nossa
sociedade, esse desempenho requer reconhecimento, sucesso, conquistas, crescimento, qualidade. Somos
uma peça importante no esquema social ou eclesial. Se satisfizermos as expectativas e tivermos sucesso,
tudo bem. Se não, seremos questionados, pressionados, marginalizados e descartados, afinal, vivemos numa
sociedade de “descartes”.
A grande tensão existente em nós, entre nós e através de nós é o da definição do que somos: pessoa
ou personagem. O evangelho revaloriza e recoloca a posição da pessoa, acima da personagem. Inúmeros
exemplos encontramos a esse respeito, em especial a da mulher samaritana, citada por João, no capítulo 4.a
sociedade a trata como uma personagem cheia de discriminação: sexista, social, moral, religiosa, racial,
cultural. Jesus, no seu processo de restauração, dialoga com ela, através do processo de acolhimento e
reconhecimento do seu valor como pessoa. O relacionamento com Jesus retira dela o seu papel de
personagem, restaurando nela o sentido de pessoa.
Na vida pastoral, eclesial, familiar e social estamos necessitando dessa restauração – inclusive na
vida das famílias pastorais,na qual as pessoas são mais personagens do que outra coisa: o/a pastor/a, o/a
esposo/a do pastor/a, o/a filho/a cobrando de todos a correspondência das mais diversas expectativas. Isso
acontece não somente da parte da igreja, mas dos elementos componentes da própria família pastoral.

5 – SUCESSO OU FIDELIDADE

Os valores da sociedade moderna têm nos levado ao mundo da competitividade. A sociedade do


mercado nos estimula a buscar o reconhecimento, o sucesso, a posição, o destaque, a autoridade.
Mesmo no meio religioso há uma grande competitividade onde igrejas e líderes buscam destacar-se
através de suas conquistas, seus carismas, suas posições, seu sucesso, do crescimento de suas igrejas, dos
prodígios e sinais que realizam, etc.
Essa tendência tem influenciado muito as igrejas, os/as pastores/as e seus líderes em relação ‘as
expectativas tidas para consigo mesmos ou às exigências de uns sobre os outros. Como decorrência, a família
pastoral é afetada, pois há expectativas da mesma natureza presente nos relacionamentos de uns com os
outros. Passam-se a exigir sucesso, destaque e desempenho como referências de reconhecimento, aceitação,
mérito, instrumento de barganha e até concessão da afetividade.

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O evangelho do reino de Deus dá prioridade a fidelidade no lugar do sucesso. Jesus, analisando do


ponto de vista dos valores do presente século, seria um fracasso. Todavia, segundo as normas do reino - a
fidelidade - levou-o a estar soberano acima de todo nome, poder ou autoridade (Efésios 1; Filipenses2).

Por mais que tudo isso possa nos aparecer sem relevância, a verdade é que essa questão tem afetado
diretamente a vida do ministério pastoral,da missão da igreja e dos relacionamentos encontrados na família
pastoral.

6 – CRISES PASTORAIS, PESSOAL E FAMILIAR

Como pessoas, fugimos das tensões e das crises. Ambas nos amedrontam. Todavia, a realidade em
que vivemos indica que há sinais de crise em nós, na sociedade, na família, nos relacionamentos humanos e
em diversas áreas presentes na vida.
Crise não significa falência ou morte. Ela pode indicar uma reação significativa, pois sinaliza vida e
vitalidades. Muitos têm afirmado que a crise é sinal de perigo, mas, acima de tudo, de oportunidade, que nos
leva a nos avaliar, a nos refazer, a nos reestruturar, a redimensionar a vida. Nesse sentido, a crise torna-se
um sinal de grande valor e importância para todos nós.

Existem, nos dias de hoje, alguns núcleos de crise. Eles afetam a vida pessoal, pastoral, social e familiar.
Sinalizemos alguns de seus componentes:

1- Crise de identidade

2- Crise de intimidade

3- Crise de integridade

4- Crise de vocação

5- Crise de participação

6- Crise de relacionamentos

7- Crise de valores

Há essas e outras crises na vida pastoral, eclesial e da família pastoral.

Os relacionamentos estão tensos e desgastados. Há muito mais indicativos desse fato na família
pastoral. O personalismo, o autoritarismo, sinais de violência física e sexual, infidelidade, tensão nos
relacionamentos, carência de afetividade, impessoalidade, quebra de valores éticos e morais, problemas de
alcoolismo, os tóxicos, a sexualidade desvirtuada, expectativas de uns com os outros fora do contexto da
realidade e das necessidades pessoais, ausência de atenção, cuidado e diálogo, individualismo e
egocentrismo... Separação de casais!

Essas realidades poderão ser expressas através de depoimentos ou frases oriundos de esposos/as e filhos de
pastores/as.

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• O meu esposo é um tirano dentro de casa.

• Ele comete adultério emocional e mental todos os dias.

• Casou-se com a igreja e abandonou a/o esposo/a e os filhos.

• Há uma distância muito grande entre o que o meu esposo prega e a sua vida no seio da família. O
seu testemunho cristão não confere com aquilo que é pregado dominicalmente.

• Se eu não me submeto à sua autoridade, posicionamento e ordens, a nossa vida parece um inferno:
uma contínua discussão, tensão e brigas.
Por outro lado os/as filhos/as também se expressam:

• Não tenho um pai dentro de casa. Tenho um ditador ou impositor. Ele transfere sobre nós as
expectativas da igreja.
• Não nos considera como pessoas e nem está atento às nossas necessidades.
• Papai não me dá atenção. Sempre está ocupado demais para me considerar. Não recebo dele nem
carinho, nem amor e nem calor humano. Muitas vezes ele até é violento comigo.
• Não há diálogo em casa. Reconheço que erro muitas vezes. Todavia, falta compreensão, tolerância e
perdão. Sou coagido em minhas decisões e ações. O perfeccionismo inatingível de meu pai recai
sobre a minha pessoa.
• Não me lembro de meu pai brincando comigo. Não há convivência mais íntima e amorosa entre nós.
Papai está sempre ocupado. Não há tempo para lazer, diálogo, aconselhamento, carinho, férias.

Por sua vez, o/a pastor/a também tem as suas justificativas:

• Gostaria de dar tempo para a minha família, mas a igreja exige muito de mim e o pior é que os meus
não entendem o meu drama.
• Minha esposa não me acompanha em nada. Ela é uma ausente em minha vida. Isso me tem levado a
buscar amizades e apoio em outras pessoas. Sei que estou em perigo, mas o que fazer?
• Na igreja sou elogiado, bem tratado, amado, mas, em caa, nem considerado sou. Quando estou
meditando, orando ou estudando indagam-me se “estou fazendo alguma coisa”. A natureza do meu
trabalho pastoral nunca é entendida. Dificilmente sou elogiado ou valorizado.
• Há uma frieza nos relacionamentos que tenho com os meus familiares. Estou preocupado, pois sinto
uma grande distância entre mim e minha esposa. Sei que isso é um perigo para mim. Vivo
aconselhando mulheres carentes e numa dessas posso ser tentado.
• As pressões, exigências e múltiplas expectativas da igreja com o meu ministério e as contínuas
cobranças estão afetando a minha vida, os meus relacionamentos, a minha comunhão com Deus e,
especialmente, a minha vida familiar.

Em síntese, pode-se dizer, como o Pr. Jaime Kemp – em seu livro “Pastores em perigo”
– e outros estudiosos dizem, que os desajustes mais presentes são decorrentes de “desentendimentos
interpessoais, incluindo o uso do dinheiro, o pouco tempo dedicado à família, o baixo nível salarial,
sentimentos negativos e contínuas mágoas presentes, diferenças de opinião sobre vários assuntos, inclusive
a igreja e o ministério, ausência de tempo para diálogo, comunhão, vida devocional e lazer, questões a
respeito dos filhos, sua educação, seus comportamentos da sexualidade, o trabalho da esposa/o fora de casa
e os reflexos disto para a vida familiar, inclusive sobrecarga de atribuições sobre a/o esposa/o, a falta de

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sensibilidade para s areais necessidades da/o esposa/o, dos filhos e do próprio pai (pastor/a), como
privacidade, convivência, reconhecimento como pessoa, valor pessoal, de espaço visando expressar-se, etc).
Um destaque especial deve ser dado à questão da saúde física, mental, emocional, das enfermidades do/a
pastor/a, dos/as cônjuges, dos/as filhos/as e demais familiares; e dos momentos de perdão, em especial, de
morte, separação e mudanças de familiares ou de seus membros.
Com muita humildade, à luz da realidade e das necessidades pessoais e familiares, somos convidados,
através da graça divina, a avaliar, reconhecer nossas carências e falhas, buscar caminhos alternativos que
venha aprimorar o nosso relacionamento, expressar de forma incondicional o nosso acolhimento, a nossa
afetividade, a nossa empatia e o nosso amor à/ao esposa/o,a os filhos e aos demais membros de nosso lar
(pais, sogros, netos, etc).
Há carência de se dedicar mais atenção, tempo e cuidado às nossas famílias. Semanalmente precisamos
dedicar tempo para o nosso lar, separando um dia, pelo menos, e noites para convivência e atenção, inclusive
de forma personalizada.
A presença, o tempo quantitativo e qualitativo, a disposição para o diálogo e a acolhida, os momentos de
recolhimento e lazer, as horas de intimidade familiar e pessoal, a capacidade para ouvir, dialogar, o seu
sensível às realidades e ao momento, ou fase em que vivem os seus queridos, o espírito compreensível,
ajudador e perdoador, o cuidado com a vivência da espiritualidade, a expressão do carinho e do amor nos
relacionamentos e a vivência evangélica com os membros da família estão requerendo de todos nós uma
prioridade ministerial familiar.

