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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ARQUITECTURA E PLANEAMENTO FÍSICO

Gestão de áreas urbanas de proteção ambiental


Alternativas para a redução de risco de desastres hidrometeorológicos

Trabalho de Monografia

CANDIDATA:
Lineia Marina Fernandes Caldeira

Maputo, 2013
Lineia Marina Fernandes Caldeira

Gestão de áreas urbanas de proteção ambiental

Alternativas para a redução de risco de desastres hidrometeorológicos

TUTOR:
Prof. Carlos Trindade (Arq.)

Maputo, 2013
Agradecimentos

Agradeço aos meus pais por fomentar em mim a coragem para seguir o meu próprio caminho e
apoiar-me em todas as decisões que tomei.

Ao meu irmão pelo encorajamento que esteve sempre pronto a dar.

Á minha família e amigos pela compreensão e infindável paciência.

Aos meus colegas pelo companheirismo

E agradeço também aos meus professores e a todos que de boa vontade contribuíram para o
meu trabalho

LICENCIATURA • 2013 i / iv
Sumário executivo

A rápida urbanização nos países africanos face à crescente ou consistente tendência para a
ocorrência de desastres naturais preconiza o início de uma multidisciplinaridade na área de gestão
de desastres naturais. É reconhecida a necessidade de criar resiliência nos países em
desenvolvimento, principalmente nas áreas urbanas que se expandem sem acção do
planeamento físico e tornam a população cada vez mais vulnerável. Neste cenário, a experiência
de outras disciplinas é importante para a tomada de decisões, que podem ter um grande impacto
na vida das comunidades.

Das disciplinas que têm potencial para complementar a gestão de desastres naturais na
realização dos seus objectivos, destacam-se a adaptação a mudanças climáticas e a conservação
ambiental. A primeira, por ter uma visão a longo prazo de como o ambiente afecta o Homem e
vice-versa, que está em falta na gestão de desastres naturais, e a segunda, pela estreita relação
que existe entre a ocorrência de desastres naturais e a destruição do ambiente natural.

Há ainda muita incerteza quanto aos reais impactos das mudanças climáticas; contudo, é
consensual o cenário de agravamento de eventos hidrometeorológicos como tempestades,
chuvas intensas e períodos prolongados de seca. Adicionalmente, estudos sobre o ambiente
natural indicam que, dentro do importante papel que este desempenha na manutenção da vida
humana, ser uma barreira para o impacto de eventos hidrometeorológicos periódicos e em
pequena escala é um dos serviços ambientais de que fazemos proveito cada vez menos.

A transformação destes conhecimentos num desenho coerente e que crie resiliência e auto
suficiência, cabe idealmente a arquitectos e planeadores físicos com o subsídio de especialistas
diversos, não só através de adequada expansão urbana e aplicação de regras de construção, pois
a recuperação vai para além da necessidade de um abrigo, mas também através da visão de um
futuro que promova um modo de vida saudável e sustentável.

´´A tecnologia existe, o maior desafio é mudar a mentalidade das pessoas``


David Green (arquitecto)

Termos chave

Áreas urbanas de protecção ambiental; Gestão de desastres naturais; Adaptação a


mudanças climáticas; Conservação ambiental.

LICENCIATURA • 2013 ii / iv
Índice
1. Introdução ...................................................................................................................................1
1.1. Objectivos .............................................................................................................................2
1.2. Metodologia...........................................................................................................................2
1.3. Principais conceitos ..............................................................................................................2
1.4. Questões de pesquisa ..........................................................................................................3
1.5. Estado da arte .......................................................................................................................3
2. Argumentos para os investimentos em medidas de preservação ambiental para a mitigação
de desastres ......................................................................................................................................5
2.1. Problemas criados pela ausência de medidas de preservação ambiental ...........................5
2.2. Gestão de áreas de protecção como medidas estruturais não tradicionais .........................6
3. Bases para a gestão de áreas urbanas de proteção ambiental .................................................6
3.1. Abordagem legal ...................................................................................................................6
3.2. Pressupostos para a implementação de um sistema de protecção......................................8
4. Exemplos de gestão de desastres naturais e adaptação a mudanças climáticas através da
preservação ambiental no meio urbano ............................................................................................9
4.1. Os corredores verdes da cidade de Bogotá ............................................................................9
4.2. Introdução de medidas de adaptação a mudanças climáticas relacionadas com a erosão na
cidade de Xai-Xai, Moçambique ......................................................................................................11
5. Erosão hídrica: Intervenientes na criação de áreas urbanas de protecção ambiental para a
redução de risco e desenvolvimento sustentável ............................................................................11
5.1. Contributos da gestão de desastres naturais: ciclo de projecto de redução de risco de
desastres e avaliação de risco .....................................................................................................12
5.2. Contributos da adaptação a mudanças climáticas: No regrets solutions............................13
5.3. Contributos da conservação ambiental: serviços ambientais dos corredores ecológicos e
water sensitive urban design ........................................................................................................13
5.4. Boas práticas na gestão de áreas urbanas de protecção ambiental para a redução de risco
de desastres. ................................................................................................................................15
6. Desenho e gestão de áreas urbanas de protecção ambiental no bairro do Triângulo .............16
7. Conclusões ...............................................................................................................................19
8. Referências Bibliográficas ........................................................................................................20
APÊNDICE – A ..................................................................................................................................1
PLANO DE MANEIO DO PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA -
DOCUMENTO COMPLETO ..............................................................................................................1

LICENCIATURA • 2013 iii / iv


Índice de Figuras

Figura 1 Plano de rede de corredores ecológicos na cidade de Bogotá.........................................10


Figura 2 Ilustração de projecto de miradouro nas colinas orientais................................................10
Figura 3 Fabrico de blocos para contenção de terra.......................................................................11
Figura 4 Muro de contenção de terra com vettiverd construído.......................................................11
Figura 5 Formação de ravina conectada a uma bacia hidrográfica e a terreno declivoso..............11
Figura 6 Ilustração de deslizamento rotacional...............................................................................11
Figura 7 Ciclo de um projecto de redução de risco de desastre.....................................................12
Figura 8 Processo de erosão e alternativas para mitigação...........................................................14
Figura 9 Ilustração de diferentes tipos de corredores ecológicos no meio urbano.........................14
Figura 10 Ciclo da água num sistema natural; numa área urbana com má gestão de água pluvial;
numa área urbana com um boa gestão de água pluvial.................................................................14

Índice de Tabelas

Tabela 1 Intervenientes no ciclo de um projecto de redução de risco de desastres .......................16  

Índice de Mapas

Mapa 1 Zoneamento do Parque Ecológico do Triângulo.................................................................18

LICENCIATURA • 2013 iv / iv
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
1. Introdução
No âmbito do trabalho de licenciatura da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da
Universidade Eduardo Mondlane, foram desenvolvidos estudos no Município de Nacala, província
de Nampula, com o objectivo de gerar conhecimento sobre os desafios para o desenvolvimento
sustentável da cidade de forma a melhor acolher actividades da Zona Económica Especial (ZEE).
O presente documento refere-se ao estudo da gestão de áreas urbanas de protecção ambiental,
dentro do tema de gestão de desastres naturais.

A gestão de desastres naturais foi identificada a nível mundial como uma prioridade, face aos
efeitos devastadores que estas catástrofes têm causado nos últimos anos. O número de desastres
reportados na África Subsaariana aumentou significativamente nas últimas 4 décadas, sendo o
perfil africano de desastres caracterizado por eventos hidrometeorológicos extremos1. Estudos
feitos no âmbito da adaptação a mudanças climáticas indicam que estes eventos provavelmente
aumentarão em frequência e magnitude nos próximos 50 anos, principalmente causado pela
perda de ecossistemas naturais devido à crescente urbanização2. É de notar que este perfil está
estreitamente ligado à vulnerabilidade da população, principalmente no meio urbano, à economia
e à fraca capacidade dos países em desenvolvimento de superar a incidência de eventos
extremos.

Após os efeitos das cheias de 2000, Moçambique foi identificado como um dos países africanos
mais vulneráveis a desastres naturais e adoptou a Plataforma de Acção de Hyogo (HFA). Esta
tem como objectivo “criar resiliência das nações e comunidades aos desastres naturais através do
alcance, por volta de 2015, da redução substancial das perdas causadas pelos desastres”3.
Como órgão nacional de coordenação das acções de gestão de desastres naturais, foi criado o
INGC (Instituto Nacional de Gestão de Calamidades), com o apoio de instituições internacionais
como o Banco Mundial. Apesar de terem sido verificados avanços desde 2005 nas áreas de
resposta aos desastres que mais afectam o país, nomeadamente, cheias, ciclones e secas, ainda
pouco foi feito para a redução dos factores subjacentes de risco, dentro da área de prevenção e
mitigação, que é um dos objetivos do HFA.

O tema em estudo foi escolhido com vista a propor um método de desenho e gestão de áreas
urbanas de proteção ambiental que incorpore as áreas de estudo, de gestão de desastres
naturais, adaptação a mudanças climáticas e conservação ambiental como apoio ao ordenamento
do território urbano. Embora este seja um processo complexo e com diversos actores, o
estabelecimento de um sistema a partir do qual existe a cooperação destas áreas para o objectivo
comum de desenvolvimento urbano sustentável é vital para se atingirem os objectivos de redução
da pobreza definidos pelo país.

Actualmente, no município de Nacala e em outros municípios do país, a falta de ações de


ordenamento do território, a fraca abrangência de infraestruturas e equipamentos e a crescente
tendência de aumento populacional nos centro urbanos contribuem para que áreas impróprias
para habitação sejam ocupadas, pondo em risco a população com pouca capacidade de prevenir
desastres.

No município de Nacala, este cenário materializa-se na forma dos graves problemas de erosão
hídrica do solo, que se coloca como uma ameaça ao desenvolvimento da cidade. Considerando o
investimento que já foi e ainda será feito como parte da Zona Económica Especial, é necessário
1
Report on the status of Disaster Risk Reduction in Sub-Saharan Africa
2
52 % da população mundial é urbana. Em http://data.worldbank.org
3
Relatório Nacional de Progresso da Implementação da Plataforma de Acção de Hyogo (HFA), Moçambique

LICENCIATURA • 2013 1 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
que agora se encontrem alternativas que reduzam a vulnerabilidade dos assentamentos humanos
e infraestruturas, trazendo ao mesmo tempo novas fontes de rendimento, qualidade ambiental e,
sobretudo, aumentando a resiliência da cidade a desastres naturais.

1.1. Objectivos
Geral:
Criar bases teóricas para a gestão de áreas urbanas de proteção ambiental como medida de
redução de risco de desastres no município de Nacala, propulsionando um desenvolvimento
sustentável como elemento chave para a redução da pobreza.

Específicos:
1. Identificar os argumentos para os investimentos em medidas de preservação ambiental
para a mitigação de desastres.
2. Analisar as bases para a gestão de áreas urbanas de proteção e as suas limitações.
3. Expor exemplos de redução de risco de desastres ligados à conservação ambiental e
adaptação a mudanças climáticas e tirar lições para a área de intervenção.
4. Analisar como os intervenientes na criação de áreas urbanas de protecção ambiental para
a redução de risco podem atingir em conjunto o desenvolvimento urbano sustentável.
5. Propor alternativas para a gestão de áreas de proteção, compatíveis com o meio urbano,
dentro do Município de Nacala.

