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Texto 3 parte A

O império brasileiro panorama político (Marcelo Basile)

Vinda da corte portuguesa para o BRASIL

Basile defende que a vinda da Corte para o Brasil foi um dos elementos que
motivaram o processo de independência. Caracteriza o governo joanino como
um absolutismo ilustrado com aspirações imperialistas na América do Sul. A
Revolução Vintista também é vista como um elemento que contribui para o
processo de independência. O Brasil é apresentado como um território de
diversos embates, principalmente das províncias do Norte e Nordeste. É
presente a ideia de uma falta de sentimento de identidade nacional no país. O
primeiro reinado é palco de diversos embates de grupos políticos e de uma crise
financeira intensa. Houve uma crescente insatisfação em relação a Dom Pedro,
essa insatisfação se fortalecia por um antilusitaníssimo que era corrente na
população brasileira. O sete de abril foi encarado como um momento de
ruptura. As reformas liberais e o incremento do aparelho repressivo do Estado
deram-se paralelamente. O movimento Farroupilha tem caráter elitista.

O texto inicia fazendo uma breve apresentação da vinda da corte


portuguesa para o Brasil. Além da motivação tradicional que leva a este
acontecimento, a invasão de Portugal por tropas napoleônicas, o autor adiciona
outro fator que estimulou a vinda da Corte: “[...] um projeto reformista ilustrado
de constituição no Brasil de um poderoso Império Luso-Brasileiro.” (BASILE,
1990, p. 188) Em seguida, Basile discute alguns dos efeitos da vinda da Corte
para o Brasil. A transformação do Rio de Janeiro em cidade, o inchaço dessa
cidade e problemas relativos à urbanização, a instalação de instituições político-
administrativas e científico culturais, abertura de portos, medidas para
desenvolvimento industrial do país e privilégios concedidos ao comercio com a
Inglaterra são algumas das transformações ocorridas. O autor faz uma breve
análise do governo joanino no Brasil discutindo o que Alan Manchester
denomina a “preeminência inglesa no Brasil”. Além da política em relação a
Inglaterra, Basile apresenta a política agressiva de D. João com as outras regiões
da América do Sul. A Guiana Francesa é invadida em 1808 e o Montevidéu é
conquistado em 1817, com a anexação da Província Cisplatina ao Brasil em 1821.
Nas questões internas do Brasil, D. João articula-se com as elites locais,
sobretudo as elites do Centro-Sul do Brasil. As demais regiões, principalmente o
Nordeste, tinham uma relação conflituosa com a Coroa. Essa insatisfação é
observada em momentos como na Revolta de Pernambuco em 1817.

Enquanto a Corte se estabelecia no Brasil, Portugal sofria uma séria de


crises. O descontentamento da burguesia, nobreza e camadas populares
culminou na revolução vintista. O objetivo desse movimento era estabelecer um
governo liberal em Portugal e subordinar a Coroa ao Poder Legislativo. Com
isso, esperava-se recuperar a economia do País e melhorar a situação da
população. Para que isso se desenvolvesse, os revolucionários pediam o retorno
da Corte à Portugal e o restabelecimento dos vínculos coloniais com o Brasil. D.
João atende a esse chamado e retorna a Portugal, deixando seu filho, D. Pedro,
na condição de regente. A regência de dom Pedro inicia com dificuldades
marcadas pela crise financeira que decorre do desfalque dado pela família real
no Banco do Brasil e pelo levante de tropas portuguesas.  Em paralelo, a
constituinte de Portugal se desenha com participação tímida de deputados
brasileiros. No texto, dentre outras medidas referentes ao Brasil, está a decisão
pelo retorno de D. Pedro a Portugal. Essa notícia não é bem recebida no Brasil e
logo uma campanha pelo fico é articulada para que o príncipe regente
permaneça no país. Havia uma ideia de que a partida de D. Pedro levaria a
anarquia e a independência e isso não era interessante para parcela da
população. No dia 09 de janeiro de 1822 o príncipe decide permanecer no
Brasil. Após o fico algumas as tropas portuguesas que residiam no Brasil se
revoltam, mas são contidas e algum tempo depois, expulsas de volta para
Portugal. A Corte demonstra insatisfação em relação à atitude de D. Pedro, essa
insatisfação só cresce quando se recebe a notícia de que o príncipe convoca uma
Assembleia Geral Constituinte e Legislativa no país. Grupos divergentes
aparecem nesse momento no contexto político brasileiro. O primeiro mais
moderado defendia uma monarquia centralizada com predomínio do Executivo
sobre o Legislativo. O segundo era mais radical e almejava uma monarquia
menos centralizada com predomínio do Legislativo sobre o Executivo. No
embate entre esses dois grupos na definição do caráter das eleições, o moderado
saiu vencedor e as eleições indiretas foram estabelecidas. Em agosto de 1822,
dois manifestos representam a quase formalidade da ruptura em relação a
Portugal: O “Manifesto aos Povos deste Reino” e o “Manifesto aos Governos e
Nações Amigas”. Embora se aponte para a independência do território
brasileiro, observa-se uma preocupação em mostrar que não há uma vontade de
romper plenamente com Portugal. Em 7 de setembro de 1822 ocorre o famoso
episódio em que dom Pedro grita “Independência ou morte” as margens do
Ipiranga. A adesão das províncias não é pacífica e se dá de forma gradual.
Houve conflitos nas regiões do Grão-Pará, Maranhão, Piauí, Ceara, Bahia e
Pernambuco.

O MOVIMENTO VINTISTA E A SITUAÇÃO NO BRASIL

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Em meados de 1920 um ideal de liberdade permeava algumas províncias


brasileiras. Mas será uma rebelião em solo português, que vai gerar
acontecimentos que vão intensificar esse intento; a revolução liberal ocorrida na
cidade do Porto, posteriormente seguida por Lisboa. Neste momento Portugal
se via em total pobreza, arruinado pela invasão francesa, crises econômicas, e
pela perda de seus privilégios enquanto metrópole, que eram provenientes de
seu vasto império colonial. Com destaque especial para a abertura dos portos
brasileiros e o tratado de comercio e navegações, terminando inclusive com o
exclusivo colonial e dando vantagens a alfandegarias à Inglaterra, prejudicando
a burguesia comercial portuguesa, atingindo também a vacilante
industrialização do país. inconformados a nobreza pretendia recuperar as
mordomias perdidas com a transferência da corte para o Brasil, almejando
ainda, assegurar o sistema de impostos, que recendia sobre comerciantes e
funcionários, especialmente de Lisboa e de Porto, esses naturalmente, repeliam
tal intento. Havia também a questão da desvalorização da moeda portuguesa
frente à moeda brasileira, causando a fuga cada vez maior de recursos
financeiros para a nova corte, o que só fazia aumentar a crise instalada. Além
disso, o governo do país estava confiado a um conselho de regência, que tinha
que prestar contas ao Rio de Janeiro, que era chefiado por um inglês; Marechal
Beresford, que já tinha comandado o exército português contra a França e
continuo a chefiar, ao mesmo tempo em que a corte portuguesa instalada no
Brasil não dava sinais de querer retornar. Todo esse conjunto de
acontecimentos em Portugal, é totalmente contrário do cenário que ocorria em
território brasileiro. Naquele momento o Brasil cada vez, mas assumia a
condição de metrópole, e aos olhos portugueses prosperava cada vez mais,
gerando um cenário otimista e com perspectiva de cada vez mais progresso.
Então os que ficaram em Portugal tinham certa razão ao se sentirem preteridos
em relação aos brasileiros, e perante tal sentimento protestavam contra o que
era para eles a inversão colonial, o que de fato vinha ocorrendo. É nesse cenário,
que vão prosperar as ideias liberais, que naquele momento estavam se
disseminando pela Europa ocidental, alimentando a revolução vintista (se
necessitar de mais informações página 93)

Repercussão do movimento no Brasil

No Brasil, notícias da revolução no Porto chegam em outubro, e os


impactos foram imediatos, e polêmicos. O Rei, sua família, conselheiros e
ministros, logo se preocuparam em manter a estrutura absolutista de
governança, a maioria dos seguimentos sociais embora tivessem divergissem
dos motivos, também seguiram essa linha. Os brasileiros, comerciantes e
estrangeiros se prendiam a face liberal da revolução, vendo nela um possível fim
do absolutismo, a manutenção das vantagens do reino, e o fim do domínio
comercial, por parte dos comerciantes portugueses, se temiam o fim de seus
próprios privilégios, como consequência do fim do absolutismo.

Não demorou que todas essas divergências se tornassem conflitos de


interesses, o que foi bem marcante no tocante a volta da corte real a Portugal. O
Rio de Janeiro, e as províncias do centro sul eram absolutamente contra o
retorno, em especial os fazendeiros, burocratas, e membros do judiciário
brasileiro, assim como todos os portugueses que que ingressaram nos serviços
públicos, e constituíram negócios e família no Brasil. Alguns Ministros e
conselheiros de Estado como Silvestre Pinheiro Ferreira, defendiam a
permanência da corte no Rio, sob vigência futura de um sistema constitucional,
ou seja; uma maneira de impedir uma revolução democrática agressiva, que
culminasse com o fim da dominância da coroa portuguesa sobre o território
brasileiro. Enfim, para esses grupos a volta da corte a Portugal, ameaçava os
interesses privados, e as liberdades políticas econômicas, tão duramente
conquistadas. Alguns Ministros e conselheiros de Estado como Silvestre
Pinheiro Ferreira, Alguns Ministros e conselheiros de Estado Thomaz Antônio
Villanova Portugal, fazia parte de uma significativa parcela da alta burocracia
estatal e dos ministros de Estado e conselheiros que forçavam a volta do rei a
Portugal, e que Don Pedro permanecesse no Rio de Janeiro. E desta maneira
instituir a autoridade real sobre as cortes de Lisboa, encerrando os
descomedimentos liberais. Tanto os a favor contra os contrários a volto do rei a
Portugal, encontravam se componentes ao constitucionalismo monárquico, seja
em favor dos interesses brasileiros, ou em lealdade as decisões das cortes
portuguesas.

Obviamente D João não gostou que o movimento constitucional busca se


limitar seus poderes, todavia, preferiu assumir uma postura de compromisso,
estabelecendo, a princípio, a reunião das cortes, porém concedendo lhes uma
compleição meramente de consultas, tendo que, suas sugestões fossem
submetidas a sensações do rei. Enquanto que nas províncias do norte e
nordeste, as propostas liberais revolucionarias, forma muito bem recebidas, em
primeiro de janeiro de 1821 o Grão-Pará foi a primeira província brasileira a
aderir ao movimento e a constituição a ser elaborada, em seguida, a Bahia
também aderiu, em ambas províncias as tropas portuguesas instaladas nos
locais, com suporte de vários brasileiros e do setor comercial, e dos deputados
constituintes, que deveriam ser prontamente enviados para Lisboa, onde as
cortes já se encontravam reunidas e com os trabalhos já iniciados. Todo esse
processo não foi pacífico, se teve notícias de diversos confrontos violentos, como
em Pernambuco, onde em agosto se instalou uma junta rebelde de governo na
cidade de Goiânia, que se opôs belicamente a de Recife, a contenda só se
resolveu em outubro, quando o novo governo foi eleito. Contudo esse não foi um
movimento de fidelidade a Dom Pedro ou de rejeição às cortes, mas de
desavenças internas entre facções políticas locais.

