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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO - CEDUC


CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

NOME DO COMPONENTE:
ISABELA MARREIRA MOREIRA GOMES.

O MURO

BOA VISTA- RR
2023
NOME DO COMPONENTE:
ISABELA MARREIRA MOREIRA GOMES.

O MURO

Projeto de resenha crítica desenvolvido


como requisito para a obtenção de nota na
disciplina de História da psicologia no
curso de graduação em Psicologia pela
Universidade Federal de Roraima.
Professora: Ellie Cristina Silva Ribeiro

Boa Vista- RR
2023
Resenha “ O Erostrato”
O livro “O Muro”, se trata de uma coletânea de contos escritos por Jean Paul Sartre,
um filósofo, novelista e crítico literário, nascido na França e considerado uns dos
líderes da filosofia e do marxismo nos anos 20. Sartre foi uma das figuras principais
do existencialismo.

As narrativas do livro, “O Muro”, trazem à tona personagens em situações tensas que


geralmente acontecem no cotidiano mas que não são comentadas pripalmente em um
contexto pré-guerra. Um dos principais pontos dessa obra é a reunião de 5 contos –
O quarto, O Erostrato, a intimidade, a infância de um chefe e O muro, que é o primeiro
conto e o título do livro. Essas narrativas retratam a filosofia se aproximando das
experiencias do cotidiano humano, as nossas experiencia e tensões pessoais, assim
como explanado no existencialismo, vertente que Sartre fazia parte.

No conto escolhido, O Erostrato, retrata a história pesada de um homem chamado


paul Hilbert, um homem isolado, frustrado que vive sozinho no sexto andar de um
prédio, que passa boa parte do seu tempo observando as pessoas de cima do seu
edifício, podemos ver isso no trecho: “É preciso ver os homens do alto. Eu apagava
a luz e me punha à janela. Eles não suponham, absolutamente, que alguém pudesse
observá-los de cima” (SARTRE, 1980, p.69). Portanto o que possibilita o seu
distanciamento para com a humanidade é sacada de sua moradia.

Este homem solitário descreve tudo que chega a sua vista, as paisagens, os
ambientes, o cenário é muito presente nesta obra, a obra mostra as tensões da mente
obscura deste personagem, que compra um revólver e começa a arquitetar seu plano
de massacre, o seu planejamento que consistia em matar a humanidade, que ele
acreditava que já estava morta, vemos no trecho: “por que é preciso matar todos esses
indivíduos que já estão mortos?” (SARTRE, 1980, p.85). Ao decorrer da obra, fica
claro o ódio do personagem pelos homens e seu sentimento de superioridade sobre
as mulheres, no momento em que sente prazer ao trazer medo as prostitutas que
visita regularmente.” eu a perturbara, e uma puta não se perturba facilmente.
Descendo a escada, pensei: “Eis o que eu queria, assustar todo o mundo”” (SARTRE,
1980, p.55).
Em “O Erostrato”, o personagem não se encaixa nos padrões da sociedade, porem
ele escolhe se manifestar de forma exagerada chegando a ser pirotécnico, pois tem
sua principal inspiração para cometer assassinatos a história grega “Efesio” em que
um homem decidiu incendiar o templo de Ártemis com o objetivo de ganhar fama. No
conto, Hilbert se sente incompreendido pela humanidade, pois ao mesmo tempo que
sente nojo dos seres humanos ele não pode expressar seus pensamentos sem causar
choque ou sanções.” Eu sou livre para amar ou não lagosta à americana, mas se eu
não amo os homens, eu sou um miserável e não tenho lugar ao sol.”” (SARTRE, 1980,
p.59).

O protagonista demonstrava ter um forte medo das pessoas, como na passagem


“tinha medo deles-era um pressentimento” (SARTRE, 1980, p.57), esse sentimento
de medo o leva a compra de um revólver, a arma traz pra ele só o sentimento de
segurança mas o sentimento de prazer e de dominação tambėm estão presentes.
Durante o conto, o autor discorre detalhadamente sobre a arma, sobre como ele
mantém uma relação intima com o revolver, nos faz refletir que a sensação de
segurança que a arma representa não vem unicamente porque ele possui o objeto,
mas da sua relação pessoal entre ele e o revólver.

Assim como a história de Efésio, no conto “ O Erostrato” também ocorre uma série de
quebra de expectativas, pois o protagonista que mantinha um plano premeditado
detalhadamente , que consistia em não ser visto nem pela sua vítima e nem pela
multidão foi por atingido pelo olhar dessas pessoas.

Diante dessa quebra de expectativas, ele compreende o que realmente está fazendo,
ou seja, só toma consciência das suas próprias ações no momento em que os olhares
da sociedade o revelam uma crítica. Segundo o autor Sartre não podemos nos
entender de forma isolada, somente através de nossas relações com outras pessoas
e o reconhecimento que recebemos delas, assim, a maneira que nos vemos é
moldada a medida com que os outros nos tratam. Quando Hilbert entra em contato
com os olhares decepcionados de sua vítima e da multidão, ele se torna consciente
de seus atos e adota uma imagem dele mesmo que só foi influenciada pelo olhar e
expectativa dos outros.
No banheiro do bar, Hilbert decide por um fim na vida, a quebra de expectativa não
ocorre apenas no leitor, mas no próprio personagem, pois o mesmo que não tinha
vontade de viver descobre que nunca quis tanto estar vivo, assim desiste de cometer
suicídio ficando subentendido que ele é pego pela polícia num final ambíguo e
dramático.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SARTRE, J-P. O Muro. São Paulo: Círculo do Livro, 1980.
SARTRE, Jean-Paul. Política e autobiografia: situações X. Lisboa: A. Ramos, 1977.
208p.

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