1.2. Metodologia
O presente trabalho pretende ser uma pesquisa aplicada, que gera soluções práticas para o
problema proposto, tem uma abordagem qualitativa, baseando-se na interpretação subjectiva da
área de estudo usando relatos feitos por terceiros. Para a realização dos objectivos, é feita uma
pesquisa exploratória, pois existe pouco conhecimento sobre o tema. Para tal, foram necessárias
entrevistas a indivíduos com experiências práticas nas diversas áreas envolvidas na pesquisa.

Nesta usaram-se como procedimentos técnicos o levantamento bibliográfico, fazendo uso


maioritariamente de publicações de organizações não governamentais sobre actividades
desenvolvidas dentro dos temas abordados, a pesquisa documental, envolvendo um
levantamento de relatórios de seminários e projectos realizados dentro do tema de pesquisa, e,
finalmente, o estudo de caso, fazendo uma análise profunda do caso da cidade de Nacala,4

1.3. Principais conceitos5


É necessário fazer uma distinção clara entre uma ameaça ou evento extremo e um desastre, o
primeiro, a ameaça, é um evento, uma substância, uma actividade humana ou uma condição
perigosa, que podem potencialmente causar perda de vida, ferimento ou outros impactos à saúde,
destruição de propriedade, perda de meios de subsistência e serviços, interrupção da actividade
social e económica ou destruição ambiental. O segundo conceito, o desastre, é uma interrupção
séria do funcionamento de uma comunidade ou uma sociedade, que envolve extensas perdas e
impactos humanos, materiais, económicos ou ambientais que excedem a capacidade da
comunidade ou sociedade afectada de superar tais perdas e impactos usando seus próprios
recursos. Ou seja, apenas quando existem danos causados ao ser humano que não podem ser
superados por meios internos é que se pode considerar um desastre.

4
Em, 2011 Manual de metodologia cientifica da USJ
5
Em, 2009 UNISDR terminology on disaster risk reduction. International Strategy for Disaster Reduction.

LICENCIATURA • 2013 2 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Os desastres naturais podem ser distinguidos em dois, de acordo com a sua origem. Desastre
hidrometeorológico, que é processo ou fenómeno de natureza atmosférica, hidrográfica ou
oceanográfica. Como são os tsunamis e as cheias, e em desastre geológico, que é um
fenómeno derivado de processos internos do globo terrestre, como terramotos e erupções
vulcânicas.

Ao analisar-se uma comunidade no ponto de vista da gestão de desastres naturais, é necessário


avaliar a sua vulnerabilidade, que são as características e circunstâncias de uma comunidade,
um sistema ou um recurso que o tornem susceptível aos efeitos devastadores de um evento
extremo. A vulnerabilidade varia significativamente no seio de uma comunidade no decorrer do
tempo. E também a resiliência, que é a capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade
exposta a perigo de resistir, absorver, acomodar-se ou recuperar dos efeitos de um perigo,
atempadamente e de forma eficiente, através da preservação e restauro das suas estruturas e
funções básicas essenciais. Neste contexto, o risco é a probabilidade de na ocorrência de um
evento extremo numa certa comunidade, este transforma-se num desastre considerando a
vulnerabilidade e resiliência da mesma.

Redução de risco de desastres: Prevenção, mitigação e adaptação


Dentro das acções de gestão de desastres naturais, é possível distinguir a redução de risco de
desastres (RRD), que é o conceito e prática de redução de riscos através de esforços
sistemáticos para analisar e gerir os factores causais de desastres, incluindo a mais reduzida
exposição a eventos extremos, vulnerabilidade reduzida das pessoas e propriedade, gestão sábia
da terra e do ambiente e a preparação melhorada para responder aos eventos adversos. A
prevenção, é a intenção de eliminação absoluta de impactos adversos de eventos extremos e
desastres relacionados, através de ações tomadas com antecedência. Contudo, os impactos
adversos dos eventos extremos não podem ser prevenidos na totalidade, mas a sua escala ou
severidade pode ser substancialmente reduzida, introduzindo o conceito de mitigação, que é
muitas vezes confundido com a prevenção. E ainda a adaptação, que é o ajuste nos sistemas
naturais e humanos em resposta aos estímulos climáticos reais ou previstos ou aos seus efeitos,
os quais moderam os danos ou exploram as oportunidades de benefícios.

1.4. Questões de pesquisa


1. Como podem áreas urbanas de protecção ambiental reduzir o risco de desastres
hidrometeorológicos?
2. Como é possível criar resiliência a desastres naturais nas comunidades mais carentes
através da gestão de áreas urbanas de protecção ambiental?
3. Como pode a gestão de áreas urbanas de protecção ambiental gerar um desenvolvimento
urbano sustentável e contribuir para a redução da pobreza?

1.5. Estado da arte


Desde a independência do país, Moçambique tem estado a trabalhar com as Nações Unidas (UN)
através da United Nations Development Program (UNDP) na capacitação a nível governamental
para atingir um desenvolvimento sustentável. Em 2000, foi adoptada a nível mundial a
Declaração do Milénio das Nações Unidas, na qual foi estabelecida uma parceria internacional
para o cumprimento de oito objectivos, com prazo até 2015 para a redução da pobreza, de entre
os quais estão, erradicar a pobreza e fome extrema e garantir a sustentabilidade ambiental. Para
o cumprimento destes objectivos, foram criados programas específicos, alguns dos quais foram
implementados no país.

LICENCIATURA • 2013 3 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Nas áreas de gestão de desastres naturais, adaptação a mudanças climáticas e conservação
ambiental, os principais programas adoptados por Moçambique foram:

A Plataforma de Acção de Hyogo (HFA)


Com o objectivo de criar a resiliência das nações e comunidades aos desastres através do
alcance, por volta de 2015, de redução substancial das perdas causadas por desastres em vidas
humanas e bens sociais, económicos e ambientais das nações e comunidades, é estabelecido o
compromisso de cada país de realizar acções concretas e reportar o progresso da implementação
de cinco objectivos: Tornar a redução de risco de desastres (RRD) uma prioridade, criando uma
forte base institucional a nível nacional e local; conhecer o risco e agir, identificando, avaliando e
monitorando os riscos de desastre e melhorando o aviso prévio; criar conhecimento e consciência,
usando a inovação e educação para a criação da cultura de segurança e resiliência a todos os
níveis; reduzir o risco, intervindo sobre os factores subjacentes ao risco; estar preparado para agir,
fortalecendo mecanismos de prontidão para uma resposta eficaz a desastres a todos os níveis.6

Em Moçambique, como órgão nacional de coordenação das acções de gestão de desastres


naturais, foi criado o INGC (Instituto Nacional de Gestão de Calamidades) pelo decreto 38⁄99 de
10 de Novembro. Desde esse momento, foi feito um grande investimento na criação de
mecanismos de prontidão e resposta a desastres, com algumas iniciativas para a criação de uma
base institucional a nível nacional e local e melhoramento do aviso prévio. Mas pouco ainda foi
feito para a criação de conhecimento e consciência de desastres e ainda menos para a redução
dos factores subjacentes ao risco.

United Nations Framework for Conservation on Climate Change (UNFCCC)


Em 1992, foi assinado um tratado internacional para considerar o que poderia ser feito para limitar
o aumento da temperatura média global, as mudanças climáticas resultantes e como fazer a
adaptação aos seus impactos inevitáveis. Para este efeito, foi adoptado o Protocolo de Kyoto, que
vincula juridicamente os países desenvolvidos a reduzirem emissões de gases com efeito de
estufa.

Para os países em desenvolvimento, a adaptação a mudanças climáticas está ligada ao contexto


nacional e restringe-se à realização de estudos, para se perceberem os seus reais efeitos, e à
capacitação institucional, para a adopção de medidas de adaptação. Ou seja, a tomada de
decisões depende muito do contexto regional e nacional.

Em Moçambique as acções de adaptação a mudanças climáticas foram integradas a nível


institucional na gestão de desastres naturais. Até ao momento, foram elaborados pelo INGC, o
Estudo sobre o Impacto das Alterações Climáticas no Risco de Calamidades e a Estratégia
Nacional para a Redução de Risco de Desastres e Adaptação a Mudanças Climáticas, que define
acções prioritárias em três grandes centros urbanos no país. E, adicionalmente, foi elaborado pelo
Banco Mundial um estudo sobre custos económicos da adaptação a mudanças climáticas, em
Moçambique.

Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP)


Para realizar o seu mandato como representante da UN na área do ambiente, a UNEP desde
1972, tem feito a ligação entre ciência e política através da avaliação, monitoramento e difusão
de informação ambiental; tem proporcionado plataformas internacionais para facilitar o debate de

6
Relatório Nacional de Progresso da Implementação da Plataforma de Acção de Hyogo (HFA),
Moçambique

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GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
políticas ambientais, negociações e tomadas de decisão; tem facilitado o desenvolvimento de
legislação ambiental; tem providenciado assistência para fortificar políticas, leis e instituições
nacionais e regionais e tem aumentado a cooperação entre Governos e instituições não-
governamentais para endereçar questões ambientais e preocupações comuns.

Em Moçambique, foi criado em 1994 o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental


(MICOA) através do Decreto Presidencial nº2/94 de 21 de Dezembro. Compete ao MICOA dirigir a
execução da política definida pelo governo para o sector e, de entre outras competências: decidir
sobre os estudos de impacto ambiental inerentes à realização de actividades socioeconómicas, no
âmbito dos projectos de desenvolvimento dos sectores; realizar auditorias ambientais e proceder à
activação dos devidos procedimentos legais sempre que se registem infracções previstas na Lei
do Ambiente; recomendar ao governo a criação de incentivos ambientais; decidir, ouvidos os
sectores de tutela e instituições de investigação, sobre a criação de zonas de valor ecológico e/ou
ambiental. Uma das principais conquistas para o país na área de conservação ambiental foi a
aprovação da legislação ambiental actualmente vigente.7

2. Argumentos para os investimentos em medidas de preservação ambiental para a


mitigação de desastres
Segundo a UNEP, a designação de desastres como naturais pode ser enganadora, uma vez que
alguns são causados por influência humana. A redefinição da terminologia deve-se a dados que
indicam que, enquanto o número de desastres geológicos se manteve estável, o número de
desastres hidrometeorológicos aumentou.

Muitos dos processos naturais ligados a eventos hidrometeorológicos são vitais para a
manutenção dos ecossistemas. Por exemplo, as inundações num ambiente natural, redistribuem o
sedimento em áreas vastas, renovando os nutrientes do solo para a agricultura, mas as
populações urbanas a viver em áreas inundáveis estão susceptíveis a perder os seus bens.
Contudo, a capacidade que um ecossistema tem de absorver os efeitos dos eventos extremos
inéditos é limitada, sendo mais relevante em casos de menor magnitude, que são mais
frequentes.

2.1. Problemas criados pela ausência de medidas de preservação ambiental


Os impactos económicos dos desastres são visíveis através de danos e destruição de bens
resultantes do evento extremo por si só, ou pelo desastre natural que o segue.

A perda de qualidade e quantidade florestal tem sido ligada ao aumento de vulnerabilidade a


certos eventos extremos, incluindo o aumento de níveis de precipitação e tempestades, e pode
ser um factor que contribua para inundações e deslizamentos de terra.