Necessidades básicas e fundamentais

Objetivando encontrar caminhos para o aprimoramento da vivência familiar, é de fundamental importância


estarmos atentos às necessidades pessoais e globais dos membros de nosso lar. Há diversos tipos de
necessidades que carecem serem satisfeitas. Em geral, nos preocupamos com as mais imediatas, geralmente
ligadas às coisas materiais. A sociedade de consumo tem criado necessidades não fundamentais ao ser
humano, enfatizando o fato de ser importante possuí-las para alcançar a felicidade. A não obtenção daquilo
que tem sido considerado fundamental traz insatisfação e desajustes interiores. Esta tendência consumista,
mercadológica está demasiadamente presente na vida da a igreja e na sua forma de ser.

Considerando a questão das necessidades, podemos enumerá-las em:

1 – necessidade fisiológica
Essas expectativas podem ter origem em diversas fontes:
1 – pessoais
2 – familiares
3 – eclesiais: igreja a que pertence
4 – comunidades de fé
5 – comunidades sociais
6 - conceitos de Deus7 – vontade de Deus 8 – outras.

Nos relacionamentos, a questão das expectativas é de fundamental importância. Sempre existem


expectativas em nossos relacionamentos e envolvimentos humanos. Os pais têm as suas expectativas com os
filhos, os filhos com os pais, o esposo com a esposa e viceversa, o/a pastor/a com a igreja e esta com o
pastor/a, assim por diante. Quando as expectativas que possuímos são correspondidas, ocorre o que
chamamos “interação social”, ou seja, uma correspondência de expectativas e um ajuste. Assim sendo,
haverá interação e integração pessoal, familiar, eclesial, social e grupal.

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Se acontecer de não haver correspondência entre as expectativas, ou por serem elevadas demais,
inadequadas ou fora da realidade, ocorrerá uma insatisfação que levará a pessoa ou o grupo à ausência de
interação. Essa não correspondência vai exigir um processo de “readaptação” das expectativas, colocando-
as em nível do perfil e da realidade das pessoas, da situação, da comunidade, etc. não havendo o início do
processo de “readaptação”, as pessoas, a família ou o grupo podem seguir caminhos alternativos, tais como,
reavaliação da situação e das expectativas, mudança no nível de expectativas ou ausência do
reencaminhamento do processo provocando um caminho onde há a presença da fuga e da fantasia.
Em nossos relacionamentos diários em casa, na igreja, no trabalho, na escola, e em outros níveis, esse
processo está presente visando sempre a interação e a inter-relação pessoal, grupal e de múltiplas
expectativas. Essa problemática está continuamente presente nos relacionamentos familiares.

Na Bíblia, vemos inúmeros exemplos dessa realidade:

• Moisés – tem as expectativas de Deus para com ele, dele par com Deus, do povo para com ele e com
Deus e dele para com o povo. Se analisarmos Moisés e a sua presença na história do povo de Israel,
vamos perceber e compreender bem esse fato.
• Jonas – a não correspondência de suas expectativas missionárias com as expectativas de Deus, leva-
o a fugir, em vez de entrar num processo de reestruturação e reavaliação.
• Jesus – o povo judeu tinha suas expectativas em relação ao Messias. Quem foi correspondido aceitou-
o. os que o rejeitaram, tiveram as suas expectativas frustrada. Jesus tinha as suas expectativas para
com Deus, o povo, o seu discipulado. O inverso também ocorria.

Um caso de família bíblica encontramos na família de Jacó.


Todos os desacertos familiares e as confusões de relacionamentos surgem decorrentes do desencontro de
expectativas e de comportamento adequados.
A não correspondência de expectativas pode produzir tensões, geralmente destrutivas, inibidoras ou
criativas. Há a necessidade de aprender a viver em tensão, sem nos desintegrarmos. Um certo nível de tensão
no relacionamento humano é até benéfico, desde que não entremos em “alta tensão”.
As tensões estão continuamente presentes na vida. Tensões e pressões afetam nossa vida pessoal, nossos
relacionamentos interpessoais, familiares, eclesiais, sociais.

Em momentos de crise e de tensão, temos a necessidade de compreender e interpretar a situação que


estamos vivendo. Algumas questões fundamentais devem ser consideradas:

• Como interpretar a situação?


• Estar consciente da importância a respeito da forma e do momento de agir.
• Ter uma correta percepção da situação.
• Usar o momento visando uma análise, uma reflexão e o aproveitamento (uso) da situação.
• Não temer ser contestado. A contestação pode ser demasiada importante nesse processo de
confrontação e maturação.
• Verificar como a situação pode concorrer para o bem. É claro – tudo sob a presença e ação da
graça divina.

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Um outro elemento importante surge aqui: a percepção

• Percepção

A percepção é um dos elementos básicos presentes na vida humana. Ela é fundamental para a
compreensão que temos a respeito de nós mesmos, dos outros, de nossos relacionamentos, das situações
espirituais, humanas e sociais. Em tudo, na vida, dependemos desse elemento fundamental.
Se nossa percepção é inadequada e falha, ela pode comprometer todo o nosso procedimento e a nossa
compreensão e ação relativos a algum fato, situação ou pessoa. Uma percepção errada ou inadequada gera
um conceito falso ou incorreto e, consequentemente, uma ação inapropriada. Uma percepção errada gera um
concito errado que provocará, como conseqüência, um comportamento inadequado com a realidade ou com
a situação. Daí considerarmos fundamental a questão da percepção em todos os níveis: pessoal, relacional,
religioso, moral, familiar, social, etc.
A percepção é fundamental visando o nosso trabalho pastoral, no cuidado e vivência com os membros de
nossas famílias, no acompanhamento pastoral e de apoio a pessoas e de grupos; nas questões doutrinárias e
éticas. Muitos dos desentendimentos pessoais, relacionais, doutrinários, institucionais e comportamentais
têm a sua gênese na percepção.

Imagens geram idéias que geram a percepção. A percepção gera o conceito e, a partir daqui, temos o
nosso comportamento.
Percepção errada gera ações erradas ou inadequadas, por partir de compreensões ou pressupostos
diferenciados.
O que isso significa para a vivência pessoal, familiar, pastoral, eclesial e social?
Nos aspectos mentais, emocionais, psicológicos, sociais, econômicos e políticos encontramos a questão
da percepção.
Uma das percepções que temos, no que diz respeito a situação em que vivemos, é a de que somos
constantemente cobrados pelos diversos segmentos da vida humana e da sociedade nos dias de hoje. A
questão do desempenho é um fator determinante na atualidade. Somos cobrados a partir do desempenho.

• Desempenho pessoal, profissional, familiar, eclesial, religioso, social. Sofremos uma contínua pressão
que cria em nós a compulsão pelo desempenho. Essa compulsão gera, em nós, em nossos lares e nas
comunidades, situações mentais, emocionais e psicológicas (na forma mais abrangente), provocando
pressões, ansiedades, angústias e tensões, em níveis diversos e variados.

Tentações e seduções na vivência pastoral

Vamos citar e avaliar algumas das mais presentes no nosso cotidiano:

1 – sedução da agenda
2 – sedução do ativismo
3 – sedução pelo poder
4 – sedução pelo sucesso, nome e autoridade
5 – sedução pelo sexo
6 – sedução pelo dinheiro, bens, posses
7 – sedução pelo púlpito
8 – sedução pelo academicismo9 – sedução pelo/a pastor/a místico/a
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10 – sedução pelo mágico e pelo mistério.

Essas seduções afetam não apenas a vida pessoal do/a pastor/a, mas todos os seus níveis e
relacionamentos familiar, social, eclesial. Dependendo do acatar ou não essas seduções os/as pastores/as
podem estar sujeitos a cair nas barras de ouro, barras da saia, barras do sucesso, barras do poder, finalizando
nas barras do tribunal.

Essas tentações e seduções podem gerar as mais diversas crises. Os esboços de crise que podemos
encontrar podem estar:

• Nas expectativas
• Na busca pelo sentido da vida e da vocação
• No anseio de encontrar a sua identidade
• Nas tensões interiores e exteriores
• No objetivo ministerial
• Na questão da integridade
• No sentido de auto-estima
• Na super-valorização pessoal ou comunitária
• Na sexualidade
• Nos relacionamento pessoais, inter-pessoais e familiares
• Nos valores pessoais e sociais
• Na vivência econômica e social
• Nas questões do temperamento e do caráter
• Na ausência de interação e integração sociais
• Nos alvos e objetivos estabelecidos para si
• Na frustração ministerial
• Nas questões da espiritualidade pessoal, familiar, eclesial
• Nos aspectos éticos e morais • Outros.

A família pastoral

Os aspectos estudados e enunciados, até agora, estão diretamente relacionados com a vivência da
família pastoral. Não podemos fugir e nem ignorar as nossas necessidades e realidades.
Há uma urgente necessidade de dar mais atenção e cuidado ao/à pastor/a e seus familiares. Ministérios
específicos carecem ser estabelecidos. Atenção: acompanhamento e treinamento devem ser desenvolvidos.
Núcleos de apoio locais, distritais, regionais e nacionais carecem ser estabelecidos. Pessoas com
confiabilidade e capacidade serão fundamentais nos estabelecimentos dessa ação pastoral, visando a
interação, a integração restabelecimento, a unidade, a restauração e o aprimoramento das relações da família
pastoral consigo mesma, com a Igreja, com as igrejas e com a sociedade. Cabe aos/à pastores/as ter essa
consciência e dar de si visando a melhoria da qualidade da vivência e dos relacionamentos na família
pastoral.a igreja fica com a responsabilidade e com a urgência de criar espaços de sustentação, apoio,

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acompanhamento e aprimoramento. Se tudo o que foi dito e escrito conseguisse esses dois objetivos aqui
colocados, teríamos alcançado tudo quanto tem sido proposto até o momento e doso os anseios presentes e
no íntimo do/da pastor/a e de sua família.

Sentimento de acolhimento

Um sentimento de acolhimento carece ser estabelecido nos relacionamentos pessoais, interpessoais e


sociais.

