Você está na página 1de 7

Direito Penal

Teoria geral do crime:


consumação e tentativa
Lorem ipsum



concursos
Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

Apresentação
Olá aluno,

Sou o Professor Thiago Pacheco. Delegado de Polícia em Minas Gerais, Professor


da ACADEPOL/MG e cursos preparatórios, Coordenados do Plano de Aprovação - Coaching e
Mentoria para Concursos Públicos.

Sumário

Iter Criminis.................................................................................................................................................. 3

/aprovaconcursos /aprovaconcursos /aprovaconcursos

/aprovaconcursos /aprovaquestoes /aprovaconcursos


Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

Iter Criminis

Conceito:
É o caminho percorrido ou a ser percorrido para a realização do delito.
Trata-se, portanto, do conjunto de fases que se sucedem cronologicamente no desenvolvimento
do crime.
É dividido em 04 etapas:
a. Cogitação;
b. Preparação;
c. Execução;
d. Consumação.

1. Cogitação (fase interna):


É o momento de idealização do delito, ou seja, quando o agente tem a ideia de praticar o delito.
O crime encontra-se no plano intelectual do agente. Cuida-se de fase interna, ou seja, está única
e exclusivamente na mente do indivíduo.
• É impunível, tratando-se de um indiferente penal.
Obs: não significa necessariamente premeditação.

3
Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

2. Preparação:
É a fase de exteriorização da ideia do crime, por meio de atos que começam a materializar a
perseguição ao alvo idealizado, configurando uma ponte entre a fase interna e a execução.
Nesta fase, o agente procura criar condições para a realização da conduta idealizada, adotando
providências externas que viabilizem o crime.
Ex: aquisição de automóvel para a fuga e transporte do produto de roubo; aquisição de arma de fogo
para o crime de homicídio; etc.
• Em regra, é impunível.
O agente ainda não ingressou nos atos executórios (daí o motivo da preparação não ser punida).
Excepcionalmente, diante da relevância da conduta, o legislador pode criar um tipo especial,
prevendo punição para a preparação de certos delitos, embora nesses casos exista autonomia do
crime consumado.
Ex: petrechos para falsificação de moeda (art. 291) x moeda falsa (art. 289).
3. Execução:
É a fase de realização da conduta designada pelo núcleo da figura típica constituída, como regra,
de atos idôneos e unívocos para chegar ao resultado, mas também daqueles que representarem
atos imediatamente anteriores a estes, desde que se tenha certeza do plano concreto do autor.
Consiste na exteriorização do início da realização da conduta criminosa. O agente atua exte-
riormente para realizar o delito idealizado e preparado.
Ex: O agente criminoso quer subtrair objetos no interior de uma residência. Ele aguarda, na esquina, o
dono do imóvel deixar a casa. Depois que o dono sai, o criminoso pula o muro e ingressa no imóvel,
apoderando-se dos objetos visados.
4. Consumação:
É o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal e encerrando
o iter criminis.
Ex: no crime de homicídio (art. 121 do CP), só haverá a consumação após a confirmação da morte da
vítima.
5. Exaurimento:
Trata-se de acontecimento posterior ao término da consumação do delito, ou seja, não constitui
fase/etapa do iter criminis.
Ex: venda ou dano do objeto de furto.

4
Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

Consumação
Conforme o artigo 14, inciso I, do CP, considera-se consumado o crime “quando nele se reúnem
todos os elementos da sua definição legal”.
Em outras palavras, o crime estará consumado quando o fato concreto tiver atingido todos os
elementos do tipo legal.
O momento da consumação do crime varia conforme a natureza do crime praticado:
a. Crime material (ou de resultado): o tipo penal descreve a conduta e o resultado (naturalístico), exigindo,
para a consumação, a efetiva modificação do mundo exterior.
Ex: homicídio, art. 121 do CP, no qual exige-se a morte de alguém/corpo.
b. Crime formal (ou de consumação antecipada): aqui a norma penal também descreve um comportamento
seguido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modificação no mundo exterior, contentando-se,
para a consumação, com a prática da conduta típica. O crime, portanto, se consuma no momento da
ação, sendo o resultado mero exaurimento.
Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP).
c. Crime de mera conduta (ou simples atividade): tratando-se de crime sem resultado naturalístico, a lei
descreve apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento em que esta é praticada.
Ex: violação de domicílio (art. 150 do CP).12w3zwxxx
d. Crime permanente: nos crimes permanentes, a consumação se protrai no tempo, prolongando-se até
que o agente cesse a conduta delituosa.
Ex: sequestro e cárcere privado (art. 148 do CP).
e. Crime habitual: para a consumação exige-se a reiteração da conduta típica.
Ex: curandeirismo (art. 284 do CP).
f. Crime qualificado pelo resultado (preterdolosos): a consumação se dá com a produção do resultado
que agrava especialmente a pena.
Ex: lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, do CP).
g. Crime omissivo próprio: consuma-se no momento em que o agente se abstém de realizar a conduta
devida, imposta pelo tipo mandamental.
Ex: omissão de socorro (art. 135 do CP).
h. Crime omissivo impróprio: crime comissivo por omissão, tem sua consumação reconhecida com a
produção do resultado naturalístico.
Ex: “crime do garantidor” (art. 13, §2º, do CP).

