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ISSN1413·3B9X TUliSeI11P$icologia·1999,Volln' 2,143·156

Depressão e gênero: por que as mulheres deprimem mais que os homens?'


MlIkilim Nunes 8lllllista Atlriana SlIitl DlIher BlIplist1l 2
Univerúdade BrllZ Cubas UNIARARAS

Maria das Graças dc Olh'cira


Universidade Federal de São Paulo
ReSUIlII
A depressão pode ser considerada um transtorno de ele"acla prevalencia e com si goificante ""frimenlo para os
pacientes. Di,'crsos fatores psicológicos, sociais c biológicos po..krn contriboir para seu ues<;:nvolvimento,
manutenção ~ remissão. Aproximadamente 5% da população apr~s'-'Tl\a dqlTe,são e, a partirua adokscênda.
a5 mulhncs demonstram urna prcvalênda maior do quc os homens, em tomo de duas mulheres para cada
homem. As possíveis explicaçõcs e hipóteses desta diferença são abordadas ncstc anigo, dcnlro do panorama
psicológico, social, biológico e genético. Os fatores biológicos e neuroendocrinológieos parecem desem-
penhar um papel importante na explicação uesla diferença,já que o inicio da diferença se dá na época da
menarca, momemo de grandes mu<lanças hormonais no corpo u~ mulher. Porém, os aspectos psicológicos e
sociais também silo de fundamental importância para explicar a diferença de prevalência de dcpressfto e
gênero,já quc este transtorno tem sua etiologia e desenvolvimento baseado cm explicaçõcs multilàtoriais.
Pal.nas·dUYl:depressão. gêncro, fatores de risco.

Oepressionandgender:whyisdepressionmoreprevalentinwame01
Abslratt
Depression can be cOllsidne<J one ofthe most prevalcnt di~ordCT:'\ among pcople, wilh signifkant surrffÍng for
lhe paliem. Several psyehologicaJ, social and biological factoI> may contribute to the deve1opmem, mainte-
nanee and remission of depression disordcI>. Approximatdy 5% ofthc population havc dcpressi"e symptoms
and J'rom adolesccnce onwards. thcre are approximatdy m'o women for one dcprcssed mano This paper aproa-
ches a p",sihle eluci<Jation for Ihat diffcrcncc, within a psychological, social, hiological and genelic points of
v; ew. lt seems Ihat b;ologic;ll and ncurocndocrinological variablc< pia)' an important role in lhe explanat;on
oflhese ui fT~'reTlces, because depression disordeI> usually appear v.ith rnenstruation, \\ hen the fcmalc adoles-
CCIllS' body sufl"crs several honnonal changcs. Ncvcrtheless, psyehologieal and social variablcs are a1so fun-
damcmallo aecour!t for the pre\alem difTerence in gender, because the elÍology aod devclopment ofthese
disorders are based on multi-factorial cxplanalÍons.
lr,wards:dcpression: gender: riskfactoI>

diversas variáveis devem ser enfoclldas comu


Prevalência de depressão na população
responsáveis pelo seu início e desenvolvimento, bem
A depressilo pode ser considerada um dos mais como para sua remissão. Dentre os grupos de variá-
prevalenles translomOS na população. Por ser consi- veis consideradas eomo fundamentais na depressão
derado um transtorno de etiologia multifatorial, eneontram-se as variáveis biol6gicas, tais como os

I. Trabalho apresentado na Mesa-redonda Depressllo eo cie/o de vida da mulher, XXIX ReunidoAnual de Psicologia da
Sneiedade Brasileira de Psicologia, Campina5 - SP, outubro de 1999.
2_ Endereço para correspondência: Rua Dr. Miguel Pierro. 6 1. Cidade Universitária. Barão Geraldo - CEP 13083-300-
Campinas - SP. e-mail: daherbapti.ta@ig.com.br
fatores endocrinológicos e influências genéticas, as anos de idade (APA, 1994; Leon, Klennan e Wiekra-
psicológicas e as socioculturais (Weissman e Olfson, maratnc, 1993).
1995). Lehtinem e Joukamaa (1994). através de um
Sartorius (confonne citado por Culbertson, artigo de revisão de dez levantamentos populacionais
1997) relata que,já em 1979, a estimativa era de que (SUl'vcys) encontraram um~ ocorrêneia de sintoma-
aproximadamente 100 milhões de individuos no tologia depressiva nas mulheres variando entre 18 a
mundo sofriam de depressão, o que transfonna a 34% e, nos homens entre 10 e 19%. Os mesmos
depressão em um dos transtornos de maior interesse ~utores encontraram uma prevalência variando entre
eientífko desde a década de 70. Lehtinem e Jouka- 2,6e 5,5 %noshomens e, elltre 6,Oe II ,8 nas mulheres.
maa (I 994) concluem que, em tennos de transtornos Culbertson (1997), em um artigo de revisllo
psiquiátricos, a depressão pode ser eonsidemda o das sete publicações mais significativas de WOl'king-
mais comllm no ser humano. Group.~ (grupos organizados internacionais de
O Transtorno Depressivo Maior está direta· trabalho sobre a depressllo). bem como associações
mente relacionado à mortalidade, ou seja, 15 % dos (American Psychiatric Association. World Health
indivíduos eom Transtorno Depressivo Maior gmve, Organi:afion, Worfd Federafion of Mental !leal/h
em média, eomdem o suicidio (APA, 1994). Em um lnternational Association of Apllied Psychology,
estudo piloto com Ilma amostra pequena, de 51 ado- dentre outras) publicadosnoperiodo de 1972 a 1995,
lescentes, Baptista e cols. (1998) encontraram Ilma relata algumas variáveis importantes na consideração
incidência de 5,3% dos sujeitos com sintomatologia das diferenças de gênero, inclusive a proporção de
clinicamente significativa de dcpressllo, de acordo duas mulheres para cada homem na prevalência de
com o Children Depression Inventory (COI). Destes, depressào, e aponta o creseimemo de publicações
75% rdatam já terem pensado em suicidio, o qu~ sobre gênero nos últimos 30 anos.