1 – Ser acolhido por Deus – aceitar o acolhimento do Senhor e de sua graça é fundamental à vivência
pessoal e familiar.
2 – Acolher-se a si mesmo é algo essencial para a comunhão consigo, com Deus e com os outros. Isso
requer um aprimoramento no conhecimento de nós mesmos e um trabalho honesto e intensivo com respeito
àquilo que nós somos.
3 – Acolher as outras pessoas e ser acolhidos por elas. Ampliar os níveis de conhecimento,
compreensão, aceitação, tolerância e apoio às outras pessoas. Da mesma forma, se acolhido por elas no
mesmo nível e dimensão.
4 – Ser colhido pela comunidade - pela Igreja e pelas igrejas. Diminuir as relações de tensão pelo
desempenho e ampliar os níveis de comunhão, de convivência e de relacionamento. 5 – O sentimento de
acolhimento tem como ponto de referência a atitude evangélica havida em Cristo. Ele nos acolheu, nos
recebeu. Da mesma forma devemos “acolher uns aos outros” conforme Cristo nos acolheu (Romanos 15:7).

Configurando a família pastoral

Semelhantemente às outras famílias, a configuração da família pastoral tem diferenciações.


Em geral, podemos configurar famílias no aspecto tradicional – pai, mãe, filhos, irmãos e demais
familiares. Todavia, esse modelo pode variar, tendo a mulher como o cabeça da família, tendo a ausência do
esposo, ou mesmo o homem como cabeça não contando com a presença da mulher. Temos também
pastores/as solteiro/as, acompanhado/as de pais, irmãos, sobrinhos e outros familiares, alguns com adoção
de crianças.

Especial consideração deve ser dado aos lares desfeitos por morte, infidelidade e separação e aos que
estabeleceram novos casamentos.

A esposa do pastor – esposo da pastora

Quem somos em relação a eles/elas: amigo/a, companheiro/a, esposo/a de pastor/a?

Quem é a/o esposa/o?


1 – Personagem ou pessoa – super-mulher/homem
2 – Mulher sem nome. Personagem sem identidade pessoal.
3 – Pessoa com suas características a quem devemos dedicar tempo, privacidade, amizade, cooperação, apoio
e lazer.
4 – Concessão de um amor incondicional e sacrificial: com amizade, desejo de intimidade e prazer, mas
dadivoso e sacrificial. 5 – algumas questões fundamentais:
• Disponibilidade familiar
• Participação
• Superar barreiras como as instabilidades
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• Os picos emocionais do/da pastor/a


• A exaustão da/o esposa/o
• A colocação de situações e problemas de forma inadequada em momentos errados.

6 – Prioridades familiares:
• Acerto entre agenda pastoral e familiar
• Dar tempo visando a convivência, o lazer semanal e as férias
• Relacionamento familiar em nível mais amplo: um dia por semana para a família, uma noite para a
esposa, momentos globais e individuais com os/as filhos/as.
• Estabelecer prioridades e metodologia na agenda: dias e horas, respeitando-os.

7 – Moradia pastoral – questões relativas a esse item: proximidade ou distância,; privacidade e intimidade
ou abertura (escancaramento familiar). A problemática das mudanças pastorais.
8 – Trabalho, estudo, responsabilidades:
• Apoio quanto ao trabalho da/do esposa/o e ao estudo
• Cooperação com atividades e atribuições domésticas
• Participação no crescimento, formação e o caminho à maturidade
• Cooperação nas tarefas familiares, em especial, no cuidado com os/as filhos/as.

9 - Finanças
• A importância do orçamento elaborado
• Estabelecimento de prioridades, o cuidado com os gastos não básicos e com o cartão de crédito, as
prestações, dívidas, etc
• Estabelecimento de prioridades – evitar a compulsão pela compra

10 – Sexualidade:
• Expressar amor, afetividade, fidelidade e compromisso
• Ter cuidado com as tentações e seduções presentes na vivência pastoral e da/do esposa/o
• Ter carinho, romantismo, relacionamento afetivo
• Partilhar o ser total
• Ter cuidado com a rotina, as seduções e os modismos.

11 – Igreja:
• Cuidados com as demandas e expectativas da igreja.
• Ajuda através de prática pastoral e pedagógica a uma mudança de mentalidade
• Participação com seus dons e ministérios
• Outras situações

Filhos/as de pastores/as:

São vistos, em geral, como “pessoas ideais” e não pessoas reais com suas características, realidades
e necessidades. Isso tanto por parte da igreja como, às vezes, do/a próprio/a pastor/a. Grandes expectativas
recaem sobre eles/elas. Há casos em que os/as filhos/as são sempre considerados problemas.

Algumas situações:
1 – Expectativas irreais e injustas:
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• Por parte da igreja


• Dos pais
• Da família
• Da sociedade (colega e amigos)

2 – Quebra da imagem ideal. Pai é também pessoa (Mãe também):


• Tirar a máscara
• Admitir a sua humanidade
• Reconhecer os erros e as falhas
• Ser humilde
• Pedir e conceder perdão

3 – Conversação familiar:
• A importância do ouvir e do diálogo
• O lugar da verdade
• O cuidado com terminologia e expressões
• Autenticidade
• Ética pastoral: não expor à igreja e nem às pessoas
• Cuidado com os comentários sobre situações, tensões e relacionamento

4 – Dificuldades de itinerância:
• Mudanças constantes
• Perda do ambiente, dos amigos e convivência
• Os problemas oriundos das mudanças de escolas e de trabalho

5 – O estigma de ser filho/a de pastor/a:


• Aspectos positivos e aspectos negativos

6 – Expressar amor incondicional:


• Aceitar, acatar, mesmo não concordando, acolher
• O cuidado com a disciplina: firme, amorosa, não desgastante, preocupado com a pessoa e não com
as imagens ou expectativas de terceiros
• Não irritar e nem desanimar
• Nos relacionamentos expressar acolhimento, graça, perdão e apoio
• Valorizar o que faz e é bom
• Cuidar da auto-estima
• Evitar o contínuo espírito crítico
• Cuidado com a forma do falar – a palavra tem grande valor, em especial, no período de infância
• Lembrar-se por trás das palavras há sempre sentimentos

7 – Dar tempo aos/às filhos/as:


• A importância da qualidade do tempo, do lazer, da convivência
• Respeitaras diferenças individuais (Susana Wesley)

8 – Comunicação:
• Abrir espaços, ter confiabilidade
• Dar tempo
• Ouvir atenciosa, amorosa, paciente e empaticamente
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• Dialogar com pessoas da família


• Orar pessoalmente e de forma objetiva
• Criar valores ligados à espiritualidade
• Dar testemunho

9 – Acompanhando e aprimorando os alvos:


• Alvos reais ou imaginários
• Crescimento progressivo dos alvos
• Estimulo, apoio, compreensão e companheirismo

10 – Vivência da espiritualidade:
• Valorização dos momentos significativos
• Informalidade e sentido de relevância no lugar da formalidade e da imposição
• O momento devocional: evoluir conforme a faixa etária • Testemunho prático da fé: no lar, na igreja
e na sociedade

11 – Situações diferenciáveis:
• Carências afetivas especiais conforme a realidade e a necessidade de cada um. Há situações que
exigem uma atenção mais adequada – são algumas delas bem específicas

12 – Sexualidade:
• Formação
• Clareza
• Abertura para o diálogo
• Avaliação dos valores e das formas existentes na sociedade
• Evitar extremismos – tabus ou liberalidade
• Conversar francamente sobre o tema e outros, tais como: o alcoolismo, tóxicos, Aids, divertimentos,
etc.

Relacionamentos e sentimentos

É de fundamental importância, na vivência familiar, os relacionamentos entre os membros da família.


Temos que reconhecer que nem sempre esses relacionamentos estão abertos e francos entre todos os membros
da família. Há relacionamentos truncados, carentes de restauração.
Nos relacionamentos, palavras e sentimentos são fundamentais. A palavra deve ser boa para a
“edificação e transmitir graça”, conforme dia a Palavra de Deus. Todavia, nem sempre essa palavra tem sido
“boa e adequada”. Muitas vezes ela tem magoado, ferido, criado sentimentos negativos. Por detrás das
palavras, existem sentimentos em ambos os comunicadores. Há uma carga muito forte de sentimentos
negativos nos relacionamentos humanos que necessitam de restauração. No decorrer do histórico da vida das
pessoas, desde a infância até a fase adulta, há o acúmulo dos mais diversos sentimentos no interior das
pessoas. Mágoas, traumas, ódios, inferioridade, diversos complexos, oriundos por diversos fatores, tendo a
palavra um dos principais dentre eles.
Na família pastoral, há a necessidade da restauração das palavras e dos sentimentos pessoais e
relacionais. Barreiras, as mais diversas, têm sido aqui construídas. Carecemos da graça de Cristo, da
compreensão dos fatores apresentes e da disponibilidade de cada pessoa para caminhar pela trilha da
compreensão, do perdão, da reconciliação e da restauração. O Espírito Santo carece trabalhar de forma
individual e comunitária na vida familiar, não somente restaurando relacionamentos, mas transmitindo “graça
e edificação” nas palavras, nos gestos, nos toques e em todos os outros meios presentes na comunicação e na
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comunhão entre as pessoas e nas pessoas consigo mesmas, restaurando sentimentos e criando pontes para
que haja na família pastoral um relacionamento evangélico.
Aqui vale lembrar o que já foi citado: a importância da convivência, da intimidade, do estar junto,
do ouvir, do dar atenção, do compreender, acolher tolerar, perdoar, amar verdadeiramente. O conhecimento
da realidade e das necessidades pessoais e da comunidade familiar e a questão anteriormente mencionada da
“percepção” são fundamentais nesse processo dinâmico de relacionamento pessoal e interpessoal.