Exemplos reais de desastres naturais ligados a desflorestamento incluem:


• Inundações e deslizamentos de terra nas Filipinas em 2004, que deixaram acima de 1600
mortos e desaparecidos. A Presidente, Glória Arroyo, atribuiu o desastre ao
desflorestamento indiscriminado, que deixou o país com menos de 6% das suas florestas
originais.8
• Em Outubro de 2005, uma tempestade tropical levou um volume recorde de precipitação a
El Salvador. Esta deixou 100 mortos e milhares de pessoas sem habitação. Deslizamentos
de terra resultantes na cordilheira El Bálsamo, que ocupa grande parte do território,

7
Em, http://www.ambiente-territorio-cplp.org
8
Em Green recovery and reconstructruction: training toolkit for humanitarian aid

LICENCIATURA • 2013 5 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
deixaram muitas comunidades sem comunicações, eletricidade ou água. Durante anos,
grupos ambientais como os Amigos da Terra, avisaram sobre o aumento da
vulnerabilidade a enchentes devido ao desflorestamento e destruição de mangais.8
• Em Moçambique, e a montante da bacia do Limpopo, abrangindo o Botswana, África do
Sul e Zimbabwe, chuvas fortes em Janeiro de 2013, que duraram 1 semana, aumentaram
o nível hidrométrico dos principais rios. 420000 pessoas foram afectadas e 117 perderam a
vida em Moçambique, dentro das áreas de risco de desastres9. Este evento tem já duas
ocorrências reportadas, em 2000 e 1974. A ocupação não planeada de áreas de risco por
populações vulneráveis é um dos factores que está por trás do número elevado de
pessoas afectadas por desastres.
 
2.2. Gestão de áreas de protecção como medidas estruturais não tradicionais
Foi assumido, a certo ponto, que era possível criar grandes obras de engenharia para prevenir
desastres naturais, mas alguns grandes fracassos e um melhor entendimento de ecologia
geraram o reconhecimento de que tentativas mal pensadas para prevenir desastres naturais
causam mais danos que benefícios. Por exemplo, cerca de metade dos 3782 km do rio Mississippi
nos EU circula por canais artificiais introduzidos para o controle de inundações. Mas isto
simplesmente moveu o problema para jusante e bloqueou planícies alagáveis naturais que
absorviam o excedente de água, piorando a incidência de inundações.

O uso de gestão ambiental para a redução de risco de desastres é menos dispendioso, mais
eficaz e mais socialmente sustentável do que intervenções estruturais tradicionais. De acordo com
o Banco Mundial, investimentos em medidas preventivas como a manutenção de ecossistemas
incorrem em sete vezes menos custos do que os efeitos dos desastres10.

“Ecossistemas bem geridos podem mitigar o impacto de grande parte dos eventos extremos,
como deslizamentos de terra, furacões e ciclones. Adicionalmente, ecossistemas produtivos
podem apoiar rendimentos sustentáveis, gerando actividades e são recursos importantes para
comunidades após os desastres. “11

3. Bases para a gestão de áreas urbanas de proteção ambiental

3.1. Abordagem legal


Com a crescente consciencialização sobre a importância das áreas de protecção ambiental para o
desenvolvimento sustentável a nível global, torna-se necessário regulamentar o uso e gestão
destas áreas, considerando as características, enquadramento e intenções de uso. A nível
internacional a instituição que gere conceitos e experiências de preservação ambiental é a União
Internacional para a Conservação Ambiental (IUCN), que é a maior organização ambiental a nível
global. Esta define áreas de protecção como “um espaço geográfico claramente definido,
reconhecido e gerido, através de meios legais ou outros efectivos para o alcance dos valores de
conservação da natureza, associados a serviços ambientais“.

Com o grande desafio de protecção de áreas ambientalmente sensíveis, poucos países em


desenvolvimento têm legislação específica de protecção ambiental a áreas urbanas, limitando-se

9
Humanitarian country team, Mozambique flood 2013- consolidated early recovery strategy
10
World Bank. 2004. Natural Disasters: Counting the Cost. Notícia de Março de 2004
11
Sudmeier-Rieux, K, H Masundire, A Rizvi and S Rietbergen (eds) (2006); Ecosystems, Livelihoods and
Disasters: An integrated approach to disaster risk management, IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge.

LICENCIATURA • 2013 6 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
à inserção de regulamentação em leis direccionadas a áreas a nível nacional e distrital, que
acabam ditando as regras para intervenções a escalas menores.

Legislação Nacional
Moçambique possui três documentos legais que gerem áreas de protecção ambiental terrestres.
Estas são: Lei no 20⁄97, de 1 de Outubro (Lei do Ambiente) e Lei no 10⁄99, de 7 de Julho (Lei de
Florestas e Fauna Bravia) e Lei no 19/97 de 1 de Outubro (Lei de Terras).

Há actualmente pouca clareza sobre o que são áreas de protecção ambiental, como se definem e
como se gerem. Existem apenas 3 categorias de zonas de protecção definidas, os parques
nacionais, as reservas nacionais e as zonas de uso e de valor histórico-cultural (artigo 10,
capítulo II, Lei no 10⁄99, de 7 de Julho, Lei de Florestas e Fauna Bravia). É feita a proibição geral
de implantação de infraestruturas habitacionais ou para outro fim que provoquem um impacto
negativo significativo sobre o ambiente (artigo 14, Capítulo IV, Lei no 19/97 de 1 de Outubro, Lei
do Ambiente) e é apenas feita menção do papel da comunidade na elaboração do plano de
maneio destas áreas.

Plano de maneio é definido na legislação moçambicana como o documento técnico onde


constam as actividades e outras medidas técnicas a serem implementadas pelos vários
intervenientes na conservação, gestão e utilização dos recursos florestais e faunísticos.

Legislação Internacional
O Brasil, a Colômbia e a Indonésia estão entre os países com maior biodiversidade no Mundo12, o
que os desafia a garantir a sua preservação. Ao mesmo tempo, estes países têm uma alta
percentagem de população urbana e nível de urbanização. Isto fez com que tenham interesse na
criação de fortes bases legais para garantir os serviços ambientais e a segurança no meio urbano,
face a eventos extremos a que estão propensos devido à sua localização geográfica.

Brasil - Guião metodológico para a elaboração de planos de maneio de unidades de


conservação
A legislação brasileira identifica dois tipos de áreas de protecção. As áreas de protecção
permanente e as unidades de conservação. Entende-se por área de protecção permanente
aquela, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo génico de fauna e flora,
de proteger o solo e assegurar o bem-estar de populações humanas (Código Florestal, a lei
4.771/65) e por unidade de conservação considera-se todo o espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação em limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de protecção (LEI No 9.985,
DE 18 DE JULHO DE 2000, sobre o Sistema Nacional das Unidades de Conservação).

A limitação das áreas de preservação permanente é que não existe previsão de uso ou gestão, o
que no meio urbano cria situações preocupantes de uso ilegal. Já as unidades de conservação
podem ser classificadas em Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento
Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse
Ecológico, Floresta Nacional, Reserva de Fauna e Reserva Particular do Patrimônio. E para cada
categoria de unidade de conservação existe um guião metodológico para a elaboração do plano
de maneio.

12
World Conservation Monitoring Centre of the United Nations Environment Programme

LICENCIATURA • 2013 7 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Colômbia - Sistema nacional de áreas protegidas


A Colômbia é o segundo país mais biologicamente diversificado do Mundo e embora 11% da sua
área esteja sob alguma forma de protecção, os seus recursos naturais são continuamente
ameaçados por actividades antropogénicas. Até 2010, existiam na legislação relevante, várias
categorias de áreas de protecção a nível local, regional e nacional, que punham em causa a
criação de um regime coerente e efectivo para a protecção de áreas ambientalmente sensíveis.
Em 2010, foi aprovado o decreto 2372, que estabelece o sistema nacional de áreas protegidas,
definido como um grupo de áreas protegidas, actores sociais e instituições, assim como uma série
de estratégias, ferramentas que têm como objectivo alcançar os propósitos da conservação
ambiental.

A limitação encontra-se na tendência para centralização da gestão, o que dificulta a


implementação da legislação a nível local, caso não exista a coordenação necessária entre os
actores nos diferentes níveis.

Indonésia - Lei florestal 41\1999, comunidades costumeiras


No contexto do país, a gestão dos recursos naturais é de grande importância para as
comunidades locais. Para satisfazer os diversos interessados, incluindo o sector privado, foi
descentralizada a gestão de áreas de protecção das autoridades centrais para as autoridades
regionais. Dentro da gestão regional, para a revitalização de comunidades costumeiras com
gestão tradicional, foi criada a categoria de floresta costumeira que é definida como uma floresta
estadual dentro de uma zona de comunidade costumeira e gerida por esta comunidade, definida
dentro da lei de terra.

Embora existam bons exemplos de gestão comunitária de áreas de protecção na Indonésia, a


gestão baseada em comunidades costumeiras depende muito da capacidade de organização
destas comunidades tradicionais.

3.2. Pressupostos para a implementação de um sistema de protecção

Avaliação de risco de desastres13


A definição dos termos relacionados com o risco de desastres naturais tem sofrido revisões por
ser um tema que apenas recentemente tem recebido a atenção de outras disciplinas para além da
ajuda humanitária. Actualmente, o risco de desastres naturais é calculado usando 3 factores, o
evento extremo ou ameaça (H-hazzard), a vulnerabilidade (V) e a capacidade de resposta (C).

R= H x V ⁄ C
A avaliação do evento extremo envolve perceber a natureza, a intensidade e as causas dos
eventos. Um mesmo evento pode ter várias causas, por exemplo, um deslizamento de terras pode
ser causado por um terramoto ou por chuvas intensas.

A necessidade de avaliar a vulnerabilidade surge com o interesse de pesquisadores na área de


ciências sociais no tema, quando se verificou que um evento extremo com características
semelhantes tem impactos diferentes em locais diferentes. Isto foi atribuído às diferentes
estruturas sociais e económicas, sendo recentemente também associado ao ambiente construído.

13
Em, Managing urban risk-Analysis and adaptation frameworks for integrated settlement development
programming for the urban poor

LICENCIATURA • 2013 8 / 21
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Actualmente, está a ocorrer um processo para convencionar no planeamento físico práticas de
redução de risco de desastres.

A capacidade de resposta refere-se à reacção da população durante e imediatamente após um


evento extremo e relaciona-se com o nível de informação sobre a redução de risco de desastres e
sobre as estruturas existentes de apoio à população. Também se pode considerar resiliência.

Gestão comunitária de risco de desastre


Embora o uso do ambiente natural tenha uma grande abrangência em termos de medidas de
redução de risco, existem dois grandes desafios:
1- Precisa de ser baseado no melhor conhecimento possível do ambiente natural e contexto local
e a melhor forma de o conseguir é basear a gestão do risco na comunidade.

2- Nem o risco, nem o ambiente e nem a sociedade são estáticos. Como resultado, as
intervenções devem ser desenhadas para mudarem e serem revistas periodicamente, de forma a
assegurar que se mantenham eficientes contra o risco alvo e riscos emergentes, incluindo
mudanças socioeconómicas e políticas.

O risco de desastre e a pobreza estão interligados, uma vez que as camadas mais pobres são
mais vulneráveis aos efeitos de eventos extremos. Cerca de 25% da população Moçambicana
está exposta ao risco de altos índices de mortalidade e morbidade em casos de desastres14.

