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Gestão de

Recursos
Federais de
Defesa Civil
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

Gestão de
Recursos
Federais de
Defesa Civil
2ª Edição

2014
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Dilma Vana Rousseff
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
Francisco José Coelho Teixeira
SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
Adriano Pereira Júnior
DIRETOR DO CENTRO NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RISCOS E DESASTRES – CENAD
Élcio Alves Barbosa
DEPARTAMENTO DE ARTICULAÇAO E GESTÃO
Alziro Alexandre Gomes
DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES
Armin Augusto Braun
DEPARTAMENTO DE REABILITAÇÃO E DE RECONSTRUÇÃO
Paulo Roberto Farias Falcão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Beatriz Ferreira Angelo de Deus


Professora Roselane Nekel, Dra. Jairo Ernesto Bastos Krüger
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade José Marcos Tesch
Federal de Santa Catarina Marilia Offemann Skowronski
Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. Pedro Paulo de Souza
Revisão de Conteúdo
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS SOBRE DESASTRES Graziela Bonin
Diretor Geral Pedro Paulo de Souza
Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Revisão de Conteúdo SEDEC
Anderson da Cruz Neves
Diretor Técnico e de Ensino
Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. Luiz Claudio de Freitas
Maria Cristina Dantas
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E Raquel Trombini
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Sônia Aparecida Godoy Bezzan
Superintendente Geral
Professor Gilberto Vieira Ângelo, Dr. Coordenação Gráfica
Denise Aparecida de Bunn
EXECUÇÃO DO PROJETO
Revisão de Português
Supervisão do Projeto
Sergio Luiz Meira
Beatriz Ferreira Angelo de Deus
Jairo Ernesto Bastos Krüger Projeto Gráfico
Pedro Paulo de Souza Studio Digital
Elaboração do Conteúdo Diagramação
Antonio Victorino Avila Cláudio José Girardi

Ficha Catalográfica

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos


e Pesquisas sobre Desastres.
Gestão de recursos federais de Defesa Civil / Centro Universitário de Estudos e
Pesquisas sobre Desastres. – 2. ed. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2014.
252 p. : il. color. ; 30 cm.

ISBN 978-85-68652-00-8

1. Defesa Civil. 2. Recursos federais. 3. Administração pública. 4. Município. 5.


Estado. I. Universidade Federal de Santa Catarina. III. Centro Universitário de
Estudos e Pesquisas sobre Desastres. I. Título.

CDU 35

Catalogação na publicação por: Graziela Bonin – CRB14/1191.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0


Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.
Lista de Figuras

Figura 1 – Linha do tempo de um desastre.............................................................................22


Figura 2 – Ações de recuperação.......................................................................................... 26
Figura 3 – Ciclo de gestão em proteção e defesa civil............................................................ 26
Figura 4 – Formas de repasses federais de defesa civil...........................................................35
Figura 5 – Ilustração de convênios e transferências obrigatórias............................................36
Figura 6 – Despesas da União................................................................................................36
Figura 7 – Fluxo do processo para convênios..........................................................................39
Figura 8 – Fluxo do processo para ações de resposta.............................................................40
Figura 9 – Fluxo do processo para ações de recuperação.......................................................41
Figura 10 – Linha de gravidade do desastre...........................................................................47
Figura 11 – Procedimentos necessários para envio de proposta............................................ 60
Figura 12 – Definição do programa........................................................................................62
Figura 13 – Seleção de objeto do programa proposto............................................................62
Figura 14 – Cadastro de valores.............................................................................................62
Figura 15 – Complementação de proposta.............................................................................63
Figura 16 – Finalização do cadastro...................................................................................... 66
Figura 17 – Metas e etapas de um Plano de Trabalho..............................................................91
Figura 18 – Construção de uma ponte................................................................................... 94
Figura 19 – Estabilização de uma encosta............................................................................. 94
Figura 20 – Documentação necessária à assinatura do Termo de Convênios........................100
Figura 21 – Documentos necessários à liberação da primeira parcela dos recursos..............100
Figura 22 – Documentação necessária à formalização da transferência federal de
recursos para as ações de Resposta.................................................................................... 101
Figura 23 – Documentação necessária à formalização da
transferência obrigatória para Recuperação........................................................................ 102
Figura 24 – Fluxo básico da tramitação entre o reconhecimento federal
e a liberação de recurso....................................................................................................... 103
Figura 25 – Gráfico de Gantt................................................................................................129
Figura 26 – Fase interna de licitação.................................................................................... 150
Figura 27 – Fase externa da licitação.................................................................................... 156
Figura 28 – Contrato administrativo X Convênio..................................................................169
Figura 29 – Relatório de Execução....................................................................................... 195
Figura 30 – Relatório de Execução.......................................................................................196
Figura 31 – Relatório de Execução........................................................................................196
Figura 32 – Relatório de Gastos............................................................................................206
Figura 33 – Relatório de Gastos............................................................................................ 207
Figura 34 – Relatório de Gastos........................................................................................... 207
Figura 35 – Ponte sobre o Rio São João................................................................................219
Figura 36 – Área de risco: encosta na Rua Joaquim Palmeira................................................220
Figura 37 – Ponte das Bandeiras..........................................................................................220
Figura 38 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais........................................... 221
Figura 39 – Massa rompida na Avenida Prudente de Morais................................................. 221
Figura 40 – Malha urbana do município de Nova Resiliência................................................ 222
Figuras 41 e 42 – Ausência de pavimentação na comunidade do bairro Terra Vermelha........ 222
Figuras 43 e 44 – Estrada vicinal do município de Nova Resiliência...................................... 223
Figura 45 – Posto de Saúde da Beira Baixa destruído pela inundação................................... 223
Figuras 46 e 47 – Casas que foram inundadas......................................................................224
Figura 48 – Casa destruída pela inundação..........................................................................224
Figura 49 – Rua principal da localidade da Beira Baixa sem pavimentação........................... 225
Figura 50 – Novo acesso da Beira Baixa ao Centro............................................................... 225
Figura 51 – Escola danificada pelo desastre.........................................................................226
Figuras 52 – Córrego Tupiri no centro da cidade...................................................................226
Figura 53 – Canal do Pessegueiro que deve ser recomposto................................................. 227
Figura 54 – Centro de Convivência do município parcialmente destruído............................. 227
Figuras 55 e 56 – Rodovia estadual com 3 km de estrada destruída......................................228
Figura 57 – Sistema de abastecimento danificado devido ao desastre..................................228
Figura 58 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais........................................... 234
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Demonstrativo dos desastres de maior incidência, por região e


em porcentagem.................................................................................................................. 31
Tabela 2 – Descrição das metas e itens.................................................................................. 74
Tabela 3 – Cronograma físico-financeiro............................................................................... 92
Tabela 4 – Plano de aplicação................................................................................................93
Tabela 5 – Atividades e as fontes dos recursos financeiros................................................... 110
Tabela 6 – Discriminação das despesas com o projeto de ponte.......................................... 117
Tabela 7 – Discriminação das despesas com Plano Diretor de Drenagem Urbana ......................117
Tabela 8 – Exemplo de um cronograma físico-financeiro.....................................................128
Tabela 9 – Limite de valores das modalidades de licitação...................................................149
Tabela 10 – Preços diferentes para cada serviço................................................................... 236
Tabela 11 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................242
Tabela 12 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................242
Tabela 13 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................242
Tabela 14 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................243
Tabela 15 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................243
Tabela 16 – Dados de Nova Resiliência................................................................................243
Tabela 17 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................244
Tabela 18 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................244
Tabela 19 – Dados de Nova Resiliência................................................................................244
Tabela 20 – Dados de Nova Resiliência................................................................................244
Tabela 21 – Dados de Nova Resiliência.................................................................................245
Tabela 22 – Dados de Nova Resiliência................................................................................245
Lista de Quadros

Quadro 1 – Diplomas legais que regem e orientam a aplicação de recursos


federais de Defesa Civil........................................................................................................41
Quadro 2 – Tipos de desastres.............................................................................................. 48
Quadro 3 – Informações referentes ao PAC2 ............................................................................................56
Quadro 4 – Programas federais correlatos............................................................................. 57
Quadro 5 – Elementos constituintes do Projeto Básico ...................................................................... 121
Quadro 6 – Conteúdo dos projetos para obras de edificação ............................................................ 122
Quadro 7 – Exemplos de estudos técnicos preliminares para as obras mais frequentes........ 125
Quadro 8 – Diretrizes da fase interna................................................................................... 151
Sumário

Apresentação................................................................................................ 17
Unidade 1 — Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação
de Anormalidade
1.1  Conceitos Fundamentais...........................................................................................21
1.1.1  Conceitos e Noções Gerais de Defesa Civil.........................................................21
1.1.2  Política Nacional de Proteção e Defesa Civil...................................................... 27
1.1.3  Desastres mais Frequentes no Brasil e Formas de Prevenção e Mitigação.......... 31
1.2  Modalidades de Recursos..........................................................................................34
1.2.1  Prevenção, Mitigação, Preparação, Resposta e Recuperação: como se
dá o repasse?..............................................................................................................34
1.2.2  Convênios e Transferências Obrigatórias...........................................................35
1.2.3  Naturezas de Despesa: custeio e investimento .............................................................. 36
1.2.4  Forma de Pagamento: CPDC ou movimentação de conta corrente específica ������ 38
1.2.5  Fluxos Básicos das Modalidades de Transferências de Recursos Disponíveis
na SEDEC...................................................................................................................39
1.2.6  Legislação Correlata..........................................................................................41
1.2.7  Lei n. 12.983/14................................................................................................ 44
1.3  Situação de Anormalidade........................................................................................ 46
1.3.1 Decretação....................................................................................................... 46
1.3.2  Reconhecimento Federal.................................................................................. 48
1.4  Revisão da Unidade...................................................................................................51

Unidade 2 — Formas de Obtenção de Recursos Federais


2.1  Ações de Prevenção, Mitigação e Preparação............................................................55
2.1.1  “PAC Prevenção”...............................................................................................55
2.1.2  Programas Federais para Convênios..................................................................56
2.1.3  Obtenção de Recursos Via OGU e Via Emendas Parlamentares..........................59
2.1.4  Envio de Propostas para Convênios.................................................................. 60
2.1.4.1  Cadastramento do proponente ........................................................................................ 61
2.1.4.2  Localização do programa...............................................................................61
2.1.4.3  Cadastramento da proposta...........................................................................61
2.1.4.4  Preenchimento das abas................................................................................63
2.1.4.4.1  Aba “Dados”................................................................................................63
2.1.4.4.2  Aba “Participantes”.....................................................................................65
2.1.4.5 Finalização.................................................................................................... 66
2.1.5  Objetos Elegíveis.............................................................................................. 66
2.2  Ações Pós-Desastre............................................................................................ 68
2.2.1 Resposta.......................................................................................................... 68
2.2.1.1  Plano detalhado de resposta .............................................................................................69
2.2.1.1.1  Dados cadastrais.........................................................................................70
2.2.1.1.1.1 Proponente...............................................................................................70
2.2.1.1.1.2  Coordenador de defesa civil......................................................................70
2.2.1.1.1.3  Responsável pelos recursos materiais....................................................... 71
2.2.1.1.1.4  Responsável pelos recursos financeiros .................................................... 71
2.2.1.1.1.5  Dados bancários do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC)............ 72
2.2.1.1.2  Informações do desastre............................................................................. 72
2.2.1.1.3  Solicitação de recursos materiais para assistência humanitária.................... 73
2.2.1.1.4  Solicitação de recursos financeiros.............................................................. 73
2.2.1.1.4.1  Ações para socorro e assistência às vítimas............................................... 73
2.2.1.1.4.2  Ações para restabelecimento de serviços essenciais................................. 74
2.2.1.1.4.3  Quadro resumo dos recursos financeiros solicitados................................. 75
2.2.1.1.5  Termo de compromisso............................................................................... 75
2.2.1.1.6  Disposições gerais....................................................................................... 75
2.2.1.2  Cartão de Pagamento de Defesa Civil.............................................................76
2.2.1.2.1  Passos para a obtenção do CPDC................................................................. 77
2.2.1.2.2  Dúvidas frequentes em relação ao CPDC.....................................................81
2.2.2 Recuperação.................................................................................................... 86
2.2.2.1  Plano de trabalho ................................................................................................................. 87
2.2.2.1.1  Número da versão.......................................................................................87
2.2.2.1.2  Dados cadastrais.........................................................................................87
2.2.2.1.3  Outros partícipes.........................................................................................88
2.2.2.1.4  Descrição do projeto.................................................................................. 89
2.2.2.1.4.1 Objeto ...............................................................................................................................89
2.2.2.1.4.2  Período total de execução....................................................................... 90
2.2.2.1.4.3 Justificativa............................................................................................. 90
2.2.2.1.5  Cronograma físico-financeiro......................................................................91
2.2.2.1.6  Plano de aplicação..................................................................................... 92
2.2.2.1.7  Cronograma de desembolso........................................................................93
2.2.2.2  Relatório de diagnóstico...............................................................................93
2.3  Revisão da Unidade...................................................................................................95

Unidade 3 — Termo de Referência e Projeto Básico


3.1  Formalização do Instrumento de Transferência e Liberação da Primeira Parcela 99
3.1.1  Documentação Institucional............................................................................. 99
3.1.1.1 Convênios...................................................................................................... 99
3.1.1.2  Transferência obrigatória para ações de resposta .................................................... 100
3.1.1.3  Transferência obrigatória para ações de recuperação.................................... 101
3.1.1.4  Fluxo básico.................................................................................................. 103
3.2  Contratação de Estudos e Projetos.......................................................................... 103
3.2.1  Termo de Referência........................................................................................104
3.2.2  Destaque na Jurisprudência do TCU................................................................ 119
3.3  Projeto Básico.........................................................................................................120
3.3.1  Estudos Técnicos Preliminares.........................................................................124
3.3.2  Peças Técnicas Mínimas................................................................................... 125
3.3.2.1 Desenho....................................................................................................... 125
3.3.2.2  Memorial de cálculo dos dimensionamentos................................................ 125
3.3.3 Orçamento .....................................................................................................126
3.3.3.1  Planilha de Custos e Serviços ........................................................................ 127
3.3.3.2  Composição de Custo Unitário de Serviço .................................................... 127
3.3.3.3  Caderno de encargos....................................................................................129
3.3.3.4  Memorial descritivo...................................................................................... 130
3.3.3.5  Especificação técnica.................................................................................... 130
3.4  Documentos Complementares................................................................................ 131
3.4.1  Pontos Críticos do Orçamento......................................................................... 132
3.4.2  Jurisprudência do TCU e Erros mais Frequentes............................................... 133
3.4.3  Obras Provisórias em Ações de Resposta: laudo técnico e licenciamentos....... 134
3.5  Revisão da Unidade................................................................................................. 135

Unidade 4 — Licitação e Contratos


4.1  Licitação: revisão básica.......................................................................................... 139
4.1.1  Conceito e Noções Gerais................................................................................ 139
4.1.2  Roteiros Práticos............................................................................................. 141
4.1.2.1  Concorrência, Tomada de Preço e Convite – tipo menor preço...................... 141
4.1.2.2  Concorrência e Tomada de Preços – tipo técnica e preço.............................. 143
4.1.2.3  Pregão Eletrônico......................................................................................... 147
4.2  Licitação: Jurisprudência do TCU.............................................................................148
4.2.1  Escolhas da Modalidade e Tipo........................................................................148
4.2.2  Fase Interna.................................................................................................... 150
4.2.3  Procedimentos para a Abertura do Processo Licitatório.................................. 151
4.2.4  Obras e Serviços de Engenharia...................................................................... 152
4.2.5  Fase Externa................................................................................................... 156
4.3  Contratação Direta: Jurisprudência do TCU............................................................. 159
4.3.1  Conceito e Noções Gerais................................................................................ 159
4.3.2  Licitação Dispensada...................................................................................... 161
4.3.3  Licitação Dispensável: emergência x urgência .............................................................. 164
4.4  Contratos: jurisprudência do TCU............................................................................168
4.4.1  Conceito e Noções Gerais................................................................................168
4.4.2 Formalização..................................................................................................169
4.4.3  Cláusulas Necessárias..................................................................................... 170
4.4.4  Cláusulas Exorbitantes.................................................................................... 171
4.4.5 Execução........................................................................................................ 172
4.4.6  Acompanhamento e Fiscalização.................................................................... 172
4.4.7  Subcontratação e Sub-rogação....................................................................... 174
4.4.8  Reajuste de Preços.......................................................................................... 175
4.4.9 Alteração........................................................................................................ 176
4.4.10  Acréscimo ou Supressão, Jogo de Planilha.....................................................177
4.4.11  Equilíbrio Econômico-Financeiro................................................................... 179
4.4.12 Prorrogações................................................................................................ 181
4.4.13  Roteiro Prático para Contratos Administrativos............................................. 183
4.5  CGU: erros mais frequentes verificados em obras de defesa civil.............................186
4.6  Revisão da Unidade................................................................................................. 187

Unidade 5 — Aplicação de Recursos e Prestação de Contas


5.1  Aplicação de Recursos............................................................................................. 191
5.1.1  Competências da SEDEC e do Convenente...................................................... 191
5.2  Prevenção: estudos, projetos e obras...................................................................... 191
5.2.1  Fiscalização da Execução................................................................................. 191
5.2.2  Atualização no SICONV...................................................................................192
5.2.3  Relatório de Execução.....................................................................................192
5.2.3.1 Cabeçalho.................................................................................................... 193
5.2.3.2 Escopo......................................................................................................... 193
5.2.3.3  Prazos e custos.............................................................................................194
5.2.3.4 Contratos.....................................................................................................194
5.2.3.5 Conclusão.....................................................................................................194
5.2.3.6 Anexos......................................................................................................... 195
5.2.4  Solicitação de Parcelas....................................................................................196
5.2.5  Ajuste do Plano de Trabalho............................................................................196
5.2.6  Termo Aditivo................................................................................................. 197
5.2.7  Revisões de Projeto.........................................................................................198
5.3  Recuperação: estudos, projetos e obras...................................................................198
5.3.1  Fiscalização da Execução.................................................................................198
5.3.1.1  Relatório de progresso..................................................................................198
5.3.1.2 Cabeçalho....................................................................................................199
5.3.1.3 Escopo..........................................................................................................199
5.3.1.4  Prazos e custos.............................................................................................199
5.3.1.5 Contratos.....................................................................................................200
5.3.1.6 Conclusão.....................................................................................................200
5.3.1.7 Anexos.......................................................................................................... 201
5.3.2  Solicitação de Parcelas.................................................................................... 201
5.3.3  Prorrogação de Prazos....................................................................................202
5.3.4  Adequação de Metas.......................................................................................202
5.3.5  Revisão de Projeto..........................................................................................202
5.4  Ações de Resposta.................................................................................................. 203
5.4.1  Relatório de Gastos......................................................................................... 203
5.4.1.1 Cabeçalho.................................................................................................... 203
5.4.1.2 Escopo......................................................................................................... 203
5.4.1.3  Prazos e custos.............................................................................................204
5.4.1.4 Contratos.....................................................................................................205
5.4.1.5 Conclusão.....................................................................................................205
5.4.1.6 Anexos.........................................................................................................206
5.4.2  Documentação da Fiscalização.......................................................................208
5.4.3  Revisões do Plano de Trabalho........................................................................208
5.5  Prestação de Contas Final........................................................................................209
5.5.1 Convênios.......................................................................................................209
5.5.2  Transferências Obrigatórias.............................................................................210
5.5.2.1 Resposta......................................................................................................210
5.5.2.2 Recuperação................................................................................................ 211
5.6  Tomada de Contas Especial.....................................................................................212
5.7  Revisão Final: roteiros básicos................................................................................. 213
5.7.1 Prevenção....................................................................................................... 213
5.7.2 Resposta.........................................................................................................214
5.7.3 Recuperação.................................................................................................... 215

Unidade 6 — Casos Práticos


1° Dia.....................................................................................................................219
Estudo de Caso 1: modalidade adequada de recursos.....................................................219

2º Dia.....................................................................................................................229
Estudo de Caso 1: decretação e reconhecimento de situação anormal...........................229
Estudo de Caso 2: plano detalhado de resposta ............................................................. 230
Estudo de Caso 3: plano de trabalho de reconstrução..................................................... 230

3° Dia.....................................................................................................................232
Estudo de Caso 1: decretação e reconhecimento de situação anormal........................... 232
Estudo de Caso 2: plano detalhado de resposta.............................................................. 233
Estudo de Caso 3: plano de trabalho de reconstrução e relatório de diagnóstico ����������� 234

4° DIA....................................................................................................................236
Estudo de Caso 1: pontos críticos do orçamento.............................................................236
Estudo de Caso 2: aditivo contratual com acréscimos e supressões................................ 237
Estudo de Caso 3: licitação x dispensa; modalidade........................................................ 237
Estudo de Caso 4: simulação de uso do CPDC................................................................. 238

5º Dia.................................................................................................................... 240
Estudo de Caso 1: licitação x dispensa; modalidade........................................................240
Estudo de Caso 2: prorrogação de contrato (licitação/contratação direta)......................240
Estudo de Caso 3: relatório de progresso........................................................................241

Anexo A – Informações Básicas de Nova Resiliência.............................................. 242

Referências.................................................................................................247
Apresentação

Este livro é fruto do curso “Recursos Federais de Defesa Civil”, promovido


pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) com o propósito
de capacitar agentes de defesa civil e gestores integrantes da administração
pública estadual e municipal no processo de captação, aplicação e prestação
de contas de recursos federais.
O objetivo é orientar os proponentes ao longo de todo o processo, partindo
da solicitação de reconhecimento federal quanto à situação de anormalidade,
passando pelas instruções de preenchimento dos formulários para pedido
de recursos e pelos padrões a serem observados na elaboração dos projetos
de engenharia, alcançando a fiscalização da execução das obras e chegando,
finalmente, às prestações de contas dos recursos federais recebidos e empregados
na realização do objeto pactuado.
O material detalha as exigências legais e os procedimentos vigentes na
SEDEC, apontando recomendações e determinações do Tribunal de Contas da
União e da Controladoria-Geral da União. Entretanto, não se pretende esgotar o
tema, cabendo ao tomador dos recursos a inteira responsabilidade pela ciência
da legislação em vigor.
Unidade 1
Conceitos
Fundamentais,
Modalidades de
Recursos e Situação de
Anormalidade
1 Conceitos Fundamentais,
Modalidades de Recursos e
Situação de Anormalidade

1.1  Conceitos Fundamentais

Nesta unidade são apresentados alguns conceitos


básicos de proteção e defesa civil, a nova Política Nacio-
nal de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) , e formas de
prevenção dos desastres mais comuns no país.

1.1.1  Conceitos e Noções Gerais de Defesa Civil

Para padronizar o entendimento, consideramos os seguintes conceitos


adotados pela SEDEC:

••
Desastre: resultado de eventos adversos, naturais ou
provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável, causando
grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou
sociedade, envolvendo extensivas perdas e danos humanos,
materiais ou ambientais que excedem a sua capacidade de
lidar com o problema usando meios próprios, e consequentes
prejuízos econômicos.
••
Intensidade: a intensidade de um desastre depende da interação
entre a magnitude do evento adverso e a vulnerabilidade do
sistema; e é quantificada em função de danos e prejuízos.
••
Risco: relação existente entre a probabilidade de uma ameaça
de evento adverso e o grau de vulnerabilidade de o cenário se
converter em desastre.
••
Dano: resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais
infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e
aos ecossistemas, como consequência de um desastre.
••
Vulnerabilidade: nível de insegurança intrínseca de um cenário
frente a um evento adverso determinado.

21
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Ameaça: indício de ocorrência de um fenômeno adverso,
atividade humana ou qualquer condição com intensidade ou
severidade suficientes para causar perda de vidas, danos ou
impactos à saúde humana, à economia, à infraestrutura e ao
meio ambiente.
••
Prejuízo: medida de perda relacionada com o valor econômico,
social e patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias
de desastre.
••
Recursos: conjunto de bens materiais, humanos, institucionais
e financeiros utilizáveis nas ações de proteção e defesa civil.

A Figura 1 apresenta a linha de tempo de um desastre. Cada fase compreende


a execução de ações essencialmente distintas, porém inter-relacionadas, a saber:

Figura 1 – Linha do tempo de um desastre

Fonte: SEDEC (2014)

I – Fase da Normalidade

Esta fase é integrada por ações de Prevenção, Mitigação e Preparação.

a) Prevenção: medidas adotadas com antecedência para evitar a


instalação de situações de risco e para evitar que as situações de
risco instaladas se convertam em desastres, inclusive por meio
de ações de planejamento e gestão territorial. Por exemplo,
uma regulamentação sobre o uso do solo que não permita o
estabelecimento de novos assentamentos em zonas de alto

22
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

risco, acompanhada de uma ação de realocação dos ocupantes


dessas áreas e de um programa de permanente fiscalização,
eliminando a vulnerabilidade dessa população beneficiada. É
importante ressaltar que são raros (e muito onerosos) os casos
em que uma atuação com foco na ameaça consiga eliminar por
completo o risco (Figura 2).
b) Mitigação: medidas destinadas a diminuir ou limitar a
configuração de situação de risco. Frequentemente não se pode
prevenir todos os impactos adversos das ameaças, mas se pode
diminuir consideravelmente sua escala e severidade mediante
diversas estratégias e ações. Como na maior parte das vezes não
é possível se evitar por completo os riscos dos desastres (ou o
custo para tal ação seria impraticável), aplicam-se usualmente
medidas mitigatórias que buscam reduzir as consequências do
evento, caso se materialize. Um exemplo é a construção de uma
bacia de detenção, o popular “piscinão”, usada para reduzir a
frequência de inundação de uma determinada zona urbana.
c) Preparação: medidas anteriores ao desastre destinadas a minimizar
seus efeitos e otimizar as ações de resposta e recuperação. Incluem,
por exemplo, atividades tais como o planejamento de contingências,
a reserva de equipamentos e suprimentos, o desenvolvimento de
rotinas para a comunicação de riscos, capacitações e treinamentos,
exercícios simulados de campo etc.
Nas ações de preparação, a maioria das medidas empregadas
são não estruturais, ou seja, medidas que não envolvem uma
construção física e que utilizam o conhecimento, as práticas
ou os acordos existentes para reduzir o risco e seus impactos,
especialmente por meio de políticas e legislação, para uma maior
conscientização pública mediante capacitação e educação.
Na preparação também estão incluídos os sistemas de alerta
antecipado, que representam um dos principais elementos da
redução dos danos e prejuízos de desastres. Tais sistemas não
diminuem a chance de o evento adverso ocorrer, mas evitam a
perda de vidas e diminuem os impactos econômicos e sociais
decorrentes dos desastres. No entanto, para serem eficazes,
os sistemas de alerta antecipado devem incluir ativamente as
comunidades localizadas em áreas de risco, facilitar a educação

23
Recursos Federais de Defesa Civil

e a conscientização do público em geral sobre tais riscos,


disseminar de forma eficiente e eficaz mensagens de alerta e de
alarme e garantir treinamento e preparação constantes através
de exercícios simulados de evacuação.
A preparação acaba por se tornar o antecedente de uma
mobilização eficaz, por aprestar o meio no qual poderá ocorrer
um desastre, para encarar uma situação adversa.

II – Fase pós-desastre

Esta fase é composta por dois tipos de ações: Resposta e Recuperação.

a) Resposta: medidas que visam à provisão de serviços de


socorro, assistência e reabilitação dos cenários, incluindo o
restabelecimento dos serviços essenciais, durante ou após
um desastre. A resposta diante de um desastre se concentra
predominantemente nas necessidades de curto prazo, mas
algumas se prolongam no tempo, em caráter provisório, até
que as ações de recuperação sejam concluídas. É possível, por
exemplo, que haja necessidade de se prolongar o suprimento
de água potável por carros-pipa, a provisão de alimentos e a
manutenção de abrigos temporários ou o custeio de aluguel
social até que a fase seguinte esteja concluída.
As ações de resposta classificam-se em:
••
Socorro: ações imediatas de resposta aos desastres com o
objetivo de socorrer a população atingida, incluindo a busca e
salvamento, os primeiros-socorros, o atendimento pré-hospitalar
e o atendimento médico e cirúrgico de urgência, entre outras
estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional.
••
Assistência às Vítimas: ações imediatas destinadas a garantir
condições de incolumidade e cidadania aos atingidos,
incluindo o fornecimento de água potável, a provisão e meios
de preparação de alimentos, o suprimento de material de
abrigamento, de vestuário, de limpeza e de higiene pessoal,
a instalação de lavanderias, banheiros, o apoio logístico às
equipes empenhadas no desenvolvimento dessas ações, a
atenção integral à saúde, ao manejo de mortos, entre outras
estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional.

24
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

••
Restabelecimento de Serviços Essenciais: ações de
caráter emergencial destinadas ao restabelecimento das
condições de segurança e habitabilidade da área atingida
pelo desastre, incluindo a desmontagem de edificações
e de obras-de-arte com estruturas comprometidas, o
suprimento e distribuição de energia elétrica, água potável,
esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem das
águas pluviais, transporte coletivo, trafegabilidade,
comunicações, abastecimento de água potável e
desobstrução e remoção de escombros, entre outras
estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional.
b) Recuperação: medidas que visam à reabilitação de
infraestrutura, do meio ambiente, da economia e da saúde da
comunidade atingida por um desastre, tendo como foco evitar a
instalação de novas situações de risco (Figura 2). Normalmente,
as ações de recuperação iniciam-se tão logo a situação esteja
estabilizada pelas ações emergenciais de resposta. As ações de
recuperação de infraestrutura, por sua vez, estão divididas em
reconstrução e restauração de obras afetadas por desastre,
conforme segue:
••
Ações de reconstrução: ações de caráter definitivo destinadas
a restabelecer o cenário destruído pelo desastre, como a
reconstrução ou recuperação de unidades habitacionais,
infraestrutura pública, sistema de abastecimento de água,
açudes, pequenas barragens, estradas vicinais, prédios
públicos e comunitários, cursos d’água, contenção de
encostas, entre outras estabelecidas pelo Ministério da
Integração Nacional.
••
Ações de restauração: aplicam-se às estruturas públicas
destruídas ou interditadas em definitivo (total ou parcialmente)
por ocasião de desastre, com danos pouco significativos
frente ao seu valor original. Compreendem o conjunto de
serviços necessários para recompor a obra danificada à sua
situação pré-desastre, aproveitando grande parte da estrutura
existente. Como exemplos, citam-se a recomposição de
aterros de cabeceiras e a substituição de muros de ala de
pontes danificados por desastre.

25
Recursos Federais de Defesa Civil

Figura 2 – Ações de recuperação

Fonte: Própria pesquisa (2014)

Como visto, a reconstrução de obras danificadas ocorrerá apenas nos


casos em que o custo da restauração for elevado frente ao valor estimado para a
estrutura restaurada, conforme parâmetro estabelecido pela Secretaria Nacional
de Proteção e Defesa Civil. Dessa forma, enquanto a reconstrução garante que
a nova obra esteja submetida a um nível adequado de risco, dentro do princípio
de “reconstruir melhor” (através da incorporação, se necessário, de elementos
de prevenção ou de mitigação), a restauração de estruturas pouco afetadas não
interfere neste aspecto, dentro de uma visão de racionalização da aplicação dos
recursos de transferência obrigatória pós-desastre.
A atuação da proteção e defesa civil compreende ações de: prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação. Estas ações ocorrem de forma
multissetorial e nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal),
exigindo uma ampla participação comunitária. Na Figura 3, pode-se visualizar
o ciclo de gestão em proteção e defesa civil:

Figura 3 – Ciclo de gestão em proteção e defesa civil

Prevenção e
Preparação
Mitigação

Ciclo de Gestão
em Proteção e Desastre
Defesa Civil

Recuperação Resposta

Fonte: Adaptado de UFSC (2012)

26
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

O ciclo de gestão parte do princípio de que ações contínuas possam


atuar diretamente em todas as fases de desastres recorrentes com o propósito
de mitigar os efeitos por eles causados. A cada reinício do processo objetiva-se
fazer melhor que antes.
Um exemplo dessa situação são as enxurradas recorrentes em um bairro
nos períodos chuvosos da região. Ao se verem afetados por um desastre desse
tipo, os moradores e profissionais devem agir, em ação de resposta, a favor
das vítimas, buscando moradores ilhados nos carros, ônibus e casas. Também
são necessárias medidas de restabelecimento dos serviços essenciais, como
a remoção de lama, tamponamento provisório de erosões provocadas nas
vias urbanas etc. Após alguns dias, ao fim das ações de resposta, iniciam-se as
ações de recuperação, realizando-se os levantamentos técnicos, elaborando-se
os projetos de engenharia e refazendo-se a pavimentação das vias afetadas.
Todavia, já se inclui, como elemento de mitigação, a realização do sistema de
drenagem superficial e profunda das vias recuperadas (bocas de lobo, galerias de
drenagem etc.), de forma que o risco de um desastre semelhante seja aceitável
a partir desta obra. Mas não se para por aí: o município pode buscar a realização
de medidas preventivas de desastres, como a proibição (com fiscalização) da
ocupação de novas zonas onde a supressão vegetal criará novas áreas de risco
de desastre por enxurrada. Como preparação, pode desenvolver um sistema de
alerta aos moradores sobre a possibilidade de ocorrência de chuvas fortes em
determinado período. Tais ações, ano após ano, objetivam reduzir o risco e o
dano trazidos pelo evento recorrente.

1.1.2  Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

A Proteção e Defesa Civil no Brasil estão organizadas sob a forma de


sistema, composto por um conjunto de órgãos e entidades da administração
pública federal, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e pelas
entidades privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil.
Seus objetivos são planejar e promover a defesa permanente contra desastres,
naturais ou provocados pelo homem, e atuar em situações de emergência e em
estados de calamidade pública.
A Lei n. 12.608/12 dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa
Civil (SINPDEC), o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC) e
institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), que abrange
as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas
à proteção e defesa civil.

27
Recursos Federais de Defesa Civil

A PNPDEC apresenta diretrizes e objetivos que se integram às políticas


de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente,
mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura,
educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a
promoção do desenvolvimento sustentável.
Por isso, foram atribuídas competências à União, estados, Distrito Federal
e municípios, e não mais a órgãos isolados. Agora, de acordo com a sua função e
posição na estrutura governamental, todos os órgãos, articuladamente, devem
adotar medidas para a redução de desastres.
Por exemplo, o Plano Plurianual 2012-2015 – Plano mais Brasil, instituído
pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, arrola objetivos, define
metas e estabelece o Programa 2040 – Gestão de Riscos e Resposta a Desastres
com iniciativas a cargo dos ministérios envolvidos, a saber:

••
Ao Ministério da Integração Nacional, cabe promover ações de
pronta resposta e reconstrução de forma a restabelecer a ordem
pública e a segurança da população em situações de desastre
em âmbitos nacional e internacional; expandir o mapeamento
de áreas de risco com foco em municípios recorrentemente
afetados por inundações, enxurradas e deslizamentos, para
orientar as ações de defesa civil; e induzir a atuação em rede dos
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa
Civil em apoio às ações de defesa civil, em âmbitos nacional e
internacional, visando à prevenção de desastres;
••
Ao Ministério de Minas e Energia, cabe realizar o mapeamento
geológico-geotécnico com foco nos municípios recorrentemente
afetados por inundações, enxurradas e deslizamentos para
orientar a ocupação do solo;
••
Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cabe promover
a estruturação de sistema de suporte a decisões e alertas de
desastres naturais;
••
Ao Ministério das Cidades, cabe promover a prevenção de
desastres com foco em municípios mais suscetíveis a inundações,
enxurradas e deslizamentos, por meio de instrumentos de
planejamento urbano e ambiental, monitoramento da ocupação
urbana e implantação de intervenções estruturais e emergenciais.

28
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

Naturalmente que os principais papéis são desempenhados pela Secretaria


Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), órgão central da Proteção e Defesa
Civil no País, coadjuvada pelos órgãos de proteção e defesa civil nos estados e
municípios. Além de assistir ao Ministro de Estado no planejamento e promoção
da defesa permanente contra as calamidades públicas, como membro efetivo
do SINPDEC, a SEDEC é responsável pela coordenação e articulação dos órgãos
e entidades que compõem esse sistema, particularmente no esforço de alterar a
cultura de pensar em proteção e defesa civil só quando da ocorrência de desastres.
Nos Estados, este papel é exercido pelos órgãos Estaduais de Proteção
e Defesa Civil e seu desempenho têm demonstrado que mecanismos eficientes
de apoio têm trazido resultados e efeitos muito positivos aos órgãos municipais
de proteção e defesa civil.
Como os desastres acontecem nos municípios, são estes que, além de
tomarem as providências no enfrentamento de algum evento adverso, têm a
responsabilidade no âmbito local de implantar a PNPDEC; coordenar as ações
do SINPDEC; identificar e mapear áreas de risco de desastres; promover a
fiscalização e vedar novas ocupações nessas áreas; estimular a participação de
entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações
não governamentais e associações de classe e comunitárias nas ações do SINPDEC
e promover o treinamento de associações de voluntários para atuação conjunta
com as comunidades apoiadas; declarar situação de emergência ou estado de
calamidade pública; além de muitas outras ações.
Destaca-se como importante inovação aos municípios inseridos no cadastro
nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos
correlatos, o disposto na Lei n. 12.608/12, art. 27, § 2º, que fala da obrigatoriedade
do atendimento aos requisitos constantes da carta geotécnica de aptidão à
urbanização, para a aprovação do projeto de loteamento e desmembramento.
Os municípios não estão sós. Em 2012, o governo, preocupado com a
recorrência de desastres, além de sancionar a Lei n. 12.608/12, lançou o Plano
Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, dividido em
quatro eixos temáticos: prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta, e
resposta a desastres.
O plano prevê o aporte de R$ 15,6 bilhões a serem aplicados em 2013 e
2014 em obras estruturantes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
voltadas à prevenção de inundações e deslizamentos em 170 municípios de 17
regiões metropolitanas e bacias hidrográficas prioritárias; e ao combate aos

29
Recursos Federais de Defesa Civil

efeitos da seca, como a construção de barragens, adutoras e sistemas urbanos


de abastecimento de água, em nove estados.
Estão previstos recursos de R$ 160 milhões para o mapeamento de risco
hidrológico em todo o país e a identificação de áreas de risco de deslizamentos e
enxurradas em 821 municípios, selecionados pelo histórico de danos humanos,
além de planos de intervenção voltados à redução da vulnerabilidade das
habitações e da infraestrutura nos setores de risco, com propostas de soluções
para os problemas encontrados.
Para monitoramento e alerta estão previstos R$ 362 milhões, destinados
à estruturação, integração e manutenção da rede nacional de monitoramento,
previsão e alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres
Naturais (CEMADEN), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI), e do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD),
do Ministério de Integração Nacional; e para a expansão da rede de observação,
está prevista a aquisição de radares, pluviômetros, estações hidrológicas, estações
agrometeorológicas, conjuntos geotécnicos e sensores de umidade de solo.
E, finalmente, estão previstos R$ 2,6 bilhões para as ações coordenadas
de planejamento, resposta e recuperação, alocados:

••
Para a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNSUS),
vinculada ao Ministério da Saúde, que visa prestar assistência
rápida às populações atingidas por catástrofes, epidemias ou
crises assistenciais, dotada de medicamentos, materiais de
primeiros socorros e módulos de hospital de campanha capazes
de atender a desastres simultâneos;
••
Para a Força Nacional de Segurança Pública, agrupamento
de polícia da União que assume o papel de polícia militar em
distúrbios sociais ou em situações excepcionais nos estados
brasileiros, reforçada com uma equipe de 130 bombeiros para
atuar no socorro a vítimas com aeronaves;
••
E, por último, para a Força Nacional de Emergência/Grupo
de Apoio a Emergências (GADE), composta por geólogos,
hidrólogos, engenheiros, agentes de Defesa Civil e assistentes
sociais, de órgãos como o Serviço Geológico do Brasil (CPRM),
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (CEMADEN), Agência Nacional de Águas (ANA), Centro
Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), e do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

30
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

1.1.3  Desastres mais Frequentes no Brasil e Formas de


Prevenção e Mitigação

Conforme a Tabela 1, estiagem e seca, enxurrada e alagamento, inundação,


vendaval e/ou ciclone, e granizo, todos de origem meteorológica, são os desastres
mais recorrentes registrados no Brasil.

Tabela 1 – Demonstrativo dos desastres de maior incidência, por região e em porcentagem.

COBRADE Norte Nordeste Sudeste Centro- Sul Total


oeste
Estiagem e seca 18,5 78,2 35,4 21,4 39,6 53,1

Enxurrada e alagamento 26,1 12,9 31,7 37,5 23,1 21,2

Inundaçã gradual 38,8 8,0 18,1 27,1 7,8 11,5

Vendaval e/ou ciclone 2,1 0,2 5,7 3,1 16,9 7,0

Tornado 0,0 o,o o,o 0,1 0,4 0,1

Granizo 0,2 0,1 2,3 0,9 11,2 4,3

Geada 0,0 o,o 0,1 o,o 0,2 0,1

Incêndio florestal 6,3 0,0 0,2 2,0 0,1 0,3

Movimento de massa 0,4 0,2 5,8 0,0 0,5 1,4

Erosão fluvial 4,9 o,o 0,1 1,4 o,o 0,3

Erosão linear 2,7 0,1 0,3 6,4 0,1 0,4

Erosão marinha 0,0 0,2 0,4 o,o 0,0 0,2

Fonte: UFSC (2011)

Apesar da origem, não existe padronização dos tipos de desastres nas


regiões brasileiras: na região Norte, o evento mais recorrente é inundação;
estiagens e secas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul; enquanto na região
Centro-Oeste enxurradas e alagamentos são mais frequentes.
Como vemos, a maior parte dos eventos causadores de desastres decorrem
do excesso ou ausência de chuvas, mas a ocorrência e a intensidade dos desastres
naturais dependem mais do grau de vulnerabilidade das comunidades afetadas
do que da magnitude dos eventos adversos.
Nas cidades, aumenta o risco de inundações em função da impermeabilização
do solo decorrente da ocupação e do asfaltamento das vias urbanas, por força
também da redução da cobertura vegetal no meio rural, que acarreta modificação
da dinâmica das águas na bacia e dos condicionantes do ciclo hidrológico. Tal
fato impacta os rios relativamente à quantidade e à qualidade da água e ainda
provoca assoreamento, gerando danos às populações.

31
Recursos Federais de Defesa Civil

As causas do alto grau de vulnerabilidade são muitas, mas a principal


certamente é o acelerado processo de urbanização ocorrido a partir da década
de 1950, sem políticas urbanas orientadoras do uso e ocupação do solo. Em
decorrência, importantes parcelas da população mais pobre ocuparam e ocupam
terrenos de menor ou de nenhum valor devido a restrições legais, por situação
de risco potencial ou por necessidade de preservação ambiental.
Os assentamentos precários logo se expandiram e se expandem em
margens de rios e em áreas de grande declividade, compondo um quadro urbano
vulnerável a enxurradas, inundações e deslizamentos de encostas; mesmo
loteamentos legalmente implantados estão sujeitos a desastres associados a
deslizamentos, pois o conhecimento do meio físico não tem sido incorporado
nos planos diretores.
Dessa forma, os gestores devem adotar medidas com o propósito de
minimizar os efeitos de eventos adversos, bem como a sociedade civil deve agir
de forma a reduzir a vulnerabilidade do local.
A seguir, citam-se algumas ações de mitigação e prevenção para os
principais desastres naturais do país.

••
Estiagem e seca
••
Manejo integrado das microbacias;
••
Obras de captações difusas de água bruta;
••
Poços profundos;
••
Implantação de açudes;
••
Racionalização do uso da água na irrigação (gotejamento x
aspersão);
••
Plantio direto;
••
Seleção de culturas e de cultivares, com ciclos de produção
compatíveis com os períodos de estiagens e resistentes ao
alagamento;
••
Perenização de rios intermitentes; e
••
Interligação de bacias com transposição de deflúvios
excedentes.
••
Enxurrada, alagamento e inundações
••
Estudo de previsão de inundações;
••
Zoneamento;

32
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

••
Bacias de detenção e retenção;
••
Projetos comunitários de manejo integrado de microbacias;
••
Drenagem das vias urbanas;
••
Construção de habitações diferenciadas, com sótãos habitáveis
ou sobre pilotis;
••
Obras de perenização e de controle de enchentes;
••
Barragens de uso múltiplo;
••
Construção de canais;
••
Diques de proteção; e
••
Limpeza e manutenção no sistema de drenagem urbana
(galerias de drenagem, bocas de lobo, sarjetas, ...).
••
Movimento de massa
••
Controle das águas servidas, pluviais e do lixo;
••
Controle da cobertura vegetal;
••
Mapeamento das áreas de risco, microzoneamento e definição
das áreas edificantes e não edificantes;
••
Obras de retaludamento adequando a geometria dos taludes,
como cortes e aterros;
••
Obras de drenagem profunda, como trincheiras drenantes e
drenos horizontais profundos (DHP);
••
Obras de estrutura complexa, como tirantes isolados e cortinas
atirantadas; e
••
Obras de muros de gravidade.
É importante salientar que, antes de iniciar uma obra estrutural em uma
área de risco, é fundamental a utilização de estudos técnicos de alternativas
para definir o tipo de obra mais indicada e obter uma solução, de fato, eficaz.
Por exemplo, para os projetos de diques de proteção, canais de drenagem e
barragens, devem ser elaborados diversos estudos. Os hidrológicos proporcionam
o conhecimento da intensidade das chuvas da região e identificam que parcela
infiltra e que parcela escoa superficialmente, definindo a probabilidade de
ocorrência das vazões do curso d’água. Já os estudos hidráulicos permitem
definir a velocidade do fluxo, a largura da seção, declividades e o material de
que será construído o canal. Por sua vez, os estudos geológicos e de fluxo de

33
Recursos Federais de Defesa Civil

sedimentos indicam a estabilidade de taludes e fornecem dados para avaliação


da viabilidade de manutenção e operação da obra.
Para projetos de poços profundos, os estudos hidrogeológicos são de
grande importância, pois permitem identificar os níveis de água freáticos, a
profundidade e espessura das diferentes camadas de solo, o potencial hídrico
subterrâneo e se há contato com água salina, bem como indicar os locais mais
adequados para a perfuração. São fundamentais tanto em terreno sedimentar
quanto em cristalino.
Para os municípios que possuem plano diretor de desenvolvimento urbano,
é obrigatória a sua consulta para aprovação de qualquer projeto de loteamento.
O plano diretor, elaborado com base em estudos de microzoneamento, é um
instrumento que indica o local adequado para a obra que se deseja construir por
delimitar as áreas de proteção ambiental, preservação permanente e de risco.