Finalizando:

Há um espaço evangélico a ser vivido na vida pastoral e nos relacionamentos familiares. A graça de
cristo, através da ação e vivência do Espírito Santo, a mútua participação de todos os membros da família
pastoral, a cooperação e prática dos conhecimentos humanos, o apoio da comunidade eclesial e, quando
necessário, a ajuda de pessoas e grupos especializados devem continuamente se inter-relacionar.
É possível e necessária uma vivência evangélica nos relacionamentos entre os membros da família
pastoral. Aqui é o primeiro e talvez o mais difícil lugar para o testemunho de nossa fé.
Semelhantemente a qualquer lar ou família é possível o milagre da graça divina concedendo-nos uma
vida plena e abundante em nossas famílias.

Os elementos presentes no texto das bodas de Caná da Galiléia são indicativos para todos os:

1 – a presença ativa de Cristo - ele foi convidado


2 – o cumprimento da orientação de Maria: “Fazei tudo quanto Ele vos disser”; obediência à Palavra
3 – o detectar das dificuldades e problemas: “falta vinho”
4 – a disponibilidade, a cooperação para com Cristo: “enchei as talhas”
5 – o fazer tudo quanto é de nossa responsabilidade e está dentro de nossas possibilidades –a ação dos
serventes
6 – experimentar vivencialmente a ação da graça de cristo – “provar do vinho transformado, como o mestre-
sala”.
7 – permitir a Cristo realizar, no lar, os sinais da sua Graça, crer nele (João 2:1-11).

A Palavra do Senhor nos dá alguns indicativos para essa vivência evangélica no relacionamento da família
pastoral:

• Suportar as fragilidades uns dos outros - Romanos 15:1


• Agradar a outra pessoa no que for bom para edificação
• Acolher uns aos outros – Romanos 15:7
• Seguindo a verdade e o amor, crescer em tudo - Efésios 4:15
• Despojamento e revestimento – Efésios 4:20-24
• Deixar tudo quanto impede um autêntico relacionamento – Efésios 4:25; I Pedro 2:1
• Perdoar uns aos outros – Efésios 4:32
• Andar em amor uns com os outros – Efésiso 5:2
• Levar os fardos uns dos outros – Gálatas 6:2
• Ser unidos de alma, tendo o mesmo sentimento uns com os outros – Filipenses 2:3
• Ter em vista a situação e a posição da outra pessoa – Filipenses 2:4
• Expressar a alegria do Senhor – Filipenses 4:5
• Exercitar a moderação com todos – Filipenses 5
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• Permitir o habitar da paz de Cristo – Colossenses 3:15


• Deixar Cristo ser o “árbitro” – Colossenses 3:15
• Fazer tudo, de coração, e em nome do Senhor - Colossenses 3:17, 23
• Andar no Espírito – Gálatas 5:16
• Permitir ao senhor produzir os frutos do Espírito – Gálatas 5:22
• Deixar habitar Cristo e a sua Palavra no lar – Colossenses 3:16
• Instruir-vos e aconselhai-vos mutuamente – Colossenses 3:16
• Confessar as fragilidades e os pecados – Tiago 5:16
• Orar uns pelos outros – Tiago 5:16
• Servir uns aos outros, no Senhor
• Permitir e receber o acolhimento da comunidade da fé

• Lavar os pés uns dos outros – João 13:14-16


• Cremos na ação da graça divina na vivência d família pastoral. A presença da graça, do amor, do
acolhimento, do perdão da reconciliação e da restauração em cristo, através do Espírito são
constituintes fundamentais para vida pessoal e relacional do/a pastor/a e da sua querida família.
Com certeza temos dificuldade sem nossos relacionamentos. Temos que reconhecer, como Paulo, que
não temos alcançado muitos de nossos desejos e objetivos. Contudo, uma coisa é necessária, levando a
sério os acontecimentos passados, buscando superalos; carecemos esquecer o que fica para trás fica e
avançar em busca daquilo que Cristo tem proposto para nós e aos nossos familiares (Filipenses 3). Com
a presença da graça divina, a nossa vontade e ação em superar as nossas dificuldades e melhorar os nosso
relacionamentos e a mútua cooperação de cada membro do corpo; estaremos crescendo em amor, na
comunhão, e na edificação do todo o organismo familiar.

“Se souberdes essas coisas, bem-aventurado sois se as praticardes.” João 13:17

VII. Diretrizes para um Ministério Pastoral eficaz


Jeremias 3. 14 e 15

Só Deus pode forjar um pastor. Somos escolhidos por Deus e temos a promessa de que seremos sustentados
diuturnamente para a realização de uma tarefa espiritual, porém voltada para a humanidade corrompida.

A eficácia do ministério pastoral depende do ardor espiritual e do jogo de cintura inter-relacional do pastor no trato
ministerial.

A crença nessas assertivas, diria, era a motivação do ministério de Jeremias, que embora classificado como o
profeta chorão, era apenas um homem de Deus autêntico e transparente em sua vida, em sua convicção profética,
bem como em suas mensagens, que foram proclamadas em tempos difíceis, tempos de apostasia e de idolatria.

Jeremias dedicou toda a sua vida adulta ao ministério profético que durou pelo menos 40 anos. Subsistiu a cinco
reinados e passou por situações diferentes e, por essa razão, proclamou mensagens diferentes em seu formato,
tratando cada situação e cada época a partir do contexto histórico-religioso vivenciado, preservando, porém, uma
mesma consistência e uma única base teologal, a Teologia da Aliança exarada em Deuteronômio, para a sua
contundente e sempre atualizada e apropriada proclamação. Tal qual nos tempos de Jeremias, hoje, Deus chama
pastores para o exercício de um ministério contextualizado e teologicamente unívoco, tendo como base exclusiva a
Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus que é inerrante e infalível.

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Consideremos, em seguida, a partir dos versos 14 e 15 de Jeremias 3, o que classifico como as diretrizes funcionais
para o exercício de um ministério pastoral eficaz em nossos dias, visto que, embora a conotação de profecia no
Novo Testamento tenha nuanças diferenciadas do conceito veterotestamentário, somos profetas de Deus na pós-
modernidade.

A primeira diretriz funcional a considerar é...

1. A consciência vívida da chamada para o ministério.

Sem uma consciência nítida e vívida da chamada para o ministério não seremos pastores. Nem de nós mesmos, ou
se quer dos nossos distorcidos anseios egocêntricos.

Ter o título de pastor é fácil. Nunca foi tão fácil. O desafio é sentir-se pastor e sentir, como pastor, as misérias
humanas. O desafio é agir como pastor, respondendo sempre como pastor, nos embates humanos e diante das
mazelas emocionais que também nos afetam. O desafio é ser pastor segundo o coração de Deus, isto é, ser pastor
de acordo com a vontade e a maneira desejada por Deus, prescindindo da nossa própria humanidade.

Ser pastor segundo o coração de Deus é libertar-se das convicções humanóides que atrofiam ou embotam o nosso
raciocínio, acorrentando-nos nos pelourinhos dos interesses personalizados, das eclesiologias mercantilistas, das
teologias de tarefa imediatistas ou do denominacionalismo emburrecido e fossilizado pela divinização da sua própria
história, tudo isso em detrimento da adoração e da obediência ao verdadeiro Deus e Senhor do ministério pastoral a
ser efetivado.

Para que sejamos úteis e eficazes no ministério pastoral devemos estar livres dos quereres e dos poderes
humanos, abrindo mão do nosso eu, do nosso ego, para que Deus esteja entronizado em nossas vidas, mentes e
em nossas personalidades a fim de que somente preguemos a Palavra que expressa o propósito e o poder de Deus
para o seu povo e para a igreja de Cristo Jesus.

Antes de ponderar uma situação a partir do racional, da jurisprudência, dos cânones denominacionais ou do que é
sociologicamente admitido o pastor deve buscar na Bíblia Sagrada o parâmetro ético-espiritual determinante. Se o
pastor deseja tomar decisões corretas deve pautar-se pela Palavra de Deus, mesmo que estas decisões sejam
indigestas em relação ao padrão ético das pessoas envolvidas.

O pastor também deve reconhecer a sua pequenez e a sua vulnerabilidade, submetendo-se a vontade de Deus e
enquadrando a sua própria vida na Palavra de Deus. Deus mesmo nos chamou de maneira muito especial e
particular para militarmos no ministério que é dele, o que nos impõe um compromisso de fidelidade irrefutável.
Precisamos desenvolver sensibilidade para compreendermos que somos apenas servos e instrumentos. Somos
apenas ministros de Deus. Não somos semideuses e nem concentramos a divindade em nós mesmos. Como
servos e instrumentos, devemos renunciar todo o ego humano, rejeitando todas as decisões pessoais e
particularizadas, instruindo a igreja na busca do consenso gerado pelo Espírito Santo que nos guia em toda a
verdade e para toda a vontade de Deus, consenso que se expressa pelo vínculo da paz na igreja, Efésios 4.3.

Ser pastor segundo o coração de Deus é levar a igreja de Cristo a fazer a vontade de Deus sempre, mesmo que a
custo de alto preço e em meio a grande combate. Nosso compromisso primevo é com Deus, depois vem a igreja
local.

Uma segunda diretriz funcional para o pastorado é...

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2. Apascentar o rebanho com ciência e com inteligência.

Apascentar não é apenas conduzir ao lugar de deleite. É também ensinar sobre a seleção do alimento e sobre a
melhor maneira de se absorver o máximo de nutrientes possíveis da ração oferecida. Apascentar é cuidar da saúde
do rebanho, protegendo-o e, se necessário, disciplinando as ovelhas rebeldes como fator de preservação da
integridade física e espiritual do rebanho como um todo.

No tempo de Jeremias havia pastores como os indicados no capítulo 23.1-8 do seu Livro, que aterrorizavam o
rebanho com filosofias, com teologismos, com ciências exóticas, não exatas, e com eclesiolucuras. Pastores que,
como vemos atualmente, preparam verdadeiros coquetéis espiritualísticos na promoção da cristianização de
celebridades e de socialites com seus costumes antiéticos e contra-cultura. Pastores hábeis na avivalização de
cristãos incautos que alimentam as polpudas contas bancárias desses profeteiros vivaldinos.

