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1 Objetivos
Ao final deste módulo, você será capaz de:
2 Introdução
No passado, o foco da segurança estava na abordagem puramente técnica. Os
gestores das organizações de aviação atuavam exclusivamente na parte técnica das
empresas, discutindo os assuntos de segurança operacional apenas no escopo interno.
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Unidade 2- Conceitos Fundamentais de Segurança Operacional
Embora os fatores humanos tenham se destacado ao longo dos anos como os principais
fatores contribuintes aos acidentes aéreos, ficou claro que fatores organizacionais
tinham uma participação importante. Esses fatores, em um sentido mais amplo, só
passaram a ser considerados anos depois, com a incorporação das melhores práticas
à indústria de aviação, bem como de noções de administração de empresas, tratando a
segurança operacional de forma mais integrada no campo da gestão.
3 A Segurança Operacional
Caro aluno, esta seção apresenta o conceito de segurança operacional e como
a sua percepção foi evoluindo ao longo dos anos. Vamos então iniciar nossa jornada?
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tornaram excepcionalmente confiáveis, sustentáveis e seguras. Este último aspecto, a
segurança das operações, será discutido nesta seção.
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em um nível aceitável, ou abaixo desse nível, por meio de um processo contínuo de
identificação de perigos e gerenciamento de riscos”.
Não devemos ver a nova definição como uma ruptura em relação à definição
clássica. A nova definição é uma evolução, assim não temos mais explicitamente escrito
no conceito o trecho: “processo contínuo de identificação de perigos e de gerenciamento
de riscos”. Na nova definição, a identificação de perigos e o gerenciamento de riscos
estão cobertos pela redução e controle de riscos.
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aeronáutica e dos regulamentos existentes, a taxa de acidentes começou a diminuir
gradualmente. Na década de 1950, a aviação havia se tornado uma das indústrias mais
seguras e regulamentadas do mundo.
A terceira etapa se caracteriza pela busca de uma compreensão plena das falhas
de segurança operacional. A perspectiva da segunda etapa foi bastante eficaz na
análise das falhas de segurança operacional, ao determinar O QUE aconteceu, QUEM
foi o responsável e QUANDO aconteceu. Por outro lado, essa perspectiva não era eficaz
ao tentar revelar o PORQUÊ e COMO a falha aconteceu, aspectos de extrema
importância para a compreensão das falhas operacionais.
Nos últimos anos, bastante progresso tem sido feito na busca da compreensão
plena de todos os aspectos que envolvem uma falha de segurança operacional. Esse
progresso pode ser visto no contexto da evolução do pensamento sobre segurança
operacional que passou a considerar como possíveis precursores de acidentes ou
incidentes graves fatores técnicos, humanos e organizacionais. E, conforme uma nova
visão apresentada na quarta edição do Safety Management Manual (ICAO, 2018), há
uma nova concepção tomando corpo e contribuindo com a evolução desse pensamento:
a complexidade do sistema de aviação, no qual vários atores desempenham seus
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papéis como prestadores de serviços e como reguladores, exigindo considerar ainda as
interfaces entre eles para compreender como falhas de segurança podem surgir.
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Existem vários casos que ilustram a falha de segurança operacional intimamente
ligada a questões tecnológicas, dentre os quais nós destacamos os acidentes que
aconteceram em 1954 com as aeronaves Comet.
O HAVILAND DH 106 COMET foi o primeiro avião a jato comercial do mundo. O tipo
foi projetado e construído na Grã-Bretanha, e obteve mais de 50 encomendas.
Em 10 de janeiro de 1954, o COMET G-ALYP, que fazia o voo 781 da BOAC (British
Overseas Airways Corporation), sofreu um evento catastrófico na última etapa do
voo entre Singapura e Londres. O acidente aconteceu aproximadamente vinte
minutos após a aeronave decolar de Roma com destino a Londres, enquanto estava
subindo para a altitude de cruzeiro. Quando o comandante do voo 781 realizava
comunicações com outra aeronave, a transmissão foi interrompida abruptamente.