1.2  Modalidades de Recursos

Este tópico tem como objetivo apresentar as formas de repasses federais


da defesa civil, dispondo um panorama geral sobre o tema.

1.2.1  Prevenção, Mitigação, Preparação, Resposta e


Recuperação: como se dá o repasse?

Os repasses federais para ações de defesa civil possuem características


diferentes, de acordo com as ações a que se destinam. Esta diferenciação visa
garantir um equilíbrio no atendimento das várias ações de defesa civil, permitindo
que os limitados recursos financeiros disponíveis possam ser destinados de
forma balanceada tanto para medidas que buscam evitar desastres quanto para
atuações em cenários já atingidos por um evento adverso.
Para ações de prevenção, mitigação e preparação, os repasses são
feitos por transferência voluntária, por meio de convênios, ou através do PAC
Prevenção (para obras de grande porte com alcance regional). Para casos de
risco iminente, é possível utilizar a transferência obrigatória com o intuito de
prevenir a ocorrência do desastre. Em todas as situações, os órgãos federados
obtêm os recursos mediante depósito em conta corrente específica.

34
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

Para ações de resposta, os repasses são feitos por transferência obrigatória,


com liberação dos recursos via Cartão de Pagamento da Defesa Civil (CPDC).
Para ações de recuperação, os repasses também são realizados por
transferência obrigatória, entretanto com depósito dos recursos em conta
corrente específica.
A Figura 4 apresenta um esquema das características de repasses federais
de acordo com as ações de proteção e defesa civil respectivas:

Figura 4 – Formas de repasses federais de defesa civil

Fonte: SEDEC (2014)

1.2.2  Convênios e Transferências Obrigatórias

Como dito no item anterior, convênios referem-se a ações pré-desastre


e transferência obrigatória, a ações pós-desastre. Em decorrência disso,
destaca-se a principal diferença entre essas duas modalidades: na transferência
obrigatória, os recursos são liberados antes da aprovação do projeto básico e
do orçamento, devido ao caráter de urgência da situação. No entanto, cabe
ressaltar que há prazos importantíssimos a serem respeitados para o pleito de
transferência obrigatória, tanto para a solicitação do reconhecimento federal
da anormalidade como para o envio dos Planos de Trabalho, que serão vistos
em detalhe na Unidade 2.

35
Recursos Federais de Defesa Civil

Figura 5 – Ilustração de convênios e transferências obrigatórias

Fonte: Silva (2012)

1.2.3  Naturezas de Despesa: custeio e investimento

Segundo a Lei n. 4.320/64, as despesas da União são classificadas em:

a) Despesas Correntes, que se subdividem em Despesas de Custeio


e Transferências Correntes; e
b) Despesas de Capital, que se subdividem em Investimentos,
Inversões Financeiras e Transferências de Capital.

Na Figura 6 é possível visualizar o diagrama dessa classificação:

Figura 6 – Despesas da União

Fonte: Baseado em Brasil (1964)

36
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

A Lei n. 4.320/64 ainda define Custeio e Investimento:

••
Custeio: dotações para manutenção de serviços anteriormente
criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação
e adaptação de bens imóveis.
Exemplos de ações realizadas com recursos de defesa civil,
obtidos via transferência obrigatória, para custeio (grupo de
despesa 3): compra de cestas básicas e reparo de bombas de
sistemas de abastecimento (ação contra seca ou estiagem).
••
Investimento: dotações para o planejamento e a execução
de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis
considerados necessários à realização destas últimas, bem
como para os programas especiais de trabalho, aquisição de
instalações, equipamentos e material permanente e constituição
ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter
comercial ou financeiro.
Exemplos de codificação de grupos de despesa para ações realizadas
com recursos de defesa civil, obtidos via convênio ou transferência
obrigatória, para investimento (grupo de despesa 4):
4.4.90.51.80: investimentos na elaboração de projetos, planos
ou estudos que sejam necessários para as obras de reconstrução
(Plano Diretor de Drenagem Urbana, Projetos Básicos etc.);
4.4.90.51.91: obras reconstruídas (pontes, escolas, casas etc.);
4.4.90.51.92: instalações (bombas para recuperação de sistemas
de abastecimento etc.); e
4.4.90.51.93: benfeitorias em propriedade de terceiros (Atenção:
são casos muito específicos, devidamente autorizados pela
SEDEC, como recuperação de residências atingidas por granizo).
Ao se tratar de despesas com desastres, seja na fase pré ou pós-desastre,
é importante ter clara a diferença entre obras e serviços de engenharia.
A desobediência nesta classificação é irregularidade grave perante o TCU e pode
resultar na solicitação da devolução dos recursos, ainda que empregados para
o bem da comunidade. Sendo assim, de acordo com a OT – IBR 002/2009 do
Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (IBRAOP, 2009 ):

••
Obra de engenharia: é a ação de construir, reformar, fabricar,
recuperar ou ampliar um bem, na qual seja necessária a

37
Recursos Federais de Defesa Civil

utilização de conhecimentos técnicos específicos envolvendo a


participação de profissionais habilitados conforme o disposto na
Lei Federal n. 5.194/66.
Como exemplos de obras de engenharia que aplicam recursos de
defesa civil têm-se: reconstrução de ponte, perfuração de poços
profundos como ação emergencial de combate à seca, perfuração
de poços profundos como ação preventiva, construção de
taludes, reforma de escolas, dentre outros.
••
Serviço de engenharia: é toda a atividade que necessite da
participação e acompanhamento de profissional habilitado
conforme o disposto na Lei Federal n. 5.194/66, tais como:
consertar, instalar, montar, operar, conservar, reparar, adaptar,
manter, transportar, ou ainda, demolir. Incluem-se nesta definição
as atividades profissionais referentes aos serviços técnicos
profissionais especializados de projetos e planejamentos, estudos
técnicos, pareceres, perícias, avaliações, assessorias, consultorias,
auditorias, fiscalização, supervisão ou gerenciamento.
Podem-se citar como exemplos de serviços de engenharia com
recursos federais de defesa civil: projeto de ponte, Plano Diretor
de Drenagem Urbana, reparo de bombas de sistema de abasteci-
mento, aquisição de bombas para instalação de poços existentes,
demolição de casas em áreas de risco, dentre outros. Note que
existem situações onde tais serviços se enquadram no grupo de
despesa 4, quando, por exemplo, o Plano Diretor de Drenagem
é peça fundamental para a construção adequada de determina-
da obra de drenagem a ser realizada imediatamente. Os projetos
desta obra também passam a integrar a categoria de investimento.

1.2.4  Forma de Pagamento: CPDC ou movimentação de


conta corrente específica

Existem duas formas para a transferência de verba destinada a ações


de defesa civil: através do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) ou por
meio de depósito em conta-corrente específica. O primeiro é empregado em
ações de resposta e o segundo em convênios e ações de recuperação. O CPDC
será tratado em detalhes na Unidade 2.

38
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

1.2.5  Fluxos Básicos das Modalidades de Transferências de


Recursos Disponíveis na SEDEC

A seguir são apresentados fluxos simplificados para se ter uma visão


geral do processo de transferência de recursos federais de defesa civil, em cada
modalidade. Nas próximas Unidades, estudaremos cada um desses passos
detalhadamente.

••
Ações de prevenção, mitigação e preparação

O processo de solicitação de convênios para ações pré-desastres inicia


com o acesso ao SICONV, portal do governo federal na Internet por meio do
qual o município ou estado envia à SEDEC o Plano de Trabalho e o Projeto
Básico, que serão analisados pela Secretaria. No decorrer do processo, há visitas
técnicas da SEDEC e, no fim, o concedente emite parecer sobre a prestação
de contas feita pelo ente beneficiário. Caso seja reprovada, é solicitada a
devolução dos recursos não aplicados em conformidade. Caso não haja a
devolução no prazo estipulado, instaura-se a Tomada de Contas Especial junto
ao Tribunal de Contas da União. Cada um desses passos será visto em detalhe
nas próximas Unidades.

Figura 7 – Fluxo do processo para convênios

Fonte: SEDEC (2013)

••
Ações de resposta

O processo de transferência de recursos para ações de resposta prima


pela celeridade, em razão da extrema urgência com a qual lida. A transferência

39
Recursos Federais de Defesa Civil

inicial fundamenta-se na solicitação do ente afetado e na experiência da SEDEC


em desastres semelhantes, ficando a demonstração da correta aplicação dos
recursos para fase posterior. Neste sentido, é fundamental que o ente tomador
dos recursos leia atentamente as orientações disponibilizadas pela Secretaria,
para que não incorra, inadvertidamente, em aplicação irregular dos recursos,
tornando-se alvo de Tomada de Contas Especial perante o TCU.

Figura 8 – Fluxo do processo para ações de resposta

Fonte: SEDEC (2013)

••
Ações de recuperação

A solicitação de recursos para ações de recuperação pode ser iniciada


após o reconhecimento federal do estado de calamidade pública ou situação
de emergência, com a seleção e priorização das obras. Em razão da urgência
do caso real, a SEDEC poderá antecipar a liberação de parte dos recursos
para realização de projeto e início das obras, independentemente da análise
do Plano de Trabalho, que, mesmo assim, terá de ser entregue para viabilizar
a liberação das demais parcelas. A SEDEC poderá realizar visitas técnicas
durante a execução das obras, mas obrigatoriamente vistoriará todas as obras
concluídas, para fins de aceitação da prestação de contas. Da mesma forma,
caso a SEDEC entenda ter havido aplicação indevida de recurso, solicitará
a devolução do montante assim classificado. No caso de não devolução no
prazo estipulado, instaurará a competente Tomada de Contas Especial junto
ao Tribunal de Contas da União.

40
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

Figura 9 – Fluxo do processo para ações de recuperação

Fonte: SEDEC (2013)

1.2.6  Legislação Correlata

O Quadro 1 apresenta os principais diplomas legais que regem e orientam


a aplicação de recursos federais de Defesa Civil:
Quadro 1 – Diplomas legais que regem e orientam a aplicação de
recursos federais de Defesa Civil

Ano Diploma Objeto


Altera a Lei n. 12.340, de 1º de dezembro de 2010, para dispor
sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e
entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a
execução de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta
Lei n. 12.983 –
2014 e recuperação em áreas atingidas por desastres, e sobre o Fundo
02/06/2014
Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil; e as
Leis n. 10.257, de 10 de julho de 2001, e n. 12.409, de 25 de
maio de 2011. E revoga dispositivos da Lei n. 12.340, de 1º de
dezembro de 2010.

Estabelece procedimentos para a solicitação de reconhecimento


Portaria n. 526 - de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública
2012
06/09/2012 por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres
- S2ID.

Estabelece procedimentos e critérios para a decretação de


Instrução Normativa situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos
2012 n. MI/GM 01 - Municípios, Estados e Distrito Federal; e para o reconhecimento
24/08/2012 federal das situações de anormalidade decretadas pelos entes
federativos e dá outras providências.

41
Recursos Federais de Defesa Civil

Ano Diploma Objeto


Lei n. 12.708 - Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei
2012
17/08/2012 Orçamentária de 2013 e dá outras providências.

Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil-PNPDEC; dispõe


sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil-SINPDEC e o
Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil-CONPDEC; autoriza a
Lei n. 12.608 -
2012 criação de sistema de informações e monitoramento de desastres;
10/04/2012
altera as leis n.12.340, de 1º/12/ 2010, n. 10.257, de 10/07/2001,
n. 6.766, de 19/12/1979, n. 8.239, de 4/10/1991, e n. 9.394, de
20/12/1996; e dá outras providências.

Portaria n. 37 - Altera a Portaria n. 607, de 19/08/2011, que regulamenta o uso


2012
31/01/2012 do Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC.

Portaria n. 607 - Regulamenta o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil –


2011
18/08/2011 CPDC.

Lei n. 12.465 - Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da LDO


2011
12/08/2011 2012.

Altera o Decreto n. 7.257, de 4/8/2010, que regulamenta a MP


Decreto n. 7.505 - n. 494, de 2/7/2010, convertida na Lei n. 12.340, de 01/12/2010,
2011
27/06/2011 para dispor sobre o Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC;
e dá outras providências.

Converte em lei a MP n. 494, de 2/7/2010. Dispõe sobre as


transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos
Lei n. 12.340 - Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações
2010
01/12/2010 de resposta e recuperação nas áreas atingidas por desastre, e
sobre o Fundo Especial para Calamidades Públicas; e dá outras
providências.

Lei n. 12.309 – Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da LDO


2010
09/08/2010 de 2011 e dá outras providências.

Regulamenta a MP n. 494, de 2/7/2010, para dispor sobre o


Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, sobre o reconhecimento
Decreto n. 7.257 - de situação de emergência e estado de calamidade pública, sobre
2010
04/08/2010 as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às
vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução
nas áreas atingidas por desastre; e dá outras providências.

Exige a comprovação de existência e funcionamento do órgão


municipal de defesa civil – COMDEC quando da habilitação à
Portaria n. 912-A –
2008 transferência de recursos federais destinados às ações de socorro
29/05/2008
e assistência, de recuperação, de reconstrução, de preparação e
de prevenção.

Estabelece normas para execução do disposto no Decreto n.


Portaria
6.170, de 25/7/2007, que dispõe sobre as normas relativas
2008 Interministerial n. 127
às transferências de recursos da União mediante convênios e
- 29/05/2008
contratos de repasse; e dá outras providências.

Dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos


Decreto n. 6.170 -
2007 da União mediante convênios e contratos de repass; e dá outras
25/07/2007
providências.

Resolução ANA n. 194 Dispõe sobre a regulamentação do Certificado de Avaliação da


2002
– 16/09/2002 Sustentabilidade da Obra Hídrica – CERTOH.

Estabelece critérios e procedimentos para implantação ou


Decreto n. 4.024 –
2001 financiamento de obras de infraestrutura hídrica com recursos
21/11/2001
financeiros da União; e dá outras providências.

42
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

Ano Diploma Objeto


Lei Complementar n. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
2000
101 – 04/05/2000 responsabilidade na gestão fiscal; e dá outras providências.

Resolução CONAMA Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e


1997
n. 237 – 19/12/1997 critérios utilizados para o licenciamento ambiental.

Determina que as Câmaras Municipais sejam obrigatoriamente


Lei n. 9.452 –
1997 notificadas da liberação de recursos federais para os respectivos
20/03/1997
municípios; e dá outras providências.

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema


Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
Lei n. 9.433 –
1997 inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º
08/01/1997
da Lei n. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei n.
7.990, de 28 de dezembro de 1989.

Lei n. 9.394 -
1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
20/12/1996

Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e


1993 NBR n. 12.721 – 1993
outras disposições para condomínios edilícios.

Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui


Lei n. 8.666 -
1993 normas para licitações e contratos da Administração Pública; e dá
21/06/1993
outras providências.

Regulamenta o art. 143, §§ 1º e 2º da Constituição Federal, que


Lei n. 8.239 -
1991 dispõem sobre a prestação de Serviço Alternativo ao Serviço
04/10/1991
Militar Obrigatório.

Lei n. 6.766 - Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras


1979
19/12/1979 providências.

Institui a “Anotação de Responsabilidade Técnica” na prestação


de serviços de engenharia, de arquitetura e agronomia; autoriza
Lei n. 6.496 -
1977 a criação, pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
7/12/1977
Agronomia – CONFEA, de uma Mútua de Assistência Profissional;
e dá outras providências.

Parte da jurisprudência do Tribunal de Contas da União será citada


ao longo do texto. Contudo, é recomendável que o ente beneficiário
Acórdãos do TCU
consulte as decisões da Corte acerca dos assuntos que lhe forem de
interesse através do portal <www.tcu.gov.br>.

Todas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas


aplicáveis deverão ser obedecidas pelo ente beneficiário nos
estudos, projetos e obras executadas com recursos federais de
defesa civil. Em razão da extensa lista de normas aplicáveis, cada
Normas da ABNT qual associada a determinadas tipologias de obras, não trazemos
explicitamente esta relação. Compete ao responsável técnico
a sua identificação e emprego, cabendo ao ente tomador dos
recursos fiscalizar se todas aquelas pertinentes foram, de fato,
observadas.

N. 39, n. 157, n. 158 e n. 177, n. 185, n. 222, n. 247, n° 248, n.


250, n. 252, n. 253, n. 254, n. 255, n. 257, n. 258, n. 259, n. 260, n.
261, n. 262, n. 263, n. 265, n. 269, n. 270, n. 272, n. 274 e n. 275
Súmulas do TCU (súmulas associadas a licitações, serviços e obras de engenharia,
pesquisadas no sítio do TCU na Internet em maio de 2013).
Destaca-se que as súmulas do TCU são de observação obrigatória,
por isso a importância de se pesquisar as suas atualizações.

Fonte: Própria pesquisa (2013)

43
Recursos Federais de Defesa Civil

1.2.7  Lei n. 12.983/14

A Lei n. 12.983, de 2 de junho de 2014, altera a Lei n. 12.340, de 1° de


dezembro de 2010, para dispor sobre as transferências de recursos da União aos
órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução
de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta e recuperação em áreas
atingidas por desastres; e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas,
Proteção e Defesa Civil (FUNCAP).
Uma das alterações trazidas pela nova Lei é a liberação obrigatória dos
repasses da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios, por meio do
Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil (FUNCAP),
para a execução das despesas com as ações de prevenção em áreas de risco de
desastres, e não apenas para a execução das ações de resposta e recuperação
nas áreas atingidas por desastres.
Outra alteração diz respeito à transferência de recursos da União para
os Estados, Distrito Federal e Municípios, que poderá ser feita por meio de
depósito em conta específica, mantida pelo ente beneficiário em instituição
financeira oficial federal, ou por meio do FUNCAP a fundos análogos constituídos
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios com o fim específico de execução
das ações previstas na norma legal, nos dois casos após o reconhecimento
do governo federal da situação de emergência ou do estado de calamidade
pública ou a identificação da ação como necessária à prevenção de desastre.
Nas transferências fundo a fundo, fica dispensada a celebração de convênio ou
outros instrumentos jurídicos, a exemplo do que já ocorre na área de saúde.
A Lei n. 12.983 modifica a engenharia financeira do Fundo Especial para
Calamidades Públicas ao revogar os artigos 11, 12, 13 e 14 da Lei n. 12.340,
abolindo o atual sistema de integralização tripartite (União + Estados + Municípios)
do Fundo por meio de cotas. Os recursos do FUNCAP passam a ser oriundos
exclusivamente de dotações orçamentárias consignadas a ele, serão mantidos
na Conta Única do Tesouro Nacional e geridos por um Conselho Diretor, cujos
membros serão indicados pelo Poder Executivo. O referido Conselho Diretor
deverá estabelecer os critérios para priorização e aprovação dos planos de
trabalho, acompanhamento, fiscalização e aprovação da prestação de contas.
Outra modificação trazida pela Lei possibilita que outros Ministérios,
além do Ministério da Integração Nacional, repassem recursos dos respectivos
orçamentos para os Estados, Distrito Federal e Municípios destinados à execução
de ações de prevenção, de resposta ou de recuperação.

44
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

A Lei estabelece que serão de responsabilidade da União:

I – definir as diretrizes e aprovar os planos de trabalho de ações


de prevenção em áreas de risco e de recuperação em áreas
atingidas por desastres;
II – efetuar os repasses de recursos aos Estados, Distrito Federal e
Municípios, de acordo com os planos de trabalho previamente
aprovados;
III – fiscalizar o atendimento das metas físicas de acordo com os
planos de trabalho aprovados, exceto nas ações de resposta;
IV – avaliar o cumprimento do objeto relacionado às ações previstas.

Aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cabem as seguintes


providências operacionais:

I – demonstrar a necessidade dos recursos demandados;


II – apresentar, exceto nas ações de resposta, plano de trabalho ao
órgão responsável pela transferência de recursos, na forma e no
prazo definidos em regulamento;
III – apresentar estimativa de custos necessários à execução das
ações, com exceção das ações de resposta;
IV – realizar todas as etapas necessárias à execução das ações de
prevenção em áreas de risco, de resposta e de recuperação de
desastres, nelas incluídas a contratação e execução das obras ou
da prestação de serviços, inclusive de engenharia, em todas as
suas fases;
V – prestar contas das ações de prevenção, de resposta e de
recuperação perante o órgão responsável pela transferência de
recursos e os órgãos de controle competentes.

Por fim, a Lei n. 12.983 manda aplicar o Regime Diferenciado de Contratações


Públicas – RDC, previsto na Lei n. 12.462, de 4 de agosto de 2011, às licitações e
aos contratos destinados à execução de ações de prevenção em áreas de risco
de desastres, e de resposta e de recuperação em áreas atingidas por desastres.

45
Recursos Federais de Defesa Civil

1.3  Situação de Anormalidade

Este tópico pretende orientar acerca da decretação da situação de


anormalidade (situação de emergência ou de estado de calamidade pública) e
sobre a busca do reconhecimento federal, quando necessário.

1.3.1  Decretação

A legislação que trata do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil –


SINPDEC – estabelece duas situações de anormalidade causadas por desastre –
Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP) -, declaradas
pelo chefe do poder executivo dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios
atingidos pelos desastres, por meio de decreto específico.

••
Situação de Emergência: situação de alteração intensa e
grave das condições de normalidade em um determinado
município, estado ou região, decretada em razão de desastre,
comprometendo parcialmente sua capacidade de resposta.
••
Estado de Calamidade Pública: situação de alteração intensa
e grave das condições de normalidade em um determinado
município, estado ou região, decretada em razão de desastre,
comprometendo substancialmente sua capacidade de resposta.

A diferenciação entre “parcialmente” e “substancialmente” é definida por


critérios objetivos normatizados pela SEDEC, que atualmente estão vinculados
a percentuais da Receita Corrente Líquida do ente afetado.
As normas que tratam do SINPDEC estabelecem que, em caso de desastres,
o município é o primeiro responsável pela resposta, devendo empreender todos
os esforços para atender a população e restabelecer a normalidade na área
atingida. Caso a capacidade de resposta do município atingido se esgote ou
não seja suficiente para atender ao desastre, o estado deve assumir a tarefa ou
auxiliar o município em seus esforços de resposta e recuperação.
Ante o esgotamento ou insuficiência dos recursos do município e do
estado, o Poder Executivo Federal apoiará, de forma complementar, o ente da
federação afetado.

46
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

O decreto do chefe do poder executivo local é instrumento normativo


suficiente para estabelecer uma situação jurídica especial, que permite o
atendimento desburocratizado das necessidades urgentes da população afetada
pelo desastre.
Da mesma forma, a portaria federal de reconhecimento das situações
decretadas pelos entes atingidos é o instrumento legal que permite ao Poder
Executivo Federal estabelecer esta situação jurídica especial e temporária para
atender aos desastres.
Do exposto, infere-se que se o município ou o estado possuírem
capacidade de resposta aos efeitos do desastre, dispensando o apoio federal
complementar, o reconhecimento federal da situação de emergência ou estado
de calamidade pública será desnecessário, salvo se for necessária a liberação
de benefícios federais às vítimas de desastres, como o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço – FGTS.

Figura 10 – Linha de gravidade do desastre

Fonte: SEDEC (2013)

Para se decretar uma situação de anormalidade, é preciso ter claro o tipo


de desastre que afeta a região. Por esta razão, será apresentada no quadro 2
uma definição dos principais tipos de desastres que assolam o país:

47
Recursos Federais de Defesa Civil

Quadro 2 – Tipos de desastres

TIPO COBRADE DESCRIÇÃO


Movimentos rápidos de solo e ou rocha;
Superfície de ruptura bem definida;
Duração relativamente curta;
Massas de terreno geralmente bem definidas quanto ao seu
Deslizamentos 11321
volume;
Centro de gravidade se desloca para baixo e para fora do
talude;
Primeiros sinais são a presença de fissuras.

Submersão de áreas fora dos limites normais de um curso de


água;
Inundações 12100 Zonas que normalmente não se encontram submersas;
Modo gradual;
Geralmente chuvas prolongadas em áreas de planície.

Escoamento superficial de alta velocidade e energia;


Chuvas intensas e concentradas;
Normalmente pequenas bacias de relevo acidentado;
Enxurradas 12200
Elevação súbita das vazões de drenagem;
Transbordamento brusco da calha fluvial;
Grande poder destrutivo.

Extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de


drenagem urbana;
Alagamentos 12300 Acúmulo de água em ruas, calçadas ou outras infraestruturas
urbanas;
Precipitações intensas.

Tempestade
Local/Convectiva - 13213 Precipitação de pedaços irregulares de gelo.
Granizo

Tempestade Chuvas que ocorrem com acumulados significativos causando


Local/Convectiva - 13214 múltiplos desastres (ex. inundações, movimentos de massa,
Chuvas Intensas enxurradas etc.).

Tempestade
Local/Convectiva - 13215 Forte deslocamento de massa de ar em uma região.
Vendaval

Onda de Frio - Camada de cristais de gelo na superfície ou na folhagem


13322
Geadas exposta.

Baixa ou nenhuma pluviosidade;


Estiagem 14110
Perda de umidade do solo é superior à sua reposição.

Estiagem prolongada;
Seca 14120
Grave desequilíbrio hidrológico.

Fonte: COBRADE (2012)

1.3.2  Reconhecimento Federal

O reconhecimento da situação de emergência (SE) ou do estado de


calamidade pública (ECP) pelo Poder Executivo Federal está disciplinado na
IN MI/GM n. 1, de 24.08.2012, e pode ser solicitado quando, caracterizado o

48
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

desastre, for necessário estabelecer uma situação jurídica especial que permita
o atendimento às necessidades temporárias de excepcional interesse público,
voltadas à resposta aos desastres, à reabilitação do cenário e à recuperação das
áreas atingidas. Dessa maneira, são condições essenciais para a solicitação do
reconhecimento federal:

I – Necessidade comprovada de auxílio federal complementar; ou


II – Exigência de reconhecimento federal da situação anormal
decretada, expressa em norma vigente, para liberação de
benefícios federais às vítimas de desastres.

O reconhecimento pelo Poder Executivo Federal se dá mediante


requerimento do poder executivo do estado, do Distrito Federal ou do município
afetado pelo desastre.
Será declarada a Situação de Emergência ou o Estado de Calamidade
Pública mediante decreto do prefeito, do governador do estado ou do
Distrito Federal.
Nos casos em que os desastres forem resultantes do mesmo evento
adverso e atingirem mais de um município concomitantemente, o governador
do estado poderá decretar a SE/ECP, remetendo os documentos à Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) para análise e reconhecimento,
caso necessite de ajuda federal. Os municípios incluídos no Decreto Estadual
encaminharão os documentos à Defesa Civil estadual, que fará a juntada e
encaminhará os documentos à SEDEC, no Ministério da Integração Nacional
(MI), para reconhecimento da SE/ECP.
O prazo de validade do decreto de SE/ECP é de 180 dias da publicação
oficial do município/do estado. No requerimento do poder executivo do estado, do
Distrito Federal ou do município afetado pelo desastre, a autoridade responsável
deverá explicitar as razões pelas quais deseja o reconhecimento, incluindo
as necessidades de auxílio complementar destinado a ações de assistência
humanitária, gerenciamento do desastre, recursos humanos, equipamentos,
verba para resposta e recuperação do cenário.
Esse requerimento deverá ser encaminhado ao MI/SEDEC, no prazo
máximo de dez dias a contar da data do desastre ou da decretação (nos casos
de desastres graduais) e deverá ser acompanhado da seguinte documentação:

a) Formulário de Informações do Desastre (FIDE);


b) O ofício de requerimento (assinado e anexado);

49
Recursos Federais de Defesa Civil

c) Decreto (original assinado e anexado);


d) Declaração Municipal de Atuação Emergencial (DMATE) ou
e) Declaração Estadual de Atuação Emergencial (DEATE);
f) Parecer do órgão Municipal/DF/Estadual de Proteção e Defesa
Civil (assinado e anexado);
g) Relatório fotográfico legendado;
h) Outros documentos ou registros que esclareçam ou ilustrem a
ocorrência do desastre. Exemplos: reportagens, croquis, fotos,
vídeos etc.

Essa solicitação, encaminhada com todos os documentos, é denominada


reconhecimento ordinário; esse procedimento se justifica quando é necessário
apresentar todas as circunstâncias para que seja avaliado o processo.
Caso os prazos legais não sejam cumpridos, é preciso que o órgão federado
procure a SEDEC justificando o atraso, cabendo à Secretaria avaliar a situação.
Se porventura o município ou o estado não conseguirem o reconhecimento
federal, não obterão recursos por meio de transferência obrigatória.
Quando o desastre é evidente, ou seja, quando está nítida a sua ocorrência,
o município, o estado ou o Distrito Federal poderá solicitar o reconhecimento
sumário mediante o preenchimento de três formulários (FIDE, Ofício de
Requerimento e Decreto). De acordo com a intensidade do desastre e seu
impacto social, econômico e ambiental, o Secretário Nacional de Proteção e
Defesa Civil, com base na documentação enviada, poderá reconhecer a Situação
de Emergência ou o Estado de Calamidade Pública.
O decreto de declaração de Situação de Emergência ou Estado de
Calamidade Pública, o requerimento para reconhecimento e o parecer do órgão
municipal são de livre redação, desde que atendam aos requisitos mínimos da
Instrução Normativa.
No caso de indeferimento do pedido de reconhecimento, o ente federado
poderá apresentar, no prazo de dez dias, recurso administrativo apontando as
divergências, suas razões e justificativas. O pedido de reconsideração deve ser
fundamentado, indicando a legislação e as provas que amparam seus argumentos.
Quando constatada a presença de vícios nos documentos, a Portaria de
Reconhecimento será revogada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
O requerimento juntamente com as demais documentações necessárias
podem ser enviados somente por meio do Sistema Integrado de Informações
sobre Desastres – S2ID (sítio: s2id.mi.gov.br). A Portaria GM/MI n. 25, de 24 de

50
Unidade 1 – Conceitos Fundamentais, Modalidades de Recursos e Situação de Anormalidade

janeiro de 2013, tornou obriga­tório o uso do sistema em todo o país a partir de


1º de fevereiro de 2013.
O S2ID é um sistema de informação produzido e desenvolvido no projeto
Planejamento Nacional para Gestão de Riscos (PNGR), em uma cooperação
técnica en­tre o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
(CEPED/ UFSC) e o Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria
Na­cional de Proteção e Defesa Civil.
O S2ID tem como objetivos a informatização dos procedimentos de
solicitação de reconhecimento de Situação de Emergência ou de Estado de
Calamidade Pública e do processo de transferência de recursos federais para os
Estados ou Municípios afetados por desastres. O sistema disponibiliza formulários
e modelos de documentos que devem ser preenchidos com as informações
necessárias.
Além de agilizar o envio de documentos, o sistema permite que o
usuá­rio acompanhe o andamento do processo em tempo real e, ainda,
melhora o registro das ocorrências de desastres, mesmo aquelas que não
necessitam de reconhecimento federal. Dessa forma, o S2ID permitirá,
pela primeira vez, a construção de um banco de dados confiável sobre
desastres no país.
Vale lembrar que, periodicamente, a Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil promove curso a distância de Capacitação dos Gestores de
Defesa Civil para uso do S2ID, além de disponibilizar em seu sítio videoaulas
que instruem o uso do sistema (<http://www.mi.gov.br/defesa-civil/s2id>).

1.4  Revisão da Unidade

Nesta primeira Unidade foram abordados os conceitos fundamentais


de defesa civil. Dentre eles, a linha do tempo de um desastre, mostrando a
fase pré-desastre composta por prevenção, mitigação e preparação; e a fase
pós-desastre, formada por ações de resposta e recuperação.
Os principais pontos de interesse da Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil – PNPDEC foram apresentados, com ênfase ao papel dos municípios,
os maiores interessados e responsáveis pelas ações de proteção ao indivíduo.
Mostrou-se o resultado de uma pesquisa que demonstra que a maior
parte dos desastres naturais no Brasil têm origem hidrometeorológica. Foram

51
Recursos Federais de Defesa Civil

exemplificadas medidas preventivas e mitigadoras, tanto estruturais quanto não


estruturais, que podem ser adotadas com o propósito de eliminar ou reduzir os
danos desses desastres.
Foram apresentadas também as formas de repasse de recursos federais
para as ações pré e pós-desastre, via convênios e transferências obrigatórias,
identificando ainda aquelas que utilizam o Cartão de Pagamento de Defesa
Civil (CPDC) ou transferem os recursos diretamente para movimentação em
conta-corrente específica.
Também foi esclarecida a diferença entre despesas de custeio e de
investimento, com a distinção entre obras e serviços de engenharia para
melhor elucidar quando da aplicação e da classificação dos recursos nos
grupos de despesa.
Com o objetivo de apresentar uma visão completa dos processos de
transferência dos recursos, apresentaram-se fluxos simplificados que permitem
visualizar de forma global os principais passos a serem seguidos em cada
modalidade. Nas Unidades seguintes estudaremos cada passo em detalhe.
Como referência, foram relacionadas as principais normas legais associadas,
indicando-se fontes importantes da jurisprudência.
Concluída esta introdução geral ao curso “Recursos Federais de Defesa
Civil”, iniciou-se o detalhamento propriamente dito do processo de transferência
de recursos federais. Foi apresentado o primeiro passo a ser adotado pelo ente
ao ser afetado por um desastre, para a decretação da situação anormal e a busca,
se for o caso, do reconhecimento federal.
Como forma de fixação do aprendizado, resolvemos simulados de casos
práticos envolvendo a identificação da correta modalidade de transferência de
recursos e exercitamos a solicitação de reconhecimento federal.
Nas próximas Unidades, seguiremos com o detalhamento dos passos
envolvidos nas distintas modalidades de transferência de recursos federais de
defesa civil.

52
Unidade 2
Formas de Obtenção
de Recursos Federais
2 Formas de Obtenção de
Recursos Federais

2.1  Ações de Prevenção, Mitigação e Preparação

No item 1.1, da Unidade anterior, apresentaram-se os conceitos das


ações pré-desastres, diferenciando-as das demais medidas de defesa civil.
No item 1.3 foram discutidas diversas medidas para redução ou até mesmo
eliminação de riscos de desastres, envolvendo medidas estruturantes e
não estruturantes.
Nesta Unidade, detalharemos a forma de obtenção de recursos federais
para a elaboração dos estudos, levantamentos, projetos e obras necessários
para materializar soluções com este propósito. São recursos disponibilizados
por meio de transferência voluntária (convênios) e através do PAC Prevenção,
este último focado em obras de médio e grande porte.

2.1.1  “PAC Prevenção”

Em agosto de 2012, foi lançado o Plano Nacional de Gestão de Riscos


e Resposta a Desastres Naturais. Inserido no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o plano prevê um investimento de 18,8 bilhões de reais em
obras estruturantes de prevenção, mapeamento das áreas de riscos, estruturação
da rede nacional para monitoramento e alerta, e demais ações na fase de resposta
e recuperação do desastre, conforme a Tabela 4.
Com relação à prevenção, pretende-se investir 15,6 bilhões de reais em
obras de médio/grande porte, como:

••
Contenção de encostas;
••
Drenagem urbana;
••
Contenção de cheias;
••
Barragens;
••
Adutoras; e
••
Sistemas de abastecimento de água.

55
Recursos Federais de Defesa Civil

O Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais


foi feito pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com
a participação da SEDEC. Seu método de transferência de recursos para os
órgãos federados ocorre através de transferência obrigatória regida pela lei
n. 11.578/2007. Entretanto, esta transferência difere da transferência obrigatória
para ações de recuperação pós-desastre, regida pela lei n. 12.340/10, pois nela
o projeto deve ser aprovado antes da liberação dos recursos.
As obras inseridas neste programa são selecionadas diretamente pelo
MPOG e não estão sujeitas a contingenciamento de recursos (bloqueio na
liberação de verbas, no caso de corte de gastos do governo).
No quadro 3 são apresentadas informações do PAC2. Este programa
é uma iniciativa anterior no âmbito do PAC Prevenção e já previa obras
de prevenção.

Quadro 3 – Informações referentes ao PAC2

Programa Escopo Obras e serviços


correlatos
Aumentar a cobertura de coleta e tratamento de
esgoto, proteção dos mananciais, despoluição de
cursos d’água e tratamento de resíduos sólidos;
Prevenir novos deslizamentos, contenção de Adutoras;
encostas em áreas de risco, controle de enchente Estações de tratamento de
e inundações com obras de drenagem, além da água;
PAC 2
redução de áreas vulneráveis a deslizamento; Reservatórios;
Obras de pavimentação, calçadas, sinalização e Obras de irrigação.
obras de drenagem nas cidades brasileiras;
Melhorar e expandir o abastecimento de água da
população das áreas urbanas.

Fonte: Adaptado de Brasil (2013)

2.1.2  Programas Federais para Convênios

Os recursos da União voltados a ações que contribuem com a redução


de riscos de desastres não estão concentrados apenas na SEDEC. São geridos
por diversos órgãos federais, cada qual responsável por uma temática distinta,
buscando benefícios que normalmente vão além da simples redução de riscos.
O Quadro 4, apresenta alguns desses programas:

56
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

Quadro 4 – Programas federais correlatos

Ministério / Secretaria / Ações e Obras e serviços


Escopo
Órgão Órgão Programas correlatos
Expandir a cobertura e
melhorar a qualidade dos
serviços de saneamento em
áreas urbanas, por meio da
implantação, ampliação e
melhorias estruturantes nos
sistemas de abastecimento Assentamento de
de água, esgotamento adutora de água bruta,
Saneamento Básico
sanitário, drenagem e manejo estação multimodal,
de águas pluviais e resíduos tanque de aeração.
sólidos urbanos, com ênfase
em populações carentes de
aglomerados urbanos e em
municípios de pequeno porte
localizados em bolsões de
Ministério Secretaria Nacional pobreza.
das Cidades - de Saneamento
Atuar na promoção do
MCidades Ambiental  - SNSA
fortalecimento da gestão
Planejamento municipal voltada ao
Conjunto habitacional.
Urbano  desenvolvimento urbano
integrado e com participação
social.

Apoiar a execução de estudos


e intervenções para prevenção
de riscos de deslizamentos
de encostas, enxurradas, Dessasoreamento de rio
Gestão de Riscos
erosões marítimas e fluviais, e implantação de vias
e Resposta a
enchentes e inundações marginais, montagem de
Desastres
recorrentes em áreas emissário subaquático.
urbanas por meio de obras
de engenharia e recuperação
ambiental.

Captação de água
bruta em mananciais
Financiar a implantação, superficiais, captação
ampliação e/ou melhorias em subterrânea, adutora,
Sistema de
sistemas de abastecimento estação elevatória
Abastecimento de
de água nos municípios com de água, estação de
Água
população de até 50.000 tratamento de água,
habitantes. reservatórios, rede de
distribuição, ligações
domiciliares.

Rede coletora de
Ministério da Fundação Nacional Financiar a implantação,
esgotos, interceptores,
Saúde - MS de Saúde - FUNASA ampliação e/ou melhorias
Sistema de estação elevatória de
em sistemas de esgotamento
Esgotamento esgoto, estação de
sanitário nos municípios com
Sanitário tratamento de esgoto,
população de até 50.000
emissários, ligações
habitantes.
domiciliares.

Financiar a implementação
de projetos de coleta e Construção de aterros
reciclagem de materiais sanitários, galpões de
Resíduos Sólidos
diretamente com as triagem e aquisição de
cooperativas e associações de equipamentos.
catadores.

57
Recursos Federais de Defesa Civil

Ministério / Secretaria / Ações e Obras e serviços


Escopo
Órgão Órgão Programas correlatos
Estímulo à política de
Pagamento por Serviços
Ambientais - PSA - voltados
à proteção hídrica no Brasil.
Para tanto, o programa apoia,
orienta e certifica projetos
Construção de terraços e
que visem à redução da
de bacias de infiltração,
erosão e do assoreamento
readequação de estradas
de mananciais no meio rural,
vicinais, recuperação e
Ministério do propiciando a melhoria da
Agência Nacional de Programa Produtor proteção de nascentes,
Meio Ambiente - qualidade, a ampliação e a
Águas - ANA de Água reflorestamento das
MMA regularização da oferta de
áreas de proteção
água em bacias hidrográficas
permanente e reserva
de importância estratégica
legal, saneamento
no país. Esses projetos de
ambiental.
adesão voluntária, são voltados
a produtores rurais que se
proponham a adotar práticas
e manejos conservacionistas
em suas terras com vistas à
conservação de solo e da água.

Financiar projetos individuais


ou coletivos, que gerem renda
aos agricultores familiares
Programa Nacional e assentados da reforma
Ministério do Secretaria da
de Fortalecimento agrária.É uma ação do PRONAF
Desenvolvimento Agricultura Familiar - Microcrédito rural.
da Agricultura para agricultores familiares da
Agrário - MDA SAF
Familiar - PRONAF área de atuação da Sudene,
majoritariamente semiárida,
que sofrem perda de safra por
seca ou excesso de chuvas.

Garantir o amplo acesso à


água para as populações rurais
dispersas e em situação de
extrema pobreza, seja para
Ministério do Secretaria Nacional
o consumo próprio ou para
Desenvolvimento de Segurança Programa Água Cisternas de polietileno e
a produção de alimentos
Social e Combate Alimentar e para Todos cisternas de placa.
e a criação de animais,
à Fome - MDS Nutricional – SESAN
possibilitando a geração de
excedentes comercializáveis
para a ampliação da renda
familiar dos produtores rurais.

Elaboração de
estudos e planos de
desenvolvimento
regional e territorial,
Formular e implementar os
divulgação das políticas
marcos legais das Políticas
de desenvolvimento
Desenvolvimento Nacionais de Desenvolvimento
Superintendência do regional e ordenamento
Regional, Territorial Regional e de Ordenamento
Desenvolvimento do territorial, revitalização e
Sustentável e Territorial, contribuindo para
Nordeste - SUDENE manutenção do sistema
Economia Solidária a redução das desigualdades
nacional de informações
regionais e a ocupação
Ministério da para o desenvolvimento
racional do território.
Integração regional e ordenamento
Nacional - MI territorial, e
fortalecimento das
administrações locais.

Formular e implementar os
Capacitação para o
marcos legais das Políticas
desenvolvimento
Desenvolvimento Nacionais de Desenvolvimento
Superintendência do regional e ordenamento
Regional Territorial Regional e de Ordenamento
Desenvolvimento da territorial, elaboração
Sustentável e Territorial , contribuindo para
Amazônia - SUDAM de estudos e planos
Economia Solidária a redução das desigualdades
de desenvolvimento
regionais e a ocupação
regional e territorial.
racional do território.

58
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

Ministério / Secretaria / Ações e Obras e serviços


Escopo
Órgão Órgão Programas correlatos
Universalizar o acesso de
água a populações carentes
residentes em comunidades
rurais, além de oferecer
água para o consumo animal
por meio de tecnologias
diferenciadas. Fomentar a
ampliação da utilização de
tecnologias infraestrutura e
equipamentos de captação Cisternas de polietileno,
e armazenamento de cisternas de placa,
águas pluviais. Fomentar sistemas coletivos de
a implementação de abastecimento de água
Ministério da Secretaria de
Programa Água infraestrutura e equipamentos (poços perfurados,
Integração Desenvolvimento
para Todos de captação, reservação estações de tratamento
Nacional - MI Regional - SDR
tratamento e distribuição de água e reservatórios
de água oriunda de corpos elevados...), pequenas
d'água, poços ou nascentes barragens (barreiros),
e otimização de seu uso. kits de irrigação.
Articular as ações promovidas
pelos órgãos e instituições
federais com atribuições
relacionadas à: segurança
alimentar e nutricional;
infraestrutura hídrica e de
abastecimento público de
água; regulação do uso da
água; saúde e meio ambiente.

Promover a Assistência Técnica e


Extensão Rural - ATER nas áreas
de agricultura Irrigada, visando
ao uso racional do solo e da
água e ao manejo adequado
das culturas. Promover a Disponibilização de
capacitação para a Agricultura serviços de ATER nas
Ministério da Irrigada em parceria com áreas da agricultura
Secretaria Nacional Programa
Integração instituições governamentais, irrigada; capacitação de
de Irrigação - SENIR Agricultura Irrigada
Nacional - MI não governamentais e da irrigantes para aplicação
iniciativa privada. Promover a das técnicas de irrigação
implantação de novos projetos e drenagem.
em áreas com potencial de
ampliação da agricultura
irrigada para aumentar a
produção agrícola de maior valor
agregado.

Fonte: Adaptado de Brasil (2013)

Todas as transferências voluntárias são operadas por meio do Portal dos


Convênios – SICONV, sob a regência do Decreto n. 6.170/2007 e da Portaria
Interministerial n. 507/2011.

2.1.3  Obtenção de Recursos Via OGU e Via Emendas


Parlamentares

O Orçamento Geral da União – OGU prevê recursos a serem aplicados


pelos órgãos executivos da União nos diversos segmentos de atuação do

59
Recursos Federais de Defesa Civil

governo, como nos programas federais exemplificados acima. Cada órgão


gestor, como a SEDEC, define a parcela dos recursos que aplicará mediante
convênios com os entes federados, ficando responsável pela seleção das
propostas correspondentes.
Mas o estado ou município pode garantir recursos também via emenda
parlamentar. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) permite que os
parlamentares, individualmente ou em bancadas, apresentem emendas
destinadas à alocação de recursos nas suas regiões de origem. Cada parlamentar
pode apresentar até 25 emendas por mandato e as bancadas estaduais podem
apresentar entre 15 e 20 emendas de apropriação em função do número de
parlamentares que às compõem.
As emendas parlamentares devem, via de regra, apresentar dotação
suficiente para a conclusão das obras a que se referem. Apesar de não passarem
pela fase de seleção do órgão gestor, seus projetos se submetem às mesmas
análises que aqueles selecionados com recursos da rubrica do Ministério da
Integração por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.

2.1.4  Envio de Propostas para Convênios

O ponto de partida para a celebração de convênio é o envio da proposta


para análise da SEDEC via SICONV. Vale destacar que, diferentemente de
alguns órgãos, o Ministério da Integração Nacional somente assina convênios
com estados e municípios, não firmando tal parceria com entidades privadas
(Organizações Sociais de Interesse Social – OSCIPs).
Na proposta são incluídas especificações mínimas que subsidiam a análise
desta Secretaria quanto à pertinência do objeto aos objetivos do programa
federal sob sua gestão. Segue um esquema para melhor entendimento dos
procedimentos necessários para envio de proposta (Figura 11):

Figura 11 – Procedimentos necessários para envio de proposta

Fonte: SEDEC (2013)

O SICONV possui 3 situações distintas sobre o “status” da proposta:


Proposta Cadastrada, Proposta em Análise e Proposta em Complementação.
A primeira, como já exposto, ocorre com o preenchimento dos campos iniciais
da aba “Dados”. A proposta apenas ficará na situação de “Em Análise” após

60
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

envio ao SICONV; para tanto, será necessário o preenchimento de todos os


campos referentes ao plano de trabalho. O envio da proposta para análise
possibilita ao concedente a análise dos dados. Caso haja inconsistências ou
erros nos documentos apresentados ou no preenchimento de algum campo,
o concedente entrará em contato com o convenente (caso sua proposta tenha
sido selecionada) para que este proceda às retificações requeridas, ficando o
documento na situação de “Proposta em Complementação”.