O Rio de Janeiro foi a primeira província brasileira a escolher seus


representantes, porém em 29 de agosto, a primeira bancada a tomar assento nas
cortes foi a de Pernambuco. As outras representações de outras províncias
foram chegando aos poucos, ao longo dos anos de 1821 e de 1822, concluindo
em 12 de julho deste ano, não chegaram a tempo de participar, 23 deputados
dos 60 eleitos pelas províncias do Brasil. Minas Gerais e Rio Grande do Norte
nem sequer chegaram a serem representados por seus deputados eleitos. Antes
mesmo da chegada dos primeiros eleitos pelas províncias brasileiras, já era
discutido pelas cortes assuntos relacionados ao Brasil, já havia um
entendimento em 21 de agosto para que se enviasse tropas, para o território
brasileiro para garantir a ordem no reino, o término dos tribunais superiores no
além-mar e o retorno de Don Pedro a Portugal. Já contando com a presença dos
deputados do Rio de Janeiro e de Pernambuco, em 29 de setembro, foram
decretadas medidas que endossavam as juntas provisórias de governos já
existentes e estabeleciam a formação de tais juntas nas províncias ainda
governadas por capitães-generais, ficando dependentes diretamente das
orientações de Lisboa; determinando também a formação do cargo de
governador das armas, a despeito das juntas, e subserviente ao reino e as cortes.
Desta maneira diluíam os poderes de D. Pedro, ações essas, que já eram motivo
de queixas de sua parte em cartas enviadas a seu pai. Esses mesmos decretos de
setembro estabeleciam, por fim, o retorno do príncipe regente a Portugal.
Deputados brasileiros que estavam presentes, além de não serem contrários as
medidas ainda compartilhavam com os parlamentares portugueses uma
identidade de interesses a respeito da causa do império luso-brasileiro. Somente
os representantes paulistas não participaram do acordão, que votaram de
acordo com suas posições, pois não tinham instruções pré-estabelecidas de
como se posicionar.

O FICO E A INDEPENDÊNCIA DO BRRASIL

No Brasil, em dezembro de 1821 assim que ficaram sabendo da ordem de


embarque de D. Pedro a Portugal, até mesmo os grupos e províncias que
anteriormente defenderam a permanência de D. João no Brasil, tomam ciência
da decisão da corte se juntam as vozes destoantes, com o objetivo de convencer
o príncipe regente a não atender a ordem retorno a corte. Frustrados pelas
frequentes tentativas do congresso português de enfraquecer a regência do Rio
de Janeiro, deram início ao reforço da campanha do fico, que rapidamente se
espalhou pelas províncias. José de Bonifácio então vice-presidente da junta de
São Paulo, foi um dos nomes que mais se destacaram na articulação do
movimento, uma de suas ações de apoio ao movimento, foi a convocação dos
mineiros a resistência, acusava o decreto de retorno de D. Pedro de ser uma
providência tirânica, contraria aos legítimos anseios brasileiros e a decisão de D.
João de deixar seu filho D. Pedro no reino, e que tendia somente a desestabilizar
as províncias e causar a desunião, o que promoveria a anarquia, e assim sendo
através da força dominar o reino. Rio de Janeiro, São Paulo, e Minas Gerais
passaram a encabeçar o movimento do fico organizando setores da sociedade, e
pedindo que D. Pedro permanecesse no Rio de Janeiro. Até que em 09 de
janeiro de 1822, após um período conturbado de manifestações contrarias as
ordens de Portugal, e com constantes ameaças por parte de facções
republicanas, D. Pedro decide contrariar as ordens de seu Pai e permanecer no
Rio de Janeiro.

A permanência do D. Pedro no Brasil não foi consenso, no caso das tropas


portuguesas que estavam no Rio de Janeiro, houve sentimento de revolta contra
a desobediência do príncipe herdeiro em relação as ordens da corte portuguesa,
tendo inclusive promovido quebra-quebra pela cidade, lançando insultos e
ameaçando levar D. Pedro a força para Portugal. As forças rebeldes, contudo,
foram logo rechaçadas por tropas brasileiras, integradas por milicias locais,
pertencentes há várias camadas da sociedade. Com isso a regência se viu livre
pela primeira vez da opressora presença das tropas portuguesas. Outra
consequência desses eventos foi o aumento dos conflitos de rua, entre
brasileiros e portugueses, o sentimento antilusitano crescia não só na capital,
como nas províncias, especialmente nos do norte e nordeste. Nesse momento
ainda não florescerá o sentimento separatista, mas sucedeu um aparato de força
em favor de D. Pedro, que por sua vez voltava se cada vez mais em defesa dos
interesses brasileiros. Em 16 de janeiro essa inclinação de D. Pedro o leva a
formar um novo ministério. Neste cenário se destaca a figura de José de
Bonifácio, até então ferrenho defensor do ideal império Luso-brasileiro, desde
que respeitassem os benefícios do Brasil enquanto reino.

A partir dos eventos acima citados, o governo do Rio de Janeiro passa a


desenvolver uma política que objetiva alicerçar sua posição como regente do
reino do Brasil, tanto em relação a Portugal, como perante as demais províncias
brasileiras. Neste contexto, se cria o conselho de procuradores das províncias,
organismo esse que tinha como função prestar consultoria, ao regente, e era
formado por representantes eleitos nas províncias, cabia a D. Pedro presidir o
conselho. Porém seus membros podiam se reunir em caso surgisse alguma
emergência, era uma forma de juntar as diversas províncias á volta do centro
comum do Rio de Janeiro, retirando-as da influência das cortes.

As províncias de Maranhão e Bahia não concordaram de imediato com a


ideia, pois entenderam que a medida como princípio ilegítimo de uma
assembleia legislativa, a qual conflitaria com a soberania as cortes e com a
própria representação brasileira ali presente. Houve desordem na Bahia, e em
Minas Gerais, praticados pelas tropas portuguesas que queriam preservar a
lealdade às cortes. Nas eleições para procuradores também houve confusão até
mesmo no Rio de Janeiro, mais uma vez, colocando em lados opostos brasileiros
e portugueses. Ainda assim a regência continuo a angariar províncias
simpatizantes, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Cisplatina, e mais
relutantemente Pernambuco, além claro de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. A presença do Príncipe Regente nas províncias contrarias a regência
acabaram apaziguando os conflitos, e os deputados acabaram decidindo não
embarcar para Lisboa, em sinal de discordância dos últimos decretos
determinados pelas cortes, o representante do Espírito Santo que era um
substituto fez o mesmo.

Desde o início do movimento constitucionalista, as tropas portuguesas


eram a principal força de resistência a qualquer ação que pudesse levar a
qualquer decisão brasileira rumo a autossuficiência, ou que levasse a atos
desobediência para com as decisões das cortes de Lisboa. Ciente disso, em
fevereiro, para salvaguardar os interesses do reino do Brasil, D. Pedro ordena a
expulsão dessas tropas do solo brasileiro, e em março determinou que as
guarnições portuguesas que estavam aguardando para substituir as anteriores
não desembarcassem. Diante desses fatos, finalmente as cortes portuguesas
enxergaram que era necessário reavaliar a situação. E institui uma comissão,
especial formada por seis deputados brasileiros e seis portugueses, cujo intuito
era imitir um parecer sobre o tema. O resultado foi propor, entre outras
medidas, não só permanência de D. Pedro no Rio de Janeiro, como propor a
possibilidade de estabelecer no reino do Brasil centros de delegações do poder
executivo, os quais seriam subordinadas as províncias; as juntas de fazenda e os
comandantes de armas, por sua vez passariam a ser comandados pelas juntas de
governo de suas respectivas províncias. Porém, em janeiro quando as cortes
receberam a notícia do fico, reagiram com indignação e protestos, encarando os
acontecimentos como sendo insubordinação, e fruto de um ato inconstitucional.
a partir dali surgiram duas correntes distintas, uma integracionista e
conciliatória, defendendo medidas rígidas contra o Brasil, e condenando não só
o parecer, como também a junta paulista que ocasionou a representação
criticando a opressão das cortes, no período da campanha do fico; já a outra
corrente preocupou-se com a unidade do império Luso-brasileiro, aprovou o
parecer, contando com o suporte dos deputados brasileiros. A discordância
terminou em impasse, e culminou no adiamento da votação, que acabou não
realizada. Enquanto isso no Brasil, a câmara de senadores do Rio de Janeiro,
por preposição de Clemente Pereira e Domingos Alves, confirma a autoridade de
D. Pedro sobre o reino do Brasil, pela vontade popular, e não mais pela
imposição das cortes portuguesas, ou por hereditariedade. D. Pedro recebe
então o título de defensor do Brasil. O regente, recusa o título, alegando que o
reino não necessita de proteção, porém em 13 de maio aceita o título de defensor
perpetuo do Brasil.

No dia 23, do mesmo mês de maio, é dirigido a D. Pedro, em reação ao


parecer da comissão especial das cortes, uma representação com duas mil e
novecentas e oitenta e duas assinaturas, arrecadadas por Joaquim Gonçalves
Ledo, entre outros. Apesar dos dois grupos dividissem da mesma cultura
política liberal luso-brasileira, concordavam naquele momento, quanto a
aspiração de uma monarquia constitucional e representativa, discordavam,
porém, a respeito das noções elementares e das relações de poder referentes a
esse sistema. A falta de compatibilidade entre esses grupos cessava quando o
tema era a política das cortes de Lisboa em relação ao Brasil, contudo a
rivalidade se acirrou, quando se tratou de definir as bases internas de uma nova
composição política que se desenhava a partir dali. As eleições para a
assembleia constituinte brasileira demonstraram claramente as posturas
antagônicas. O grupo liderado por Ledo se baseava-se no princípio
rousseauniano da soberania ao povo, pregava que as eleições fossem diretas, o
grupo do José de Bonifácio era contra a participação popular, desejavam
eleições indiretas. A proposta do grupo de Bonifácio acabou vencendo, ficou
decidido então que em 19 de junho os paroquianos maiores homens, a partir de
20 anos escolheriam os eleitores da paróquia, que por sua vez, reunidos nas
cabeças dos distritos eleitorais de cada província, elegeriam os deputados, em
número de cem.

Desse momento em diante ficou claro um posicionamento mais radical


iniciado em abril, por parte das correntes radicais quanto a formação de uma
aspiração separatista e de constituição de um império brasileiro, embora ainda
acenasse com a possibilidade de manutenção da união entre ambos os reinos.
Até mesmo a corrente moderada, já hesitava em relação aos entendimentos
reais quanto a continuidade dos reinos permanecerem unidos. Enquanto em
Portugal se acirrava os ânimos entre os deputados brasileiros e portugueses.
Visto que em maio as cortes se haviam se manifesta contrários ao voto dos
representantes brasileiros, o encaminhamento de tropas para Bahia, com
objetivo de impedir uma possível revolta de negros e mulatos na província, e
impossibilitar a propagação de revoltas nas demais províncias, ocasionadas
pelas ideias separatistas que se originara no sul do país. (mais detalhes sobre o
tema na página 202 á)
Manifesto aos povos deste reino

Em agosto dois manifestos produzidos por D. Pedro deixavam claro que


faltava pouco para que ele declarasse à independência. O manifesto escrito por
Gonçalves Ledo em primeiro de agosto, o regente do Brasil acusava as cortes de
Lisboa de planejar com suas medidas de reduzir o Brasil a condição de
escravidão, provocando sua ruína, forçando as províncias do sul do brasil a se
revoltarem contra tal julgo. As falas de D. Pedro passam a ser sobre
independência, não somente com intuito de ameaça, mas no sentindo amplo de
ruptura política definitiva com Portugal. O golpe em si já era dado como
consumado, ainda assim, deixava entre haver uma certa dualidade, deixando
uma brecha mínima para a manutenção da unidade dos reinos. A convocação da
assembleia brasileira, teria assim, por fim; cimentar a independência política
desse reino sem romper, contudo os vínculos da fraternidade portuguesa,
harmonizando -se com decoro e justiça e todo reino unido de Portugal, Brasil e
Algarves; e em seguida conclamava: acordemos, pois, generosos habitantes
desse vasto e poderoso império, está dando o grande passo da vossa
independência...já sois um povo soberano; já entrastes na grande sociedade das
nações independentes. Ressalta -se neste texto uma mensagem clara as
províncias hesitantes do norte e nordeste, a intenção de definir limites
geográficos deste império, e de forjar a seus habitantes identidade comum de
brasileiros, imputando-se a esta unidade territorial e de sentimentos uma
condição essencial para o ato permanente de independência e a construção da
futura nação: não se ouça, pois, entre vós outro grito que não seja união. Do
Amazonas ao Prata não retumbe outro eco que não seja independência. Formem
todas as nossas províncias o feixe misterioso que nenhuma força pode quebrar.

