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TEORIA GERAL DO PROCESSO:

Dos acessos à justiça

Professor: Thiago Brito

Aluno: Ana Paula Roberto

Disciplina: Teoria Geral do Processo

Belo Horizonte
2013
1) Esclareçam no que consistem as três ondas de acesso à
justiça.

As soluções para o acesso a justiça, consistem em 3. Denominadas de


primeira, segunda e terceira onda. A primeira, se caracteriza pela assistência
judiciária para os Pobres. Já a segunda, é a representação dos interesses
difusos. Por fim, a terceira onda, significa o acesso á representação em juízo a
uma concepção mais ampla de acesso a justiça. A primeira onda tratará a
pobreza como um obstáculo apenas econômico, mas também social, a partir
do momento que pelo baixo grau de instrução dos menos favorecidos
financeiramente, há uma descrença por parte desses no tocante a eficiência da
justiça para com sua realidade. Na primeira onda, o foco é proporcionar
atenção aos pobres. A reforma que se deu para que fosse gerada a estrutura
da primeira onda, realizaram adotando dois sistemas de atuação: Judicare e de
advogados remunerados pelos cofres públicos. Segundo Cappelletti, dá se o
sistema Judicare por como sendo:

“um sistema através do qual a assistência judiciária é


estabelecida como um direito para todas as pessoas que se
enquadrem nos termos da lei. Os advogados particulares,
então, são pagos pelo Estado. A finalidade do Judicare é
proporcionar aos litigantes de baixa renda a mesma
representação que teriam se pudessem pagar um advogado”.
(CAPPELLETTI, Mauro)