O COMET se desintegrou em voo e todos os 35 ocupantes da aeronave morreram.
Os destroços da aeronave caíram no mar, perto da ilha de Elba. A BOAC decidiu
voluntariamente manter a sua frota de COMETS no chão até obter os resultados da
investigação do acidente.
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aeronave G-ALYY estava fazendo uma etapa de Roma até Cairo quando caiu no Mar
Mediterrâneo, perto de Nápoles. Todos os 21 ocupantes faleceram. A frota de
COMETS foi novamente colocada fora de serviço, inclusive com a revogação do
Certificado de Tipo e paralisação da produção, e uma investigação de âmbito maior
foi iniciada.
http://jimcofer.com/2007/06/22/how-a-comet-destroyed-an-entire-industry/
https://en.wikipedia.org/wiki/De_Havilland_Comet
https://www.baaa-acro.com/sites/default/files/import/uploads/2017/04/G-
ALYP.pdf
O início da década de 1970 foi o começo da “Era dos Fatores Humanos”, pois
os esforços de segurança operacional passaram a considerar o desempenho dos
indivíduos e suas diversas interações, incluindo a interface entre o homem e a máquina.
Muitos investimentos foram feitos para tentar controlar e reduzir o erro humano. No
entanto, mesmo com o desenvolvimento notável na questão dos fatores humanos na
aviação, as falhas de segurança operacional continuavam a ocorrer.
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Um dos acidentes mais notáveis da aviação teve grande participação dos
aspectos humanos nos fatores contribuintes. Trata-se da catástrofe de Tenerife, na qual
561 vidas foram ceifadas, e que iremos ler a respeito a seguir.
Este é o maior desastre aéreo até os dias de hoje, onde 583 pessoas perderam a
vida. No dia 27 de março de 1977, dois Boeings 747 colidiram entre si na pista do
aeroporto de Los Rodeos, na ilha de Tenerife, no Arquipélago das Canárias.
Com isso, vários voos que tinham como destino o aeroporto de Las Palmas foram
desviados para o aeroporto de Los Rodeos. Dentre eles, estavam os voos Pan Am
1736 e KLM 4805. Los Rodeos não tinha capacidade para receber adequadamente
tantos voos, ainda mais de aeronaves do porte do Boeing 747. Com o pátio do
aeroporto congestionado, os Boeings 747 foram estacionados na área de espera da
pista 12, próximos à entrada da pista mas em lado oposto à cabeceira para início
da corrida de decolagem. Outras aeronaves ficaram estacionadas nas pistas de taxi.
Quando o aeroporto de Las Palmas foi reaberto, as aeronaves desviadas para Los
Rodeos começaram a se preparar para partir em direção a seu destino programado.
O KLM 4805 recebeu a liberação para deslocar-se em direção à cabeceira da pista
antes do avião da Pan Am. Ele deveria taxiar ao longo de toda a pista de pouso e
decolagem do aeroporto (pista 30) até a cabeceira oposta, fazer meia-volta e
preparar-se para a decolagem.
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que não tinha espaço para frenagem. Mesmo tendo conseguido alguma altura, a
colisão foi inevitável e as aeronaves foram destruídas e consumidas pelo fogo.
https://en.wikipedia.org/wiki/Tenerife_airport_disaster
https://www.telegraph.co.uk/travel/comment/tenerife-airport-disaster/
https://www.linkedin.com/pulse/brief-history-human-factors-aviation-rahul-
monga
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chegou-se ao reconhecimento de que os indivíduos operavam dentro de um ambiente
definido por aspectos organizacionais.
O chamado erro humano, que era visto como a causa de falhas de segurança
operacional, passou a ser compreendido como um sintoma de problemas e de
deficiências na organização. Dentro deste contexto, a percepção do papel do erro
humano foi aprimorada. Assim, ao se identificar um erro do indivíduo, percebeu-se que
não se chagava à causa de um acidente, mas sim ao ponto de partida para a busca dos
fatores contribuintes.