Já no manifesto aos governos e nações amigas, redigido em 6 de agosto por


José de Bonifácio, são repetidas as críticas severas de políticas mentirosas das
cortes, mas se mantém o sentido ambíguo quanto aos destinos do país. No início
do manifesto D. Pedro, falando em nome da vontade geral do Brasil, proclama a
face do universo a sua independência política. E continua, contudo, afirmando
que não desejo cortar os laços de união e fraternidade que devem fazer de toda a
nação portuguesa um só todo político...debaixo de um só rei, como um chefe
supremo do poder executivo de toda nação. É importante observar que D. Pedro
já se punha como chefe de um país independente, já que o manifesto era na
verdade um documento diplomático, encaminhado aos governos dos demais
países, e que buscava estabelecer os mesmos relacionamentos políticos,
comerciais, e de parceria diretas, inclusive propondo a troca de diplomatas.
Ambos os documentos apontavam para um mesmo desfecho; a independência.

Ainda em agosto Pedro vai a São Paulo a fim de impedir o avanço de uma
revolta na vila de Santos, pois o governo dessa se opôs as ordens da junta do
governo. Tratava-se de uma briga interna entre as forças políticas da província,
referente ao aumento do poder dos Andradas na região, não tendo nada a ver
com o processo de independência, a presença o príncipe tinha conotação de
apaziguamento dos ânimos, obtendo sucesso.
Durante sua permanência em São Paulo chegaram notícias a respeito das
decisões das cortes portuguesas tomadas em julho, eram tão graves as notícias
que imediatamente as enviaram para D. Pedro, junto foram também cartas
escrita por Dona Leopoldina, do ministro, de José de Bonifácio, exigindo uma
posição definitiva em relação á independência. Oque levou D. Pedro em 7 de
setembro de 1822 a dar o tão famoso grito do Ipiranga; independência ou morte.
Porém, a data em si, não se cobriu de significado especial imediatamente, no
início como o próprio D. Pedro diz em proclamação aos portugueses, dia 12 de
outubro foi o real dia da independência. (somente a partir de 5 de setembro de
1823, passou a considerar o dia 7 como sendo o dia da independência)

Dia 12 de outubro, aniversario de D. PEDRO, em meio a festejos populares,


D. Pedro é aclamado como sendo imperador do Brasil, por sugestão de
Domingos Alves Branco, em reunião da maçonaria. E em primeiro de dezembro,
celebrava -se em cerimônia pomposa, ao estilo do antigo regime, a sagração e
coroação do já então D. Pedro I. Todo o ritual pelo qual D. Pedro passou, o
investiram de um mandato liberal de procedência popular, fomentado por um
acordo social, ao mesmo tempo com um sentido religioso, embasado na ordem
hereditária dos Bragança, ou seja, o direito divino de reinar. Dando o tom
ambíguo que marcaria o governo de D. Pedro I.

Toda a pompa e circunstância da coroação não foi suficiente para aplacar


os ânimos em todos as províncias do reino. Por isso o processo de
independência não foi cem por cento consensual, e pacífico. A maioria das
províncias foram aceitando progressivamente, e se incorporando a nova
instituição política. Nas províncias do Maranhão, Bahia, Piauí e Grão Pará,
aceitação foi mais demorada e complicada, pois havia uma maciça presença de
comerciantes e tropas portuguesas, que eram leias a coroa portuguesa, e onde
facções locais discordavam em relação ao apoio ao Rio de Janeiro, então
somente após conflitos intensos e demorados é que se obteve a adesão dessas
províncias. lembrando que nesse primeiro período, não havia um exército
brasileiro formado, o jeito então foi recorrer a contratação de mercenários
estrangeiros, para empreender a conquista daquelas províncias.

A POLITIZAÇÃO DAS RUAS

Desde o início, a solução monárquica parecia o caminho mais provável


para a independência. Primeiramente porque não havia uma prática
republicana no país, surgindo apenas de modo esporádico, ou em momentos de
radicalização, como em casos de atritos, mas sem chegar a propiciar o
desenvolvimento constantes ou que gerasse um ideal convicto de qualquer
segmento das elites, fora de situações limites; até então república no Brasil era
sinônimo de divisão territorial, e de dissolução social e anarquia, tal qual
ocorrera na revolução francesa e na américa espanhola. Sendo que no Brasil a
monarquia estava muito bem estabelecida desde os tempos da colonização por
parte de Portugal, e cada vez mais valiosa e presente com a chegada da corte
Portuguesa no Brasil e posteriormente com a instalação no Rio de Janeiro.
Muito mais que ideologias, também havia um sentido de aparato por parte das
elites políticas e intelectuais brasileiras, para eles no tocante a adotar a
monarquia como forma de governo no Brasil independente; seria a única
maneira de se garantir a unidade das províncias, evitando conflitos sangrentos,
a manutenção da escravidão e as instruturas de produção, e a permanência das
hierarquias sociais e as relações de poder já concretizadas. Neste contexto
entrou também o componente do imaginário monárquico entre as classes mais
humildes. Como a autora coloca, a crença utópica na edificação de um vasto e
poderoso império no Brasil-luso-brasileiro a princípio e brasílico a seguir-, que
uniu na simbologia que circundava um país com dimensões territoriais tão
grandes e recursos no conselho de procuradores das províncias, as relações
entre portugueses e brasileiros, a união ou separação dos dois reinos. Porém
essas mesmas elites e intelectuais, juntamente com a imprensa da época foram
responsáveis pela divulgação do novo conceito político, explicando os como
sendo limitadores dos poderes absolutista do Estado, o constitucionalismo, a
representatividade política, a divisão dos poderes, o pacto social, as garantias
dos direitos civis e políticos do homem e do cidadão, a soberania do povo ou
nação etc. Argumentavam das mais variadas formas didáticas da linguagem
política, cartas, conversas, versos, hinos, catecismo e orações políticas,
objetificando atingir, por meio de tais táticas de oralidade um público que era
mais que alfabetizado. Tudo de maneira anônima, para garantir a liberdade de
expressão que ainda não era plenamente garantida.

Jornais e panfletos divulgavam uma cultura política, retratada a partir de


um modelo do liberalismo, encontrando muita repercussão, principalmente no
Rio de Janeiro, nos mais variados espaços públicos de sociabilidade que então
se formavam, e que realizavam um papel fundamental no processo de
independência. As sociedades secretas se destacaram nesse cenário; as lojas
maçônicas comercio e artes, grande oriente Brasil, e como o apostolado, que
reuniam, no Rio de janeiro a elite política e intelectual, inclusive o próprio D.
Pedro. Associações livres, e academias literárias, livrarias, teatros, boticas,
botequins, casas de pasto, quarteis, igrejas, ruas e praças, serviam de palco para
as discussões eruditas e populares. Então é possível afirmar que através de
conversas e discussões, enfim, pela cultura oral os analfabetos também tiveram
acesso as informações sobre esse novo conceito político. As aglomerações
provenientes de leituras de panfletos e jornais, cantoria de hinos, declamação de
sonetos, acabaram por chamar a atenção das autoridades policiais, que
declararam tais ajuntamentos como sendo ilícitos.

O número da população alfabetizada no reino era extremamente baixo, não


sabe ao certo o quanto, nas cidades tentaram fazer uma estimativa baseada na
assinatura do manifesto do fico, porém não se provou muito eficaz, visto que
nem todo aquele que sabia assinar o nome, era alfabetizado, sem contar os que
não tiveram acesso ao documento, ou não concordaram com ele. Então se
chegou ao número não muito conciso de 16% de alfabetizados em todo o país,
incluindo nesse número os escravizados, baseado no censo de 1872.

Tendo em vista isso tudo isso, é possível afirmar que o processo de


independência produziu politização nas ruas, a evolução de uma opinião pública
introdutória, que esboçou uma esfera pública em crescimento, ao menos em
cidades como o Rio de Janeiro, e possivelmente em menor proporção, em
algumas outras localidades relevantes, como Recife e Salvador.

Neste contexto, outro ponto de vista a ser destacado, é que o processo de


independência não envolveu somente as elites políticas e socioeconômicas do
país, e muito foi menos livre, de conflitos ideológicos e armado, como se pensa.
Diversos conflitos foram gerados, em conjunto “povo tropa”, como se dizia a
época, ou outros semelhantes, aconteceram entre 1821 e 1823, em quase todas
as províncias brasileiras, destacando o Grão -Para, Maranhão, Piauí,
Pernambuco e Bahia, mas também, entre outros, Rio Grande do sul, Mato
Grosso, São Paulo, Minas Gerais e até mesmo no Rio de Janeiro. Contagiados
pelas ideais liberais que circulavam pelo reino, e pelas notícias que vinham de
Portugal, e pelos embates a favor da independência, os escravizados lutavam
segundo essa interpretação, por uma liberdade extensiva não só a pátria do
despotismo português, como também de seu próprio cativeiro. Apesar de todo
discussão e dos movimentos políticos que o acompanharam, o processo de
independência não produziu o efeito imediato, de identidade nacional entre os
brasileiros das diferentes partes do país, e, não concebeu, a seu término,
propriamente uma nação. Como já foi dito, durante todo o período colonial
estabeleceu se um conjunto de capitanias sem unidade política e econômica, que
se entendiam diretamente muito mais com o governo metropolitano, do que
com o governo-geral da colônia.

Até mesmo durante a permanência da corte portuguesa, e em seguida da


regência no Brasil, as capitanias e posteriormente as províncias, resistiram de
todas as maneiras, como visto, a integração ao governo do Rio de Janeiro. Até os
deputados enviados para a corte de Lisboa se declaravam representantes
primeiro de suas províncias, do que propriamente do Brasil. Até mesmo após a
Proclamação da Independência, diversas províncias mantiveram-se fies a
Portugal, e só foram integradas a força armada.

Diante de tantas forças contrarias, demoraria muito tempo para que se


dissolvesse os patriotismos regionais e uma identidade nacional pudesse ser
formada. Um sentimento mais apurado de sentimento nacional, só foi
observado nos frequentes conflitos entre brasileiros e portugueses, que
ocorreram em diversas províncias, especialmente a partir do ano de 1821 e
durante praticamente em todo o período do primeiro reinado e do regencial. (p
208). Com isso o texto ressalta que a independência do Brasil não foi o produto
de um processo premeditado, linear ou homogêneo, ou imbuído de uma
consciência nacional profunda, decorrido nos termos de uma simples oposição,
entre colônia e império, ou então entre liberalismo e absolutismo, estando em
bases já dadas desde a crise do antigo sistema colonial, transmigração da corte
portuguesa ou mesmo a revolução vintista. A vinda da corte para o Brasil sem
dúvida foram marcos para a independência do Brasil, contudo esses dois fatos
não se constituem razões únicas para o advento independência, visto que até
meados de 1822 havia esperança de manter a união com Portugal, nos moldes
de uma monarquia dual. As cortes portuguesas, porém, se recusavam a aceitar
tal projeto, e adotaram medidas cada vez mais restritivas as liberdades políticas
do Brasil, e em conjunto das elites intelectuais, e políticas, principalmente do
Centro-sul, em torno de D. Pedro, produziram, em meio a um processo agitado
de ações e reações, um conflito de interesses, que acabou sendo impossível de
sustentar que culminou na separação dos reinos. A aceitação das demais
províncias a independência, por sua vez, não sucedeu apenas das guerras
empreendidas, pelo governo sediado no Rio de JANEIRO, mas correspondeu
também aos interesses dos diversos grupos locais, que desejavam se verem
livres de Portugal.