Não é este o ministério pastoral que Deus espera de nós. O Senhor nos chamou e nos vocacionou para que
estejamos diante do seu rebanho em culto vivo e santo, culto agradável e lúcido, culto que sempre seja
preponderante e eficaz na ação libertária das fobias, dos terrores, da opressão, dos complexos e das culpas
resultantes do pecado outrora dominante. Daí a necessidade de ciência e de inteligência por parte do pastor no trato
ministerial.

Ciência é dom do Espírito Santo, 1 Coríntios 12.8. É o que nos habilita para a identificação e para o discernimento
das necessidades reais do rebanho, não apenas as aparentes. É percepção aguçada para reconhecermos os bodes
infiltrados e as bajuladoras lobelhas - uma aberração genéticoespiritual que tem corpo de ovelha, pele de ovelha,
cheiro de ovelha, balido de ovelha, mas que tem o coração e a índole de um crudelíssimo e sanguinário lobo
devorador. O dom da ciência é o que descortina aos olhos e à percepção do pastor os códigos do DNA da
espiritualidade de cada membro da igreja, da eclesiologia que praticamos e da denominação a qual nos filiamos,
motivando-nos a decisões que sempre hão de glorificar a Deus.

Inteligência é também capacitação espiritual, Tiago 1.5 e 3.17, para desenvolvermos as estratégias de ação para a
igreja, sem prescindirmos da Palavra de Deus que preceitua a diversificação cúltica e a multiplicidade de
abordagens evangelísticas.

Inteligência pastoral é também capacitação espiritual para se saber ouvir o silêncio, para se auscultar as ansiedades
dos corações, para se ouvir as palavras pronunciadas pelo olhar confuso ou difuso e para se diferençar o sabor das
lágrimas, identificando a reposta certa para a circunstância certa, no tempo certo de Deus e na medida certa.
Inteligência pastoral é ter de Deus certezas absolutas que respondam as dúvidas e as carências certas do rebanho.

Apascentar com ciência e com inteligência vai muito além da sofisticação cultural ou da formação teológica que
obtivemos. É ser porta-voz de Deus conclamando o homem sem Cristo para a salvação e é ser a viva voz de Deus,
para a igreja de Cristo Jesus, na exortação que visa a edificação do Corpo. Apascentar com ciência e com
inteligência é promulgar e proclamar a sabedoria de Deus, conforme verificamos em Malaquias 2.7.

A terceira e última diretriz funcional para um ministério eficaz é...

3. A conjugação equilibrada entre a Palavra de Deus e poder espiritual.

Doug Banister, no livro A Igreja da Palavra e do Poder, editora Vida, argumenta que é possível analisarmos a
história do cristianismo a partir de uma espécie de pendulo que oscila entre um extremo e outro, a Palavra ou o
poder. Raramente nos permitimos a um meio-termo, ao equilíbrio possível e necessário, para que sejamos Igreja
Viva.

Se esperamos eficácia de Deus no trato do ministério pastoral devemos renunciar a esse espírito excludente entre
poder e Palavra, buscando aplicar o espírito do também na ministração pastoral, ou seja, proclamamos a Palavra,
mas também carecemos do poder.

O pastor não deve orientar a igreja para que se faça opção entre a Palavra de Deus ou o poder espiritual, antes
deve instruir a igreja no estudo acurado da Bíblia Sagrada e também no exercício lúcido do poder espiritual que
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emana da Palavra. É tempo de construirmos a ponte que há de interligar os tradicionais que se postam de um lado,
assoberbados na defesa da pregação expositiva, da autoridade das Escrituras e dos mistérios do Reino vindouro, e
que acertadamente defendem o crescimento espiritual como um processo diuturno a ser desenvolvido nos
pequenos grupos erroneamente denominados como uniões, organizações ou departamentos de treinamento bíblico.

Devemos construir pontes que nos levem aos pentecostais, nossos irmãos que se destacam nas convicções de que
a oração é essencial, de que o Reino de Deus está aqui presente, em parte, de que Deus fala hoje, de que o culto é
participativo e de que os dons espirituais podem ser experimentados nas relações interpessoais, que estão do outro
lado.

Seremos pastores da Palavra e do poder, relevantes e eficazes sempre, não apenas se vivermos pela Palavra, mas
se tivermos disposição de morrermos pela Palavra. Morrermos em nosso doutrinismo rigorista, morrermos em nosso
denominacionalismo sectário, morrermos em nossa frouxidão ética e se morrermos em nossa apatia profética.

Seremos pastores da Palavra e do poder se nos dispusermos ao Senhor, como o fizeram os reformadores do século
XVI e os avivalistas do século XVIII, conjugando, no trato ministerial, a pregação expositiva com a profecia vívida, a
autoridade das Escrituras com a autoridade espiritual do pregador, os mistérios do reino vindouro com as
manifestações de cura, libertação e vivificação peculiares a este Reino também no presente. Seremos pastores da
Palavra e do poder se ensinarmos a igreja a conjugar o processo de santificação com a essencialidade da oração,
do clamor e da intercessão, se optarmos por uma expressão cúltica contextualizada e promotora de
relacionamentos duradouros entre mim e meu irmão, bem como entre mim, meu irmão e o nosso Deus. Seremos
pastores da Palavra e do poder quando ministrarmos em nossas igrejas um culto racional, operacionalizado como
decência e ordem, porém sem prescindirmos do sacrifício vivo e santo de nossos próprios corpos diante do Senhor,
Romanos 12.1 e 2.

Seremos pastores da Palavra e do poder quando nossas ovelhas perceberem em nós o profundo conhecimento
bíblico. Conhecimento que se conjuga com uma incandescente e contagiante unção espiritual que emana na
imposição de mãos para a oração, para a unção e para impetração da bênção que tanto carecem ao término do
aconselhamento bíblico ministrado.

Seremos pastores da Palavra e do poder quando formos apenas pastores segundo o coração de Deus e não mais
pastores condicionados as estruturas denominacionais e seus teologismos.

Conclusão:

Desejo concluir conclamando a todos os colegas pastores e pastoras a refletirmos sobre o nosso compromisso
diante do rebanho de Deus. No pastorado, devemos nortear o nosso ministério só e unicamente pelo coração de
Deus. Essa tarefa difícil e penosa em tempos de seqüestro da autoridade ministerial, visto que nós pastores nos
tornamos reféns do denominacionalismo totalitário, da cristianização sócio-cultural praticada pela igreja local ou, o
que é pior, nos tornamos reféns de diretorias financiadoras das regalias pastorais.

Não é este o ministério preceituado por Deus e não é este o tipo de pastores que o Senhor prometeu à igreja.
Devemos romper com todas e quaisquer iniciativas de nos colocarem antolhos e de nos acondicionarem
hermeticamente a um sistema eclesiástico. Devemos orar e clamar para que Deus promova o dia da alforria
pastoral, dia de libertação e do resgate da autoridade pastoral para a práxis ministerial na igreja local.

Devemos ser pastores segundo o coração de Deus, conscientes de nossa chamada e vocação ministerial, para que
tenhamos de Deus a unção espiritual que se expressa a partir da ciência e da inteligência que o Espírito Santo nos
outorga para o trato pastoral.

Devemos ser pastores da Palavra e do poder se desejamos conduzir o povo de Deus às pastagens da fé confiante,
do testemunho contundente e do cristianismo autêntico e autenticado pela Palavra de Deus e Seu Espírito, que é o
nosso guia na proclamação da Palavra viva, eficaz, cortante e penetrante, pois assim se expressa o coração de
Deus em suas relações com o universo criado pelo poder da Palavra.

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A eficácia do ministério pastoral, já disse, depende do fogo espiritual que arde no coração do pastor e que esquenta
o púlpito do qual profeticamente proclama. Esquentar o púlpito e torná-lo relevante, contundente e inesquecível
diante de Deus, que conhece as nossas obras, e diante do povo de Deus, que do púlpito exortado, se dispõe a
Deus para as boas obras.

Que Deus nos dê coragem e intrepidez para tanto.


Artigo:Fernando Fernandes

7 - A TAREFA PASTORAL NUMA IGREJA DE DONS E MINISTÉRIOS


“... um grande rebanho com seus problemas, dúvidas e conflitos... é um rebanho com uma grande
oportunidade missionária...’ (Bispo Adriel Souza Maia)
Evidentemente, são todas aquelas situações e oportunidades, que desafiam a Igreja ao cumprimento fiel
da sua vocação - ser Igreja ministerial. Para os bispos da Igreja Metodista:

“não há outro caminho para a Igreja Metodista, em nosso Brasil hoje, senão o de ser uma Igreja
Missionária, voltada para as necessidades do povo, como sinal do amor e poder de Deus. Para isso
devemos reconhecer que, como povo de Israel, nós temos negligenciado a real missão que Deus nos tem
dado.. queremos convocar o povo metodista ao arrependimento e quebrantamento, reconhecendo que
os resultados de nosso ministérios, embora em muitos momentos significativos, estão ainda distantes do
que Deus pode, e deseja fazer, em nosso meio. Nossa falta de visão missionária tem comprometido os
resultados, seja no nível local, regional ou nacional.”
O “programa’, ou projeto, ou ainda o desafio de uma Igreja centrada nos DONS e nos MINISTÉRIOS, visa:

• Cumprimento do sacerdócio universal de todos os crentes.


• Equipar/Dinamizar a Igreja par ser Igreja operosa/operante no seu meio.
• Crescimento, tanto quantitativo quanto qualitativo da Igreja.