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O acidente do AF 447
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identificou alguns pontos de aprimoramento relativos à formação e ao treinamento
das tripulações técnicas.
O BEA detectou que o treinamento não estava dando aos pilotos a capacidade
necessária à identificação do modo de controle de voo da aeronave, o que tem
impactos sobre o nível de proteção que o sistema de controle da aeronave está
oferecendo, e também sobre o nível de supervisão que a tripulação técnica precisa
manter sobre os parâmetros de voo e a trajetória da aeronave.
Outro aspecto que o BEA apontou que poderia ser mitigado em treinamento é o
desenvolvimento das capacidades de reação a situações de imprevistos e de
surpresa, no âmbito do gerenciamento dos recursos da tripulação (CRM). Tais
situações podem resultar em aumento significativo e rápido da carga de trabalho
da tripulação técnica, com decorrente degradação da qualidade das comunicações
e da coordenação entre os pilotos.
https://www.bea.aero/enquetes/vol.af.447/note05juillet2012.br.pdf
https://www.bea.aero/fileadmin/documents/docspa/2009/f-cp090601/pdf/f-
cp090601.pdf
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Bem, a partir do início do século XXI, diversos Estados e provedores de serviços
de aviação civil começaram a atingir um grau de maturidade mais notável, com base em
experiências das abordagens de segurança da aviação de anos anteriores. O
gerenciamento da segurança operacional passou a ser realizado de forma mais efetiva
nos provedores pela implementação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança
Operacional (SGSO), como parte das exigências estabelecidas pelos Programas de
Segurança Operacional dos Estados (State Safety Program ou SSP, em inglês),
resultando em melhorias na segurança.
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para desempenhar as suas atividades, e também como elas encaram as suas
responsabilidades em relação à segurança.
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e) Estabelecimento de políticas, processos e procedimentos para encorajar relatos de
segurança operacional;
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4.2 A Avaliação dos Fatores Humanos no Desempenho Operacional
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indivíduo, que precisa se adaptar a variáveis como atualização, precisão, formato e
apresentação, vocabulário, clareza e simbologia.
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notadamente na interface entre o indivíduo e os equipamentos (L-H) do modelo SHELL.
Uma perspectiva prática para se descrever a origem do erro operacional é vê-lo como
uma falha na interface L-H (indivíduo – tecnologia), em contraposição à abordagem de
supor que o erro humano tem sua fonte na pessoa e em seus aspectos psicológicos.
Desta maneira, podemos atuar efetivamente sobre essa interface para tentar dominar
as possíveis falhas através do gerenciamento da segurança operacional.
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Até o momento, a discussão está sendo ao redor dos erros operacionais, que
foram caracterizados como um componente normal de sistemas em que existe a
interação entre seres humanos e tecnologias, como é o caso da aviação. É preciso
também tratar de outro aspecto que, como os erros operacionais, também provoca
falhas no sistema e pode levar a situações perigosas: a violação. Portanto, deve-se
estabelecer a diferença entre erros e violações para que o gerenciamento da segurança
operacional seja realizado satisfatoriamente.
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estão infringindo voluntariamente regras, cometendo desvios de procedimentos,
protocolos, normas ou práticas operacionais estabelecidas.
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O modelo de Reason representa a operação do sistema de aviação civil sob
condições de perigo. Nesse modelo, o acidente é resultante de sucessivas violações de
múltiplas defesas por meio da combinação de condições latentes (aspectos
organizacionais) e falhas ativas (desempenho humano). Assim, fatores isolados não
resultam em um acidente, pois as defesas do sistema atuam de maneira a evitar a
catástrofe.
Para que um acidente ocorra, é necessário que uma série de fatores isolados se
unam de maneira favorável para romper as defesas do sistema. As defesas não são
intransponíveis. Existem brechas nas defesas que são consequências de decisões
tomadas nos níveis mais elevados do sistema (alta chefia, diretoria, alta direção). Essas
brechas permanecem latentes até que sejam ativadas por circunstâncias específicas,
como erros humanos na operação.