dcnota uma questão delieada e importante a ser Em um estudo internacional denominado
melhor investigada. Cross-Nofional Collab()rufive GrOIlP, realizado cm
Um dos primeiros estudos que levantou a dez países, incluindo América do Norte, Caribe.
questllo do gênero em depressão foi a pesquisa de Europa, Oriente Médio, Ásia e a Costa do Pacífico,
Weissrnan e Klennan, datada de 1977 e, a partir deste mostra que a prevalência de dcpres~o varia de acordo
estudo, diversos pesquisadores tem se esforçado para com as regiões. Por exemplo, em cada 100 adultos
entender pon-lue a prevalência de depressllo nas pcsqllisados, 19 sujeitos em Beirute preencheram
mulheres é maior que nos homens critérios para depressão maior ao longo da vida,
A prevalência observada na população tem enquanto que este índke cm Taiwan foi de 1.9 sujei-
variado de 5 a 9 % para mulheres e 2 a 3 % para tos. É interessante notar que, em todos os paises. os
homens. O risco deste transtorno durante a vida é de índices de Depressão Maior em mulheres foi superior
IOa25 %paramulherese 5 a 12 % para os homens, o ao observado em homcns(Weissman ecols., 1996).
que coloca as mulheres, a partir da adolescência, com Da mesma fonna, uma pesquisa retrospectiva
uma prevalência duas \-ezes maior que os homens Canadense (Nafional P()pUlalion Hea///r Sun'ey)
(APA, 1994; Lafer, 1996). envolvendo mais de 17.000 sujeitos de 12 a 19 anos,
Parece que a questão do gênero na depressãu encontrou uma prevalêneia de episódios depressivos
comqa a apresentar resultados esmtistieos significa- variando entre 4,78% nus homens c 8,66% nas
tivos entre as idades de 16 a 25 anos, inclusive em mulheres. É interessante notar que, através de
relação aos primeiros episódios de depressão maior, análises bivariadas, conclui-se que a diferença na
que ocorrem com maior freqUência entre as idades de prevalência de depressão começa a aparecer a partir
16 a 35 anos, culminando o primeiro episódiu aos 25 dos quinze anos de idade (Caimey, 1998).
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Weissman e Olfson (1995), apresentando mais comportamentos de consumo de álcool e drogas


dados mundiais sobre gênero e depress!lo rela tam do que as mulheres, quando se sentem deprimidos, o
pesquisas epidemiológicas realizadas cm diversas que demonstraria que os homens utilizam estratégias
culturas onde também fo i observado o dobro de úe e"frentamento exteriorizando comportamentos,
mulheres com sintomatologia depressiva em relação diferente das mulheres, que tenderiam a interiorizar
aos homcns, a partir da adolcsccncia. [) quc com- os sintomas e a expressarem tristeza da maneira
provaria a existência dessa diferença independente- padrão (rctraindo-se, esqllivando-se das situações
mente do pais ou cultura. sociais e chorando).
É interessante notar que a depressão na fase da Um último fator importante diz respeito á
adolescência n!lo denota ser de grande intensidade, possibilidade das mulheres se recordarem mais dos
variando ent re leve e moderada (Compas e cols., episódios depressivos do que os homens, o que
1997; Olson e Von Knorring, 1997). aumentaria o índice de depressão em mul heres nos
Apesar de não ser objetivo deste artigo é estudos retrospectivos. Parker e Wilheilm (1995)
importante citar alguns fatores de risco da depressão. realizaram um estudo de seguimento com jovens de
Baptista (1999), através de levantamento biblio- média de idade de 23 anos e concl uiram que as
gráfico, aponta alguns destes prováveis fatores como mulheres tendem a perceber e, portanto, lembrar
sendo: hist6rico de depressão, ser mulher, viver em mais facilmente dos seus episódios dcpressivos do
uma família disfuncional, baixa educação dos pais,
que os homens. Talvez esta hip6tese esteja ligada
grande número de eventos estressantes, pouco
mais uma vez aos problemas de papéis sociais, cm
suporte social, baixa auto-es!Íma, baixa competência
que o homem, mesmo apresentando sintomas
intelectual, problemas de saúde, técnicas reduzidas
de enfremamento das situaçôcs, excessiva imerde- depressivos não se consideraria como depressivo,já
pendência pessoal, morte prematura de um dos pais, que estaria expressando algum tipo de fraqueza.
fatores genéticos, superproteção fam iliar na inlància Compas e cols. (1997) relatam que, apesar dos
e adolescência, dentre outros. estudos demonstrarem as diferenças de gênero em
depressão, é importame que se considere, de maneira
mais detenninante, as pesquisas que utilizam um
Viéses nos díldos epidemiológicos? desenho longitudinal, já que as pesquisas retrospec-
tivas talvez não expressem com fidedignidade o
Da mesma fonna, Parker e Wilheilm (1995) panorama do gênero, uma vcz queos homens tendem
também encontraram episódios depressivos mais a não perceber a sintomatologia depressiva ou
comuns em mulheres do que em homens a partir da expressá-Ia como as mulheres. Dai, a importância de
adolescência, por6n os autores apresentam cxpli- um acompanhamento e medições baseadas em
cações alternativas para este fato, hipote!Ízando que entrevistas clínicas elou instrumentos que rea lmente
talvez a mulher experimcmc, sinta e manifeste a se proponham a medir a depress.'io de uma maneira
depressão de maneira mais direta do que o homem, mais ampla
sendo que as suas manifestações são mais detectadas
nos instrumentos que mcdcm dcpressão. Outra
variávcl inte ressante, levantada pelos autores, é que
Depressãona gravidez etranstomos pÓS-pílrto
as mulheres também te ndem a procurar mais os
serviços de saúde do que os homens, por uma Diversos são os conceitos utilizados para defi-
questão cultural ("o homem não pode ser fraco, ou nir a depressão. No entanto, existe um conjunto de
pelo menos demonstrar"). eritérios operacionais para sua classificação, ampa-
Ainda Park.er e Wilhcilm (1995) e Windlc rados exclusivamente em a~pectos clínicos, como o
(1992) referem que os homens tendem a apresentar DSM-IV (APA, 1994) e CID-lO (Caetano, 1993).
