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Estrutura do episódio
Est. 84 - 89
Estância 84 - Vasco da Gama situa a ação, referindo que as naus estão quase a
partir de Lisboa.
Estância 85 - Descrição geral dos soldados e das naus.
Estância 86 - Preparação espiritual dos marinheiros (missa, comunhão e
procissão) e pedido de proteção e ajuda a Deus.
Estância 87 - Emoção do narrador pela longa e perigosa viagem que o afastará
da pátria e da família. Estabelecimento de relação entre o nome do local que os
marinheiros se encontravam e a cidade da Palestina onde nasceu Jesus
(Belém).
Estância 88 - Vasco da Gama e os companheiros vão em procissão para as naus,
enquanto a gente da cidade os esperava.
Estância 89 - Aos suspiros dos homens junta-se o choro das mulheres, por
temerem não voltar a ver os familiares que partiam.
Est. 90-93
Vasco da Gama
-dúvida;
-receio;
-emoção.
Navegadores portugueses
-ousadia e coragem;
- determinação.
Mulheres (mães e mulheres)
-desesperadas;
-emocionadas.
Velhos e jovens
As naus portuguesas navegavam há cinco dias, estando junto do Cabo das Tormentas (futuro
Cabo da Boa Esperança) quando subitamente aparece, perante o espanto dos marinheiros
uma nuvem escura e imensa, que escondia o céu; o mar bramia e agitava-se, pressagiando
uma ameaça terrível.
Desenha-se a imensa figura do Adamastor, gigante de aspeto horrendo e irado. O Poeta
compara-o ao colosso de Rodes, não se poupando a adjetivos para a sua descrição. O monstro
interpela os marinheiros aterrorizados, reduzidos pela sua presença avassaladora à
dimensão de seres frágeis e indefesos. Censura-lhes a ambição, a constante procura do novo,
a ousadia de invadirem domínios que jamais tinham sido atravessados.
Vasco da Gama enfrentando o próprio medo, ergue-se e frente àquela grandíssima
estatura (59.5), ousa perguntar: Quem és tu? (49.3). O poeta mostra, com estes efeitos
cenográficos e intensamente dramáticos, a sua conceção de valentia: herói não é aquele que
não teme, mas o que supera o temor.
O gigante, irritado, profetiza a sua terrível vingança para os portugueses que ousarem por ali
passar no futuro. Os segredos do mar nunca tinham sido a nenhum grande humano
concedidos (42.3), e nem a coragem reconhecida do povo luso poderá alterar essa lei. Vasco
da Gama fica a saber quais serão os destinos fatais de Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu Dias,
D. Fernando de Almeida e Manuel de Sousa Sepúlveda, com sua mulher e filhos, que irão
morrer naquele local, a que D. João II dá o nome de Cabo da Boa Esperança.
Mas, diante da pergunta de Vasco da Gama, o Gigante muda o seu discurso. Explica que ele é
o próprio Cabo Tormentoso, castigo que os deuses lhe deram pela sua paixão por Tétis, que o
despreza. A cólera das suas primeiras palavras termina em lágrimas de dor. A nuvem negra
desfaz-se, depois desta confidência.
O Adamastor condensa em si todos os medos que suscitava o Mar Tenebroso, com o
imaginário domínio de forças sobrenaturais e maléficas. Mais um obstáculo vencido, à custa
da coragem e inteligência de alguns Portugueses.
Esquema-síntese do episódio
Depois de cinco dias claros, surge uma nuvem negra "tão temerosa vinha e carregada"
que põe nos corações um grande medo e leva Vasco da Gama a interpelar o próprio
Deus, todo poderoso.
3. Discurso do Gigante: (41-48)
- introdução;
- profecias.
De carácter profético e ameaçador o discurso é efetuado num tom de
voz horrendo e grosso, anuncia os castigos e os danos por si reservados para aquela
"gente ousada", que invadira os seus domínios. Promete-lhe castigos como a morte
de algumas pessoas que lá vão passar: Bartolomeu Dias; D. Francisco de Almeida e
família Sepúlveda.
4. Interpelação do Gama (49)
Incomodado com as profecias, Vasco da Gama interroga o monstro sobre a sua
identidade. É essa questão tão simples que promove a profunda viragem do seu
discurso, fazendo-o recordar a frustração amorosa passada e meditar na sua atual
condição de solitário e petrificado.
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- Os portugueses estão ao serviço de Deus (vão espalhar a fé cristã por terras desconhecidas)
- É preferível uma morte heróica e conhecida em África a combater, do que uma morte devido
a um naufrágio anónimo, sem honras, nem vitórias.
- O mestre manda amainar, ou seja, tomar ou carregar as velas mais altas, atirar tudo ao mar e
dar à bomba.
- O responsável pela tempestade foi Baco, que não queria que os portugueses chegassem à
Índia.
- A tempestade provocou efeitos terríveis, ela fez com que as naus ficassem muito estragadas,
o que provocou uma grande aflição aos portugueses. Elementos textuais que podem ilustrar
esta afirmação são: “Quebrando leva o mastro pelo meio, /Quase toda alagada; A gente
chama/ Aquele que a salvar o mundo veio.”
- As expressões que traduzem a violência da tempestade são: “Mostra a possante nau, que
move espanto.” e “Vendo que se sustém nas ondas”.
- Os versos que traduzem o estado de espírito de Vasco da Gama são: “Ora com nova fúria do
céu subia” e “Confuso de temor, da vida incerto”.
- O pedido de Vasco da Gama não foi atendido. A tempestade não acalmou.