Aqui, cabe uma pergunta: como podemos identificar o que são as falhas ativas?
As falhas ativas são vistas como atos inseguros e são geralmente associadas ao
pessoal operacional (pilotos, controladores de tráfego aéreo, mecânicos de manutenção
aeronáutica, etc.). As falhas ativas ocorrem em um contexto operacional que inclui as
chamadas condições latentes.
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E o que são as condições latentes?
Por conta de sua natureza, as condições latentes só têm a sua natureza nociva
evidenciada após uma ocorrência de segurança operacional, e é a partir daí que elas
são reconhecidas como sendo falhas. As condições latentes usualmente são ligadas ao
pessoal da administração da empresa, isto é, aqueles que tomam decisão.
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dominar as condições latentes e evitar que algo pior aconteça e comprometa a
segurança das operações.
As defesas são recursos fornecidos pelo sistema para proteger contra os riscos
de segurança operacional que organizações geram e devem controlar. No sistema de
aviação, há várias defesas que são incorporadas em profundidade para proteger contra
flutuações no desempenho humano ou contra decisões deficientes em todos os níveis
da organização, desde o pessoal operacional até a alta administração, passando pelos
níveis de supervisão e de gerência.
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erros operacionais. Nesse contexto, os dois processos de relevância primordial para a
segurança operacional são a alocação de recursos e a comunicação. Deficiências
nesses processos são a origem de um caminho duplo para falhas de segurança
operacional que levam ao acidente: o caminho das condições latentes e o das condições
do local de trabalho.
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identificar condições latentes, para então reforçar as defesas do sistema. Ao mesmo
tempo, esse monitoramento permitirá melhorar as condições do local de trabalho para
conter as falhas ativas. Desta maneira, evitando o encadeamento de todos esses
fatores, os esforços de segurança operacional podem intervir na ocorrência de acidentes
ou incidentes graves. Esses esforços de segurança operacional são mostrados
esquematicamente na Figura 9.
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Estratégias de captura: são as estratégias que assumem que o erro operacional foi
cometido e buscam capturá-lo antes que suas consequências adversas sejam
sentidas. Nesta estratégia, não se busca reduzir ou eliminar o erro, como no caso
das estratégias de redução. Exemplos: listas de verificação, travas de segurança,
etiqueta de tarefas etc.
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Estão continuamente se comportando para preservar e aumentar a segurança;
Por outro lado, quando a organização possui uma cultura positiva de segurança
operacional, e esta é visivelmente apoiada pelos superiores, o pessoal operacional
tende a sentir uma responsabilidade compartilhada em atingir os objetivos de segurança
operacional da organização. Dessa forma, o estabelecimento de uma cultura positiva
com relação à segurança operacional passa pelo estabelecimento de cima para baixo
de um ambiente favorável para tal, isto é, com a sua origem nos níveis superiores da
organização. Ela deve contar com um alto grau de confiança e respeito entre os
funcionários e a administração. Os funcionários precisam acreditar que suas ações em
prol da segurança operacional serão apoiadas pela chefia. Eles também precisam
compreender que as violações de segurança operacional não serão toleradas.
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• Gestores e funcionários compartilham de uma consciência comum sobre riscos
enfrentados pela organização e a necessidade de gerenciá-los;
Por fim, podemos dizer que as ações da gestão e dos funcionários podem ajudar
a tornar a cultura de segurança de sua organização mais positiva. A Tabela 1 a seguir
lista alguns exemplos de ações que facilitam ou dificultam uma cultura positiva de
segurança operacional (ICAO, 2018).