2.1.4.1  Cadastramento do proponente

Inicialmente, para o cadastramento de uma proposta, é necessário que o


proponente esteja devidamente cadastrado no SICONV. Tal cadastro é realizado
pelas Unidades de Cadastramento presentes em todo o território nacional.
Para maiores detalhes, consultar a relação dos endereços no próprio Portal dos
Convênios (<https://www.convenios.gov.br/portal/>).

2.1.4.2  Localização do programa

Após o cadastramento, o ente deve verificar no SICONV qual órgão federal


é responsável pela execução dos programas e ações de seu interesse. Todos os
órgãos federais que trabalham com a modalidade convênio possuem registro
no SICONV. No caso da SEDEC, o código do órgão é o 53000, que representa o
Ministério da Integração Nacional. Dentro de cada órgão registrado existe uma
série de programas aos quais ele atende.

2.1.4.3  Cadastramento da proposta

Para o cadastramento da proposta, a primeira informação solicitada pelo


SICONV será a definição do programa (Figura 12).

61
Recursos Federais de Defesa Civil

Figura 12 – Definição do programa

Fonte: MPOG (2013)

Na sequência, o sistema solicitará ao convenente a seleção de objeto do


programa proposto (Figura 13).

Figura 13 – Seleção de objeto do programa proposto

Fonte: MPOG (2013)

Em seguida, disponibilizará lacunas onde devem ser cadastrados os


valores de repasse global e de contrapartida (Figura 14).

Figura 14 – Cadastro de valores

Fonte: MPOG (2013)

62
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

Ao preenchê-los, outros campos serão abertos para a complementação


da Proposta, entre eles: Órgão, Modalidade, Justificativa, Objeto do Convênio
(descrição daquele objeto selecionado, inclusive com localização), Banco,
Agência, Início da Vigência, Término da Vigência, Ano de Repasse e Valor de
Repasse (Figura 15).

Figura 15 – Complementação de proposta

Fonte: SEDEC (2013)

2.1.4.4  Preenchimento das abas

2.1.4.4.1  Aba “Dados”

São dados exigidos pela SEDEC para que a Secretaria compreenda


a intenção do proponente, avalie sua compatibilidade com os objetivos do
programa federal correspondente, e possa atender à solicitação de recursos.
Compreendem:

••
Justificativa

Deverá conter a exposição dos problemas enfrentados pelo proponente,


descrevendo, de forma clara e sucinta, as razões que levaram à apresentação da
proposta, bem como justificando a solução adotada em detrimento de outras
opções. É importante também evidenciar os benefícios econômicos e sociais
a serem alcançados pela comunidade, indicando o público-alvo e o número
de pessoas beneficiadas. É imprescindível demonstrar a compatibilidade da
proposta com o objetivo do programa vinculado.

63
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Objeto

Não é necessário que o objeto seja exatamente uma obra. Pode tratar-
se de estudos ou de projetos, como um Plano Diretor de Drenagem Urbana
ou o projeto de uma barragem de detenção, acompanhado da respectiva
obra. Este campo da proposta do convênio deve ser preenchido com uma
descrição sintética e particular do objeto a ser executado, com sua localização
e quantificação. Deve caracterizar suficientemente o alvo do benefício, que
não pode ser alterado após a celebração do convênio, sem restringir soluções
de projeto ou limitar quantidades de serviços, informações estas que só serão
conhecidas com segurança após o desenvolvimento do projeto básico. Assim, ao
invés de “Canal de drenagem urbana em concreto armado na Av. Bruxelas, com
597m, delimitado pelas ruas Pomodoro e Andorinhas”, o objeto deve informar
“Solução de engenharia para a redução do risco de inundação na Av. Bruxelas,
entre as ruas Pomodoro e Andorinhas”. Isto porque, durante o processo de
análise e aprovação do projeto básico pela SEDEC, poderão surgir alternativas
que solucionam o mesmo problema de modo mais eficiente, como a construção
de uma bacia de retenção a montante do trecho com problema.
Note que não houve alteração da finalidade, mantendo-se os beneficiários
originais, conforme exige a legislação, mas permitindo que o projeto seja
adequadamente avaliado em momento posterior à assinatura do convênio, regra
que passou a vigorar a partir da Portaria Interministerial n. 127/2008. Atentar,
ainda, para o fato de que o objeto do convênio deverá ter funcionalidade, ou
seja, trazer os benefícios esperados assim que for concluído. Dessa forma, não
são admitidas apenas partes de determinada obra maior em um convênio (a
menos que apresente significativa funcionalidade parcial com a aplicação isolada
dos recursos do convênio).

••
Banco e agência

Deve ser selecionado um dos bancos oficiais onde serão depositados e


geridos os recursos do convênio, e em seguida preenchido o número da Agência,
dentre aquelas que se encontrem nas opções disponibilizadas pelo SICONV, cuja
localização o proponente possua facilidade de acesso. No momento da liberação
da primeira parcela dos recursos, o SICONV gerará automaticamente uma conta
corrente vinculada à agência definida no cadastramento da proposta, onde será
depositado o montante previsto no Cronograma de Desembolso. É nesta mesma
conta que o convenente deverá depositar sua contrapartida financeira e nela
realizar todas as movimentações associadas à execução do objeto.

64
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

••
Início e término da vigência

Refere-se à estimativa de vigência do convênio. Deve se basear na data


estimada de início e fim da obra, de acordo com o cronograma físico previsto,
considerando ainda o prazo necessário para apresentação do projeto básico,
licitação e prestação de contas final. Naturalmente, trata-se de mera estimativa,
pois depende, inclusive, da expectativa da data em que ocorrerá a assinatura
do convênio com a SEDEC.

••
Ano e valor do repasse

É um campo que também se refere a uma estimativa do ano em que


ocorrerá a liberação da primeira parcela dos recursos, não havendo problema
de tal previsão apontar a liberação para o ano subsequente.

2.1.4.4.2  Aba “Participantes”

Define as pessoas físicas e jurídicas às quais serão atribuídos direitos


e obrigações no momento da celebração do convênio. Tendo em vista que o
convenente é representado pela instituição responsável pelo cadastramento
da proposta, este campo já estará automaticamente preenchido O mesmo vale
para o concedente, uma vez que é ele o responsável pela disponibilização do
programa utilizado para a elaboração da proposta. Portanto, resta somente a
figura do interveniente, que é necessária apenas em casos especiais.
A Portaria Interministerial/MPOG, MF e CGU n. 507, de 24 de novembro
de 2011, em seu art. 1º, inciso XVII, prevê que pode ser caracterizado como
interveniente qualquer órgão da administração pública direta ou indireta
de qualquer esfera do governo que participa do convênio para manifestar
consentimento ou assumir obrigações em nome próprio. Desta maneira, caso
haja necessidade de um órgão especializado para execução ou acompanhamento
da obra, este poderá figurar como interveniente, sendo essa a situação em que
é facultada ao convenente a inclusão de um órgão técnico especializado para
acompanhamento da obra. É o caso, por exemplo, de um órgão estadual que
lida com perfuração de poços profundos participar como interveniente num
convênio para abastecimento de água firmado pelo Estado com a SEDEC.
É possível, inclusive, que tal órgão especialista figure diretamente como
convenente. Todavia, se não houver expressa delegação de competência do ente
federado para que este órgão firme convênios, o próprio ente federado terá de
participar como interveniente. É o que diz o § 6º do Art. 1º, segundo Brasil (2011):

65
Recursos Federais de Defesa Civil

Na hipótese de o convênio ou contrato de repasse vir a ser firmado por


entidade dependente ou órgão de Estado, Distrito Federal ou Municí-
pio, o Chefe do Poder Executivo desse ente deverá participar no instru-
mento a ser celebrado como interveniente, caso não haja delegação de
competência.

Portanto, sendo o convenente, caracterizado como de Administração Direta,


deverá o Estado ou o Município, necessariamente, figurar como interveniente. No
entanto, havendo a delegação de competência para celebração de convênios, por
parte do Chefe do Poder Executivo à pessoa ou cargo específico, o instrumento
poderá ser celebrado sem a interveniência de qualquer entidade.
É importante destacar que o interveniente deve estar previamente
cadastrado no SICONV, conforme orientado no item 4.4.1. No preenchimento
da aba “Participantes” há um ícone com a opção incluir interveniente, onde o
proponente registrará o CNPJ da entidade, respeitando a fundamentação legal
descrita anteriormente.

2.1.4.5  Finalização

Após o preenchimento dos campos acima descritos, o proponente deverá


clicar em “Cadastrar Proposta”. Esta ação cria a proposta, abrindo 11 novas abas,
que compõem o Plano de Trabalho (Figura 16).

Figura 16 – Finalização do cadastro

Fonte: MPOG (2013)

2.1.5  Objetos Elegíveis

Dentro das ações disponibilizadas pela SEDEC, o proponente poderá


solicitar recursos tanto para a execução de obras como para a elaboração de
estudos e desenvolvimento de projetos.
Como exemplos de estudos e projetos têm-se:

66
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

••
Plano diretor de drenagem urbana;
••
Mapeamento das áreas de risco;
••
Estudos e projetos de minimização de seca; e
••
Estudos e projetos de macrodrenagem.
Podem-se citar como exemplos de obras de prevenção:
••
Construção de reservatórios de amortecimento de cheias;
••
Implantação de sistema de abastecimento de água;
••
Realocação de unidades habitacionais situadas em áreas de
risco, mas ainda não danificadas;
••
Implantação de sistemas de macro e microdrenagem, voltados
à prevenção de alagamentos ou enxurradas; e
••
Sistema de proteção de erosão costeira.

Para se entender melhor quais tipos de objetos são passíveis de convênio,


pode-se adotar a hipotética situação de alagamento em um bairro na cidade de
Galochas do Sul. Para solucionar este problema, o prefeito pensou em canalizar
o córrego que passa pela região. Entretanto, para um resultado mais eficaz, ele
sabe que é preciso elaborar um Plano Diretor de Drenagem Urbana para obter a
solução mais adequada e, posteriormente, um Projeto Básico da obra prioritária
que o Plano Diretor indicar.
Nesta circunstância, caso o município queira repasse de recursos do
governo federal para auxiliar na canalização do córrego, ele pode requerer por
meio de convênio. É possível elaborar um único projeto de convênio englobando
todas as ações voltadas à solução do problema (Plano Diretor de Drenagem
Urbana, Projeto Básico e a obra de prevenção em si), ou tratar tais produtos
em convênios distintos.
Outra situação hipotética que pode ser retratada é a da cidade de Petina,
no interior nordestino. Todos os anos, ela sofre com períodos de seca que, além
de prejudicar as plantações, impacta na qualidade de vida de seus habitantes.
Para combater isto, pensou-se em realizar um Estudo de Minimização de Seca
e desenvolver os projetos das suas duas primeiras soluções prioritárias.
Mais uma vez, tem-se a possibilidade de solicitar recursos ao Ministério da
Integração Nacional para as ações, conveniando-se, num primeiro momento, o
desenvolvimento dos estudos e dos projetos. Supondo-se que o estudo indicou
a necessidade de construção de um açude e a implantação de cisternas de placa
em residências da zona rural, além de apontar que o plantio direto é altamente

67
Recursos Federais de Defesa Civil

recomendável para os solos da região, preservando-os da erosão e da perda


de fertilidade, a alocação destas ações em um convênio depende do escopo do
programa do governo ao qual se está pedindo auxílio. A instalação do açude e
das cisternas de placa, por exemplo, pode ser inserida no Programa Oferta de
Água, do Ministério da Integração Nacional. Entretanto, os cursos aos agricultores
para a difusão da técnica do plantio direto não se encaixam no propósito deste
Programa, tendo que ser requeridos em outro programa federal. Note que, com
este estudo e projetos em mãos, desenvolvidos por meio do primeiro convênio,
o acesso aos recursos para a execução das obras é mais fácil, tanto do ponto de
vista de seleção como de aprovação técnica dos projetos.

2.2  Ações Pós-Desastre

Este item visa a expor a forma de solicitação de recursos para as ações


de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e
recuperação, bem como a orientar acerca da obtenção do CPDC.

2.2.1  Resposta

Ações de resposta a desastres referem-se a prestações de serviços de


emergência e de assistência pública durante ou imediatamente após a ocorrência
de um desastre, com o propósito de salvar vidas, reduzir impactos sobre a saúde,
garantir a segurança pública e satisfazer necessidades básicas de subsistência
da população afetada (UNISDR, 2009 ).
A resposta diante de um desastre se concentra predominantemente nas
necessidades de curto prazo. Porém, algumas ações de assistência às vítimas,
tais como o suprimento de água potável, a provisão de alimentos, a oferta
e instalação de abrigos temporários, podem acabar ampliando-se até a fase
seguinte.
Cabe salientar que esses materiais podem ser solicitados para a SEDEC
por meio dos kits. Há kits de limpeza, higiene pessoal e alimentos, além de
garrafas de água mineral e kits dormitório, que podem atender até cinco pessoas
de uma mesma família.
A Secretaria possui Centros de Distribuição instalados em Manaus (AM),
Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Brasília (DF) para atender
a todo o País. Os Correios têm a responsabilidade de manter os Centros de

68
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

Distribuição e realizar a logística de armazenagem, a distribuição, bem como o


recebimento de carga, controle de estoque, recebimento de pedidos, embarque
da carga, entrega nos locais previstos e gerenciamento de todo o processo.
Já os recursos financeiros para a realização de ações de resposta são
obtidos por meio de transferência obrigatória, via Cartão de Pagamento de
Defesa Civil (CPDC).

2.2.1.1  Plano detalhado de resposta

Obtido o reconhecimento federal de Situação de Emergência ou Estado


de Calamidade Pública e sendo necessário o apoio federal para complementar
as ações do governo local e/ou estadual, o interessado deverá apresentar:

I – Ofício de requerimento de recurso, indicando as justificativas


da solicitação e quais as ações que já foram realizadas no âmbito
do Estado/Município;
II – Plano Detalhado de Resposta – é um documento que
detalha as ações que o ente pretende executar com os recursos
financeiros transferidos pelo Ministério da Integração Nacional,
especificando quantidades, prazos e recursos necessários para a
consecução de cada meta com seus respectivos itens ou etapas
e as necessidades de recursos materiais em atendimento às
ações de assistência humanitária.

Os recursos serão liberados em parcela única, conforme disponibilidade


orçamentária e financeira, utilizando os limites estipulados por indicadores
informados pelo CENAD como parâmetro para repasse. Há a possibilidade ainda
de ser repassado um valor para complemento dos recursos iniciais, sendo, para
isso, essenciais a apresentação do Plano Detalhado de Resposta atualizado, do
Relatório de Gastos e da justificativa da necessidade de mais recursos.
A SEDEC analisará se as ações e solicitações neles apresentadas estão
compatíveis com os objetivos do programa federal de onde provêm os recursos.
Os documentos devem ser preenchidos conforme segue:

69
Recursos Federais de Defesa Civil

2.2.1.1.1  Dados cadastrais


2.2.1.1.1.1  Proponente

••
Órgão/Entidade proponente: Indicar o nome do órgão/entidade
interessado na execução de programa, projeto ou evento.
••
CNPJ: Indicar o número de inscrição do órgão/entidade
proponente responsável por gerenciar os recursos.
••
Endereço: Indicar o endereço completo do órgão/entidade
proponente (rua, número, bairro etc.)
••
Cidade: Preencher o nome da cidade onde esteja situado o
órgão/entidade proponente.
••
UF: Preencher a sigla da unidade da federação a qual pertença a
cidade indicada.
••
CEP: Informar o código do endereçamento postal da cidade
mencionada.
••
DDD/Telefone: Registrar o código DDD e número do telefone
onde esteja situado o órgão/entidade proponente.
••
E-mail do órgão: Informar contato eletrônico para solicitações
posteriores, quando necessário.

2.2.1.1.1.2  Coordenador de defesa civil

••
Nome do responsável pelo órgão de defesa civil: Registrar o
nome do responsável pelo órgão de defesa civil, quando não for
responsável pelo recurso.
•• E-mail do responsável pelo órgão de defesa civil: Informar
contato eletrônico do responsável de defesa civil para
solicitações posteriores, quando necessário.
•• C.I./Órgão Expedidor: Registrar o número da carteira de identidade
do responsável, sigla do órgão expedidor e unidade da federação.
•• CPF: Registrar o número da inscrição do responsável no Cadastro
de Pessoas Físicas.
•• Cargo: Registrar o cargo do responsável.
•• Endereço: Indicar o endereço completo do responsável de
defesa civil.

70
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

2.2.1.1.1.3  Responsável pelos recursos materiais

Dados da pessoa que ficará responsável pelo recebimento e envio de


documentação para prestação de contas referentes aos recursos materiais
disponibilizados pela SEDEC/MI.

••
Nome do responsável pelo recurso material: Registrar o nome
do responsável pelo recurso material.
••
C.I./Órgão Expedidor: Registrar o número da carteira de
identidade do responsável, sigla do órgão expedidor e unidade
da federação.
••
CPF: Registrar o número da inscrição do responsável no Cadastro
de Pessoas Físicas.
••
Cargo: Registrar o cargo do responsável.
••
Endereço: Indicar o endereço completo do responsável.
••
E-mail do responsável: Informar contato eletrônico para
solicitações posteriores, quando necessário.
••
DDD/Telefone: Informar telefone, com DDD, do responsável.

2.2.1.1.1.4  Responsável pelos recursos financeiros

Dados da pessoa que ficará responsável pelo envio da documentação


necessária para o acompanhamento e prestação de contas.

••
Nome do responsável pelo recurso financeiro: Registrar o
nome do responsável pelo recurso financeiro.
••
C.I./Órgão Expedidor: Registrar o número da carteira de
identidade do responsável, sigla do órgão expedidor e unidade
da federação.
••
CPF: Registrar o número da inscrição do responsável no Cadastro
de Pessoas Físicas.
••
Cargo: Registrar o cargo do responsável.
••
Endereço: Indicar o endereço completo do responsável.
••
E-mail do responsável: Informar contato eletrônico para
solicitações posteriores, quando necessário.
••
DDD/Telefone: Informar telefone, com DDD, do responsável.

71
Recursos Federais de Defesa Civil

2.2.1.1.1.5  Dados bancários do Cartão de Pagamento de


Defesa Civil (CPDC)

••
Conta-Corrente CPDC: Informar o número da Conta do
Cartão de Pagamento de Defesa Civil, vinculado ao CNPJ da
CEDEC, SEDEC ou COMDEC. Cada desastre terá uma conta de
relacionamento específica.
••
Banco: Informar o código do banco ao qual esteja vinculada
a conta CPDC específica para o repasse dos recursos de
Transferência Obrigatória.
••
Agência: Indicar o código da agência do banco.
••
Centro de custo: Informar o número identificador do Centro de
Custo aberto.
••
Praça de pagamento: Indicar o nome da cidade onde se localiza
a agência.

2.2.1.1.2  Informações do desastre

••
Tipo de desastre: Informar a denominação do desastre, de
acordo com a COBRADE.
••
Cobrade: Informar o número da COBRADE.
••
Desabrigados: Indicar o número de pessoas que necessitam de
abrigo público como habitação temporária, devido ao prejuízo
das condições básicas de segurança e habitabilidade de sua
residência em função de dano ou ameaça causado pelo desastre.
••
Desalojados: indicar o número de pessoas que, devido a
prejuízo das condições básicas de segurança e habitabilidade
de sua residência em função de dano ou ameaça causado pelo
desastre, tiveram que evacuá-la, porém, não necessitam de
abrigo público como habitação temporária.
••
Afetados: indicar o número de pessoas que foram atingidas
pelo desastre e necessitam de assistência.
••
Descrição da situação: Descrever a situação que motiva a
solicitação de recursos financeiros.

72
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

••
Ações já empregadas no âmbito local:
••
Pelo ente municipal: descrever os recursos já empregados
pelo município (ações de socorro e assistência às vítimas,
incluindo os materiais de assistência humanitária distribuídos
e o restabelecimento de serviços essenciais).
••
Pelo ente estadual/DF: descrever os recursos já empregados
pelo estado/DF (ações de socorro e assistência às vítimas,
incluindo os materiais de assistência humanitária distribuídos
e o restabelecimento de serviços essenciais).

2.2.1.1.3  Solicitação de recursos materiais para assistência


humanitária

Informar qual tipo de kit, dentre os disponibilizados pela SEDEC/MI (cesta


de alimentos, limpeza, dormitório, higiene pessoal, água mineral e barraca),
está sendo requerido.

••
Quantidade de kits: Informar a quantidade de kits necessários.
••
Número de desabrigados: Fornecer o número de desabrigados
a serem atendidos com os kits.
••
Número de desalojados: Fornecer o número de desalojados a
serem atendidos com os kits.
••
Número de pessoas afetadas: Fornecer o número de pessoas
afetadas a serem atendidas com os kits.
••
Período: Informar o período, em dias, previsto para a distribuição
dos kits.

Caso a solicitação seja do estado, o quadro deverá ser preenchido por


município a ser contemplado.

2.2.1.1.4  Solicitação de recursos financeiros

2.2.1.1.4.1  Ações para socorro e assistência às vítimas

••
Meta: Refere-se à prioridade das ações a serem realizadas para
o alcance da finalidade do projeto.

73
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Item: Refere-se à prioridade para o alcance da meta estabelecida.
••
Especificação: Consiste em discriminar as aquisições de material
de consumo e contratação de serviços que serão necessários
para atender aos atingidos pelo desastre.
••
Quantidade: Indicar a quantidade prevista para cada unidade
de medida.
••
Unidade: Indicar a unidade de medida que melhor caracterize o
produto de cada especificação.
••
Período de execução: Indicar o período em dias previsto para a
realização de cada especificação.
••
Valor unitário: Indicar o valor unitário a ser destinado a cada
uma das especificações.
••
Valor total: Indicar o valor total a ser destinado a cada uma das
especificações.
••
Justificativas: Apresentar, sucintamente, a justificativa da
locação/serviço/material a ser usada/o.

Tabela 2 – Descrição das metas e itens

Período de Valor Valor


Metas Itens Especificação Unid. Qtde. execução Unitário Total
(em dias) R$ R$
1 Locações

Locação de veículo
de passeio para
1.1 Un 5 xxxx xxx
transportar a
equipe de apoio

Locação de balsa
1.2 para transportar a Un 3 xx xx
equipe de apoio

VALOR TOTAL    

Fonte: Adaptado de SEDEC (2013)

2.2.1.1.4.2  Ações para restabelecimento de serviços essenciais

••
Meta: Refere-se à prioridade das ações a serem realizadas para
o alcance da finalidade do projeto.
••
Itens: Refere-se à prioridade para o alcance da meta estabelecida.
••
Especificação: Consiste em discriminar as aquisições de material

74
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

de consumo e contratação de serviços que serão necessários


para atender aos atingidos pelo desastre.
••
Quantidade: Indicar a quantidade prevista para cada unidade
de medida.
••
Unidade: Indicar a unidade de medida que melhor caracterize o
produto de cada especificação
••
Período de execução: Indicar o período em dias previsto para a
realização de cada especificação.
••
Valor unitário: Indicar o valor unitário destinado a cada uma das
especificações.
••
Valor total: indicar o valor total a ser destinado a cada uma das
especificações.
••
Justificativas: Apresentar, sucintamente, a justificativa da/o
locação/serviço/material a ser usada/o, memória de cálculo e
demais informações necessárias à análise técnica deste Plano.

2.2.1.1.4.3  Quadro resumo dos recursos financeiros solicitados

Deverá ser lançado o valor total para cada ação de resposta.

2.2.1.1.5  Termo de compromisso

Item para assinatura onde se contempla o compromisso do responsável


com a boa e regular aplicação dos recursos recebidos e em conformidade com
as orientações constantes neste Caderno de Orientações.
A formalização do repasse de recurso de Transferência Obrigatória para
ações de socorro, assistência e restabelecimento se dará pela assinatura deste
campo, bem como pela publicação no DOU da Portaria de Autorização de
Transferência de Recursos.

2.2.1.1.6  Disposições gerais

A SEDEC comunicará ao ente beneficiado eventuais imprecisões detectadas


no preenchimento dos Planos Detalhados de Resposta, dispondo prazos para
sua correção. A ausência da manifestação do convenente/proponente no prazo
estipulado indicará sua desistência no prosseguimento do processo.

75
Recursos Federais de Defesa Civil

A partir do cumprimento das exigências de instrução do processo, a


Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil realizará os procedimentos
internos necessários para o repasse dos recursos e executará o depósito na conta
corrente específica informada (vinculada ao CNPJ do responsável pela execução
e prestação de contas). A execução das despesas será efetuada por meio do
Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC), que imprime mais agilidade ao
repasse e possibilita maior controle e transparência na realização dos gastos
públicos. O Decreto n. 7.505, de 27 de junho de 2011, e as Portarias n. 607, de
18 de agosto de 2011, e n. 37/2012, de 31 de janeiro de 2012, contemplam as
instruções para utilização do Cartão.
Importante destacar que a inclusão ou exclusão das metas previstas
poderá ser admitida em casos excepcionais, justificados em função de desastre
superveniente, ou restando comprovada manutenção da finalidade original da
transferência. Entretanto, qualquer alteração no Plano Detalhado de Resposta
necessita de prévia aprovação da SEDEC.

2.2.1.2  Cartão de Pagamento de Defesa Civil

Os recursos aprovados para execução das despesas com socorro, assistência


às vítimas e restabelecimento de serviços essenciais, definidas no Decreto
n. 7.257/2010, serão repassados à conta corrente específica, referida no Plano
Detalhado de Resposta, e a execução das despesas será realizada exclusivamente
por meio do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) obedecendo ao Decreto
n. 7.505/2011 e às Portarias n. 607/2011, 864/11, 37/2012 e 274/13.
Considera-se celebrado o contrato de adesão no momento de abertura
da conta de relacionamento específica para a movimentação dos valores junto
ao Banco do Brasil. O cartão é isento de taxa de adesão e anuidade para o ente
beneficiário, contudo o fornecedor terá de arcar com a taxa de operação da
máquina para a operadora do cartão.
As unidades gestoras dos órgãos da administração pública estadual,
municipal e do Distrito Federal que se enquadrarem nos termos da legislação
em vigor para ações de defesa civil, terão gestores financeiros, responsáveis
pela gestão dos recursos repassados pelo Ministério da Integração Nacional em
sua totalidade e um ou mais portadores, que receberão seus respectivos cartões
(plásticos) para realizar os pagamentos. Os portadores deverão ser servidores
ou empregados públicos com vínculo permanente, os secretários estaduais e
municipais, que firmarão termo de responsabilidade do Portador, o qual conterá

76
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

suas obrigações e deveres, conforme modelo disponível no sítio da Secretaria


Nacional de Proteção e Defesa Civil.
O CPDC poderá ser utilizado para aquisição de material, inclusive por
meio da internet, e contratação de serviços destinados a ações de defesa civil,
seguindo a Lei n. 8.666/93, que requer a apresentação de três orçamentos
antes de efetuar a compra. Entretanto, é vedado saque em espécie, compras
parceladas e uso no exterior do País.
Cabe salientar que o CPDC deve ser obtido antes do desastre. Caso isto
não ocorra, o solicitante terá de providenciá-lo, mesmo após o evento adverso,
para receber os recursos de resposta, prejudicando a celeridade do processo.
A conta do CPDC poderá ser aberta por iniciativa do ente beneficiário ou
por iniciativa da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Se for por iniciativa do ente federado, a conta do CPDC poderá ser aberta
com o CNPJ da Prefeitura ou com o CNPJ do órgão de defesa civil, caso este já
o possua. Nesta situação, o responsável pela conta deverá informar os dados
da mesma – CNPJ, número da agência, número da conta, número do centro de
custo, nome e CPF do responsável – pelo Sistema de Cadastramento do CPDC,
no sítio da SEDEC.
A SEDEC também poderá iniciar o processo de abertura de contas do
CPDC utilizando o CNPJ da Prefeitura e informando depois os dados da conta ao
interessado. Neste caso, o responsável pelo município, após receber os dados
da conta, deverá comparecer à agência do BB para validar o ato e fornecer cópia
de seus documentos pessoais, concluindo o processo de abertura.
Se duas contas forem abertas, uma pelo ente e outra pela SEDEC,
as duas serão válidas, mas será utilizada apenas uma por ocorrência de
desastre.

2.2.1.2.1  Passos para a obtenção do CPDC

A seguir, são mostrados os passos para a obtenção do CPDC.

Antes da ocorrência do desastre

••
1° passo:

É importante que o representante legal crie o órgão ou entidade de


proteção e defesa civil, com estrutura suficiente para cumprir sua missão, pois
essa deve ser a unidade responsável pelas ações de prevenção, preparação,

77
Recursos Federais de Defesa Civil

resposta e recuperação, de responsabilidade do estado e/ou do município no


Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec).

••
2° passo:

As contas podem ser abertas por iniciativa do ente ou de forma indireta


pela SEDEC.

Abertura de contas por iniciativa própria do ente

O representante legal deverá se dirigir à agência do Banco do Brasil


mais próxima para a assinatura de formulários próprios do banco. O contrato
de adesão ao Cartão de Pagamento de Defesa Civil é realizado uma única vez.
No mesmo momento serão assinados também os formulários de abertura
da conta. Não há limite para o número de contas. Cada desastre terá uma conta
de relacionamento específica. Dessa maneira, caso o ente receba recursos para
a execução de ações de resposta para um desastre, deverá tomar providências
imediatas para a abertura de nova conta para o caso de ocorrência de outros
desastres.

Abertura de contas de forma massificada pela SEDEC

A critério do Ministério da Integração Nacional, a SEDEC poderá providenciar


a abertura das contas do CPDC, em nome dos entes federados, junto à agência
bancária em que já mantenham conta de relacionamento com a instituição
financeira oficial federal responsável pela operacionalização do CPDC.
A conta terá como representante autorizado o representante legal do
ente federado – no caso dos municípios, o prefeito.
Os dados bancários – agência, número da conta e do centro de custos –
serão informados ao ente federado pela SEDEC via ofício.
A conta permanecerá bloqueada para movimentação até que o representante
legal do ente federado providencie a respectiva formalização junto à sua agência
de relacionamento, por meio da apresentação dos documentos necessários.
Para a efetivação da abertura da conta, seja ela aberta diretamente pelo
ente ou de forma indireta pela SEDEC, o representante legal ou o representante
por ele autorizado deverá assinar os seguintes formulários junto à agência de
relacionamento do Banco do Brasil:

I – Contrato do Cartão de Pagamento de Defesa Civil.


II – Proposta de Adesão ao CPDC.

78
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

III – Cadastro de Centro de Custos.


IV – Cadastro do(s) Portador(es).
V – Inclusão de Representante Autorizado (se for o caso), para
cada centro de custos.
VI – Cartões de autógrafo para o Representante Legal e
Representante(s) Autorizado(s).

Ao final da operação de contratação e abertura da conta o Banco do


Brasil entregará ao ente o Relatório de Cadastro de Centro de Custos, contendo
os dados da agência, da conta e do número identificador do centro de custos.
Os formulários “Proposta de Adesão”, “Cadastro de Centro de Custos” e
“Cadastro de Portador” podem ser obtidos pela internet no endereço: <www.
bb.com.br/Governo/Estadual/Dispendio/Cartoes/DefesaCivil/Formularios> ou
diretamente na agência de relacionamento do Banco do Brasil.
A abertura da conta deve ocorrer previamente ao desastre, configurando
uma ação preventiva.
No ato da abertura não haverá recurso disponível na conta. Os recursos
serão repassados, no caso de desastre, após o reconhecimento federal, sendo
necessária a solicitação formal do ente. Sobre o assunto cabe ainda frisar que
a atuação do governo federal é complementar à ação municipal ou estadual.
Não há limite para o número de contas abertas. Pode ocorrer a abertura
de conta por iniciativa própria do ente e a abertura de conta pela SEDEC,
simultaneamente.

••
3° passo:

Caso a conta tenha sido aberta por iniciativa do ente, o representante


autorizado deve cadastrar no site da SEDEC, no Sistema de Cadastramento do
CPDC – <www.integracao.gov.br/defesa-civil/solicitacao-de-recursos/cartao-
de-pagamento-de-defesa-civil> no link “registre aqui” – os seguintes dados:

••
Nome, CPF e data de nascimento do representante legal.
••
Número do CNPJ vinculado à conta.
••
Número da agência.
••
Número da conta de relacionamento.
••
Número identificador do centro de custos.

79
Recursos Federais de Defesa Civil

••
4° passo:

Os portadores cadastrados pelo representante autorizado deverão


comparecer a qualquer agência do Banco do Brasil para cadastramento de sua
senha individual, informando o número da agência e conta de relacionamento
aberta para o Cartão de Pagamento de Defesa Civil. O cartão (plástico) será
retirado posteriormente pelo portador, na sua agência de relacionamento.
No caso de repasse de recurso federal do estado para o município, o
representante autorizado do município deverá solicitar à agência que altere o
endereço de destino do envio dos cartões de seu centro de custos para a sua
agência de relacionamento, a fim de que o cartão seja retirado em sua cidade.

Após a ocorrência do desastre

A SEDEC atende de forma complementar aos entes federados afetados


por desastre. Para tanto é fundamental o reconhecimento da situação de
emergência ou de estado de calamidade pública por esta Secretaria.
O prazo para solicitar o reconhecimento é de 10 dias da ocorrência do
desastre, conforme Decreto n. 7.257/2010. Vale lembrar que a solicitação deve
ser feita por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID).
O S2ID está disponível no endereço: <www.integracao.gov.br/defesa-civil/s2id>.
Neste mesmo endereço está disponível a Instrução Normativa n. 1/2012, manual
de utilização do sistema e várias videoaulas com orientações para a utilização
do S2ID.
Para requerer recursos para ações de resposta – socorro, assistência às
vítimas e restabelecimento dos serviços essenciais –, o ente deve encaminhar
diretamente à SEDEC o Plano de Resposta – modelo disponível em: <www.
integracao.gov.br/defesa-civil/solicitacao-de-recursos>.
O Plano Detalhado de Resposta será analisado pela Secretaria e, no
caso de manifestação técnica favorável e disponibilidade de recursos, será
providenciada a publicação de portaria do ministro de Estado da Integração
Nacional autorizando a transferência do recurso.

••
5° passo:

Por meio do Autoatendimento Setor Público (AASP), acesso disponibilizado


pelo Banco do Brasil no ato de abertura das contas (chave J), o representante
autorizado do centro de custos poderá:

80
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

••
Cadastrar os portadores do cartão.
••
Atribuir limite de compras aos portadores.
••
Acompanhar os gastos, a movimentação do(s) centro(s) de
custos e dos portadores, mediante a emissão de demonstrativos
on-line.
••
Gerenciar os gastos.
••
Cadastrar novos usuários para acesso ao AASP.
Os limites deferidos aos portadores são de responsabilidade do
representante autorizado do centro de custos.

••
6° passo:

O portador do cartão poderá realizar as despesas, dentro dos limites do


seu cartão, devendo guardar as notas fiscais para posterior prestação de contas.
É importante que o portador do cartão confira, no ato da compra, os
dados do estabelecimento comercial expressos no comprovante emitido pela
maquineta, para se certificar de que se refere ao respectivo estabelecimento.
Mensalmente os dados referentes aos gastos serão repassados pelo
Banco do Brasil à Controladoria-Geral da União (CGU) e publicados no Portal
da Transparência (<www.portaldatransparencia.gov.br>).

2.2.1.2.2  Dúvidas frequentes em relação ao CPDC

A seguir são esclarecidas algumas dúvidas sobre o Cartão de Pagamento


de Defesa Civil (CPDC) referentes ao seu uso:

1. Como se dá a formalização da adesão?


Mediante a assinatura de formulários pelo representante do estado
ou do município, na agência de relacionamento do Banco do Brasil.
2. O cartão é de crédito ou de débito?
Débito para as contas abertas após maio de 2013. As contas
abertas antes dessa data terão os plásticos substituídos, com
exceção das que receberam recursos, e finalizarão a execução na
modalidade crédito para o fornecedor.
3. Quando se abre a conta, o cartão já vem com algum valor?
Não; o ato de abertura é uma ação preventiva e todas as contas
são abertas com saldo zero.

81
Recursos Federais de Defesa Civil

4. O portador do cartão poderá fazer saque em espécie?


Não é permitida a realização de saque em espécie.
5. As compras efetivadas com o cartão poderão ser parceladas?
Não; o parcelamento de compras é vedado.
6. Existe alguma possibilidade de ser feita transferência de recurso
para outra conta como forma de pagamento?
Não; o pagamento só poderá ser feito diretamente ao fornecedor
por meio do equipamento próprio.
7. É possível utilizar cartão fora do Brasil?
Não; o Cartão de Pagamento de Defesa Civil é de uso
exclusivamente nacional.
8. O cartão poderá ser usado tanto para compras como para serviços?
Sim; o cartão é a forma exclusiva de execução dos recursos
federais repassados para ações de resposta.
9. Após adesão ao CPDC e emissão dos cartões, é necessária alguma
atualização de dados por parte da prefeitura ou do estado?
Sim, quando houver alteração do representante legal, do
representante por ele autorizado ou dos portadores, o que deve
ocorrer, principalmente, após as eleições.
10. O CPDC pode ser utilizado para reconstrução de ponte danificada
por desastre?
Não; o cartão é exclusivo para a execução de recursos repassados
para ações de resposta. Quanto às ações de reconstrução, o ente
deve apresentar à SEDEC um plano de trabalho, no prazo de 90
dias da ocorrência do desastre – na forma da Lei n. 12.608/12.
Nesse documento devem constar os dados bancários, sendo
exigida a abertura de conta exclusiva para a movimentação desse
recurso em instituição financeira oficial federal.
11. Somente o representante legal, ou representante autorizado, é
usuário do cartão?
Não; qualquer servidor designado pelo representante legal ou o
representante por ele autorizado poderá ser detentor do cartão,
que é de uso pessoal e intransferível ao portador nele identificado.
12. Qual o prazo de validade do cartão do portador?
O prazo de validade do plástico é de 36 meses, com renovação

82
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

e emissão automática de novo plástico 30 dias antes do seu


vencimento.
13. Os funcionários indicados pelo governo ou pelo prefeito como
portadores do cartão necessitam ser correntistas do Banco do
Brasil?
Não, mas devem ser servidores públicos ou secretários estaduais
ou municipais.
14. Onde os portadores poderão realizar gastos com o cartão?
Em locais credenciados, de acordo com a bandeira do cartão.
15. Como serão monitorados os dispêndios no cartão efetuados
pelo representante do estado ou do município?
Via internet, por meio do programa Autoatendimento Setor
Público (AASP), do Banco do Brasil, que é disponibilizado pelas
agências da instituição para os estados e municípios.
16. Há alguma cobrança de taxa de administração?
Não é cobrada nenhuma taxa de administração do ente
beneficiado. Existe uma taxa para o fornecedor, negociada
contratualmente entre ele e a operadora.
17. No caso de sub-repasse de recurso do estado para o município, o
estado poderá monitorar os gastos do município?
Sim; o estado poderá acompanhar os gastos efetuados
diariamente de todos os centros de custos, por meio do
Autoatendimento Setor Público (AASP).
18. Qual a data limite para a realização dos pagamentos?
O pagamento deve ser efetuado com o cartão durante a vigência
do instrumento definida na portaria que autorizou a transferência.
19. Como é feita a prestação de contas?
Mesmo pagando com o cartão, é preciso guardar as notas
fiscais com CNPJ/CPF do prestador de serviços e prestar contas
conforme a legislação específica.
20. Sendo uma situação de emergência, o ente poderá comprar
material sem licitação?
A base legal do CPDC não alterou a Lei n. 8.666/93. Esta lei dispõe
sobre casos de dispensa e inexigibilidade. A licitação, no caso da
pergunta, poderá ser dispensada, mas o processo de licitação

83
Recursos Federais de Defesa Civil

deverá ser aberto e a justificativa da dispensa ou inexigibilidade


deverá ser inserida nele, assim como os comprovantes dos
procedimentos mínimos que demonstrem o cuidado com os
gastos públicos.
21. Em uma situação de emergência ou estado de calamidade
pública é necessário empenhar para realizar a despesa?
A base legal do CPDC não alterou a Lei n. 4.320/64, nem o Decreto
n. 93.872/86. O cartão é apenas uma forma de pagamento.
Quando os recursos forem repassados, deverá ser aberto crédito
extraordinário para apropriação da receita, via decreto executivo,
e a partir de então devem-se obedecer todos os estágios da
despesa: empenho, liquidação e pagamento.
Note que a própria Lei n. 4.320/64, em seu art. 6º, define as
modalidades de empenho global ou por estimativa; e ainda o
Decreto n. 93.872/86, no art. 24, parágrafo único, dispõe: “Em caso
de urgência caracterizada na legislação em vigor, admitir-se-á que
o ato do empenho seja contemporâneo à realização da despesa”.
Contudo, em casos de SE ou ECP, em que comprovadamente
houver riscos graves e irreparáveis para a população, se o
empenho não puder ser feito antes da despesa, realiza-se a
despesa e justificadamente empenha-se posteriormente, na
primeira oportunidade possível.
22. No caso de utilização do cartão, feito empenho, liquidação e
pagamento, como proceder quanto à ordem bancária?
Para entes que se utilizam de sistema informatizado de
orçamento e finanças, a ordem bancária poderá ser gerada no
sistema, contudo não deve ser enviada ao banco, uma vez que o
pagamento já foi realizado por meio do cartão.
23. O que deve ser feito com o saldo remanescente não utilizado?
O saldo deve ser devolvido, via GRU, juntamente com os
rendimentos de aplicação financeira.
24. Quais as vantagens do cartão?
••
Identificação do portador como agente público.
••
Acompanhamento dos gastos por meio do Autoatendimento
do Banco do Brasil.
••
Central de atendimento 24 horas.

84
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

••
Segurança.
••
Transparência.
25. Como serão controladas as despesas feitas com o cartão?
O representante legal/autorizado do ente e o portador do cartão
poderão controlar as despesas por meio dos demonstrativos
mensais recebidos pelo correio e on-line, no Autoatendimento
Setor Público.
26. Como proceder para pagamento de aluguel social, barqueiro ou
pipeiro?
Para atendimento às demandas de pagamento a pessoas físicas,
sob a forma de pagamento do aluguel social, de barqueiro ou de
pipeiro, foi desenvolvida uma solução de pagamento por meio
do Cartão de Pagamento de Benefícios (CPDC), que funciona da
seguinte forma:
O órgão municipal ou estadual de proteção e defesa civil deve
procurar a agência do BB de relacionamento (com a qual já firmou
a Proposta de Adesão ao CPDC) e solicitar por ofício a abertura
de convênio de pagamento por meio de Cartão de Pagamento
de Benefícios (CPB), informando a finalidade (pagamento do
aluguel social, de barqueiro ou de pipeiro), e que a origem dos
recursos para pagamento do benefício é o Cartão de Pagamento
de Defesa Civil (CPDC). É importante ressaltar que, para cada
finalidade, deve ser firmado um convênio específico para
pagamento por meio do CPB.
Relativamente ao CPB, cabe salientar que o cadastramento de
beneficiários, a geração de cartões para pagamento e o envio
de créditos para abastecimento dos cartões serão inteiramente
realizados por meio eletrônico. Para isso, o banco disponibiliza
gratuitamente um aplicativo específico para geração,
transmissão, recepção e tratamento de arquivos a serem
trocados entre o BB e o convenente.
Os débitos referentes a arquivos CPB de pagamento do aluguel
social, dos barqueiros e dos pipeiros serão apresentados na
fatura do CPDC.
Em posse do cartão, o beneficiário do pagamento destinado
a aluguel social, barqueiro ou pipeiro pode sacar os recursos

85
Recursos Federais de Defesa Civil

em qualquer terminal de autoatendimento do BB ou utilizar


seu benefício por meio de compras na função débito na rede
credenciada.
27. Como proceder para recolhimento de impostos e devolução de
recursos por meio de GRU?
O pagamento de Darf e GRU com código de barras pode ser
realizado na internet do BB, na página do Autoatendimento
Setor Público (AASP), por meio da utilização de chave e senha
de usuário.
Na barra superior do menu, ao selecionar a opção intitulada
“Administração de Recursos”, será aberto novo submenu, onde
constará a opção “Pagamentos”.
Ao selecionar a opção “Pagamentos”, será aberto um novo menu
na lateral esquerda da tela do ASP, sendo a primeira opção o item
“Com código de barras”.
Ao clicar o item “Com código de barras”, abaixo do item serão
apresentadas as opções de pagamento de convênios: Darf (5ª
opção) e GRU (7ª opção) estão entre elas.
Ao selecionar qualquer uma das duas opções, aparecerá a tela
para preenchimento dos dados para pagamento (Opções de
Pagamento: selecionar “Débito no cartão de crédito”; informar
os 16 números do plástico do CPDC; quantidade de parcelas: 1;
digita código de barras do Darf ou da GRU, conforme o caso).

2.2.2  Recuperação

As ações de recuperação são caracterizadas pela execução de obras


com caráter definitivo, voltadas para a restauração do cenário. Iniciam-se
imediatamente após a finalização da fase de emergência e devem basear-se em
estratégias e políticas previamente definidas que facilitem o estabelecimento
de responsabilidades institucionais claras e permitam a participação pública.
Os recursos para execução de ações de recuperação são alcançados por
meio de transferência obrigatória com depósito em conta corrente específica.

86
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

2.2.2.1  Plano de trabalho


O Plano de Trabalho é o documento que detalha as ações de reconstrução
que serão executadas com os recursos da transferência obrigatória, especificando
quantidades, prazos e recursos necessários para a consecução de cada meta e suas
etapas. Deve ser revisto sempre que o escopo, prazos ou custos previstos forem
modificados. A SEDEC analisará se as metas apresentadas estão compatíveis
com os objetivos do programa federal de onde provêm os recursos.
A SEDEC comunicará ao convenente as eventuais imprecisões detectadas
no preenchimento do Plano de Trabalho, dispondo prazo para sua correção.
A ausência da manifestação do convenente/proponente no prazo estipulado
indicará sua desistência no prosseguimento do processo.
Deverá constar no Plano de Trabalho de Reconstrução:

••
Número da versão;
••
Dados cadastrais;
••
Outros partícipes;
••
Descrição do projeto;
••
Cronograma físico-financeiro;
••
Plano de aplicação;
••
Cronograma de desembolso; e
••
Relatório de diagnósticos.