A DISPUTA PELO PODER NO INÍCIO DO PRIMEIRO REINADO

Assim que a independência foi declarada, as incompatibilidades e os


conflitos entre as elites que estiveram à frente do processo logo se apressaram, a
se projetarem as incumbências de definir os critérios de constituição do novo
Estado e de ocupar um lugar essencial nesse governo. As contendas, se
iniciaram antes mesmo da ruptura com a corte portuguesa. O grupo
considerado mais radical era o do Ledo, sobressaiu se desde o início, ao liderar a
campanha pelo fico, da proposta original de convocação do conselho de
procuradores das províncias, da entrega do título de defensor perpetuo do Brasil
a D. Pedro, da iniciativa de criação de cortes no Brasil, da composição do
manifesto de primeiro de agosto, e da própria ideia da independência, e por
último, da aclamação do imperador. Porém o grupo de José de Bonifácio, que
era mais moderado, não ficou muito atrás no processo, Andrada esteve no
comando do ministério instaurado logo depois do fico outorgando um caráter
meramente consultivo ao conselho de procuradores, saindo vitorioso na
fundação da eleição indireta para a assembleia constituinte, escrevendo o
manifesto de 6 de agosto e promovendo a sagração do imperador.

A imprensa, e as sociedades secretas eram os cenários preferidos das


disputas ente o grupo de Ledo e José de Bonifácio. Ambas, predominavam no
Rio de Janeiro, o grupo de LEDO, se destacava na atuação em jornais como o
Reverbero constitucional fluminense e o correio do Rio de Janeiro e em lojas
maçônicas como a comercio e artes e a Grande oriente do Brasil. Essa última
inclusive passou a exigir que seus membros jurassem defender e promover a
independência e a integridade do Brasil, em julho dom Pedro foi iniciado na
maçonaria, sob o pseudônimo asteca de Guatemozin, sendo escolhido, logo após
o rompimento com Portugal, grão-mestre da loja, justamente no lugar de Jose
de Bonifácio. Nesta mesma ocasião José de Bonifácio foi tacado por Alves
Branco, que aconselhou o imperador a afastar-se de “homens coléricos e
furiosos, que pretendiam minar o edifício constitucional”. Estava aberta assim, a
guerra entre as duas facções políticas que promoveram a independência.

Contudo era obvio que D. Pedro se identificava mais com o pensamento


mais autoritário e conservador, no projeto político, de José de Bonifácio do que
com as ideias mais populares e inflamadas da outra corrente. E com a
independência já instaurada, era mais interessante para ele servir-se daquele
para a função de organizar e colocar-se a frente do novo Estado . Não lhe
agradava, ver por exemplo seu poder limitado pelo parlamento, ou por
referendo popular, como desejava ledo. Que já havia revelado suas intenções, ao
tentar impor, para o dia da aclamação, o prévio juramento de dom Pedro
constituição brasileira que já deveria ser concebida pela assembleia constituinte,
ideia que foi abominada por José de Bonifácio, sob alegação de não ser o
momento apropriado. Andrada saiu vitorioso, o que marcou a virada da
oposição no jogo político. Desta maneira, a dom Pedro interessava apoiar as
ações de seu ministro, lhe concedendo o poder necessário para silenciar seus
adversários políticos.

No mês de outubro os integrantes do grupo de Ledo passaram a ser


insultados e até mesmo apedrejados, por grupos de manifestantes, e segundos
alguns a mando de José de Bonifácio. Em outubro ainda os periódicos, foram
suspensas as publicações do Reverbero constitucional fluminense, e o Correio
do Rio do Rio de Janeiro, por ordem direta de José de Bonifácio, que
estabeleceu um prazo de oito dias para que o redator deixasse o país, sobre a
argumentação de insinuação a adoção da república no Brasil. Já no dia 25,
aconselhado por seu ministro, dom Pedro suspendeu temporariamente a grande
oriente e as outras lojas maçônicas. Ao mesmo tempo, que Clemente Pereira era
pressionado a demitisse-se da presidência do senado da câmara.

Oque se viu a partir de então foi uma drástica repressão, de um governo


dito liberal, e logo se deu uma severa reação popular. Dom Pedro recua e
determina a reabertura das maçonarias, e a soltura do editor Soares Lisboa,
enquanto isso um contrariado José de Bonifácio se demite do ministério em 27
de outubro, juntamente com Martin Francisco e Caetano Montenegro. A queda
do ministério gerou uma grande onda de protestos e uma torrente de panfletos,
em formas de manifestos, proclamações e representações, pedindo a
reintegração dos ministros e atacando a Ledo, que era visto como defensor da
república e propagador da anarquia. Dom Pedro restitui o ministério, sob
aclamação popular. Ledo ainda tenta esboçar uma reação enviando uma
representação em 2 de novembro para o imperador, se defendendo das
acusações. Porém José de Bonifácio que sairá fortalecido do embate, ordena no
mesmo dia um inquérito contra Clemente Pereira, Pereira da Nobrega, Januário
Cunha Barboza, Gonçalves Ledo, Alves Branco, Soares Lisboa, Pedro de Costa
Barros e o Pedro Lessa são acusados de republicanismo, de perturbadores da
ordem e de conspiração contra o governo. Os três primeiros foram deportados
para a França, Ledo conseguiu escapar, fugindo para Buenos Aires. Devassas
foram estabelecidas também em várias outras províncias, resultando em
condenações em São Paulo e em Pernambuco.

Derrotada a facção mais radical, garante-se no poder uma elite política, da


qual a principal característica era a homogeneidade, não a social, mais a de
ideologia e de treinamento, formada por meio de um processo de socialização
comum, produzido nos níveis da educação universitária, possibilitado pela
universidade de Coimbra, da ocupação e da carreira política. Define se a partir
de então uma elite política, formada por conselheiros de Estado, ministros,
senadores, deputados gerais, em que predominavam militares de alto escalões, e
em maioria, de origem social vinculada, direta ou indiretamente, ao latifúndio,
ao grande comercio, e as finanças. Essa homogeneidade, possibilitou a redução
da margem de conflitos no interior dessa elite, viabilizando a implantação de
um certo modelo monárquico-centralizador de dominação política, isso, porém
não significou que grupos opositores a essa elite política, não viessem mais tarde
a surgir e a contestar tal dominação e tentando estabelecer um outro modelo
político-social.

A ASEMBLÉIA CONSTITUINTE DE 1823 E A CONSTITUIÇAO DE 1824

Com o imperador coroado e José Bonifácio garantido no governo, o


conflito se concentra âmbito executivo e o congresso, o cenário passou a ser
assembleia geral constituinte, inaugurada em 3 de maio de 1823, desconfiados
das tendencias autoritárias de D. Pedro, que apoiava quase que totalmente José
de Bonifácio, e também os governos de viés autoritário que vigoravam na
França, na Espanha e mais recentemente em Portugal, (onde ocorrera o golpe
de Vila Franchada, que fechou as cortes constituintes), os deputados brasileiros
pretendiam reduzir os poderes do imperador, como aqueles que lhe permitiria
vetar as leis e dissolver a legislatura. Os receios se iniciaram ainda na coroação,
onde Dom Pedro declarara que defendia a constituição; caso for dignar de mim,
essa fala, foi mais tarde retirada na fala do trono da sessão de abertura da
assembleia, e então acrescidas por outras ainda mais contundentes: espero, que
a constituição que façais, mereça a minha imperial aceitação. Com essa frase
dom Pedro invertia, assim, a ordem liberal das coisas, ao colocar a constituição
sujeita a ele, e não o contrário.

Os deputados responderam no projeto de constituição, que posta em


discussão em primeiro de setembro. Nesta ocasião, ficou evidente a intenção de
fortalecimento do legislativo e a intenção de limitar os poderes do imperador.
Estipulava uma monarquia hereditária e representativa, constituída pelos
poderes legislativo, executivo e judiciário. Ao primeiro delegado
simultaneamente à assembleia geral, e ao imperador competiria não só propor,
recusar e aprovar os projetos de lei, como também fixar anualmente o
orçamento público, e as forças armadas, repartir os impostos diretos e autorizar
a contratação de empréstimos. O imperador não poderia impedir nem dissolver
a reunião da assembleia, mas poderia adia- lá, ou prorrogá-la, e teria poder de
veto suspensivo sobre projetos aprovados por ela. A ele caberia também
conceder ou negar benefícios concedidos pelo governo há determinações
eclesiásticas e perdoar ou moderar penas de condenados pela justiça. Para
maiores detalhes (pág. 211 até 212).

Enquanto a assembleia elaborava projetos, José de Bonifácio envolvia se


em novos conflitos, desta vez os alvos eram os grupos mais conservadores da
elite. Suas ideias politicas se afirmavam com esses segmentos, porem o mesmo
não ocorreria no tocante a outros princípios seus , que não eram nada
conservadores para a época; as críticas a igreja católica, a defesa da liberdade de
culto, aversão aos títulos de nobreza, desprezo pelo luxo excessivo, desperdícios,
e pelo espirito mercantilista, e suas intenções de desenvolver o trabalho livre, da
colonização e da imigração; mas principalmente sua proposta de confiscar as
terras incultas, impedir a concentração fundiária e promover a pequena
propriedade, por um lado, e, por outro a representação que enviara á assembleia
constituinte, combatendo a escravidão, enquanto ameaça á formação brasileira,
e propondo, a abolição do trafego negreiro no prazo de cinco anos, a
emancipação gradual dos escravizados e um tratamento mais humanitário aos
mesmos, esse conjunto de elementos tornou aguda a incompatibilidade entre o
ministro e vários setores da elite socioeconômica brasileira. Descontentamento,
por um lado, aqueles que se sentiam ameaçados, por suas ideias nada
convencionais e pelas reformas sociais que exaltava, e ainda sendo alvo, de uma
campanha movida pelos portugueses, e de intrigas palacianas que o desentendia
com dom Pedro, assim José de Bonifácio foi perdendo as suas bases de
sustentação política.

Então em 16 de julho deixa o ministério, os Andradas passam a reforçar a


oposição ao imperador, na constituinte onde eram deputados e na imprensa. A
partir de então, as animosidades só aumentavam, entre dom Pedro e a
assembleia, terminando na dissolução desta, pela força, em dezembro de 1823.o
suposto motivo tinha sido as críticas urdidas pelos deputados ao governo,
acusado de proteger os portugueses, em virtude a surra aplicada, em 5 de
novembro, por oficiais lusos a um farmacêutico brasileiro, confundido com
brasileiro resoluto, autor de artigos contra os portugueses. (pag.212)

Com o apoio das tropas, dom Pedro dissipou a constituinte e ordenou a


prisão de vários deputados, entre os quais 3 Andradas, sob alegação no
manifesto aos brasileiros, tendo esta atacado o executivo e a pessoa do
imperador, conspirando planos subversivos que provocavam a discórdia, entre
brasileiros e portugueses, e entre esses e o imperador, provocando a fúria
revolucionária. No decreto de fechamento, prometia, porém, apresentar um
projeto de constituição, duplamente mais liberal, do que a extinta. Contudo não
foi isso que mais tarde se pode observar. Elaborada por um conselho de Estado
estabelecido por dom Pedro, a constituição de 25 de março de 1824 notabilizou-
se pela centralização política e administrativa, e pela concentração de poderes
nas mãos do imperador. Como o projeto que instaurou uma monarquia
hereditária, constitucional e representativa, mas, além dos três poderes políticos
tradicionais, adicionara, mais um pode moderador, influenciado no poder real
proposto por Benjamim Constant. De atribuição exclusiva do imperador,
compunha este dispositivo como chave de toda organização política, com função
de atuar como poder neutro que zelasse por equilíbrio e pela harmonia entre os
demais poderes. Na prática, concedia privilégio a dom Pedro, que, acumulando
também as funções do poder executivo, passava agora a ter o direito de
desmanchar a câmara dos deputados. (pág.; 213)