Os primeiros estudos relacionados à gravidez Outro fator de grande relevância é apontado
e ao pós-parto possuem aproximadamenle 200 anos. por ZuckemJan, Amaro, BlIuchner e Cabral (1989),
Esses dois estados da mulher não têm uma definiçllo quando se referem à sobreposiçllo entre os sintomas
nem uma classificação própria, quando associados a depressivos e as mudanças fisiológicas próprias da
transtornos psiquiátricos (Gmcn, 1993; Alvorado e gravidez. Sintomas como fadiga. muúança no ape-
cols., 1993 c Covcrdalc, MeCullough. Chervemak e tite, insônia ou hipersônia e perda de energia, são
Bayer, 1996), pois muitos estudos consideram as eomunsem amoos os estados. A preocupação eom o
manifestações clínicas da depressão as mesmas em aspecto fisico e a diminuição do desejo sexual são
qualquerperiodo de vida da mulher, nàoconstituindo também considcrados como sintomas depressivos e
uma nova psicopatologia feminina (Cooper, gestacionais (Coverdale e cols., 1996). dificultando
Campbell e Day, 1988; Kumar. 1990; O'Hara. assim, a validade diagnóstica de Depressão em estu-
Zckoski e Philipps, 1990; Cox, Murry c Chapman, dos epidemiológicos com essas populações, jâ que
1993). não existe um instrumento espedfieo para avaliar tal
No entanto quando se consulta o DSM-IV e o estado.
CID-lO. que são as referencias nas classificações dos Em contraste, os estudos a seguir referem que
transtornos mentais, observa-se que os transtornos os sintomas depressivos são mais freqllentes durante
no pós-pano aparecem como um especificador, tanto o período gravidico do que cm outros períodos da vida
nos Transtornos de Humor como em outros (Trans- da mulher. Alvorado e cols. (1993), ao estudarem
tomos de Ansiedade, Transtornos Psieótieos), e não 125 gestantes, observaram a prevalência de 29% de
como um transtorno por si só. mulheres com sintomas depressivos e perceberam
Ao observar as pesquisas realizadas sobre a três aspectos associados a esta sintomatologia: gravi-
sintomatologia depressiva, percebe-se quc muito dos dez indesejada, insatisfação na relação entre oeasal e
fatores de riscos psicológicos que aumentam a proba- antecedentes pessoais de depressão. Gollib, Whiffen
bilidade de desenvolvimento de depressão sãoobser- e Mount (1989), quando estudaram uma amostra de
'lados durante toda a vida da mulher e não só nos 360mulheresgrávidas,encontraram25%dasmulh=
períodos gestacional e puerperal. com sintomatologia depressiva e 10"10 com critérios
paykcl (1994) rclata que a depressão vem diagnósticos para depressão. Ao interpretar estes
sendo estudada sistematicamente na população geral dados deve-se lembrar que muitos dos sintomas são
e conclui que os acontecimentos da vida de uma osmesmosnosdoisestados,depressivoegravídico.
pessoa estão associados diretamente a estes sinto- Outros estudos apontam que, além dos três
mas, demonstrando eientificamente que os riscos da aspectos acima mencionados, também eontribuem
depressão são crescentes quando combinados cornos para a ocorrência de transtornos depressivos: o
eventos de vida estressantes, ambiente social hostil e grande número de eventos vitais indesejáveisdurante
falta de apoio social. Uma hipótese espedfica sugere esse período, baixo apoio emocional durante a gravi-
que a deprcssllo é causada por cenos tipos de eventos dez, solidllo, menoridade, ser solteira, baixo nível
de vida, principalmente eventos de perda, incluindo educacional, baixo nível socio-econômico, antece-
as separações interpessoais e morte de entes dentes de abono induzido e histórias de panos
queridos. Esses dados são complementados pelos problemáticos anteriores (Kumar e Robson, 1984;
estudos de Plomim e Bergman (1991), quando Zuckerman e cols., 1989; Gotlib e cols., 1989;
relatam que as variâveis externas relacionadas com Millán, 1990).
aprendizagens, ambientes, estilo de vida e fatores Ponanto, pode-se concluir que a questão da
genéticos podem também contribuir favoravelmente depressão durante a gravidez tem sido pouco
para o aparecimento da depressão. explorada, a despeito das inúmeras conseqüências
negativas que podem afctar o desenvolvimento dos
Gr,rmit.,llta
'"
períodos gravídico c puerperal. Neste sentido, a A dep ressão pós-parto é um tra nstorno
depressão pode incapacitar a gestante de tomar comum, porém diferentes pesquisas apontam preva-
decisões sobre os seus cuidados de saúde e com o feto lências diversas, variando de 6,8% a I 0% para
e, até mesmo, a realização de exames rotineiros e depressão maior e 13,9% a 30"/0 para depressão
necessários, como o pré-natal. A depressão durante o menor ou distimia (Pop, Essed, Geus, Son e
puerpério também pode prejudicar a estimulação Komproe, 1993; Ka.-:din, 1990).