2.2.2.1.1  Número da versão

Número sequencial das versões aprovadas dos planos de trabalho. A


versão inicial deverá ser preenchida com 01, sendo que nas solicitações de
revisão posteriores à aprovação o preenchimento se dará pelo número seguinte
à versão aprovada anteriormente.

2.2.2.1.2  Dados cadastrais

••
Proponente: nome do órgão que firmará o compromisso com a
União pela administração dos recursos.
••
CNPJ: inscrição do proponente no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica.

87
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Endereço: endereço completo de contato do proponente (rua,
número, bairro etc.).
••
Cidade: sede do proponente.
••
UF: sigla da unidade da federação à qual pertença a sede do
proponente.
••
CEP: código do endereçamento postal da cidade mencionada.
••
DDD/Telefone: telefone para contato acerca deste instrumento
de transferência.
••
E.A: esfera administrativa (federal, estadual, municipal) à qual
pertença o órgão proponente.
••
Conta-corrente: número da conta bancária específica para a
movimentação dos recursos transferidos por meio do presente
instrumento.
••
Banco: código do banco ao qual esteja vinculada a conta-
corrente.
••
Agência: código da agência do banco.
••
Praça de pagamento: cidade onde se localiza a agência.
••
Nome do responsável: Pessoa física responsável pela gestão
dos recursos em nome do proponente, signatária do Plano de
Trabalho.
••
CPF: inscrição do responsável no Cadastro de Pessoas Físicas.
••
C.I./Órgão expedidor: número da identidade do responsável,
com sigla do órgão expedidor e unidade da federação.
••
Cargo: cargo do responsável.
••
Função: função do responsável.
••
Endereço: endereço domiciliar completo do responsável (rua,
número, bairro, cidade etc.).
••
CEP: código do endereçamento postal do domicílio do
responsável.

2.2.2.1.3  Outros partícipes

São outros órgãos ou entidades que participarão do processo como


executores ou intervenientes, quando for o caso. Havendo outros partícipes, o

88
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

proponente poderá relacioná-los em documento anexo, do qual constarão os


mesmos dados abaixo.

••
Nome: nome do órgão interveniente/executor.
••
CNPJ: inscrição do interveniente/executor no Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica.
••
E.A: esfera administrativa à qual pertença o interveniente/
executor.
••
Endereço: endereço completo de contato do interveniente/
executor (rua, número, bairro, cidade, UF etc.).
••
CEP: código do endereçamento postal.

2.2.2.1.4  Descrição do projeto

2.2.2.1.4.1  Objeto

É uma descrição sintética da finalidade da transferência dos recursos,


compatível com o nível de conhecimento acerca da extensão dos danos provocados
pelo desastre. Exemplos:

••
Conhecimento amplo do escopo:
••
“Reconstrução de ponte de concreto armado sobre o Rio
Gamão, km 22.5 da BR-123, Buriti Verde/PR”.
••
“Recuperação da ponte Jair Torres, sobre o córrego Vertentes,
na Avenida das Castanheiras, Pombal/AM”.
••
“Recuperação do sistema de abastecimento de água da
comunidade Pombinhas, em Belo Monte/RN”.
••
Conhecimento médio do escopo:
••
“Reconstrução de habitações populares, obras de arte
especiais e obras de arte correntes no município de Jacarandá/
MT, afetadas pelas cheias de abril/2012”.
••
Conhecimento baixo do escopo:
••
“Reconstrução de infraestrutura afetada por desastre na região
norte do Estado”.

89
Recursos Federais de Defesa Civil

O objeto deverá incluir ações que visem reduzir, para níveis adequados, o
risco de desastres similares no cenário a ser reabilitado/reconstruído, de forma
a preservar o investimento e atingir seu objetivo.

2.2.2.1.4.2  Período total de execução

Esta informação subsidiará a definição do prazo de vigência do instrumento


legal, que poderá ser prorrogado mediante justificativa fundamentada.
O período de execução deverá basear-se na data estimada de início e
fim das obras, de acordo com o cronograma físico previsto, abrangendo ainda
o prazo necessário para o desenvolvimento do Projeto Básico (obrigatório) e
contratações necessárias.

••
Início: número de dias em que se prevê iniciar a execução de
qualquer etapa do Plano de Trabalho, contados a partir da
publicação da portaria de liberação dos recursos no Diário Oficial
da União (Exemplo: 10 APDOU).
••
Término: prazo previsto, em dias, para término da última etapa
prevista no Plano de Trabalho, contado a partir da publicação
da portaria de liberação dos recursos no Diário Oficial da União.
Deverá ser compatível com os cronogramas físicos dos projetos,
informando previsão realista para o término das ações de
recuperação (Exemplo: 320 APDOU).

2.2.2.1.4.3  Justificativa

O proponente deverá, objetivamente, descrever os impactos decorrentes


da não execução das obras propostas, evidenciando os benefícios econômicos
e sociais a serem alcançados pela comunidade, identificando o público-alvo, o
número de pessoas beneficiadas e sua localização geográfica.
Ainda, o texto deverá demonstrar a relação entre a causa do desastre
e os danos trazidos a essas estruturas, diferenciando claramente a ação de
recuperação daquelas ações de manutenção, necessárias pelo uso ou desgaste
natural.

90
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

2.2.2.1.5  Cronograma físico-financeiro

Consiste na estrutura analítica do Plano de Trabalho, em forma de


tabela, alimentada com informações de custo e prazo. Conforme ilustrado a
seguir, as ações do Plano de Trabalho são compostas de metas, que por sua
vez estão detalhadas em etapas simplificadas. As etapas físicas da obra não
necessariamente são as etapas da meta correspondente, tendo em vista o nível
de detalhamento requerido em cada documento (Plano de Trabalho ou contrato
específico). O sítio da SEDEC disponibiliza “Modelos de Planos de Trabalho”,
com exemplos diversificados.

Figura 17 – Metas e etapas de um Plano de Trabalho

Fonte: SEDEC (2013)

Cada meta compreende uma unidade independente, com especificação,


quantidade, valor e prazo definidos. As informações de custo e prazo das suas
etapas devem ser obtidas no projeto básico. Caso não se disponha de projeto, o
detalhamento das metas em etapas deverá ser realizado posteriormente, quando
já se dispuser do projeto básico, implicando em revisão do Plano de Trabalho.
Para o exemplo acima, o preenchimento seria o apontado na Tabela
3, considerando-se os seguintes dados hipotéticos obtidos nos cronogramas
físico-financeiros dos projetos básicos correspondentes:

••
Meta 1: Reconstrução de ponte com tabuleiro de 120 m , no valor 2

de R$ 150.000,00, em 4 meses, iniciando-se 40 dias (APDOU).


••
Meta 2: Estabilização de encosta com área de 100 m , no valor de
2

R$ 110.000,00, em 55 dias, iniciando-se 0 dias após a publicação da


portaria de liberação dos recursos no Diário Oficial da União (APDOU).

91
Recursos Federais de Defesa Civil

Tabela 3 – Cronograma físico-financeiro

Duração,
Indicador Físico* em dias
Meta Etapa Denominação (APDOU)* Valor (R$)*
Unid. Quant. Iníc. Térm.

Ponte das Goiabeiras


1 - sobre o Rio Mandaqui m2 120 120 360 600.000,00
(Coordenadas Geográficas)

1 1.1 Infra/mesoestrutura apoios 8 120 220 252.000,00

1 1.2 Superestrutura m2 120 230 320 312.000,00

1 1.3 Aterros m3 135 240 320 12.000,00

1 1.4 Proteção de taludes m2 1.300 320 360 24.000,00

Estabilização de encosta
2 - na Av. das Acácias m2 500 40 350 500.000,00
(Coordenadas Geográficas)

Elaboração do Projeto
2 2.1 - 1 40 120 30.000,00
Básico

Execução de obras de
2 2.2 m2 100 120 350 470.000,00
estabilização de encosta

Fonte: SEDEC (2014)


(*) Atenção: os valores utilizados neste exemplo são meramente ilustrativos, não guardando
qualquer relação com obras reais

2.2.2.1.6  Plano de aplicação

Aqui se registram os bens e serviços a serem adquiridos com os recursos


do instrumento de transferência, relacionando-os com os respectivos códigos de
natureza de despesa. Normalmente consiste na relação das metas. Os códigos
referem-se a investimentos, aplicados diretamente em obras, projetos, estudos
preliminares ou serviços de supervisão.

••
4.4.90.51.80 para investimentos na elaboração de projetos, planos
ou estudos que sejam necessários para as obras de recuperação;
••
4.4.90.51.91 para obras reconstruídas;
••
4.4.90.51.92 para instalações (bombas para recuperação de
sistemas de abastecimento etc.); e
••
4.4.90.51.93 para benfeitorias em propriedade de terceiros.

92
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

Tabela 4 – Plano de aplicação

Natureza da Despesa Valores (R$)


Código Denominação Total Concedente Proponente
Projeto Básico –
4.4.90.51.80 Estabilização de encosta 30.000,00 30.000 0,00
na Av. das Acácias

Reconstrução da Ponte das


4.4.90.51.91 470.000,00 470.000 0,00
Goiabeiras

Estabilização de encosta
4.4.90.51.91 500.000,00 500.000,00 0,00
na Av. das Acácias

TOTAL GERAL 1.100.000,00 1.100.000,00 0,00

Fonte: SEDEC (2014)

2.2.2.1.7  Cronograma de desembolso

Cada parcela de recursos deverá estar associada às metas que custeará,


conforme previsão do cronograma físico-financeiro. A divisão das parcelas
deverá obedecer, em princípio, às seguintes regras:

••
Valor mínimo de R$ 100.000,00;
••
Compatibilidade com o cronograma físico-financeiro, com
intervalo mínimo de 3 meses e máximo de 6 meses entre parcelas
consecutivas; e
••
Se presente, o depósito da contrapartida deverá ser
contemporâneo e proporcional ao repasse da União.

Naturalmente, a SEDEC poderá solicitar parcelamento diferente durante


a análise, de modo que este seja mais adequado ao caso concreto.

2.2.2.2  Relatório de diagnóstico

O Relatório de Diagnóstico tem como objetivo subsidiar a aprovação do


Plano de Trabalho. Contém perguntas a serem respondidas para cada meta,
com fotografias que deverão:

••
Restringir-se ao mínimo necessário para demonstrar os danos
descritos; e
••
Ser recentes e registradas com a data no próprio corpo da
fotografia; e

93
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Estar descritas claramente por meio de legendas.

O modelo do Relatório de Diagnóstico está disponível para download,


junto com o Plano de Trabalho, no sítio da SEDEC.
A seguir, é mostrado um exemplo de Relatório de Diagnóstico por meio de três
figuras que tratam das metas de recuperação da Prefeitura Municipal de Jacarandá.

Figura 18 – Construção de uma ponte

Fonte: SEDEC (2013)

Figura 19 – Estabilização de uma encosta

Fonte: SEDEC (2013)

94
Unidade 2 – Formas de Obtenção de Recursos Federais

2.3  Revisão da Unidade

Nesta Unidade tratamos da forma de obtenção de recursos federais para


ações de defesa civil voltadas para:

••
Prevenção e mitigação de riscos de desastres;
••
Resposta urgente a desastres;
••
Recuperação de infraestrutura danificada.

Inicialmente, vimos que os recursos para ações pré-desastres não estão


concentrados na SEDEC. São geridos por diversos órgãos federais, cada qual
responsável por uma temática distinta, buscando benefícios que normalmente
vão além da simples redução de riscos. Neste sentido, relacionamos diversos
órgãos com programas correlatos, onde o ente federado pode buscar recursos
via convênio para diminuir sua vulnerabilidade ou, até mesmo, aplacar ameaças.
Apresentamos o esforço do governo federal voltado para obras de médio
e grande portes com foco na redução de riscos de desastres, visando benefícios
de alcance regional: o “PAC Prevenção”, cuja seleção de propostas é feita pelo
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG.
Na sequência, apresentamos a forma de seleção de propostas para
transferências voluntárias (convênios) no âmbito da SEDEC, informando sobre
a possibilidade de obtenção de recursos também via emenda parlamentar.
Então, mergulhando mais na prática, detalhamos com exemplos e estudos
de casos a etapa operacional da solicitação de recursos: o preenchimento do
Plano de Trabalho no SICONV, destacando como as informações devem ser
prestadas para possibilitar uma célere análise e eventual aprovação pela SEDEC.
Passamos a seguir para a solicitação de recursos via transferência
obrigatória, ato contínuo ao reconhecimento federal (visto na Unidade anterior)
quando há necessidade de ajuda da União. Descrevemos como se obtém o Cartão
de Pagamento de Defesa Civil (CPDC), meio de pagamento exclusivo para as
ações emergenciais de Resposta. Ressaltamos que ele pode (e deve!) ser obtido
antes da ocorrência do evento adverso, para que o repasse federal possa ocorrer
de maneira ainda mais rápida. Mostramos, então, como preencher o Plano
Detalhado de Resposta, voltado às ações de socorro, assistência às vítimas e
restabelecimento provisório dos serviços essenciais.
Com vistas à recuperação de infraestrutura afetada por desastres,
detalhamos, passo a passo, como preencher o Plano de Trabalho de Recuperação

95
Recursos Federais de Defesa Civil

e seu indispensável anexo: o Relatório de Diagnóstico. Destacamos que podem


ser solicitados recursos federais não só para as obras, mas também para os
estudos, projetos e outros serviços de engenharia necessários para uma boa e
adequada recuperação. E que a contrapartida, do outro lado, não é obrigatória.
Na próxima Unidade trataremos do planejamento mais específico das
ações: a elaboração dos termos de referência para contratação dos serviços de
engenharia (projetos básicos e executivos, supervisão das obras, gerenciamento
de projetos, investigações e estudos técnicos etc.) e a concepção mínima de um
projeto básico, assim como a relação dos demais documentos fundamentais.

96
Unidade 3
Termo de Referência e
Projeto Básico
3 Termo de Referência e Projeto
Básico

3.1  Formalização do Instrumento de


Transferência e Liberação da Primeira
Parcela

Esta Unidade almeja esclarecer o que precisa ser apresentado pelo


proponente para que ele demonstre que se enquadra nos requisitos legais
que tornam a transferência de recursos obrigatória para ações de resposta e/
ou recuperação, tornando-o apto a receber os recursos federais no caso de
disponibilidade orçamentária.
No caso de convênios, a Unidade torna claro quais documentações são
imprescindíveis para a assinatura do convênio, além do Plano de Trabalho.
Aborda-se também a forma como ocorre a tramitação na SEDEC, em
cada forma de transferência de recursos, entre a solicitação do proponente
e a liberação efetiva da primeira parcela, passando-se pela formalização do
instrumento de transferência.

3.1.1  Documentação Institucional

O propósito deste tópico é apresentar a documentação necessária para


a formalização de cada instrumento de transferência de recursos; e aquela
complementar para a liberação da primeira parcela.

3.1.1.1  Convênios

A formalização de convênios ocorre mediante a apresentação do Plano de


Trabalho, da Lei Orçamentária Anual do proponente (LOA) com seu Quadro de
Detalhamento de Despesa, da Declaração de Contrapartida e da Lei de Criação
do Órgão de Defesa Civil (Figura 20).

99
Recursos Federais de Defesa Civil

Figura 20 – Documentação necessária à assinatura do Termo de Convênios

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Note que o Projeto Básico, no caso de convênios com o MI, não é


imprescindível para a formalização do convênio, pois sua análise será feita após
a assinatura do Termo de Convênio e antes da liberação da primeira parcela dos
recursos, constando de previsão em cláusula suspensiva do instrumento pactuado.

Figura 21 – Documentos necessários à liberação


da primeira parcela dos recursos

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Após a liberação dos recursos, resta à SEDEC a análise de eventuais


modificações supervenientes e a avaliação da conformidade da execução do
objeto ante o planejado.

3.1.1.2  Transferência obrigatória para ações de resposta

Caso o ente atingido necessite de apoio federal para desempenhar as


ações emergenciais de resposta, deverá detalhar sua solicitação por meio do
Plano Detalhado de Resposta, via sistema S2ID. Naturalmente, o atendimento
tem como requisitos o reconhecimento federal da anormalidade e a posse, pelo
ente beneficiário, do Cartão de Pagamento de Defesa Civil – CPDC.

100
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

O pleito será avaliado pela SEDEC diante da sua disponibilidade


orçamentária, que formalizará a transferência de recursos, se for o caso, por
meio de publicação de portaria no Diário Oficial da União.
Em função da urgência, pode haver antecipação de recursos sem a
aprovação formal do Plano Detalhado de Resposta. Neste caso, eventuais
irregularidades detectadas – como aquisição de produtos sem nexo com o evento,
em quantidades desarrazoadas ou com sobrepreços – implicarão na reprovação
do Plano e solicitação da devolução dos recursos aplicados em desacordo, com
possível instauração de Tomada de Contas Especial no âmbito do Tribunal de
Contas da União (TCU).

Figura 22 – Documentação necessária à formalização da transferência federal de recursos


para as ações de Resposta

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Em função da celeridade requerida no processo de Resposta, as análises


detalhadas pela SEDEC da aquisição, uso e distribuição dos itens de socorro e
assistência às vítimas, bem como da documentação que subsidiou a contratação,
execução e pagamento das ações de restabelecimento dos serviços essenciais,
são feitas normalmente após a liberação dos recursos.

3.1.1.3  Transferência obrigatória para ações de recuperação

Nos casos em que o ente atingido pelo desastre necessitar de recurso


complementar de origem federal para as ações de Recuperação, deverá
encaminhar o Plano de Trabalho de Recuperação à SEDEC em até 90 dias da
data do desastre (confira este prazo na legislação vigente). Por ora, seu envio
à SEDEC ainda é feito em meio físico, via postal ou entregue pessoalmente no

101
Recursos Federais de Defesa Civil

setor de protocolo da Secretaria. Mas o sistema S2ID está sendo aprimorado e,


em breve, oferecerá a funcionalidade do envio eletrônico.
Lembre-se de que o Plano de Trabalho de Recuperação contém um
anexo importantíssimo: o Relatório de Diagnóstico. É nele que o proponente
detalha a motivação da recuperação das diversas estruturas constantes do
Plano, demonstrando o nexo de causalidade entre os seus danos e a ação
do evento adverso. Da mesma forma, o atendimento tem como requisitos
o reconhecimento federal da anormalidade e o enquadramento do pleito
dentro das prioridades definidas pela SEDEC, com base na sua disponibilidade
orçamentária. Cabe destacar que a obrigatoriedade da transferência federal
está vinculada ao enquadramento do proponente nos requisitos da ação
orçamentária de reconstrução e depende da disponibilidade destes recursos.
A formalização do atendimento se dá por meio de publicação de portaria
específica no Diário Oficial da União.
Naturalmente, em função da urgência no caso concreto, a SEDEC pode
antecipar recursos para a elaboração dos estudos técnicos preliminares, dos
projetos básicos e executivos e para o início das obras, mesmo antes da aprovação
formal do Plano de Trabalho de Recuperação. Todavia, eventuais irregularidades
detectadas – como a inclusão de obras não adequadas à funcional programática
(ver Unidade 2) – implicarão na reprovação do Plano e solicitação da devolução
dos recursos aplicados em desacordo (mesmo que tais obras tenham sido
executadas), com possível instauração de Tomada de Contas Especial no âmbito
do Tribunal de Contas da União (TCU) e inclusão do entre federado no cadastro
de inadimplentes.

Figura 23 – Documentação necessária à formalização da transferência


obrigatória para Recuperação

Fonte: Própria pesquisa (2013)

102
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Em face da celeridade requerida nos processos pós-desastres, a análise


detalhada pela SEDEC dos projetos, termos de referência, documentos de
licenciamento ambiental e de recursos hídricos, comprovantes de dominialidade
pública e demais peças pertinentes, bem como dos documentos relativos às
contratações (direta ou por licitação), é feita normalmente após a liberação da
primeira parcela. Para a liberação das demais parcelas, a SEDEC poderá solicitar
o envio dos projetos e demais documentos correlatos, bem como do relatório
de progresso da obra.

3.1.1.4  Fluxo básico

Após obter o reconhecimento federal em relação à situação de


anormalidade, a prefeitura ou o governo estadual deve enviar as documentações
necessárias para a SEDEC solicitando recursos.
Na Secretaria, o Plano de Trabalho será analisado e aprovado pelo Centro
Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), nos casos de ações
de resposta, ou pelo Departamento de Reabilitação e de Reconstrução (DRR),
nos casos de ações de recuperação. A seguir, o Departamento de Articulação
e Gestão (DAG) elaborará a portaria que autoriza o empenho e a liberação dos
recursos, encaminhando-a ao Secretário para sua aprovação. Na sequência, a
portaria segue para a Assessoria Técnica e Administrativa (ASTAD), para aprovação
do Ministro e publicação. Em seguida, a Coordenação-Geral de Orçamento
(CGOR) fará o pedido de empenho, para, posteriormente, a Coordenação-Geral
de Execução Orçamentária e Financeira (CGEOF) realizar o pagamento pelo
Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI).
A Figura 24 demonstra o fluxo básico descrito neste item.

Figura 24 – Fluxo básico da tramitação entre o reconhecimento federal


e a liberação de recurso

Fonte: Própria pesquisa (2013)

3.2  Contratação de Estudos e Projetos

O capítulo presente visa a discorrer sobre o Termo de Referência,


documento necessário para a aquisição de bens ou serviços, e será dado enfoque

103
Recursos Federais de Defesa Civil

à contratação de serviços de engenharia, tais como a elaboração de projetos, a


supervisão de obras e o gerenciamento de projetos, este último normalmente
contratado em situações de empreendimentos mais complexos.

3.2.1  Termo de Referência

De acordo com o Caderno de Convênio do TCU, Projeto Básico é o


documento por meio do qual o proponente deve caracterizar precisamente
a obra, a instalação ou o serviço objeto do convênio, inclusive quanto à sua
viabilidade técnica, custo, fases ou etapas e prazos de execução. Quando o
objeto do convênio, do contrato de repasse ou do termo de cooperação envolver
aquisição de bens ou prestação de serviços, o Projeto Básico recebe o nome de
Termo de Referência, o que não altera a necessidade do documento contemplar
a descrição do bem ou serviço, o orçamento detalhado, a definição dos métodos
e o prazo de execução do objeto.
Um Termo de Referência deve estabelecer:

••
O que se deseja do produto final;
••
Seus destinos e usos;
••
Equipamentos e mobiliários a serem empregados;
••
A qualidade esperada;
••
O desempenho;
••
O rendimento do produto final;
••
Possíveis óbices a sua execução;
••
Exigibilidade contra eventuais riscos; e
••
População a ser beneficiada.

Para ilustrar a utilidade do Termo de Referência, tem-se a contratação da


execução de um Projeto Básico. É essencial que o termo norteie a contratação
por critérios técnicos, pois a execução do serviço por empresa pouco capacitada
poderá acarretar em incrementos nos custos da execução da obra que superam
o próprio valor do projeto.
A Instrução Normativa n. 2, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI) recomenda,
em seu art. 19, inciso XVI, a inserção de regras em editais que prevejam, nas
contratações de serviços não continuados, os seguintes direitos à contratante:

104
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

a) O direito de propriedade intelectual dos produtos desenvolvidos,


inclusive sobre as eventuais adequações e atualizações que
vierem a ser realizadas, logo após o recebimento de cada parcela,
de forma permanente, permitindo a contratante distribuir,
alterar e utilizar os mesmos sem limitações;
b) Os direitos autorais da solução, do projeto, de suas especificações
técnicas, da documentação produzida e congêneres, e de todos
os demais produtos gerados na execução do contrato, inclusive
aqueles produzidos por terceiros subcontratados, ficando
proibida a sua utilização sem que exista autorização expressa da
contratante, sob pena de multa, sem prejuízo das sanções civis
e penais cabíveis.

Às vezes, devido à existência de diversos tipos de projetos (arquitetônico,


estrutural, elétrico etc.), poderá haver a necessidade da elaboração de vários
termos de referência.
Outro exemplo de aplicação do Termo de Referência é para os contratos
de supervisão. A prefeitura ou governo estadual, caso não detenha em seu corpo
técnico servidores, engenheiros e arquitetos capacitados – e com proficiência
– para fiscalizar determinada obra ou serviço de engenharia, pode contratar
terceiros para auxiliar nessa tarefa. É dever do ordenador de despesa providenciar
a contratação de empresa especializada na fiscalização e supervisão da obra,
sempre que não dispuser de servidor habilitado para fazê-lo.
A fiscalização de obras e serviços de engenharia encontra-se no rol de
tarefas a serem desempenhadas exclusivamente por profissionais que detiverem
o registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA).
O fiscal de contrato só poderá exercer a função de fiscal de obra se detiver
habilitação específica para tal, com registro no CREA.
A elaboração de um Termo de Referência é pautada por algumas normas,
de acordo com a sua natureza. Por exemplo, para edificações é recomendado
consultar a NBR 13531, sobre elaboração de projetos de edificações, e a NBR
15575, que trata de desempenhos de edificações de até 5 pavimentos.
O processo de elaboração de um termo de referência se baseia em:

I – Levantamento dos estudos técnicos preliminares necessários e


dos dados já disponíveis;
II – Levantamento das necessidades da contratação;
III – Orçamento;

105
Recursos Federais de Defesa Civil

IV – Justificativa para a contratação;


V – Definição do objeto;
VI – Descrição detalhada dos serviços;
VII – Viagens e hospedagem;
VIII – Anexos; e
IX – Sugestões de Cláusulas Contratuais.

A seguir, será descrito detalhadamente cada item integrante do Termo


de Referência e trar-se-á, a título de ilustração, exemplos de dois Termos de
Referência – contratação de um projeto de ponte e contratação de um Plano
Diretor de Drenagem Urbana – com o objetivo de facilitar a compreensão.

I – Levantamento dos estudos técnicos preliminares necessários e


dos dados já disponíveis

Previamente ao desenvolvimento do serviço contratado, é necessário


ter executado, ou planejado a execução, dos estudos técnicos preliminares para
que, com as informações resultantes, possa ser realizado um serviço de melhor
qualidade, e até mesmo elaborar um Termo de Referência mais condizente com
o que se almeja.

Contratação de um projeto de ponte

••
Estudos topográficos – Este serviço não faz parte do escopo dos
serviços, uma vez que já foi executado.
••
Estudos Hidrológicos – Este serviço não faz parte do escopo dos
serviços, uma vez que já foi executado.
••
Estudos Geotécnicos – Este serviço será executado, se necessário,
na fase de elaboração do projeto de ponte. Serão realizadas
sondagens à percussão e rotativa, a fim de permitir estudos
do subsolo para uma definição precisa quanto à natureza e
distribuição das camadas constituintes e da estabilidade da obra.
Toda e qualquer mudança na fundação deverá ser amplamente
discutida previamente com a Fiscalização do DER-RO.
••
Sondagens à Percussão e Rotativa – Sondagens de
reconhecimento (percussão e rotativa) em número suficiente
para a perfeita caracterização do solo ao longo do eixo da obra,
com classificação geológica–geotécnica do material, indicação

106
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

do número de golpes, na cota da boca do furo de acordo com


a planialtimetria, indicação do tipo de fundação, do nível de
assentamento e da tensão admissível quando for o caso em
terreno cuja estabilidade possa ser ameaçada pela implantação
de aterro de acesso. Os estudos do subsolo serão exigidos para
permitir uma avaliação da estabilidade do conjunto solo-aterro-
obra de arte.

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

••
Inventário e Coleta de Dados: obtenção do cadastro físico
disponível do sistema de drenagem urbana do município; planos,
diagnósticos, estudos e projetos existentes já elaborados para o
município; programa de gestão municipal de drenagem urbana
– frequência com que ocorre a limpeza e desassoreamento
de rios e canais; controle do sistema de drenagem; coleta e
destino do lixo; mapeamento geológico, aerofotogrametria e
levantamentos existentes; histórico de inundações no município
(Prefeitura Municipal, jornais, registros da Defesa Civil etc.);
legislações municipais, estaduais e federais – ambiental,
transportes, lixo, drenagem etc.; uso e ocupação do solo;
saneamento, habitação e desenvolvimento urbano.
••
Dados Hidrológicos: existência de estações pluviométricas e
fluviométricas e eventuais registros existentes de coleta de
dados; registro de análise e coleta de sedimentos nos rios, canais
e valas; registros de qualidade das águas.
••
Dados Socioeconômicos e Ambientais: os dados socioeconô-
micos e ambientais são caracterizados por índices tais como
densidade populacional, distribuição etária da população por
região e classificação por renda, que são obtidos junto ao IBGE
ou diretamente na Prefeitura Municipal.

II – Levantamento das necessidades da contratação

O Termo de Referência deve explicitar quais são os requisitos exigidos


para a contratação. Dentre estes, pode-se incluir a qualificação mínima dos
profissionais, as técnicas que se deseja na aplicação, os relatórios a serem
entregues etc.

107
Recursos Federais de Defesa Civil

Contratação de um projeto de ponte

Equipe técnica de nível superior

••
Engenheiro Pleno (P2): engenheiro de projeto com mais de 10
(dez) anos de experiência comprovada através de acervo técnico
em Projetos de Engenharia de Obras de Arte Especiais (ponte de
concreto pré-moldado) e cálculo estrutural, emitidos pelo CREA,
e que esteja em dia com suas obrigações junto ao Conselho de
Classe.
••
Engenheiro Júnior (P3): engenheiro de projeto com mais de
5 (cinco) anos de experiência comprovada através de acervo
técnico emitido pelo CREA, em Projetos de Engenharia de Obras
de Arte Especiais (ponte de concreto), e que esteja em dia com
suas obrigações junto ao Conselho de Classe.
••
Engenheiro Auxiliar (P4): engenheiro de projeto com mais de
3 (três) anos de experiência comprovada através de acervo
técnico emitido pelo CREA, em Projetos de Engenharia de Obras
de Arte Especiais (ponte de concreto), e que esteja em dia com
suas obrigações junto ao Conselho de Classe.
Equipe de nível médio e apoio

••
Desenhista / Cadista (T5); e
••
Calculista (T5).

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

Na elaboração do plano diretor de drenagem urbana deverão ser


observados os seguintes dispositivos legais e normativos:

a) Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988,


Capítulo VI – Do Meio Ambiente, Artigo 225;
b) Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos;
c) Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes
gerais para a Política Urbana. É o chamado “Estatuto da Cidade”; e
d) Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, intitulada Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF;

108
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

e) Resolução CONAMA n. 357, de 17 de março de 2005, que dispõe


sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes;
f) Lei n. 11.107, de 6 de abril de 2006, que dispõe sobre normas
gerais de contratação de consórcios públicos;
g) Lei n. 6.017, de 17 de janeiro de 2007, que regulamenta a Lei n.
11.107, de 6 de Abril de 2006, que dispõe sobre normas gerais de
contratação de consórcios públicos; e
h) Resoluções do CONAMA.

III – Orçamento

Deve conter o custo estimado da contratação, o valor máximo global


e mensal estabelecido em decorrência da identificação dos elementos que
compõem o preço dos serviços, definidos da seguinte forma:

a) Por meio do preenchimento da planilha de custos e formação


de preços, observados os custos dos itens referentes ao serviço,
podendo ser motivadamente dispensada naquelas contratações
em que a natureza do seu objeto torne inviável ou desnecessário
o detalhamento dos custos para aferição da exequibilidade dos
preços praticados; e
b) Por meio de fundamentada pesquisa dos preços praticados
no mercado em contratações similares; ou ainda por meio da
adoção de valores constantes de indicadores setoriais, tabelas
de fabricantes, valores oficiais de referência, tarifas públicas ou
outros equivalentes, se for o caso.

Contratação de um projeto de ponte

Os valores relativos aos custos dos serviços foram utilizados através da


Tabela Referencial de Preços DER-RO 2011, item Tabela de Valores Mensais
para Contratos de Consultoria, publicadas no Diário Oficial de Rondônia em
29/04/2011, bem como publicadas no sítio oficial do DER-RO, no endereço: <www.
der.ro.gov.br> (informações e serviços – tabela de preços de obras rodoviárias
2011), conforme planilha orçamentária anexa, contemplando o valor orçado

109
Recursos Federais de Defesa Civil

de R$ 131.493,53 (cento e trinta e um mil quatrocentos e noventa e três reais e


cinquenta e três centavos).

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

O custo global dos trabalhos propostos é de R$ 180.000,00 (cento e


oitenta mil reais); o valor financiado pelo FEHIDRO, para execução dos trabalhos
objeto deste Termo de Referência é de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais),
enquanto a Prefeitura de Vila Velha oferecerá como contrapartida o valor de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), 27,78% do valor global, referentes aos serviços
a serem executados pela contratada.
Na Tabela 5 são apresentados os elementos para o orçamento.

Tabela 5 – Atividades e as fontes dos recursos financeiros

Valores (R$)
Atividades
Financiamento Contrapartida Total
Levantamento de Dados      

Diagnóstico      

Prognóstico      

Ações Prioritárias      

Elaboração de projetos      

Valor Total (R$)      

Fonte: Própria pesquisa (2013)

IV – Justificativa para a contratação

Minuciosamente, deve-se descrever a necessidade da contratação do


serviço. O artigo 15, inciso I, da Instrução Normativa SLTI/MPOG n. 2, de 30
de abril de 2008, apresenta os principais elementos que deverão constar na
justificativa do Termo de Referência:

••
Motivação da contratação;
••
Benefícios diretos e indiretos que resultarão da contratação;
••
Conexão entre a contratação e o planejamento existente,
sempre que possível; 
••
Agrupamento de itens em lotes, quando houver;
••
Critérios ambientais adotados, se houver;
••
Natureza do serviço, se continuado ou não;

110
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

••
Inexigibilidade ou dispensa de licitação, se for o caso; e
••
Referências a estudos preliminares, se houver.

Contratação de um projeto de ponte

O Governo do Estado de Rondônia, através do Departamento de


Estradas de Rodagem e Transporte (DER-RO), está promovendo melhorias na
malha rodoviária do Estado de Rondônia visando à pavimentação asfáltica de
rodovias estaduais. A elaboração dos projetos de pontes de concreto é elemento
indispensável à pavimentação asfáltica de segmentos rodoviários, vez que pontes
de madeira de lei em situações precárias deverão ser substituídas. Esta iniciativa
irá proporcionar melhores condições de conforto e trafegabilidade aos usuários
das rodovias envolvidas neste contexto, como também garantir aos pequenos
produtores da região um custo menor em suas viagens, com o transporte de
seus produtos ao grande centro consumidor de Porto Velho.

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

Em Vila Velha, o grande processo de industrialização verificado nas


décadas de 70, 80 e 90 fez com que surgissem conjuntos habitacionais. Ao
mesmo tempo começaram a ocorrer invasões em morros e mangues e/ou
loteamentos “clandestinos”. Com a expansão urbana descontrolada, surgiram
os problemas de infraestrutura, tais como os sistemas de distribuição de água,
redes de esgotos e drenagem de águas pluviais. O sistema de drenagem de
águas pluviais é muito antigo e foi implantado a partir da conveniência de
se explorar maiores áreas para fins de ocupações residenciais, comerciais e
turísticas. Este objetivo fez com que as áreas baixas e ocupadas por terrenos
inundáveis ou que apresentavam grandes problemas de drenagem, dadas as
características do solo e da baixa declividade, fossem incorporadas para uso
imobiliário, a partir de obras hidráulicas e sanitárias empreendidas em conjunto
pela Prefeitura e pela CESAN – Companhia de Saneamento do Estado de Espírito
Santo, realizadas nas décadas de 50 e 60. Dessa forma a elaboração do plano
diretor de drenagem urbana tem como objetivo caracterizar as causas das
inundações ocorridas no município e apresentar propostas de ações estruturais
e não estruturais de controle de cheias, nos horizontes de curto, médio e longo
prazo, objetivando reduzir progressivamente a frequência, a intensidade e a
gravidade das ocorrências de enchentes.

111
Recursos Federais de Defesa Civil

V – Definição do objeto

Neste item, deve ser descrito detalhadamente o objeto a ser contratado,


com todas as suas especificações. A descrição correta e detalhada do objeto,
na maior parte dos casos, garantirá a qualidade da contratação. Por isso, a sua
definição deve ser precisa, suficiente e clara.

Contratação de um projeto de ponte

Contratação de empresa especializada para execução do projeto de ponte


de estruturas de concreto pré-moldadas na rodovia 458, no trecho entre a BR 421
e a Vila Triunfo, sobre o Rio Taboca, com uma extensão de 25 metros.

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

O Termo de Referência tem como objetivo a contratação dos estudos


abrangendo as seguintes ações:

••
Levantamento de informações básicas;
••
Análise e diagnóstico da situação atual;
••
Recomendações de intervenções imediatas (ações de curto
prazo);
••
Proposta de ações prioritárias;
••
Proposta de ações sistemáticas; e
••
Elaboração de anteprojetos.

As ações acima descritas conterão, entre outros, os principais assuntos,


cabendo à contratada desenvolver os temas e detalhá-los. Deverão ser
considerados, além das informações obtidas pelas inspeções de campo, os
estudos, projetos e levantamentos existentes, que deverão ser atualizados e
adequados aos trabalhos ora especificados.

VI – Descrição detalhada dos serviços

Devem-se descrever detalhadamente os serviços a serem executados, bem


como as metodologias de trabalho, identificando a necessidade, a localidade,
o horário de funcionamento e a disponibilidade orçamentária e financeira do
órgão ou entidade, nos termos do art. 12 da Lei n. 8.666, de 1993.  Define-se
também a rotina de execução, evidenciando a ordem de execução, quando
couber; e procedimentos, metodologias e tecnologias a serem empregadas,
quando for o caso.

112
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Contratação de um projeto de ponte

O projeto de ponte do qual o presente Termo de Referência faz menção


deve conter:

••
Cronograma Físico-Financeiro: deverá ser apresentado
o cronograma indicando as metas físico-financeiras do
empreendimento, conforme os itens: infraestrutura,
mesoestrutura, superestrutura e acabamentos.
••
Relação do equipamento mínimo: deverá ser apresentado um
quadro contendo a relação e as quantidades dos equipamentos
necessários à execução da obra.
••
Normas, Especificações de Serviços e Métodos Adotados:
descrição das normas técnicas dos serviços, de materiais e
estruturas a serem empregados na obra, que constam no quadro
de quantidades, obedecendo às normas e aos procedimentos
técnicos de trabalhabilidade, conforme ABNT, DNER e outros.
••
Especificações Ambientais: deverão constar elementos
necessários que objetivem conscientizar as partes envolvidas no
processo de execução da obra, quanto aos cuidados ambientais
que deverão tomar como prevenção e mitigação de impactos
negativos advindos da construção, sobre o meio ambiente.
••
Projeto de Execução: apresentação, mapa de situação, índice,
identificação das pranchas com carimbo, contendo o nome
da obra, trecho, subtrecho, Governo do Estado de Rondônia,
DER-RO, identificação das pranchas, numeração das pranchas,
(ver modelo DER-RO). Todas as pranchas terão formato A-1
e serão dobradas para o formato A-3. Os desenhos deverão
ser distribuídos nas pranchas de forma que não fiquem
sobrecarregados de informações. Desenhos gerais com
indicação em planta e perfil com planos cotados e indicação da
sondagem no perfil longitudinal, na escala 1:50. Desenhos de
formas, com cortes transversais e longitudinais, vistas, detalhes
estruturais e locações, devendo figurar detalhes de aparelhos de
apoio, juntas, drenos etc. (os desenhos devem ser apresentados
em escalas convenientes, com traços, letras e algarismos
visíveis e dentro das normas vigentes) nas escalas 1:50; 1:25.
Desenhos de armação em concreto indicando a disposição
dos ferros nos elementos estruturais, com número de posição,

113
Recursos Federais de Defesa Civil

quantidade e comprimentos e complementados com listas de


pesos nas escalas 1:25; 1:50. Desenhos de armação e de elementos
estruturais, quando for o caso (os desenhos de estruturas de
aço devem apresentar listas de materiais e de pesos e conter
indicações de soldas, enrijecedores, conectores etc.) na escala 1:50.
Desenhos dos planos de concretagem, com indicação da ordem de
procedência da concretagem e dos detalhes das juntas do referido
lançamento nas escalas 1:25; 1:50. Desenhos de detalhamento de
cimbramento ou lançamento especiais na escala 1:25.
••
Memória de Cálculo Estrutural: apresentação, mapa de situa-
ção, índice, cálculo e dimensionamentos detalhados de todas
as peças estruturais (infraestrutura, mesoestrutura e superes-
trutura) do cimbramento especial e do sistema de montagem, a
devida taxa de trabalho. Indicação das normas de cálculo e defi-
nição de cada norma.

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

O plano diretor de drenagem urbana deve englobar os seguintes serviços:

••
Identificação das áreas passíveis de preservação, desocupação e
armazenamento natural

A implantação de loteamentos e a urbanização indisciplinada são


responsáveis por boa parte da erosão do solo e, consequentemente, do
assoreamento dos corpos d’água. Assim, se faz necessário: identificação e
análise das áreas disponíveis para a retenção; identificação e análise das áreas
sujeitas à erosão; proposição de alternativas de ações para proteção dessas
áreas; identificação e recomendação de desocupação de áreas situadas em
locais de risco, com proposição de alternativas de realocação e de manutenção
das áreas liberadas; estabelecimento de critérios, propostas e metas para a
negociação da sua implantação.

••
Levantamento e análise de informações hidrológicas e
hidráulicas

Deverão ser revistos alguns conceitos básicos de planejamento, projeto,


operação e manutenção de obras de drenagem, envolvendo conceitos de
hidrologia, bem como análise do comportamento hidráulico das estruturas
em operação, abrangendo: cadastramento das estruturas de drenagem,

114
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

incluindo o registro de suas condições de funcionamento e manutenção;


estudos hidrológicos, com o levantamento dos dados pluviométricos e
pluviográficos disponibilizados pelo DAEE, IAC etc.

••
Diagnóstico da situação existente

Deverá ser fornecido um quadro geral da situação do desempenho dos


macrodrenos naturais e artificiais, devendo ser contempladas: identificação dos
locais críticos de inundações; identificação das seções de controle de escoamento;
verificação da área de abrangência dos locais críticos de inundações, tipos de
edificações atingidas, grau de importância das vias atingidas, frequência das
inundações etc.; seleção dos locais mais relevantes; avaliação do sistema de
drenagem existente no local e adjacências e da causa das inundações; formulação
de ações corretivas imediatas, quando existirem, com as respectivas estimativas
de custos e avaliação dos benefícios, assim como formulação de recomendações
para a efetiva implementação dessas ações.

••
Definição de critérios básicos para estudos e projetos de
drenagem urbana

Deverão ser estabelecidos e discutidos os padrões e critérios hidráulicos


e hidrológicos a serem utilizados na elaboração do Plano Diretor de Drenagem
e na comparação das alternativas, tais como: vazões de restrição; níveis de
cheias para vários períodos de retomo; período de retomo das vazões superiores
às de projeto pelas quais devem ser delineadas as áreas inundáveis ao longo
dos macrodrenos, para efeito de aquisição dos terrenos pela municipalidade,
de regulamentação do uso e ocupação do solo das várzeas, de seguro contra
inundações etc.; os bordos livres a serem adotados para cada tipo de obra (canais
abertos e de contorno fechado, reservatórios de detenção ou retenção, bueiros,
diques etc.); as condições para utilização ou não de canais de contorno fechado; as
condições a serem consideradas para retificação e/ou revestimento de canais; os
critérios hidráulicos a serem observados no dimensionamento dos reservatórios
de detenção; período de retomo das vazões para efeito de dimensionamento
ou remanejamento de travessias de sistemas viários (pontes, pontilhões etc.).
Considerar o regime de chuvas com o maior período de recorrência possível.

••
Proposição de diretrizes básicas de ações

A partir do diagnóstico da situação atual de cada macrodreno e das


características de ocupação urbana das bacias do município, deverão ser propostas

115
Recursos Federais de Defesa Civil

as diretrizes básicas de ações estruturais e não estruturais para composição do


Plano Diretor de Drenagem do município, levando-se em conta: bacias com
urbanização consolidada, ou seja, aquelas cujas áreas se encontram totalmente
ocupadas e servidas inteiramente, ou quase a totalidade por redes de galerias
de águas pluviais; bacias com urbanização em consolidação, ou seja, aquelas
cujas áreas se encontram parcialmente ocupadas, com exceção das várzeas
inundáveis e esparsamente dotadas de redes de galerias de águas pluviais;
bacias em urbanização, ou seja, aquelas cujas áreas estão atualmente em início
de processo de urbanização; e áreas abrangendo núcleos isolados.

••
Programa de intervenções estruturais

Deverão ser formuladas as alternativas de intervenções estruturais, com


os respectivos custos, compreendendo: intervenções que implicam no aumento
da capacidade de escoamento da calha: diques marginais ou anulares nos pontos
baixos; melhoria das calhas com o aumento da seção transversal, retificações
e/ou remoção de obstruções; canalizações com revestimento total ou parcial
da calha; controle do escoamento superficial direto: reservatórios de detenção
das águas do escoamento superficial direto, podendo ser estruturas locais (“on
site’’), como armazenamento em microrreservatórios, pequenos reservatórios
de detenção em parques e leitos secos, ou estruturas fora do local de origem
do escoamento (“off site’’) abrangendo áreas de drenagens maiores que as
anteriores, como reservatórios em leitos secos ou em cursos d’água, reservatórios
que podem ser em linha, laterais ou subterrâneos; Intervenções extensivas nas
bacias, compreendendo a recuperação da cobertura vegetal, onde possível,
assim como medidas de controle de erosão.

••
Programa de ações não estruturais

Nesta parte deverão ser propostos os programas de ações não estruturais


com os respectivos custos, incluindo entre outras: plano de contingência para
estados críticos de chuva excessiva na bacia; disciplinamento do uso e ocupação
do solo, principalmente das várzeas e dos fundos de vale; programa de inspeção
e manutenção de obras hidráulicas; programa de educação ambiental; seguro
contra inundações; e sistema de alerta.

VII – Viagens e hospedagem

É preciso explicitar a quantidade estimada de deslocamentos e a necessidade


de hospedagem dos empregados, com as respectivas estimativas de despesa,

116
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

nos casos em que a execução de serviços eventualmente venha a ocorrer em


localidades distintas da sede habitual da prestação do serviço.

Contratação de um projeto de ponte

Estão incluídas despesas para viagens no interior de Rondônia, para fazer


os estudos a respeito da construção da ponte de concreto, conforme tabela 5:

Tabela 6 – Discriminação das despesas com o projeto de ponte

Discriminação da Valor unitário Quantidade Valor total


despesa (R$) (R$)
Aluguel de carro 90,00 15 1.350,00

Combustível 100,00 15 1.500,00

Custo total (R$) 2.850,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

São previstas despesas com passagens e hospedagens de Vila Velha à


Vitória, a fim de se fazer inventários e coletas de dados sobre o município, os
quais se encontram na capital do Espírito Santo.