Este crescimento total, “acontece em termos de uma espiritualidade, como viver segundo o Espírito, de
um novo estilo de vida e novo modo de ser Igreja, em dimensões maduras de relacionamentos criadores,
promoção humana, em respostas positivas aos desafios missionários e, sobretudo, em termos de comunhão e
unidade” (...) É assim que temos “... de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda
a junta, segunda a justa cooperação de cada parte (Efésios 4:16). O crescimento total é aquele que é alcançado
pelos laços da comunhão, do amor e da solidariedade cristã entre os irmãos... firmes num só espírito, uma só
alma, lutando juntos pela fé evangélica, respeitando e reconhecendo o valor dos ministérios diferentes do
nosso” (Bispo Adriel de Souza maia). A Igreja, como Igreja Ministerial precisa “preocupar-se com novas
frentes de atividades, novos ministérios, participação na vida comunitária, marcando a presença da Igreja em
novas áreas, em termos de testemunho e prestação de servi-lo.”

FIM DO CLERICALISMO E NOVO MODELO DE SER IGREJA

Não podemos negar que “ainda percebe-se forte tendência para o clericalismo, ou seja, o ministério
centrado na pessoa do/a pastor/a, onde este é o responsável por tudo o que ocorre na igreja local.
Agradecemos a Deus o que o clericalismo fez para a Igreja. Entretanto, ele não satisfaz mais. Não é possível
mais continuar falando em pastorado quando, na verdade, a missão ministerial está afetando toda a Igreja.
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O ministério total da Igreja e o sacerdócio de todos os crentes é o caminho para a dinâmica da Igreja hoje. O
modo bíblico de ser Igreja é MINISTERIAL. Pois, desde o dia de Pentecostes, quando foi inaugurada,
presidida pelo
Espírito Santo, sua dinâmica tem sido ministerial configurada nos dons e ministérios”
É assim que, a Igreja Ministerial é definida como povo de Deus, onde todos tomam parte na missão, e
todos os seus membros são dons de Deus dados à Igreja para a construção do Reino de Deus. Na Igreja
Ministerial, o/a pastor/a é, ao lado dos demais, também um dom de Deus. Ele/a desenvolve o ministério da
Coordenação da Unidade. Outrossim, ele/a está entre os demais dons, promovendo-os, ajudando e
despertando aqueles que estão enfraquecidos, animando e orientando os que encontram equivocados,
comprometendo a harmonia e unidade do corpo eclesial. Conclui-se, pois, que dons e ministérios na
comunidade, são dons e ministérios junto aos demais. Eles não podem existir separadamente. Não existe
independência, mas interdependência – todos cooperam numa verdadeira mutualidade.
Será que a dinâmica dos Dons e Ministérios esvaziou ou tem esvaziado a função pastoral? Evidentemente
não. “Aquela dinâmica abre espaços plenos e concretos,a fim de o/a pastor/a, como um dom entre os demais,
engrene-se (não encrenque-se) como pastor/a no ministério total da Igreja. A nova postura ministerial
esvaziou, sim o sistema clerical, onde o clérigo era o centro da comunidade e esta, em grande porcentagem,
dependia dele e não funcionava sem ele. O sistema clerical inibia os fiéis de desenvolverem, de um modo
mais ostensivo, a experiência de sua salvação, enquanto agora a dinâmica dos dons e ministérios favorece-a,
portanto, não há como fugir da realidade dos dons e ministérios como instrumentos da missão hoje.
A Igreja sempre foi carismática, isto é, santuário do Espírito Santo, que distribui graças e carismas.
Porém, sem fugir daquela dimensão carismática, a Igreja elegia seus membros para desempenhar cargos e
funções, imaginando uma dinâmica dos dons e ministérios, através de cargos, funções e ofícios o que, na
verdade, só muito raramente, poderá acontecer. A Igreja Ministerial dinamizada pelos dons e ministérios
proporciona a todos os seus membros uma participação espontânea, através das graças recebidas do Espírito
Santo. Esta participação espontânea dos fiéis está de acordo com sua salvação e sai aceitação de Jesus Cristo..
o fiel é salvo para salvar o outro...

IGREJA MINISTERIAL E CULTO

A Igreja Ministerial expressa-se em termos de dons e carismas, e por isso mesmo, seu culto não deverá
ser centrado no/a pastor/a, pessoas ou grupos, devendo, entretanto, expressar-se na variedade daqueles. Em
culto criativo e participativo, o povo torna-se sujeito. Assim, neste culto, o povo canta, louva e adora a Deus,
lê a bíblia, comenta-a, opina, sentindo-se desafiado para o serviço.
Finalmente, o/a pastor/a deve “conscientizar-se de que a Igreja está sempre em formação e nela coisa
alguma está completamente pronta: a co-responsabilidade deverá ser real e o/a pastor/a é um orientador,
coordenador, desenvolvendo o Ministério da Unidade; a multiplicação dos ministérios deverá ser uma
operação à vista das necessidades reais e, às vezes poderá ser possível desenvolver ministérios exploratórios,
organizar atividades em equipes;fazer a Igreja funcionar e m forma de comunidade, onde todos são
importante s e todos fazem falta; desenvolver na comunidade um clima terapêutico, em lugar de eliminar os
fiéis aplicar a terapia do amor, do apoio, da cooperação e aceitação e, sobretudo a terapia da restauração;
nesta comunidade todos devem encontrar condições de nutrição, não só para promoção total, mas também
para ir ao encontro do outro; organizar pequenos grupos de atividades eclesiais, onde se tem mais
possibilidade de Discipular as pessoas, apoiando-as, treinado-as e educando-as de um modo mais eficiente.

Fonte: Carta Pastoral às Igrejas Metodista da Quarta Região Eclesiástica sobre o Crescimento da Igreja, autor: Bispo Adriel de
Souza Maia, agosto de 1992.

VIII. OS DESAFIOS DO MINISTÉRIO PASTORAL NA IGREJA


LOCAL Atos 2:43
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Introdução:

Falar sobre desafios que envolvem o nosso ministério e a igreja local não é algo muito fácil, mas contamos
com a graça de Deus.
Quando olhamos para a igreja primitiva percebemos que de tempos em tempos acontecia algo que deixava
as pessoas impressionadas. E isso me desafia.
O que acontece em nosso ministério, igreja local que pastoreamos que podem deixar as pessoas
impressionadas pelo que Deus está fazendo.
Todos nós recebemos o dom de liderança. Romanos 12:8. Por isso estamos aqui. E porque recebemos esse
dom precisamos desenvolvê-lo com diligência porque ele produz impacto sobre a igreja que pastoreamos.
Como deveria ser a trajetória de pastores/as sábios/as eficazes, altamente capacitados e conscientes? E sob
quais circunstancias a produtividade, a influência de alguém pode cair?
Observando líderes bíblicos.
Salomão conduziu Israel ao ponto mais alto de seu poder e glória em toda a história, que sucedeu Davi seu
pai, cuja eficiência e influência como líder era impressionante.
Todos pensavam porque era culto, hábil, orou por sabedoria, Salomão permaneceria no topo para sempre.
No entanto, no final de sua vida Salomão ficou maluco devido a seus muitos casamentos, seu coração que
havia sido totalmente dedicado a Deus, inclinou-se a outros deuses. Deus retirou a unção da vida de Salomão
e houve uma queda no impacto de sua liderança. Há um tipo misterioso de poder que flui da mão de Deus
sobre os ombros de um homem ou uma mulher que caminha fielmente com Deus e que preserva
cuidadosamente a sua influência através dos anos.
Diante dessa afirmação.
Como deve ser a nossa trajetória como pastor/a?
Uma vez que recebemos o dom que fomos vocacionados/as se levarmos a sério nossa habilidade de liderança,
se praticarmos a auto-liderança, se permanecermos entregues a Deus. É possível termos uma trajetória
sempre ascendente, fazermos com que o último dia da nossa vida seja ainda mais eficiente para Deus em
termos de liderança, influente.
Isso é possível?
Eu quero apontar sinais em nossa caminhada que podem nos conduzir a isso. Características que podem nos
ajudar a responder os desafios que vivenciamos dia a dia na igreja local.

01) Paixão

1.1 – Eu tenho dez anos no ministério pastoral. Estou consciente que não possuo uma vasta experiência, mas
vou compartilhar a partir da que tenho. O que eu tinha quando comecei a pastorear? Enfrentar a rotina da
igreja local?
Eu vou contar o que eu tinha a oferecer.
Eu tinha apenas um coração totalmente dedicado a Deus de verdade.
Eu sabia no meu íntimo que Deus poderia fazer qualquer coisa, transformar qualquer vida, responder
qualquer oração, mover qualquer montanha. Fazer qualquer coisa. Utopia? Ingenuidade? Fé?
Eu tinha 24 anos. O importante para mim não era o dinheiro, status, mas Deus, a obra de Deus. Eu estava
disposta a pagar qualquer preço para que o reino de Deus fosse implantado com sucesso em Campo Grande.
Testemunho pessoal.
Eu estava convicta que amava a Deus e queria fazer diferença com minha vida.
Quando estamos iniciando o nosso ministério na igreja local tudo o que temos é um coração que bate forte
por Deus.

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Como o rei Davi quando iniciou suas conquistas. Tudo o que tínhamos
era paixão.

1.2 – Davi como modelo.

O rei Davi chega ao acampamento do exército israelita para levar lanche para os irmãos que estavam em
batalha. Vê um gigante afrontando o Deus que ele ama. Como ele reage? Apanha uma funda e corre em
direção a ele (1 Sm: 17. 40-41). Paixão pura. Nenhum raciocínio, só paixão.
Em outra ocasião no início da liderança de Davi quando seus homens ficam comprometidos com ele por
causa da sua paixão por Deus, certa noite, Davi menciona que está com sede. Alguns de seus homens que
estão comprometidos com o jovem líder, apaixonado que estão o seguindo cruzam linhas inimigas, apanham
água e trazem a Davi e dizem: __Ei Davi, soubemos que está com sede, trouxemos isso a você. Onde pegaram
isso? Perguntou
Davi....2 Sm.23:15-17
O gesto deles comunica que eles amam seguir a Davi. O que Davi faz?
Ele pega a água e derrama ao chão e diz:
__Deus é tão grande que poupou a vida de vocês. Deus é tão grande, Ele há de nos ajudar em nossa causa.
Ele nos dará água de algum modo, mas esta merece ser derramada em honra a Deus que estamos consagrando
nossas vidas. E a lealdade a Davi só fez aumentar devido sua atitude.