As estratégias para implementar projectos de redução de risco com a participação e gestão


comunitária varia de acordo com a dinâmica de cada comunidade, mas existem algumas bases
que devem sempre existir e estas são:
- Base clara de entendimento e confiança no relacionamento entre a partes (comunidade,
sector privado e os promotores do projecto)
- Capacitação de indivíduos a nível local para exercer funções dentro de projectos locais;
- Educação a nível escolar e da comunidade quanto aos impactos de desastres naturais e
mudanças climáticas;
- Empoderamento da comunidade para tomada de decisões quanto a intervenções em que
são afectados;
- Acesso a bases de dados actualizadas.

Em Moçambique, a coesão comunitária a nível local é pouco explorada pelas autoridades. Por
este ser um país em desenvolvimento e depender grandemente de doações externas, é
necessário explorar intervenções a uma escala mais pequena com diretrizes gerais, tanto na área
de gestão de desastres naturais como na adaptação a mudanças climáticas e conservação
ambiental, na forma de projectos integrados.

4. Exemplos de gestão de desastres naturais e adaptação a mudanças climáticas através


da preservação ambiental no meio urbano

4.1. Os corredores verdes da cidade de Bogotá15


Bogotá é a capital e a maior cidade da Colômbia. Localiza-se na extensão noroeste da cordilheira
dos Andes, numa área plana, a uma altura média de 2600m acima do nível do mar . Esta cidade
regista temperaturas baixas (máximas de 19oC e mínimas de 5 oC), com a precipitação média de

14
Humanitarian country team, Mozambique flood 2013- consolidated early recovery strategy
15
Em, http://www.plataformaurbana.cl

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100mm por ano. A sua localização torna-a bastante propensa a deslizamentos de terra,
principalmente por causa da extensão da ocupação urbana para as colinas orientais.
Como o principal centro financeiro, cultural, administrativo e urbano do país, Bogotá tem
aproximadamente 7,2 milhões de habitantes (2010), residindo apenas no núcleo urbano, enquanto
que a Região metropolitana de Bogotá, que engloba todas as cidades e povoados vizinhos, possui
aproximadamente 8,5 milhões de habitantes (2010).

O impacto da cidade sobre as colinas orientais, remonta ao tempo colonial, quando estas colinas
foram fonte de toda a classe de insumos para a vida urbana como a água e a madeira. Com o
surgimento de assentamentos informais nas colinas, que foram legalizados posteriormente,
surgem bairros peri-urbanos onde a ocupação rural e urbana coexiste.

Foram realizados vários projectos na cidade com o objectivo de garantir a sustentabilidade do uso
do solo, melhoria de mobilidade, acesso a infraestruturas e equilíbrio ambiental, um dos quais foi o
plano director do corredor ecológico e recreativo das colinas orientais. Este projecto é uma
iniciativa para a recuperação da biodiversidade, desenvolvimento social e apropriação territorial
por parte das comunidades locais.

Este plano estabelece 3 estratégias fundamentais, a social, a biofísica e a espacial, sendo as


duas primeiras prioritárias por falta de apreciação e cultura de preservação ambiental a nível da
população.
Os principais impactos positivos esperados são:
• Um processo de desenvolvimento social, segurança, convivência e participação
comunitária;
• Programas de recuperação do património natural;
• Programas de actividades produtivas para comunidades vizinhas;
• Melhoramento da qualidade de vida através do aumento de superfície e qualidade dos
espaços públicos (de 3,73m2 de parques por habitante para 4,37m2 de parques por
habitante);
• Articulação entre o espaço urbano e o ambiente;
• Diminuição dos riscos de desastres naturais.

Actualmente a cidade de Bogotá encontra-se acima da média, a nível das cidades da América
Latina, em termos de uso equitativo do solo e governação ambiental, principalmente por causa da
implementação de políticas ambientais rigorosas, monitoria de áreas de protecção ambiental e
envolvimento comunitário em todo o processo.

Figura 1. Plano de rede de corredores ecológicos na Figura 2. Ilustração de projecto de miradouro


cidade de Bogotá. Fonte: http://www.plataformaurbana.cl nas colinas orientais. Fonte:
http://www.plataformaurbana.cl

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4.2. Introdução de medidas de adaptação a mudanças climáticas relacionadas com a
erosão na cidade de Xai-Xai, Moçambique16
Devido à localização da cidade de Xai-Xai, nas proximidades do rio Limpopo, a Sul de
Moçambique, esta está susceptível a inundações associadas à erosão hídrica. O rápido
crescimento populacional e desenvolvimento urbano fez surgir vários projectos de
desenvolvimento não planificados, que resultam na deterioração de infraestruturas, constituindo
um impedimento ao desenvolvimento.

O projecto teve como promotor a instituição não-governamental CCCare em 2010 e o principal


objectivo foi implementar medidas de mitigação da erosão do solo na cidade, usando tecnologias
modernas e envolvendo a comunidade local de modo a garantir a sua continuidade. E, para isto, o
projecto consistiu em ensinar a comunidade local a fabricar blocos de retenção de terra e plantar
espécies que mitigam a erosão.

Como a máquina de fabrico dos blocos não existia no mercado, foram feitos moldes simples em
metal e foram dadas as bases para o fabrico dos blocos. Ao longo do processo todo, foi usado um
manual simples, tanto para o fabrico como para a construção das paredes de retenção e plantio
da espécie da família vetiver para contenção do solo.

Os pontos fortes do projecto foram a inclusão de jovens e mulheres, a simplicidade dos princípios
e da execução e as possibilidades de emprego e expansão do projecto. Os pontos fracos foram o
número limitado de participantes, a falta de envolvimento do sector privado, a ausência de um
plano maior a nível da cidade e a dependência de financiamento externo para implementação.

Figura 3 Fabrico de blocos para


Figura 4 Muro de contenção de terra com relva
contenção de terra. Fonte: Introduction to new do tipo vetiver contruido Fonte: Introduction to
techniques to climate change related topsoil new techniques to climate change related top
erosion in Xai-Xai city soil erosion in Xai-Xai city

5. Erosão hídrica: Intervenientes na criação de áreas urbanas de protecção ambiental para


a redução de risco e desenvolvimento sustentável
Erosão Hídrica é o processo de remoção, transporte e deposição de partículas do solo causado
pela influência da água, podendo ser classificada em:

Erosão Pluvial – é erosão causada pela chuva. Quando o terreno está descoberto ou sem
vegetação, fica desprotegido e, quando chove, as enxurradas carregam a camada superficial do
solo, que contém as substâncias necessárias para as plantas. Subdivide-se em:

16
Em, Introduction to new techniques to climate change related top soil erosion in Xai-Xai city

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• “Splash” – as gotas de chuva, ao atingirem o solo nú, separam as partículas do solo e
estas vão ocupar o espaço entre os agregados de solo, formando assim uma crosta na sua
superfície, que dificulta a infiltração da água.
• Erosão Laminar – devido à formação da crosta, a água que não consegue infiltrar-se
começa a escorrer das áreas mais altas para as mais baixas em zonas declivosas. Neste
processo, devido a turbulência, a água vai desprendendo e carregando consigo as
partículas de solo. Nesse percurso a água segue um caminho preferencial podendo formar
sulcos que, por sua vez, podem originar as ravinas.
• Ravinas – são fissuras profundas (podem atingir muitos metros de profundidade e largura)
que ocorrem no solo e que são causadas por enormes quantidades de água que são
transportadas em pouco tempo. Geralmente este tipo de erosão é devido ao pastoreio de
gado e aos caminhos que as pessoas vão abrindo ao passar em áreas declivosas.

O risco associado à ocupação de solo com erosão hídrica em áreas declivosas é a ocorrência de
deslizamentos de terra, que têm o potencial para deixar mortos e feridos. E dependendo do
estado em que se encontra pode não ser reversível e apenas controlável.17

Figura 1. Formação de ravina ligada a uma bacia Figura 6. Ilustração de deslizamento rotacional
hidrográfica e a terreno declivoso Fonte: Oliveira e Fonte: Oliveira e Meis (1985)
Meis (1985)

5.1. Contributos da gestão de desastres naturais: ciclo de projecto de redução de risco de


desastres e avaliação de risco
O processo de redução de risco de desastres, dentro da gestão de desastres naturais, passa pela
identificação do risco, identificação das vulnerabilidades através da consulta a intervenientes,
identificação de possíveis métodos de prevenção ou mitigação, pelo desenho do projecto,
implementação, monitoramento e avaliação das lições a tirar.
Figura 7. Ciclo de um projecto de
redução de risco de desastre.
Fonte: Green recovery and
1 reconstructruction: training toolkit
AVALIAÇÃO INICIAL
for humanitarian aid
2
6 ANÁLISE DO PROBLEMA E
CONSULTA PÚBLICA
LIÇÕES APRENDIDAS CONSULTA PÚBLICA

5
3
MONITORIA DESENHO DO
4 PROJECTO

IMPLEMENTAÇÃO

17
Plano de acção para a prevenção e controlo da erosão dos solos 2008-2018

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O modelo mais usado para fazer a avaliação da ameaça da erosão do solo é a Universal soil loss
equation18 (USLE) em que a perda anual de solo é determinada pela multiplicação de cinco
factores - erodibilidade da chuva (R), erodibilidade do solo (K), declividade (L), comprimento de
declive (S) e gestão de cobertura vegetal (C).19

Após um conhecimento exaustivo dos processos erosivos, seu estado e taxa de evolução e
consulta à população afectada, é possível delimitar a área de intervenção e desenhar um projecto
que mitigue os efeitos adversos.

5.2. Contributos da adaptação a mudanças climáticas: No regrets solutions20


Existem duas categorias de adaptação a mudanças climáticas, a facilitação de transição a novas
condições e a criação de resiliência e adaptação a eventos climáticos extremos. A primeira é
necessária quando o que era considerado normal deixa de o ser, como é o exemplo de casos de
subida do nível do mar. Criar resiliência a eventos climáticos extremos ajuda as pessoas a resistir
a choques com eventos extremos como tempestades, secas e enchentes e é uma medida a curto
prazo, que deve servir como facilitadora para a necessária transição.

Dentro dos planos para a adaptação a mudanças climáticas, após a identificação dos riscos, estes
são colocados por ordem de urgência, considerando a magnitude esperada, a probabilidade de
acontecer de facto, a reversibilidade dos impactos e a urgência de acção, mas também são
considerados os interesses e capacidades do País. Isto leva ao desenho e implementação de um
plano de acção, que requere o envolvimento de vários intervenientes e distribuição de
responsabilidades.

A priorização das acções é feita considerando a eficácia de redução do risco, o impacto que a
medida terá, mesmo se o risco esperado não acontecer (no regrets solutions), a flexibilidade, caso
os impactos sejam diferentes dos esperados, os possíveis efeitos secundários em outras áreas e
o equilíbrio entre os custos e benefícios.

A incerteza dos efeitos das mudanças climáticas, limita a eficácia das intervenções estruturais
convencionais, que são dimensionadas considerando projecções actuais, e que numa geração
podem alterar-se drasticamente. Por este motivo, têm vindo a ser implementadas soluções de
conservação ambiental, que mitigam os impactos a médio prazo e são mais flexíveis no âmbito da
adaptação a mudanças climáticas.21

Tratando-se de erosão hídrica, a principal ameaça esperada das mudanças climáticas é o


agravamento de eventos extremos de precipitação, que causam grandes movimento de terra,
tornando o que é um processo lento de perda de qualidade de solo e relativamente pouco risco
em termos de perda de vidas humanas num desastre natural de grande magnitude, tendência que
já se verifica.