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Tabela 1 – Exemplos de ações que facilitam ou dificultam uma cultura positiva de segurança operacional – adaptado de ICAO (2018)
Elemento Ações que facilitam Ações que dificultam
Compromisso com a segurança operacional
O compromisso com a segurança operacional A gestão conduz a cultura de A gestão é ativa em demonstrar que o
reflete a medida em que os níveis apropriados da segurança operacional e motiva lucro, a redução de custos e a eficiência
organização têm uma atitude positiva em relação à ativamente seus funcionários a se vêm em primeiro lugar.
segurança operacional e reconhecem a sua preocupar com a segurança Investimentos em melhorias de
importância. A alta direção deve ser genuinamente operacional, não só pelo discurso, segurança são frequentemente feitos
comprometida em atingir e manter um alto nível de mas também agindo como modelo. quando requeridos por regulamentos ou
segurança operacional e também deve dar aos seus A gestão fornece recursos para uma depois de acidentes.
funcionários a motivação e os meios de atingi-la. variedade de atividades relacionadas Nem supervisão, nem governança
à segurança operacional (ex.: relacionadas ao gerenciamento da
treinamento). segurança operacional são
Supervisão e governança contínuas estabelecidas.
do gerenciamento da segurança
operacional são estabelecidas.
Adaptabilidade
A adaptabilidade reflete a medida em que os Contribuições de funcionários são Contribuições de funcionários
funcionários e a gestão estão dispostos a aprender ativamente encorajadas quando relacionados a problemas de segurança
com experiências passadas e são capazes de tomar problemas de segurança operacional operacional não são buscadas em todos
as medidas necessárias para elevar o nível de são endereçados. os níveis da organização.
segurança operacional na organização. Todos os incidentes e descobertas de Ações são frequentemente tomadas
auditorias são investigados e ensejam somente após acidentes ou quando
a tomadas de ações. exigidas pela regulação.
Processos e procedimentos Processos e procedimentos
organizacionais são questionados organizacionais são considerados
quanto ao seu impacto na segurança adequados desde que nenhum acidente
operacional (autocrítica elevada). aconteça (complacência ou falta de
autocrítica).
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necessários para mantê-la devem ser colocados em Comportamentos inseguros prejudiciais à segurança operacional da
prática. intencionais não são tolerados pela aviação.
gestão e pelos colegas. Nenhum monitoramento da segurança
As condições de trabalho suportam operacional da aviação dentro dos
a segurança operacional da aviação produtos e serviços é praticado.
o tempo todo. Críticas construtivas para o benefício da
segurança operacional não são bem-
vindas.
Informação
Informação reflete a medida na qual a informação é Um ambiente aberto e justo de Um ambiente de culpabilidade é evidente.
distribuída para todo o pessoal necessário dentro da relatos de segurança operacional Informações de segurança operacional
organização. Funcionários devem ser habilitados e existe. relevantes são retidas.
encorajados a relatar preocupações de segurança Funcionários são fornecidos com A efetividade das comunicações de
operacional e receber feedback dos seus relatos. informações relevantes de segurança não é monitorada.
Informações de trabalho relacionadas com a segurança operacional de maneira Nenhuma transferência de conhecimento
segurança operacional devem ser comunicadas tempestiva para permitir operações ou treinamento é fornecido.
significativamente às pessoas corretas para evitar seguras ou tomada de decisões.
falhas de comunicação que possam levar a A gestão e os supervisores
situações e consequências perigosas para o regularmente checam se as
sistema de aviação. informações relevantes de
O Estado está aberto a compartilhar informações segurança são entendidas e se são
relacionadas à segurança operacional a todos os tomadas as ações apropriadas.
provedores de serviços de aviação. Transferência de conhecimento e
treinamento em relação à
segurança operacional são
ativamente praticados (ex.:
compartilhamento de lições
aprendidas).