adequada do bebê pela mãe, desnutrição da criança, Além de divergências na prevalência, muitos
maus tratos ou até infanticídio. estudos demonstram uma variação quanto ao surgi-
Quando se retomam as questões dos transtor- mento da depressão pós-parto. girando em torno de
nos no pós-parto, encontram-se três desordens duas semanas para Weissman e Olfson (1995) e, de
psiquiátricas mais citadas assoc iadas ao pós-pano: a dois a três meses segundo Kumar (1990), o que
disforia (postpartum "blues"), depressão, psicose e o demonstra que esse fenômeno deve ser melhor
pânico pós-pano (Daher e Baptista, 1999). Weissman estudado e conceiluado, já que a variação de tempo
e Olfson (1995), em seu estudo epidemiológico, de ocorrência é muito grande entre os que o analisam.
concluíram que cxistc um aumento na freqOência de Os preditores para a depressão pós-parto
todos 05 tipos de transtornos no período pós-pano e vllri~m segundo diferentes autores. A seguir, eSlão
que os fatores biológicos são fortes preditores desses listados os principais preditorcs:
• desajuste no casamento, even tos estressantes de
Kaplan e Sadock (1997) refere que, de 20 a vida, expectativas maternas, preocupações com
40% das mulhercs no pós-pano passam a apresentar os cuidados do bebê (dificuldade cm realizar
algum tipo de perturbação emocional e também p0- cuidados bãsicos) e vulnerah il idade cognitiva aos
dem apresentar disfunção cognitiva, Essas mudanças sintomas do blues, sendo que as puerperas asso-
ciam as sensaçOcs do blues com um sentimento
podem estar relacionadas com as alterações homo-
negativo cm relação ao bebê (WhifTen, 1988);
nais, eSlrcsse do pano c novas responsabilidades
• problemas precoces relacionados com a inffincia
que envolvem o nascimento e o acompanhamento do
da mile, problemas permanen tes na família,
bebê. As mulheres podem apresentar um estado aba-
problemas nas relações interpessoais, falta de
tido, disforia, choro freqüente e dependência. O pai supone social, eve ntos de vida estressantes,
também pode apresentar alteraçõcsde humor durante problemas psiquiátricos dos pais, ambivalência na
a gravidez, pois também t: afetado por diversos gravidez, estresse obstt:trlco e, o mais potente
estressores como o aumento da responsabilidade, a deles, a desarmoniaentreocasal (Kumar, 1990);
diminuição das rdações sexuais e a menor atenção • mulheres que quando crianças apresentavam -se
da esposa, pouco assertivas, tinham poucos pra.-:eres c
O blues pode se apresentar como sentimentos divertimentos, tiveram sua primeira gravidez; com
menos de 20 anos e eram solteiras. estavam
de felicidade e realização ou periodos de reclamação,
descontentes no relacionamento com seu parceiro,
choro. insônia, cama<yo e tTisteza que segue o parto, além de apresentarem história de hospi tali7.açõcs
(Kumar, 1990; Yalom, Lunde, Moos e Hamburg, psiquiátricas (Webster, Thompson, Mitchell
1968). Cinqüenta a 75% das puérpcras, expcri- Wcrry, 1994); c
mentam tal estlldo, ocorrendo por volta do quarto ou • ocorrência de um evento de vida estressante,
quinto dia após o parto c, gera lmente, os sintomas história anterior de transtorno psiqu iátrico, ser
permanecem por poucas horas, no perlodo de um ou jovem, ter tido o blues, relação marital pobre e
dois dias (Kumar, 1990; Yalom e cols., 1968). Essa falta de apoio social (Pa)' kel, Emms, Fletcher e
sindrome pode representar uma flutuação dos nívcis Rassab)',1980).
hormonais após o parto(Weissman e O!fson, 1995).
W. lo h,lim. A. S. D~h( ~ptil~ III. ~. Dlinill
"'
Observa-se que li maioria dos autores cilados controle, sensação de enlouquecimento, sensação de
apontam, com maior freqilência, os seguintes falores sufocamento, tremores, dcntre outros (Grucn, 1993).
de risco: desajuste conjugal, eventos de vida eSlres- Através dos relatos apresentados até o mo-
sames, falta de apoio social, história psiquiátrica mento, pode-se concluir que múltiplos fatores podem
pessoal dou familiar.
levar uma mulher a ter diversus transturnos no pós-
Em um estudo que tinha como objetivo veri-
parto e. diversos fatores psicossociais e biológicos
ficar as diferenças dos sintomas de mulheres depres-
estão envolvidos no desenvolvimento e manutenção
sivas das não depressivas no pós-parto, concluiu-se
destes estados.
que o distúrbio do sono e a perda do interesse sexual
slio sintomas comuns e normais no ajustamento do
pós-parto. Em contrapartida, sintomas como perda
Oifefençasna sinlomatologia entre homens emulheres
de energia, culpa, dificuldade de concentração e perda
de interesse por atividades diárias discriminaram Diversos estudos têm apontado para algumas
mais eficazmente as depressivas das não depressivas diferenças entre a sintomatologia depressiva entre
(Hopkins. Campbell e Marcus, 1989). homens e mulheres, principalmente na adolescência.
A psicose puerpcral é o terceiro transtorno psi- Essas pesquisas são de suma importância, pois, a
quiátrico no pós-parto, sentlo o mcnos comum. Pode partir delas, podc-se criar estratégias especificas de
iniciar-se entre a segunda e terceira semana após o alUação psicoterápica e medkamentosa para o trata-
parto e é caracterizado por insônia. transtornos do mento da depressão, levando-se em consideração a
humor e comportamentos incomuns ao estilo de vida questão do gênero. Porém, as mesmas pesquisas
do individuo (Thurtle, 1995); episódios transitórios devem ser vistas com algumas prct:auções,já que as
de delirios paranóides, alucinaçõcs e flutuaçõcs metodologias empregadas em cada pesquisa são
catatônicas ou estado dc letargia (Kumar, 1990); diferentes, bem como os instrumentos, o tipo da
confusão, déficit de atenção e dislração (Weissman e amostra, idade, nível s6cio-econômico-cultura! e os
Olfson, 1995). pontos de corte dos instrumentos utilizados.