5.3. Contributos da conservação ambiental: serviços ambientais dos corredores


ecológicos e water sensitive urban design
Com a rápida degradação do ambiente natural no mundo, iniciativas de conservação ambiental
devem expandir as suas intervenções para a criação de áreas de protecção ambiental,

18
Equação universal de perda de solo
19
Em, Soil erosion risk assessment in Europe
20
Soluções sem arrependimentos
21
Em, Compilation of case studies on national adaptation planning processes

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principalmente no ambiente urbano, para além do restauro e salvaguarda das áreas naturais
existentes.

Dentro de centros urbanos aplica-se o conceito de corredores e tampões ecológicos, que servem
para fazer a transição entre áreas urbanizadas e áreas a proteger, para unir ambientes naturais
desconectados pelo surgimento de assentamentos urbanos e para melhorar o ambiente dentro do
meio urbano.

Corredores ecológicos são faixas na paisagem, associados ao ambiente urbano e desenhados


pelos seus serviços ambientais. Têm muitas designações, mas variam apenas na escala e tipo de
serviços que proporcionam. Os benefícios dos corredores ecológicos incluem proteger recursos
do solo, melhorar a qualidade da água e do ar, reforçar habitats naturais e embelezamento da
paisagem. Grande parte dos corredores ecológicos irão ter mais do que uma função, mesmo que
sejam desenhados para desempenhar apenas uma. Por este motivo o seu desenho deve ter em
consideração funções que podem não ser desejáveis.

As condições do local determinam em grande parte o tipo de corredor a implementar, por


exemplo, o tipo de solo e declive pode afectar a eficácia de um determinado tipo de corredor no
local. Os serviços ambientais que os corredores ecológicos proporcionam podem ser
transformados em ganhos económicos para as comunidades vizinhas, dependendo da escala e
enquadramento do corredor. Nos ambientes urbanos, o principal serviço que pode gerar algum
rendimento é o recreativo e turístico, que valoriza as propriedades circundantes. 22

Figura 8.Processo de erosão e alternativas


para mitigação. Elaborado pela autora Figura 9. Ilustração de diferentes tipos de
corredores ecológicos no meio urbano. Fonte:
Conservation buffers: Design guidelines for buffers,
corridors and greenways

Para o uso de corredores ecológicos para a redução do risco da erosão hídrica, estes devem ser
localizados na parte alta do declive para estabilizar o solo, reduzindo a separação das partículas
do solo por efeito do impacto da gotas de água no solo arenoso, diminuindo a velocidade a que a
água escoa e aumentando a infiltração da água no solo. Nas espécies a usar devem-se
considerar a sua origem e a profundidade das raízes e o seu uso dentro dos corredores deve
sempre ser implantado nas zonas intermédias menos afectadas pela erosão e em menor risco.

22
Em, Conservation buffers: Design guidelines for buffers, corridors and greenways

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Water sensitive urban design23
Water-sensitive urban design é a integração entre planeamento urbano e desenvolvimento, com a
gestão e conservação do ciclo natural da água. Este tipo de intervenção tem como princípios,
proteger sistemas naturais dentro de projectos de desenvolvimento urbano, integrar sistemas de
tratamento de águas pluviais na paisagem, através da criação de corredores que maximizam os
serviços ambientais visuais e de recreação dentro do meio urbano, proteger a qualidade da água,
reduzir a velocidade de escoamento e melhorar a impermeabilidade natural do solo e adicionar
valor ao espaço urbano, minimizando custos de infraestruturas de drenagem pluvial.

CONDENSAÇÃO

PRECIPITAÇÃO PRECIPITAÇÃO PRECIPITAÇÃO

EVAPORAÇÃO
LOCAL
EVAPORAÇÃO

INFILTRAÇÃO INFILTRAÇÃO

Figura 10. Ciclo da água num sistema natural (esquerda); numa áreas urbana com má
gestão de água pluvial (centro); numa área urbana com um boa gestão de água pluvial (direita).
Fonte: Water Sensitive Urban Design Manual

Em declives acima de 4%, as intervenções possíveis são limitadas. Contudo, a colocação de


depressões de biorretenção ao longo de vias propostas e existentes e a protecção de bacias
hidrográficas contribuem para a mitigação da erosão hídrica e para a diminuição de custos em
sistema de drenagem pluvial.

5.4. Boas práticas na gestão de áreas urbanas de protecção ambiental para a redução de
risco de desastres.

Análise do
Ciclo de
problema e Desenho do
projecto\ Avaliação inicial Implementação Monitoria Lições a tirar
consulta projecto
Intervenientes
pública

Avaliação de Possibilitar a Medidas para Assegurar que Avaliação do Transferir


Gestão de desastres naturais

ameaças de participação e criação de o risco desempenho experiências


vulnerabilidade, gestão resiliência de identificado tem do projecto bem
causas de comunitária na populações a evolução sob stress sucedidas
vulnerabilidade redução de vulneráveis prevista, e para outros
e capacidade de risco de aspectos do projectos
recuperação da desastres projecto
população Sempre que continuam
necessário, viáveis
reconstruir
melhor

23
Em, Water Sensitive Urban Design: Principles and inspiration for sustainable stormwater management in
the city of the future

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Avaliação de Elaboração de Uso de medidas Assegurar Monitorar Transferir
risco e potencial estudos de flexíveis, com participação de tendências experiências
Adaptação a mudanças climáticas magnitude de hábitos e uma margem de populações climáticas bem
impactos a costumes da aplicabilidade até locais para para melhorar sucedidas
longo prazo população 100 anos garantir a a efectividade para outros
afectada e continuidade do do projecto projectos
possibilidade projecto
de mudanças Uso de medidas
que não resultem
em
Análises de arrependimentos
custo\benefício caso os efeitos
de medidas e adversos
listagem de previstos não se
prioridades de concretizem
acção

Avaliação de Mapeamento, Uso de medidas Uso de Monitorar Transferir


causas de raiz em conjunto de redução de medidas de intervenção experiencias
do risco com a risco, gestão em para garantir bem
Conservação ambiental

comunidade considerando o obras que que não sucedidas


afectada, de impacto no minimizem os foram criados para outros
Avaliação do ameaças e ambiente natural impactos novos projectos
nível de oportunidades negativos no problemas
dependência da ambientais ambiente ambientais e
população a Aproveitamento que os
serviços de serviços existentes
ambientais ambientais para foram
desenvolvimento mitigados
comunitário

Tabela 1. Intervenientes no ciclo de um projecto de redução de risco de desastres (para anexo) Elaboração
de esquema resumido

6. Desenho e gestão de áreas urbanas de protecção ambiental no bairro do Triângulo


Este capítulo é o ensaio de um plano de maneio para uma área urbana de protecção ambiental.
Foi usado como base o roteiro metodológico de planeamento de parque nacional, reserva
biológica e estação ecológica, elaborado com base na legislação Brasileira.

Propõe-se a classificação de Parque Ecológico Municipal, que está no momento em processo de


aprovação na Assembleia da República de Moçambique dentro das normas da Lei da
Conservação. Assim sendo, é proposta a criação do Parque Ecológico Municipal de Nicandavala,
dentro do Município de Nacala, no bairro do Triângulo.

Embora não tenha sido possível elaborar um plano de maneio aplicável, que requereria
consultorias de profissionais de diversas áreas em todas as fases de concepção do plano,
incluindo da comunidade existente no município, deixam-se recomendações sobre os elementos
que o devem compor. (Ver apêndice A)

Plano de Maneio

Conceito
Plano de maneio é um documento técnico onde se estabelece, com base nos objectivos definidos
para a área a proteger, o zoneamento e as normas que devem presidir o uso, gestão e
conservação de recursos naturais.

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Objectivos
1. Definir objetivos específicos de maneio, orientando a gestão da área de protecção (AP);
2. Dotar a AP de directrizes para seu desenvolvimento;
3. Definir acções específicas para o maneio da AP;
4. Promover o maneio da AP, orientado pelo conhecimento disponível e/ ou gerado;
5. Estabelecer a diferenciação e intensidade de uso, mediante zoneamento, visando a
proteção de seus recursos naturais e culturais.
6. Estabelecer normas específicas, regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da
zona tampão e dos corredores ecológicos (CE), visando a proteção da AP;
7. Promover a integração socioeconómica das comunidades do entorno com a AP.

Estrutura
O plano de maneio é constituído por 5 capítulos. No primeiro, é feito o enquadramento a nível
regional e municipal da AP, seguindo-se uma caracterização da área em todos os aspectos
considerados relevantes. No capítulo seguinte, são expostos os elementos do planeamento da
AP, incluindo uma listagem e caracterização de projectos específicos a serem implementados
após o estabelecimento da AP. Por último, são descritos os mecanismos para a monitoria e
avaliação da implementação do plano.

Plano de Maneio do Parque Ecológico Municipal de Nicandavala

A área proposta para o Parque Ecológico tem uma inserção urbana e é correspondente a uma
das áreas propensas à erosão que foram classificadas no Plano de Estrutura do Município de
Nacala aprovado em 2010 como áreas de protecção parcial com interdição completa à habitação.

Tendo estes aspectos em vista, os principais objectivos do plano são:


1. Garantir a segurança física dos habitantes do Município, face ao risco de deslizamentos de
terra desencadeados pelos processos erosivos na zona;
2. Promover a educação quanto à redução de risco de desastres, adaptação a mudanças
climáticas e conservação ambiental;
3. Promover a exploração de recursos não madeireiros em áreas florestais;
4. Promover alternativas à agricultura de subsistência como fonte de rendimento;
5. Promover novas técnicas e tecnologias sustentáveis para práticas agricolas em solo
propenso à erosão.

Perfil de risco
Uma das actividades relacionadas com o redução de desastres naturais que deve ser
convencionada nas actividades de planeamento físico a todos os níveis de intervenção é
aavaliação de risco. Para tal, é necessária no mínimo, uma análise de riscos múltiplos, que
envolva estudos sobre a natureza, intensidade e propensidade de eventos extremos ao nível de
intervenção. Envolve também uma análise de vulnerabilidade, tanto em termos das condições
físicas da população como mecanismos existentes ou inexistentes para fazer face a desastres.
Finalmente, é necessário avaliar a resiliência ou capacidade de superação, que envolve estudos
sobre o conhecimento quanto a como reagir durante um evento extremo e a acessibilidade a
meios de alívio, caso aconteça.

Uma das ferramentas que apenas agora começou a ser implementada em Moçambique é o
mapeamento participativo de risco, que envolve uma formação da comunidade quanto à redução
de risco de desastres e pretende obter informação detalhada sobre a área de pessoas que a
conhecem realmente

Zoneamento

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Os principais factores para a definição do zoneamento foram
o actual estado de degradação ambiental da zona, o risco
para a população e infraestruturas nos arredores, o
potencial produtivo das espécies nativas e o potencial para o
desenvolvimento de actividades culturais e de educação
ambiental e ainda de redução de risco de desastres.

ZUCA
Foram considerados para análise os seguintes factores:
A fraca cobertura vegetal - devido à ocupação desordenada
das áreas de encosta, foi retirada grande parte da cobertura
vegetal na zona mais susceptível à erosão nos períodos de
ZRA chuva, chegando a existir zonas com habitação e sem
qualquer vegetação que impeça o arraste do solo ao longo
de declives.