OS SINAIS DA CRISE

A dissolução da assembleia constituinte e a outorgada da constituição de


1824, vistas como a mais fiel expressão política centralizadora, autoritária e
intervencionista do imperador, provocaram violentas em diversas províncias,
como a Bahia, onde se pode observar o aumento do sentimento antilusitano, e
ameaças de separação. Em Pernambuco foi de onde veio a maior reação
negativa, onde eclodiu, no mesmo ano, uma revolta, a confederação do Equador.
Frei Caneca que já participara de outros revoltas, foi um foi um dos líderes dessa
revolta, juntamente com Paes de Andrade. Um dos principais motivos da revolta
foi a não aprovação do projeto de lei constitucional de 1824, a constituição
imposta levaria ao enfraquecimento das províncias, e aumentava o poder
centralizado do imperador, segundo enfatizava Caneca; o poder moderador era
a chave mestra da opressão da nação brasileira. No dia 24 de julho, estoura a
revolta. O frei passou então há pregar a revolução, incitando Pernambuco a
iniciar a luta pela independência das províncias. (pág.; 214)

Logo Ceara, Paraíba, e Rio Grande do Norte aderem ao movimento. Os


revolucionários pretendiam estabelecer a república, o federalismo, o sistema
representativo, a constituição colombiana, os poderes executivos, legislativo
apenas, e a abolição dos escravos para o reino de Recife. Contou com a
participação de boa parte da sociedade de homens livres, e de escravizados,
contando com milicias armadas, pelos ataques diretos aos portugueses e pelos
protestos raciais. Porém o apoio popular e a intenção do fim do tráfego de
escravos assustaram as elites locais. O recou dessas facilitou a repressão ao
movimento por parte do governo central, que contratou tropas e mercenários
navais ingleses, e declarando lei marcial. E após 6 meses de confrontos a revolta
é sufocada (pág.; 214) A dureza da resposta do governo, com execuções
(incluindo frei caneca) acirraram bastante os ânimos da oposição liberal contra
Dom Pedro, tanto na corte quanto nas províncias. E outro problema se fez
presente; o do reconhecimento internacional da independência. O primeiro país
a reconhecer a independência brasileira foram os Estados Unidos, mediante a
assinatura de um acordo formando um bloco ante europeu, que resguardasse a
américa da política intervencionista da santa aliança. Já as repúblicas latino-
americanas vão fazendo esse reconhecimento aos poucos, partir de 1825(pag.
215)

O reconhecimento de Portugal da independência do Brasil, se deu por


conta da ratificação tratado alfandegário de 1825 que ocorreu em 1827, entre
Portugal e Inglaterra. Mediante o qual o Brasil concedia á sua ex metrópole a
mesma tarifa alfandegaria concedida aos ingleses, 15%. E ainda aceitaria pagar
uma indenização de dois milhões de libras (quantia fornecida pelos ingleses,
como empréstimo) e reconhecimento de que a independência fora unilateral de
Portugal, devendo ser notado ainda que, dom Pedro não abdicava de seu direito
de sucessão ao trono de Portugal. O reconhecimento dos demais países
europeus se deu de maneira suscitava após o reconhecimento da Inglaterra, já a
partir de 1925, também vinculados as taxas de 15 por cento que fora instituída
em 1828. Se a promessa á Inglaterra de abolir em breve o tráfego negreiro foi
motivo de forte descontentamento, o pagamento de indenização a Portugal e a
possibilidade em suspenso da reunião das duas coroas foi muito pior. Somente
em 2 de maio de 1826 é que Dom Pedro abdicou oficialmente do trono
português, após a morte de Dom Joao VI, em favor de sua filha Maria da Gloria.
(pag.215) Dom Pedro era constantemente acusado de ser interessado nos
problemas lusitanos, especialmente quando tentou recuperar o trono para sua
filha que fora vítima de golpe por parte de seu genro e irmão, marido de sua
filha Maria da Gloria. O que era visto com desagrado pelos brasileiros. De fato,
dom Pedro tinha relacionamentos estritos com comerciantes, burocratas
portugueses, que eram favorecidos com títulos de nobreza e honrarias,
preenchimento de cargos públicos, sobretudo em cargos de confiança e do
comando das forças armadas, e até na composição dos ministérios (página 216)

A questão cisplatina também era um problema para dom Pedro. Quatro


anos após a sua incorporação oficial ao Brasil, em 1825 uma rebelião, de que se
aproveitou Buenos Aires, para anexe-las, em 25 de outubro do mesmo ano, as
Províncias Unidas do Rio da Prata. Em vista a isso o Brasil declarou guerra a
Argentina, a qual se estendeu até 1828. Que onerou os cofres públicos,
interrompeu o abastecimento e por consequência elevou os preços, do gado
bovino e muar do RS, MG, SP, e em terceiro lugar o aumento do recrutamento
militar, prática que a população abominava. (página 216) Um outro problema
que balava o reinado de dom Pedro I, era aprofunda e longa crise econômico-
financeira. Concorreram diversos fatores, como o aumento do déficit externo e o
desiquilíbrio da balança de pagamento, com o crescimento das importações; que
a queda da produção açucareira e a baixa nos preços dos demais produtos
primários de exportação (algodão, café, couro, cacau e tabaco.) devido a
concorrência internacional e a recessão da economia mundial (página 217)

A OPOSIÇÃO PARLAMENTAR E A IMPRENSA

A imprensa e a câmara dos deputados debateram esses temas de maneira


exaustiva e amplificada. O parlamento fora reaberto em 1826, e partir dali fora
possível observar um verdadeiro quebra cabeças constante entre o imperador e
a câmara. Desde o princípio do reinado o parlamento tentava limitar os poderes
autocráticos de dom Pedro, fiscalizar os atos do governo e ter uma ingerência
mais relevante sobre suas decisões. Após conseguirem instituir a
responsabilidade dos ministros, secretários, e conselheiros de Estado, os
deputados irão sempre que possível, convocar tais autoridades para prestarem
contas dos seus atos, e mesmo, em alguns casos censura lãs, numa clara atitude
de desafio a dom Pedro. A Câmara afrontou o imperador em diversas outras
circunstâncias, ao rejeitar propostas de vital importância para o executivo, como
a que fixava as forças armadas em 1827, em plena campanha Cisplatina. Porém
a maior das polêmicas se dava em torno da aprovação, a cada lei do orçamento;
enquanto a câmara acusava o governo de tentar exclui lá das decisões´, de
exagerar no montante da espera prevista e de não especificar a mesma,
realocando e utilizando arbitrariamente a receita disponível, o Executivo, por
sua vez, acusava a câmara de pretender bloquear a sua ação , de fazer cortes
demasiados no orçamento e de se intrometer em assuntos fora de sua alçada;
como o governo só podia funcionar legalmente sendo a lei orçamentaria
aprovada, o debate sobre a mesma . (página 217 a 218)

A imprensa por sua vez, enquanto principal instrumento de informação


popular, fazia eco e muitas vezes ia além, em relação as críticas ao governo feitas
pela câmara. A imprensa havia sido anteriormente duramente afetada, pelas
perseguições políticas que se seguiram a independência e a dissolução da
assembleia constituinte, os jornais ganharam força com a inauguração da
primeira legislatura, propagando em centros onde já existia, antes da
independência, como RJ, BA, MG, CE, SP, RS e GO. Todos os problemas
políticos do país foram abertamente e expostos e discutidos pelos jornais
liberais da época, principalmente os da corte, que acompanhava mais de perto
os acontecimentos e exerciam maior influência. Embora as acusações que estes
faziam recaíssem quase sempre , sobre os ombros dos ministros, conselheiros
ou gabinete secreto- uma vez que a constituição declarava a pessoa do
Imperador sagrado, e inviolável, e, logo sem responsabilidades políticas,
pairando, portanto, a ameaça de repressão por quem os atacassem diretamente ,
ainda assim exerciam forte pressão sobre dom Pedro, a quem de fato era o
destinatário das criticas , contribuindo para mobilizar a opinião pública, e para
criar um clima de descontentamento, e animosidade em relação ao governo . os
grupos mais radicais, que logo veriam a constituir os liberais exaltados,
chegavam a pregar abertamente, a partir de 1829, uma revolução popular, em
nome do direito de resistência dos povos a tirania e opressão, proposto por John
Locke. A onda revolucionária que abalou a Europa em 1830, especialmente a
que derrubou Carlos X, e aclamou Luiz Felipe como rei, inaugurando a
monarquia de julho, na França, foi amplamente noticiada e saudada pelos
periódicos liberais, que insinuara uma associação entre aquele monarca déspota
e o soberano brasileiro. Esses ocorridos, ajudaram a desestabilizaram e
deslegitimaram ainda mais o governo. O próprio Dom Pedro na proclamação
aos mineiros, de 22 de fevereiro de 1831, reclamava da existência de um partido
desorganizador, o qual, se aproveitando dos acontecimentos de 1830 na França,
procurava iludir o povo com mentiras sobre sua pessoa e o governo, e com
enganosas aspirações de federalismo.

A declaração provocou grande reação dos periódicos oposicionistas, já


inflamados pela notícia do assassinato do jornalista liberal, Libero Badaró, em
20 de novembro de 1830, em SP, e recaia suspeitos de que o próprio imperador
tinha ordenado o assassinato. Em meios a boatos que dom Pedro pregava um
golpe absolutista, planejando a dissolução do congresso. Incitaram reuniões
conspiratórias nas sociedades secretas, mobilização do povo pelas ruas, em
grupos de 30 a 50 pessoas.

A REVOLUÇÃO DO SETE DE ABRIL

Todos esses acontecimentos acabaram culminaram nas celebres noites das


garrafadas. Que foi quando os chamados pés de chumbo (como eram chamados,
portugueses e brasileiros) confrontaram-se nas ruas, nos dias 11 e 16 de março.
O estopim para o confronto, foram os festejos públicos promovidos por
comerciantes portugueses, e comemoração ao regresso do imperador de sua
viajem a MG, oque foi interpretado como provocação aos brasileiros. houve
provocações, acusações e xingamentos de ambos os lados na verdade, assim
como demonstrações de apoio, e a críticas ao imperador. Até que se iniciaram os
confrontos físicos, com os oponentes armados com garrafas quebradas, pedras,
paus, espadas, baionetas a armas de fogo partiram para o ataque, o que resultou
em mortos e feridos.

A oposição cada vez mais acirrada a dom Pedro mesclava se, assim, ao forte
sentimento antilusitanismo, em especial entre as camadas mais populares,
assumindo diferentes matizes. Em termos políticos, os portugueses eram
associados ao colonialismo e ao absolutismo, representando um frequente
ameaça a independência brasileira, a identidade nacional e a liberdade dos
brasileiros, conquistada a duras penas. Do ponto de visto econômico, estava
associado a alta no custo de vida, sendo lhes atribuída a exploração, e o controle
dos aluguéis de moradias e de comércios e a retalho, e aparecendo ainda, como
agiotas, atravessadores de produtos de primeira necessidade. já no âmbito
social, eram vistos como arruaceiros e invejosos, empenhados em afrontar os
brasileiros, e ainda eram concorrentes no mercado de trabalho, chegando
mesmo a exercerem o monopólio em ceras atividades. No desenrolar das noites
das garrafadas alguns deputados e um senador cobraram rigor na apuração e
punição aos agressores portugueses. Alegando; nenhum povo tolera, sem
resistir, que o estrangeiro venha lhe impor-lhe no seu próprio país um jugo
criminoso, indicando urgência em se adotar medidas que venham ao encontro
de prestar justiça aos brasileiros. O imperador procurou providenciar uma
saída, e no dia 20 determinou a formação de um ministério composto somente
por brasileiros, e determinou uma devassa para apurar as desordens e ordenou
que fossem soltos os brasileiros naquela ocasião.

Porém essas medidas não foram os suficientes para apaziguar os exaltados


ânimos, os conflitos e as aglomerações persistiam, em meio a boatos de que uma
revolução eminente estava sendo arquitetada. Por sua vez as tropas, eram
instigadas pelos civis mais exaltados, e por isso cada vez mais propensas a aderir
abertamente as fileiras da oposição, insatisfeitas por um lado com o baixo valor
dos soldos e com o recrutamento forçado (no caso dos soldados), com a
disciplina rígida e com os castigos corporais, e, por outro lado (comandantes e
oficiais), com a péssima imagem que tinha do exército, como instrumento do
despotismo e com a drástica redução prevista do efetivo militar. Diante deste
quadro dom Pedro demitiu o ministério brasileiro em 5 de abril, e cria um outro
composto de aristocratas impopulares que já haviam sido ministros.

