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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO

CAMPUS SANTO ÂNGELO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

GEODÉSIA APLICADA

PAULO SÉRGIO BORBA

SISTEMA DE COORDENADAS UTM


SANTO ANGELO

2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 2

2. BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA UTM 3

3. CONCEPÇÃO ATUAL DO SISTEMA UTM 4

3.1. Zonas de Ampliação e Redução 5

3.2. Projeções Cartográficas 6

4. SISTEMA UTM NO BRASIL 6

5. SISTEMAS DE COORDENADAS DERIVADOS DO UTM 9

6. REFERÊNCIAS 12

ANEXO I – Estudo de Caso 14

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1. INTRODUÇÃO

2. BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA UTM

O sistema de coordenadas UTM é baseado na Projeção de Mercator,


criada pelo filósofo e matemático Gerard Kremer, conhecido pelo seu nome latino
Geradus Mercator em 1969. Mercator foi um grande cartógrafo em sua época,
introdutor das projeções cilíndricas, um dos pioneiros na confecção de Mapas de
Navegação e Atlas e o primeiro a transformar em um plano retangular a
quadratura do circulo que representa a esfera terrestre.

Na projeção original de Mercator, os oceanos e continentes se alinhavam a


partir da linha do Equador, separados por um quadriculado com 24 traçados
verticais e 12 traçados paralelos (que se estendiam na direção dos trópicos).
Desta forma, o mapa mundi de Mercator foi considerado um grande avanço para
a navegação, permitia aos navegantes do mar fixar sobre a carta, uma rota entre
dois pontos navegados em curva.

Apesar do termo UTM (Universal Transversa de Mercator) ser atribuída a


Projeção de Mercator, o sistema de coordenadas planas UTM, na concepção
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atual considera o aperfeiçoamento introduzido pelo físico, matemático e
geodesista Johann Carl Friedrich Gauss (1777-1855).

Gauss aperfeiçoou o sistema de Projeção de Mercator utilizando o cilindro


secante em substituição ao cilindro tangente utilizado originalmente. Ainda na
área de Cartografia, Gauss apresentou a modelagem matemática para
transformação de coordenadas geodésicas em coordenadas planas retangulares.

Na década de 1930 o geodesista francês Pierre Tardi aprimorou o modelo


de cilindro secante apresentado por Gauss.

O sistema em sua forma atual surgiu em 1947, quando oficiais da marinha


dos Estados Unidos, especialistas em Cartografia e Geodésia prepararam as
tabelas para cálculos geodésicos no sistema UTM utilizando os parâmetros dos
elipsóides de Clarke (utilizado nos EUA) e Hayford (utilizados nos demais países).

Desta forma foi possível uma combinação para abranger a totalidade das
longitudes, e o sistema, anteriormente chamado de Mercator-Gauss, recebeu a
denominação atual como, Sistema de Projeção Universal Transverso de Mercator
(UTM).

3. CONCEPÇÃO ATUAL DO SISTEMA UTM

A projeção UTM talvez seja a projeção mais utilizada no mundo. Isto ocorre
devido a muitos fatores, entre eles a facilidade na interpolação de coordenadas,
medida de distâncias, cálculo de ângulos e cálculo de áreas. 

Na configuração atual do sistema UTM, o elipsóide da Terra é dividido em


60 fusos de 6º de longitude cada um tendo início no antimeridiano de Greenwich
(λ = 180º) crescendo de oeste para leste. Na latitude os paralelos são divididos
em zonas de 4º com limite na latitude 80º Sul e 84º Norte (para contemplar áreas
de interesse dos Estados Unidos no hemisfério norte).

A contagem dos fusos da projeção UTM se inicia no anti-meridiano ao


meridiano de Greenwich, portanto no meridiano de 180o. A coordenada no
equador vale 10.000.000 de metros e a coordenada no meridiano central vale
500.000 metros.
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A direita do meridiano central, as coordenadas E (longitude, X) são
somadas a 500.000 e a esquerda, as coordenadas são subtraídas de 500.000. No
hemisfério sul, as coordenadas N (latitude, Y) são subtraídas de 10.000.000 e no
hemisfério norte são somadas a 0. A Figura 1 ilustra a concepção do Sistema
UTM em relação às medidas no fuso.

