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25/08/2014

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo


Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária Macrodrenagem
PHA 2537 – Águas em Ambientes Urbanos Objetivos da Aula
Macrodrenagem 1. Conceituar obras de afastamento e de contenção.
Planejam ento de Obras de Macrodrenagem
Dim ensionam ento Hidrológico 2. Discutir como planejar a macrodrenagem.
Obras de Afastam ento e de Contenção
3. 3. Apresentar os elementos para projeto de
Dim ensionam ento Hidráulico de Canais e Galerias
macrodrenagem.
4. Apresentar as técnicas de dimensionamento
hidrológico e hidráulico de macrodrenagem.
5. Apresentar tipos de canalizações e túneis.
6. Discutir a necessidade de manutenção.
7. Cuidados e recomendações de projeto.
Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Profª .Drª. M onica Ferreira do Amaral Porto
Prof. Dr. José Rodolfo Scarati Martins Profª. Drª. Ana Paula Zubiaurre Brites
2014

Macrodrenagem - Conceitos Medidas Estruturais e Não-Estruturais

• Definição: é o conjunto de ações estruturais Estruturais: Foco da


e não estruturais destinadas a controlar aula de hoje
•Tipos:
cheias para evitar inundações e suas
consequências. – Obras de afastamento de cheias
• Micro e Macro-drenagem
• Reversão de Bacias
• Objetivos: minimizar riscos e prejuízos em
• Diques de contenção
áreas de extensão significativa causados
por cheias com períodos de retorno
relativamente grandes (tipicamente T= 25 a – Obras de contenção de cheias
100 anos) • Soleiras
• Reservatórios

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Diretrizes de Projeto Diretrizes de Projeto

• Afastamento rápido dos excessos de água • Amortecimento dos hidrogramas de cheia


– Melhorias e retificações no canal Foco da – Bacias de detenção ou de retenção (piscinões)
– Canalizações aula de
hoje

Diretrizes de Projeto Extensão da Macrodrenagem no Brasil

• Amortecimento dos hidrogramas de cheia


– Retenção no canal com soleiras

Fonte: IBGE, Atlas de Saneamento, Distribuição espacial e nív el de abrangência das redes de sanemento, Micro e
Macrodrenagem 2000.

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Planejamento da Macrodrenagem Planejamento da Macrodrenagem

• Necessidade de um Plano de Ação de curto e longo • Coordenação com a implantação de outras obras
prazo PLANO DIRETOR DE DRENAGEM. de infra-estrutura urbana.
• Previsão da ocupação do solo. • Programa de implantação paralela de medidas não-
• Programas de implantação sincronizados com obras de estruturais.
microdrenagem. • Necessidade de avaliação de impactos ambientais.
• Cronograma físico e financeiro para a execução das • Aprovação das obras e medidas junto à população
obras. e aos órgãos competentes.
• Avaliação de necessidades de desapropriações • Consideração da melhoria da qualidade das águas
Não basta indenizar. É preciso mitigar os impactos das pluviais.
mudanças das pessoas.

Planejamento da Macrodrenagem Projeto de Macrodrenagem : fases

• Preliminar
• Avaliar a possibilidade de medidas preventivas, que – Dados existentes e visitas ao local
– Registro fotográfico
diminuam a necessidade de obras (manutenção de – Contatos com entidades
envolvidas
várzeas de inundação naturais). – Interferências
– Traçados tentativos

• Prever sistemas de fiscalização da ocupação do solo. • Básico


– Alternativas restantes
– Levantamentos topográficos e sondagens
• Conscientizar sobre a importância da manutenção
– Escolha da melhor alternativa
– Documentação para concorrência (formulação de preços)
adequada das obras futuras. • Executivo
– Desenhos para execução
– Interferências

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Análises estatísticas Definição do horizonte Disponibilidade de


Planimetria,
Prefeituras, ONGs, de chuvas intensas e de projeto materiais de
topografia,
representantes da NA construção,
batimetria, geologia,
sociedade civil, outros Projeção urbanística caracterização
cadastramento de
estruturas, ..... da bacia e da cidade, geotécnica e
uso e ocupação do geológica da área
solo e da cobertura
Caracterização vegetal
Características Condições futuras
urbanística da Estudos
fisiográficas das sem a implantação
cidade e da bacia sedimentológicos
bacias e sub-bacias do projeto
Alternativas
urbanísticas para a
Caracterização Simulação das bacia
Sócio-Econômica condições atuais da
macro-drenagem
Restrições Plano de Simulação das
ambientais e legais reassentamento condições futuras
Diagnóstico da situação
Identificação das atual da macro-
interferências drenagem da bacia Análise Escolha da
Alternativas de
Definição das econômica e alternativa de
engenharia
Diretrizes do ambiental engenharia
Projeto

Projeto de Macrodrenagem: elementos para elaboração Projeto de Macrodrenagem: Interferências (Ex. Manaus)

• Levantamentos topográficos
– Aerofotogramétricos (etapa preliminar)
– Arruamentos - curvas de nível 1 m (etapa preliminar)
– Nivelamento de precisão (projeto básico)
– Seções transversais (projeto básico)
• Interferências
– Cadastramento
– Projetos de demolições, relocações, etc
– Reassentamentos
– Custos
• Sondagens
– Percussão (mais usuais)
– Amarração topográfica

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Projeto de Macrodrenagem: Interferências (Ex. Sorocaba - SP) Projeto de Macrodrenagem: Dimensionamento