5
Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

Tentativa
O crime é considerado tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente (art. 14, II, do CP).
Na tentativa, enquanto o tipo subjetivo se realiza completamente (o dolo é o mesmo, não im-
portando se consumado ou tentado o crime), o tipo objetivo fica aquém da vontade do agente
(resultado).
• Elementos da tentativa:
a. Início da execução;
b. Não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente;
c. Dolo de consumação;
d. Resultado possível.
• Punição da tentativa:
Regra: conforme o parágrafo único, do artigo 14, do CP, “salvo disposição em contrário, pune-se
a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
Exceção 1: em determinadas hipóteses, a tentativa é punida da mesma forma que o crime
consumado.
Ex: evasão mediante violência contra a pessoa: “Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - de-
tenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência”.
Exceção 2: há casos em que o legislador pune apenas a tentativa, não havendo previsão de crime
na forma consumada.
Ex: art. 11 da Lei nº 7.170/83: “Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir
país independente. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos”.

Classificação das espécies de tentativa:


a. Quanto ao iter criminis percorrido:
a. 1)Tentativa imperfeita (inacabada): o agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de
praticar todos os atos executórios à sua disposição.
a. 2)Tentativa perfeita (acabada): o agente, apesar de praticar todos os atos executórios à disposição, não
consuma o delito por circunstâncias alheias à sua vontade.
b. Quanto ao resultado produzido na vítima:
b. 1) Tentativa branca (incruenta): o golpe desferido não atinge a vítima (o bem jurídico visado), não gerando
nenhuma lesão efetiva.
b. 2) Tentativa vermelha (cruenta): a vítima (ou bem jurídico) é efetivamente atingido.
c. Quanto à possibilidade de alcançar o resultado:
c. 1) Tentativa idônea: o resultado, apesar de possível de ser alcançado, não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
c. 2) Tentativa inidônea (Crime impossível): o crime mostra-se impossível na sua consumação, seja por
absoluta ineficácia do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP).

6
Direito Penal
Teoria geral do crime - consumação e tentativa

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto,
é impossível consumar-se o crime.
c. 2.1) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: quando falta potencialidade causal, pois os
instrumentos postos a serviço da conduta não são eficazes, em hipótese alguma, para a produção do
resultado.
c. 2.2) Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto: a pessoa ou a coisa que representa o alvo
da conduta criminosa (objeto material) não serve à consumação do delito.

Tentativa
• Infrações penais que não admitem a tentativa:
a. Crimes culposos: pois não se verifica o elemento dolo de consumação. Exceção: culpa imprópria (de-
corrente de erro) – existe o dolo de consumação, mas o agente é unido a título culposo por razões de
política criminal.
b. Crimes Unissubsistentes: sua execução não admite fracionamento (crimes omissivos próprios e crimes
de mera conduta).
c. Contravenções penais (art. 4º, LCP): a tentativa existe, mas é impunível.
d. Crimes habituais: só existem após a reiteração dos fatos.
e. Crime de atentado: a tentativa é punível com a mesma pena da consumação. Ex: evasão mediante
violência contra a pessoa (Art. 352).
Obs: Em relação às espécies citadas, com exceção da tentativa inidônea (crime impossível), o
Código Penal oferece o mesmo tratamento.
O fato de ser a vítima atingida ou não durante a execução do crime influirá apenas no cálculo
da redução prevista no parágrafo único, inciso II, do art. 14 do CP (1/3 a 2/3).

Você também pode gostar