A incidência da psicose puerperal é deO,I% a Em uma pesquisa sueca, envolvendo mais de
0,2% (Kumar, 1990) c de 0,05% a 0,1% em primi- 2.000 adoleseent<;:s, eom idades variando entre 16 e
paras, sendo que, para as mulheres que já tinham 17 anos, Olson e Von KnolTing (1997) t:noontraram
apresentado esse transtorno anteriormente, o risco de diferenças significantes na sintomatologia depres-
reeolTência está entre 30"10 a 50"10 (ArA, 1994). siva entre homens e mulheres. Os sintomas como
Os fatores de riseo estão relacionados com as insónia, fadiga, diminuição nas atividades organiza-
evidências gcnéticas, história familiar dc psicose cionais e/ou escolares, irritabilidade e auto-acLlsação
maniaco-depressiva, história pessoal de psicose foram comuns nos dois sexos. Sintomas como afasla-
maniaco-deprcssiva nãopuerperal, história de psicose mento perante os amigos e perda de interesse pelo
pós-parto anterior, primipariedade e ser solteira sexo oposto teve um escore baixo em ambos os
(Kumar,199G). sexos, na análise global dos sintomas. Entretanto, é
O distúrbio de pânico pós-parto é constituído interessante notar que, na maioria dos itens anterior.
por manifestaçõcs cognitivas, emocionais e compor_ mentc citados, as mulheres apresentaram-se com
tamentais (palpitações, taquicardia, sudorese, pensa- cscores mais elevados do que os homens. novamente
mentos obsessivos relacionados ii morte. perda dc na análise global dos sintomas. Através da análise de
fatores, por sexo. os sintomas mais comuns observa-
'"
dos nos homens foram fadiga, insônia, danos no Depressão de Beek, eneontraram que autodepre-
trabalho/escola e aUlo-acusação, enquanto que os ciação foi mais associado à experiência depressiva
mais obervados nas mulheres foram o humor nas mulheres, enquanto que os homens eombinaram
depressivo, ideaçao suicida, choro e não se sentir sintomas afetivos e de desempenho no mesmo fator,
atraente (autodepreciação) na análise fatorial do instrurnento por sexo.
Olson e Von Knorring (1997) ainda observam Por último, Silverstein (1999) apontou dife-
que, provavelmente, os sintomas nas mulheres são renças sintomatológicas entre os homens e mulheres,
mais graves e mais Ireqüentes devido à condição da em uma pesquisa com mais de 8.000 sujeitos, sendo
ruminação, ou seja, as mulheres tendem a ruminar que as mulheres apresentaram o dobro de depressão
(pensar) idéias depressivas mais do que os homens,
somátiea na avaliação do autor, ou seja, depressão
Compas e cols. (1997) não encontraram dife-
associada com fadiga, disturhios doapctite e do sono.
renciação nos sintomas de tristeza, infelicidade,
Da mesma fonoa, Baron e Campbel1 (1993) encon-
choro e ansiedade, entre homens e mulheres. Lestere
traram mulheres pontuando mais nos itens referentes
Abdcl-Khalck (1997), também utilizando o Bcck
a perda de apetite, perda de peso, fadiga e ideação
Depression Inventory (HDI), em uma pesquisa com
suicida, no Beck Depression Instroment (BDI).
352 estudantes de 18a23 anos, encontraram escores
Sendo assim, os resultados das pesquisas rela-
mais altos para as mulhcrcs nos itens referentcs ao
ladas parecem não definir, ainda, uma relação bem
suicídio,choro, nãosesentiratraenteeaperdadepeso
estahelecida entre gênero e sintomatologia de
Nolan e Wi11son (1994), em pesquisa com 417
depressão. Os dados parecem apontar para algumas
sujeitos, utilizando o HOI, encontraram diferenças
diferenças básicas, sendo mais comum nas mulheres
significantes apenas nos itens referentes a dificul-
a sintomatologia relacionada ao caráter somático
dades em tomar decisão e cansaço, mais pontuados
clouvegetativo,comoaquestãod03petiteeganhode
pelas mulheres. No entanto, os itens mais apontados
peso e nos homens os sintomas cognitivos.
pelos homens foram a crítica e desapontamento
eonsigo próprio e,para as mulheres, inabilidadecrn
tomardecisões,disnirbios de sono, cansaço, falta de
Mas afinal. ~or que as mulheres deprimem mais que os
apetite e preocupação com a saUde. Neste caso, os
autores encontraram comportamentos ruminativos
homens?
mais presentes entre os homens, contrariando os Ainda nào se sabe, com eX3ta precisão, porque
achados de Olson e Von Knorring(1997). as mulheres apresentam mais depressão do que os
Byme, Baron, Larsson e Melin (1996), utili- homens, porém algumas hipóteses psicossociais são
zando uma amostra dc 1.096 sujeitos, de 13 a 18 levantadas por diversas pesquisas, na tentativa de,
anos, também na Suécia, através do BOI, encomra- pelomenos,eselarecerparte desta questão.