A vulnerabilidade da população dentro e nos arredores das


zonas de risco - A população que se encontra nas zonas de
encosta, em assentamentos informais, embora esteja no
centro da cidade, habita sem condições básicas de
ZVE
salubridade e infraestruturas, conseguindo o acesso a estas
através de ligações ilegais e impróprias. Uma vez que as
edificações não seguem qualquer regra ou regulamento,
estão susceptíveis a danificações à medida que se agrava a
erosão do solo, e estão em risco no caso de um
deslizamento de terra.

ZRA
A fraca abrangência de equipamentos culturais e recreativos
- Existem na cidade de Nacala poucos equipamentos
ZVE recreativos e poucos espaços para manifestações culturais.
A gestão da área de protecção passa pela criação de
interesse na sua manutenção e para além da reabilitação e
criação de ecossistemas, a instalação de equipamentos
compatíveis com as áreas ambientais auxilia na criação
deste interesse.

O interesse industrial nas proximidades da área portuária -


Por se encontrar no centro da cidade, é necessário tirar
proveito dos serviços ambientais disponíveis ao nível de
ZFE pequenas indústrias. Os recursos florestais existentes
podem ser explorados e renovados, continuando a servir o
propósito de controle da erosão.

As zonas definidas foram, a Zona de Uso Compatível com o


Ambiente (ZUCA), a Zona de Verde de Enquadramento
(ZVE), Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) e a Zona
Florestal de Exploração (ZFE).

Estratégia de execução
Fase 1 - Levantamento de condições físicas e sociais
Mapa 1 Zoneamento do Parque Ecológico de
existentes.
Nicandavala Fonte: Elaborado pelo autor
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Fase 2 - Elaboração de um plano de reassentamento preventivo.
Fase 3 - Implementação de medidas de mitigação da erosão, que incluem a construção de
sistemas de drenagem, a minimização de declives em conjunto com a infraestururação proposta e
o reflorestamento das áreas mais perigosas, onde não é permitida a construção ou
infraestruturação.
Fase 4 - Construção de equipamentos recreativos listados nos projectos específicos.

Monitoria e avaliação
Devem ser elaborados um programa de monitoria e um programa de fiscalização, para garantir o
funcionamento normal do parque.

7. Conclusões
A gestão de desastres naturais, para atingir os seus objectivos de redução de risco, deve ser
multidisciplinar. Existem muitas vertentes dentro do tema e o principal enfoque continua na área
de ajuda humanitária e na resposta a desastres naturais, principalmente por demonstrar
resultados imediatos a doadores externos. Embora se tenham feito esforços para enfatizar a
prevenção, os progressos significativos serão apenas feitos se for tornada convencional a
cooperação entre áreas que actualmente realizam actividades com objectivos similares e
complementares, como é o caso da gestão de desastres naturais a adaptação a mudanças
climáticas e a conservação ambiental, incorporado no processo de planeamento físico.

No início do presente trabalho foram colocadas três questões de pesquisa, que são respondidas
em seguida:

1. Como podem áreas urbanas de protecção ambiental reduzir o risco de desastres


hidrometeorológicos?
Eventos extremos de uma forma geral tem impactos mais significativos no ambiente construído e
em contrapartida, o ciclo natural dos ecossistemas depende da ocorrência de eventos extremos,
como cheias, para sobreviver. O custo de recuperação de um ambiente construído após um
desastre supera o custo da manutenção de ambientes naturais em detrimento da expansão
urbana. E para além dos benefícios mais evidentes da existência de ambientes naturais na
proximidade da urbanização, como qualidade do ar e valorização imobiliária, em zonas críticas
como zonas costeiras e zonas inundáveis, os ambientes naturais podem absorver os impactos de
eventos extremos e diminuir custos e tempo de recuperação após a ocorrência deste, diminuindo
a impacto de desastre.

2. Como é possível criar resiliência a desastres naturais nas comunidades mais carentes
através da criação e gestão de áreas urbanas de protecção ambiental?
Um dos grandes desafios para a gestão de desastres naturais é a difusão de informação
relacionada com a redução de desastres. Tanto para a resposta como para prevenção, uma rede
de difusão de informação é vital para a tomada de decisões, para encontrar novas soluções para
a eficiência das medidas adoptadas e para a consciencialização da comunidade quanto à redução
de risco de desastres e à adaptação a mudanças climáticas. A mudança de atitude quanto a este
tema é um grande passo para a criação de resiliência dentro da comunidade.

O envolvimento comunitário em todas as acções que afectam o território e o ambiente que uma
dada comunidade partilha, é imprescindível para o sucesso de qualquer projecto. Contudo, são
necessárias directrizes gerais, que guiem promotores na inclusão comunitária nas fases do
projecto. A criação de benefícios direccionados às comunidades nas áreas urbanas de protecção
ambiental, incluindo-as no estabelecimento, gestão e monitoramento destas áreas é uma forma

LICENCIATURA • 2013 19 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
de consciencializar a comunidade quanto ao seu valor, garantindo a sua manutenção e
funcionamento.

3. Como pode a gestão de áreas urbanas de protecção ambiental gerar um


desenvolvimento urbano sustentável e contribuir para a redução da pobreza?
A criação de áreas urbanas de protecção ambiental em zonas em risco de desastres naturais é a
convergência de interesses das três grandes disciplinas mencionadas acima. Para a gestão de
desastres naturais, o interesse é reduzir os riscos a que a população vulnerável está exposta, o
que, por vezes, implica o reassentamento de famílias em áreas de risco, infelizmente
maioritariamente após a ocorrência de um desastre. O interesse na adaptação a mudanças
climáticas é preparar as áreas mais vulneráveis, geralmente as cidades, para os impactos
previstos das mudanças climáticas, usando medidas flexíveis que tenham a capacidade de
absorver o maior número de impactos adversos. O interesse da conservação ambiental é garantir
a preservação e uso sustentável dos serviços ambientais, sem os quais o ser humano tem poucas
possibilidades de sobrevivência, incluindo a absorção dos impactos de desastres naturais.

Para satisfazer estes interesses e também os interesses do planeamento físico no meio urbano, a
solução proposta é a de reduzir o risco de desastres naturais, através da criação e gestão de
áreas que, sendo inapropriadas para a ocupação habitacional, podem contribuir para a estrutura
ecológica dentro do meio urbano e proporcionar serviços ambientais. Estes, devidamente geridos,
beneficiam económica e socialmente a cidade e os seus habitantes, proporcionando alternativas à
agricultura de subsistência como actividade principal, incorporando as metas de várias
instituições, incluindo a de redução da pobreza estabelecida pelos objectivos de desenvolvimento
do milénio.

8. Referências Bibliográficas

Relatórios:
• República de Moçambique, Ministério da Administração Estatal, Instituto Nacional de Gestão
de Calamidades. Relatório Nacional de Progresso da Implementação da Plataforma de Acção
de Hyogo (HFA), Moçambique, 2009-2011 .
• Regional Iniciative in Disaster Risk Disaster. (2010). Community-based best practices for
disaster risk disaster, Maputo- Mozambique.
• The international bank for reconstruction and developmenr, the world bank (2010). Report on
the status of Disaster Risk Reduction in Sub-Saharan Africa.
• República de Moçambique, Ministério da Coordenação para a Acção Ambiental, Plano de
acção para a prevenção e controlo da erosão dos solos 2008-2018.

Registos de conferências:
• Subsidiary body for scientific and technological advice. (2012). Nairobi work programme on
impacts, vulnerability and adaptation to climate change. Compilation of case studies on
national adaptation planning processes
Documentos digitais:
• Green recovery and reconstructruction: training tool kit for humanitarian aid. Obtido em 5 de
Abril de 2013, de http://green-recovery.org
• Natural security-protected areas and hazard mitigation . WWF Global,Arguments for
protection. Obtido em 1 de Abril de 2013,
http://wwf.panda.org/what_we_do/how_we_work/protected_areas/arguments_for_protection/

LICENCIATURA • 2013 20 / 21
GESTÃO DE ÁREAS URBANAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
• Conservation buffers: Design guidelines for buffers, corridors and greenways. Obtido em 10
de Abril de 2013, de http://nac.unl.edu/buffers/index.html.
• Hoyer, Jacqueline, et al, Water Sensitive Urban Design: Principles and inspiration for
sustainable stormwater management in the city of the future, Obtido em 16 de Maio de 2013,
de http://www.switchurbanwater.eu/outputs/pdfs/W5-
1_GEN_MAN_D5.1.5_Manual_on_WSUD.pdf
• 2009 UNISDR terminology on disaster risk reduction. International strategy dir Disaster
Reduction. Obtido em 15 de Março de 2013, de
http://www.unisdr.org/we/inform/publications/7817.
• Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais,
Roteiro metodológico de planeamento de parque nacional, reserva biológica e estação
ecolólógica 2002. Obtido em Obtido em 1 de Abril de 2013,
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/roteiroparna.pdf

• Wamsler, Christine, Lund University, Managing urban risk-Analysis and adaptation


frameworks for integrated settlement development programming for the urban poor 2007.
Obtido em 15 de Março de 2013 de
http://www.preventionweb.net/english/professional/publications/v.php?id=10958

• Van der Knijff, J. M. et al., European Soil Bureau, Soil erosion risk assessment in Europe.
Obtido em 26 de Março de 2013 de
http://eusoils.jrc.ec.europa.eu/ESDB_Archive/pesera/pesera_cd/pdf/ereurnew2.pdf

• Mitchell, Tom et al., Convergence of disaster risk reduction and climate change adaptation
2008. Obtido em 3 de Março de
http://www.preventionweb.net/english/professional/publications/v.php?id=7853

Livros:
• Hellmood, Paul. (2006). Designing greenways: sustainable landscapes for nature and people.
Inglaterra: Island press.

LICENCIATURA • 2013 21 / 21
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

APÊNDICE – A

PLANO DE MANEIO DO PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA -


DOCUMENTO COMPLETO

LICENCIATURA • 2013
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Introdução
O presente documento refere-se ao plano de maneio do Parque Ecológico Municipal de
Nucandavala (PEMN), que é uma área de protecção (AP) proposta para uma das zonas
ameaçadas pelo risco de deslizamentos de terra por erosão no bairro do Triângulo, Município de
Nacala.

Uma vez que, para a delimitação e estabelecimento de uma área de protecção ambiental, é
necessário acesso ao local e à população, acesso este que não foi possível na elaboração do
documento, deixam-se recomendações dos procedimentos e actividades a realizar para a
concretização do projecto deste género.

Conceito
Plano de maneio é um documento técnico onde se estabelece, com base nos objectivos definidos
para a área a proteger, o zoneamento e as normas que devem presidir o uso, gestão e
conservação de recursos naturais.

Objectivos
• Definir objetivos específicos de maneio, orientando a gestão da área de protecção (AP);
• Dotar a AP de diretrizes para seu desenvolvimento;
• Definir acções específicas para o maneio da AP;
• Promover o maneio da AP, orientado pelo conhecimento disponível e/ ou gerado;
• Estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, visando a
proteção de seus recursos naturais e culturais.
• Estabelecer normas específicas, regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da
zona tampão e dos corredores ecológicos (CE), visando a protecção da AP;
• Promover a integração socioeconómica das comunidades do entorno com a AP.