A reação foi rápida e incisiva. No dia 06 de junho pela manhã, aglomerações


começaram a ocorrem em diferentes partes da cidade, uma multidão de cerca de
quatro mil pessoas no campo de Sant´Anna. Juntaram se a esses manifestantes
parlamentares, redatores de jornais, juízes de paz, batalhões do exército (até
comandantes) todos gritando palavras-de-ordem contra dom Pedro, enquanto
pessoas armadas circulavam acintosamente as ruas da cidade, em flagrante
manifestação de insubordinação. No início da noite do mesmo dia, uma
delegação de juízes de paz foi enviada ao palácio da Quinta da Boa Vista com
uma representação exigindo a reintegração do ministério deposto. O imperador
recusa, oque acirram mais ainda os ânimos da multidão, levando Lima e Silva a
se dirigir ao mesmo palácio para informar dom Pedro da disposição dos
manifestantes e tentar convencer -ló a fazer conceções. Novamente o imperador
se recusa a ceder, aceitando apenas a nomear um ouro ministro, mas sem
restituir o anterior; a partir de então o próprio batalhão e a guarda de honra do
imperador aderem ao movimento. O major Miguel de Frias e Vasconcelos é
enviado como novo emissário, desta vez exigindo uma última palavra. Diante da
gravidade da situação, e sem ter mais a quem recorrer, dom Pedro decidiu
abdicar, já na madrugada de 7 de abril em favor de seu filho.

O autor ressalta que; mais do que um produto de um simples arranjo das elites,
a abdicação de dom Pedro, foi resultado não só das tramas políticas
arquitetadas no parlamento, nas sociedades secretas, nos quarteis, na imprensa,
mas contou também com a massiva participação popular, não só na corte, mas
também nas províncias. E preciso ressaltar que, a despeito de todo caráter
autoritário, o governo de dom Pedro I no Brasil não deve, a rigor, ser
caracterizado como propriamente absolutista. Pois afinal de contas, pautava se
por um sistema constitucional, representativo e com divisão de poderes,
aspectos não caraterísticos do regime absolutista de governo, e sim, de regimes
liberais, mas que nunca foram tradicionalmente encontrados nas monarquias
absolutistas europeias. Desta maneira rotular o primeiro reinado desta forma,
significa apenas reproduzir o discurso dos opositores ao governo, que, aliás, não
diferenciava regime absolutismo no sentido que é hoje atribuído pelos
historiadores, de qualquer despotismo político. Trata-se, portanto, de um
governo liberal, levando-se em conta não só as características básicas
apontadas, mas ainda considerando-se que o autoritarismo e o
conservadorismo, tal qual o primeiro reinado, foram as marcas de grande parte
dos governos liberais europeus do século XIX.

O ROMPIMENTO DO PACTO LIBERAL NO INÍCIO DA REGÊNCIA

O pôs sete de abril logo se cobriu de um significado de ruptura em relação ao


período anterior e de grandes esperanças e expectativas para os
contemporaneos da época, especialmente para os que participaram de maneira
incisiva da revolta que culminou na abdicação, resultando em um novo período
regencial. Dois grupos políticos, até então muito bem definidos, estiveram na
vanguarda do processo: os chamados liberais exalados (ou, farroupilhas), e os
liberais moderados (ou, chimangos).

Os liberais moderados atuantes principalmente no parlamento e na imprensa, e


os liberais exalados nas ruas e na imprensa, o maior objetivo comum de
combater e, de uma possível maneira, derrubar dom Pedro os uniu,
desconsiderando suas diferenças ideológicas mais arraigadas. Então
naturalmente ambos buscariam ocupar um lugar de prestígio e destaque no
governo que começava. Dom Pedro de Alcântara príncipe herdeiro contava com
apenas cinco anos de idade, quando da abdicação de seu pai. Assim deputados e
senadores que estavam na corte, (assembleia geral em recesso) nomearam
extraordinariamente, já na manhã do dia 07, uma regência trina provisória,
constituída pelo general Francisco de Lima e Silva, pelo senador Nicolau Pereira
dos Santos, e pelo ex-ministro da justiça José Joaquim Carneiro de Campos
(marquês caravela) imediatamente o governo interino restituiu o ministro
exonerado em 5 de abril, concedeu anistia aos presos políticos e determinou que
fossem expulsos das tropas, todos os estrangeiros que não pretendessem se
naturalizar .

A formação desse novo governo, deixava claro seu alinhamento com os liberais
moderados, e excluindo quase que totalmente os liberais exaltados. Esses a
princípio, até manifestaram, em nome da união, seu apoio aos regentes. Porém
a exclusivamente moderada do governo, tornava se cada vez mais visível, com a
eleição pela assembleia geral, em 17 de junho, do mesmo Lima e Silva e dos
deputados João Bráulio Muniz e Jose da Costa Carvalho para compor a regente
trina permanente, e com a nomeação do padre deputado Diogo Antônio Feijó
para ministro da justiça em 6 de julho.

Dessa maneira, as esperanças inicialmente depositadas na regência logo se


mostraram ilusórias para os exaltados Rompida desta forma a estratégica
aliança liberal, os antagonismos entre as duas facções logo afloraram e se
intensificaram muito rapidamente, levando a polarização das ideias de cada
grupo, á definição de seus respectivos projetos políticos e a constituição de
identidade políticas mais demarcadas.

Os moderados -cuja base social essencialmente compunha se do grupo de


proprietários rurais e comerciantes de MG ligados ao abastecimento da corte
,associados a políticos que provinham da pequena burguesia urbana e do setor
militar -pleiteavam a realização de reformas estritamente políticas, que
limitassem o poder do imperador , assegurassem a participação de seus quadros
políticos no governo e garantissem a aplicação, dentro da esfera da ordem, das
conquistas políticas liberais já firmadas pela constituição . Já os exaltados-
dotados de uma composição social bem diversificada, constituída basicamente
por comerciantes vindos da camada urbana média (pequenos e médios
comerciantes, artesãos, funcionários públicos, militares e profissionais liberais)
-aspiravam por reformas, políticas, sociais e econômicas mais amplas, que, se
efetuadas por completo, transformariam grande parte da estrutura social
brasileira.

As diferenças político-ideológica entre os dois grupos centravam -se em


questões um tanto quanto polemicas. Propostas como a defesa, conforme o caso
de uma república democrática, do federalismo, da retirada do poder moderador,
da extinção do conselho de Estado, do fim da vitalidade do senado, da separação
da igreja e Estado, da nacionalização do comercio, do incentivo a indústria
nacional, de uma igualdade não-meramente jurídica, mas também social, da
emancipação gradual dos escravizados, e ate da reforma agraria e do sufrágio
universal, entre outras medidas, constituem parte do projeto político que era
veementemente combatido pelos moderados . Nem todos os exaltados, porém
defendiam todas essas propostas, já que sua identidade ideológica era menos
demarcada que a dos moderados; que havia aqueles que, por exemplo,
favoráveis a monarquia constitucional, ao invés da república, assim como outros que
não se manifestaram a favor a respeito do problema da escravidão, da reforma agraria
ou do voto. Mas por outro lado, havia moderados que simpatizavam com algumas
dessas propostas menos radicais, como a extinção do conselho de Estado, o fim do
poder moderados ou mesmo a descentralização política e administrativa, desde que
preservada a monarquia, a ordem social e as estruturas socioeconômicas. Porém, pode
se dizer-se que, em linhas gerais, tais ideias constituem se um divisor de águas entre
projetos dos dois grupos políticos.

Outra facção política que surgiu, os restauradores ou caramurus, fortalecendo-se a partir


de 1832, e era integrado por antigos aristocratas, e burocratas do primeiro reinado, bem
como militares e comerciantes portugueses de todo tipo. Combatiam duramente o 7 de
abril e a regência moderada, e defendiam uma monarquia fortemente centralizada, a
inviolabilidade da constituição (opondo se as reformas liberais pleiteadas, tanto pelos
moderados como pelos exaltados) e em alguns casos a restauração de dom Pedro ao
trono, além de insurgirem-se contra a discriminação racial contra negros e pardos e
contra as rivalidades entre brasileiros e portugueses.

Todas as três facções valeram-se de associações políticas e da imprensa como estâncias


de ação no espaço político. Quanto aos moderados foram os pioneiros, organizando a
poderosa sociedade defensora da liberdade e da independência nacional, criada em 29
de maro 1831, em São Paulo, e se estabelecendo em outras cidades e vilas, inclusive no
Rio de Janeiro. Em seguida vieram os exaltados, com a sociedade federal, instalada nos
últimos meses de 183, em Pernambuco, na Bahia, em São Paulo e na corte. Os
restauradores, por fim , contaram de inicio com a sociedade conservadora da
constituição política jurada no império do Brasil, formada no Rio de Janeiro, em janeiro
de 1832, e, em substituição a esta, com a sociedade militar, surgida também na corte,
em 11 de agosto de 1833, e eram integradas por políticos, publicistas, militares,
padres ,funcionários públicos, profissionais liberais e estudantes de cursos superiores. O
principal instrumentos de ação política dessas 2 facções eram os jornais, que se
multiplicaram na época. a polarização política levou a demarcação ideológica mais
precisa dos periódicos, de acordo com os grupos existentes. Neste contexto de disputas
políticas acirradas, cada grupo procurava, por intermédio de seus periódicos, atacar e
desmoralizar seus adversários, ao mesmo tempo formar uma opinião publica afinada
com seus ideais. Apenas esses dois instrumentos de luta não eram suficientes para
exaltados e restauradores, lograssem seus objetivos. Excluídos do poder executivo, em
absoluta minoria na assembleia geral e cada vez mais combatidos pelos moderados, no
poder, restava aos dois grupos opositores lançar mão de recurso mais extremado: a ação
direta nas ruas. Instigadas principalmente pelo discurso revolucionário, desenvolvido
pelos jornais e pelo aliciamento cotidiano efetuado diretamente nas vias públicas, nos
quarteis, tavernas, boticas e livrarias, uma serie de revoltas populares e de levantes
militares eclodiram em diversos pontos de país, já partir dos primeiros meses que se
seguiram a instauração da regência. (página 224)

Duas dessas revoltas se destacaram, em virtude de suas características mais peculiares.


A primeira foi a guerra dos cabanos, movimento restaurador entre 1832 e 1835, na
região a zona mata em Pernambucano e no norte de Alagoas (página 224). Foi a
primeira revolta em âmbito rural, e de maior impacto e duração. A outra foi a revolta
dos malês, ocorrido em Salvador, em 1835, a mais seria rebelião de escravizados
urbanos, ocorrido nas américas. E foi promovida por escravos islâmicos, que dada a sua
origem étnica incomum, possuíam uma identidade cultural mais acentuada e, logo, uma
maior capacidade de integração e mobilidade, oque, aliado as agitações políticas e
sociais do período, a crise econômica e as facilidades de circulação geográfica de
escravizados e libertos no meio urbano, constituíram fatores decisivos para a realização
do movimento, já prefigurado em uma serie de rebeliões escravas ocorridas
anteriormente na mesma cidade. A repressão a essa revolta foi uma das mais violentas,
sendo mortos cercas de 70 escravizados durante o conflito, e mais quinhentos foram
condenados a pena de morte (4 foram executados) prisão, açoite e deportações. (página
225)

AS REFORMAS LIBERAIS

A reformas liberais implementadas pela regência, pretendendo enfraquecer antigos


pilares do Primeiro Reinado, teve justamente como um dos seus principais foco o
aparelho repressivo. Uma das primeiras medidas nesse sentido foi a criação, em 18 de
agosto de 1831, da guarda nacional. Proposta em 1830 em decorrência da desconfiança,
e antipatia em relação ao exército nutridas pelos liberais que se opunham a dom Pedro,
os quais viam esta instituição como um instrumento de despotismo. Após a abdicação o
exército contínuo mal-visto, mas desta vez por motivos diversos: enquanto os exaltados
continuaram a vê-lo como um braço armado do despotismo (agora a serviço da
regência), os moderados passaram a encará-lo como avesso à ordem e com tendencia a
anarquia (em vista de sua participação nas revoltas do período). Consideraram
necessário cria uma instituição que suprisse o extenso corte previsto do efetivo militar
(pág. 225 a 226).