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Confiança
A contribuição dos funcionários para a segurança Existe uma distinção entre Não existe distinção clara de
prospera em um ambiente de relatos que cria comportamento aceitável e comportamento aceitável e inaceitável.
confiança – confiança que suas ações e omissões, inaceitável, que é conhecida por Funcionários são sistematicamente e
proporcionalmente com seu treinamento e todos os funcionários. rigorosamente punidos por erros humanos.
experiência, não serão punidas. Uma abordagem Investigação de ocorrências Investigação de ocorrências e acidentes
viável é aplicar testes de razoabilidade – ex.: é (incluindo acidentes e incidentes) focam somente em fatores individuais.
razoável que uma pessoa com o mesmo nível de consideram indivíduos bem como Bons resultados de segurança operacional
experiência e treinamento possa fazer a mesma fatores organizacionais. são subestimados.
coisa. Tal ambiente é fundamental para relatos de Bons resultados de segurança
segurança efetivos e eficientes. operacional são reconhecidos e
Sistemas de relatos de segurança operacional recompensados regularmente.
efetivos ajudam a garantir que as pessoas estejam Existe disposição entre os
dispostas a reportar seus erros e experiências, de funcionários e pessoal operacional
maneira que Estados e provedores de serviços para reportar eventos nos quais eles
tenham acesso aos dados relevantes e informações estejam envolvidos.
necessárias para endereçar deficiências de
segurança e perigos existentes e potenciais.
Criação de um ambiente no qual as pessoas
possam estar confiantes que os dados de
segurança operacional e as informações de
segurança operacional serão usadas
exclusivamente para melhorar a segurança
operacional.
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O nível de maturidade da cultura de segurança operacional pode ser medido
através de pesquisas, formulários e entrevistas considerando-se perspectivas internas
e externas à organização e pode ser classificado em um dos seguintes níveis de
referência (Brasil, 2017):
Patológica: neste nível de maturidade, que é o mais baixo que o provedor pode se
encontrar, é possível identificar que os integrantes não consideram a segurança
como um aspecto que depende da contribuição de todos. Também é possível
perceber que os integrantes da organização consideram equivocadamente que a
segurança é uma mera consequência da existência de bons procedimentos e de
equipamentos que funcionam regularmente.
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quaisquer previsões de deficiências do sistema antes da ocorrência de erros ou da
identificação e correção de deficiências do sistema por meio de uma análise profissional
de ocorrências de segurança operacional.
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Estratégia preventiva: baseada na premissa de que as falhas do sistema podem ser
minimizadas. Identifica os perigos à segurança operacional existentes no sistema
antes que ele falhe e toma as ações necessárias para reduzir os riscos que afetam
a segurança operacional. Sistema de relatos mandatórios e voluntários, auditorias e
pesquisas de segurança são exemplos de estratégia preventiva de gerenciamento
da segurança operacional.
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ser compartilhadas com o pessoal operacional, que poderá utilizá-las em sua
rotina.
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O resultado de adotar esses oitos princípios é uma cultura organizacional que
favorece práticas seguras, incentiva a comunicação sobre segurança efetiva e gerencia
ativamente a segurança com a mesma atenção com que trata a gestão financeira.
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Comunicação aprimorada de segurança: A promoção de uma linguagem de
segurança comum à organização e à indústria, é um facilitador no entendimento dos
objetivos e resultados alcançados. Os objetivos e indicadores de segurança
operacional indicam a direção e a motivação, fazendo com que o pessoal esteja
mais consciente do progresso feito e como eles contribuíram para o sucesso da
organização. Essa linguagem comum também possibilita a troca de informações
entre as diversas organizações, o que é importante para gerenciar as interfaces do
sistema de aviação civil.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
O principal objetivo de uma organização empresarial é gerar lucros. A
organização precisa ganhar o máximo de dinheiro, minimizando os seus custos. Isso
faz com que os objetivos de proteção e de produção sejam relacionados entre si.
Quando a organização deseja aumentar a sua produção, ou seja, prestar mais serviços
ou transportar mais pessoas ou cargas, há um aumento dos riscos envolvidos. Sob essa
óptica, surge um dilema em que os objetivos de produção e de proteção competem entre
si pelos recursos da organização. Essa competição pode levar a desequilíbrios com
consequências indesejáveis.