ram diferenças nos itens relacionados à hipocondria É claro que as hipóteses biológicas tambem
(preocupações com a saude) e perda de interesse sào abordadas pelas pesquisas, principalmente
pelo SC);O oposto, mais comum entre as mulheres. No levando-se em conta que diversas mudanças honno-
entanto, a perda de peso não foi significante para as nais na mulher podem levá-Ia a mudanças no humor,
mulheres. e sim para os homens. como por exemplo a tensão pré-menstroal, a gravi-
Gorenstein e Andrade (1998), em um estudo dez, o blues e o período perimennpausal. Tenta-se
brasileiro para avaliar algumas propriedades psieo- dessa mancira analisar todas a~ possíveis variáveis
mctrieas da versão em português do Inventário de que faLem parte deste grande quebra-cabeça, sejam
'" II.M.b~.A.S.~~JfIi,tisulr.t",alinill

elas provenientes de mudanças hormonais, cuidado com o marido, o que nem sempre é
recíproco. Estas responsabilidades acumuladas
diferenças neuroend6crinas, estruturas e [unções
podem trazer menos tempo para distração e pra-
cerebrais, funçõcs reprodutivas, além das variáveis zer, porém esta hipótese ainda não I"oi confirmada
psicológicas e socioculturais. ou seja, efeito da socia- como tendo direta relação eom a depressão
lização., baixo status social, regras diferenciadas (Weich, Sloggeu e Lewis, 1998);
entre os se.'os, eventos cstrcssantes, vitimização, • mulheres acabam sendo atendidas em maior nú-
dentre outras (Komstein, 1997). mero pelos serviços de saúde (provavelmente pro·
curam mais os serviços), já que a depressão pode
ser inaceitável para os homens (Warren, 1983);
• talvez a questão do corpo perfeito (imagem corpo-
HipôtesespsicoSSDciais ral), mais cobrado nas mulheres e pelas mulheres,
acabe por contribuir também para o aparecimento
São variadas as hipóteses psico-sociais ligadas
da sintomatologia depressiva. Este sintoma tam·
ao estudo do gênero na depressão e. muitas delas bém é mais observado na sintomatologia dcpressi.
podem estar ligadas a erros metodológicos de algu- va feminina (Allgood-Menen, Lewinsohne Hops,
mas pesquisas. Porém, com maiores investigaçôcs, 1990);
algumas destas variáveis podem ser corroboradas no • mulhcTl;$ parecem ser mais autoconscientes e
fUluro, como realmente relacionadas ao problema de mais informadas sobre seus estados internos,
podendo favorecer a mminação de idéias, ao invés
gênero. Todas as questões apontadas nos parágrafos
de comportamentos de dislração (fuga/esquiva),
seguintes devem ser vistas com alguma precaução. maiseomum nos homens com dep~ssão(Al1g00d_
No entanto, todas elas são embasadas por pesquisas Merten e cols. 1990);
sérias e não dcvem ser descons ideradas tanto • provavelmente as mulheres tendam a apresentar
no campo da pesquisa quanto na pratica clinica. maiores I"atores de risco para a depressão que, em
contato com eventos estressantes (principalmente
Algumas destas variáveis são:
na adolescência), resulte em sintomatologia
depressiva. Esta hipótese favorece o entendi-
• màior tendência da mulher a internalizar eventos
mento de diferenças cultmais gerando crenças e
estressantes (Pajer. 1995);
comportame nt os quc reforçam este cido, como
• diversas sociedades cm quc os direitos e o status por exemplo alguns ditados e regras sociais ("o
da mulher s1l0 bem diferenciados dos homens homem é mais forte que a mulher"; '"a mulher é
(Pajer, 1995); mais frágil c deve ser poupada de algumas ativi·
dades"), também típicos de sociedades machistas
• desigualdade social entre os sexos como salários
(Nolen·Hoekscma e Girgus, 1994; Petersen;
mais baixos, falta de emprego para as mu lhcres e
Sarigiani e Kennedy, 1991);
pouca atuaç1lo politica tambón podem contribuir
para a sintomatologia depressiva (Pajer, 1995); • homt:Jls são mais reforçados a serem agressivos e
assertivos do que mulheres. o que faria com que os
• a mulher é mais vitimizada em diversas socieda-
homens expressassem mais os scus sentimentos,
des (roubo, estupro, assédio, incesto etc.) ou seja,
apesar da maneira inadequada (Nolcn-Hockscma
maior número de eventos estressantes, principal,
e Girgus, 1994; Teri, 1982; Windle, 1992);
mente nas sociedades mais machistas, em que
esses eventos acabam scndo mais comuns para as • os homens se engajariam mais em componanlen·
mulheres (Cutlcr e Nolcn-Hockstra, 1991); tos de distração, enquanto que as mulheres tende-
riam a ruminar mais suas idt?ias depressivas
• a mulher talvez tenha maior responsabilidade
(Nolcn·Hoeksema, 1987);
social do que o homem, como por exemplo ter que
participar no sustento da casa, cuidar dos filhos, • mulhcres que receberam uma educação baseada
responsabilidade pela educaçllo, cuidado com as em regras machistas, ou seja, que o homem é mais
doenças dos filhos, dentre outras tarefas, além do poderoso e tem maiores direitos, pode favorecera
1S1

baixo sentimento de auto-eficácia (Bandura), • o ciclo menstrual pude estar diretamente ligado a
associado aos sintomas depressivos (Obcidallah, uma flutuação da sintumatologia depressiva;
Mc!la!eeSilbereisen, 1996);
• tentativas de suicidio são mais comuns no período
• homens, desde pequenos, geralmente são mais pré-menstrual do que em outros periodos, prova-
incentivadosascremmenosdependentesdospais velmente em função de flutuaçõcs hormonais e
doqueasmulheres(Windle,1992),oqm:f3vore- sua relação com flutuaçOes do humor;
ccria o aprendizado mais udequado de elilruu}f(ias
• as diferenças na farnJacocinética cntre homens e
deenfrentamcnto para situaçõesestrcssantes;
mulht:res têm importância e dcvem ser conside-
• dc acordo com as diferenças entre direitos ou radas no manejo clinico dos medicamentos
regras sociais não igualitárias, as mulheres podem utilizados para o tratamento dadepressão,prínci-
ser mais suscetíveis:i preocupações com a auto- palmente no que diz respeito a diferenças na
avaliação, refletindo baixa expcctutiva quanto ao absorção, distribuição, metabulização e elimi·
succs..~o profissional, de acordo com a rigidez das nação dos medicamentos pelo organismo femini·
normas sociais (Ruble, Greulich, Pomerantz e noemasculino;
Gochberg,I993);
• autilizaçliodecontraceptivospudeinfluenciarna
• até esse momento, várias hipóteses de diversos absorção de alguns medicamentos anti-deprcssi-
autores foram comentadas, porém, nem todas as
hipóteses ou moddoo explicalÍ\'os s!1oaplicáveis a
• fases como gestação, puerpério c elimatério
todas as culturas. No entanto, o objetivo deste
aumentam a probabilidade de episódios depres-
estudofoiodelevantarasprovávcisexplicaçOes
sivos,podcndo funcionareomo gatilhos.
