Você está na página 1de 2

Trabalho de Literatura Brasileira: Gênero Lírico I

1º Atividade Avaliativa do 1º Bimestre


Aluno: Lael Eduardo de Oliveira Lima
RA: 84699

Para Bosi não existe um formato único que seja capaz de sintetizar a pluralidade de formas e temas do
Romantismo.

[...] faz-se mister, acima de tudo, renunciar a reduzir o espírito romântico a uma
fórmula, como tentaram inúmeros críticos e historiadores, e procurar caracterizá-
lo antes como um conjunto de traços, uma constelação de qualidades oposta ao
clássico ou ao realista

Coutinho concorda e explica que essa impossibilidade de definir o movimento romântico deriva do
fato de que este se propôs a ir contra a rigidez da forma que era predominante no arcadismo. Para ele,
o conteúdo, a individualidade e as emoções dos autores definem o Romantismo.

Como decorrência da liberdade, espontaneidade e individualismo, no romance há


ausência de regras e formas prescritas. A regra suprema é a inspiração individual,
que dita a maneira própria de elocução. Daí o predomínio do conteúdo sobre a
forma. O estilo é modelado pela individualidade do autor. Por isso, o que o
caracteriza é a espontaneidade, o entusiasmo, o arrebatamento.

Coutinho coloca a origem do nome do movimento nos antigos romances medievais, mas não faz
nenhum julgamento quanto a escolha do tema ou sobre a ordem social a qual pertenciam seus
escritores.

Qualquer que tenha sido a época de introdução do termo romântico e seus


derivados, o fenômeno, em história literária e artística, hoje conhecido como
Romantismo, consistiu numa transformação estética e poética desenvolvida em
oposição à tradição neoclássica setecentista, e inspirada nos modelos medievais.

Bosi vê no Romantismo um movimento de origem nas classes mais abastadas que diante da queda de
várias monarquias e a ascensão da burguesia, pensam em um passado glorioso que já não mais existe.
No Brasil, ele aponta que são raros os casos de escritores romantismo com origens humildes e mostra
a grande influencia europeia no movimento, que busca um passado fantástico para seu país.

O romance colonial de Alencar e a poesia indianista de Gonçalves Dias nascem


da aspiração de fundar em um passado mítico a nobreza recente do país, assim
como – mutatis mutandis – as ficções de W. Scott e de Chateaubriand rastreavam
na Idade Média feudal e cavaleiresca os brasões contrastados por uma burguesia
em ascensão
Bosi descreve a poesia romântica como narcisista e despreocupada com a realidade. Para ele, essa
atitude é responsável por criar uma atmosfera regressista que não tem vontade e nem força de
movimentar a sociedade adiante.

A correspondência faz-se íntima na poesia dos estudantes boêmios, que se


entregam ao spleen de Byron e ao mal du siècle de Musset, vivendo na província
uma existência doentia e artificial, desgarrada de qualquer projeto histórico e
perdida no próprio narcisismo: Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes
Varela... Como os seus ídolos europeus, os nossos românticos exibem fundos
traços de defesa e evasão, que os leva a posições regressivas...

Coutinho discorda de Bosi neste ponto. Ele entende a desconexão com a realidade do movimento
como uma qualidade: imaginação. Para ele a imaginação e a criatividade são pontos chaves para
definir o Romantismo. Além disso, o que Bosi chama de narcisismo ele irá chamar de manifestação da
individualidade do poeta, fator que era posto de lado no movimento arcade.

Parte integrante da crença contemporânea no eu individual, a crença na


imaginação comunicava aos poetas uma extraordinária capacidade de criar
mundos imaginários acreditando por outro lado na realidade deles. O exercício
dessa qualidade era que os fazia poetas.

Bosi entendia a criação de mundos imaginários como uma forma de evasão da realidade. Ele afirma
que essa vontade de escapar da realidade era tão intensa que seus escritores criavam suas obras não
apenas em lugares distante, mas também em tempos distantes.

O eu romântico, objetivamente incapaz de resolver os conflitos com a sociedade,


lança-se à evasão. No tempo, recriando uma Idade Média gótica e embruxada.
No espaço, fugindo para ermas paragens ou para o Oriente exótico.

Se por um lado Bosi não entende o movimento romântico como algo que importante para que a
sociedade se auto analise e busque melhorar, Coutinho aponta que a capacidade imaginativa do poeta
romântico demonstrava não apenas a capacidade de imaginar um mundo melhor, mas também a
vontade de se viver em tempos melhores.

Graças à imaginação criadora, o poeta era dotado de uma capacidade peculiar


de penetrar num mundo invisível situado além do visível, a qual o tornava um
visionário, aspirando saudoso por um mundo diferente, no passado ou no futuro,
outro mundo mais satisfatório do que o familiar.

Você também pode gostar