Abrangência
O Plano de Maneio deve abranger a área da AP, sua zona tampão e os corredores ecológicos.
Zona tampão é o entorno de uma área de protecção, onde as actividades humanas estão sujeitas
a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
área de protecção. Corredores Ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,
ligando áreas de protecção, que possibilitem entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota,
facilitando a dispersão de espécies e a reabilitação de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência, áreas com extensão maior
do que a das unidades individuais.

Estrutura
O presente plano de maneio é constituído por 5 capítulos. No primeiro, faz-se o enquadramento a
nível regional e municipal da AP, seguindo-se uma caracterização da área em todos os aspectos
considerados relevantes. No capítulo seguinte, expõem-se os elementos do planeamento da AP,
incluindo uma listagem e caracterização de projectos específicos a serem implementados após o
estabelecimento da AP. Por último, descrevem-se os mecanismos para a monitoria e avaliação da
implementação do plano.

LICENCIATURA • 2013 1 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Ficha técnica
FICHA TÉCNICA DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO
Nome da área de preservação: Parque Ecológico do Triângulo
Gerência Executiva, endereço, telefone:
Unidade Gestora responsável: Conselho Municipal de Nacala
Endereço da sede:
Telefone/Fax:
e-mail:
Site:
Superfície da AP (ha):
Perímetro da AP (km):
Municípios que abrange e percentual abrangido Nacala (100%)
pela AP:
Distritos abrangidos: Nacala-Porto
Coordenadas geográficas
Biomas e ecossistemas

Quadro 1. Ficha técnica do Parque Ecológico de Nicandavala

Localização
O Parque Ecológico Municipal de
Nicandavala está localizado no bairro do
Triângulo, centro do cidade de Nacala, nas
proximidades da área portuária. Abrange
as áreas de risco de erosão nas zonas de
encosta do bairro de Triângulo, numa faixa
horizontal de Norte a Sul, que vai desde o
limite Norte do bairro ao limite Sul. A Leste
existe uma área habitacional e a Oeste,
áreas industriais existentes e propostas
pelo Plano Parcial de urbanização do
Município de Nacala

Mapa 1. Localização do Parque Ecológico da


Triângulo no centro da cidade de Nacala.
Fonte: Elaborado pela autora

LICENCIATURA • 2013 2 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Enquadramento

Nível Nacional
A erosão de solos afecta muitos pontos do país, resultando em prejuízos materiais e económicos
avultados, incluindo a degradação de infra-estruturas sociais e económicas, perda de fertilidade
dos solos, perturbação de ecossistemas sensíveis, entre outros. Várias acções têm sido levadas a
cabo, de forma isolada, tendentes a controlar a erosão dos solos em todo o país pelos diferentes
intervenientes na gestão ambiental em prol do desenvolvimento sustentável. As experiências de
combate ou mitigação dos efeitos de erosão no país mostram que as acções implementadas são,
regra geral, de carácter correctivo, sendo poucas as medidas de carácter preventivo. As medidas
correctivas são, geralmente, implementadas em estado catastrófico, respondendo a situações de
emergência que se vão reportando um pouco por todo o país.

Nível Regional
A Cidade de Nacala situa-se numa Península do Oceano Indico na província de Nampula, entre
as Coordenadas Geográficas de Latitude 14°27´ e 14°45´ S e Longitude: 40°36´ e 40°51´ E, e na
posição oriental em relação à República de Moçambique e da África Austral. A cidade é limitada a
Norte e a Oeste pela Baía de Nacala e Distrito de Nacala-a-Velha, a Sul, pelo Distrito de Mossuril,
e a Este, pelo Oceano Índico.

A região é considerada um potencial turístico pelas suas paisagens e proximidade à ilha de


Moçambique, que é património cultural classificado, e também um potencial económico pela
existência de uma baía de água profundas, que permite o funcionamento de uma área portuária
sem limitações em termos de dimensão dos navios a atracar.

Nível Municipal
O Bairro de Triângulo, para além de estar localizado nas proximidades do centro urbano e ter na
zona da baía uma área de expansão do porto, é atravessado pela estrada nacional e pelo
caminho de ferro, que unem o porto de Nacala à região abrangida pelo corredor de Nacala.
Grande parte da população vive em assentamentos informais e é um dos bairros mais povoados e
densos da cidade, tendo uma grande área com solos em perigo de erosão.

Caracterização da área
A área em questão constitui, actualmente, um risco de deslizamento de terra causado pelo
gradual processo de erosão hídrica, que afecta em graus variados todo o Município. Embora a
principal causa não tenha sido ainda identificada, os factores que contribuem para o agravamento
da situação são os seguintes; o declive natural do terreno, a erodibilidade do solo, a forte
presença de ocupação habitacional não planificada, a fraca presença de cobertura vegetal e os
níveis altos de precipitação, que se verificam num certo período do ano.

Condições físicas

Relevo
Não existe levantamento topográfico oficial realizado recentemente na cidade de Nacala. Todavia,
este é vital para a implantação de quaisquer medidas de mitigação da erosão, serviços e
equipamentos.

Características do solo

LICENCIATURA • 2013 3 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Não existe estudo geológico ou geotécnico oficial realizado recentemente na cidade de Nacala.
No entanto, este é vital para a implantação de quaisquer medidas de mitigação da erosão,
serviços e equipamentos.

Clima
Dados do clima para o Distrito de Nacala-Porto estão disponíveis na Estação Meteorológica de
Maputo.

Vegetação
Por estar localizado em meio à malha urbana e não apresentar nenhuma fiscalização quanto ao
trânsito e/ou acesso de pessoas na área proposta para Parque, este vem sofrendo forte impacto
de origem antrópica.
Além da ação antrópica gerada pelo trânsito de pessoas na área, a área do Parque Ecológico
sofre com o descarte irregular de resíduos sólidos (e.g entulho proveniente da construção civil,
lixo).
É necessário fazer uma catalogação das espécies arbóreas e da fauna existente dentro dos
limites da área do Parque Ecológico.

Uso do solo
Existe na área de intervenção uma zona com assentamentos informais. Não existe
infraestruturação formal considerável, havendo, contudo, uma distinção entre dois tipos de áreas
dentro do assentamento informal. Uma em que se nota a presença de alguma cobertura vegetal,
embora o estado desta seja desconhecido e outra em que não existe cobertura vegetal notória,
numa zona central da área de intervenção.

Existem também zonas inundáveis nas cabeceiras das ravinas, que se mantiveram desocupadas
e onde se pode notar o desenvolvimento da actividade agrícola de subsistência.

Por fim, existe uma área de verde arborizado natural, que se manteve desocupada, embora haja
a distinção entre uma área em que existe pouca concentração de espécies vegetais e uma
ocupação ocasional e uma segunda área onde existe uma grande concentração de espécies
arbóreas e nenhuma ocupação significativa.

Situação fundiária
Não existe nenhum registro da ocupação fundiária da área de intervenção, contudo o
reassentamento da população requere algum tipo de levantamento

Aspectos sociais, culturais e históricos


Existem apenas documentos dispersos que falam sobre o tema, e referem-se ao município em
geral. Os levantamentos necessários para a área de intervenção, são:
• Caracterização sóciocultural
• Actividades económicas
• Histórico da ocupação

Perfil de risco
Uma das actividades relacionadas com o redução de desastres naturais que deve ser
convencionada nas actividades de planeamento físico a todos os níveis de intervenção é a
avaliação de risco. Para tal, é necessária no mínimo, uma análise de riscos múltiplos.

LICENCIATURA • 2013 4 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Esta análise envolve estudos sobre a natureza, intensidade


e propensidade de eventos extremos ao nível de
intervenção. Envolve também uma análise de
vulnerabilidade, tanto em termos das condições físicas da
população, como em mecanismos existente ou inexistentes
para fazer face a desastres. Finalmente, é necessário
avaliar a resiliência ou capacidade de superação, que
envolve estudos sobre o conhecimento quanto a como
reagir durante um evento extremo e a acessibilidade a
meios de alívio, caso aconteça.

Mapeamento participativo de risco


Os principais objectivos do mapeamento participativo de
risco são, a recolha de informação junto da comunidade,
extrair as percepções das comunidades locais quanto ao
risco de desastres naturais e criar consciência quanto à
redução de risco de desastres.

Oportunidades de desenvolvimento
Visão da comunidade
É importante perceber através de inquéritos e consultas
públicas quais as perspectivas de actividades económicas
da população. Actualmente, a actividade comercial,
industrial e portuária predominam no centro da cidade,
embora a agricultura de subsistência esteja sempre
presente.

Planeamento
Objectivos do plano
A área proposta para o Parque Ecológico tem uma inserção
urbana e é correspondente a uma das áreas propensas à
erosão que foram classificadas no Plano de Estrutura do
Município de Nacala, aprovado em 2010, como áreas de
protecção parcial com interdição completa à habitação.

Tendo estes aspectos em vista, os principais objectivos do


plano são:
1. Garantir a segurança física dos habitantes do Município,
face o risco de deslizamentos de terra desencadeados pelos
processos erosivos na zona;
2. promover a educação quando à redução de risco de
desastres, adaptação a mudanças climáticas e conservação
ambiental;
3. promover a exploração de recursos não madeireiros em
áreas florestais;
4. promover alternativas à agricultura de subsistência como
fonte de rendimento;
5. promover novas técnicas e tecnologias para práticas
Mapa 2. Mapeamento de risco Fonte: Elaborado agrícolas em solo propenso à erosão.
pela autora
LICENCIATURA • 2013 5 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Zoneamento
Os principais factores para a definição do zoneamento
foram os seguintes: o actual estado de degradação
ambiental da zona, o risco para a população e para
infraestruturas nos arredores, o potencial produtivo das
ZUCA
espécies nativas e o potencial para o desenvolvimento de
Mapa 2. Mapa de risco de actividades culturais, de educação ambiental e de redução
deslizamentos de terra Fonte: de risco de desastres.
Elaborado pela autora
Foram considerados para análise os seguintes factores:
ZRA A fraca cobertura vegetal - devido à ocupação
desordenada das áreas de encosta, foi retirada grande
parte da cobertura vegetal na zona mais susceptível à
erosão nos períodos de chuva, chegando a existir zonas
com habitação e sem qualquer vegetação que impeça o
arraste do solo ao longo de declives.

ZVE
A vulnerabilidade da população dentro e nos arredores das
zonas de risco - A população que se encontra nas zonas
de encosta, em assentamentos informais, embora esteja no
centro da cidade, habita sem condições básicas de
salubridade e infraestruturas, conseguindo o acesso a
estas últimas através de ligações ilegais e impróprias.
Uma vez que as edificações não seguem qualquer regra ou
ZRA regulamento, estão susceptíveis a danificações à medida
que se agrava a erosão do solo, estando em risco de
deslizamento de terra.
ZVE

A fraca abrangência de equipamentos culturais e


recreativos - Existem na cidade de Nacala poucos
equipamentos recreativos e poucos espaços para
manifestações culturais. A gestão da área de protecção
passa pela criação de interesse na sua manutenção e, para
além da reabilitação e criação de ecossistemas, a
instalação de equipamentos compatíveis com as áreas
ambientais auxilia na criação deste interesse.

ZFE O interesse industrial nas proximidades da área portuária -


Por se encontrar no centro da cidade, é necessário tirar
proveito dos serviços ambientais disponíveis ao nível de
pequenas indústrias. Os recursos florestais existentes
podem ser explorados e renovados, continuando a servir o
propósito de controle da erosão.

