Contrato de depósito enseja a obrigação por parte do depositário
em receber um objeto móvel do depositante para guardá-lo e restituí-lo quando solicitado (627). Compreenda que depósito significar GUARDA e não permite o uso ou fruição do bem. O uso do bem depositado é ato ilícito e enseja responsabilidade civil. Exemplo comum é ir ao shopping e deixar o veículo estacionado no parking privativo do estabelecimento. Na entrada, recebe-se um ticket – ou seja – seu CONTRATO DE DEPÓSITO!!! Por isso, não podemos deixá-lo dentro do carro.
O contrato de depósito pode ser gratuito ou oneroso. Em regra, o
contrato depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.
Objeto: apenas móveis, não há depósito de imóveis ou de móveis
fungíveis/consumíveis. Depósito de dinheiro em banco é contrato bancário mais próximo do mútuo (645).
A essência principal do depósito está na guarda, na custódia da
coisa, de modo que, de regra, o depositário não pode usar a coisa, mas apenas guardá-la (640). Ao término do contrato, a coisa deve ser restituída com os frutos (ex: a cadela deixada no veterinário deu cria durante o depósito, 629). Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá.
O depositário deve devolver a coisa imediatamente. Contudo, se
tiver o direito de retenção a que se refere o artigo 644, se o objeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução, notificada ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida, o depositário não poderá restituir o bem ao depositante. Se a coisa perecer o custo pela indenização é do depositante (642).
Obrigações das partes: ao depositário cabe guardar, conservar e
restituir a coisa quando solicitado. Ao depositante cabe pagar a remuneração do depositário que pode exercer direito de retenção (643, 644). As despesas de restituição correm por conta do depositante. Se devidamente pago o depositário não devolver a coisa podia ser preso por até um ano (652).
Porém, essa situação não mais persiste diante do enunciado da
Súmula Vinculante 25, bem como da Súmula 419 do STJ. Não há assim prisão por dívida no direito contratual, e a única prisão civil é no Direito de Família do devedor inexcusável de alimentos diante da prevalência do Pacto de São José da Costa Rica ratificado pelo Brasil por meio do Decreto n. 678/92. (CF, art. 5º, LXVII).
O artigo 636 determina que caso de perecimento do bem por culpa
de terceiro, tendo este restituído o bem mediante substituição, o bem entregue em substituição deverá ser devolvido ao depositante.
O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa
depositada, é obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o preço recebido.
Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a
administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada.
2. Características do depósito
Trata-se de contrato unilateral e gratuito ou bilateral e oneroso. É
contrato real, pois só se perfaz com a entrega da coisa, personalíssimo(confia-se no depositário), instantâneo (pode durar minutos enquanto fazemos compras) ou duradouro(pode durar anos como na alienação fiduciária), solene (o depósito exige forma escrita, 646) ou informal (a doutrina admite prova do depósito por testemunhas ou pelo ticket do estacionamento).
Nos casos de perecimento por força maior o depositário não será
responsabilizado – excludente de responsabilidade diante da quebra do nexo causal.
Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a
administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada.
3. Espécies
Há duas espécies:
a) depósito voluntário: decorre do acordo entre as partes, como
nos supramencionados exemplos; O depósito voluntário provar-se-á por escrito, sem a prova documental não há que falar em depósito.
b) depósito necessário: é imposto pela lei nos casos do artigo 647,
ou seja, no caso de desempenho de obrigação legal; diante de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque.
Segundo o artigo 649, também são considerados depositários legais aqueles
referentes à bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem. Dessa forma, os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.
Entretanto, não há que se falar em responsabilidade dos hospedeiros, se
provarem que os fatos prejudiciais aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sido evitados.