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Narrativas desobedientes: notas para pensarmos

um currículo decolonial

Késia dos Anjos Rocha – Doutoranda em


Educação/UFS/São Cristovão-SE

Orientador: Prof. Dr. Alfrancio F. Dias


Apresentando
algumas das
obras...

Omo-Obá – histórias de
princesas de Kiusam de
Oliveira
A princesa e a costureira,
de Janaína Leslão
Campos de disputas
Ações de censura
Pontos centrais

As histórias infantis, os livros didáticos, o currículo de maneira geral têm


contribuído para a manutenção de uma perspectiva monocultural que
desenha determinados/as sujeitos/as e suas identidades (SILVA, 2008).

As duas obras têm em comum o fato de serem narrativas dissidentes no


que se refere a gênero, sexualidades e raça e o fato de terem sofrido com
regulações sociais e políticas – tentativas de silenciamentos.

Em meio a essas tentativas de silenciamentos, ou de colonização de


pensamentos e existências, elas apontam horizontes para uma possível
modificação de um determinado modelo de geopolítica do
conhecimento (BERNARDINO-COSTA, GROSFOGUEL, 2016).
Conceitos que nos ajudam a pensar

Movimento de
Secularização secularização (mudanças
/Cultura e nos modos de agir, pensar
Laicidade/Estado perceber a vida) caminhou
(CUNHA, 2016) numa velocidade mais
rápida que o movimento de
laicidade do Estado.

Estrutura-se por meio


da criação de
Políticas de
estereótipos – que
representação
reduzem e
(HALL, 2013)
essencializam as
diferenças
Caminhos possíveis...

As obras apresentadas subvertem as


Reversão de representações naturalizadas de gênero,
estereótipos raça, sexualidades.
(HALL, Stuart,
2013) São estratégias de resistência pois
desafiam os binarismos e reducionismos
que permeiam muitas decisões políticas
conservadoras

Interseccionalidade
Natureza interligada da diversas
(COLLINS, Patrícia,
opressões.
2016)
Contribuições do feminismo
negro
Vozes de mulheres forasteiras
– “estrangeiras de dentro”.
Desfechos em reticências...

A princesa e a costureira têm


seguido seu caminho ocupando
Em Omo-Obá, podemos acreditar alguns cenários brasileiros.
que Oiá soprou bem forte e fez com Buscando cruzar fronteiras, elas
que Iemanjá, Oxum, Ajê Xalugá, têm entrado e saído de livrarias,
Olocum e Oduduá (personagens do espaços culturais, mídias
livro) cruzassem os portões da sociais, teatros e, em nossos
escola e lá fizessem morada. desejos mais íntimos, talvez até
estejam passeando em algumas
salas de aulas por aí...
A expectativa é que os ventos não parem de
V
soprar e que princesas guerreiras, costureiras, e
camponesas, sapos e monstros intergalácticos n
da desconstrução também possam trilhar esse t
o
caminho e cruzar fronteiras rumo a uma escola
s
mais democrática e mais humanizada....

Até mais!

kesiaanjos@gmail.com
Não foi uma caminhada solitária...

BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista


Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, jan./abr. 2016.

COLLINS, P. H. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista


negro. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 99-127, jan/abr. 2016.

CUNHA, L. A. O projeto reacionário de educação.


In:<http://www.luizantoniocunha.pro.br/uploads/independente/1-EduReacionaria. 2016. Acesso em: 30
de julho de 2018.

GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem


Fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, jan./abr. 2012.

HALL, S. El espetáculo del ‘otro”. In: HALL. S. (Org.). Sin garantías: trayectorias y problematicas en
estudios culturales. Ecuador: Corporación Editorial Nacional, 2013, p. 431-457.

HALL. S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.

HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins
Fontes, 2013.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (Org.). Identidade e


diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2008, p. 73-102.

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