Fica claro então que nível gerencial da organização precisa atuar para buscar
um equilíbrio na alocação dos recursos entre estes dois objetivos, visando a geração de
lucros com um nível aceitável de segurança operacional. Há uma situação na qual a
alocação de recursos resulta em objetivos de produção e de proteção que são saudáveis
no sentido de não levar a organização à falência ou a uma catástrofe. Trata-se de uma
situação que é bem delimitada, com suas fronteiras definidas pelo gerenciamento
financeiro e pelo gerenciamento da segurança operacional. Esta situação é conhecida
como espaço de segurança operacional, e é ilustrada na Figura 11.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
7.6 Deriva Prática
A deriva prática é uma ferramenta teórica que busca explicar a razão pela qual
o desempenho de um sistema se distancia do desempenho projetado, ou desempenho
de referência (ou baseline), à medida em que a organização não tem meios de antecipar
todas as situações que ocorrem no cotidiano da operação do sistema.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
A influência de outros sistemas.
O sistema de aviação civil vem evoluindo com o passar dos anos em um ritmo
bastante intenso. Desde os primeiros passos do transporte aéreo até os dias atuais,
muitas inovações tecnológicas vêm sendo incorporadas ao sistema para contribuir com
a eficiência deste setor na economia global.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
ano em média de 1995 até 2010, e a projeção de crescimento de 2010 até 2030 é de
4.5% ao ano em média. Na região da América Latina e Caribe, a taxa média de
crescimento anual de 1995 até 2010 foi de 6.2%. A projeção de crescimento é de 5.9%.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
a ser lembrado é que todo o processo de gerenciamento da segurança operacional
depende de uma identificação correta desses perigos.
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
3. Avaliação e priorização dos riscos: após a identificação dos perigos, é feita uma
avaliação de risco para determinar a probabilidade e a severidade dos riscos.
Aqueles que representam os maiores riscos são priorizados. Isso pode exigir uma
análise de custo-benefício.
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riscos atenderam às expectativas de desempenho? São necessárias modificações
no processo?
Como pode perceber esta Unidade foi bem extensa, por ser um assunto de suma
importância para o entendimento do conteúdo das próximas Unidades. Espero que
todos os objetivos traçados tenham sido atingidos. Não desanime siga em frente!
8 Resumo
Neste módulo, aprendemos sobre os conceitos fundamentais envolvidos no
estudo da segurança operacional. Vimos o conceito mais atual de segurança
operacional, e como ele evoluiu em relação ao conceito tradicional. Percebemos como
a ideia de segurança operacional foi sendo aprimorada nas últimas décadas e como o
desempenho das pessoas nas atividades da aviação civil interferem na segurança
operacional devido as diversas interações dos indivíduos e o comportamento por eles
adotado dentro das organizações.
Por fim, podemos concluir que os valores centrais de uma organização são
aqueles ideais que formam a fundação sobre a qual a organização conduz suas
atividades. Assim, cabe a organização estabelecer o gerenciamento da segurança
operacional como um valor central, tornando-a parte integral do seu sistema de gestão,
visando a formação de uma cultura de segurança operacional em um ambiente
colaborativo e integrado. Nesse sentido a gerenciamento da segurança operacional irá
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Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
englobar um conjunto de ações, métodos e procedimentos a serem adotados, no âmbito
de uma organização, para a prevenção de acidentes aeronáuticos, visando à melhoria
contínua de toda a operação.
Atividade 1
9 Referências
BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Apostila do curso “Familiarização
em SGSO”. Brasília: ANAC, 2016.
49
Familiarização em SGSO para Organizações de Manutenção
Unidade 2 – Conceitos Básicos de Segurança Operacional
CAA (U.K. Civil Aviation Authority). CAP 718: Human Factors in Aircraft Maintenance
and Inspection. London: CAA, 2002. Disponível online em: http://www.caa.co.uk.
Acessado em 9/8/2017.
ICAO (International Civil Aviation Organization). Human Factors Digest No. 16: Cross-
Cultural Factors in Aviation Safety (Circular 302-AN/175). 1st ed. Montreal: ICAO, 2004.
ICAO (International Civil Aviation Organization). ICAO Circular 333: Global Air Transport
Outlook to 2030 and Trends to 2040. 1st ed. Montreal: ICAO, 2013.
50