A assistência judiciária, é utilizada para prover àqueles que não condições


financeiras, o ingresso à justiça a fim de revestir de justiça o acesso ao direito..
É uma forma de possibilitar aos necessitados a obtenção da tutela jurisdicional
afastando destes qualquer impedimento de cunho econômico. A assistência
judiciária gera a ideia de que tem como função diminuir as dificuldades dos
pobres perante o acesso à justiça e proteção de seus deveres. Na ordem
constitucional brasileira a assistência judiciária integra a ampla garantia da
assistência jurídica integral, contida no capítulo onde se definem direitos e
garantias individuais e coletivas, o artigo 5º, inciso LXXIV destaca que: "o
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos". Este artigo, redigida por esse modo na Constituição
Brasileira de 1988, é mais amplo do que os contidos nas Constituições
precedentes porque inclui além da garantia de meios para o acesso à justiça
mediante o exercício do direito ao processo (assistência judiciária), a oferta de
apoio para o correto e efetivo exercício dos direitos fora da esfera jurisdicional.
A Lei da Assistência Judiciária fala em assistência judiciária aos necessitados
(lei n. 1.060, de 5.2.50) e conceitua como sendo aqueles que não possuem
condição de arcar com gastos processuais, honorários advocatícios, etc. Diz
que para aferir a um individuo a condição de incapaz de arcar com despesas,
basca declarar na petição, tal incapacidade presumindo-se em estado de
pobreza até que se prove o contrário. A segunda onda assegura a proteção
dos direitos difusos, especialmente em relação à proteção ambiental e de
consumo. Busca solucionar os interesses coletivos, difusos e individuais
homogêneos, direitos que estavam mortos por ausência de aparato
procedimental que os fizesse valer. Num primeiro momento atribui-se ao
Ministério Público a tutela destes direitos, mas sendo parte representante
natural em juízo dos interesses públicos tradicionais, esta solução não
prosperou, já que tais direitos, apesar de eminentemente públicos, possuem
tamanho grau de novidade, especialização e técnica que na maioria das vezes
inviabiliza a ação daquele órgão estatal. Após, a questão da assistência
judiciária aos pobres entra em pauta também como uma forma de quebrar a
barreira do acesso à justiça, a busca de soluções acerca da representação da
tutela dos direitos difusos e coletivos. Até o século XIX a regra era tutelar
direito individual, beneficiando somente aquele que, comprovando interesse
próprio, acionava o Poder Judiciário. Portanto, os direitos eram apenas
individuais e a tutela se dava pelas regras básicas do processo civil clássico.
(VERRI, 2008, 17). A concepção tradicional do processo civil não deixava
margem para a proteção dos interesses difusos e coletivos, pois o processo era
visto como interesse das partes. A partir do momento que começaram a surgir
direitos que já não se enquadravam mais em público ou privado e que
demandavam proteção por parte do Estado, este se viu obrigado a reformar as
noções tradicionais do processo civil e o papel dos tribunais. Uma terceira
onda engloba as duas ondas anteriores, buscando mudança n o processo que
apresenta uma estrutura complexa que causa morosidade.
Formou-se e ainda não se esgotou, buscando a superação do chamado
“obstáculo processual”. Diante da constatação de que somente os mecanismos
já citados eram ainda insuficientes ao efetivo acesso à justiça, já que “a
solução processual – o processo ordinário contencioso – mesmo quando são
superados os problemas de patrocínio e de organização dos interesses, pode
não ser a solução mais eficaz, nem no plano de interesses das partes, nem
naquele dos interesses mais gerais da sociedade”, busca o ‘movimento de
acesso à justiça’ nova alternativa para resolução de conflitos que não restritas
ao ordenamento processual, normalmente exasperador de paixões e conflitos.
A Constituição Federal de 1988 foi, sem sombra de dúvidas, o mais proficiente
instrumento legal pátrio de ampliação da cidadania e das garantias de efetivo
acesso à justiça: o art. 5º, inciso LXXIV, dispõe: “o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”;
prevê em seu art. 134 a criação da Defensoria Pública: “instituição essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa,
em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV”. Dando
continuidade às formulações para a busca de novas alternativas para a
resolução de conflitos, visualizou-se que os mecanismos anteriores eram
insuficientes para o efetivo acesso à justiça, uma vez que o processo ordinário
contencioso não era a solução mais eficaz, nem no plano de interesses das
partes, nem nos interesses mais gerais da sociedade. (CAPPELLETTI, 1988,
134). A necessidade de se possibilitar o acesso à justiça e propiciar a solução
de conflitos têm apontado para a procura por uma justiça conciliadora que pode
ser mais eficaz para a solução dos contenciosos. Dessa forma, é
imprescindível assegurar ao cidadão que busca solucionar um conflito, uma
justiça capaz de promover uma aproximação das posições, onde a solução
seja pelos litigantes reciprocamente compreendidas, com uma modificação
bilateral ou multilateral dos comportamentos, rompendo dessa forma com um
modelo de justiça que prima pelo conflito. Portanto, é necessário o
aperfeiçoamento dos mecanismos processuais, simplificando os procedimentos
a fim de tornar mais acessível à justiça, edificando um sistema apto a atingir os
escopos jurídicos, mas também sociais e políticos da jurisdição.
2) Em sua opinião, o Acesso a Justiça é importante para o
Pluralismo Social. Justifique sua reposta.

O Pluralismo é um sistema que reconhece todas as classes sociais como


fundamentais para o funcionamento da sociedade. Portanto, o acesso à justiça
é importante para o pluralismo social, a partir do momento em que permite a
todas as classes sociais o acesso à justiça. A primeira onda foca no acesso à
justiça aos menos favorecidos economicamente, de forma que tenham as
mesmas condições dos demais para pleitear seus direitos. No segundo
momento abrange os direitos difusos e coletivos que atingem a sociedade com
um todo, criando estrutura para que todo grupo social, mesmo os menos
favorecidos economicamente, politicamente ou em qualquer outro aspecto,
possam ter um representante adequado para agir em interesses gerais. A
terceira onda caracteriza por ter como objetivo a busca concreta do acesso à
justiça, proporcionando através de mecanismos diferenciados para cada tipo de
litigio uma justiça cada vez mais eficaz para qualquer individuo ou grupo social.

Diante de uma sociedade com diversos grupos sociais o amplo acesso à justiça
fortalece a democracia, permitindo que seus membros tenham condições
igualitárias independente da sua posição social de defender seus direitos
individuais ou coletivos dentro de um sistema justo, permitindo desse modo
uma satisfatória resolução de conflitos e consequentemente uma pacificação
social.
Bibliografia:

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Porto Alegre, 1988.

Disponível em http://jus.com.br/artigos/4078/justica-acesso-e-descesso.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Justiça: acesso e descesso. Acesso
em 02 dez. 2013.

Disponível em
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1673/1590.
SILVERIO, Karine Peres. O acesso à justiça. Acesso em 02 dez. 2013.

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