1.3 – Em outro momento Davi chega dançando devido a uma grande conquista: o retorno da arca a Jerusalém.
2 Sm. 6:14. Davi começa a dançar, se envolve na dança. Seu manto fico pelo caminho e sua esposa expressa
uma forte rejeição a Davi. Davi não tem problema com isso.
Davi estava dizendo: __“Eu tenho um sentimento incontrolável quando penso no grande Deus que eu amo e
sirvo. Eu danço, pulo...” Sabe, isso é paixão.
Se você está iniciando seu ministério há uma razão para que tenha fortes sentimentos para com Deus brotando
dentro de você. De tempos em tempos. Você vai sentir desejo de mudar o mundo, ajudar pessoas, alimentar
os famintos, vestir os nus. Conduzir pessoas a Deus. Sabe, quando você tiver esses sentimentos não os ignore,
não diga a si mesmo, “preciso ser maduro, responsável, andar no caminho seguro.”
Quando esses sentimentos brotam em nós eu acredito, é Deus tocando em nós. Eu fico imaginando Deus
dizendo: “Olhe, estou procurando em todo o planeta Terra homens, mulheres dispostos a fazer tudo para o
reino que coloque as sutilezas de lado, que todos dizem ser tão importante e entrem na aventura de pastoreio
em excelência”.
Eu penso que se seguirmos essas condições de Deus em nosso coração e se formos com esse sentimento forte
e cheios de zelo, fazer algo grande em nossas vidas. Creio que Deus honrará nossos sentimentos e nos ajudará
amadurecer, nos dará ousadia para estabelecer o curso do quão distante e alto Deus irá nos levar um dia.
Deus sabe se somos inconseqüentes ou apaixonados
Wesley: John Wesley tinha uma grande paixão: Espalhar a santidade bíblica sobre a terra.
Quando brotou no seu coração sair e pregar nas ruas da Inglaterra, (ao ar livre), ele saiu e foi criticado. Daí
veio a frase “O mundo (lá fora) é a minha paróquia”. Ele não se importou com as críticas mas fez o que tinha
paixão: “Nada a fazer a não ser salvar almas.” Isso só com paixão. O resultado de sua paixão todo o mundo
conhece.

Mas você se lembra do versículo: “ Nem só de pão viverá o homem.” Um/a pastor/a não
pode viver só de paixão.
Se quisermos responder bem os desafios da igreja local precisamos também caminhar em outro nível.

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02) Planejamento

2.1 – A igreja pode absorver o coração e o entusiasmo, de discursos inflamados, mas no final, ela vai querer
saber se há um plano a ser desenvolvido, se há uma estratégia por trás do entusiasmo, se estamos indo a um
lugar específico!
Se iremos construir algo que permaneça. “Eu sou apenas parte de uma engrenagem que você está tentando
construir para o seu sucesso? Ou sou uma família?”
“Porque se tudo que você vai fazer é me usar para cumprir sua missão inflamada, não estou disponível.”
Se você tem em mente relacionamentos, se iremos honrar a Deus juntos, se o plano que está em curso eu sou
parte dele, porque você me ama, então conte comigo. Serei leal como os homens de Davi.
Se você ama a Deus de todo o seu coração e me ama também, então chegaremos em algum lugar juntos. Se
você deseja vencer os desafios da igreja local, as pessoas precisam ser realmente amadas por você e saber
disso.
Se você deseja responder bem os desafios da igreja local. Você precisa acrescentar algo a um coração
inflamado. O que acrescentar?

2.2. Qualidades: Que qualidades são essas?

Qualidades Espirituais
Qualidades Morais

2.3. Qualidades Espirituais

Procurar ser irrepreensível

Nunca ser auto-suficiente na vida devocional.


Em que tenho sido irrepreensível e servido de modelo?

Em que tenho sido exemplo negativo e preciso de ajuste de Deus?

2.4. Qualidades Morais.

A vida moral de um líder é como seus próprios olhos.


Um líder desmoralizado dificilmente prospera.

Liderança sem moralidade é ilusão.


Para ser um líder espiritual é preciso ter uma vida limpa.
Uma vida irregular será condenada pelos liderados, ou por Deus.
Satanás vai tentar derrubar você por dinheiro, sexo ou poder.

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"Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação
é apenas o que os outros pensam que você é". John Wood

2.5. Visão

• Visão é enxergar o futuro


Se o que sempre fazemos é bom o suficiente para nosso futuro, não temos visão, temos memórias que
estamos tentando reviver. A bíblia ilumina o nosso futuro de modo que possamos vê-lo mais claramente
a fim de projetá-lo na mente da nova geração. Nosso dever é tirar vantagens das oportunidades diante de
nós.

• A visão é centrada no propósito


Propósito é a razão por que existimos ao passo que visão é uma afirmação ampla de como planejamos
desempenhar nosso propósito e de como o executamos pelos próximos três ou cinco anos. O propósito
nunca muda, mas a visão o pode até a cada ano, porque necessidades e oportunidades mudam com a
mesma rapidez.

• A visão é impulsionada pela necessidade


A visão começa com necessidades e busca realização.
A visão vê necessidades como oportunidades e reage de acordo. Além do mais, visão descreve o que
faremos para suprir essas necessidades mostrando como planejamentos servir aos necessitados. Além de
ter um propósito geral, podemos ter uma visão para cada dimensão de nosso ministério.

• A visão capacita os seguidores


A visão capacita os seguidores, pois manifesta seus dons e motiva seu serviço, mostrando-lhes o que
podem realizar para fazer diferença para o Senhor.

• A visão fornece foco e direção para o ministério


Com visão, a igreja sai da esteira para a estrada de glorificação a Deus, além de causar impacto sobre
outros. As pessoas agora sabem por que estão executando suas tarefas. Elas também têm algo para
almejar, que é maior do que tudo, maior do que aquilo que são ou daquilo que sequer pensaram que
poderiam fazer.

• A visão motiva as pessoas a confiar em Deus


A visão motiva os seguidores porque há algo para fazerem, uma exigência com a qual podem se
comprometer. Ela libera a energia de muitos dons espirituais, que podem eclodir repentinamente na
situação quando os seguidores enxergam a visão pelo que é e percebem que os líderes realmente
pretendem realiza-la. Pessoas que foram reprimidas por falta de oportunidade abandonam a passividade
para se envolver de tal modo que jamais poderiam ter sonhado.

• A visão unifica
Pessoas se juntam em um compromisso unificador com a visão. A princípio pode haver divisão e até
resistência, mas quando descobrirem que você fala sério e pretende realizar seus objetivos do modo que
expôs. Se você comunicar a visão corretamente, atrairá novas pessoas e despertará os membros fiéis para
as oportunidades maravilhosas e desafiadoras que a visão apresenta.

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• A visão mede o progresso


Uma visão o capacita a ter uma idéia melhor de como está se saindo, permitindo que avalie se está na
esteira da futilidade ou na estrada para a frutificação. Por ter visão, você forneceu uma medida de
objetividade e responsabilidade que capacita todos a entenderem para onde estão indo.

• A visão ajuda a tomar decisões


Quando a visão se alinha com o propósito e os valores, fica muito mais fácil encontrar para a igreja quais
tipos de ministério ela terá, como aplicará seu dinheiro e como envolverá as pessoas da congregação no
serviço. Tais decisões são difíceis quando os ministérios preferidos estão em jogo, mas isso torna a visão
muito mais essencial. Toda visão sem ação não passa de sonho. Toda ação sem visão é utopia. Mas, uma
visão de Deus, com ação, pode mudar o mundo. ” Geoge Barna

2.6. Planejamento
• Planejamento não é produzir calendário de atividades, mas é ir além, apontar propósitos, visão,
metas. Sem perder o entusiasmo.
Não perca o coração inflamado.
Nós precisamos manter o coração aquecido, mas há algo a mais que temos que acrescentar para responder os
desafios da igreja local:

03) Habilidade

3.1 – Precisamos acrescentar a habilidade. A nossa igreja conta com isso.


Além de pregar, de declarar nosso amor pela igreja temos que ter uma visão clara.
Pintar um quadro do futuro que inspire as pessoas.
Você tem que dar uma visão às pessoas que está liderando.
Você tem que identificar valores, destacá-los e reforça-los, tem de ter uma estratégia de crescimento e
estabelecer alvos.
Você precisa se esforçar, adquirir habilidades que manterão a sua trajetória de influência. Aqueles que são
eficazes nisso possuem cinco características:

• Visionário: A habilidade de criar um retrato do projeto que inspira trabalhar.


• Comunicativo: A habilidade de descrever a visão claramente de modo que receba apoio dos outros
• Persistente: A habilidade de permanecer na rota, apesar dos obstáculos enfrentados
• Fortalecedor: A habilidade de criar estrutura que utilize as energias dos outros para alcançar os
objetivos desejados
• Organizador: Habilidade de monitorar as atividades do grupo, aprender com os erros e usar
conhecimento resultante para aprimorar o desempenho do projeto.

3.2 – Como desenvolver habilidade de liderança?

1º - Leia tudo que chegar em suas mãos sobre liderança.


Não ignore o poder dos livros.
2º - Participe de treinamentos, conferências, etc.
3º - Ande com líderes que sejam melhores do que você. E lhes façam perguntas. 4º - Continue
liderando.

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Portanto, se você está disposto a manter o coração incendiado por Deus e acrescentar planejamento e
habilidade, você ganhará, a igreja local ganhará, o céu ganhará, a Igreja Metodista ganhará.
E quando isso acontecer você vai experimentar outra fase.

04) Desenvolver liderança

4.1 – É necessário um líder para fazer outro líder.