Tabela 7 – Discriminação das despesas com Plano Diretor de Drenagem Urbana

Discriminação da despesa Tempo Valor unitário Valor total


1. Passagens 4 viagens R$ 800,00 R$ 3.200,00

2. Diárias 4 viagens X 3 dias R$ 150,00 por dia R$ 1.800,00

Custo total R$ 5.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

VIII – Anexos

Anexam-se documentos que facilitem o entendimento do serviço requerido,


como resultados de estudos técnicos preliminares e orçamentos realizados.

Contratação de um projeto de ponte

Anexos do edital de licitação:

••
Anexo 1 – Planilha Orçamentária;
••
Anexo 1.1 – Quadro de Previsão de Sondagens para Projeto de
OAE;

117
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Anexo 2 – Cronograma Físico – Financeiro;
••
Anexo 3 – Quadro de Medições e Formas de Pagamento;
••
Anexo 4 – Relação de Quadros para Proposta;
••
Anexo 5 – Termo de Referência; e
••
Anexo 6 – Quadro de Pontuação da Proposta Técnica.

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

Anexos do edital de licitação:

••
Anexo 1 – Cronograma Físico – Financeiro; e
••
Anexo 2 – Termo de Referência.

IX – Sugestões de Cláusulas Contratuais

O Termo de Referência pode conter ainda os seguintes itens, que sugerem


cláusulas para o contrato do serviço:

••
Metodologia de avaliação da execução do serviço;
••
Controle da execução do serviço;
••
Previsão de vistoria;
••
Materiais pertinentes à execução do serviço;
••
Obrigações da contratada;
••
Obrigações da contratante; e
••
Outros.

Contratação de um projeto de ponte

Incluem-se ainda os seguintes itens:

••
Apresentação;
••
Deveres/obrigações da contratante;
••
Deveres/obrigações da contratada;
••
Das penalidades e sanções;
••
Das medições de serviços e forma de pagamento;
••
Das garantias; e
••
Do recebimento dos serviços.

118
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Contratação de um plano diretor de drenagem urbana

Os seguintes itens também são mencionados:

••
Condições para realização e acompanhamento dos trabalhos;
••
Produtos esperados, forma de apresentação e prazo de entrega; e
••
Forma de pagamento.

3.2.2  Destaque na Jurisprudência do TCU

Os erros mais frequentes apontados pelo TCU para Termos de


Referência são:

a) Pagamento, pela contratada, de salários da mão de obra em


valores inferiores ao destacado na proposta da contratada,
tendo em vista que as condições iniciais da proposta devem ser
mantidas até o fim do contrato, e o valor declarado dos salários
da mão de obra contratada faz parte dessa proposta;
b) Ausência de relatórios periódicos sobre cada medição
concernente aos contratos de execução da obra, pois são
indispensáveis e constituem elementos imprescindíveis para a
validade dos pagamentos dos contratos de supervisão;
c) Fixação de salário médio unitário para fins de elaboração
de planilha de custo, aliada à possibilidade de a vencedora
vir a praticar valores de remuneração mais baixos, pois não
há a composição de todos os custos unitários e há falta de
correspondência entre os valores salariais contratados e os
efetivamente pagos aos empregados;
d) Número insuficiente de fiscais de obra contratados, o que pode
acarretar em serviços executados em desconformidade com as
normas técnicas e medições com falhas;
e) Assegurar ao autor do projeto o direito de contratação pela
Administração para a supervisão do empreendimento. A Lei
n. 5.194/66, art. 22, atribui ao autor do projeto o direito de
acompanhar a execução da obra, e não de supervisioná-la (TCU.
Súmula n. 185. DOU, 9 nov. 1982). Para tornar mais claro:

119
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Acompanhamento de obra: consiste numa fase complementar
à execução do projeto que se desenvolve concomitantemente
à execução da obra e que pressupõe a gestão técnica e
administrativa da implantação do projeto diretamente na obra. 
••
Supervisão de obra: conjunto de atividades desenvolvidas
que englobam exercer a fiscalização de serviços específicos;
representar o poder público; decidir questões de interpretação
do projeto, especificações e normas; avaliar e controlar a
qualidade e quantidade dos materiais empregados e dos
serviços executados, assim como do produto acabado.

3.3  Projeto Básico

Assim como as obras preventivas de desastres, as obras de recuperação têm


caráter definitivo, em contraponto com aquelas provisórias, que têm unicamente
o propósito de restabelecimento temporário dos serviços essenciais. Sendo
assim, necessitam de projetos básicos completos, fundamentados em estudos
técnicos preliminares, com orçamento detalhado, mesmo que a contratação
seja mediante dispensa de licitação.
De acordo com a Lei n. 8.666/93, Projeto Básico é o conjunto de elementos
necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a
obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado
com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem
a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilitem a avaliação do custo da obra e a definição
dos métodos e do prazo de execução.
O Quadro 5, adaptado do livro de Cláudio Sarian Altounian (2012),
apresenta os elementos previstos na Lei n. 8.666/93 para o projeto básico
(alíneas “a” a “f”, Inciso IX, art. 6º) relacionados com o seu objetivo:

120
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Quadro 5 – Elementos constituintes do Projeto Básico

Elemento Objetivo
Deve existir apenas uma solução escolhida sob os
a) Desenvolvimento da solução escolhida aspectos técnicos e econômicos dentre as diversas
de forma a fornecer uma visão global da alternativas estudadas previamente. Essa solução
obra e identificar todos os seus elementos deve contemplar todos os elementos detalhados com
constitutivos com clareza. clareza de forma a possibilitar a todos os licitantes
uma visão precisa do que será realizado.

b) Soluções técnicas globais e localizadas,


O detalhamento da solução deve ser suficiente para
suficientemente detalhadas, de forma a
evitar alterações no decorrer do empreendimento
minimizar a necessidade de reformulação
que desvirtuem o objeto licitado. Caso contrário,
ou de variantes durante as fases de
não haverá a implementação da solução inicialmente
elaboração do projeto executivo e de
escolhida e, sim, de outra concepção.
realização das obras e montagem.

c) Identificação dos tipos de serviços a


A definição de serviços e materiais no projeto
executar e de materiais e equipamentos
deve ter como única finalidade o bom resultado
a incorporar à obra, bem como suas
do empreendimento sob os aspectos econômicos,
especificações que assegurem os melhores
técnicos, operacionais e de manutenção, sem que
resultados para o empreendimento, sem
haja direcionamento da licitação ou restrição à
frustrar o caráter competitivo para a sua
competitividade.
execução.

Os licitantes precisam ter informações corretas e


d) Informações que possibilitem o estudo precisas que subsidiem a elaboração de suas propostas,
e a dedução de métodos construtivos, de forma a tornar o procedimento competitivo. Não
instalações provisórias e condições é admitido o fornecimento de dados de projeto que
organizacionais para a obra, sem frustrar sabidamente serão alterados após a contratação,
o caráter competitivo para a sua execução. sob pena de violação do princípio da isonomia e de
vinculação ao instrumento convocatório.

Os responsáveis pela condução da licitação necessitam


de elementos para definir o edital, critérios de
medição e pagamento, cadernos de encargos e
e) Subsídios para montagem do plano de regras para contratação, a fim de evitar pedidos de
licitação e gestão da obra, compreendendo aditivos futuros pela empresa vencedora, além de
a sua programação, a estratégia de gerenciar a questão relativa ao cronograma físico-
suprimentos, as normas de fiscalização e financeiro do empreendimento. Definições quanto
outros dados necessários em cada caso. ao parcelamento ou não do objeto em etapas, bem
como decisões quanto à aquisição em separado de
equipamentos ou materiais devem ser tomadas com
base neste elemento do projeto básico.

Peça fundamental para que a administração possa


ter perfeito conhecimento dos valores atinentes ao
f) Orçamento detalhado do custo global
empreendimento em face de dois motivos: verificar
da obra, fundamentado em quantitativos
a adequação das propostas dos licitantes e selecionar
de serviços e fornecimentos propriamente
aquela mais vantajosa para a administração.
avaliados.
Propiciar uma visão a respeito da viabilidade do
empreendimento e da adequação orçamentária.

Fonte: Altounian (2012)

O Projeto Básico é essencial para uma obra ser executada com qualidade,
respeitando os prazos e custos estabelecidos. Por esta razão, é obrigatória a sua
elaboração nas solicitações de recursos federais de defesa civil para as ações de
recuperação, mesmo que o recurso tenha sido liberado antes.

121
Recursos Federais de Defesa Civil

Segundo a Orientação Técnica de Projeto Básico do IBRAOP, todo


Projeto Básico deve conter desenho, memorial descritivo, especificação técnica,
orçamento e cronograma físico-financeiro. Estes itens devem apresentar conteúdos
suficientes e precisos, representados em elementos técnicos de acordo com a
natureza, porte e complexidade da obra de engenharia.
O Quadro 6 apresenta alguns projetos para obras e seus respectivos
conteúdos com base na cartilha do Conselho de Justiça Federal, denominada
Guia de Projetos e Obras da Justiça Federal, e na Orientação Técnica n. 001/2006,
do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas – IBRAOP:
Quadro 6 – Conteúdo dos projetos para obras de edificação

Projeto Conteúdo
Levantamento
Desenho com levantamento planialtimétrico.
topográfico

Desenhos com locação dos furos de sondagem.


Sondagens
Perfis geológicos do terreno.

Desenhos com plantas de situação e locação, contendo implantação do edifício e


sua relação com o entorno do local escolhido, acessos e estacionamentos.
Desenhos das fachadas do imóvel.
Plantas baixas dos pavimentos.
Plantas de cobertura, com indicação de sentido de escoamentos de águas,
inclinação, indicação de calhas, rufos, contrarrufos, tipo de impermeabilização,
juntas de dilatação etc.
Cortes transversais e longitudinais da edificação.
Elevações, indicando aberturas, esquadrias, alturas, níveis etc.
Projeto Estudo de orientação solar, iluminação natural e conforto térmico.
arquitetônico Indicação de caixas d’ água, circulação vertical, áreas técnicas etc.
Ampliação de áreas molhadas ou especiais, na escala mínima de 1:25, com
indicação de equipamentos e aparelhos hidráulico-sanitários.
Detalhes (que possam influir no valor do orçamento).
Indicação dos elementos existentes, a demolir e a executar, em caso de reforma e
ampliação.
Especificações dos materias, equipamentos, elementos, componentes e sistemas
construtivos.
Projeto de paisagismo com indicação das quantidades de cada espécie vegetal a
ser utilizada.

Desenhos com locação, características e dimensões dos elementos de fundação.


Indicação das cargas e dos momentos utilizados para elaboração do projeto de
Projeto de fundação.
fundações Plantas de armação e forma.
Memorial com método construtivo.
Memorial com cáculo de dimensionamento de todas as peças.

122
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Projeto Conteúdo
Desenhos com planta baixa, com lançamento da estrutura, com cortes e elevações,
se necessários.
Plantas de armação com indicação de:
• seções longitudinais de todas as vigas, mostrando a posição, a quantidade, o
diâmetro e o comprimento de todas as armaduras em escala adequada;
• seções tranversais de todas as vigas, mostrando a disposição das armaduras
longitudinais e transversais, além das distâncias entre as camadas das armaduras
longitudinais;
• seção longitudinal de todos os pilares, mostrando a posição, a quantidade, o
diâmetro, o comprimento e os transpasses de todas as armaduras longitudinais;
• seção transversal de todos os pilares, com demonstração das armaduras
Projeto longitudinais e transversais (estribos).
estrutural Plantas de forma contendo as indicações de valor e localização da contraflecha em
vigas e lajes, bem como a indicação da seção transversal das vigas e pilares.
Indicação do Fck do concreto para cada elemento estrutural.
Quadro resumo de barras de aço contendo posição (numeração da ferragem),
diâmetro da barra, quantidade de barras, massa em kg das barras.
Memorial com cálculo das áreas de forma.
Memorial com cálculo do volume de concreto.
Especificações com materiais, componentes e sistemas construtivos.
Memorial com método construtivo.
Memorial com cálculo de dimensionamento.

Plantas e desenhos-tipo dos diversos dispositivos de drenagem utilizados.


Planta esquemática da localização das obras de drenagem.
Memorial com o relatório do projeto contendo: concepção, quadro de quantidades,
discriminação de todos os serviços e distâncias de transporte.
Projeto de
drenagem Memorial com justificativa das alternativas aprovadas.
Memorial com plano de execução, contendo: relação de serviços, cronograma
físico, relação de equipamentos e layout do canteiro de obras, posicionando as
instalações, jazidas, fontes materiais e acessos.
Especificação dos materiais e serviços.

Fonte: Adaptado de IBRAOP (2006)

Após o Projeto Básico, é preciso desenvolver o Projeto Executivo. Este


se diferencia do primeiro por conter o conjunto dos elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Acrescenta detalhes de
ordem construtiva, executiva, respeitando as definições já estabelecidas no
projeto que o fundamentou, o Projeto Básico.
É importante ressaltar que é vedada a inclusão, no objeto da licitação,
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quantidades ou
cujos quantitativos não correspondam às previsões reais do Projeto Básico
ou Executivo. Por isto, é fundamental a seriedade destes documentos no
processo licitatório.

123
Recursos Federais de Defesa Civil

3.3.1  Estudos Técnicos Preliminares

Os estudos técnicos preliminares fundamentam a escolha da melhor alternativa


de projeto e, ainda, subsidiam a concepção do projeto e seu dimensionamento.
Podem-se citar como principais estudos preliminares realizados para obras de
infraestrutura custeadas com recursos de defesa civil:

••
Topografia;
••
Investigações geológico-geotécnicas;
••
Estudos hidrológicos;
••
Estudos hidráulicos;
••
Localização de jazidas;
••
Condições das propriedades lindeiras;
••
Disponibilidade de mão de obra;
••
Disponibilidade e fornecedores de insumos;
••
Existência de serviços públicos;
••
Exigibilidades da legislação municipal;
••
Condições do licenciamento ambiental;
••
Demolições;
••
Pluviosidade da região;
••
Condições de acessos; e
••
Outras informações locais.

A título de ilustração, detalha-se a seguir o que uma campanha de


investigações geológico-geotécnicas pode fornecer em termos de dados e
informações para o projeto de uma ponte:

••
Caracterização das diversas camadas de solo e eventual
identificação da profundidade do topo rochoso;
••
Definição das propriedades de resistência e deformabilidade
das diversas camadas de solo;
••
Posição no nível freático no maciço terroso do entorno;
••
Presença de blocos de rocha que inviabilizem certos tipos de
fundação;

124
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

••
Delimitação de porções de solo mole que devem ser removidas
ou receberem tratamento especial;
••
Etc.

No Quadro 7, é possível verificar quais são os estudos mínimos necessários


para as obras mais frequentes:
Quadro 7 – Exemplos de estudos técnicos preliminares para as obras mais frequentes

Obra Estudos Técnicos Preliminares


Investigações geológico-geotécnicas; Levantamentos topográficos; Estudos
Ponte
hidrológicos; Estudos hidráulicos; Estudos de tráfego.

Estabilização de Investigações geológico-geotécnicas; Levantamentos topográficos; Estudos


Encosta hidrológicos.

Canais de Investigações geológico-geotécnicas; Levantamentos topográficos; Estudos


Drenagem hidrológicos; Estudos hidráulicos.

Fonte: Própria pesquisa (2013)

3.3.2  Peças Técnicas Mínimas

O Projeto Básico corresponde a um conjunto de documentos que caracteriza


ou define o produto final desejado.

3.3.2.1  Desenho

Representação gráfica do objeto a ser executado, elaborada de modo a


permitir sua visualização em escala adequada, demonstrando formas, dimensões,
funcionamento e especificações, perfeitamente definida em plantas, cortes,
elevações, esquemas e detalhes, e obedecendo às normas técnicas pertinentes.

3.3.2.2  Memorial de cálculo dos dimensionamentos

Trata-se de documento fundamental, que visa a demonstrar a viabilidade


técnica do empreendimento. Deve conter o resumo de todos os cálculos e estudos,
baseados em normas técnicas e referências bibliográficas, demonstrando o
dimensionamento das soluções técnicas adotadas (de modo a evitar ou minimizar
reformulações/reajustes acentuados durante a fase de execução). As fórmulas
utilizadas devem ser apresentadas sob suas formas literais (esclarecendo-se o
significado de cada variável) e os parâmetros adotados devem estar justificados.
Deve-se citar as fontes de referência.

125
Recursos Federais de Defesa Civil

3.3.3  Orçamento

Avaliação do custo total da obra tendo como base os preços dos insumos
praticados no mercado, ou valores de referência, e levantamentos de quantidades
de materiais e serviços obtidos a partir do conteúdo dos elementos descritos
nos desenhos, memorial descritivo e especificação técnica, sendo inadmissíveis
apropriações genéricas ou imprecisas, bem como a inclusão de materiais e
serviços sem previsão de quantidades.
O Orçamento deverá ser lastreado em composições de custos unitários
e expresso em planilhas de custos e serviços, referenciadas à data de sua
elaboração; e também deverá considerar o valor do BDI (Benefícios e Despesas
Indiretas) para compor o preço total.
A planilha orçamentária deve conter, no mínimo:

a) Discriminação de cada serviço, unidade de medida, quantidade,


custo unitário (limitado conforme LDO vigente, indicando o
código e a referência utilizada) e custo parcial;
b) Custo total orçado, representado pela soma dos custos parciais;
c) Data de sua elaboração;
d) Nome completo do responsável técnico pela orçamentação, seu
número de registro no CREA e assinatura; e
e) Código e nome da tabela de referência (SINAPI, SICRO 2,
CODEVASF, DNOCS etc.).

No momento da elaboração de um orçamento, é importante levar em


conta as seguintes observações:

a) Evitar o uso de unidades genéricas e globais, como “verba (vb)”,


“ponto (pt)”1 ou “conjunto (cj)”.
b) A planilha não deve conter previsões de despesas a título de taxa
de administração, de gerência ou similar, bem como pagamento
a qualquer servidor público;
c) A data base da planilha deverá ser recente, a fim de se garantir a
exequibilidade do projeto;
d) Não deve haver preços distintos para serviços similares; e

1
Obras públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras públicas / Tribunal de
Contas da União, – Brasília: TCU, SECOB, 2002. p. 16.

126
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

e) Obras rodoviárias deverão ter seus custos unitários analisados


segundo a referência SICRO, enquanto as demais deverão ser
comparadas à tabela SINAPI Referencial (divulgada na Internet).
Ex.: SICRO: obras de arte como pontes e bueiros, estradas
vicinais etc.; SINAPI: obras de infraestrutura urbana como
drenagem/pavimentação.

3.3.3.1  Planilha de Custos e Serviços

A Planilha de Custos e Serviços sintetiza o orçamento e deve conter, no mínimo:

a) Discriminação de cada serviço, unidade de medida, quantidade,


custo unitário e custo parcial;
b) Custo total orçado, representado pela soma dos custos parciais
de cada serviço e/ou material;
c) Nome completo do responsável técnico, seu número de registro
no CREA e assinatura;
d) Data de sua elaboração; e
e) Tabela de referência e código do serviço correspondente, para
cada serviço da planilha.

3.3.3.2  Composição de Custo Unitário de Serviço

Cada Composição de Custo Unitário define o valor financeiro a ser


despendido na execução do respectivo serviço e é elaborada com base em
coeficientes de produtividade, de consumo e aproveitamento de insumos e seus
preços coletados no mercado, devendo conter, no mínimo:

a) Discriminação de cada insumo, unidade de medida, sua


incidência na realização do serviço, preço unitário e custo parcial;
b) Custo unitário total do serviço, representado pela soma dos
custos parciais de cada insumo; e
c) Para o caso de se utilizarem Composições de Custos de entidades
especializadas, a fonte de consulta deverá ser explicitada.

127
Recursos Federais de Defesa Civil

Cronograma físico-financeiro

O cronograma da obra expressa visualmente a programação das atividades


que serão realizadas durante a construção no decorrer do tempo. Quando
apresenta também os valores que serão gastos em cada uma dessas atividades,
ele recebe o nome de cronograma físico-financeiro.

Tabela 8 – Exemplo de um cronograma físico-financeiro

– PRAZO DA OBRA: 60 dias – VALOR


SERVIÇOS TOTAL DO
0-30 dias 30-60 dias SERVIÇO
01 SERVIÇOS PRELIMINARES 100,00% 725,43   – 725,43

02 TRANSPORTES 100,00% 65,46   – 65,46

03 ESTRUTURA 100,00% 35.822,40   – 35.822,40

04 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 50,00% 437,81 50,00% 437,81 875,62

INSTALAÇÕES HIDRO-
05 50,00% 1.057,87 50,00% 1.057,87 2.115,73
SANITÁRIAS

06 ALVENARIAS E DIVISÓRIAS 100,00% 10.108,71   – 10.108,71

07 COBERTURAS 100,00% 3.800,00   – 3.800,00

08 ESQUADRIAS DE MADEIRA 50,00% 418,62 50,00% 418,62 837,24

09 ESQUADRIAS METÁLICAS 50,00% 1.787,62 50,00% 1.787,62 3.575,24

10 REVESTIMENTO DE PAREDES   – 100,00% 863,4 863,4

11 FORROS   – 100,00% 4.471,80 4.471,80

12 REVESTIMENTO DE PISOS   – 100,00% 8.720,10 8.720,10

13 PINTURA   – 100,00% 735,60 735,60

14 DIVERSOS   – 100,00% 405,00 405,00

VALOR TOTAL POR PERÍODO


  54.223,92 18.897,82 73.121,73
(S/BDI)

VALOR TOTAL POR PERÍODO


  66.153,18 23.055,33 89.208,51
(C/BDI)

  VALOR DA PARCELA 1º 66.153,18 2º 23.055,33 89.208,51

  PERCENTUAL 74,16% 25,84% 100,00%

Fonte: Governo do Estado do Goiás ([200-?])

Essa programação organizada permite que o ente compre ou contrate


materiais, mão de obra e equipamentos no momento mais adequado. Se ele
fizer isso depois do período ideal, a obra poderá atrasar. Se fizer antes do tempo,
poderá perder materiais no estoque ou pagar mão de obra e equipamentos que
se tornarão ociosos.
A representação do cronograma físico-financeiro pode ser feita por
meio de um gráfico de barras, ou gráfico de Gantt, no qual as atividades são

128
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

listadas verticalmente no lado esquerdo do gráfico, as datas são mostradas


horizontalmente na parte superior e as durações das atividades são exibidas
como barras horizontais posicionadas de acordo com as datas (Figura 25).

Figura 25 – Gráfico de Gantt

Fonte: Própria pesquisa (2013)

É importante ressaltar que, previamente à elaboração do cronograma


físico-financeiro, se faz necessária a identificação das atividades, suas durações
e suas precedências. Com estas informações, é possível desenvolver o diagrama
de rede que serve de matriz para o cálculo do caminho crítico e das folgas pela
técnica PERT/CPM.

3.3.3.3  Caderno de encargos

O Caderno de Encargos é um documento fornecido pelo contratante


no qual são consolidadas as Especificações Técnicas, o Memorial Descritivo
e os Processos Construtivos (correspondem ao conjunto de informações,
complementares ao projeto, definidoras dos procedimentos da execução). O
caderno fornece ao executor as seguintes informações:

d) O tamanho e a complexidade das instalações do canteiro de


obras; e
e) Outras determinações técnicas e gerenciais estabelecidas em
contrato.

O Caderno de Encargos considera a execução da obra principal, do canteiro


de obras e das instalações de apoio, conforme detalhado a seguir.

I – Quanto à Obra Principal

O processo deve relacionar o sequenciamento de execução de cada etapa


e, conforme expressa na EAP (Estrutura Analítica do Projeto), as inter-relações
entre etapas consecutivas, bem como o método ou processo construtivo de cada
uma. Mostrar, também, formas e equipamentos a serem utilizados.

129
Recursos Federais de Defesa Civil

II – Quanto ao Canteiro de Obras

Deve considerar condições de acesso, estruturas e instalações de serviços


a serem implantados, como: oficinas, almoxarifados, centrais de concreto e
britagem, serviços públicos disponíveis etc.

III – Quanto às Instalações de Apoio

Prever o programa de necessidades de escritórios, alojamentos,


ambulatórios, refeitórios, bem como outras determinações estabelecidas no
contrato firmado entre as partes.

3.3.3.4  Memorial descritivo

Descrição detalhada do objeto projetado, na forma de texto, onde são


apresentadas as soluções técnicas adotadas, bem como suas justificativas,
necessárias ao pleno entendimento do projeto, complementando as informações
contidas nos desenhos referenciados no item anterior.
Contém a relação e descrição de todos os materiais, equipamentos e
serviços, referentes à:

a) Qualidade;
b) Desempenho;
c) Resistências;
d) Sistema Construtivo da Obra Principal;
e) Processo Construtivo das Instalações de Apoio; e
f) Controle da Produção.

3.3.3.5  Especificação técnica

Texto no qual se fixam todas as regras e condições que se devem seguir


para a execução da obra ou serviço de engenharia, caracterizando individualmente
os materiais, equipamentos, elementos componentes, sistemas construtivos
a serem aplicados e o modo como serão executados cada um dos serviços
apontando, também, os critérios para a sua medição.

130
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

Ainda traz os procedimentos e critérios das medições dos volumes,


áreas, distância, pesos etc., relativos a cada serviço, em correspondência com
os quantitativos da planilha orçamentária.

3.4  Documentos Complementares

Além do Projeto Básico, é preciso apresentar outros documentos técnicos


para demonstrar a adequada aplicação dos recursos federais de defesa civil nas
ações de recuperação. Naturalmente, a área técnica da SEDEC pode solicitar peças
complementares em função das características específicas e da complexidade
da obra/empreendimento.

••
Dominialidade Pública

É a comprovação de domínio público do local das obras, na forma do


art. 6, inciso III, da Portaria Interministerial n. 507/2011. Deve vir acompanhada
de planta georreferenciada identificando os vértices dos terrenos demonstrados
nos documentos de propriedade, que devem cobrir toda a área onde ocorrerão
as obras (por exemplo, num açude reconstruído, a titularidade pública precisa
incluir, além do local da barragem e demais estruturas, a área do lago, a área
de proteção ambiental permanente – APP etc.). Esta planta também deve vir
identificada e assinada por responsável técnico.

••
Licenças Ambientais

Trata-se da licença prévia, para desenvolvimento do projeto básico;


da licença de instalação, para a execução da obra; e da licença de operação,
expedida após a conclusão das obras. Estes documentos (ou sua dispensa) são
emitidos com fundamento na resolução Conama n. 237/97, pelo órgão ambiental
competente. No caso de emissão por órgão municipal, deverá ser demonstrada
sua competência para o ato. O atendimento às condicionantes eventualmente
presentes no licenciamento ambiental deverá ser contemplado no projeto e
poderá ser custeado com os recursos federais.

••
Outorga do Direito do Uso dos Recursos Hídricos

Os empreendimentos que possam interferir em termos de regime,


quantidade ou qualidade dos recursos hídricos deverão apresentar o documento
de outorga ou de dispensa, segundo a Lei n. 9.433/97, art. 12. Podem-se citar

131
Recursos Federais de Defesa Civil

como alguns desses empreendimentos: pontes, bueiros, macro e microdrenagem,


sistemas de abastecimento de água e estação de esgotos.
Destaca-se que este documento é emitido apenas por órgão estadual – Lei
n. 9433/97, art. 14 – ou federal – Lei n. 9984/2000, art. 4º, inciso IV. O atendimento
a exigências eventualmente presentes no documento de outorga deverá ser
contemplado no projeto e poderá ser custeado com os recursos federais.
Em alguns casos a outorga é substituída na fase de projeto básico por
autorização de construção de obra hídrica, como ocorre para poços tubulares
profundos em alguns estados, que autoriza a obra até a conclusão estrita da
perfuração.

••
CERTOH

O Certificado de Avaliação da Sustentabilidade da Obra Hídrica (CERTOH),


emitido pela ANA, deverá ser apresentado nos casos contemplados pelo Decreto
n. 4.024/2001 e pela Resolução ANA n. 194/2002. Um exemplo são obras hídricas
cujo valor global do empreendimento supera R$ 10 milhões.

••
Anotações de Responsabilidade Técnica – ART (CREA)

É preciso apresentar as ARTs dos responsáveis técnicos pelos projetos,


orçamento, execução e fiscalização das obras, com os respectivos comprovantes
de pagamento. Devem corresponder aos profissionais que assinaram os memoriais,
plantas, planilha, composições de custo, especificações etc., bem como àqueles
responsáveis contratualmente pela execução e fiscalização dos serviços. A ART
de orçamento deverá fazer menção explícita de que o orçamento elaborado
atendeu às disposições da LDO federal correspondente.

3.4.1  Pontos Críticos do Orçamento

Podem-se listar os seguintes pontos críticos em um orçamento:

a) Sobrepreços com relação às tabelas federais de referência;


b) Ausência de Relatório Técnico Circunstanciado nos casos em que
a referência de preço utilizada não se adequa ao caso concreto;
c) Relatório Técnico Circunstanciado sem o devido detalhamento
(falta da demonstração da pertinência dos equipamentos,
insumos e mão de obra relacionados, bem como do cálculo das
produtividades e consumos) e/ou não empregando custos e

132
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

consumos dos insumos referenciais onde estes são adequados;


d) Ausência do código do serviço correspondente da tabela
referencial;
e) Quantitativos de serviços não demonstrados ou incompatíveis
com as demais peças técnicas do projeto;
f) Emprego de verba ou unidades genéricas;
g) Serviços sem correspondente especificação técnica;
h) Ausência de data de referência do orçamento;
i) Serviços inadequados, tendo em vista o porte da obra (ex.:
escavação manual onde a mecanização se aplica; compra de
areia comercial onde há viabilidade de extração em jazida etc.);
j) Preços unitários distintos para um mesmo serviço;
k) Composição de custo incompatível com as demais peças do
projeto, como a especificação técnica para o serviço ou a
produtividade considerada no cronograma;
l) Rol dos serviços não condizentes com as necessidades do projeto
(falta ou excesso);
m) Quantitativos que não expressam com precisão o que será
executado;
n) Custos unitários dos serviços sem a devida composição;
o) BDI mal avaliado;
p) Encargos Sociais que não consideram o trabalhador horista e o
mensalista;
q) Horas extras devido a tempo improdutivo por chuva não
considerado; e
r) Falta de modelo de atualização monetária no contrato.

3.4.2  Jurisprudência do TCU e Erros mais Frequentes

Os erros mais frequentes verificados pelo TCU em Projetos Básicos são:

a) Falta de efetividade ou alta relação custo/benefício do


empreendimento, devido à inexistência de estudo de viabilidade
adequado;
b) Alterações de especificações técnicas, devido à falta de estudos

133
Recursos Federais de Defesa Civil

geotécnicos ou ambientais adequados;


c) Utilização de materiais inadequados por deficiências das
especificações;
d) Alterações contratuais em função da insuficiência ou
inadequação das plantas e especificações técnicas, envolvendo
negociação de preços;
e) Falta de precisão no projeto básico. Quanto mais preciso o
projeto básico, menor o risco de prejuízos ao erário e de elevação
dos custos das obras;
f) Aprovação de relatórios de revisão do projeto básico que o
ignorem ou o desvirtuem total ou parcialmente, ressalvadas as
alterações pontuais sem grandes repercussões financeiras;
g) Aprovação de atos e contratos derivados de licitações baseadas
em projeto incompleto, defeituoso ou obsoleto, devendo tal fato
ensejar as suas anulações para a realização de nova licitação;
h) Desvios em preços unitários de serviços executados em obra
em relação a valores calculados por meio de composições que
utilizem custos de insumos extraídos de bancos de dados, como
TCPO – Pini e SINAPI;
i) Duplicação, total ou parcial, do BDI embutido no preço do serviço,
tendo em vista que os preços já embutem os custos indiretos
necessários à execução daqueles encargos contratuais; e
j) Ausência de justificativa para eventuais peculiaridades de uma
obra que signifiquem alteração dos preços normais de mercado
ou referenciais.

3.4.3  Obras Provisórias em Ações de Resposta: laudo técnico


e licenciamentos

As obras provisórias voltadas para ações de resposta visam ao restabelecimento


temporário dos serviços essenciais e possuem caráter de urgência. Por isso,
permitem-se algumas simplificações: o Projeto Básico pode ser convertido em
Laudo Técnico, e não são exigidos licenciamentos ambientais para o início das
ações (todavia, o órgão ambiental competente deve ser comunicado de imediato

134
Unidade 3 – Termo de Referência e Projeto Básico

e em paralelo, podendo expedir as medidas e exigências que julgar pertinentes


no caso concreto).
Em relação aos orçamentos, as ações de restabelecimento normalmente
possuem baixo custo global devido ao seu caráter temporário. Entretanto,
os custos unitários de alguns serviços de engenharia podem superar seus
correspondentes encontrados nas referências oficiais (SINAPI, SICRO-2), em
razão de particularidades proporcionadas pelo atendimento urgente nos primeiros
momentos do desastre. Nestas condições, não é raro que a produtividade dos
equipamentos não seja aquela esperada para condições normais de execução,
em razão da necessidade de ação cuidadosa na remoção de escombros com
vítimas, dentre outros fatores. E é exatamente para tratar adequadamente tais
situações excepcionais que o art. 102, § 5º, inciso IV da Lei n. 12.708/2012 (LDO
federal 2013, com correspondente nas demais LDOs federais) prevê a elaboração
dos relatórios técnicos circunstanciados.
Assim, os serviços que não forem adequadamente representados pelas
referências oficiais deverão ter a sua composição real de custo apresentada,
demonstrando-se em relatório técnico circunstanciado a justificativa para
as diferenças desta composição de custo com aquela oficial em termos de
coeficientes de produtividade, de pertinência dos equipamentos, da relação de
mão de obra e dos materiais empregados. Este relatório deverá estar ilustrado
por meio de plantas/croquis/mapas contendo a localização dos bota-foras,
jazidas e outras informações necessárias para a correta demonstração dos
tempos de ciclo, distâncias de transporte etc. Quando os insumos apresentarem
custos unitários superiores às referências, deverão ser encaminhadas ao menos
3 cotações, justificando-se no caso de eventual impossibilidade de atender a
este número mínimo.
Estes serviços/insumos que, em razão das circunstâncias, tiveram seu
custo superior às referências oficiais serão especialmente avaliados pela SEDEC
com base nos relatórios técnicos circunstanciados. Adicionalmente, tal análise
poderá ser realizada pelos órgãos de controle interno (CGU) e externo (TCU).

3.5  Revisão da Unidade

Iniciamos esta Unidade tratando da documentação institucional e técnica


necessária para a formalização dos diferentes instrumentos de transferência
de recursos (assinatura do convênio ou publicação da portaria de transferência

135
Recursos Federais de Defesa Civil

obrigatória), bem como da eventual complementação necessária para a efetiva


liberação da primeira parcela. Evidenciamos ainda as análises que a SEDEC
realiza durante e após a execução do objeto, que variam conforme a urgência
do pleito (ações de prevenção – convênios, ou ações de resposta e recuperação –
Transferência Obrigatória). O ente beneficiário permanece obrigado a encaminhar
alguns documentos mesmo após o recebimento dos recursos, para fins de
prestação de contas.
Para cada modalidade, apresentamos o fluxo interno de tramitação (no
âmbito da SEDEC e demais setores do MI) com o objetivo de trazer uma melhor
compreensão do processo por parte do tomador dos recursos. Tal conhecimento
é bastante útil no acompanhamento do pleito.
Em seguida, foi abordado o documento Termo de Referência, obrigatório
nas contratações que envolvem aquisição de bens ou prestação de serviços,
como é o caso da aquisição de projetos e a contratação de empresa para apoio
à supervisão da execução das obras. Foram apresentados os principais itens que
este Termo deve conter, bem como parte da jurisprudência do TCU associada
ao tema.
Por fim, detalhou-se a documentação necessária para se compor o Projeto
Básico nos termos da Lei n. 8.666/93, peça imprescindível para a contratação de
obras de recuperação, ainda que mediante dispensa de licitação. Dentre seus
elementos estão os estudos técnicos preliminares e os memoriais de cálculo de
dimensionamento, que se somam aos documentos complementares (comprovação
de dominialidade pública, licenciamento ambiental etc.).
Os assuntos foram desenvolvidos sobre exemplos e enriquecidos com
a discussão de casos práticos, focados em situações reais e frequentes de
defesa civil.

136
Unidade 4
Licitação e Contratos
4 Licitação e Contratos

4.1  Licitação: revisão básica

4.1.1  Conceito e Noções Gerais

O objetivo desta Unidade é destacar aspectos importantes que devem ser


observados nas contratações públicas envolvendo defesa civil. Como introdução,
apresenta-se primeiramente uma breve revisão de conceitos gerais do tema.
Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração
Pública convoca, por meio de condições estabelecidas em ato próprio (edital
ou convite), empresas interessadas na apresentação de propostas para o
oferecimento de bens e serviços.
A Lei n. 8.666/1993, ao regulamentar o artigo 37, inciso XX I, da Constituição
Federal, estabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a compras, obras, serviços, inclusive de publicidade, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
De acordo com essa Lei, a celebração de contratos com terceiros na
Administração Pública deve ser necessariamente precedida de licitação, ressalvadas
as hipóteses de dispensa (lista exaustiva nos art. 17 e 24) e de inexigibilidade
(lista exemplificativa no art. 25) desse procedimento.
Além do leilão e do concurso, usualmente não aplicáveis nas obras e
serviços de engenharia de defesa civil, as modalidades de licitação admitidas
são as seguintes:

••
Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,
comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para a execução de seu objeto;
••
Tomada de preços: é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a

139
Recursos Federais de Defesa Civil

todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro


dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação;
••
Convite: é a modalidade de licitação entre interessados do
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos
e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados
na correspondente especialidade que manifestarem seu
interesse, com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas;
••
Pregão: modalidade realizada entre interessados do ramo
de que trata o objeto da licitação que comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital, em que
a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns é
feita em sessão pública. Pode ser presencial ou eletrônico.
Ressalta-se que o pregão é uma modalidade instituída pela Lei
n. 10.520, de 17 de julho de 2002. Em defesa civil, o pregão se
aplica também em ações de prevenção ou recuperação. Pode-se
aplicar esta modalidade de licitação na compra de materiais e
equipamentos em separado do restante da obra, quando seus
valores forem expressivos (exemplo: adutoras).

Os tipos de licitação mais utilizados para o julgamento das propostas


são os seguintes:

••
Menor preço: quando o critério de seleção da proposta mais
vantajosa para a Administração determinar que seja vencedor
do certame o licitante que apresentar proposta de acordo com
as especificações do ato convocatório e ofertar o menor preço.
É utilizado geralmente para compra de bens, execução de obras
ou prestação de serviços.
••
Melhor técnica: critério de seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração que tem por base fatores de ordem técnica.
Conforme dispõe o art. 46 da Lei n. 8.666/1993, esse tipo de
licitação será utilizado exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, aplicando-se à elaboração de
determinados estudos técnicos preliminares, projetos básicos e

140
Unidade 4 – Licitação e Contratos

executivos, fiscalização, supervisão e gerenciamento, exemplos


de serviços de engenharia consultiva;
••
Técnica e preço: critério de seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração que tem por base a maior média
ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de
preço e técnica. Muito utilizada na contratação de execução de
obras.

4.1.2  Roteiros Práticos

Revisaremos nesta seção os roteiros dos processos licitatórios segundo


as modalidades e tipos de licitação mais empregados nas ações de defesa civil.

4.1.2.1  Concorrência, Tomada de Preço e Convite – tipo


menor preço

Processamento e julgamento de licitações nas modalidades Concorrência,


Tomada de Preços e Convite, do Tipo Menor Preço, são realizados observando-
se normalmente a sequência dos seguintes procedimentos:

1. Abertura da sessão pelos responsáveis pela licitação, no dia,


horário e local estabelecidos, sempre em ato público;
2. Recebimento dos envelopes “Documentação” e “Proposta de Preço”;
3. Identificação dos representantes legais dos licitantes, mediante
apresentação de carteira de identidade e procuração ou contrato
social, conforme o caso;
4. Abertura dos envelopes “Documentação”;
5. Análise e apreciação da documentação de acordo com as
exigências estabelecidas no ato convocatório, procedendo-se a
habilitação e/ou a inabilitação;
6. Divulgação do resultado de habilitação e/ou inabilitação;
7. Caso todos os representantes legais dos licitantes estejam
presentes à reunião e declarem expressamente que não
têm intenção de recorrer do procedimento de habilitação,
hipótese que necessariamente deverá constar da respectiva
ata, assinada por todos os licitantes e pelos responsáveis pela

141
Recursos Federais de Defesa Civil

licitação, a sessão prosseguirá com a abertura dos envelopes


que contenham as propostas de preço (nessa hipótese,
ficam dispensados os passos 8 a 10, a seguir, devendo-se ir
diretamente para o passo 11);
8. Não ocorrendo a hipótese descrita no passo anterior (7), elabora-
se a ata respectiva, na qual devem estar registrados os nomes
dos licitantes que encaminharam os envelopes, habilitados ou
não, o resultado da habilitação e os motivos que fundamentaram
a decisão, além de outros atos ocorridos durante a sessão e
considerados pertinentes pelos responsáveis pela licitação;
9. Divulgação do resultado de habilitação na imprensa oficial ou
por comunicação direta a todos os licitantes, de acordo com a
ata respectiva;
10. Aguarda-se o transcurso do prazo para a interposição de recurso:
cinco dias úteis nos casos de tomada de preços e concorrência e
dois dias úteis nos casos de convite;
11. Concluída a fase de habilitação, serão abertos os envelopes que
contenham as propostas de preço dos licitantes previamente
habilitados, e somente destes, desde que transcorrido o prazo
de interposição de recurso ou tenha havido desistência expressa
da intenção de recorrer, ou após terem sido julgados recursos
porventura interpostos;
12. Análise e julgamento das propostas de acordo com as exigências
estabelecidas no ato convocatório, com a estimativa de preços,
com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente ou com os constantes no sistema de registro de
preços, quando for o caso;
13. Classificação ou desclassificação das propostas;
14. Organização das propostas em ordem crescente de preços e
escolha da proposta de menor preço;
15. Divulgação do resultado do julgamento das propostas/resultado
da licitação;
16. Caso todos os representantes legais dos licitantes estejam
presentes à reunião e declarem expressamente que não têm
intenção de recorrer, tal fato deverá constar necessariamente
da respectiva ata, assinada pelos licitantes e pelos responsáveis

142
Unidade 4 – Licitação e Contratos

pela licitação (nessa hipótese, ficam dispensados os passos 17 a


19, a seguir, e vai-se diretamente para o passo 20);
17. Não ocorrendo a hipótese descrita no passo anterior (16), elabora-
se a ata respectiva, na qual devem estar registrados os preços,
o resultado do julgamento e os motivos que fundamentaram
a decisão, além de outros atos ocorridos durante a sessão e
considerados pertinentes pelos responsáveis pela licitação;
18. Divulgação do resultado de julgamento na imprensa oficial ou
por comunicação direta a todos os licitantes, de acordo com a
ata respectiva;
19. Aguarda-se o transcurso do prazo para a interposição de recurso:
cinco dias úteis nos casos de tomada de preços e concorrência e
dois dias úteis nos casos de convite;
20. Prazo sem interposição de recurso, ou desde que tenha havido
desistência expressa a respeito, ou após julgamento dos
recursos porventura interpostos, deve ser elaborado relatório
circunstanciado, informando-se todos os passos percorridos
no procedimento licitatório, fundamentados sem critérios
objetivos estabelecidos no ato convocatório, com indicação do
licitante vencedor;
21. Deliberação da autoridade competente quanto à homologação
do procedimento licitatório e adjudicação do objeto ao licitante
vencedor;
22. Emissão da nota de empenho respectiva;
23. Assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, ou ainda
retirada da carta-contrato, nota de empenho, autorização de
compra ou ordem de execução do serviço, quando for o caso.

