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Montaigne - Resumo
Montaigne - Resumo
Ceticismo
O ponto do qual Montaigne parte é o do cético, numa crítica destrutiva dos
ídolos da razão errante, das “verdades”, das instituições, do costume, da lei, do Estado,
etc. A partir daí aparecem duas vias sempre em curso na obra do autor: a renúncia aos
julgamentos absolutos, pois para ele a razão é incapaz de resolver problemas políticos,
religiosos e metafísicos (CONCEIÇÃO, p.8); e a insistência em uma perspectiva
centrada na subjetividade, a partir da qual poderemos nos posicionar virtuosamente
frente aos acontecimentos.
Seu ceticismo é, essencialmente, aceso pela revolta contra as aparências, aos
equívocos. É nessa recusa das “máscaras” que Montaigne encontrará o que podemos
timidamente intitular como “verdadeiro” para ele, evidenciando então que sua
investigação se dá em uma busca negativa, o que se mostra indissociável da experiência
intelectual vivida.
Liberdade
Para ele, a necessidade e o acaso atuam num mesmo plano. Então entendemos
como não haverá um “partido” capaz de portar a verdade, e a unidade se dará na soma
dos fragmentos. Sem uma regra universal, as normas sociais são relativizadas e ninguém
pode provar ter o costume mais “correto”. No entanto, o ceticismo de Montaigne acaba
quando inicia seu enfoque fortemente prático, onde ele admite que é necessário “tomar
partido na vida (lato sensu)”, fazendo com que as ideias mesmas dos partidos sejam
“mundos possíveis”. Ser, portanto, é escolher.
Moral
Montaigne vê a história e a política como extensão da subjetividade. (CONCEIÇÃO,
p.3) Esta subjetividade, no entanto, não deve ser uma prisão: da frequentação da
sociedade tira-se clarividência para julgar os atos dos homens, e constata-se a existência
de diferentes interesses na vida.
(Obs.: estou desenvolvendo isso melhor, mas para a apresentação, acho que deixaria o
resumo extenso demais. O que acha?)
Poder
Todavia, não encontramos nos Ensaios nenhuma exposição teórica da concepção de
poder, à parte, mas esta concepção existe e seu tom não é neutro. Ele toma partido,
salientando, porém, que: “É por minha experiência que assinalo a humana ignorância
que é, em minha opinião, o partido mais seguro da escola da vida” (III, XIII).
(CONCEIÇÃO, p. 4)
O certo é que, para Montaigne, nem o poder nem as leis tem um fundamento natural ou
sobrenatural: são construções históricas e sua autoridade baseia-se em sua antiguidade.
Sobre o poder das leis, ele escreve que não se baseia na sua justeza mas no fato de
serem leis, não importando se seus autores foram tolos: o que importa é a conveniência
de que sejam conhecidas de todos e obedecidas. O sábio deve preservar sua liberdade de
julgar as coisas, sem preocupar-se com a opinião pública, mas quanto ao seu trabalho
suas ações e sua vida, deve colocá-los a serviço da coletividade.
Montaigne admite, ao mesmo tempo, um elevado grau de liberdade de juízo para o
indivíduo e a conveniência de que os costumes e as leis não sejam modificados por
sublevações. Considera que as primeiras vítimas destas são os que provocam-nas e que
é insensato querer que as instituições e os costumes públicos (que tem alguma fixidez)
sejam submetidos às nossas opiniões variáveis.
Leis
Montaigne com o seu radicalismo habitual formulou o problema do valor das leis
morais: se há apenas opiniões e costumes, uns contrários aos outros, as condutas se
equivalem. Entretanto, formulado o problema, ele mesmo buscou a resposta: a dúvida
acerca do valor do dictamen da consciência fundamenta-se em considerações exteriores.
Considerando-se que a veracidade, a boa-fé e o respeito às promessas etc, são afirmados
como valores fundamentais na existência da sociedade, o que decorre é não apenas uma
vida moral, mas uma política moral, visto que Montaigne almeja cumprir bem seu dever
com o bem público e viver para si. (CONCEIÇÃO, p.6)
Tudo no imenso sistema implícito aos Ensaios converge para algo que se identifica com
a noção de virtude de Montaigne. O autor é essencialmente filosófico na medida em que
seu ceticismo não é exatamente pirrônico, não esbarrando numa impossibilidade de
ação. Ele se utiliza da dúvida e a "recheia" de erudição; e numa espécie de casuística
resolve os problemas que julga importantes a partir dessa noção de virtude que nada
mais é do que a busca pelo autoconhecimento e a incessante e necessária reflexão.
Referências Bibliográficas:
MONTAIGNE, Michel. Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
MONTAIGNE, Michel. Ensaios.
CONCEIÇÃO, Gilmar Henrique da. Montaigne e a Filosofia Prática: renúncia aos
julgamentos absolutos em Política. (Em: Revista Redescrições – Revista on line do
GT de Pragmatismo e Filosofia Norte-americana. Ano I, Número 3, 2009).