sobreogeneronadcprcssão
Mesmo com desenhos de pesquisa e análises
estatísti;;as ~tuais e sofisticadas, como por cxcmplo
os ensaios clínicos e as análises multivariadas, se
Importância da neurobiologia na depressão feminina
toma complexo definir, com exata precisão, quais os Em concordância com a observação clinica já
componentes fundamentais para o desenvolvimento discutida, as investigações de prevalência e inci-
e manutcnção dos transtornos dcprcssivos, dentre as dencia apontam que as mulheres adoecem duas vezes
variáveis psicológicas (regras de avaliação doseven- maisdedepressãoqueoshomensequeaocorrência
tos), sociaislçulturais (difcrenças sociais, estigmas, du sindrome depressiva é maiur t:m algumas situa-
normas) e biológicas (mudanças hormonais, neuro- çõcs, tais como: envelhedmento, período pré-mens·
trual, puerpério, climatério, ooforectomia (retimda
transmissores), mesmo porque, se definida uma
cirúrgica dos ovários) e terapia com anti-estrogê-
equação matemática com todas as variáveis citadas,
nicos(Arpels,1996).
provavelmente haveriam variações para cada índio
O fato dessas circunstâncias terem em comum a
viduo, cada cultura e cada organismo.
dimilluiçãodaaçãoestrogênicasobreoorganismo,le-
vou ao desenvolvimento de linhas de pesqui",a acerca
do papel de estrogênio no sistema nervoso central.
Hipõlesesbiolõgicas
Em ~studos de revisão bibliográfica, algumas
variáveis biológicas são levantadas como importan. Atuaçü() de algun}' neurotrunsmissores no
tes na questão de gênero da dt:pressllo, dt:ntrt: elas comportamento emocional
Com o avanço da~ neurociências, conhcce·se
pode-se atentar às seguintes (Angold e Worthman,
hoje inúmeros neurotransmissores, os quais estão
1993;Pajer, 1995; Komslein, 1997):
distinlamente relacionados:is diversas estruturas e
vias neuro-funcionais(Brandão, 1993). Dentre esses,
151

alguns estão mais intimamente relacionados ao com- zepam eetc.)queatuam no sentido de promover um
portamento emocional. aumentodcsuaaçãoinibitória sobre os outros siste-
O sistema límbico é o substrato neuro-anatô-
micodasemoçôeseconstitui-scdccstruturasanatô- As açõcs do estrógcno sobre estes sistemas
micas e feixes nervosos, a saber: amígdala, .rtria neuronais são muito nrnnerosas parn serem revisadas
tenninnlis, via amigdalofugal, núcleo accumbens, área com detalhes neste texto. As açôcs mais importantes,
septal, hipotálamo. tálamo, giro do cingulo, hipo- °
parn objcti\'o deste artigo, são aquelas exercidas sobre
campo, corpo caloso, córtex frontal, fómix, cortex o ~i~11:ma serotooinérgico c L"TlCOOlrdlll-;;e resumidas na
cntorrinal, hipófise, ponte, bulbo c mCSCIlcéfal0. tabela:
Os principais neurolransmissores envolvidO/; na
Tabda I. Estrogcniocscrotonina.Basc:adocm Stahl(l998).
transrnissào sináptica entre os nCUTÕnios dascstroruras
que compõe o sistema límbico são: serotonina, acelil- Ef~nel"!lIr;ghilnblll1illllNllr;t;til"]Iito
çolioa, noradrcnalina, dopamina. ácido gama-amio- Alltlt'~'líllro'ostnos~orWtrlljlltrltl'ÍIIoI(lolttllu~11
obutirico (GABA) e endoriina. Cirrlilllllre1o~ill ii" I flldl ul~,tiell
A serotoninaestá fisiologicarncntc implicada na Dil illiçil a lçll N Inolliu llit.1se (HIiu ~II "IIM! ii
rcgulaçãodoflllXosanf,>iiineocerebral,soIlO,IOlerdncia
Oown~tim'olr.upttrllltrIIOlidrlÍmlÍpl tlillÍllleilj,
ao cstrcsse persistente. inibição comportamentaL
iI~tidlP;lllinl(lnllnl ","llelnl'ili ..içlll' liln"
regulação do comportnrnento defensivo e sensibilidade rlClptores"lllrllÍl,IHilláptiu.[sS.IICiIOisl.t.lsidlil,&ieldl
à dor. ClinicarnClltc, associa-se a descontrole de impul- UI~ l tlrl,lutiCirllirlltiril'lSiltije,rlllim).
sos, ansiedade e depressão. Defato,osistcmas.ero- IGrJlll~I~O '1 (u,olsitilidl.lS rtcl'larl$nral ...... gim dlss ..
loninérgico tem sido ° sistema neuronal mais siII~ÍlI'n N 1II11.r "'lpIUN.