4.1.2.2  Concorrência e Tomada de Preços – tipo técnica e


preço

Processamento e julgamento de licitações nas modalidades concorrência


e tomada de preços do tipo técnica e preço são realizados observando-se
normalmente a sequência dos seguintes procedimentos:

1. Abertura da sessão pelos responsáveis pela licitação, no dia,


horário e local estabelecidos, sempre em ato público;

143
Recursos Federais de Defesa Civil

2. Recebimento dos envelopes “Documentação”, “Proposta


Técnica” e “Proposta de Preço”;
3. Identificação dos representantes legais dos licitantes, mediante
apresentação de carteira de identidade e procuração ou contrato
social, conforme o caso;
4. Abertura dos envelopes “Documentação”;
5. Análise e apreciação da documentação de acordo com as
exigências estabelecidas no ato convocatório, procedendo-se a
habilitação e/ou a inabilitação;
6. Divulgação do resultado de habilitação e/ou inabilitação;
7. Caso todos os representantes legais dos licitantes estejam
presentes à reunião e declarem expressamente que não têm a
intenção de recorrer do procedimento de habilitação, hipótese
que necessariamente deverá constar da respectiva ata, assinada
por todos os licitantes e pelos responsáveis pela licitação, a sessão
prosseguirá com a abertura dos envelopes que contenham as
propostas técnicas (nessa hipótese, ficam dispensados os passos
8 a 10, a seguir, devendo-se ir diretamente para o passo 11);
8. Não ocorrendo a hipótese descrita no passo anterior (7), elabora-
se a ata respectiva, na qual devem estar registrados os nomes
dos licitantes que encaminharam os envelopes, habilitados ou
não, o resultado da habilitação e os motivos que fundamentaram
a decisão, além de outros atos ocorridos durante a sessão e
considerados pertinentes pelos responsáveis pela licitação;
9. Divulgação do resultado de habilitação na imprensa oficial ou
por comunicação direta a todos os licitantes, de acordo com a
ata respectiva;
10. Aguarda-se o transcurso do prazo para a interposição de recurso:
cinco dias úteis nos casos de tomada de preços e concorrência;
11. Concluída a fase de habilitação, serão abertos os envelopes que
contenham as propostas técnicas dos licitantes previamente
habilitados, e somente destes, desde que transcorrido o prazo
de interposição de recurso ou tenha havido desistência da
intenção de recorrer, ou depois de julgados recursos porventura
interpostos;
12. Solicitação das amostras ou protótipos, quando for o caso;

144
Unidade 4 – Licitação e Contratos

13. Avaliação e classificação das propostas técnicas apresentadas,


mediante verificação da conformidade com os requisitos
estabelecidos no ato convocatório e com as amostras ou
protótipos apresentados, quando for o caso, para encontrar o
valor da pontuação técnica;
14. Divulgação do julgamento das propostas técnicas;
15. Caso todos os representantes legais dos licitantes estejam
presentes à reunião e declarem expressamente que não têm
intenção de recorrer, hipótese que necessariamente deverá
constar da respectiva ata, assinada por todos os licitantes e
pelos responsáveis pela licitação, a sessão prosseguirá com
a abertura dos envelopes que contêm as propostas de preço
(nessa hipótese, ficam dispensados os passos 16 a 18, a seguir, e
vai-se diretamente para o passo 19);
16. Não ocorrendo a hipótese descrita no passo anterior (15),
elabora-se a ata respectiva, na qual devem estar registrados os
nomes dos licitantes que tiveram suas propostas classificadas ou
desclassificadas tecnicamente, os motivos que fundamentaram
a decisão e quaisquer outros atos ocorridos durante a sessão e
considerados pertinentes pelos responsáveis pela licitação;
17. Divulgação do resultado de julgamento das propostas técnicas
na imprensa oficial ou por comunicação direta a todos os
licitantes, de acordo com a ata respectiva;
18. Aguarda-se o prazo de cinco dias úteis para a interposição de
recurso;
19. Concluída a fase de julgamento das propostas técnicas, serão
abertos os envelopes com as propostas de preço somente dos
licitantes classificados tecnicamente;
20. Análise e julgamento das propostas de preço de acordo com as
exigências estabelecidas no ato convocatório;
21. Serão realizadas a valoração e a avaliação das propostas técnicas
e de preços, de acordo com os dados e índices obtidos, mediante
fórmulas estabelecidas no edital da licitação;
22. Concluídas as fases de valoração e avaliação das propostas
técnicas e de preço, os licitantes serão classificados em ordem
decrescente de avaliação obtida;

145
Recursos Federais de Defesa Civil

23. Divulgação do resultado do julgamento das propostas/resultado


da licitação;
24. Caso todos os representantes legais dos licitantes estejam
presentes à reunião e declarem expressamente que não têm
intenção de recorrer, tal fato deve constar necessariamente da
respectiva ata, assinada pelos licitantes e pelos responsáveis
pela licitação (nessa hipótese, ficam dispensados os passos 25 a
27, a seguir, e vai-se diretamente para o passo 28);
25. Não ocorrendo a hipótese descrita no passo anterior (24),
elabora-se a ata respectiva, na qual devem estar registrados os
nomes dos licitantes que tiveram suas propostas classificadas
ou desclassificadas, com os motivos que fundamentaram a
decisão, os preços ofertados e demais decisões tomadas pelos
responsáveis pela licitação, devidamente motivadas;
26. Divulgação do resultado de julgamento da licitação na imprensa
oficial ou por comunicação direta a todos os licitantes, de acordo
com a ata respectiva;
27. Aguarda-se o prazo de cinco dias úteis para a interposição de
recurso;
28. Transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou desde
que tenha havido desistência da intenção de recorrer, ou
após julgados os recursos porventura interpostos, deve ser
elaborado relatório circunstanciado, informando todos os
passos dados no procedimento licitatório, fundamentados
em critérios objetivos estabelecidos no ato convocatório, com
indicação do licitante vencedor;
29. Deliberação da autoridade competente quanto à homologação
do procedimento licitatório e adjudicação do objeto ao licitante
vencedor;
30. Emissão da nota de empenho respectiva;
31. Assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, ou ainda
retirada da carta-contrato, nota de empenho, autorização de
compra ou ordem de execução do serviço, quando for o caso.

146
Unidade 4 – Licitação e Contratos

4.1.2.3  Pregão Eletrônico

Processamento e julgamento de licitação na modalidade pregão, na


forma eletrônica, são realizados observando-se normalmente a sequência dos
seguintes procedimentos:

1. Credenciamento prévio dos licitantes, do pregoeiro, dos membros


da equipe de apoio e da autoridade competente do órgão
promotor da licitação perante o provedor do sistema eletrônico;
2. Encaminhamento das propostas pelos licitantes, exclusivamente
por meio do sistema eletrônico, com descrição do objeto e do
preço ofertado;
3. Manifestação do licitante, em campo próprio do sistema
eletrônico, que cumpre plenamente os requisitos de habilitação
e que a proposta está em conformidade com as exigências do
instrumento convocatório;
4. Abertura da sessão pelo pregoeiro, na internet, no dia, horário e
local estabelecidos, com utilização da chave de acesso e senha;
5. Análise e julgamento das propostas de acordo com as exigências
estabelecidas no ato convocatório;
6. Ordenação automática, pelo sistema, das propostas
classificadas;
7. Início da fase competitiva, pelo pregoeiro;
8. Encaminhamento dos lances pelos licitantes, exclusivamente
por meio do sistema eletrônico;
9. Encerramento da etapa de lances pelo pregoeiro;
10. Encaminhamento, pelo sistema, de aviso de fechamento
iminente dos lances;
11. Exame, pelo pregoeiro, da proposta classificada em primeiro
lugar quanto à compatibilidade do preço em relação ao estimado
para a contratação;
12. Formulação de contraproposta pelo pregoeiro, se for o caso;
13. Encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro
deve analisar os documentos de habilitação do licitante que
apresentou a melhor proposta, conforme disposições contidas
no edital;

147
Recursos Federais de Defesa Civil

14. Proclamação do resultado do certame, após a conclusão da


etapa de lances e da análise da documentação;
15. Adjudicação do objeto ao licitante declarado vencedor, caso
tenha havido desistência expressa de todos os licitantes da
intenção de interpor recurso;
16. Caso algum licitante manifeste intenção de interpor recurso,
deve ser aguardado o prazo de três dias para a juntada das
razões e de três dias para os demais licitantes impugnarem
recurso interposto, que começam a contar do término do prazo
do recorrente;
17. Disponibilização da ata respectiva na internet, para acesso de
todos os licitantes e da sociedade;
18. Divulgação do resultado do pregão na imprensa oficial ou por
comunicação direta a todos os licitantes, de acordo com a ata
respectiva;
19. Encaminhamento do processo licitatório para homologação
pela autoridade competente;
20. Emissão da nota de empenho respectiva;
21. Assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, ou ainda
retirada da carta-contrato, nota de empenho, autorização de
compra ou ordem de execução do serviço, quando for o caso.

4.2  Licitação: Jurisprudência do TCU

4.2.1  Escolhas da Modalidade e Tipo

O tipo de licitação não deve ser confundido com modalidade de licitação.


Tipo é o critério de julgamento utilizado pela Administração para seleção da
proposta mais vantajosa. Modalidade é procedimento.
As modalidades de licitação serão determinadas em função dos seguintes
limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

148
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Tabela 9 – Limite de valores das modalidades de licitação

Valores
Obras e serviços de Compras e outros
engenharia serviços
Concorrência acima de R$ 1.500.000,00 acima de R$ 650.000,00

Tomada de preços até R$ 1.500.000,00 até R$ 650.000,00

Convite até R$ 150.000,00 até R$ 80.000,00

Pregão não está limitado a valores

Fonte: Adaptado de Brasil (1993)

Ressalta-se que nos casos em que couber convite, a Administração poderá


utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
É proibido o fracionamento de despesas para adoção de dispensa de
licitação ou modalidade de licitação menos rigorosa que a determinada para a
totalidade do valor do objeto a ser licitado.
Por sua vez, o parcelamento é obrigatório quando existir parcela de
natureza específica que possa ser executada por empresas com especialidades
próprias ou diversas e for viável técnica e economicamente, e quando tal opção
for vantajosa para a Administração.
Não confunda estes dois conceitos: parcelamento refere-se à divisão do
objeto em parcelas (itens ou etapas), ou seja, em partes menores e independentes.
Difere-se de fracionamento, que se relaciona à divisão da despesa para adoção
de dispensa ou modalidade de licitação menos rigorosa que a determinada para
a totalidade do valor do objeto a ser licitado.
Segundo o TCU, os principais erros presentes no momento de escolha
da modalidade e tipo são:

••
Desatenção quanto às prorrogações elevarem o valor dos
contratos a ponto de extrapolar o limite da modalidade no qual
foi licitado:
••
Não observar o limite da modalidade de licitação realizada para
a contratação nas repactuações de preço e prazo dos contratos
celebrados, conforme dispõe o art. 23 da Lei n. 8.666/1993
(BRASIL, 2008a);
••
Não observar, nas licitações de serviços de natureza
continuada, a modalidade licitatória adequada ao valor total a
ser despendido no contrato, incluindo eventuais prorrogações
(BRASIL, 2007a);

149
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Ausência de planejamento prévio dos gastos anuais, de modo a
evitar o fracionamento de despesas de mesma natureza, tendo
em vista que o valor limite para as modalidades licitatórias
é cumulativo ao longo do exercício financeiro, a fim de não
extrapolar os limites estabelecidos nos artigos 23, § 2°, e 24,
inciso II, da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 2007b).

4.2.2  Fase Interna

Atos de licitação devem desenvolver-se em sequência lógica, após


identificação de determinada necessidade a ser atendida até a assinatura do
respectivo contrato ou emissão de documento equivalente. A prática, não a lei,
separou a licitação em duas fases: interna e externa.
Durante a fase inicial da licitação, comumente chamada de interna, a
Administração terá a oportunidade de corrigir falhas porventura verificadas no
procedimento, sem precisar anular atos praticados. Exemplo: inobservância
de dispositivos legais, estabelecimento de condições restritivas, ausência de
informações necessárias, ou desconhecimento de condições usuais do mercado.

Figura 26 – Fase interna de licitação

Fonte: Altounian (2012)

No Quadro 8 são apresentadas as diretrizes da fase interna conforme as


ações mostradas na Figura anterior.

150
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Quadro 8 – Diretrizes da fase interna

Etapa Artigo Conteúdo


Objeto da Licitação
7º, § 2º incisos I e II. 40, Orçamento estimado em
Caracterização da Obra
incisos I e V e § 2º planilhas de quantitativos e
preços unitários

Previsão de Recursos Previsão de Recursos


7º, § 2º incisos III e VI.
Orçamentários orçamentários

Modalidade
Regras para a Estruturação da
22 a 24 e 45 Parcelamento
Licitação
- Tipo

Condições de Pagamento
Critérios de Reajuste
Regras para a Contratação 40, incisos IX, XI, XIV e § 2º. Condições de recebimento do
objeto
Minuta do contrato

Regras para a Habilitação dos Condições para participar da


40, inciso VI.
Interessados licitação

Critérios de julgamento
Regras para o Julgamento 40, incisos VII e X. com disposições claras e
parâmetros objetivos

Procedimentos e Informações
40, incisos II, II, IV, VIII e XV.
Complementares

Fonte: Altounian (2012)

4.2.3  Procedimentos para a Abertura do Processo Licitatório

Será iniciada a licitação com a abertura de processo administrativo que


contenha autorização para contratação, indicação sucinta do objeto e existência
de recurso próprio para efetivação da despesa.
Na fase interna do procedimento de licitação pública será observada a
seguinte sequência de atos preparatórios:

••
Solicitação expressa do setor requisitante interessado, com
indicação de sua necessidade;
••
Aprovação da autoridade competente para início do processo
licitatório, devidamente motivada e analisada sob a ótica da
oportunidade, conveniência e relevância para o interesse público;
••
Autuação do processo correspondente, que deverá ser
protocolizado e numerado;

151
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Elaboração da especificação do objeto, de forma precisa, clara e
sucinta, com base em projeto básico ou em termo de referência
apresentado;
••
Elaboração de projeto básico, prévio e obrigatório nas licitações
para contratação de obras e serviços, em caso de concorrência,
tomada de preços e convite;
••
Elaboração de termo de referência, prévio e obrigatório nas licitações
para contratação de bens e serviços comuns, em caso de pregão;
••
Estimativa do valor da contratação, por comprovada pesquisa
de mercado, em pelo menos três fornecedores do ramo
correspondente ao objeto da licitação;
••
Indicação dos recursos orçamentários para fazer face à despesa;
••
Verificação da adequação orçamentária e financeira, em
conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal, quando for
o caso;
••
Elaboração de projeto executivo, que pode ser concomitante
com a realização da obra ou serviço; e
••
Definição da modalidade e do tipo de licitação a serem adotados.

4.2.4  Obras e Serviços de Engenharia

Para definir o objeto da licitação, o administrador deve estar atento


às peculiaridades do mercado, às diferentes exigências da Lei de Licitações e
aos critérios de sustentabilidade ambiental previstos na IN/MPOG n. 01/2010.
No caso de execução de obras e prestação de serviços, as licitações somente
poderão ser realizadas quando:

••
Houver projeto básico aprovado pela autoridade competente
e disponível para exame dos interessados em participar do
processo licitatório;
••
Existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a
composição de todos os custos unitários;
••
Houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o
pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a
serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo
com o respectivo cronograma de desembolso; e

152
Unidade 4 – Licitação e Contratos

••
A obra ou o serviço estiver incluído nas metas estabelecidas no
PPA, se for o caso.
Não poderão ser incluídos no objeto da licitação:
••
Obtenção de recursos financeiros para execução de obras
e serviços, qualquer que seja a origem, exceto nos casos de
empreendimentos executados e explorados sob o regime de
concessão, nos termos da legislação específica; e
••
Compra de materiais e contratação de serviços sem previsão
de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
previsões reais do projeto básico ou executivo.

A execução de obras e de serviços deve ser programada sempre na


totalidade, com previsão dos custos atual e final, levando em conta o prazo
total da execução. Será realizada sob as seguintes formas:

••
Direta – quando a Administração utiliza meios próprios; e
••
Indireta – quando a Administração contrata com terceiros a
execução de obras ou a prestação de serviços.

Na execução indireta, a contratação é feita sob os seguintes regimes:

••
Empreitada por preço global;
••
Empreitada por preço unitário;
••
Tarefa; e
••
Empreitada integral.

Empreitada por preço global é utilizada quando se contrata execução


de obra ou prestação de serviço por preço certo para a totalidade do objeto.
Verificam-se geralmente nos casos de empreendimentos comuns. Exemplo:
construção de escolas e pavimentação de vias públicas, nas quais os quantitativos
de materiais empregados são pouco sujeitos a alterações durante a execução do
contrato, e podem ser mais bem identificados na época de elaboração do projeto.
Na hipótese de empreitada por preço global, o pagamento deve ser
efetuado após a conclusão das parcelas, etapas ou serviços definidos no respectivo
cronograma físico-financeiro. Exemplo: terraplanagem, fundações, estrutura,
concretagem de laje, cobertura, revestimento, pintura.
Quanto à empreitada por preço unitário, o pagamento deve ser realizado
por unidades feitas. Exemplo: metragem executada de fundações, de paredes
levantadas, de colocação de piso, de pintura, de colocação de gesso. Deve ser

153
Recursos Federais de Defesa Civil

empregada quando determinados itens representativos de obras e serviços


licitados não puderem ser apurados com exatidão na fase do projeto, em função
da natureza do objeto, a exemplo de obras de terraplanagem.
Tarefa é utilizada quando se contrata mão de obra para pequenos trabalhos
por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.
Empreitada integral é usada quando se contrata, por exemplo,
empreendimento na integralidade, com todas as etapas da obra, serviço e
instalações correspondentes. Nesse regime, o contratado assume inteira
responsabilidade pela execução do objeto até a entrega à Administração
contratante para uso. Para isso, devem ser atendidos todos os requisitos técnicos
e legais para utilização, em condições de segurança estrutural e operacional,
com todas as características adequadas às finalidades da contratação.
Diretrizes estabelecidas para elaboração e execução da Lei Orçamentária de
2013 determinam que o custo global de obras e serviços contratados e executados
com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários
de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana dos correspondentes no
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI,
mantido e divulgado, na Internet, pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE;
e, no caso de obras e serviços rodoviários, a tabela do Sistema de Custos de
Obras Rodoviárias (SICRO), excetuados os itens caracterizados como montagem
industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil.
Segundo Brasil (2006a), os preços medianos constantes no SINAPI são
indicativos dos valores praticados no mercado e, portanto, há sobrepreço quando
o preço global está injustificadamente acima do total previsto no sistema.
O TCU já analisou casos que envolvem a condução da pesquisa de custos
dos insumos para a elaboração do orçamento, posicionando-se pela necessidade
de aprofundamento dos trabalhos em itens materialmente relevantes e pela
possibilidade de adoção de preços médios das cotações, como no acórdão
seguinte:

••
Acórdão n. 3.059/10 – Plenário

O estudo prévio para a definição de preços referenciais, principalmente


quando inexista correspondência nos sistemas referenciais aceitos pelo Tribunal
(SINAPI, SICRO e outros), como é o caso dos tubos, deve se estender não só
para cotações diretas junto a fabricantes, mas para o resultado de licitações
realizadas por órgãos e entidades da Administração Pública, com especial
atenção dos pregões eletrônicos.

154
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Quanto às outras jurisprudências do TCU, são comuns determinações


aos órgãos e entidades para que se abstenham

[...] de inserir nos editais definições de objeto imprecisas ou demasiada-


mente amplas, cuja interpretação possa levar à possibilidade de contra-
tação de mais de uma obra, serviço ou fornecimento em decorrência de
uma única licitação (BRASIL, 2002).

Outra preocupação do tribunal é referente ao Projeto Básico. Os acórdãos


do TCU demonstram que a má qualidade do aludido projeto é recorrente em
empreendimentos financiados com recursos públicos e tem causado excessivos
prejuízos erários.

••
Acórdão n. 77/02 – Plenário

O Projeto Básico, que deve ser encarado como elemento fundamental


para a realização de qualquer licitação, deve, também, ser considerado o pilar de
todo empreendimento, público ou privado, mas que tem sido constantemente
mal elaborado, quando há envolvimento de recursos públicos, em quaisquer
das esferas administrativas, sem a atenção mínima necessária quando da sua
confecção, o que é lamentável, por se tornar fonte de desvios e toda sorte de
irregularidades que se tem notícias no Brasil.
Outra questão fundamental relacionada ao Projeto Básico é a sua
atualização. De acordo com Brasil (2007c),

[...] a elaboração do projeto básico adequado e atualizado, assim consi-


derado aquele que possua os elementos descritivos e que expressem a
composição de todos os custos unitários, é imprescindível para a realiza-
ção de qualquer obra pública, resguardando a Administração Pública de
sobrepreços e manipulação indevida no contrato original.

Brasil (2010b) determina aos órgãos ou entidades que

[...] abstenham-se de deixar para o projeto executivo o papel de identi-


ficar os elementos necessários e suficientes da especificação dos servi-
ços da obra que sejam materialmente relevantes, tais como: constru-
ção de estruturas (vigas, pilares e fundações) e das instalações de água,
esgoto, para-raios, telefone, contra incêndio e elétrica, especificando-os,
de modo a que fiquem suficientemente caracterizados, por meio de um
projeto básico adequado.

155
Recursos Federais de Defesa Civil

O TCU também já se manifestou em relação à necessidade de o órgão


contratante colher a assinatura dos responsáveis por cada etapa do projeto
básico como forma de evidenciar autorias e atribuir responsabilidades (Acórdão
n. 1.387/06 – Plenário), bem como sobre o dever do gestor em exigir apresentação
de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica (Acórdão n. 1.524/10 – Plenário).

4.2.5  Fase Externa

A Licitação, na chamada fase externa, tem continuidade com a divulgação


do ato convocatório. Estende-se a contratação do fornecimento do bem, execução
da obra ou prestação do serviço.
Nas modalidades concorrência, tomada de preços e convite, essa etapa da
licitação submete-se principalmente aos procedimentos sequenciais mostrados
na Figura 27, em que a realização de determinado ato depende da conclusão
do antecedente:

Figura 27 – Fase externa da licitação

Fonte: Adaptado de Altounian (2012)

156
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Em pregão, ao contrário do que ocorre nas outras modalidades, o


momento de abertura dos envelopes com a documentação e com as propostas é
invertido, ou seja, o conhecimento das propostas ocorre antes dos documentos
de habilitação.
O TCU tem formulado diversas determinações para que os órgãos adotem

[...] providências no sentido de tornar mais eficiente e eficaz o planeja-


mento e a execução dos procedimentos licitatórios, inclusive com a indi-
cação de servidores adequadamente preparados para comporem Comis-
são Permanente de Licitação. (BRASIL, 2006b)

Nesta mesma linha, o TCU determina que se

[...] adote providências necessárias ao aperfeiçoamento do processo


de comunicação interna relacionado com as comissões de licitação, de
modo que se evite entendimentos equivocados quanto à definição dos
objetos pretendidos pelos setores demandantes de bens e serviços.
(BRASIL, 1998)

É importante lembrar a necessidade da correta designação e formalização


das atividades da Comissão de Licitação, conforme o posicionamento de Jessé
Torres Pereira Júnior apud (ALTONIAN, 2012):

Se o órgão, por seus agentes, pratica atos estranhos à sua competência


legal, tais atos nascem com o vício de competência e podem ser invali-
dados, a menos que a autoridade efetivamente competente os ratifique,
sanando a ilegalidade. A tais riscos se lançam as Comissões de Licitação
quando procedimentos internos do órgão ou da entidade da Administra-
ção Pública – por vezes, sequer estabelecidos mediante atos administra-
tivos, muito menos mediante lei – cumulam-se de atribuições em nada
compatíveis com aquelas definidas em lei.
Note-se que o art. 6º, XVI, declara que cabe à administração criar a Comis-
são, mas já traça as funções para as quais deve ser criada, retirando da
Administração discrição para atribuir-lhe tarefas que desnaturem aquelas
funções ou desviem a Comissão de seu cumprimento.

O art. 51 da lei de licitações define os principais requisitos para a


constituição de Comissão de Licitação: número mínimo de membros; número
de servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos;
tempo de permanência limite; e rodízio. A designação dos membros deve ser feita
mediante portaria com a devida publicação nos órgãos oficiais de comunicação
(BRASIL, 2006c).

157
Recursos Federais de Defesa Civil

A respeito do momento da constituição da comissão, Marçal Justen Filho


apud (ALTOUNIAN, 2012) se posiciona da seguinte maneira:

A Lei não determina o momento em que a Comissão de Licitação deverá


ser constituída. Em princípio, é possível a fase externa da licitação iniciar-
se sem a constituição da comissão julgadora. Admite-se a expedição do
edital sem que exista a comissão – o que não é recomendável, ainda que
possa ver válido. Mas a comissão terá de estar constituída até a data
prevista para apresentação de propostas. Se não estiver, haverá nulidade
insanável do procedimento. Não se admite que a autoridade administra-
tiva aguarde a manifestação dos interessados para, apenas após defini-
da a identidade dos licitantes, determinar os integrantes da comissão de
licitação. Isso acarretaria sério risco de ofensa ao princípio da isonomia e
lesionaria o princípio da moralidade administrativa.

Apesar de a lei de licitações referir-se expressamente à necessidade da


comissão ser integrada por profissionais legalmente habilitados apenas para
o julgamento dos pedidos de inscrição em registro cadastral, o entendimento
partilhado pela doutrina e pela jurisprudência é de que, para empreendimentos
de maior complexidade, pelo menos um membro detenha conhecimento técnico
a respeito da área.
Marçal Justen Filho (apud ALTOUNIAN, 2012) se posiciona com propriedade
sobre a questão:

É necessário que os membros da comissão tenham habilitação específi-


ca para apreciar as propostas efetivadas. Embora o § 2º refira-se apenas
aos casos de inscrição, alteração ou cancelamento de registro cadastral, a
regra deverá ser interpretada ampliativamente.
É desejável e usual que ao menos um dos integrantes tenha conhecimento
jurídico que lhe permita adequar os atos praticados aos dispositivos norte-
adores da licitação. Isso, porém, não é obrigatório.
Não se concebe, contudo, a absoluta ausência de capacitação técnica
dos membros da comissão quando o objeto licitado envolver requisitos
específicos ou especiais. Ainda quando os membros da comissão não
necessitem ser especialistas, é necessário que detenham conhecimentos
técnico-específicos compatíveis com as regras e exigências previstas no
ato convocatório. Em suma, não se admite que a comissão de licitação
para construção de uma hidrelétrica seja integrada por nutricionistas.
A nomeação de membros técnica e profissionalizante não habilitados
para julgar o objeto da licitação caracteriza abuso de poder da autorida-
de competente. Se a Administração impõe exigências técnicas aos inte-
ressados, não pode invocar sua discricionariedade para nomear comissão
destituída de condições para apreciar o preenchimento de tais requisitos.

158
Unidade 4 – Licitação e Contratos

4.3  Contratação Direta: Jurisprudência do


TCU

4.3.1  Conceito e Noções Gerais

Licitação é regra para a Administração Pública quando compra bens ou


contrata obras e serviços. No entanto, a lei apresenta exceções a essa regra.
São os casos de contratação direta, em que a licitação é legalmente dispensada,
dispensável ou inexigível.
Deve o gestor público ser cauteloso ao se decidir pela contratação direta,
haja vista Brasil (1993) considerar ilícito penal dispensar ou inexigir licitação fora
das hipóteses consideradas legais.
Contratação direta pode ocorrer nas seguintes hipóteses, expressamente
previstas na Lei de Licitações:

••
Licitação dispensada: casos de alienação de bens móveis e
imóveis pela Administração;
••
Licitação dispensável: casos em que o procedimento é possível,
mas não obrigatório, em razão de outros princípios que regem a
atividade administrativa, notadamente o princípio da eficiência;
••
Licitação inexigível: situações em que a competição entre os
licitantes não é viável, seja em razão da singularidade do objeto
contratado ou da existência de um único agente apto a fornecê-lo.

As ações de defesa civil podem ter licitações dispensáveis de acordo com


Brasil (1993), que traz os casos em que as licitações são dispensáveis, sendo eles:

••
Obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por
cento) do limite previsto para as modalidades de licitação, desde
que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou
ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente (o
percentual será de 20% se contratados por consórcios públicos,
sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia
ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências
Executivas);

159
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto para as modalidades de licitação, nos casos
previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
possa ser realizada de uma só vez (o percentual será de 20% se
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia
mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas,
na forma da lei, como Agências Executivas); 
••
Casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento
da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo
de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada
a prorrogação dos respectivos contratos.

A Decisão n. 347/94, do Plenário, complementa dizendo que, nos casos


de emergência ou de calamidade pública, são pressupostos da aplicação do
caso de dispensa de licitação:

a) Que a situação adversa, dada como de emergência ou de


calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente,
da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má
gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa,
em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente
público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de
tal situação;
b) Que exista urgência concreta e efetiva do atendimento à
situação decorrente do estado emergencial ou calamitoso,
visando afastar risco de danos a bens ou à saúde ou à vida de
pessoas;
c) Que o risco, além de concreto e efetivamente provável, se
mostre iminente e especialmente gravoso; e
d) Que a imediata efetivação, por meio de contratação com
terceiro, de determinadas obras, serviços ou compras, segundo as

160
Unidade 4 – Licitação e Contratos

especificações e quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio


adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado.

Ressalta-se que o Tribunal mantém sua orientação com base na


referida Decisão Plenária n. 347/1994, conforme abaixo-transcrito do Acórdão
n. 1.379/2007 Plenário:

Observe rigorosamente, no caso de contratação em caráter emergencial,


além do disposto no art. 24, inciso IV, c/c o art. 26, parágrafo único, incisos
I a III da Lei n. 8.666/1993, com o detalhamento contido na Decisão Plená-
ria n. 347/1994, a necessidade de só efetivar contratações diretas de enti-
dades após comprovação da compatibilidade dos preços praticados com
os do mercado, mediante pesquisa de preços, devendo a documentação
pertinente constar do respectivo processo de dispensa ou inexigibilidade.
(BRASIL, 2007c)

Vale lembrar que, ao se dispensar uma licitação, é preciso que a execução


de obras ou prestação de serviços seja programada na totalidade, com previsão
de custos atual e final e dos prazos de execução; bem como o valor relativo à
estimativa da despesa corresponda ao total da compra ou do serviço, a fim de
que o objeto da licitação não venha a ser fracionado para fugir de modalidade
superior ou enquadrar-se na hipótese de dispensa.

4.3.2  Licitação Dispensada

Licitação dispensada desobriga a Administração do dever de licitar,


fundamentando-se no art. 17, incisos I e II, da Lei n. 8.666/1993, que diz:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I – quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para


órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) Dação em pagamento;
b) Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade
da administração pública, de qualquer esfera de governo,
ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (BRASIL, 2009a);

161
Recursos Federais de Defesa Civil

c) Permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes


do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) Investidura;
e) Venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de
qualquer esfera de governo;
f) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados
no âmbito de programas habitacionais ou de regularização
fundiária de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública;
g) Procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29
da Lei n. 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja
competência legal inclua-se tal atribuição;
h) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito
real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso
comercial de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e
cinquenta metros quadrados), e inseridos no âmbito de programas
de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da administração pública;
i) Alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa,
de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou
1.500 ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização
fundiária, atendidos os requisitos legais;

II – Quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação,


dispensada esta nos seguintes casos:

a) Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social,


após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica,
relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades
da Administração Pública;
c) Venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
observada a legislação específica;

162
Unidade 4 – Licitação e Contratos

d) Venda de títulos, na forma da legislação pertinente;


e) Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível
por quem deles dispõe.

Nessas situações, diante das peculiaridades do contrato a ser celebrado,


ao gestor não cabe optar pela licitação, mas proceder a contratação direta, na
forma da lei.
Para este assunto, há algumas deliberações do TCU:

••
Acórdão n. 2.837/2008 Plenário

No tocante à incidência dos princípios da moralidade e da impessoalidade,


não nos parece, diante da situação concreta dos autos, evidenciada uma atuação
desconforme com o interesse público, nem tampouco o aproveitamento de
“inside information” por parte do dirigente, o que constitui o bem juridicamente
tutelado por meio das vedações expressas no art. 9º da Lei n. 8.666/93, aplicável,
no que couber, às hipóteses de licitação dispensada ou inexigível.
[...]
Ponderou que a hipótese de contratação em tela não se enquadra nos
casos de licitação dispensável, tratada no art. 24 da Lei n. 8.666/93, mas de
licitação dispensada, idêntica à utilizada no art. 17, incisos I e II, do mesmo
diploma legal. Na licitação dispensada, diferentemente do que ocorre nos casos
de licitação dispensável, não cabe ao administrador a decisão de licitar ou não,
pois é a própria lei que diretamente determina a contratação direta. Aduziu que a
doutrina tem entendido que, em decorrência da ausência de discricionariedade,
não há que se aplicar os dispositivos contidos no art. 26 da Lei n. 8.666/93, de
justificativa de preço e de escolha do fornecedor, não se exigindo, tampouco,
ratificação pela autoridade superior.

••
Acórdão n. 2.378/2006 Plenário

E indiscutível que licitação é a regra e dispensa é a exceção. A dispensa, que


pressupõe viabilidade de competição, pode se dar por licitação dispensada – art.
17, incisos I e II, da Lei de Licitações, ato vinculado – e por licitação dispensável
– art. 24 da referida lei. Tal artigo enumera exaustivamente as hipóteses em que
a licitação é dispensável, ou seja, licitação que a Administração pode dispensar

163
Recursos Federais de Defesa Civil

se assim lhe convier (discricionariedade administrativa). Como bem se vê, há


sempre a possibilidade de a licitação ser realizada, porém, por motivos de
conveniência e oportunidade, esta é dispensável. Não ao arrepio da lei, mas
com observância e sujeição a ela.

••
Acórdão n. 1.616/2003 Plenário

Impõe-se a necessidade de comprovação de que o preço contratado é


compatível com o praticado no mercado, através de documentos e demonstrativos,
sob pena de irregularidade. Irregularidade: inexistência de demonstrativos
comprovando que o preço ajustado era compatível com os valores praticados
pelo mercado, resultando na falta de justificativa do preço, exigida pelo art.  26,
parágrafo único, inc. III, da Lei n. 8.666/93; [...] a necessária justificativa de preço
não será atendida com qualquer declaração, mesmo que o administrador esteja
sinceramente convencido de estar preenchendo o requisito previsto no Estatuto
das Licitações. Afirmações [...], se não comprovadas documentalmente, de nada
contribuem para preencher o requisito do art. 26, parágrafo único, III, da Lei n.
8.666/93. Uma simples afirmação em sentido contrário, ou seja, de que o preço
oferecido pelo proponente não é razoável, é o bastante para colocá-la em xeque.
[...]. Por essas razões, a presença dos demonstrativos ou outros documentos
que comprovem a razoabilidade do preço nos processos de contratação direta
é indispensável.

4.3.3  Licitação Dispensável: emergência x urgência

Nos casos de licitação dispensável, embora possível a competição, não é


obrigatória a utilização de qualquer uma das modalidades licitatórias previstas
nos comandos legais.
Para situações de emergência ou calamidade pública, é possível ocorrer
dispensa de licitação quando ficar claramente caracterizada urgência de
atendimento a situações que possam ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares. Nesse caso, a contratação deve servir somente para o atendimento
de situação emergencial ou calamitosa e para etapas ou parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídos no prazo máximo de 180 dias consecutivos
e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade. Cabe
mencionar que, numa obra que levará mais de 6 meses para ser finalizada, mas

164
Unidade 4 – Licitação e Contratos

que seu projeto pode ser concluído antes de 180 dias do desastre, é possível que
o projeto seja contratado diretamente (a obra, por sua vez, deverá ser licitada!).
Cumpre destacar que, mesmo nos casos em que for possível a contratação
de determinada obra permanente mediante dispensa de licitação, esta contratação
direta deve se fundamentar em projeto básico prévio e completo. As obras
provisórias, associadas às ações de restabelecimento de serviços essenciais,
por sua vez, podem ter a sua contratação direta baseada em laudos técnicos
(ver Unidade 3).
Outro ponto importante: o prazo de 180 dias começa a contar da data
do desastre (ou da decretação, no caso de um desastre gradual como a seca).
Não é a partir da liberação dos recursos, nem da publicação de qualquer portaria
federal, seja de reconhecimento da situação anormal, seja de formalização da
transferência obrigatória de recursos federais.
A princípio, não se permite prorrogação dos contratos realizados por
meio de licitação dispensável. Exemplo: contrato firmado por noventa dias,
não pode ser prorrogado por mais noventa dias, a fim de completar os 180 dias
previstos na norma. Neste caso, deve-se fazer um novo contrato, mas não uma
prorrogação.
Para situações de licitação dispensável, o TCU tem algumas delibe-
rações, como:

••
Acórdão n. 292/2008 Plenário

É irregular a dispensa de licitação com base em expectativa de futuros


aumentos de preços de mercado e na necessidade de cumprir cronogramas de
projetos.

••
Acórdão n. 1.933/2009 Plenário

Efetue a devida licitação para aquisição e fornecimento de insumos a


obras de engenharia com a antecedência necessária para evitar incorrer em
irregular contratação emergencial.

••
Acórdão n. 2.254/2008 Plenário

Observem as condições estabelecidas no inciso IV do art. 24 da Lei


n. 8.666/1993, e dispensem a licitação, nas hipóteses de emergência ou de
calamidade pública, apenas quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente

165
Recursos Federais de Defesa Civil

para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa


e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo
de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência
ou calamidade, sendo vedada qualquer prorrogação dos respectivos contratos.

••
Acórdão n. 1.573/2008 Plenário

Indique a efetiva urgência de atendimento de situação que possa ocasionar


prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
e outros bens quando de contratações emergenciais, nos termos do art. 24,
inciso IV, da Lei n. 8.666/1993.

••
Acórdão n. 727/2009 Plenário

Admite-se, em caráter excepcional, e com fundamento no interesse


público, contratação emergencial da prestação de serviços que não possam
sofrer solução de continuidade, desde que justificada adequadamente no
respectivo processo e apontados os problemas que poderão advir da paralisação
de tais serviços, comprovando-se a ocorrência de prejuízo ao interesse público.
A contratação será apenas durante o prazo necessário para a realização do novo
processo licitatório, observando-se o disposto no art. 26 da Lei n. 8.666/1993.

••
Acórdão n. 2.387/2007 Plenário

Zele para que os processos de dispensa de licitação, motivados por


situação emergencial (art. 24, IV, da Lei n. 8.666/1993), sejam necessariamente
justificados, e comunicados dentro de três dias à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição
para eficácia dos atos, instruindo-os com os seguintes elementos:

••
Caracterização da situação emergencial ou calamitosa que
tenha justificado a dispensa, quando for o caso;
••
Razão da escolha do fornecedor ou executante; e
••
Justificativa do preço, conforme disposto nos arts. 37, caput, da
Constituição Federal e 26, caput, parágrafo único, incisos I, II e
III, da Lei n. 8.666/1993.
••
Acórdão n. 1.379/2007 Plenário

Observe rigorosamente, no caso de contratação em caráter emergencial,


além do disposto no art. 24, inciso IV, c/c o art. 26, parágrafo único, incisos I
a III da Lei n. 8.666/1993, com o detalhamento contido na Decisão Plenária

166
Unidade 4 – Licitação e Contratos

n. 347/1994, a necessidade de só efetivar contratações diretas de entidades após


comprovação da compatibilidade dos preços praticados com os do mercado,
mediante pesquisa de preços, devendo a documentação pertinente constar do
respectivo processo de dispensa ou inexigibilidade.

••
Acórdão n. 667/2005 Plenário

Devem ser observados, quando da contratação emergencial, os seguintes


preceitos:

••
Podem ser contratados somente os serviços imprescindíveis à
execução das atividades essenciais ao funcionamento do órgão,
devendo a contratação emergencial subdividir-se nas mesmas
modalidades de serviço que serão objeto da licitação para a
contratação definitiva;
••
Imprescindibilidade dos serviços e a essencialidade das
atividades devem estar expressamente demonstradas e
justificadas no respectivo processo;
••
A contratação somente poderá vigorar pelo tempo necessário
para se concluir as novas licitações dos serviços de informática a
serem promovidas, não podendo ultrapassar o prazo previsto no
art. 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/1993;
••
À medida que forem firmados os novos contratos, deverá ser
encerrada a respectiva prestação de serviços exercida no âmbito
do contrato emergencial;
••
Deverão ser observadas as disposições relativas às contratações
emergenciais, em especial aquelas contidas no art. 26 da Lei n.
8.666/1993 e na Decisão n. 347/1994 Plenário.
••
Acórdão n. 3.754/2009 Primeira Câmara

Observe que a contratação com base no art. 24, IV, da Lei n. 8.666/93,
aplica-se aos casos em que a situação adversa, a título de emergência ou de
calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta
de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos
disponíveis. Ou seja, que a ela não possa, em alguma medida, ser atribuída culpa
ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência
de tal situação.

167
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Acórdão n. 3.083/2007 Primeira Câmara

É dever do contratante, ainda que no caso de dispensa de licitação,


formalizar o respectivo processo, caracterizando a situação emergencial, a razão
da escolha do prestador de serviço e a justificativa do preço, e publicar o ato de
dispensa na imprensa oficial, conforme prevê o art. 26, caput, parágrafo único
e incisos I, II e III, da Lei n. 8.666/1993, sendo vedada a prestação de serviços
sem a cobertura de contrato devidamente formalizado, por expressa previsão
do art. 60, parágrafo único, da citada lei.

••
Decisão n. 955/2002 Plenário

Abstenha-se de contratar com dispensa de licitação, sob a alegação de


emergência (art. 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/93), quando decorrente da falta
de planejamento adequado, conforme entendimento desta Corte exarado na
Decisão n. 347/1994 Plenário.
Instrua o processo, em situações nas quais esteja devidamente caracterizada
a emergência, na forma que dispõe o inciso IV do art. 24 da Lei n. 8.666/1993,
com documentos de habilitação e regularidade fiscal do contratado, justificativa
fundamentada da escolha do fornecedor ou executante e justificativa do preço
(art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei n. 8.666/1993), mediante a verificação
da conformidade do orçamento do fornecedor ou executante com os preços
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente ou, ainda, com
os constantes do sistema de registro de preços, os quais devem ser registrados
nos autos, conforme Decisão n. 627/1999 Plenário.

4.4  Contratos: jurisprudência do TCU

4.4.1  Conceito e Noções Gerais

Contrato administrativo, de acordo com Brasil (1993), é todo e qualquer


ajuste celebrado entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares,
por meio do qual se estabelece acordo de vontades, para formação de vínculo e
estipulação de obrigações recíprocas. Depois de concluído o processo licitatório
ou os procedimentos de dispensa ou inexigibilidade de licitação, a Administração
adotará as providências necessárias para celebrar o contrato correspondente.
O contrato administrativo não deve ser confundido com convênio. Este
é todo e qualquer instrumento formal que discipline a transferência de recursos

168
Unidade 4 – Licitação e Contratos

da União para Estados, Municípios, Distrito Federal ou entidades particulares,


com vistas à execução de programas de trabalho, projeto/atividade ou evento de
interesse recíproco, em regime de mútua colaboração. Tem como partícipe de
um lado, órgão ou entidade da Administração Pública Federal, Direta ou Indireta,
e de outro, órgão ou entidade da Administração Pública Estadual, Distrital ou
Municipal, Direta ou Indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos.
A Figura 28 apresenta claramente a diferença entre ambos.

Figura 28 – Contrato administrativo X Convênio

Fonte: Própria pesquisa (2013)

4.4.2  Formalização

Qualquer contrato administrativo deve ser formalizado por escrito, de


acordo com as exigências da Lei n. 8.666/1993, pelos órgãos ou entidades da
Administração que realizam a contratação.
Nas hipóteses a seguir, deve a contratação ser formalizada obrigatoriamente
por meio de termo de contrato:

••
Licitações realizadas nas modalidades concorrência, tomada de
preços e pregão;
••
Dispensa ou inexigibilidade de licitação cujo valor esteja
compreendido nos limites das modalidades concorrência e
tomada de preços; e
••
Contratações de qualquer valor das quais resultem obrigações
futuras. Exemplo: entrega futura ou parcelada do objeto e
assistência técnica.

169
Recursos Federais de Defesa Civil

Nos demais casos, o termo de contrato é facultativo, podendo ser


substituído pelos instrumentos hábeis a seguir:

••
Carta-contrato;
••
Nota de empenho de despesa;
••
Autorização de compra; e
••
Ordem de execução de serviço.

4.4.3  Cláusulas Necessárias

Segundo Brasil (1993), art. 55:

as cláusulas necessárias em todo contrato são as que estabeleçam:


I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base (defi-
nida em contrato como: aquela da apresentação da proposta comercial;
ou aquela da assinatura do mesmo) e periodicidade do reajustamento de
preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimple-
mento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega,
de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação
funcional programática e da categoria econômica;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando
exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis
e os valores das multas;
VIII - os casos de rescisão;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão
administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conver-
são, quando for o caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos
casos omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução
do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas,
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 1º (Vetado).
§ 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas
físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá
constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da

170
Unidade 4 – Licitação e Contratos

sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o


disposto no § 6º do art. 32 desta Lei.
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comu-
nicarão aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos
da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos,
segundo o disposto no art. 63 da Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964.

4.4.4  Cláusulas Exorbitantes

Segundo a Lei n. 8.666/93, art. 54, os contratos administrativos regulam-


se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de
direito privado.

§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições


para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obriga-
ções e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da
licitação e da proposta a que se vinculam.
§ 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilidade de licita-
ção devem atender aos termos do ato que os autorizou e da respectiva
proposta.
Ainda na mesma lei, o art. 58 diz que o regime jurídico dos contratos
administrativos instituído pela lei confere à Administração, em relação a
eles, a prerrogativa de:
I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades
de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II – rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do
art. 79 da lei;
III – fiscalizar-lhes a execução;
IV – aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis,
imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese
da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratu-
ais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato admi-
nistrativo.
Em relação às cláusulas de reajuste de preço, estas podem e devem ser
revistas a qualquer tempo, em respeito à prevalência da garantia de
manutenção da equação econômico-financeira do contrato.
Quanto às rescisões de contrato, a lei, em seu art. 79, diz que poderá ser:
I – determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos
enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
II – amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da
licitação, desde que haja conveniência para a Administração;
III – judicial, nos termos da legislação.

171
Recursos Federais de Defesa Civil

4.4.5  Execução

Tanto a Administração quanto o contratado devem cumprir fielmente as


regras contratuais e as normas da Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
O não cumprimento de disposições legais, total ou parcialmente, pode levar à
rescisão do contrato, respondendo o culpado pelas consequências que poderão
advir desse ato.

4.4.6  Acompanhamento e Fiscalização

É dever da Administração acompanhar e fiscalizar o contrato para verificar


o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas, em todos
os seus aspectos, consoante o disposto no art. 67 da Lei n. 8.666/1993. Cabe
ao ente tomador dos recursos a fiscalização do contrato. Acompanhamento
e fiscalização de contrato são medidas poderosas colocadas à disposição do
gestor na defesa do interesse público.
Exige a Lei n. 8.666/1993 que o representante da Administração anote
em registro próprio as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
determinando o que for necessário à regularização das faltas, falhas ou defeitos
observados. Anotações efetuadas constituem importante ferramenta de
acompanhamento e fiscalização da execução contratual.
Segundo SEAP ([20--?]), a fiscalização da contratação da elaboração de
projetos deverá realizar, dentre outras, as seguintes atividades:

••
Manter um arquivo completo e atualizado de toda a
documentação pertinente aos trabalhos, incluindo o
contrato, caderno de encargos, orçamentos, cronogramas,
correspondência e relatórios de andamento das atividades;
••
Exercer rigoroso controle sobre o cronograma de execução dos
serviços, aprovando os eventuais ajustes que ocorrerem durante
o desenvolvimento dos trabalhos;
••
Analisar e aprovar o plano de execução dos serviços a ser
apresentado pela contratada no início dos trabalhos, que
conterá, entre outros elementos, os dados básicos e critérios
de projeto, a relação e quantidade de documentos a serem
produzidos, o fluxograma de desenvolvimento e cronograma de
execução dos trabalhos e organograma da equipe responsável
pela elaboração dos trabalhos;

172
Unidade 4 – Licitação e Contratos

••
Verificar e aprovar os relatórios periódicos de execução dos
serviços elaborados em conformidade com os requisitos
estabelecidos no caderno de encargos;
••
Verificar e aprovar as soluções propostas nos projetos quanto
à sua adequação técnica e econômica de modo a atender às
necessidades do contratante;
••
Verificar e aprovar eventuais acréscimos de serviços necessários
ao perfeito atendimento do objeto do contrato;
••
Verificar e atestar as medições dos serviços, bem como conferir,
dar visto e encaminhar para pagamento as faturas emitidas pela
contratada;
••
Encaminhar à contratada os comentários efetuados para que
sejam providenciados os respectivos atendimentos; e
••
Receber a documentação final do projeto, verificando o
atendimento aos comentários efetuados e a apresentação de
todos os documentos previstos, como desenhos, especificações,
memoriais de cálculo, descritivos e justificativos, em
conformidade com o plano de elaboração do projeto.