Figura 1 – Representação do Fuso UTM (UFSM).

Apesar de ser utilizada mundialmente, a projeção UTM apresenta suas


limitações problemas. O problema maior é que ela divide o globo em fusos de seis
graus (6°) de longitude, ou seja, impossibilita o mapeamento contínuo de uma
região que se distribua no sentido leste/oeste em uma extensão superior a seis
graus (6°) ou 668 km.

Diferentemente das Coordenadas Geodésicas, o sistema UTM, não


acompanha a curvatura da Terra e por isso seus pares de coordenadas
também são chamados de coordenadas planas. Os fusos do sistema UTM
indicam em que parte do globo as coordenadas obtidas se aplicam, uma vez
que o mesmo par de coordenadas se repete nos 60 fusos diferentes.
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3.1. Projeção Cartográfica UTM

As projeções cartográficas são representações planas da Terra. Em outras


palavras, as projeções são representações de uma superfície tridimensional em
uma superfície bidimensional.

As superfícies de projeção usuais são o cone, o cilindro e o plano. Os


mapas construídos a partir do cone, do cilindro e do plano e são denominadas,
respectivamente, como cônicas, cilíndricas e planas. As propriedades espaciais
de forma, área, distância e direção são preservadas ou distorcidas diferentemente
sobre mapas baseados em superfície de projeção ou outros parâmetros de
projeção.

O Sistema UTM, desde sua concepção, se baseia na projeção cilíndrica


transversa, desenvolvida por Mercator. A Figura 2 ilustra os conceitos de projeção
cilíndrica e cilíndrica transversa de Mercator.

Figura 2 – Projeções cilíndrica e cilíndrica transversa (UFSC)

O sistema proposto prevê a adoção de 60 (sessenta) cilindros de eixo


transverso, obtidos através da rotação do mesmo no plano do equador, de
maneira que cada um cubra a longitude de seis graus (6º), a partir do
antimeridiano (180º) de Greenwich.

A Figura 3 ilustra a formação da projeção e seus 60 (sessenta) fusos por


meio da rotação do cilindro secante.

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Figura 3 – Rotação do cilindro secante e formação dos fusos UTM (UFSC)

3.2. Zonas de Ampliação e Redução

Conforme mencionado, a projeção UTM é uma projeção analítica


formulada para minimizar, a um nível tolerável, as deformações inerentes a
representação da Terra em um mapa bidimensional.

A deformação linear depende da posição dos pontos dentro do fuso UTM, e


é dada pelo coeficiente de deformação linear ou fator de escala (k). O fator de
escala no meridiano central é igual a k0 = 0,9996.

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Por se tratar de uma projeção cilíndrica transversa secante, onde cada
cilindro cobre uma faixa de seis graus (6°), existem duas linhas em que a
superfície de secância coincide com a superfície do elipsóide. Estas linhas ficam
distantes 1°37’00’’ do meridiano central de cada fuso, nas quais a deformação
linear é nula e, conseqüentemente, o coeficiente de deformação é k=1.

Entre as linhas de secância apresenta-se uma zona de redução, onde as


distâncias projetadas no plano são menores do que as distâncias reais do
elipsóide, tendo, portanto um fator de escala menor que a unidade, ou seja, k < 1.

Entre as linhas secância e as bordas do fuso, apresenta-se as zonas de


ampliação nas quais o fator de escala excede a unidade, ou seja k > 1, conforme
ilustra a Figura 1. Os valores máximos de k são assumidos nas bordas Oeste e
Leste do fuso, com valores k = 1,000977.

4. SISTEMA UTM NO BRASIL

O sistema UTM foi adotado pelo Brasil em 1955, passando a ser utilizado
pela Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) para o mapeamento sistemático do país. A partir de 1980 o
IBGE definiu e adotou o sistema Geodésico Brasileiro, coincidente com o Sistema
Geodésico Sulamericano.