Menos duvidosa foram as reformas do sistema judiciário. Iniciadas ainda no primeiro


reinado. Em 15 de outubro de 1827 foram estabelecidos os juízes de paz, magistrados
não profissionais e sem remuneração, eleitos localmente pelos habitantes de cada
distrito de paz, a qual ficavam limitado, inicialmente encarregados da conciliação entre
partes envolvidas em litígios de menor importância (Pág. 226)

Em 16 de dezembro de 1830 foi instituído o código criminal, o código classificou os


crimes em três tipos: público, particulares e policiais. A intenção do código de proteger
a oposição das intervenções arbitrarias do governo ficou evidente na brandura das penas
que estabelecia, sobretudo em relação aos crimes políticos. (página 227)

As reformas do início da regência não poderiam deixar de recair sobre um dos pontos
mais explosivos das disputas políticas do primeiro reinado: a relação de forças entre o
executivo e o legislativo. Neste sentido, a lei de regência de, 14 de junho de 1831,
inverteu essa relação, fortalecendo o poder do parlamente em detrimento dos regentes.
Esses não podiam dissolver a câmara dos deputados, conceder anistias, outorgar títulos
honoríficos, suspender as liberdades individuais, decretar estado do sítio, declarar
guerra, ratificar tratados e nomear conselheiros, para tudo isso dependia do parlamento.
(página 227)

Promulgada em 12 de agosto de 1834, o ato á constituição estabeleceu a extinção do


conselho de Estado; a substituição da regência trina pela regência uma, sendo o regente
eleito, por um mandato de quatro anos, por voto secreto e direto; e a criação de
assembleias legislativa nas províncias, a quem competia legislar sobre os mais diversos
assuntos provinciais (pag. 228). O ato adicional completou a serie de reformas liberais
realizadas pela regência. Juntas elas cumpriram um duplo papel: ajudaram, por um lado,
a remover uma parcela significativa dos elementos autoritários do Estado imperial-
identificados á forte centralização política e administrativa, e, por outro, a reprimir a
oposição exaltada e restauradora – associada a anarquia. Não só os movimentos que
marcaram a primeira onda de revoltas regenciais foram todas derrotadas, como também
diversos periódicos representantes desses dois grupos, foram forçados a sair de
circulação em todo o país, sem falar no grande número de exaltados e restauradores que
foram presos ou mortos, por conta de suas atividades rebeldes ou panfletarias. Para
tanto a regência se valeu das milicias cívicas que organizou e dos juízes de pazes cujos
poderes ampliou. Métodos ilegais também foram utilizados pelo governo, o mais
escandaloso foi a tentativa de golpe perpetrado em 1832 por Feijó, então ministro da
justiça. Sempre reclamando, perante o parlamento, pelos limitados poderes que
dispunha para garantir a ordem pública, Feijó utilizou como pretexto para o golpe, o
fato de ter sido rejeitado pelo senado, em 26 de julho, o seu pedido para destituir José de
Bonifácio do cargo de tutor do futuro imperador ( sob, alegação de serem os Andradas
restauradores e conspirarem pela volta de dom Pedro), naquele mesmo dia, todo
ministério demitiu-se em protesto a decisão dos senadores, e ,quatro dias depois , a
regência, instada por Feijó , renunciou, alegando impossibilidade de constituir um novo
gabinete. Dando seguimento ao golpe. Uma comissão propôs a transformação d câmara
dos deputados em assembleia nacional constituinte, sem a participação do senado,
visando aclamar a constituição de Pouso Alegre (pág. 228) tal proposta de constituinte
defendia o fim do poder moderador e do senado vitalício, a derrubada do veto imperial
para os projetos aprovados, na mesma sessão parlamentar, por dois terços da câmara e
do senado, a criação da assembleia legislativa nas províncias e aprovação de uma
regência uma, sendo o regente nomeado a cada quatro anos pela assembleia geral. A
indicação da comissão foi, contudo, firmemente pelo deputado Honório Hermerio
carneiro Leão, que, junto com seus aliados, conseguiu evitar o desfecho do golpe. Os
regentes então reassumiram seus postos, e Feijó, ao invés de se tornar regente, acabou
por ser substituído no ministério.

No entanto se as reformas foram a expressão do predomínio político moderado, as


transformações que operaram colocariam em xeque essa própria posição. Por meio delas
houve um notável fortalecimento dos poderes locais, que passaram a dispor de grande
parte de instrumentos garantidores da ordem, sem, todavia, estarem bem afinados, com
os interesses mais amplo do poder central. Os problemas não tardaram a aparecer, e com
eles vieram as críticas e as desilusões em relação as mudanças realizadas (pag.229).

AS GRANDES REVOLTAS PROVINCIANAS

Do norte ao sul do país eclodiram revoltas, de proporções, durabilidade e impacto


político-social muito maiores do que as antecedentes. A cabanagem, no Pará (1835-
1840), a guerra dos farrapos, no Rio Grande do Sul (1835-1845), a sabinada, na Bahia
(1837-1838), e a balaiada, no Maranhão (1838-1841), marcaram esse novo ciclo de
revoltas. (pag. 230)

A cabanagem foi o mais notável movimento ocorrido durante o império. E o único cuja
camadas mais baixas em termos condição social (índios, caboclos e negros)
conseguiram ocupar o governo de toda uma província durante um período relativamente
extenso (9 meses), porém, os cabanos não possuíam qualquer programa de governo
definisse seus objetivos, e nem apresentaram um conjunto sistemático de exigências.
Em suas proclamações, transparecia apenas um profundo ódio aos portugueses,
estrangeiros e maçons, e a defesa pela liberdade, da religião católica, do Pará e de dom
Pedro II. Constitui se, assim, um movimento motivado pela insatisfação com a
interferência do governo central, pela lusofobia exacerbada, e pelo rancor aos poderosos
em geral, e impulsionada pela agitação sociopolítica da época e pelas liberdades que
passaram a desfrutar as províncias.

A segunda grande revolta do período foi um tanto quanto distinta, a guerra dos farrapos
ou revolução farroupilha, o mais duradouro movimento rebelde do Império. Zona de
fronteiras, vizinha a turbulenta região platina, tradicional foco de conflitos desde os
tempos das coloniais, o Rio Grande do Sul comportava uma sociedade militarizada,
formada por grupos de caudilhos que se mantinham distanciados do restante do país.
Tanto social quanto cultural e economicamente, o Rio Grande do sul estava mais
vinculado a região platina- sobretudo ao Uruguai e as regiões argentinas de Entre Rios e
Corrientes- do que ao império. A economia local provinha da pecuária e a produção do
charque, formavam grupos de poderosos charqueadores e estanceiros. Um dos
principais fatores desencadeadores da revolta consistiu no descontentamento desses
grupos com política tributária do Governo imperial, reivindicavam a redução de
impostos sobre o sal, e do imposto sobre a circulação de produtos nas províncias, e a
elevação na taxa de importação paga pelo charque platino, cuja produção (realizada por
mão-de-obra-assalariada) concorria em vantagem com a produção rio-grandense (cuja
mão-de -obra era escrava). Mas com o império em crise, o governo regencial não se
senti disposto a mudar a sua política tributária. Além disso, os farroupilhas opuseram
-se a uma sociedade militar caramuru instalada em 1833 na região e entraram em
choque aberto com presidente da província nomeado pela regência, Antônio Rodriguez
Fernandes Braga, para governar a província. Diferente da cabanagem a revolução
farroupilha foi um típico movimento de elite. Embora tenha contado com a participação
popular. (pag. 232 a 233)

A terceira grande revolta dessa fase foi a sabinada, na Bahia. O clima de agitação na
província, e em especial na capital, não havia apaziguado desde os distúrbios
federalistas de 1832-1833 e o levante malé. Diversos jornais e panfletos exaltados
atacavam duramente a regência, protestavam contra o envio de obrigatório de rendas da
província para a corte e de tropas locais para reprimir o movimento sulista,
manifestavam apoio aos cabanos e farroupilhas, e, por fim incitaram a população á
revolta. (pag. 223-224). A sabinada foi uma revolta aos moldes semelhantes aos
levantamentos urbanos do povo e tropa do período regencial, só que escala maior, com
uma base social mais ampla (contando com a participação de muitos comerciantes) e
com certas demandas ou novas e mais sedimentadas, como federalismo. Os sabinos
combatiam fortemente a regência e a centralização que esta impunha as províncias, não
acreditando que o ato adicional tivesse alterado esta situação; para eles oque imperava
era o colonialismo da corte. Opunham se também aos que chamavam de aristocratas,
associados aos senhores de engenho do recôncavo, pretendendo uma reforma social que
expurgasse, sem, contudo, precisarem em que esta consistia. (pag. 234)

A última revolta desta série de grandes revoltas regências foi a balaiada, no Maranhão.
A província passava por seria crise econômica, com a queda da produção e nos preços
de seu principal produto d exportação, o algodão, que perdendo progressivamente o
mercado pela concorrência da produção do sul, dos Estados Unidos, sofreu uma queda
de cerca de 20% na década de 1820. (página 234-235). Como a Cabanagem, a Balaiada
foi uma revolta não só de ampla participação popular (vaqueiros, cesteiros, pequenos
proprietários, agregados, libertos e escravos), mas também cujos principais líderes
desses mesmos extratos sociais. Resta ressaltar que essas revoltas, que as propostas e
medidas de secessão e de adoção da república, longe de integrarem as ideias que
realmente almejavam os grupos revoltosos, constituíam se sempre uma situação limite
frente a demandas regionais que o governo central insistia em não atender. Prova disto,
é que a independência ou a república foram proclamadas sempre em caráter provisório,
ou acompanhadas de manifestações pró-monarquias ou pró-unionistas (páginas 235-
236)

O REGRESSO CONSERVADOR E A MAIORIDADE

A desilusão coma maneira pela qual as reformas liberais estavam funcionando na


prática e a nova onda de revoltas provinciais abalaram profundamente a confiança no
rumo liberalizante da política efetuada pelos moderados e comprometeram
definitivamente a regência de Feijó, já desgastada pelos constantes atritos com a câmara
dos deputados e com a igreja. Com o racha na facção moderada, uma nova composição
política delineia -se neste período, sob a liderança de Bernardo Penha Vasconcellos.
Nesta composição terá papel de destaque um setor emergente de grandes fazendeiros do
Vale do Paraíba fluminense ligado á produção do café, o qual, a partir do quinquênio de
1831-1835, passou a ser o principal produto brasileiro de exportação, superando o
açúcar e o algodão. Aliados a esse setor, na coalizão, estavam a maioria dos
magistrados, burocratas, da corte e outros grandes fazendeiros, sobretudo da Bahia e de
Pernambuco, até então vinculados ao grupo moderado e inclusive, restaurador.
Formavam o chamado partido do regresso, núcleo que que veria ser o partido
conservador. A primeira vitória do regresso foi a renúncia de FEIJÓ, em 19 de
setembro de 1837, e a eleição em abril do ano seguinte, de Araújo Lima como regente
efetivo. Os regressistas foram também vitoriosos nas eleições para a nova legislatura
nacional, e ainda emplacaram Vasconcellos nas pastas do império e da justiça. Faltava
apenas agora efetuar as reformas na legislação para viabilizar o programa regresso.

