Você está na página 1de 9

Direito Penal

Crimes contra a pessoa:


contra a vida (121 - 128)
Lorem ipsum

concursos
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

Apresentação
Olá aluno,

Sou o Professor Thiago Pacheco. Delegado de Polícia em Minas Gerais, Professor


da ACADEPOL/MG e cursos preparatórios, Coordenados do Plano de Aprovação - Coaching e
Mentoria para Concursos Públicos.

Sumário

Homicídio..................................................................................................................................................... 3

/aprovaconcursos /aprovaconcursos /aprovaconcursos

/aprovaconcursos /aprovaquestoes /aprovaconcursos


Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

Homicídio

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Bem jurídico tutelado (objeto jurídico): vida humana extrauterina.
Crime material: exige a produção de resultado naturalístico.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto
a um terço.

Três causas subjetivas de diminuição de pena: ligadas aos motivos do crime.


a. Relevante valor social: motivo coletivo altruísta. Ex: matador do traidor da pátria.
b. Relevante valor moral: motivo pessoal, ligado ao íntimo do agente. Ex: pai que mata estuprador da filha.
c. Sob o domínio (não basta a mera influência) de violenta emoção e logo em seguida a injusta provocação
da vítima. Ex: marido mata a esposa após surpreende-la em adultério.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II. por motivo fútil;
III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV. à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a
defesa do ofendido;
V. para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
O §2º do artigo 121 descreve qualificadoras, sendo que umas estão ligadas aos motivos determinantes do
crime, indicativos de depravação espiritual do agente (incisos I, II, V, VI e VII – circunstâncias subjetivas),
e outras com o modo perverso que acompanham o ato ou fato em prática (incisos III e IV – circunstâncias
objetivas).
Obs: todos os crimes qualificados são hediondos.

3
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

Seria possível a figura do homicídio qualificado, privilegiado?


Sim, desde que a qualificadora seja objetiva e a privilegiadora subjetiva. Por falta de previsão legal, tal
figura não é hedionda.
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. Motivo torpe = repugnante.
A qualificadora em estudo se comunica ao mandante?
É circunstância simples ou elementar do crime?
1ª C: Não necessariamente se comunica ao mandante. Ex: pai que manda matar traficante da região que
estuprou sua filha de 15 anos – pai responderá por homicídio simples, com a diminuição de pena relativa
ao motivo de relevante valor moral; já o executor pela modalidade qualificada em estudo (Rogério Greco);
2ª C: Entende que é elementar do crime e, portanto, se comunica ao mandante (Tribunais Superiores).
A vingança é motivo torpe?
Depende: vingança, por si só, não tem o condão de aplicar a qualificadora, necessitando de análise do caso
concreto (STJ e STF).
II. Por motivo fútil:
Desproporção entre o homicídio e a sua motivação.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum:
Obs: o que é veneno? Depende. Ex: açúcar é veneno para um diabético.
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa do ofendido:
V. Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
VI. Feminicídio:
A Lei 13.104/15 incluiu o feminicídio como qualificadora do homicídio, entendido como a morte de mulher
em razão da condição do sexo feminino (violência de gênero).
O §2º-A foi acrescentado para informar quando a morte da mulher ocorrerá em razão da condição do sexo
feminino:
I. violência doméstica e familiar;
II. menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Obs: Feminicídio # Femicídio.
VII. contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio funcional: acrescentado pela Lei nº 13.142/15.
Obs: para cônjuge, companheiro ou parentes, é indispensável que o crime tenha sido praticado em razão
da ligação familiar com o agente de segurança pública.
Ex: morte da mãe de um PM pelo simples fato de ser mãe de policial militar.

4
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

Homicídio culposo (§3º):


§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
• Primeira parte – homicídio culposo majorado (1/3):
a. Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: nesta hipótese, diferente da imperícia (mo-
dalidade de culpa), o agente tem aptidão técnica para desempenhar seu trabalho, porém acaba por
causar a morte de alguém em razão do seu descaso, deliberadamente desatendendo aos conhecimentos
técnicos que possui.
Ex: médico especialista em cirurgia cardíaca que, por descuido, corta um nervo do paciente, causan-
do-lhe a morte;
b. Omissão de socorro: se o agente, agindo com culpa, deixa de prestar socorro à vítima, podendo fazê-lo
e não havendo qualquer risco pessoal a ele, responderá por homicídio culposo com o presente aumento
de pena.
Obs: dirigido ao provocador do homicídio. Populares respondem por omissão de socorro (ar. 135 do CP).
Obs: incompatível com a morte instantânea.
Obs: não há aumento quando existir risco pessoal para o autor.
c. Não procurar diminuir as consequências do comportamento: expressão redundante, pois não deixa de
ser uma forma de omitir socorro;
Foge para evitar a prisão em flagrante:
Obs: inconstitucional, pois ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
• Segunda parte – homicídio doloso majorado (1/3):
A pena será aumentada de 1/3 se o homicídio é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
de 60 (sessenta) anos.
Obs: tal condição deve ser conhecida.
§6º - Milícia privada ou grupo de extermínio:
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
a. Grupo de extermínio: reunião de pessoas, matadores, “justiceiros” (civis ou não) que atuam na ausência do
poder público, cuja finalidade é a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente etiquetadas
como marginais ou perigosas;
b. Milícia armada: grupo de pessoas armado (civis ou não), tendo como finalidade anunciada desenvolver a
segurança retirada das comunidades mais carentes, “restaurando a paz”.