Após a verificação, através de comunicação oficial da fiscalização,


serão indicadas as correções e complementações consideradas necessárias ao
recebimento definitivo, bem como estabelecido o prazo para a execução dos
ajustes. Da mesma forma, o recebimento definitivo somente será efetuado pelo
contratante após a comprovação pela contratada do pagamento de todos os
impostos, taxas e demais obrigações fiscais incidentes sobre o objeto do contrato.
Por sua vez, o Manual de Obras Públicas-Edificações/Construção, também
da SEAP/MPOG, aponta aspectos importantes a serem observados na fiscalização
da execução de obras públicas. Outra referência obrigatória é a publicação
Obras públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras
públicas, elaborado e divulgado pelo TCU. Estas três referências citadas neste
tópico são gratuitas e podem ser obtidas diretamente na Internet.
Por fim, a jurisprudência do TCU destaca que alterações dos projetos
de engenharia, sem a necessária aprovação do órgão concedente, podem
inviabilizar a tarefa de controle e fiscalização, uma vez que se passa a não
dispor de parâmetros adequados para aferir a correta e regular execução física e
financeira das obras, configurando irregularidade passível de aplicação de multa.
Sendo assim, é importante manter, em todas as contratações ou execuções

173
Recursos Federais de Defesa Civil

diretas, diário de obras em que sejam anotadas as ocorrências relacionadas


com a sua implementação, de forma a se manter registro atualizado do seu
acompanhamento e fiscalização, consoante o disposto no art. 67, § 1º, da Lei n.
8.666/1993 (BRASIL, 2009b). Naturalmente, as alterações de projeto deverão
ser encaminhadas à SEDEC para análise e aprovação.
Outro aspecto tratado pelo TCU diz respeito à fiscalização da execução dos
contratos de prestação de serviços, principalmente em relação à obrigatoriedade
de a contratada arcar com todas as despesas decorrentes de obrigações
trabalhistas relativas a seus empregados, de modo a evitar a responsabilização
subsidiária da entidade pública, uma vez que a ausência de pendência por ocasião
da assinatura do contrato não assegura que isso não venha a ocorrer durante
a execução do contrato (BRASIL, 2009 c). Para tanto, a Administração deverá
exigir os documentos comprobatórios de recolhimento necessários.

4.4.7  Subcontratação e Sub-rogação

Subcontratação consiste na entrega de parte de fornecimento de bem,


execução de obra ou prestação de serviço a terceiro, estranho ao contrato,
para que execute em nome do contratado item, etapa ou parcela do objeto
avençado. É permitido ao contratado, pela Lei de Licitações, subcontratar parte
do objeto. Nada obstante, aceita a subcontratação, a Administração deve exigir
do subcontratado a apresentação dos documentos de habilitação requisitados
na licitação, especialmente quanto à regularidade jurídica, idoneidade fiscal,
qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e o cumprimento do
disposto no inciso XXX III do art. 7º da Constituição Federal.
Sub-rogação consiste na entrega da totalidade do objeto contratado a
terceiro alheio à avença. Vale dizer que, na sub-rogação, pessoa estranha ao
ajuste firmado assume, sem ter participado da licitação, todos os direitos e
deveres consignados no contrato inicial, afastando qualquer responsabilidade
do contratado. Não encontra amparo na Lei de Licitações a sub-rogação.
Cabe ressaltar que a subcontratação não autorizada e sub-rogação
constituem motivos para rescisão unilateral do contrato pela Administração,
sem embargo das penalidades cabíveis.
De acordo com o TCU, quando a prestação de serviços depender de terceiros
alheios à contratada, o edital deve esclarecer que tais serviços dependerão de sua
efetiva disponibilidade e autorização pelos terceiros envolvidos (BRASIL, 2007d).

174
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Outra jurisprudência do TCU trata da descrição adequada da possibilidade


de subcontratação no edital e no contrato, definindo claramente seus parâmetros
quando desejável, ou vedando sua ocorrência quando indesejável, nos termos
dos arts. 72 e 78, inciso VI, da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 2008c).

4.4.8  Reajuste de Preços

Em contratos com prazo de duração igual ou superior a um ano é admitida


cláusula com previsão de reajuste de preços.
Para concessão de reajuste, o marco inicial conta-se da data da apresentação
da proposta ou da data do orçamento a que a proposta referir-se, conforme
previsto no edital e no contrato, ou ainda do último reajustamento.
Admite a Lei n. 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, para reajustar contratos,
a utilização de índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação
dos custos de produção ou dos insumos utilizados. Esses índices devem estar
previamente estabelecidos no edital e no contrato.
De acordo com referida lei, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes
que, na apuração do índice correspondente, produzam efeitos financeiros
equivalentes aos de reajuste de periodicidade inferior à anual.
Deve o reajuste ser antecedido de manifestação do setor responsável
pelo contrato, com a indicação de que os novos preços estão em conformidade
com os de mercado e continuam vantajosos para a Administração.
Preços contratuais podem ser reajustados para mais ou para menos, de
acordo com a variação dos índices indicados no contrato.
Na concessão de reajuste de preços, deve-se atentar especialmente nas
seguintes situações no cumprimento do objeto contratual:

••
Atraso por culpa do contratado:
••
Se houver aumento do índice, prevalece o vigente na data em
que deveria ter sido realizado o objeto; e
••
Se houver diminuição do índice, prevalece o vigente na data
em que for executado o objeto.
••
Antecipação:
••
Prevalece o índice vigente na data em que for realizado o
objeto.

175
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Prorrogação:
••
Prevalece o índice vigente no mês previsto para cumprimento
do objeto .
Enquanto não forem divulgados os índices correspondentes ao mês do
adimplemento da obrigação contratual, o reajuste deve ser calculado de acordo
com o último índice conhecido. Depois de publicados os índices definitivos, deve
ser efetuada a correção dos cálculos.
É vedada, sob pena de nulidade, cláusula de reajuste vinculada a variações
cambiais ou ao salário mínimo, ressalvados os casos previstos em lei federal.
Deve a Administração indicar claramente no edital, em condições
específicas, além da data inicial e da periodicidade, os demais critérios para
reajuste dos contratos. Cabe citar que o reajuste não pode ocorrer de ofício,
devendo ser solicitado pelo contratado.
O TCU afirma que reajustes salariais não constituem causa de desequilíbrio
econômico-financeiro de contrato administrativo, hipótese prevista no art. 65,
inciso II, alínea “d”, da Lei n. 8.666/1993, mas representam fator de reajustamento
de preços, sujeito às regras fixadas no art. 40, inciso XI, e art. 55, inciso III, da Lei
de Licitações, e no art. 5º do Decreto n. 2.271/97 (BRASIL, 2009d).
O TCU ainda aconselha que se indique expressamente nos editais e/
ou nas planilhas de quantitativos e preços unitários integrantes de editais de
licitação os índices “específicos” de reajuste que serão aplicados nas datas-bases,
evitando a manutenção de expressões genéricas e imprecisas para o critério de
atualização de preços, atendendo adequadamente às disposições do inciso XI
do artigo 40 da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 2009e).

4.4.9  Alteração
Contrato firmado entre as partes pode ser alterado nos casos previstos
no art. 65 da Lei n. 8.666/1993, desde que haja interesse da Administração e
satisfação do interesse público. Para que as modificações sejam consideradas
válidas, devem ser justificadas por escrito e previamente autorizadas pela
autoridade competente para celebrar o contrato.
Alterações podem ser unilaterais, quando feitas exclusivamente pela
Administração, ou por acordo entre a Administração e o contratado.

A Alteração unilateral pode ocorrer nas seguintes situações:

176
Unidade 4 – Licitação e Contratos

••
Alteração qualitativa: quando a Administração necessitar
modificar o projeto ou as especificações para melhor adequação
técnica aos seus objetivos;
••
Alteração quantitativa: quando for necessária a modificação
do valor do contrato em razão de acréscimo ou diminuição nos
quantitativos do objeto.

A Alteração por acordo das partes pode acontecer nas seguintes situações:

••
Quando for conveniente substituir a garantia efetuada para a
execução do contrato;
••
Quando for necessária a modificação:
••
Do regime de fornecimento do bem, de execução da obra ou
de prestação do serviço, pela constatação técnica de que os
termos originais do contrato não se aplicam mais;
••
Da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias que
surgirem após a assinatura do contrato, devendo ser mantido
o valor inicial atualizado; e
••
Para restabelecer a relação inicialmente pactuada, que objetive
a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato.

Não se admite modificação do contrato, ainda que por mútuo acordo


entre as partes, que importe alteração radical dos termos iniciais ou acarrete
frustração aos princípios da isonomia e da obrigatoriedade de licitação, insculpidos
na Lei de Licitações.

4.4.10  Acréscimo ou Supressão, Jogo de Planilha

Segundo Brasil (1993), quando necessários acréscimos ou supressões


nos fornecimentos, obras ou serviços, pode a Administração alterar o contrato:

••
Para fornecimentos, obras ou serviços: acréscimos ou supressões
de até 25%;
••
Para reforma de edifício ou de equipamento: acréscimos de até 50%.

De acordo com Brasil (2010c), tem-se como regra o limite de 25% do


valor inicial atualizado do contrato para a alteração dos quantitativos dos
itens contratados, de modo a garantir que as alterações não constituam um
“jogo de preços”.

177
Recursos Federais de Defesa Civil

Excepcionalmente, as alterações contratuais qualitativas podem ultrapassar


estes limites legais quando satisfeitos os seguintes pressupostos estabelecidos
na Decisão n. 215/1999 Plenário:

••
Não acarretar para a Administração encargos contratuais
superiores aos oriundos de uma eventual rescisão contratual por
razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração
de um novo procedimento licitatório;
••
Não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de
capacidade técnica e econômico-financeira do contratado;
••
Decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades
não previstas ou imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
••
Não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente
contratado em outro de natureza e propósito diversos; e
••
Ser necessária a completa execução do objeto original do
contrato, a otimização do cronograma de execução e a
antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes.
A mesma Decisão ainda diz que é preciso demonstrar na motivação
do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites legais
mencionados anteriormente, que as consequências da outra alternativa – a
rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação – importam sacrifício
insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo) a ser atendido
pela obra ou serviço, inclusive quanto à sua urgência e emergência.
Cabe ressaltar neste tópico a importância de se evitar o jogo da planilha,
que segundo Campiteli (2006 apud ALTONIAN, 2012) tem como definição:

O “jogo de planilha”, também conhecido por “jogo de preços”, é um arti-


fício utilizado por licitantes que a partir de projetos básicos deficitários
e/ou por informações privilegiadas, conseguem saber antecipadamen-
te quais os serviços que terão o quantitativo aumentado, diminuído ou
suprimido ao longo da execução da obra a ser licitada e manipulam os
custos unitários de suas propostas, atribuindo custos unitários elevados
para os itens que terão o seu quantitativo aumentado e custos unitários
diminutos nos serviços cujo quantitativo será diminuído ou suprimido.
Com isso, vencem a licitação por conseguirem um valor global abaixo dos
concorrentes, graças aos custos unitários diminutos que não serão execu-
tados. Assim, após as alterações contratuais já previstas pelo vencedor
do certame no momento da elaboração da proposta, o valor global do
objeto contratual passa a encarecer em relação ao seu valor de mercado,
podendo tornar-se a proposta mais desvantajosa para a Administração
entre as demais da licitação.

178
Unidade 4 – Licitação e Contratos

A fim de combater esta prática nociva, as leis de diretrizes orçamentárias


federais mais recentes vêm trazendo artigos como o art. 102, § 6º, IV, da LDO
2013, que determina que a formação do preço dos aditivos contratuais contará
com orçamento específico detalhado em planilhas elaboradas pelo órgão
ou entidade responsável pela licitação, mantendo-se, em qualquer aditivo
contratual, a proporcionalidade da diferença entre o valor global estimado pela
administração nos termos deste artigo e o valor global contratado, mantidos os
limites do art. 65, § 1º, da Lei n. 8.666, de 1993. Ou seja, o desconto percentual
original deve ser mantido após o aditivo contratual.
De acordo com o TCU, a previsão normativa que autoriza a Administração
exigir do contratado acréscimos e supressões até os limites estabelecidos nos
§§ 1º e 2º do art. 65 da Lei n. 8.666/1993 não lhe legitima agir contrariamente aos
princípios que regem a licitação pública, essencialmente o que busca preservar a
execução contratual de acordo com as características da proposta vencedora do
certame, sob pena de se ferir o princípio constitucional da isonomia. O referido
comando legal teve como finalidade única viabilizar correções quantitativas do
objeto licitado, conferindo certa flexibilidade ao contrato, mormente em função
de eventuais erros advindos dos levantamentos de quantitativos do projeto
básico. Os limites mencionados devem ser verificados, separadamente, tanto
nos acréscimos quanto nas supressões de itens ao contrato, e não pelo cômputo
final que tais alterações (acréscimos menos decréscimos) possam provocar na
equação financeira do contrato (Brasil, 2009f). Em outras palavras, supressões
em alguns itens não podem compensar acréscimos em outros itens, para fins
de verificação do limite legal de 25%.
O TCU também diz que não segue os ditames da Lei n. 8.666/1993, a
previsão editalícia que possibilita a execução de serviços além dos limites do
objeto licitado (BRASIL, 2008d).

4.4.11  Equilíbrio Econômico-Financeiro

Equilíbrio econômico-financeiro, assegurado pela Constituição Federal,


consiste na manutenção das condições de pagamento estabelecidas inicialmente
no contrato, de maneira que se mantenha estável a relação entre as obrigações
do contratado e a justa retribuição da Administração pelo fornecimento de bem,
execução de obra ou prestação de serviço.
Nas hipóteses expressamente previstas em lei, é possível à Administração,
mediante acordo com o contratado, restabelecer o equilíbrio ou reequilíbrio

179
Recursos Federais de Defesa Civil

econômico-financeiro do contrato. Reequilíbrio econômico-financeiro do contrato


se justifica nas seguintes ocorrências:

••
Fato imprevisível, ou previsível, porém, de consequências
incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do que
foi contratado; e
••
Caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, que
configure álea econômica (probabilidade de perda concomitante
à probabilidade de lucro) extraordinária e extracontratual.

Para que possa ser autorizado e concedido o reequilíbrio econômico-


financeiro do contrato pedido pelo contratado, a Administração tem que verificar:

••
Os custos dos itens constantes da proposta contratada, em
confronto com a planilha de custos que deve acompanhar a
solicitação de reequilíbrio:
••
Ao encaminhar à Administração o pedido de reequilíbrio
econômico-financeiro, deve o contratado demonstrar quais
os itens da planilha de custos que estão economicamente
defasados e ocasionando desequilíbrio do contrato; e
••
Ocorrência de fato imprevisível, ou previsível, porém, de
consequências incalculáveis, que justifique modificações do
contrato para mais ou para menos.

Concedido reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, inicia-se novo


prazo para contagem de reajuste ou repactuação futura. Significa dizer que novo
prazo começa a contar por inteiro para o próximo procedimento de reajuste ou
repactuação cabível.
Cabe ressaltar que o reequilíbrio econômico-financeiro não está vinculado
a qualquer índice de preço.
Diante disso, o TCU trata em uma de suas jurisprudências da atenção
referente à possibilidade de alterações contratuais consistentes na mudança
de quantitativos dos serviços que, pelos seus preços, impliquem em prejuízo
para a administração pública, rompendo o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, o que, na impossibilidade de ser restaurado, deverá importar na sua
rescisão unilateral (BRASIL, 2008e).
Outra análise do TCU diz respeito ao disposto na Lei n. 8.666/1993 sobre
evitar acréscimos de contratos com base em evento não previsto no art. 65. Ele
lembra que as alterações contratuais podem ocorrer, dentre outros motivos, para

180
Unidade 4 – Licitação e Contratos

restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. Na hipótese


de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências
incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, e qualquer
superveniência de fatos, tributários e/ou legais, de comprovada repercussão
nos preços contratados, poderá ser feita a revisão dos contratos, para mais ou
para menos, consoante o inciso II, alínea d, c/c § 5º, do art. 65 da mencionada
lei (BRASIL, 2005a).
O TCU também trata das chuvas que acarretam atraso nas obras ao afirmar
que o SICRO2 não considera, nas composições de custos dos diversos serviços,
acréscimos devido às paralisações ocorridas pela chuva. Em contrapartida,
considera que no caso de ocorrência de chuvas que impossibilitem a produção
da equipe, há de se verificar apenas as horas improdutivas, visto que como a
máquina está parada, a produção é nula e a utilização produtiva não existe. Neste
caso, devem ser incluídas a previsão das horas improdutivas e a introdução dos
respectivos custos no orçamento, por serviço (BRASIL, 2010d). Naturalmente,
tratam-se de chuvas comprovadamente atípicas.

4.4.12  Prorrogações

Segundo Brasil (1993), os prazos de início de etapas de execução, de


conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro,
desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em
processo:

I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;


II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranha à vontade
das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do
contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de
trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos
limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro
reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua
ocorrência; e
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusi-
ve quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impe-
dimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das
sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

181
Recursos Federais de Defesa Civil

O Acórdão do TCU n. 262/06 determina que sejam orientados os


administradores de contratos para que, na ocasião de ocorrências que possam
ensejar atrasos na execução de obras e, consequentemente, futuros aditivos
de prorrogação do respectivo contrato, promova-se o registro desses fatos no
Diário de Obra, observando, assim, os ditames do art. 67, § 1º, da Lei n. 8.666/93.
O TCU também determina que nas prorrogações contratuais promova-se
a assinatura dos respectivos termos de aditamento até o término da vigência
contratual, uma vez que, transposta a data final de sua vigência, o contrato
é considerado extinto, não sendo juridicamente cabível a prorrogação ou a
continuidade da sua execução (BRASIL, 2004).
De acordo com Brasil (2005b), a dispensa de licitação aplicada nos
casos previstos no inciso IV do art. 24 da Lei n. 8.666/1993 – ou seja, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação – ocorre para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência
ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos. É a regra, mesmo
para situações pós-desastre, que deve ser observada pelos entes beneficiários
para não se incorrer em falha passível de penalização.
Entretanto, segundo o TCU, também é possível, em casos excepcionais e
com condições muito específicas, firmar termo aditivo para prorrogar contrato
oriundo da dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/1993,
por período adicional estritamente necessário à conclusão da obra ou serviço,
além do prazo máximo fixado nesse dispositivo legal, desde que essa medida
esteja fundamentada na ocorrência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à
vontade das partes, que impossibilite a execução contratual no tempo inicialmente
previsto (BRASIL, 2007e). Casos como estes são normalmente encaminhados
pela SEDEC para avaliação do Tribunal.
Em consentimento com a jurisprudência anterior, diante de situação
peculiar e muito específica verificada em desastre de grandes proporções, foi
comunicado ao Comitê Gestor da Operação de Reconstrução e à Procuradoria
Geral do Estado de Pernambuco que o limite de 180 dias referido no inciso IV
do art. 24 da Lei n. 8.666/93 pode ser ultrapassado quando o objeto contratual
a ser executado além desse prazo preencher as seguintes condições do referido
dispositivo legal: “urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
e outros bens, públicos ou particulares” e “somente para os bens necessários
ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa” (BRASIL, 2010e).

182
Unidade 4 – Licitação e Contratos

Recomenda-se uma leitura atenta dos requisitos identificados neste Acórdão


para o caso concreto, que resultaram neste entendimento de exceção.
A regra, naturalmente, é que o contrato fruto de dispensa de licitação
não ultrapasse 180 dias.

4.4.13  Roteiro Prático para Contratos Administrativos

Definidos os conceitos, as formalidades, as cláusulas e as demais condições


relativas à execução e à alteração dos contratos administrativos, relacionam-se
a seguir informações de ordem prática que podem auxiliar a Administração na
execução de procedimentos cabíveis.
Encontram-se listadas na Lei n. 8.666/1993 as cláusulas necessárias à
formalização e elaboração de contratos administrativos. Outras podem ser
incluídas dependendo das peculiaridades do objeto contratado. Exemplo: as
exigências de contrato de obra não são iguais às de contrato de vigilância, de
limpeza ou de aquisição de microcomputadores.
Cláusulas ou condições do contrato são numeradas e ordenadas de
acordo com o texto para que haja sequência lógica na formalização. Exemplo:

••
Cláusula Primeira – Do Objeto;
••
Cláusula Segunda – Da Execução do Contrato;
••
Cláusula Terceira – Do Valor;

E assim por diante.


Contratos administrativos devem ser redigidos com objetividade e linguagem
simples e usual. Termos de difícil compreensão e condições desnecessárias
devem ser evitados.
São condições necessárias para elaboração de minuta de contrato, dentre
outras:

••
Conhecimento da legislação sobre a matéria, em especial da Lei
8.666/1993;
••
Conhecimento do objeto contratado;
••
Conhecimento da estrutura contratual, mantendo a ordem das
cláusulas;
••
Integração com o setor solicitante;
••
Capacidade de escrever com clareza, utilizando-se de termos
técnicos e jurídicos adequados;

183
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Capacidade de detalhar o assunto, em linguagem simples e
concisa.

É importante que haja integração entre o responsável pela contratação e o


setor solicitante. Essa união é fundamental não apenas na preparação e condução
do procedimento licitatório, mas também após a entrega do objeto contratado.
Comunicações internas, reuniões, pareceres, são meios que possibilitam à área
que contratou obter informações sobre a qualidade do produto entregue e a
satisfação do setor requerente.
Depois de concluída a licitação, ou o processo de contratação direta,
devem ser observados os seguintes procedimentos em relação aos contratos,
conforme o caso:

1. Verificação da manutenção das condições de habilitação do


contratado para efeito de assinatura do contrato;
2. Emissão da nota de empenho respectiva;
3. Assinatura do termo de contrato ou entrega dos demais
instrumentos, tais quais: carta-contrato, autorização de compra,
nota de empenho, ordem de execução de obra ou de prestação
dos serviços, conforme o caso;
4. Recebimento de garantia do contrato, na modalidade escolhida
pelo contratado;
5. Publicação do extrato do contrato na imprensa oficial;
6. Verificação de exigências contratuais e legais para início de
execução do objeto. Em caso de obras e serviços de engenharia,
por exemplo: registro do contrato no CREA, no INSS, obtenção
de alvará, pagamento de taxas e emolumentos etc.;
7. Autorização para alocação e/ou colocação dos equipamentos e
do pessoal necessário no local de execução da obra ou prestação
do serviço;
8. Designação de representante da Administração para
acompanhar e fiscalizar a execução do contrato;
9. Aprovação de preposto indicado pelo contratado para
representá-lo perante a Administração contratante;
10. Abertura de livro apropriado para registro de ocorrências
durante a execução do contrato, a exemplo de falhas, atrasos
e interrupções, com termos de abertura e encerramento

184
Unidade 4 – Licitação e Contratos

assinados pelo representante da Administração e pelo preposto


do contratado. Deve ter as folhas numeradas e rubricadas pelas
partes;
11. Início da execução do objeto contratado;
12. Acompanhamento e fiscalização da execução do contrato, em
especial quanto à:

••
Subcontratação, quando não permitida;
••
Qualidade dos materiais empregados e dos serviços executados;
••
Quantidade(s) de materiais entregues ou empregadas na
execução de obras ou prestação de serviços, de maneira a evitar
acréscimos ou supressões desnecessárias;
••
Responsabilização do contratado pelos danos causados à
Administração ou a terceiros etc.;

13. Recebimento do objeto do contrato;

14. Verificação e atestação de recebimento do bem, execução de


obra ou prestação de serviço;

15. Efetivação de pagamento:

••
A cada pagamento realizado, devem ser verificadas as condições
de habilitação do contratado, principalmente quanto aos
encargos sociais relativos à CND e ao FGTS e à regularidade
exigida para com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal;
••
Igualmente em caso de pagamento parcelado, deve ser
verificado se as condições estabelecidas no contrato estão
sendo devidamente observadas;

16. Liberação da garantia se houver, após o objeto ter sido concluído


e aceito.

185
Recursos Federais de Defesa Civil

4.5  CGU: erros mais frequentes verificados


em obras de defesa civil

As principais irregularidades em obras de defesa civil constatadas pela


Controladoria-Geral da União (CGU) são:

••
Pagamento por serviços não prestados;
••
Inexecução total/parcial de obra;
••
Sobrepreço;
••
Superfaturamento;
••
Execução de obra em local inadequado;
••
Execução de obra para atender situações não emergenciais;
••
Execução de obra com especificações técnicas inadequadas ou
diferentes do previsto;
••
Ausência/deficiência de Projeto Básico;
••
Atraso de cronograma de execução;
••
Dispensa de licitação em objeto diverso da SE ou ECP;
••
Direcionamento da dispensa de licitação;
••
Execução de obras com as mesmas características técnicas e
localização às anteriores ao desastre;
••
Inconsistência ou ausência daART (Anotação de Responsabilidade
Técnica) da obra: esse documento verifica se a execução da obra
foi anterior ao desastre e consequentemente não relacionada à
situação calamitosa;
••
Obras não concluídas no período de 180 dias da ocorrência da
situação emergencial, o que permite concluir que não houve um
planejamento adequado por parte dos convenentes, ou demonstra
que os mesmos utilizaram indevidamente a dispensa de licitação
quando os elementos que caracterizam as obras demonstravam
que sua execução demoraria mais do que os 180 dias;
••
Contrato em não conformidade com a quantidade e tipo de
objeto constante no Plano de Trabalho aprovado pela SEDEC;
••
Especificações da obra em não conformidade com o Projeto
Básico: inexecuções de itens das obras, superestimativa de

186
Unidade 4 – Licitação e Contratos

quantitativos e obras em desacordo com as especificações


técnicas; e
••
Planos de Trabalho sem nível de detalhamento suficiente para
caracterizar a obra, ocasionando falhas na fase de execução, que
causam prejuízo à administração pública devido aos pagamentos
por obras não executadas ou superfaturadas e prejuízo quanto
ao atendimento da população afetada pelo desastre.

4.6  Revisão da Unidade

A presente Unidade objetivou falar sobre licitações e contratos. Iniciou


com uma revisão a respeito de licitações, citando os tipos – menor preço, melhor
técnica, técnica e preço – e modalidades – concorrência, tomada de preços,
convite e pregão.
Em sequência, foram explicadas as fases da licitação. A fase interna
corresponde ao início do processo licitatório, no qual se define as obras e serviços
de engenharia. E a fase externa se refere à execução do item licitado, englobando
desde a publicação do resumo do ato convocatório até a declaração do licitante
vencedor e a assinatura do contrato.
Posteriormente, tratou-se sobre contratação direta, que aborda o caso em
que não é realizada licitação por se adequar às situações excepcionais previstas
na Lei n. 8.666/93. Em casos de emergência ou de calamidade pública, a execução
de obras e serviços pode se abster de licitação, desde que caracterizada a sua
urgência e ser passível de término em 180 dias.
O seguinte tópico apresentado foi sobre contratos. Após uma rápida
revisão, focou-se a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, destacando-
se aspectos importantes a serem observados na fiscalização da execução das
obras e gestão dos contratos.
Finalizando a Unidade, foram enumerados os erros mais frequentes
verificados em obras de defesa civil pela CGU. Dentre eles, cabe repetir o
item referente à execução de obras com as mesmas características técnicas
e localização às anteriores ao desastre, ou seja, a ausência de uma gestão em
defesa civil que foque em prevenção no momento do pós-desastre.

187
Unidade 5
Aplicação de Recursos
e Prestação de Contas
5 Aplicação de Recursos e
Prestação de Contas

5.1  Aplicação de Recursos

5.1.1  Competências da SEDEC e do Convenente

Compete ao ente beneficiário dos recursos (convenente) implementar


as ações previstas no Plano de Trabalho, elaborando os projetos e executando
as obras. É possível que se contrate, além de construtoras, empresas para a
elaboração dos projetos e/ou para apoio na supervisão da execução das obras,
desde que previsto no Plano de Trabalho. Todavia, a responsabilidade pelos bens
e serviços resultantes de todos os contratos (construtora, projetista, supervisora
etc.) recai integralmente sobre o convenente, a quem compete fiscalizá-los na
forma da lei.
À SEDEC cabe aferir se o convenente demonstrou a boa e regular aplicação
dos recursos recebidos. Para tanto, avalia os termos de referência, projetos
e contratos, bem como inspeciona as obras executadas para aferir aspectos,
por exemplo, de funcionalidade, qualidade e quantidade. Sua avaliação busca,
sobretudo, observar o alinhamento do emprego dos recursos com os objetivos
do programa federal correspondente, a compatibilidade dos preços praticados
com o mercado e a existência de adequado lastro técnico.

5.2  Prevenção: estudos, projetos e obras

5.2.1  Fiscalização da Execução

É responsabilidade do convenente fiscalizar a execução dos produtos


contratados, sejam eles estudos, projetos, obras ou serviços de supervisão.
Naturalmente, a realização dos serviços deverá estar compatível com a previsão

191
Recursos Federais de Defesa Civil

do Termo de Referência, bem como a execução das obras coerente com os


projetos básico e executivo correspondentes.
Segundo o Manual de Obras Públicas, do TCU, o convenente deverá manter,
desde o início dos serviços até o recebimento definitivo, um profissional ou
equipe de fiscalização constituída de profissionais habilitados, os quais deverão
ter experiência técnica necessária ao acompanhamento e controle dos serviços
relacionados com o tipo de obra que está sendo executada.
O mesmo manual ainda afirma que a empresa contratada para execução
da obra deve facilitar, por todos os meios ao seu alcance, a ação da fiscalização,
permitindo o amplo acesso aos serviços em execução e atendendo prontamente
às solicitações que lhe forem dirigidas.

5.2.2  Atualização no SICONV

Para cada pagamento feito ao fornecedor, o convenente deve atualizar


no SICONV os seguintes itens:

a) Extrato bancário da conta corrente específica;


b) A destinação do recurso;
c) Nome e CNPJ ou CPF do fornecedor;
d) O contrato a que se refere o pagamento realizado;
e) A meta, a etapa ou a fase do Plano de Trabalho relativa ao
pagamento; e
f) A comprovação do recebimento definitivo do objeto do contrato,
mediante inclusão no sistema das notas fiscais ou documentos
contábeis.

5.2.3  Relatório de Execução

O Relatório de Execução deve ser apresentado mensalmente pelo convenente


à SEDEC, segundo o modelo fornecido pela Secretaria no sítio. Este documento
informa à SEDEC sobre os principais aspectos gerenciais do empreendimento,
tais como cumprimento dos prazos, situação das contratações, andamento da
execução e desempenho em termos de custo. Deve estar compatível com a
última medição de cada meta.

192
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

O relatório deverá ser elaborado e assinado (com rubrica em todas as


folhas) pelo engenheiro responsável pela fiscalização da obra e pelo servidor
designado como fiscal do contrato (art. 67 da lei n. 8.666/93), com preenchimento
conforme segue:

5.2.3.1  Cabeçalho

••
O relatório deverá ser mensal, com data-fim referindo-se à data
da última medição contratual realizada.
••
O responsável técnico deve corresponder ao da ART de
fiscalização enviada à SEDEC.
••
O fiscal do contrato deverá corresponder ao do ato legal de
designação oficial encaminhado à SEDEC.
••
As informações de contato de cada agente deverão estar
completas.

5.2.3.2  Escopo

••
Os dados do convênio deverão estar coerentes com o último
Plano de Trabalho aprovado pela SEDEC.
••
A descrição das atividades no período deverá estar demonstrada
no anexo fotográfico.
••
O Plano de Trabalho deverá refletir, fielmente, o planejamento
real das obras. Assim, qualquer alteração nas metas e etapas,
seja em termos de custos ou prazos, deverá ser informada à
SEDEC. Como providência, encaminhe a proposta de revisão
do Plano de Trabalho como anexo ao Relatório de Execução,
justificando brevemente os motivos das alterações.
••
Se houver obras complementares àquelas do Plano de Trabalho
que sejam fundamentais para que essas últimas apresentem
funcionalidade, o andamento dessas obras deverá ser descrito,
mesmo que sejam custeadas com recursos estranhos ao
convênio.

193
Recursos Federais de Defesa Civil

5.2.3.3  Prazos e custos

••
Se a vigência do instrumento de transferência for insuficiente
para a conclusão dos trabalhos, qualquer que seja o motivo,
deverá ser solicitada prorrogação de prazo. Além de registrar a
vigência atual do convênio, informe quando a licença ambiental
expira.
••
Informar a situação das etapas de cada meta em termos de
execução. Caso haja obra paralisada esta situação deverá ser
claramente justificada no item “4.1 Situação das obras”.
••
Complementar a tabela com as datas reais de início e término
(se concluída) de cada etapa do Plano de Trabalho, bem como o
custo correspondente que foi, de fato, medido até o momento
(agregar as medições da planilha orçamentária do contrato nas
etapas correspondentes).

5.2.3.4  Contratos

••
Informar a situação de cada meta do Plano de Trabalho em
termos de contratação para sua execução, bem como a forma
adotada, os valores e a vigência dos contratos.
••
Registrar o status do envio da documentação elementar,
e encaminhar, como anexos ao Relatório de Execução, os
documentos pendentes que estiverem disponíveis.
••
Informar sobre a necessidade de aditivos contratuais que
alterem os contratos em valor ou prazo, readequação em
termos de quantidade, revisão do cronograma físico-financeiro,
reequilíbrio econômico-financeiro etc., além de outras
informações que julgar relevantes.

5.2.3.5  Conclusão

••
Concluir sobre o andamento das obras, expondo eventuais
preocupações, como alterações com relação ao projeto básico
que subsidiou a contratação.

194
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

••
Concluir sobre a situação dos contratos, informando eventuais
preocupações, como expectativa de elevação dos custos ou
atrasos.

5.2.3.6  Anexos

••
Encaminhar breve relatório fotográfico do período demons-
trando o andamento das obras de cada meta. Cada fotogra-
fia deverá estar acompanhada de legenda com sua respectiva
descrição.
••
Acostar o último boletim de medição, contendo também o
acumulado e o saldo de cada serviço.
••
No primeiro relatório, anexar as ARTs de fiscalização, atualizando
em caso de alteração.
••
No primeiro relatório, anexar os atos formais de designação dos
fiscais de contrato, atualizando em caso de alteração.

As Figuras 29 a 31, trazem um exemplo de Relatório de Execução


disponibilizado pela SEDEC.

Figura 29 – Relatório de Execução

Fonte: Brasil ([20--])

195
Recursos Federais de Defesa Civil

Figura 30 – Relatório de Execução

Fonte: Brasil ([20--])

Figura 31 – Relatório de Execução

Fonte: Brasil ([20--])

5.2.4  Solicitação de Parcelas

Após a primeira liberação de recursos, os desembolsos posteriores serão


vinculados à apresentação do Relatório de Execução.

5.2.5  Ajuste do Plano de Trabalho

O Plano de Trabalho deverá ser readequado após a aprovação do projeto


básico (descrição, quantificação e valoração das metas e etapas, lista de bens/
serviços no plano de aplicação, parcelas no cronograma de desembolso etc.).
Esta readequação não implica em alteração de valor, vigência ou objeto do
instrumento celebrado, função destinada ao Termo Aditivo.

196
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

A solicitação do ajuste do plano de trabalho será realizada pelo convenente


por meio do Portal dos Convênios – SICONV. A descrição dos procedimentos
para o início do Ajuste do Plano de Trabalho contempla os seguintes passos:

••
Solicitação e envio do pedido de autorização para ajuste do
plano de trabalho por parte do convenente;
••
Análise e aprovação da solicitação do ajuste do plano de trabalho
por parte da concedente;
••
Realização dos respectivos ajustes no plano de trabalho por
parte do convenente; e
••
Análise dos ajustes realizados pelo Convenente no plano de
trabalho por parte da concedente.

5.2.6  Termo Aditivo

Termo Aditivo é o instrumento que modifica o termo de convênio, sendo


vedada a alteração do objeto pactuado. É utilizado nos casos de:

••
Ampliação de quantitativos do objeto;
••
Prorrogação de vigência;
••
Alteração do valor de contrapartida ou de repasse;
••
Alteração do número de parcelas;
••
Alteração de qualquer cláusula do instrumento;
••
Indicação de crédito; e
••
Alteração de responsável da concedente.

Para as demais alterações do plano de trabalho, que não impliquem nos


itens anteriores, não há a necessidade de confecção de Termo Aditivo. Porém,
vale ressaltar que as alterações devem ser solicitadas e aprovadas pela área
competente antes de sua execução física.
Para a elaboração de Termo Aditivo não é necessária a apresentação
de nenhum documento, no entanto, qualquer mudança no termo de convênio
deve ser justificada. Por exemplo, para casos de ampliação do objeto pactuado o
convenente deve comprovar a necessidade da ampliação e que possui capacidade
técnica para tanto. Outro caso comum é o aumento do valor da contrapartida;
neste exemplo, o convenente deve comprovar que possui disponibilidade
orçamentária para arcar com o novo valor, de acordo com o orçamento do ano

197
Recursos Federais de Defesa Civil

em que for sugerido o aumento, apresentando para tanto LOA, QDD e nova
Declaração de Contrapartida, conforme exigência descrita na Unidade anterior.
Para o cadastramento do Termo Aditivo no sítio do SICONV o convenente
deve entrar na aba “T. A.” e solicitar a inclusão de um Termo Aditivo. A concedente,
após a análise da necessidade acatará ou não o pedido; e caso o faça será
responsável por incluir no sistema um T. A. virtual que permitirá a alteração de
abas como “Cronograma de Desembolso” e “Cronograma Físico”, bem como
incluirá o documento a ser assinado fisicamente pelo convenente e reenviado
à SEDEC, conforme a sistemática do Termo de Convênio.
Cabe lembrar que, primeiramente, o usuário deverá executar o Ajuste
do Plano de Trabalho e se necessário, incluir o Termo Aditivo.

5.2.7  Revisões de Projeto

O projeto executivo deverá simplesmente detalhar o projeto básico,


para fins construtivos. Sempre que as modificações extrapolarem tal escopo o
projeto revisado deverá ser submetido à SEDEC, para nova análise e aprovação.

5.3  Recuperação: estudos, projetos e obras

5.3.1  Fiscalização da Execução

Neste aspecto, aplicam-se as mesmas observações feitas para a fiscalização


da execução de obras preventivas (sentido lato da expressão: entenda-se obras
preventivas e/ou mitigativas). No entanto, por não se dispor, normalmente, da
pré-aprovação da SEDEC a respeito da documentação técnica correspondente,
adiciona-se mais cautela a esse processo.

5.3.1.1  Relatório de progresso

O Relatório de Progresso deverá ser mensal, referenciando-se à última


medição de cada meta, preenchido conforme modelo disponibilizado no sítio
da SEDEC e encaminhado em meio físico (em breve, esta funcionalidade será
oferecida pelo sistema S2ID). O documento deverá ser elaborado e assinado
(com rubrica em todas as folhas) pelo engenheiro responsável pela fiscalização
da obra e pelo servidor designado como fiscal do contrato (art. 67 da lei n.
8.666/93), com preenchimento, conforme segue:

198
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

5.3.1.2  Cabeçalho

••
A data-fim do período deverá ser inferior a 30 dias da data de
envio à SEDEC.
••
O responsável técnico deve corresponder ao da ART de
fiscalização enviada à SEDEC.
••
O fiscal do contrato deverá corresponder ao do ato legal de
designação oficial encaminhado à SEDEC.
••
As informações de contato de cada agente deverão estar
completas.

5.3.1.3  Escopo

••
Os dados da transferência obrigatória deverão estar coerentes
com o último Plano de Trabalho aprovado pela SEDEC.
••
A descrição das atividades no período deverá estar demonstrada
no anexo fotográfico.
••
O Plano de Trabalho deverá refletir, fielmente, o planejamento
real das obras. Assim, qualquer alteração nas metas e etapas,
seja em termos de custos ou prazos, deverá ser informada à
SEDEC. Como providência, encaminhe a proposta de revisão
do Plano de Trabalho como anexo ao Relatório de Progresso,
justificando brevemente os motivos das alterações.
••
Se houver obras complementares àquelas do Plano de Trabalho
que sejam fundamentais para que estas últimas apresentem
funcionalidade, o andamento dessas obras deverá ser descrito,
mesmo que sejam custeadas com recursos estranhos à
transferência.

5.3.1.4  Prazos e custos

••
Se a vigência do instrumento de transferência for insuficiente
para a conclusão dos trabalhos, qualquer que seja o motivo,
deverá ser solicitada prorrogação de prazo. Além de registrar

199
Recursos Federais de Defesa Civil

a vigência atual do Termo de Compromisso, informe quando a


licença ambiental expira.
••
Informar a situação das etapas de cada meta em termos de
execução. Caso haja obra paralisada, esta situação deverá ser
claramente justificada no item “4.1 Situação das obras”.
••
Complementar a tabela com as datas reais de início e término
(se concluída) de cada etapa do Plano de Trabalho, bem como o
custo correspondente que foi, de fato, medido até o momento
(agregar as medições da planilha orçamentária do contrato nas
etapas correspondentes).

5.3.1.5  Contratos

••
Informar a situação de cada meta do Plano de Trabalho em
termos de contratação para sua execução, bem como a forma
adotada, os valores e a vigência dos contratos.
••
Registrar o status do envio da documentação elementar
e encaminhar, como anexos ao Relatório de Progresso, os
documentos pendentes que estiverem disponíveis.
••
Informar sobre a necessidade de aditivos contratuais que
alterem os contratos em valor ou prazo, readequação em
termos de quantidade, revisão do cronograma físico-financeiro,
reequilíbrio econômico-financeiro etc., além de outras
informações que julgar relevantes.

5.3.1.6  Conclusão

••
Concluir sobre o andamento das obras, expondo eventuais
preocupações, como alterações com relação ao projeto básico
que subsidiou a contratação.
••
Concluir sobre a situação dos contratos, informando eventuais
preocupações, como expectativa de elevação dos custos ou
atrasos.

200
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

5.3.1.7  Anexos

••
Encaminhar breve relatório fotográfico do período,
demonstrando o andamento das obras de cada meta. Cada
fotografia deverá estar acompanhada de legenda com sua
respectiva descrição.
••
Acostar o último boletim de medição contendo também o
acumulado e o saldo de cada serviço.
••
No primeiro relatório, anexar as ARTs de fiscalização, atualizando
em caso de alteração.
••
No primeiro relatório, anexar os atos formais de designação dos
fiscais de contrato, atualizando em caso de alteração.

5.3.2  Solicitação de Parcelas

A liberação das parcelas de recursos para execução das obras é condicionada


a certos requisitos, conforme detalhado abaixo.

••
Primeira parcela: a primeira liberação para a execução das obras
de cada meta será condicionada à triagem dos documentos que
compõem o projeto básico. Nesta oportunidade, será verificado
se o orçamento possui a indicação, para cada preço unitário, da
sua referência oficial correspondente (código SINAPI, SICRO
etc.). Caso o BDI utilizado seja superior à média indicada no
Caderno de Orientações, deverá estar acompanhado da devida
justificativa.
••
Segunda parcela: a segunda liberação para a execução das
obras de cada meta será condicionada à apresentação dos
correspondentes licenciamentos ambientais de instalação e
das ART de fiscalização, bem como envio à SEDEC da relativa
documentação de licitação.

As diversas metas poderão ter suas obras iniciadas em momentos distintos.


Assim, uma parcela de desembolso pode atender, concomitantemente, a diversas
metas, cada qual em diferentes estágios. Dessa forma, sempre que a análise
para liberação de recursos não for favorável à determinada meta, a parte da

201
Recursos Federais de Defesa Civil

liberação correspondente a essa meta será diminuída do montante de recursos,


transferindo-se os valores correspondentes às demais metas.
Todo desembolso posterior à primeira liberação de recursos para obras será
condicionado à apresentação, pelo ente beneficiado, do Relatório de Progresso.

5.3.3  Prorrogação de Prazos

A prorrogação poderá ser concedida mediante solicitação formal do


proponente à SEDEC, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias do término
da vigência do termo de compromisso. Deverá estar acompanhada do Relatório
de Progresso atualizado, contendo a motivação dos atrasos e a justificativa para
o novo prazo pleiteado.
A análise da pertinência quanto à prorrogação da vigência do instrumento de
transferência será pautada pela análise crítica dos relatórios de acompanhamento.
Para tanto, o convenente deverá apresentar justificativa para o atraso,
demonstrando, inclusive, que os contratos celebrados permanecerão legalmente
válidos e compatíveis com o prazo solicitado.
A responsabilidade pela prorrogação de contratos é do convenente.
Conforme a Lei de Licitações, as contratações por dispensa de licitação não
podem ultrapassar o prazo de 180 dias da ocorrência do desastre.

5.3.4  Adequação de Metas

O Plano de Trabalho deve ser revisto sempre que o escopo, prazos ou


custos previstos forem modificados. Essa revisão baseia-se em uma nova
adequação do documento e posterior envio à SEDEC. A Secretaria analisará se
as metas apresentadas nesse documento estão compatíveis com os objetivos
do programa federal de onde provêm os recursos.
Cabe lembrar que a versão inicial do Plano de Trabalho é preenchida com
o número 1, sendo que nas solicitações de revisão posteriores à aprovação o
preenchimento se dará pelo número seguinte à versão aprovada anteriormente.

5.3.5  Revisão de Projeto

Aplicam-se as mesmas observações relativas à revisão de projetos de


obras preventivas. Todavia, destaca-se que em transferências pós-desastre

202
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

normalmente não se dispõe, no momento da execução das obras, de aprovação


prévia da SEDEC relativa ao projeto básico que fundamentou a contratação.

5.4  Ações de Resposta

5.4.1  Relatório de Gastos

Trimestralmente, deverá ser encaminhado à SEDEC o Relatório de Gastos


para Ações de Resposta. O não recebimento deste relatório poderá implicar no
bloqueio dos recursos.
O documento deverá ser elaborado e assinado (com rubrica em todas
as folhas) pelo engenheiro responsável pela fiscalização das obras provisórias
de restabelecimento e pelos servidores designados como fiscais de contrato
(BRASIL, 1993), bem como pelo responsável pelo recurso, com preenchimento,
conforme segue.

5.4.1.1  Cabeçalho

••
O período do relatório deverá ser preenchido com a data de
início da vigência até o dia do preenchimento do relatório de
gastos para ações de resposta.
••
O responsável pelo recurso deverá corresponder ao gestor
financeiro do Cartão Nacional de Defesa Civil.
••
O responsável técnico deve corresponder ao da ART de
fiscalização enviada à SEDEC.
••
O fiscal do contrato deverá corresponder ao do ato legal de
designação oficial encaminhado à SEDEC.