arnplamenteen\'olvidona hipótese fisiopatológicada
deprcssão ec o substrato ncural da maioria dosantide- Os múltiplos efeitos do e5lrogénio sobre as
pressivos(Stahl,I998). funções neuronais envolvidas na regulação do
A acetiJcolina está fisiologicamente envolvida humor e do comportamento sugcrCIll uma ação anti-
na atenç.!io se1cti\'a, memória. processos afctivos e depressiva.
acurácia visual. Clinicamente, associa-sc à demência
senil deAzheimereàdoençade Parkinson
Aooradrenalinaestáfisiologicarnenteenvolvida o e5trogênio e o ciclo reprodutivo feminino
naatcnçãoseletiva.nap:rcepçãodeestímulosameaça. Ao contrário do honnônio sexual masculino, o
dores, na vigilância, na preparação do organismo para estrogênionãoé liberado de fonna eslável e constan-
situações de emergência. na coordenação dc respostas teaolongodot empo,massualiberaçãopelosovários
neuTOCndóerinasccoordcnaç?ioderespostasautonômi- ocorre de fonna crescente até a metade do ciclo
cas.Clinicamentc,associa-seàansiedadeeàdeprcssão
menstrual,para a partir dai. começar 3 diminuir,che-
melancólica. na qual sintomas de lentificaçãopsioo-
gando a níveis muito baixos nos dias imediatamente
motora e apatia s.1lo mais proeminentes
anterioresámenstruação(Netter, 1965).
A dopamina está fisiologicamcntc envolvida
No climatério, periodo marcado pelo fim d~
na comutação de programas motores. Clinicamente
vida reprodutiva da mulher, as principais transfor-
associa-se à dO\:nça de Parkinson eãesquizofrenia. mações sofridas pelo organismo feminino são decor-
O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o rcntes dadepleção dos níveis de estrógeno.
principal neurotransmissor inibitório do SNC. Seus No período imediatamente posterior ao pano,
rcceptores são o sílio de ação dos ansioliticoscomo verifiea-sc igualmcntea ocorréncia da privação do
os benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam, lora- estrógeno.
'"
Estas fases do ciclo reprodutivo fcminino têm A depressão é considerada um transtomo com
em comum, além da I.lt:pleçllo de estrogênio, uma multiplas causas, dentre elas psicológicas (maior
maior vulnerabilidadc da mulher para o dcscnvolvi- rumi nação de idéias negativas por mu lberes; maior
mento da síndrome depressiva (1I albreich, 1997). capacidade dos homens em se engajar em estratégias
Assim, verifica-se que do ponto de vista de enfrcntamento, baseadas na esquiva de pensa-
neurobiulógico, de fato a mulher encontra-se mais mentos negativos; avaliação da imagem corporal),
susceptivel ao desenvolvimento de depressão, prin- sóciolculturais(diferenças nas regras estotus social;
cipalmente pelo fato de atravessar, ao longo do seu crcnças sociais de que o homem niíopode ser fraco ou
ciclo reprodutivo, periodos nos quais há a falta do chorar; maior vitimização da mulher) e biológicas
estrogênio. (grandes modificações honnonais a partir da adoles-
cência nas mulheres; funções reprodutivas). Essas
hipóteses podem gemr explicações mais globais para
Implicações clínicas
o fenômcno c multifatoriais, que consideram o
Embora o cstrogênio, como foi visto, tenha
homem um ser multi determinado.
uma açãocumulativa sobre o sistema nervoso central
Os estudos sobre depressão ao longo do ciclo
de modo a favorcçcr a regulação dos sistemas ncuro-
da vida, tanto para homens como para mulheres,
nais envolvidos na patofisiologia dadepressllo, não
podcm auxiliar no desenvolvimento de modelos
está indicada sua prescrição para o tratamento de
explicativos e tratamentos psicológicos e biológicos
EpisódiosDcpressivos Maiores em mulheres hipoes-
mais eficazes. Sendo assim, as diferenças psicoló-
trogênicas. De fato, a terapia de reposição hormonal.
gicas, sociais e biológicas entre homens e mulheres
quando indicada, melhora o humor das pacientes de
podcm fornecer estratégias clínicas diferenciadas
um modo geral, assim como sua sensação de bem-
no manuseio psicotcrapêutico e medicamentoso,
estar, sendo suficiente para tratar flutuações dc
proporcionando assim, um conjunto de infonnações
humor ou sintomas depressivos como fadiga, irri ta-
significativas.
bilidade, insônia, principalmente se acompanhados
Através da identificação de fatores de risco
de sintoma~ vasomotores, mas n~o para o tratamento
específicos ao sexo, os profissionais de saude podem
de Episódios Depressivos Maiores que requerem
planejar sistemas de atendimento integrados e
acompanhamento psicoterapêutico e medicamentos
diferenciais, de acordo com a necessidadc dc cada
antidepressivos
gênero.
Com o desenvolvimento de pesquisas meto-
CONSIOERAÇOESFINAIS dologicamente mais controladas, como por exemplo
os ensaios clinicos e as pesquisa defollow-up (scgui-
A maior prevalência de depressão nas mu-
mento),alémdasmaisvariadastécnicasestatisticas
lheresja é considerada na literatura intemacional
(como por exemplo as análises multivariadas),
e nacional como um dado comprovado, desde o
aumenta-se a probabi lidade de fundamentar modelos
começo dos estudos dcgênero, que datam dos anos
mais complexos para uma melhor compreensão do
70. Desde essa época, o numero de pesquisas sobrc
papel dos se)(os na etiologia, desenvolvimento,
gênero c depressão vcm aumentandosignilicativa-
manutenção c intervenções psicossociaise medica-
mente, no intuito de gerar explicações ou hipóteses
mentosasnadepressllo.
mais integradas e metodologicamente plausíveis
para essa diferença.
".
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