Em 1981, o professor Luiz Carlos da Silveira - Professor de Geodésia no


curso de Engenharia de Agrimensura da Escola Superior de Tecnologia de
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Criciúma, atual universidade do Extremo Sul Catarinense, calculou, para as
latitudes brasileiras, os coeficientes geodésicos usados nas fórmulas
de transformação de coordenadas geodésicas para o sistema retangular UTM e
para o cálculo da convergência meridiana.

Gradativamente foi o sistema adotado para o mapeamento topográfico de


todas as regiões do país, sendo hoje utilizado ostensivamente em qualquer tipo
de levantamento. No Brasil, os mapas construídos em escalas 1:250000 e
maiores (por IBGE e DSG), se encontram em projeção UTM. No mapeamento
municipal também é utilizada a projeção UTM.

Os sistemas parciais UTM que abrangem o território brasileiro estão


compreendidos entre os fusos 18 e 25, conforme Ilustra a Figura 2, contados a
partir do ante meridiano de Greenwich, para Leste de 6 em 6 graus. No caso da
região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a maior parte de sua
localização geográfica coincide com o fuso 21, cujo meridiano central é o de 54º.

Figura 2 – Fusos UTM no Brasil (IFMG)

No Brasil a transformação de coordenadas geodésicas em coordenadas


plano-retangulares no Sistema Topográfico Local está normalizada pela
ANBT/NBR 14166:1998 – Rede de Referência Cadastral Municipal –
Procedimento.

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Os procedimentos, conceitos e a formulação matemática estão descritos na
referida Norma e seus anexos. No entanto, com a evolução dos métodos de
levantamento, outras metodologias podem ser usadas e, dentre essas, pode-se
destacar o método que transforma as coordenadas expressas no Sistema
Geodésico Cartesiano Tridimensional em coordenadas referidas ao Sistema
Geodésico Local, pelo emprego de rotações e translações.

A Figura 3 ilustra a formulação matemática para transformação de


coordenadas geodésicas em coordenadas plano-retangulares no Sistema
Topográfico Local, conforme a ABNT/NBR 14166:1998.

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Figura 3 – Transformação de coordenadas UTM (ABNT:1998)

Vale destacar que na aplicação das fórmulas, conforme ABNT/NBR


14166:1998, consideram-se a latitude (φ) negativa no hemisfério Sul e a longitude
(λ) crescendo positivamente para oeste, enquanto que os coeficientes C e D são

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negativo no hemisfério Sul, e o eixo das ordenadas é o eixo dos Y e o das
abscissas é o dos X.

5. SISTEMAS DE COORDENADAS DERIVADOS DO UTM

Em muitas situações, o uso do Sistema UTM pode tornar o mapeamento


inviável em função das distorções lineares que o mesmo acarreta no mapa,
principalmente quando próximo aos limites de um fuso.

Para minimizar esse problema, foram desenvolvimento dois sistemas


derivados do UTM para corrigir ou minimizar estas distorções. Esses sistemas
utilizam fusos de 2º, conhecido como Regional Transverso de Mercator (RTM) e
fusos de 1º, conhecido como Local Transverso de Mercator (LTM), coforme ilustra
a Figura 4.

Figura 4 – Sistemas LTM e RTM.

O sistema RTM é utilizado para evitar a transposição de fuso quando a


região do mapeamento é próxima ao final do fuso de 1º (LTM). Desta forma,
proporcionam o mapeamento de áreas urbanas em grande escala, diminuindo os
erros de distorções cometidos pelo sistema UTM.

As principais características do Sistema RTM são:


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 Fuso de 2 graus;

 Meridiano Central nas longitudes ímpares;

 K0=0,999995;

 N=5.000.000 – N’ (hemisfério sul);

 E=400.000 ± E’ (+E’ se o ponto se encontrar a oeste do MC e – E’ se o


ponto se encontrar a leste do MC).

As principais características do Sistema LTM:

 Fuso de 1 grau;

 Meridiano Central nas longitudes de meio grau;

 K0=0,999995;

 N=5.000.000 – N’ (hemisfério sul);

 E=200.000 ± E’ (+E’ se o ponto se encontrar a oeste do MC e – E’ se o


ponto se encontrar a leste do MC).