5
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

§7º Feminicídio:
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I. durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto.
II. contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de doenças degenera-
tivas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº
13.771, de 2018)
III. na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771,
de 2018)
IV. em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
Perdão judicial
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação


Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para
que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos
termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I. se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
Obs: quando o agente procura satisfazer interesses pessoais. Ex: objetiva herança do suicida; busca
ocupar o cargo do suicida; etc.
II. se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
Obs: sobre o menor, prevalece o entendimento de que se trata de todo aquele com idade inferior a de-
zoito anos, que não tenha suprimida, por completo, a sua capacidade de resistência, pois, do contrário,
estaremos diante de homicídio.
Sobre a vítima com capacidade de resistência diminuída, poderá ser o ébrio, o enfermo, o senil, etc, pois, assim
como a hipótese anterior, se a vítima tiver sua capacidade de resistência totalmente suprimida, estaremos diante
de homicídio.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social
ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o

6
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resis-
tência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Sujeito ativo: apenas a mãe parturiente sob influência do estado puerperal (crime próprio).
Obs: Estado puerperal “é aquele que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre ma-
terno. Neste momento, há intensas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transformar a mãe,
deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo, razão pela qual se trata de situação
de semi-imputabilidade.
Sujeito passivo: deve ser o ser humano logo após o parto, ou seja, o nascente ou recém-nascido
(crime próprio).
A morte pode ser causada de forma livre (ação ou omissão).
A circunstância de tempo (durante ou logo após) deve ser compreendida como todo o período em que
perdurar o estado puerperal.
Obs: não basta a presença do estado puerperal. É preciso que haja relação de causalidade entre tal
estado e o crime, pois nem sempre o estado puerperal produz perturbações psíquicas na parturiente.

Aborto
Conceito: trata-se da interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.
Bem jurídico tutelado (objeto material): a vida intrauterina.

A doutrina classifica o aborto em:


a. natural (interrupção espontânea da gravidez, geralmente causados por problemas de saúde – indiferente
penal);
b. acidental: quedas, traumatismos, etc, (em regra, é atípico);
c. criminoso (arts. 124 a 127 do CP);
d. legal ou permitido (art. 128 do CP).
• Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
• Aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Ex: namorado que força ou engana namorada a abortar.

7
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

• Aborto provocado por terceiro, com o consentimento da gestante:


Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

Nessa hipótese do parágrafo único, o terceiro provocador responderá pelo crime do art. 125,
ficando a gestante isenta de sanção penal por não ter responsabilidade.
Aborto majorado pelo resultado:
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Crime preterdoloso: dolo no aborto e culpa na conduta posterior mais grave.
Aborto legal – causas especiais de exclusão da ilicitude.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I. se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II. se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
de seu representante legal.
Causas de exclusão da culpabilidade.
I. Aborto necessário:
Para a presente modalidade, indispensável o preenchimento de três requisitos:
a. Aborto praticado por médico.
Obs: se não for médico, estaremos diante de hipótese de estado de necessidade.
b. Perigo de vida da gestante;
c. Impossibilidade do uso de outro meio para salvar a gestante.
Prevalece na doutrina que não é necessário o consentimento da gestante para realizar o aborto
necessário.
II. Aborto sentimental:
Ao contrário da modalidade anterior que protege a vida da gestante, nesta o motivo consiste na
falta de justificativa em impor à vítima de estupro, ofendida em sua honra, uma maternidade que
talvez lhe fosse odiosa e sempre lhe trouxesse à memória o triste acontecimento da violência sexual.
Depende de três requisitos:
a. Que o aborto seja praticado por médico;
b. Que a gravidez seja proveniente de estupro;
c. Prévio consentimento da gestante ou seu representante legal.

8
Direito Penal
Crimes contra a pessoa - contra a vida (121 - 128)

Não são necessárias a sentença condenatória do crime de estupro ou autorização judicial.


Basta um BO, acompanhado de laudo do IML para.
Aborto de feto anencéfalo:
Feto anencefálico: embrião, feto ou recém-nascido que, por malformação congênita, não possui
a parte do sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais e possui apenas parcela
do tronco encefálico.
O STF se manifestou de forma a permitir o aborto neste caso, seguido por diretrizes estabele-
cidas pelo Conselho Federal de Medicina.
Atualmente, no caso de diagnóstico de anencefalia, o laudo terá que ser assinado, obrigatoria-
mente, por dois médicos.
A gestante será informada do resultado e poderá optar livremente por fazer o aborto ou manter
a gravidez e, ainda, se gostaria de ouvir a opinião de uma junta médica ou de outro profissional.
O aborto poderá ser realizado em hospital privado ou público e em clínicas, desde que haja
estrutura adequada.
Obs: a microcefalia não pode ser comparada à anencefalia.

Você também pode gostar