Como fazer isso? Bill Hybels chama o processo 3 cês.
É estabelecer critérios claros para a seleção de membros específicos da liderança.
Caráter.
Competência. Combinação.

Primeiro, o caráter: Preciso saber se são pessoas comprometidas com questões espirituais. Preciso ver
evidência de honestidade, receptividade doutrinária, humildade, confiabilidade, uma saudável ética de
trabalho e disposição de ser solícito.

Segundo, competência: Peço para Deus me ajudar a encontrar alguém, cujos dons espirituais tenham sido
desenvolvidos e refinados ao longo dos anos. Se estamos procurando por alguém para juntar-se à nossa
liderança de ensino, peço a Deus para nos ajudar a encontrar uma pessoa com acentuados talentos,
certamente alguém mais talentoso para o ensino do que eu.
Se você achar alguém que possua boas qualificações, mas esteja insatisfeito ou desempregado, tenha muito
cuidado. O tipo de pessoa que você procura, está provavelmente contribuindo enormemente e estabelecendo
recordes em algum lugar. Estão provavelmente delirantes de felicidade e são muito amados pelas pessoas
com quem trabalham. Vá atrás desse tipo de pessoa. Busque pela competência comprovada.
I Timóteo 3:10, que todo o novo diácono deve ser “primeiramente experimentado.” Então, primeiro procure
um excelente caráter, e então vá atrás do que há de melhor em matéria de competência.

O terceiro, combinação. Um relacionamento apropriado tanto comigo como com os outros membros da
liderança. Não queira aventurar ter pessoas que não comunguem com você na sua equipe. Você gastara
muita energia para contornar o desconforto que essa pessoa criara junto ao grupo.
Logo se você lidera uma igreja com quatro anos de existência e ainda não possui uma equipe dos sonhos do
Reino de Deus, não se desespere. “Continue no rumo”, seria o meu conselho, “mas mantenha os padrões de
seleção elevados.”

Wesley: Wesley tinha muita prudência em escolher seus líderes (Pregadores leigos e Líderes de Sociedades).
É conhecida a obrigatoriedade do Pregador leigo estudar seis horas por dia Bíblia e teologia. Da mesma
forma que escolhia criteriosamente seus líderes, também dispensava os que não tinham caráter ou
competência ou descumpriam suas ordens ou pregavam outra teologia que não wesleyana
(incompatibilidade). Não tenha medo de ser criterioso. Você só ganhará.

Conclusão:

Eu creio, se dedicarmos nossa vida humildemente, se permanecermos fiéis a Deus, se rendermos por completo a ele.
Eu penso que a intenção do céu é que nós pastores/as tenhamos o máximo de influência.
Podemos ficar confusos sob a importância da liderança.
Deus nunca se confunde, Deus entende aquilo que está em jogo, se um/a pastor/a estiver pastoreando com o seu
potencial máximo.
Eu imagino que o coração de Deus fica ferido quando vê um/a pastor/a atuando abaixo do seu potencial.
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Porque o reino de Deus sabe, o céu sabe como poderia ter sido. Quem poderia ser impactado, quem poderia ter sido
servido, se você tivesse pastoreando num patamar mais elevado.
Esse desafio tem inundado minha vida.
Eu quero consagrar a Deus um pastoreio que honra a Deus pelo tempo que eu viver. Sabe por que Deus
nos trouxe aqui?
A igreja local importa.
Eu te faço um pedido: me ajude a ser uma pastora melhor.
Creio que Deus te recompensará por isso e creio que Ele nos fará crescer.
Para respondermos os desafios pastorais na igreja local: Precisamos de:
Paixão, planejamento, habilidade, desenvolver liderança.
ROSANGELA DONATO

Bibliografia:

Covey, Stephen P. – O 8’ hábito, ed. Campus


Heitzenrater, Richard P. – Wesley e o povo chamado metodista, ed. Editeo/Bennett
Hybels, Bill - Liderança corajosa, ed. Vida
Hunter, James C O Monge e o excutivo, ed. Sextante
Lawrence, Bill - Autoridade pastoral, ed. Vida

IX A relevância e a Eficiência da Figura Pastoral

“Talvez nossas fragmentadas experiências de vida combinadas com


nosso senso de urgência
não permitam um ‘manual para ministros’.
Entretanto, em meio a toda a fragmentação, uma imagem
lentamente surgiu como o foco de todas as considerações:
a imagem do ministro ferido, do sofredor que é
capaz de curar.” Henri J. M. Nouwen

É muito comum que pastores e pastoras em circunstâncias diversas se perguntem pela relevância de seu papel e
pela eficiência de suas propostas de trabalhos na atual conjuntura pastoraleclesiológica. Por mais que haja situações
que o/a ministro/a seja, aos olhos de uma comunidade, pouco relevante, é ele/a a figura de articulação. Reconhecer
a importância substancial no pastoreio é tarefa primeiro da própria figura pastoral e, conseqüentemente, da
comunidade de fé. Henri Nouwen argumenta que “o[a] ministro[a] é chamado[a] a reconhecer os sofrimentos de seu
tempo em seu próprio coração e a fazer desse reconhecimento o ponto de partida de seu serviço. Quer ele[a] tente
penetrar num mundo deslocado, quer tente relacionar-se com uma geração convulsiva ou falar com um homem à
morte, seu serviço não será considerado autêntico a menos que tenha origem em um coração ferido pelo mesmo
sofrimento sobre o qual ele fala” [1].

A vocação é em suma o referencial para o exercício das funções inerentes ao ministério pastoral.
Porém, a vocação deve ser entendida na amplitude da Igreja, não restrita a seus líderes somente [2]. A Igreja
Metodista concebe o ministério pastoral “como um ministério especial, chamado e preparado para zelar pela pura
pregação da Palavra, ministrar corretamente os sacramentos, zelar pelas marcas essenciais da Igreja e ainda cuidar
da comunidade missionária como um todo, tudo isso como um mandato da Igreja” [3]. Mas a tarefa pastoral excede a
tudo isso: somos orientadores/as espirituais... Neste sentido, nossa fala precisa ser mais atualizada no sentido de ser
mais próxima da nossa gente, e nossa ação, igualmente, mais próxima das massas despossuídas e marginalizadas.
Também é necessário “notar o pequeno, persistir no comum, apreciar o obscuro” [4]. Não há outro sentido de ser
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dotado de um carisma especial na atual conjuntura de nossa sociedade, caso estejamos interessados em rever a
relevância e eficiência da figura pastoral para a promoção de uma Igreja mais viva, salutar e eficaz neste século,
considerando também as funções que são inerentes à Igreja de Cristo.

É evidente que integramos um mesmo corpo, o Corpo Vivo de Cristo, como clérigos/as e leigos/as [5], e que somos
membros uns dos outros na unidade desse Corpo. Mas, infelizmente constatamos atitudes que desqualificam a figura
pastoral, mesmo sabendo que somos membros um dos outros. Eugene Peterson, em “O pastor contemplativo”, definiu
a figura pastoral como substantivo indefeso. Na sua narrativa, Peterson lembra:

“Pastor” costumava ser esse tipo de substantivo – cheio de energia e virilidade. Sempre gostei
do som dessa palavra. Desde criança, essa palavra me fazia pensar em alguém que amava a
Deus e tinha compaixão das pessoas. Embora os pastores que conheci não personificassem
essas características, a palavra continuava mantendo sua força apesar dos modelos. Ainda
hoje, quando me perguntam como quero ser chamado, respondo sempre: “Pastor” [6].

Mas quem disse que o pastor ou a pastora não tem o direito de se redefinir em conceito e em comportamento? Será
que a mera personificação de características não precipita de repente um certo oportunismo? Uma avaliação honesta
apontará que o/a pastor/a é em sua essência uma pessoa comum como as demais, não desqualificando que ele/a
seja uma pessoa revestida por Deus para exercer o ministério pastoral. Certamente, se eu for perguntado: O que você
é? Ou como quer ser chamado? Responderei como Peterson, “pastor”. No entanto, descordarei de reafirmar-me como
um substantivo equivalente ao que é cheio de energia e virilidade; optaria pelo substantivo

indefeso... Regozijo-me com a imagem do ministro ferido, do sofredor que é capaz de curar [7]. Lembro-me ainda do
apóstolo São Paulo, ele também se regozijava nisso, nos sofrimentos, nas fraquezas, naquilo que convencionamos
chamar de “marcas da cruz de Cristo” (Cf. 1 Co 4.9-13; 2 Co 11.16-30). Gercymar Wellington Lima e Silva

[1] NOUWEN, Henri J. M. O sofrimento que cura: por meio de nossas próprias feridas podemos nos tornar fonte de
vida para o outro. São Paulo: Paulinas, 2001. p. 14.
[2] LAZIER, Josué Adam. O carisma do ministério pastoral. São Paulo: Editeo, 2003. p. 17-20.
[3] IGREJA METODISTA. Plano Nacional – objetivos e metas. São Paulo: Cedro, 2001. p. 21.
[4] PETERSON, Eugene. Um pastor segundo o coração de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2000. p. 137.
[5] Certamente essa definição de leigo/a requer revisão no nosso vocabulário eclesiológico vigente, pois os
membros de nossas igrejas locais não desconhecem totalmente, pelo menos não em termos de serem
ignorantes quanto ao sentido da fé e mesmo da teologia ou da função da Igreja. [6] PETERSON, EUgene. O
pastor contemplativo. Rio de Janeiro: Textus/Sepal, 2004. p. 25. [7] NOUWEN, Henri J. M. O sofrimento que
cura: por meio de nossas próprias feridas podemos nos tornar fonte de vida para o outro. São Paulo: Paulinas,
2001. p. 14.

Publicado com autorização.

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CONADEOM – CONVENÇÃO DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS E OBRAS MISSIONÁRIAS.
PRESIDENTE GERAL E REITOR: AP. DR. MILTON MACHADO RABAYOLI.

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