5.4.1.2  Escopo

••
No campo “dados da transferência obrigatória” deverão ser
preenchidos os seguintes subitens:
••
Número da Portaria de Autorização de Deliberação de Recurso/
Ano;

203
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Número do Processo de acordo com a Portaria de Autorização
de Deliberação de Recurso;
••
Valor Total Recebido;
••
Número e data da Ordem Bancária;
••
Finalidade do Plano de Trabalho, que deverá estar coerente
com o último Plano de Trabalho aprovado pela SEDEC.
••
Na descrição do item “atividades no período” deverão constar
os serviços executados e outras atividades desempenhadas no
período correspondente, bem como fotografias legendadas e,
no caso de obras provisórias, georreferenciadas.
••
O Plano de Trabalho deverá refletir, fielmente, o planejamento
real das ações de resposta. Assim, qualquer alteração nas
metas e etapas, seja em termos de custos ou prazos, deverá ser
informada à SEDEC. Como providência, encaminhe a proposta
de revisão do Plano de Trabalho como anexo ao Relatório de
Gastos, justificando brevemente os motivos das alterações.

5.4.1.3  Prazos e custos

••
Informar a vigência do instrumento de transferência obrigatória.
Caso a vigência for insuficiente para a conclusão dos trabalhos,
qualquer que seja o motivo, deverá ser solicitada prorrogação
de prazo com antecedência mínima de 60 dias.
••
Informar a correspondência de todos os gastos contidos no
extrato do Cartão de Pagamento de Defesa Civil com as metas,
itens ou etapas do Plano de Trabalho. Deverá ser considerado
no campo Ações: “A” para socorro e assistência, e “B” para
restabelecimento.
••
Informar situação físico-financeira de cada meta (item/etapa)
prevista no Plano de Trabalho vigente. Deve ser considerado
no campo Ações: “A” para socorro e assistência, e “B” para
restabelecimento. Caso haja obra paralisada, esta situação
deverá ser claramente justificada no item “4.2 Situação das
obras provisórias”.
••
Complementar a tabela com as datas reais de início e término

204
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

(se concluída) de cada etapa do Plano de Trabalho, bem como


o custo correspondente que foi, de fato, gasto ou medido até
o momento (somar os pagamentos realizados, agrupando-os
segundo as etapas do Plano de Trabalho).

5.4.1.4  Contratos

••
Informar a situação de cada meta (item/etapa) do Plano
de Trabalho em termos de contratação/aquisição para sua
execução, bem como a forma adotada, os valores e a vigência
dos contratos. Deve ser considerado no campo Ações: “A” para
socorro e assistência, e “B” para restabelecimento.
••
Registrar o status do envio da documentação elementar.
Encaminhar, como anexos ao Relatório de Gastos, os documentos
pendentes que estiverem disponíveis.
••
Informar sobre a necessidade de aditivos contratuais que
alterem os contratos em valor ou prazo, readequação em
termos de quantidade, revisão do cronograma físico-financeiro,
reequilíbrio econômico-financeiro etc., além de outras
informações que julgar relevantes. Caso não haja qualquer
necessidade de alterações contratuais no presente momento,
informar essa condição.

5.4.1.5  Conclusão

••
Concluir sobre o andamento das ações de socorro e assistência
às vítimas, expondo eventuais preocupações.
••
Concluir sobre o andamento das obras provisórias, expondo
eventuais preocupações, como alterações com relação ao
laudo técnico que subsidiou a contratação ou obras provisórias
paralisadas.
••
Concluir sobre a situação dos contratos, informando eventuais
preocupações, como expectativa de elevação dos custos ou
atrasos.

205
Recursos Federais de Defesa Civil

5.4.1.6  Anexos

••
Encaminhar breve relatório fotográfico do período,
demonstrando o andamento das obras de cada meta (item/
etapa). Cada fotografia deverá estar acompanhada de legenda
com sua respectiva descrição.
••
Acostar o último boletim de medição de cada obra provisória,
contendo também o acumulado e o saldo de cada serviço.
••
No primeiro relatório, anexar os comunicados que informaram
os órgãos ambientais do início da execução das obras provisórias.
••
No primeiro relatório, anexar as ARTs de fiscalização,
atualizando-as em caso de alteração.
••
No primeiro relatório, anexar os atos formais de designação dos
fiscais de contrato, atualizando-os em caso de alteração.
••
Os anexos devem ser identificados com ações, metas (itens/
etapas), para melhor instrução processual.

As Figuras 32 a 34, trazem um exemplo de Relatório de Gastos disponibilizado


pela SEDEC:

Figura 32 – Relatório de Gastos

Fonte: SEDEC (2013)

206
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

Figura 33 – Relatório de Gastos

Fonte: SEDEC (2013)

Figura 34 – Relatório de Gastos

Fonte: SEDEC (2013)

207
Recursos Federais de Defesa Civil

5.4.2  Documentação da Fiscalização

A relação de documentos obrigatórios para a prestação parcial de contas


de instrumentos celebrados entre a SEDEC e os Órgãos e Entidades dos Estados,
Municípios e Distrito Federal é a seguinte:

••
Relatório de Execução Físico-Financeira;
••
Demonstrativo da Receita e Despesa, evidenciando os recursos
recebidos em transferência, a contrapartida, os rendimentos
auferidos da aplicação dos recursos no mercado financeiro,
quando for o caso, e os saldos;
••
Relação de Pagamentos;
••
Relação de bens (adquiridos, produzidos ou construídos com
recursos da União);
••
Termo de Aceitação definitiva da obra, quando o instrumento
objetivar a execução de obras e serviços de engenharia;
••
Cópia do despacho adjudicatório das licitações realizadas ou
justificativa para sua dispensa com o respectivo embasamento
legal, quando o convenente pertencer à Administração Pública; e
••
Cópia do Ofício de Notificação expedido aos partidos políticos,
sindicatos e entidades empresariais (BRASIL, 1997).

5.4.3  Revisões do Plano de Trabalho

As ações de resposta, por se tratarem de ações emergenciais, nem


sempre podem ser detalhadas corretamente na primeira versão do Plano de
Trabalho. Sendo assim, é preciso revisar o documento de forma que este retrate
o verdadeiro uso do recurso federal de defesa civil.
O Plano de Trabalho deve ser readequado sempre que o escopo, prazos
ou custos previstos forem modificados. Por conseguinte, a SEDEC analisará se
as metas nele apresentadas estão compatíveis com os objetivos do programa
federal de onde provêm os recursos.

208
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

5.5  Prestação de Contas Final

A Prestação de Contas Final é a consolidação das prestações de contas


parciais, referente ao total dos recursos recebidos, apresentada depois da
consecução das metas do objeto pactuado.

5.5.1  Convênios

A prestação de contas final está disciplinada no Capítulo VI, título V, da


Portaria Interministerial n. 507/2011. É importante destacar que, caso a prestação
de contas reste pendente na gestão subsequente, cabe ao gestor sucessor
prestar contas dos recursos provenientes de convênios firmados pelos seus
antecessores. Quando não for possível, deverá apresentar à SEDEC justificativas
que demonstrem o impedimento de prestar contas e as medidas adotadas para
o resguardo do patrimônio público. O novo administrador deverá solicitar a
instauração de tomada de contas especial quando a impossibilidade de prestar
contas decorrer de ação ou omissão do antecessor.
O convenente deverá apresentar a prestação de contas dos recursos
recebidos dentro de 60 (sessenta) dias, contados do término da execução do
objeto pactuado, devidamente instruída com os seguintes documentos:

••
Cópia do Plano de Trabalho;
••
Cópia do Termo de Convênio ou Termo Simplificado e seus
aditivos, se for o caso;
••
Relatório de execução físico-financeira;
••
Demonstrativo da Receita e Despesa, evidenciando os recursos
recebidos em transferência, a contrapartida, os rendimentos
auferidos da aplicação dos recursos no mercado financeiro,
quando for o caso, e os saldos;
••
Relação de pagamentos;
••
Relação de bens (adquiridos, produzidos ou construídos com
recursos da União);
••
Cópia do extrato da conta bancária específica, do período do
recebimento da primeira parcela até o último pagamento,
e conciliação bancária, se for o caso;
••
Último Relatório de Execução, na forma descrita nesta Unidade;

209
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Cópia do  Termo de Aceitação definitiva da obra, quando
o instrumento objetivar a execução de obras e serviços de
engenharia;
••
Comprovantes de recolhimentos de recursos não utilizados.
Os recolhimentos, quando cabíveis, deverão ser realizados por
meio de Guia de Recolhimento da União – GRU;
••
Cópia do despacho adjudicatório das licitações
realizadas  ou  justificativa para sua dispensa  com o respectivo
embasamento legal, quando o convenente pertencer à
Administração Pública;
••
Relatório de Cumprimento do Objeto para a Prestação de
Contas; e
••
Cópia do Ofício de Notificação expedido aos partidos políticos,
sindicatos e entidades empresariais (BRASIL, 1997).

5.5.2  Transferências Obrigatórias

5.5.2.1  Resposta

O ente beneficiado deverá prestar contas da totalidade dos recursos


recebidos em 30 (trinta) dias, a contar do término da execução das ações. Essa
prestação é composta dos seguintes documentos:

••
Aspecto técnico
••
Especificações técnicas dos bens e serviços adquiridos nas ações
de resposta (são dados a respeito dos materiais, equipamentos
e mão de obra empregados no socorro e assistência às vítimas);
••
Relação de beneficiários das ações de resposta com alguma
identificação (CI, CPF ou CNH) e, se possível, endereço
domiciliar com localização georreferenciada;
••
Declaração sobre a aplicação dos recursos para ações de
resposta (conforme modelo disponível no sítio);
••
Descrição detalhada da forma adotada para a fiscalização dos
recursos federais nas ações de resposta no cenário do desastre;
••
Relatório de gastos para ações de resposta, atualizado;

210
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

••
Laudos técnicos e orçamentos das obras provisórias
(restabelecimento de serviços essenciais), atualizados
conforme a execução real; e
••
Memória de cálculo de medição (apenas para obras provisórias).
••
Aspecto financeiro
••
Relatório de execução físico-financeira;
••
Demonstrativo da execução da receita e despesa, evidenciando
os recursos recebidos e eventuais saldos;
••
Relação de pagamentos;
••
Extrato da conta bancária específica do período do recebimento
dos recursos e conciliação bancária, quando for o caso; e
••
Comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando
houver.

5.5.2.2  Recuperação

O ente beneficiado deverá apresentar a prestação de contas dos recursos


recebidos dentro de 30 (trinta) dias, contados do término da execução do objeto
pactuado (BRASIL, 2010 f), devidamente instruída com os seguintes documentos:

••
Aspecto técnico
••
Último Relatório de Execução, na forma tratada nesta Unidade;
••
Projeto executivo e documentos técnicos complementares
(licenças ambientais de instalação e de operação); e
••
Documentos de licitação.
••
Aspecto financeiro
••
Relatório de execução físico-financeira;
••
Demonstrativo da execução da receita e despesa, evidenciando
os recursos recebidos e eventuais saldos;
••
Relação de pagamentos;
••
Relação de bens (adquiridos, produzidos ou construídos com
recursos da União);
••
Extrato da conta bancária específica do período do recebimento
dos recursos e conciliação bancária, quando for o caso;
••
Relação de beneficiários, quando for o caso;

211
Recursos Federais de Defesa Civil

••
Cópia do termo de aceitação definitiva da obra ou serviço de
engenharia;
••
Comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando
houver (eventuais recolhimentos deverão ser realizados por
meio de Guia de Recolhimento da União – GRU, emitida pela
Coordenação-Geral de Convênios do Ministério da Integração
Nacional);
••
Cópia do despacho adjudicatório das licitações realizadas ou
justificativa para sua dispensa com o respectivo embasamento
legal; e
••
Cópia do Ofício de Notificação expedido aos partidos políticos,
sindicatos e entidades empresariais (BRASIL, 1997).

5.6  Tomada de Contas Especial

Tanto a legislação de convênios quanto a que rege a transferência obri-


gatória em caso de desastres obriga o ente beneficiário a apresentar a presta-
ção de contas dos recursos financeiros obtidos. Neste sentido, o TCU observou
através de Brasil (2005 c), que “A omissão no dever de prestar contas viola prin-
cípio fundamental da República, constitui ato de improbidade administrativa
e crime de responsabilidade e faz nascer a presunção de desvio dos recursos”.
A não apresentação da prestação de contas ou a sua reprovação podem ensejar
a abertura de Tomada de Contas Especial.
Em caso de não apresentação da prestação de contas, ou na falta de
alguma informação, a Coordenação-Geral de Prestação de Contas de Convênios
– CGCONV/DGI, do Ministério da Integração Nacional, deverá providenciar a
notificação do ente beneficiário, por via postal, com aviso de recebimento, e
por meio do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – SICONV,
quando aplicável, concedendo-lhe o prazo fixado na legislação pertinente para
apresentação da prestação de contas ou a devolução da totalidade dos recursos
federais transferidos, incluídos os rendimentos da aplicação no mercado financeiro,
atualizados monetariamente e acrescidos de juros de mora.
Se ao término do prazo estabelecido o ente beneficiário não apresentar a
prestação de contas, nem devolver os recursos nos termos, a CGCONV registrará
a inadimplência por omissão do dever de prestar contas e comunicará o fato

212
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

à Coordenação de Contabilidade – CCONT/DGE, para fins de instauração de


Tomada de Contas Especial – TCE por omissão no dever de prestar contas e
adoção de outras medidas para reparação do dano ao erário.
Por outro lado, nos casos de reprovação da prestação de contas apresentada,
a CGCONV encaminhará ao convenente ofício contendo informação sobre o
valor da glosa. O convenente deve apresentar a demonstração de que saneou
os problemas apontados e/ou as justificativas pertinentes. Contudo, a rejeição
total ou parcial da defesa apresentada ou mesmo das correções providenciadas
pelo ente beneficiário, ou ainda a ausência de manifestação no prazo estipulado
para tanto, implicará na solicitação de devolução da parcela de recursos que o
MI considerou de aplicação irregular. No caso de não atendimento, o Ministério
providenciará a instauração da Tomada de Contas Especial junto ao Tribunal de
Contas da União. Já não cabe mais recurso no âmbito do MI, permanecendo a
ampla defesa do convenente assegurada ao longo da fase externa da Tomada
de Contas Especial, devendo ser exercida junto ao Tribunal de Contas da União.
Este procedimento resulta na declaração de inadimplência do ente
federado e responsabilização pessoal do gestor, mesmo antes do julgamento
pelo TCU; e impede que o ente federado receba qualquer recurso federal, mesmo
que proveniente de outro Ministério, implicando em paralização de obras em
andamento e outros prejuízos. Assim, por não estar amparado por aprovação
prévia da SEDEC, o tomador dos recursos deverá dedicar especial atenção na
gestão dos recursos obtidos por meio de transferência obrigatória, observando
rigorosamente o Plano de Trabalho aprovado, a Lei n. 8.666/93, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias Federal correspondente, bem como os materiais de orientação
da SEDEC e demais normativos aplicáveis, como, por exemplo, a legislação
ambiental e de recursos hídricos.

5.7  Revisão Final: roteiros básicos

5.7.1  Prevenção

Como visto na Unidade 1, as ações de prevenção e mitigação têm o


intuito de evitar ou reduzir os possíveis impactos negativos de um evento
adverso através de medidas planejadas e realizadas antecipadamente. Para
exemplificar tais ações, pode-se citar uma regulamentação sobre o uso do solo

213
Recursos Federais de Defesa Civil

que não permita o estabelecimento de novos assentamentos em zonas de alto


risco, acompanhado de uma ação de realocação dos ocupantes destas áreas e
de um programa de permanente fiscalização, eliminando a vulnerabilidade desta
população beneficiada. Outros exemplos seriam a construção de açudes para
enfrentamento da seca e, para o combate a enchentes, a execução de diques
e/ou reservatórios de detenção (“piscinões”).
A necessidade de se implantar ações de prevenção é detectada pelo
município ou estado, antes da ocorrência de um desastre. O ente federado
pode solicitar auxílio ao governo federal para a realização dessas medidas.
Os repasses são feitos por transferência voluntária, por meio de convênios ou
através do PAC Prevenção, e obtêm-se os recursos mediante depósito em conta
corrente específica.
O processo de solicitação de convênios inicia-se através do acesso ao
SINCOV, meio pelo qual se envia o Plano de Trabalho e o Projeto Básico para
análise pela SEDEC. A aprovação destes documentos ocorre previamente
à liberação dos recursos e, no decorrer do processo de execução do objeto,
podem haver visitas técnicas da Secretaria. Ao término, o ente federado emite
a prestação de contas, demonstrando a boa e regular aplicação dos recursos
federais recebidos. Caso seja reprovada, é solicitada a devolução dos recursos
não aplicados em conformidade. A não devolução no prazo estipulado implica
na declaração de inadimplência (inclusão no CADIN) e instauração de Tomada
de Contas Especial junto ao Tribunal de Contas da União.

5.7.2  Resposta

As ações de resposta correspondem à prestação de serviços de emergência


e de assistência pública durante ou imediatamente após a ocorrência de um
desastre, tornando-se principalmente ações de curto prazo. Como exemplos,
tem-se o suprimento de água potável por carros-pipa, a provisão de alimentos
e a manutenção de abrigos temporários.
Com o objetivo de salvar vidas, reduzir impactos sobre a saúde, garantir a
segurança pública e satisfazer necessidades básicas de subsistência da população
afetada, as ações de resposta são identificadas pelo ente federado de acordo
com o desastre sofrido.
Dependendo da intensidade do desastre, o ente federado não tem
condições de socorrer sua população isoladamente e precisa de auxílio federal.
Para esses casos solicita-se o reconhecimento federal e a transferência obrigatória

214
Unidade 5 – Aplicação de Recursos e Prestação de Contas

(sujeita à disponibilidade orçamentária), pela qual ocorre 0 repasse de recursos


via Cartão de Pagamento da Defesa Civil (CPDC).
Devido à extrema urgência da situação, a transferência inicial fundamenta-
se na solicitação do ente afetado através do Plano Detalhado de Resposta. Dessa
forma, é essencial que o ente leia atentamente as orientações disponibilizadas
pela Secretaria, para que não incorra, inadvertidamente, em aplicação irregular
dos recursos, tornando-se alvo de reprovação da prestação de contas, inclusão
no cadastro de inadimplentes e abertura de Tomada de Contas Especial perante o
TCU no caso da não devolução dos recursos apurados como de aplicação indevida.

5.7.3  Recuperação

As ações de recuperação aplicam-se às estruturas públicas destruídas


ou interditadas em definitivo por ocasião de um desastre, caracterizadas pela
execução de obras com caráter definitivo, como reconstrução de pontes,
residências, contenções e trechos de estradas. Estas são obras passíveis de
licenciamentos, contratadas com base em projeto básico detalhado, mesmo
quando a dispensa de licitação se aplicar.
Para esse tipo de ação, o ente federado pode solicitar auxílio de recursos
ao governo federal, o qual ocorrerá por transferência obrigatória, com depósito
dos recursos em conta corrente específica. Esta solicitação pode ser iniciada
após o reconhecimento federal da situação de anormalidade, com a seleção e
priorização das obras.
De acordo com a urgência do pedido, é possível que a SEDEC antecipe a
liberação de parte dos recursos para a realização de projetos e início das obras,
independentemente da análise do Plano de Trabalho, que, mesmo assim, terá
de ser entregue para viabilizar a liberação das demais parcelas.
No período de execução das obras, poderá haver visitas técnicas da
Secretaria e o ente federado deverá encaminhar relatórios descrevendo o
progresso da execução. Ao fim, o ente fará a prestação de contas e a SEDEC,
obrigatoriamente, uma visita técnica. Para a aprovação da prestação de
contas, a SEDEC avaliará a execução física do objeto, os projetos básicos que
fundamentaram as contratações e os executivos que subsidiaram as obras, bem
como fará a avaliação do Plano de Trabalho. Note que estas avaliações documentais
ocorrem, normalmente, após a liberação dos recursos e possivelmente da
execução das obras, diferentemente dos casos de convênios; por isso, requerem
atenção especial do ente beneficiário. Se a SEDEC concluir que houve aplicação

215
Recursos Federais de Defesa Civil

indevida de recurso, solicitará a devolução do montante assim classificado. No


caso de não devolução no prazo estipulado, o MI incluirá o ente no cadastro de
inadimplentes e instaurará a competente Tomada de Contas Especial junto ao
Tribunal de Contas da União.

216
Unidade 6
Casos Práticos
6 Casos Práticos

1° Dia

Estudo de Caso 1: modalidade adequada de


recursos
O município de Nova Resiliência sofreu com fortes precipitações entre
os dias 05 e 08 de janeiro de 2013, registrando 290 milímetros de chuva e tendo
parte da cidade alagada, o que provocou escorregamentos em encostas. Também
houve danos às estradas vicinais, que ficaram intrafegáveis em alguns trechos
e com pontes danificadas.
Em paralelo às ações imediatas de socorro e assistência às vítimas, uma
equipe da Prefeitura, composta por integrantes da Defesa Civil local e das
diversas secretarias, constatou a necessidade de realizar as seguintes ações:

a) Reconstrução de uma ponte sobre o Rio São João, situada na


principal estrada que dá acesso à comunidade “Barranco Molhado”.
As chuvas romperam os acessos de cabeceira e abalaram suas
fundações, interrompendo o tráfego e impondo aos moradores
desta comunidade um acréscimo de 10 km no trajeto até a sede
do município, frente aos originais 12km (Figura 35);

Figura 35 – Ponte sobre o Rio São João

Fonte: CEDEC SP (2013)

219
Recursos Federais de Defesa Civil

b) Estabilização de encosta na Rua Joaquim Palmeira, na altura


do número 425, que corre sério risco de escorregamento. Não
houve escorregamento decorrente destas chuvas, mas há o
risco de isso ocorrer a qualquer instante, afetando dezenas de
famílias no entorno (Figura 36);

Figura 36 – Área de risco: encosta na Rua Joaquim Palmeira

Fonte: CEPED UFSC (2013)

c) Ampliação da ponte das Bandeiras, sobre o córrego Ribeirão das


Pedras, na região central da cidade, pois sua construção é antiga
e não há garantias de que suporte adequadamente chuvas
futuras. Ademais, já é estreita para o atual fluxo de veículos
(Figura 37);

Figura 37 – Ponte das Bandeiras

Fonte: CEPED UFSC (2013)

220
Unidade 6 – Casos Práticos

d) Estabilização da encosta rompida na Avenida Prudente


de Morais, com extensão de 50 m. A massa escorregada
interrompeu o trânsito da via, trazendo grandes transtornos à
população (Figura 38);

Figura 38 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais

Fonte: CEPED UFSC (2013)

e) Retirada de parte do material rompido na Avenida Prudente


de Morais, a fim de liberar a via, mas com a cautela necessária
para que esta ação não descalce a encosta e provoque novo
deslizamento (Figura 39);

Figura 39 – Massa rompida na Avenida Prudente de Morais

Fonte: CEDEC SP (2013)

f) A malha urbana da cidade precisa urgentemente de um


recapeamento completo, pois a manutenção na forma de “tapa-

221
Recursos Federais de Defesa Civil

buracos” não tem sido suficiente para restaurar o pavimento


(Figura 40);

Figura 40 – Malha urbana do município de Nova Resiliência

Fonte: CEPED UFSC (2013)

g) A comunidade do bairro Terra Vermelha tem sofrido muito com


constantes atolamentos em razão da ausência de pavimentação
das ruas. Deve ser providenciada a pavimentação, com
drenagem, ao menos das principais ruas do bairro: Pedro
Alencar; Machado de Assis; e Santos Dumont (Figuras 41 e 42);

Figuras 41 e 42 – Ausência de pavimentação na comunidade do bairro Terra Vermelha

Fonte: CEPED UFSC (2013)

222
Unidade 6 – Casos Práticos

h) Recuperação de trechos intransitáveis das estradas vicinais do


município, com patrolamento e cascalhamento (Figuras 43 e 44);

Figuras 43 e 44 – Estrada vicinal do município de Nova Resiliência

Fonte: CEPED UFSC (2013)

i) Reconstrução do Posto de Saúde da Beira Baixa, pois está situado


dentro da área de inundação do Rio Passo do Meio (Figura 11);

Figura 45 – Posto de Saúde da Beira Baixa destruído pela inundação

Fonte: CEPED UFSC (2013)

223
Recursos Federais de Defesa Civil

j) Apoio – por meio de abrigo e alimentação – a 180 famílias que


tiveram suas casas inundadas (90 registros) ou destruídas (90
registros) (Figuras 46 e 47);

Figuras 46 e 47 – Casas que foram inundadas

Fonte: CEPED UFSC (2013)

k) Reconstrução das casas do município que foram destruídas e


atingidas pela inundação (Figura 48);

Figura 48 – Casa destruída pela inundação

Fonte: CEPED UFSC (2013)

224
Unidade 6 – Casos Práticos

l) Pavimentação, com bloco de argila, da rua da Beira, principal


rua da localidade da Beira Baixa (Figura 49);

Figura 49 – Rua principal da localidade da Beira Baixa sem pavimentação

Fonte: CEPED UFSC (2013)

m) Implantação de um novo acesso ligando a comunidade da Beira


Baixa ao centro da cidade (Figura 50), construindo uma ponte
sobre o Rio Passo do Meio, reduzindo a distância atual de 8 km
para apenas 2 km;

Figura 50 – Novo acesso da Beira Baixa ao Centro

Fonte: CEPED UFSC (2013)

225
Recursos Federais de Defesa Civil

n) Reconstrução de uma escola de ensino fundamental que foi


danificada pelo desastre (Figura 51);

Figura 51 – Escola danificada pelo desastre

Fonte: CEPED UFSC (2013)

o) Canalização do córrego Tupiri, no centro da cidade, para evitar


futuros alagamentos, principalmente na proximidade de escolas
e hospitais (Figura 52);

Figuras 52 – Córrego Tupiri no centro da cidade

Fonte: CEPED UFSC (2013)

226
Unidade 6 – Casos Práticos

p) Recomposição dos trechos rompidos do Canal do Pessegueiro,


com gabião (Figura 53);

Figura 53 – Canal do Pessegueiro que deve ser recomposto

Fonte: CEDEC SP (2013)

q) Restauração do Centro de Convivência do município, que se


encontra parcialmente destruído pelo desastre e que é usado
como local de feiras e exposições (Figura 54);

Figura 54 – Centro de Convivência do município parcialmente destruído

Fonte: CEPED UFSC (2013)

227
Recursos Federais de Defesa Civil

r) Reconstrução urgente de 200 m da rodovia estadual que corta o


município, a qual foi destruída e é caminho para escoamento da
produção de diversos municípios (Figuras 55 e 56);

Figuras 55 e 56 – Rodovia estadual com 3 km de estrada destruída

Fonte: CEPED UFSC (2013)

s) Restabelecimento do serviço de abastecimento de água nas


residências, cuja interrupção afeta 1.200 habitantes, restaurando
o sistema de tratamento de água do município (Figura 57).

Figura 57 – Sistema de abastecimento danificado devido ao desastre

Fonte: CEDEC SP (2013)

Descrito o contexto acima, pergunta-se: que modalidade de recurso


federal pode ser pleiteada para cada uma destas ações?

228
Unidade 6 – Casos Práticos

2º Dia

Estudo de Caso 1: decretação e


reconhecimento de situação anormal

O município de Cavaquinho , com 230 mil habitantes, sofreu fortes


chuvas entre os dias 20 e 24 de abril de 2014, o que acarretou em enxurradas
e deslizamentos de encosta. O coordenador municipal de defesa civil,
juntamente com os demais profissionais, levantou os seguintes dados:

••
4 habitantes mortos;
••
450 habitantes em abrigos;
••
700 habitantes na casa de parentes ou amigos;
••
R$ 12.000,00 para restabelecer as atividades do posto de saúde,
que foi afetado pelo desastre;
••
R$ 15.000,00 para restabelecer o abastecimento de água
potável;
••
R$ 2.000,00 para os serviços de retirada do material rompido;
••
R$ 40.000,00 para restaurar os 5 prédios públicos danificados;
••
R$ 1.850.000,00 para reconstrução de 50 casas destruídas;
••
R$ 100.000,00 para apoiar (com abrigo e alimentação) as famílias
cujas casas foram afetadas pela inundação;
••
R$ 13.000,00 para a realização da limpeza urbana;
••
R$ 60.000,00 para reconstrução de 2 escolas públicas;
••
R$ 7.000,00 para reparar os equipamentos danificados da
companhia telefônica;
••
R$ 20.000,00 para aquisição de móveis e equipamentos
destruídos e danificados nas escolas;

229
Recursos Federais de Defesa Civil

••
R$ 260.000,00 no PIB da indústria; e
••
R$ 350.000,00 no PIB do comércio.

Diante desta situação, realizar o preenchimento do FIDE.

Estudo de Caso 2: plano detalhado de


resposta

No mesmo contexto do estudo de caso 1, o coordenador municipal de


defesa civil deseja proporcionar socorro e assistência às vítimas, e para isso será
preciso a aquisição de:

••
3.000 unidades de água potável, visto que o abastecimento de
água do município foi afetado;
••
230 cestas de alimentos para atender a todas as pessoas afetadas
pelo desastre;
••
Locação de dois veículos para transportar e distribuir água,
alimentos e assistência às vítimas (R$ 50/h cada veículo); e
••
Para restabelecer os serviços essenciais, necessita-se de:

••
Locação de dois equipamentos para desobstrução das vias (R$
120/h cada equipamento).
Pede-se: com base nas informações fornecidas, preencher os itens do
plano de resposta.

Estudo de Caso 3: plano de trabalho de


reconstrução

Após a situação de emergência decretada em Cavaquinho, a equipe de


engenharia do município detectou as seguintes obras que se enquadram como
ações de reconstrução:

••
Reconstrução de uma ponte sobre o Rio Vinhedo;
••
Restauração de um posto de saúde;

230
Unidade 6 – Casos Práticos

••
Reconstrução de 50 casas destruídas;
••
Reconstrução de 2 escolas públicas; e
••
Restauração de 5 prédios públicos.

Sabendo-se que a reconstrução da ponte engloba:

••
1.000 m² de fundação e pilares preparados, no valor de R$
400.000,00 e duração de 3 meses;
••
800 m² de tabuleiro, no valor de R$ 300.000,00 e duração de 3
meses;
••
150 m³ de terra e cascalho para aterro, no valor de R$ 20.000,00
e realizado em 1 mês; e
••
100 m³ de concreto para proteção do talude por meio de um
muro de arrimo, no valor de R$ 80.000,00 e duração de 95 dias.

Pede-se para minutar os principais campos do Plano de Trabalho de


Reconstrução.

231
Recursos Federais de Defesa Civil

3° Dia

Estudo de Caso 1: decretação e


reconhecimento de situação anormal

No mesmo contexto do estudo de caso do município de Nova Resiliência


(1° dia), o coordenador municipal de defesa civil levantou os seguintes dados a
respeito dos danos humanos em relação ao total de habitantes do município:

••
0,1% de mortos;
••
20% em abrigos;
••
10% na casa de parentes ou amigos.

A equipe da Secretaria de Finanças estimou os seguintes prejuízos e


danos materiais:

a) R$ 18.000,00 para restabelecer as atividades do posto de saúde;


b) R$ 200.000,00 para reconstrução de 200m da rodovia estadual;
c) R$ 2.000.000,00 para reconstrução da ponte sobre o Rio São João;
d) R$ 80.000,00 para estabilização da encosta rompida na Avenida
Prudente de Morais;
e) R$ 10.000,00 para restaurar o Centro de Convivência;
f) R$ 50.000,00 para recompor os trechos rompidos do Canal do
Pessegueiro, com gabião;
g) R$ 100.000,00 para a canalização do córrego Tupiri;
h) R$ 37.000,00 por casa destruída pela inundação;
i) R$ 450.000,00 para reconstruir a estação de tratamento de água;
j) R$ 11.000,00 para reparar os 2 ônibus utilizados no transporte
local;

232
Unidade 6 – Casos Práticos

k) R$ 7.000,00 para reparar os equipamentos danificados da


companhia telefônica;
l) R$ 20.000,00 para aquisição de móveis e equipamentos
destruídos e danificados nas escolas;
m) 8% no PIB da indústria;
n) 10% no PIB do comércio.

A Secretaria de Agricultura e Pecuária relacionou as seguintes perdas em


relação à produção mensal:

a) 5%, 1% e 3% com as safras de arroz, feijão e milho,


respectivamente;
b) 10% com a produção de leite de vaca;
c) 7% referente à produção de mel de abelha.

Diante desta situação, realizar o preenchimento do FIDE com o auxílio


do anexo A.

Estudo de Caso 2: plano detalhado de


resposta

No mesmo contexto do cenário anterior, o coordenador municipal de


defesa civil levantou os seguintes dados:

a) Período de 2 dias para retirada do material rompido, sendo que


a máquina custa R$ 120,00/h e o caminhão para transporte R$
50,00/h;
b) Período de 30 dias para restabelecimento do fornecimento de
água, sendo que o carro pipa custa R$ 10.000/mês, fornece
12.000 litros d’água e o consumo base é de 20L/pessoa/dia;
c) Valor do aluguel social é de R$ 450,00/família.

Com base nas informações fornecidas, pede-se para preencher o Plano


Detalhado de Resposta.

233
Recursos Federais de Defesa Civil

Estudo de Caso 3: plano de trabalho de


reconstrução e relatório de diagnóstico

Com extensão de 50 m, a massa escorregada da encosta rompida na Av.


Prudente de Morais interrompeu o trânsito da via, trazendo grandes prejuízos à
população, tais como: 90 domicílios urbanos totalmente destruídos; 90 domicílios
urbanos danificados e 3 mortos.

Figura 58 – Massa escorregada na Avenida Prudente de Morais

Fonte: CEPED UFSC (2013)

O trânsito interrompido da avenida ocasionou a dificuldade de acesso a


outras ruas do Município Nova Resiliência prejudicando 10% da população urbana
em relação ao deslocamento para as suas residências. As pessoas que residiam
nos domicílios destruídos e comprometidos foram realocadas em abrigos e na
casa de parentes e amigos.
No projeto básico para a estabilização da encosta está se estudando
a possibilidade de construção de um muro de gravidade ou de uma cortina
atirantada, para evitar que:

1. A via seja completamente comprometida pelas massas que


ainda podem continuar escorregando;
2. Seja intensificada a dificuldade de acesso a outras ruas.
A prefeitura solicitará recursos à SEDEC para o desenvolvimento dos
estudos, investigações e projeto básico das obras através de um Plano de Trabalho.
Este documento deverá ser acompanhado de um Relatório de Diagnóstico,
indispensável para a análise e aprovação do Plano.

234
Unidade 6 – Casos Práticos

Questão 1: Levando em consideração as ações de recuperação já


identificadas anteriormente, preencher o Plano de Trabalho de Reconstrução,
prevendo todas as metas, mas detalhando apenas aquela da qual se dispõe do
diagnóstico (encosta).
Questão 2: Preencher o Relatório de Diagnóstico referente à encosta.

235
Recursos Federais de Defesa Civil

4° DIA

Estudo de Caso 1: pontos críticos do


orçamento

Após uma situação de emergência decretada em função das fortes


chuvas, a prefeitura de Nova Resiliência solicitou à SEDEC recursos para obras
de prevenção e reconstrução. Dentre estas encontra-se a reconstrução de
uma ponte sobre o Rio São João, situada na principal estrada que dá acesso à
comunidade “Barranco Molhado”.
O projeto básico encontra-se em estágio avançado de desenvolvimento,
estando o memorial de cálculo dos quantitativos concluído. A seguir apresentam-
se as quantidades de quatro dos diversos serviços necessários:

••
Forma: 111,60 m²
••
Concreto fck 30MPa: 17,48 m³
••
Armação: 1.398,40 kg
••
JetGrouting (φ=0,60m): 25 m

Considere ainda que, numa pesquisa de mercado, encontraram-se os


seguintes preços:

Tabela 10 – Preços diferentes para cada serviço

Serviço SICRO SINAPI Cotação 1 Cotação 2 Cotação 3


Forma - 39,07 R$ 40,00/m² R$ 95,00/m² R$ 102,00/m²

Concreto fck
276,35 250,00 R$ 300,00/m³ R$ 240,00/m³ R$ 402,00/m³
30MPa

Armação - 6,13 R$ 6,92/kg R$ 7,02/kg R$ 6,84/kg

JetGrouting
- - R$ 200,00/m R$ 250,00/m R$ 260,00/m
(ø=0,60m)

Fonte: Própria pesquisa (2013)

236
Unidade 6 – Casos Práticos

A tarefa do grupo é lançar tais serviços na planilha orçamentária, inclusive


com seus custos unitários e totais.

Estudo de Caso 2: aditivo contratual com


acréscimos e supressões

Questão 1: A prefeitura de Nova Resiliência orçou originalmente a obra


da ponte sobre o rio São João em R$ 2.000.000,00, e a construtora venceu a
licitação oferecendo proposta de R$ 1.800.000,00. Entretanto, com o andamento
das obras verificou-se a necessidade de modificação do projeto, alterando as
quantidades de serviços originalmente previstas. Estas mudanças geraram um
aditivo contratual, onde os acréscimos somam 27%. De acordo com a Lei de
Licitações e Contratos vigente, é aceitável este aditivo?
Questão 2: A Prefeitura de Nova Resiliência orçou originalmente em
R$ 10.000.000,00 a obra de construção de um canal que será custeada utilizando
recursos federais. A construtora que venceu a licitação ofereceu proposta de
R$ 9.000.000,00, o que gerou um desconto de 10% sobre o valor global estimado
pela Prefeitura. No decorrer da execução da obra, surgiu a necessidade de
realização de aditivo contratual, tendo em vista um acréscimo de 15% na
quantidade dos serviços. O preço dos novos serviços do termo aditivo firmado
foi elaborado de acordo com o valor orçado inicialmente pela Prefeitura, sem
manter o desconto concedido no contrato original. Este aditivo foi elaborado
corretamente? Justifique.

Estudo de Caso 3: licitação x dispensa;


modalidade

Após as fortes chuvas em Nova Resiliência, houve rompimento da


encosta na Av. Prudente de Morais, com extensão de 50 m. A massa escorregada
interrompeu o trânsito da via. Diante deste fato, o município não teve outra
alternativa a não ser contratar a execução de desvios provisórios, apesar de
estes somarem um acréscimo de 10 km no deslocamento e terem prazo de
execução de 5 dias.

237
Recursos Federais de Defesa Civil

Tendo em vista que o desastre ocorreu há 10 dias, consumidos com a busca


por recursos e elaboração do projeto básico, pergunta-se: há a possibilidade de
dispensar a licitação nesse caso? Se não, qual tipo de modalidade de licitação
aplica-se?

Estudo de Caso 4: simulação de uso do CPDC

O município de Nova Resiliência recebeu recursos da SEDEC, para


resposta ao desastre recorrente das fortes chuvas no local, por meio do Cartão
de Pagamento de Defesa Civil. Quais ações, dentre as possibilidades abaixo,
são possíveis de serem realizadas com a utilização do CPDC?

1. Tendo em vista que a parte urbana do Município foi quase


inteiramente danificada, o Sr. Augusto, proprietário de uma
fazenda no Município, sugeriu ao Prefeito que utilizasse suas
instalações, uma vez que possui condições para acolher todas as
pessoas desabrigadas. Em contrapartida exige o ressarcimento
do aluguel de sua propriedade;
2. Uma escola é grande o suficiente para comportar todas as
famílias desabrigadas, contudo necessita de alguns reparos
não estruturais, porém necessários para oferecer as mínimas
condições de permanência a essas pessoas;
3. Uma empresa local disponibilizou seu trator para os serviços de
recuperação dos trechos intrafegáveis das estradas. Entretanto,
solicitou que fosse custeado o combustível e que recebesse
um pagamento para custeio do seu operador e de eventual
depreciação da máquina;
4. A empresa Tulhona Recapeamento Asfáltico, que se solidariza
com a situação que o Município está enfrentando, propõe a
realização dos seus serviços, restaurando totalmente a malha
viária danificada, cobrando da Prefeitura apenas 1/3 daquele
valor exigido em situações normais;
5. A mesma empresa de recapeamento asfáltico sugere executar
serviços paliativos para reutilização das pontes destruídas tendo
em vista seu caráter primordial no acesso aos principais pontos
do Município;

238
Unidade 6 – Casos Práticos

6. Tendo em vista que as equipes de busca e salvamento do Corpo


de Bombeiros do Município têm se mostrado insuficientes para o
resgate das famílias ilhadas, bem como daquelas desaparecidas,
o prefeito sugere o pagamento de barqueiros e jangadeiros para
executarem o serviço;
7. Dona Marlene, pessoa física, moradora do município e notável
cozinheira, se disponibiliza a vender “quentinhas” para
atendimento das pessoas alojadas provisoriamente nos abrigos
disponíveis;
8. Aquisição de geradores para suprimento da ala de emergência
do pronto-socorro municipal, até que a concessionária de
energia normalize o fornecimento.

239
Recursos Federais de Defesa Civil

5º Dia

Estudo de Caso 1: licitação x dispensa;


modalidade

A reconstrução da ponte sobre o rio São João já possui o Projeto Básico


e os recursos necessários, os quais consumiram 45 dias da fase pós-desastre.
O prazo para reconstrução é de 150 dias e o seu custo previsto em R$ 2.000.000,00.
Com base nessas informações, é possível dispensar a licitação? Em caso negativo,
qual a modalidade de licitação mais indicada?

Estudo de Caso 2: prorrogação de contrato


(licitação/contratação direta)

Após quatro meses da contratação direta, a prefeitura de Nova Resiliência


detectou que a execução da obra de contenção da encosta na Av. Prudente de
Morais está muito aquém do previsto no cronograma do projeto (obra atrasada),
colocando em risco sua execução dentro dos 180 dias previstos na Lei n. 8666/93.
Ao ser questionada, a empreiteira que executa a obra informou que o cronograma
do projeto básico é inexequível, devendo a data da conclusão ser reprogramada
para mais 50 dias. Diante desse fato, quais providências deverão ser tomadas?

240
Unidade 6 – Casos Práticos

Estudo de Caso 3: relatório de progresso

A estabilização da encosta rompida na Av. Prudente de Morais está


em seu terceiro mês de execução, período de conclusão da primeira etapa da
obra e pagamento da contratada. Neste momento, a empresa executora da
obra detectou que a técnica proposta para contenção não é a mais adequada
para o local, sugerindo alterar de muro de gravidade para concreto projetado.
Entretanto, essa alteração acarreta em um aumento de valor de 10% sobre os
R$ 1.200.000,00 fechados em contrato; e o prazo de término da obra passa de
31/03/14 para 25/04/14.
Sabendo que a prefeitura de Nova Resiliência aceitou essa mudança de
técnica, realizando um aditivo contratual, e que precisa solicitar liberação da
próxima parcela para dar continuidade à obra, complemente o preenchimento
do Relatório de Progresso de acordo com o contexto apresentado.

241
Recursos Federais de Defesa Civil

Anexo A – Informações
Básicas de Nova Resiliência

Tabela 11 – Dados de Nova Resiliência

Área (Km²) Densidade demográfica


(hab/km²)
335,0 9,0

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 12 – Dados de Nova Resiliência

População (número de habitantes)


Homens 1.600

Mulheres 1.400

Área urbana 1.450

Área rural 1.550

Total de habitantes 3.000

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 13 – Dados de Nova Resiliência

Domicílios Unidades
Domicílios particulares
395
permanentes urbanos

Domicílios particulares
405
permanentes rurais

Domicílios particulares
800
permanentes totais

Fonte: Própria pesquisa (2013)

242
Unidade 6 – Casos Práticos

Tabela 14 – Dados de Nova Resiliência

Frota de veículos Unidades


Automóveis 20

Caminhões 5

Caminhões-trator 7

Caminhonetes 8

Caminhonetas 2

Micro-ônibus 3

Motocicletas 44

Motonetas 6

Ônibus 11

Tratores 1

Utilitários 3

Outros 5

Total 365

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 15 – Dados de Nova Resiliência

Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2011


Unidades locais 85 unidades

Pessoal ocupado total 577 pessoas

Pessoal ocupado assalariado 482 pessoas

Salários e outras remunerações R$ 6.180,00

Salário médio mensal 1,8 salários mínimos

Número de empresas atuantes 84 unidades

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 16 – Dados de Nova Resiliência

Índices econômicos R$
Arrecadação 9.000.000,00

PIB 20.000.000,00

Orçamento 8.000.000,00

Receita corrente líquida 12.000.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

243
Recursos Federais de Defesa Civil

Tabela 17 – Dados de Nova Resiliência

Escolas Unidades
Ensino Fundamental – pública estadual 1

Ensino Fundamental – pública municipal 3

Ensino Médio – pública estadual 1

Pré-Escola – pública municipal 3

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 18 – Dados de Nova Resiliência

Serviços Públicos Unidades


Estabelecimento de Saúde SUS 1

Sistema de abastecimento de água 1

Sistema de manejo de resíduos sólidos 1

Sistema de esgotamento sanitário 1

Sistema de manejo de águas pluviais 1

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 19 – Dados de Nova Resiliência

Produção Agrícola (mensal) Valores em reais


Arroz (em casca) – Valor da produção 77.000.000,00

Feijão (em grão) – Valor da produção 112.000,00

Milho (em grão) – Valor da produção 1180.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 20 – Dados de Nova Resiliência

Produção Pecuária (mensal) Valor em


reais
Lã – valor da produção 44.000,00

Leite de vaca – valor da produção 22.000,00

Mel de abelha – valor da produção 115.000,00

Ovos de codorna – valor da produção 55.000,00

Ovos de galinha – valor da produção 1100.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

244
Unidade 6 – Casos Práticos

Tabela 21 – Dados de Nova Resiliência

Valor da
Extração Vegetal e Silvicultura (2011) produção
(R$)
Madeiras – lenha 117.000,00

Madeiras – madeira em tora 124.000,00

Produtos da Silvicultura – lenha 88.000,00

Produtos da Silvicultura – madeira em tora 3.675.000,00

Produtos da Silvicultura – madeira em tora para outras finalidades 2.100.000,00

Produtos da Silvicultura – madeira em tora para papel e celulose 1.575.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

Tabela 22 – Dados de Nova Resiliência

Produto interno Bruto (2010) R$


Valor adicionado bruto da indústria a preços correntes 6.000.000,00

Valor adicionado bruto do comércio a preços correntes 15.000.000,00

Fonte: Própria pesquisa (2013)

245
Referências

Referências

ALTOUNIAN, Cláudio Sarian. Obras públicas: licitação, contratação, fiscalização e


utilização. 3. ed. rev., atual. e ampl. Belo Horizonte: FORUM, 2012. 413 p.

______. Tribunal de Contas da União. Licitações e Contratos – Jurisprudência do


TCU, 4ª edição, Brasília, 2010 a.

______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 1964. Disponível em:
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