As zonas definidas foram as seguintes: a Zona de Uso


Compatível com o Ambiente (ZUCA), a Zona de Verde de
Equadramento (ZVE), a Zona de Recuperação Ambiental
Mapa 3. Zoneamento Fonte: Elaborado pela (ZRA) e a Zona Florestal de Exploração (ZFE).
autora

LICENCIATURA • 2013 6 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Zona de Uso Compatível com o Ambiente


É aquela que contém as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços da AP,
abrangendo equipamentos recreativos, comunitários e outros. Estas áreas serão escolhidas e
controladas de forma a não entrarem em conflito com o seu caráter natural, devendo localizar-se
em áreas centrais atravessadas pela rede viária proposta. O objetivo geral do maneio é o de
facilitar a recreação intensiva e educação ambiental em harmonia com o meio. Os usos permitidos
incluem a visitação pública, a fiscalização e a monitoria ambiental. Não são permitidos usos que
ponham em causa o ambiente.

Zona de Recuperação Ambiental


O objetivo geral de maneio é deter a degradação dos recursos ou restaurar a área. Esta zona
permite uso público somente para a educação. As actividades permitidas são a fiscalização, a
recuperação natural das áreas degradadas e a monitoria das actividades de recuperação,
contudo, pode ser permitida a actividade de pesquisa cientifica. Não são permitidos usos públicos,
a instalação de infraestrutura, com a excepção daquelas necessárias para a realização dos
trabalhos de recuperação ambiental.
Estão inseridas as zonas inundáveis de bacias hidrográficas, as zonas de protecção de áreas
inundáveis de bacias hidrográficas e as zonas protegidas de declive acentuado susceptível à
erosão.

Zona de Verde de Equadramento


É aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar algumas
alterações humanas. O objetivo do maneio é a manutenção de um ambiente natural com mínimo
impacto humano, apesar de oferecer acesso ao público com facilidade, para fins educativos e
recreativos, compatíveis com o uso habitacional. Os usos permitidos são para a educação
ambiental, monitoria ambiental e fiscalização, sendo permitidos equipamentos públicos de
recreação e delimitação de ciclovias e vias pedestres.

Zona Florestal de Exploração


É aquela constituída por plantações de espécies arbóreas destinadas à exploração económica de
recursos não madeireiros, mediante um controlo rigoroso em caso de abate e plantio. É
preferencial a exploração sem necessidade de abate, contudo, este é permitido caso seja
salvaguardada a presença de espécies que garantam a estabilidade do solo.

Normas gerais
• O PEMN deverá permanecer aberto à visitação pública durante sete (07) dias por semana,
sendo aberto ao público entre as 8:00 e as 17:30 horas, sendo permitida além deste
horário apenas a realização da fiscalização e de pesquisas científicas com autorização da
Chefia da AP;
• É permitida a visitação pública com objetivo educacional, de acordo com regulamento
específico previsto neste plano de maneio;
• As actividades de fiscalização deverão ser contínuas e estratégicas, abrangendo a
totalidade da área do PEMN, através das actividades de protecção e controle ambiental
previstas no presente plano de maneio;
• A colecta e captura de espécimes da fauna e da flora são permitidas somente com
finalidades científicas devidamente autorizadas pela chefia do PEMN, observando-se as
normas pertinentes;
• A caça é expressamente proibida no PEMN. ,e a prática desta actividade criminosa dentro

LICENCIATURA • 2013 7 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

dos limites de uma AP apresenta agravamento das penas previstas;


• Tanto as actividades de educação ambiental como as de pesquisa deverão ser
monitoradas, para evitar que causem danos ao património natural do PEMN e para garantir
o cumprimento de seus objectivos;
• Os resíduos sólidos produzidos no PEMN deverão ser recolhidos e destinados a um ponto
de colecta devidamente autorizado pelo Município;
• Actividades de reintrodução de fauna ou flora nativas somente poderão ocorrer após a
realização de pesquisas e pareceres técnicos favoráveis.

Estratégia de execução
Plano de reassentamento preventivo
A implantação do projecto implica o reassentamento de famílias que vivem nas zonas de risco.
Deve ser feito um plano de reassentamento com a consulta da comunidade afectada.

Medidas para a mitigação da erosão


Existem 2 opções para intervenções de mitigação em áreas com risco de erosão. As estruturais e
as não-estruturais. As estruturais consistem na realização de obras de engenharia em várias
escalas. Desde a construção de diques de contenção à colocação de gabiões e revegetação da
área em risco, tirando proveito dos serviços ambientais de protecção contra riscos naturais e
controle da erosão. As não estruturais relacionam-se com a mudança cultural e comportamental e
outras que tenham como finalidade permitir o desenvolvimento das comunidades em harmonia
com os ecossistemas naturais ou modificados pelo homem.

Medidas estruturais
Sistema de drenagem de águas pluviais
Para que a água da chuva não escorra por uma superfície ampla e cause a erosão do solo, é
necessário desenhar um sistema de caminhos para a drenagem da água, devidamente
dimensionado, considerando os níveis pluviométricos actuais, mas dando alguma flexibilidade
para ampliação, caso o cenário das mudanças climáticas o torne necessário.

Diminuição de declive
Em terrenos muito inclinados e em ravinas, é necessário diminuir a velocidade de escoamento da
água, para mitigar o processo de erosão do solo. O objectivo é remodelar o terreno para que
existam menos superfícies lisas de escoamento de água, melhorando as condições para o
crescimento de cobertura vegetal. São feitos cortes e enchimentos nas áreas com maior declive
para garantir que, no processo de reflorestamento, exista acesso à água.

LICENCIATURA • 2013 8 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Figura 1.Método de controlo de erosão em ravinas através da remodelação do terreno. Fonte: Mitigation
and Intervention Techniques related to MHP projects - energypedia.info

Reflorestamento
Existem três tipos de regeneração florestal através da implantação de povoamentos, a
regeneração natural, o plantio de mudas e a semeadura directa.
A regeneração natural tem como pré-requisito a existência de árvores adultas que garantam o
abastecimento de sementes. Se ocorre um adequado abastecimento de sementes de qualidade,
este método providencia uma alternativa prática e de baixo custo, embora dependa muito do
clima. As principais vantagens são:
- o baixo custo de estabelecimento;
- não requer equipamento pesado para o preparo de solo e os trabalhos são simples;
- pouco distúrbio do solo.

As principais desvantagens são:


- pouco controlo sobre o espaçamento e densidade;
- perda de incremento devido à presença de árvores porta sementes;
- exigência de cortes pré-comerciais;
- possível retardamento de regeneração do povoamento quando a produção de sementes é
baixa.

O plantio de mudas é a forma mais segura de iniciar um povoamento, mas é também a forma
mais cara, pois exige a aquisição de mudas, construção de viveiros e mão de obra especializada.

A semeadura direta é uma prática mais barata do que o plantio, porque envolve menos
equipamento e estrutura necessária, contudo, sementes de alta qualidade têm altos custos e há
pouca disponibilidade no mercado. O sucesso depende muito das condições climáticas e existe
mais risco de a sobrevivência ser baixa devido à exposição das sementes. A semeadura direta é
uma técnica versátil de reflorestamento que pode ser usada na maioria dos sítios. É aplicável
onde a fonte de sementes não é adequada ou disponível e onde as condições do solo tornam o
plantio difícil. Este foi um método desenvolvido para ser rápido, barato e flexível.

O método aplicado para a semeadura depende da característica do terreno. Por exemplo, em


terrenos inclinados, pode ser usada a técnica de hidro semeadura, que implica o uso de uma
cobertura na superfície do solo feita com terra e estrume ou palha (mulch), para prevenir que as
sementes se espalhem.

LICENCIATURA • 2013 9 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Figura 2 Representação da técnica de semeadura direta em terreno inclinado. Fonte:


http://www.nativerevegetation.org

Plantio de Vetiver
O Vetiver destaca-se pela sua rusticidade, podendo vegetar em condições de solo e clima
extremas, onde nenhuma outra espécie sobreviveria, e apresenta, características fisiológicas
como:
- Tolerância a variações climáticas extremas: secas prolongadas, inundações e submersões, e
temperaturas.
- Altamente tolerante às adversidades: elevado níveis de acidez, alcalinidades, salinidades e
sodicidades.
‐ Altamente eficiente na absorção de nutrientes dissolvidos, como N (nitrogênio) e P (fósforo), Al
(alumínio), Mn (manganês) e metais pesados como As (arsênico), Cd (cádmio), Cr (cromo), Ni
(níquel), Pb (chumbo), Hg (mercúrio), Se (selênio) e Zn (zinco) em solos e águas contaminadas;
- Alto nível de tolerância a herbicidas e pesticidas.

Fazendo uma comparação entre o Vetiver e as estruturas de alvenaria empregadas comummente


na contenção de encostas, o sistema radicular do Vetiver funciona como um tirante vivo. O
posicionamento maciço das suas raízes, exclusivamente verticais, faz do Vetiver uma eficiente
ferramenta na estabilização de solos e no controle da erosão, com custos de implantação que
chegam a custar 500 vezes menos do que qualquer outra tecnologia até hoje conhecida.

A propagação do Vetiver é exclusivamente por subdivisão das touceiras, a planta é estéril e não
produz sementes capazes de germinarem ou qualquer outro mecanismo de reprodução
vegetativa. Essa característica de esterilidade do Vetiver é de grande importância ambiental, o
VETIVER não “escapa” da área de cultivo, e não apresenta riscos de disseminar
indiscriminadamente e transformar‐se numa praga ambiental, como a maior parte das espécies
atualmente empregadas em bio-remediações. Para o plantio de Vetiver ser empregado na
estabilização de solos e o controle da erosão, recomenda-se o plantio em nível, em
espaçamentos intercalados entre plantas que variam de 10 a 15 centímetros e entrelinhas
intercaladas com no mínimo 1 metro entre os seus renques. (Figura 3)

LICENCIATURA • 2013 10 / 11
PLANO DE MANEIO- PARQUE ECOLÓGICO MUNICIPAL DE NICANDAVALA

Figura 3. Espaçamento entre linhas no plantio de Figura 4 Planta Vetiver adulta. Fonte:
Vetiver. Fonte: O cultivo do vetiver chrysopogon http://vetivernetinternational.blogspot.com
zizanioides (l.) roberty para a estabilização do solo e o
controle da erosão.
Medidas não estrututrais
As principais medidas não estruturais são:
• Zoneamento urbano, fazendo um uso racional do espaço;
• implementação de legislação de segurança e de normas técnicas relacionadas com a
redução de risco de desastres;
• promoção de obrigatoriedade de relatórios de segurança contra desastres;
• promoção de tecnologias, de normas e de procedimentos técnicos relacionados com
incremento de segurança intrínseca dos sistemas;
• promoção da mudança cultural e comportamental e de educação pública, objectivando a
redução de vulnerabilidades das comunidades em risco;
• promoção de apoio ao planeamento e gestão da prevenção de desastres (avaliação e
redução de riscos de desastres).

Projectos específicos
1. Proposta para a implantação de trilhas
2. Edifício da gestão da Reserva
3. Cinema ao ar livre
4. CERUM- Centro de Recursos e Uso Múltiplo
5. Centro de investigação
6. Biblioteca Municipal
7. Centro infantil

Monitoria e avaliação
Para a gestão das áreas naturais do parque é necessária a elaboração do:
• Programa de monitoria
• Programa de fiscalização

LICENCIATURA • 2013 11 / 11
LICENCIATURA • 2013

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