A primeira dessas reformas foi lei de interpretação do ato adicional, de 12 de maio de


1840. Baseada em projetos de Soares de Sousa, essa lei, mas do que meramente
interpretar artigos do ato institucional que dava margem a confusões, na realidade
modificava o sentido deles, de modo a reduzir os efeitos da descentralização. Para tanto,
retirava o poder das assembleias provinciais de modificar a natureza e as atribuições dos
empregos públicos provinciais e municipais cujos postos foram criados por leis gerais;
tais assembleias também não mais podiam suspender ou demitir sumariamente os
magistrados, exceto em virtude de crime de reponsabilidade; proibiam se as províncias
de legislarem sobre assuntos de polícia judiciária; e abria-se margem para leis
provinciais consideradas opostas as leis á lei de interpretação fossem revogadas pela
assembleia geral.

O regresso, porém, estava longe de ser um movimento consensual entre a elite política
imperial. A ele se opuseram outros segmentos políticos da sociedade, que se reuniram
inicialmente pelo partido progressista, núcleo do logo seria o partido liberal. Como
apontou José Murilo de Carvalho, diferindo-os dos regressista e conservadores, eram,
basicamente profissionais liberais de extração urbana, e numerosos proprietários de
terras de áreas menos tradicionais, como Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
a estes se juntaram antigos liberais exaltados e, ainda poucos restauradores. Por
princípios, defendiam a descentralização e a prevalência do poder legislativo.

Em minoria em relação aos seus adversários políticos, os liberais fomentaram um


audacioso plano para conter o regresso conservador e chegarem ao poder, antecipação
da maioridade de dom Pedro, com apenas 14 anos à época. Desde 1835 alguns projetos
já haviam sido apresentados a câmara dos deputados com esta intenção. Mas foi
somente com a vitória do regresso e a formação do partido liberal que a ideia tomou
vulto. já em 15 de abril de 1840 foi fundado pelos liberais o clube da maior idade,
presidido por Antônio Carlos de Andrada. No dia seguinte a instituição da lei de
interpretação, de 13 de maio, Holanda Cavalcanti apresentou no senado um projeto
propondo a imediata decretação da maioridade; a proposta, contudo, foi rejeitada por
apenas dois votos de diferença. Mas a persistência de revoltas nas províncias e a
situação de instabilidade política e social do império deram impulso à campanha, que já
contava com a simpatia da ampla parcela da opinião pública, fazendo com que muitos
conservadores aderissem ao movimento; o prestígio e toda a mística que revestiam a
figura do imperador eram vistos agora como indispensável para o estabelecimento da
ordem que tanto pregava o regresso. Assim em 21 de julho, Antônio Carlos colocaria
em destaque na câmara um novo projeto de maior idade. Procurando ganhar tempo e
tomar a frente do movimento os conservadores resolveram adiar as sessões até 20 de
novembro, alegando estarem preparando a maior idade para quando dom Pedro
completasse 15 anos, em 2 de dezembro. Mas o senado se opôs a manobra, e uma
comissão parlamentar, liderada por Antônio Carlos, dirigiu se a dom Pedro para propor-
lhe a imediata proclamação de sua maioridade. O famoso “quero já” do soberano pois
fim a contenda, e logo em 23 de julho é dissolvida a regência e iniciado o segundo
reinado. No dia seguinte é formado o gabinete da maior idade, liberais enfim chegaram
pela primeira vez ao poder (página 238, nomes).

Iniciasse então um sistema de rotatividade periódica de liberais e conservadores a frente


dos gabinetes ministeriais, que irá cumprir a dupla função de possibilitar, o rodízio dos
dois partidos no poder, de forma a procurar contentar, ou ao menos alentar, as ambas as
coalisões, e, assim, de permitir a coroa regular os conflitos entre as elites políticas a
longo do tempo. O ministério liberal logo entrou em atrito com a câmara de maior idade
conservadora, pairando a ameaça de dissolução dela. A fim de evitar o prolongamento
dos conflitos, decidiu o ministério intervir nas eleições de 1840 para a próxima
legislatura e garantir a vitória dos liberais. Para tanto promoveu inúmeras
irregularidades e fraudes em nomeações de províncias, remoção de juízes de pazes, de
direito e chefes de polícia, qualificação fraudulenta de eleitores de paróquias ou de
províncias. Impedimentos de eleitores contrários, coações entre outras irregularidades.

As fraudes empregadas resultaram em lhes garantiu vitória do partido liberal, mas o


escândalo abalou a confiabilidade do ministério. Nestas condições a queda dele foi
inevitável, o que ocorreu em 23 de março de 1841. Inaugurando o sistema de rodízio
entre os partidos, o imperador formou um novo gabinete, entregue aos conservadores,
que se encarregaram, assim de dar continuidade ao programa regresso (página.239).

Em 22 de novembro é restabelecido o conselho de Estado, e em 3 de dezembro é


aprovada a reforma do código do processo criminal, a principal obra do regresso.
Estabelecendo uma rígida hierarquia de cargos e funções, o código centralizou toda a
estrutura administrativa judiciaria e policial, colocando a sobre o poder central. No topo
desta estrutura, estava o judiciário estava o ministro da justiça, representando o
imperador. Que nomeava, os chefes de polícia, comandantes da guarda nacional,
desembargadores, juízes municipais. O código esvaziou os poderes dos juízes de pazes
que eram eleitos localmente. A reforma do código também ampliou os requisitos para
que queria ser jurado, tinham agora que saber ler e escrever. Outra medida de controle
foi a requisição de que cada pessoa que viajasse pelo interior do império levasse consigo
um passaporte para evitar interrogatórios e possíveis expulsão de um município. A obra
centralizadora do regresso, foi estendida, ainda, pelo restabelecimento do exercício do
pode moderador.

Tais medidas acirraram os ânimos dos liberais, temorosos de ficarem excluídos


definitivamente do poder. Em primeiro de abriu seu medo pareceu se confirmar, quando
o governo conservador dissolveu ainda antes que se reunisse pela primeira vez, a
câmara eleita durante o gabinete da maior idade. O golpe foi decisivo para que os
liberais passassem da oposição legal á revolta armada. Em 17 de maio do mesmo ano
irrompe a rebelião de São Paulo, com participação dos ex-gerentes Feijó e Vergueiro, e
em 10 de junho em Minas Gerias, tendo à frente os líderes liberais locais. Em ambos os
casos, foi o movimento, embalado pela sociedade dos invisíveis, sociedade secreta
fundada por José de Alencar. A insurreição se estendeu de maneira reduzida, por
algumas regiões fluminenses do Vale do Paraíba. Em são Paulo e em Minas gerais
foram formados governos revolucionários. Mas não se pretendia derrubar o imperador e
nem, tampouco pleitear mudanças de caráter social, visava-se apenas forçar a queda do
gabinete conservador e a suspensão das reformas regressistas. A revolta não se
prolongou pelas camadas populares, ficando limitadas, sobretudo, a grupos de
proprietários de terras, (com o apoio da guarda nacional) esses que se dividiram entre
rebeldes e governistas. Assim foi facilmente tratada pelas tropas legalistas, durando
apenas um mês em São Paulo e dois meses em Minas. Os principais líderes do levante
foram presos e deportados para Lisboa e anistiados em 1844 quando os liberais
retornaram ao governo. (240)

Problemas de ordem externa vieram então à tona. Em novembro de 1842 ou 1844


segundo a Inglaterra, expirava o tratado comercial anglo-brasileiro de 1827. Era esse o
objeto no Brasil de críticas generalizadas, principalmente por parte dos conservadores,
sendo atribuído ao mesmo o não desenvolvimento de manufaturas no país e abaixa
arrecadação fiscal do governo, cuja receita provinha em cerca de 80% da arrecadação
alfandegaria, na década de 1840. Havia também queixas contra os privilégios
extraterritoriais, como os juízes conservadores, que tinham os ingleses no país e contra
as taxas altíssimas cobradas sobre produtos primários brasileiros na Inglaterra. Essa,
todavia insistia em renovar o tratado, exigindo, além das tarifas preferenciais para as
manufaturas, que o Brasil não só cumprisse as clausulas antes estabelecidas relativas a
extinção do trafego negreiro, mas também que, em uma data próxima, tornasse livres
todos os filhos de mães escravizadas, comprometendo se, ainda , a estender o quanto
antes a emancipação a todos os escravizados; tudo isso em troca da redução das taxas de
importação do açúcar brasileiro . Porém desta vez o governo brasileiro não cedeu, e o
tratado expirou, sem ser renovado, tal fato assinalou o declínio do predomínio da
política inglesa no Brasil.
Indo mais além o Brasil baixou uma série de medidas protecionista. A mais importante
foram as chamadas Tarifas Alves Branco, que estabelecia tarifas alfandegarias de 60%
sobre o tabaco e gêneros afins, e 20% sobre os tecidos e fiações de algodão. O objetivo
era proteger e estimular as manufaturas nacionais, e sobretudo aumentar a receita fiscal
do governo, de modo a superar o déficit orçamentário. Um outro problema mais grave
afetou as relações Brasil e Inglaterra ainda na década de 1840: a questão do tráfego
negreiro intercontinental (241-242).

Em 19 de agosto de 1846, o parlamento aprovou a primeira reforma eleitoral. Esta,


todavia, significou o retrocesso em termos de franquia eleitoral. Alegando que os
critérios censitários estabelecidos pela constituição de 1824 restringia muito pouco a
participação, e de que, com a inflação das duas últimas décadas, tornaram se mais
liberais esses critérios, implantou se então uma nova lei eleitoral que buscava evitar a
expansão do eleitorado, pela deterioração do critério renda. Além d excluir as praças-de-
pré, a lei determinou também que se calculasse em prata a renda exigida, que
significava dobrar tal quantia, que passou a ser de duzentos mil-réis.

Os gabinetes que se sucederam durante o quinquênio liberal de 1844 a 1848 não se


empenharam em derrubar as reformas centralizadoras do regresso que os próprios
liberais tanto criticaram quando estavam fora do governo. Pareciam, aceitar a tese
conservadora de tais medidas eram necessárias para o bom governo e a manutenção da
ordem. Os conflitos constantes com a câmara dos deputados, no entanto, desgastaram o
governo liberal, e, em 29 de setembro de 1848, o Imperador decidiu chamar de volta os
conservadores ao poder, criando um gabinete. A primeira missão desse novo gabinete
conservador foi enfrentar mais uma revolta. Era a praieira, que em novembro eclodia
em Pernambuco. A tradição de agitações populares da província contribui para que
houvesse, depois da guerra dos cabanos, uma estreita aproximação entre a aristocracia
açucareira pernambucana, reunindo as famílias Rego-Barros- que comandava os
liberais. Como resultado deste arranjo, em 1837 foi nomeado o Baroa de Suassuna para
governar a província, e em 1840 o Barão de Boa Vista. Em fins de 1842, porém, uma
ala do partido liberal se rebelou contra seus dirigentes e contra o governo do Barão da
Boa Vista, a quem acusavam de monopolizar os cargos e contratos para seu partido e
para a chefia do partido liberal. A dissidência fundou assim, o partido nacional
pernambucano, chamado também de partido da praia, por estar localizado na rua da
praia a tipografia que imprimia o diário novo e os outros jornais do grupo. Formado por
senhores de engenho e comerciantes médios, além de pequenos lavradores e rendeiros, o
partido se fortaleceu na província dominando a assembleia legislativa e legendo uma
considerável bancada de deputados gerais.

Os praieiros chegaram ao poder em 1845, visando, particularmente, o controle do


aparelho repressivo provincial. A perseguição aos adversários do partido, as fraudes
eleitorais e os impasses na política de concessão de crédito para a lavoura açucareira em
crise. Por sua vez, em Recife, a política de aumento de impostos para combater de
recursos gerou entre 1847 a 1848, uma onda de protestos, cujo principal alvos foram os
portugueses e suas casas de comerciais, a quem atribuíam o desemprego e a alta no
custo de vida, causada pela política tributária. (243)

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