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estupro de vulnerável mesmo sem ter tido contato físico com a vítima?
sexta-feira, 5 de março de 2021
“O” fazia tudo o que “A” exigia para satisfazer sua lascívia.
“A” exige que “O” toque na genitália e faça sexo oral na criança. “O” obedece e
faz o que “A” pediu.
Não obstante, a pedido de [A.], [O.] chega a fazer sexo oral na própria
filha, filmando e enviando o arquivo a ele. (...)”
Condenação
“A” foi condenado pela prática do delito do art. 241-A do ECA e pelo crime de estupro de
vulnerável (art. 217-A do CP):
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Habeas corpus
Em habeas corpus impetrado no STJ, a defesa de “A” alegou a atipicidade da
conduta invocando, como principal argumento, o fato de não ter havido contato
físico entre o autor e a criança, vítima do crime.
Assim, o réu “A” argumentou que ele não praticou conjunção carnal nem
qualquer outro ato libidinoso com “H”. Logo, não poderia ser condenado por esse
delito.
Segundo a maioria dos autores, para que se configure ato libidinoso, não se
exige contato físico entre ofensor e vítima.
Assim, por exemplo, o simples fato de o agente ficar olhando a vítima nua com o
objetivo de satisfazer sua lascívia (contemplação lasciva) já é suficiente para
caracterizar ato libidinoso e, portanto, configurar o crime de estupro (art. 213)
ou de estupro de vulnerável (art. 217-A).
STJ. 5ª Turma. RHC 70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info
587).
Em suma:
O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de libidinagem
ofensivo à dignidade sexual da vítima.
Para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e
vítima.
Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato físico
direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre o ato praticado
pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à dignidade
sexual sofrido pela ofendida.
STJ. 6ª Turma. HC 478.310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 09/02/2021 (Info 685).
https://www.dizerodireito.com.br/2021/03/o-mentor-intelectual-dos-atos.html