As coordenadas do sistema de projeção UTM produzem no meridiano


central uma deformação linear que conduz a uma precisão de 1:2.500, enquanto
que nos sistemas RTM e LTM essa precisão é de 1:200.000.

Nos outros pontos do fuso essa precisão varia, sendo que no meridiano de
secância não há deformação. Em função desta variação de comportamento da
precisão, pode-se escolher o sistema UTM, RTM ou LTM, ou então efetuar
alguma modificação nesses, conforme a natureza e os objetivos do mapeamento.

Os sistemas de projeção LTM e RTM apresentam menor deformação, pois


é este sistema que possui o fuso com menor amplitude e estará mais próximo do
elipsóide. A Figura 5 ilustra esta diferença de amplitudes entre os sistemas e o
grau de precisão.

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Figura 5 – Amplitudes dos Sistemas UTM, LTM e RTM.

O sistema de projeção UTM se destaca pelo fato de um fuso abranger


grandes áreas (aproximadamente 670 km no sentido leste-oeste), porém possui
grandes deformações totais. Por outro lado, os sistemas LTM e RTM oferecem
uma maior precisão em levantamentos, porém limitados às menores distâncias de
seus fusos.

6. DIFERENÇAS GEOMÉTRICAS DE MEDIDAS LINEARES E ANGULARES


EM AO SISTEMA TOPOGRÁFICO

Em trabalhos convencionais de topografia, as medições de ângulos e


distâncias se baseiam em um plano topográfico local, que desconsidera a
curvatura da Terra e é perpendicular à vertical do lugar no ponto da superfície
terrestre considerado como origem do levantamento.

Com o advento tecnológico do GPS, surgiu a possibilidade de vinculação


das medições topográficas em planos locais com pontos obtidos por GPS,
podendo ilustrar ao final do processo pontos “georreferenciados”, normalmente,
em coordenadas UTM.

Nessa simplificação, não se levam em conta os erros sistemáticos


provenientes da desconsideração da curvatura terrestre e do desvio da vertical,
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uma vez que a projeção UTM representa cartograficamente um ponto na
superfície do elipsóide de referência.

Desta forma, para utilização de coordenadas UTM em medições


topográficas ou locações é preciso considerar o fator de elevação que transporta
os pontos representados sobre o elipsóide de referencia para a superfície física
da Terra.

Essa transformação altera os valores das coordenadas alterando,


conseqüentemente, o valor da distância ou do ângulo entre estas. Entretanto,
existem métodos que possibilitam a transformação de coordenadas UTM em
coordenadas topográficas locais, sendo que a distância pode ser obtidas através
das coordenadas topográficas locais, ou então a transformação direta de distância
UTM em distância topográfica local.

7. REFERÊNCIAS

ABNT. NBR14166: Rede de Referência Cadastral Municipal –


Procedimento. Rio de Janeiro, 1998, 23 p.

DAL’FORNO, Gelson Lauro et al. Tranformação de coordenadas


geodésicas em coordenadas no plano topográfico local pelos métodos da
Norma NBR 14166/1998 e o de rotações e translações. Morro da Fumaça.
Revista A Mira, 2009. Morro da Fumaça. Disponível em < https://www.
amiranet.com.br/ > Acesso em 20/05/2021.

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO.


Laboratório de Topografia e Geodésia: Sistema UTM. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1738554/mod_resource/content/1/PTR010
1%20-%20Proje%C3%A7%C3%A3o%20UTM%20v2015.pdf >. Acesso em
20/05/2021.

HOLLER, Wilson. Além das coordenadas UTM. Curitiba. Editora


MundoGEO, 2009. Disponível em < https://www.mundogeo.com/ > Acesso em
20/05/2021.

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
MINAS GERAIS. O Sistema de Projeção UTM. 2015. Disponível em:
https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/2F/Sistema%20de
%20Proje%c3%a7%c3%a3o%20UTM.pdf. Acesso em 20/05/2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Laboratório de Cartografia:


Universal Transversa de Mercator. Disponível em: http://coral.ufsm.br/
cartografia/index.php?
view=category&id=14%3Abasico&option=com_content&Itemid=30. Acesso em
20/05/2021.

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ANEXO I – Estudo de Caso

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