• Hidrológico

• Hidráulico

• Geotécnico

• Estrutural

Projeto de Macrodrenagem: Período de Retorno (ou Intervalo de Recorrência (T)


Dimensionamento Hidrológico
• Métodos Clássicos Intervalo médio, em anos, em que se espera
– Método racional (AD < 3 km2)
que uma vazão com o período de retorno
– Métodos baseados na teoria do hidrograma
definido seja igualada ou superada.
unitário (SCS, Ven Te Chow, etc)
– Métodos Estatísticos (raramente)

• Chuvas de Projeto OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: É um conceito


– Duração ( ≥ tempo de concentração) probabilístico (não significa periodicidade!)
– Recorrência (25 a 100 anos)

Referências: Aulas de PHA 2307 Hidrologia Aplicada Apresentação PPT: Hidrologia Urbana

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Conceito de Período de Retorno Escolha doPeríodo de Retorno

• Se uma vazão Q tem um período de recorrência de 50 casamento terminar em divórcio


morrer fazendo roleta russa
morte por câncer
anos isto significa que, em média(!), esta vazão é ter o carro roubado/furtado em São Paulo
morrer de infarto
morrer assasinado
igualada ou excedida a cada 50 anos. morrer em acidente de carro
incêndio em casa (de qualquer proporção)
ter a casa roubada/furtada
morrer atropelado em São Paulo
ser assaltado em São Paulo
bater carro(dia de chuva) emSão Paulo
• Em outros termos: bater carro(dia sem chuva) em São Paulo
acidente doméstico (escada)
acidente doméstico (garrafa)
acidente doméstico (brinquedo)
acidente doméstico (copo)
acid.dom. (ferramenta elétrica)

• A vazão Q tem uma probabilidade P= 1/T = 0.02 (ou escorregar em tapete


morte por acidente dom
RISCO DE VIVER
ser atingido por um raio

2%) de ser igualada ou excedida, em um ano qualquer. ganhar na lot esportiva


morte acid. aéreo
acidente aéreo
supersena
ser atingido por avião

1E-08 1E-07 1E-06 1E-05 1E-04 1E-03 1E-02 1E-01 1E+00

Conceito de Risco Conceito de Risco

• Risco é a probabilidade de uma obra falhar, pelo menos uma


100
vez, durante sua vida útil, N. Pode ser deduzido: T = 5 anos
80 T = 10 anos

Risco(%)
60 T = 50 anos
R = 1 - (1 - 1/T)N
40 T = 100 anos

20
T = 500 anos
Exemplo: Qual é o risco que a canalização de um rio tem de 0
0 10 20 30 40 50
falhar, pelo menos uma vez, durante sua vida útil, estimada em
Vida Útil (anos)
50 anos? A obra foi projetada para T = 100 anos.

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Risco: Aplicação em Projetos de Macrodrenagem Risco: Aplicação em Projetos de Macrodrenagem

EXEMPLO SIMPLIFICADO: Análise de controle das Admitindo-se que o problema possa ser resolvido pela
inundações do Rio Lambari, que extravasa a partir da vazão construção de uma canalização cuja vida útil seja de 50
Q= 50 m3/s. Cada extravasamento causa, em média, um
anos, são relevantes as seguintes questões:
prejuízo de R$1.000.000,00.

1-) Qual é o Periodo de retorno da capacidade de vazão


atual de 50m3/s?
Se, por exemplo, for T = 2 anos, teremos um valor
esperado de 25 inundações durante a vida útil da obra e,
portanto, um prejuízo esperado de R$ 25.000.000.

Risco: Aplicação em Projetos de Macrodrenagem Risco: Aplicação em Projetos de Macrodrenagem

A escolha da vazão de projeto (ou seu período de


2-) Qual é o critério de projeto?
retorno) é um dos problemas mais comuns (e importantes)
em hidrologia, uma vez que envolve diretamente as
Se, por exemplo, o critério for T = 100 anos, teremos um dimensões da obra (e portanto, seu custo) e o risco que
valor esperado de 0.5 inundações em 50 anos, ou seja, um esta obra tem de falhar durante sua vida útil.
prejuízo esperado de R$ 500.000,00.
Valores Usuais de T (Anos)
O benefício esperado da obra será R$ 24.500.000 e esta Obras de microdrenagem 2 a 25
será economicamente viável se o seu custo for inferior a este
Obras de macro drenagem 25 a 500
valor ou seja se (Benefício - Custo) > 0.
Barragens 1000 a 10000

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Projeto de Macrodrenagem:
Risco: Aplicação em Projetos de Macrodrenagem Dimensionamento Hidrológico
vazão de pico
Chuva de Projeto
A escolha da vazão de projeto (ou seu período de A D= 12 h T= 100 anos
retorno)

Deve considerar outros custos, além dos custos de


Hidrograma Chuva
construção, operação e manutenção, como: Unitário Excedente
Custos de impactos ambientais; CNA= 85

Custos de perdas de vidas humanas;


Dados da Bacia A
Custos de impactos psicológicos…
AD= 150 km2
Tc= 6 h CNA = 85
T= 100 anos

Uso de Modelos Chuva-Vazão – Ex. ABC6 Uso de Modelos Chuva-Vazão – Ex. ABC6
Parâmetros do ABC6
Topologia da Rede de Macrodrenagem no ABC6

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Uso de Modelos Chuva-Vazão – Ex. ABC6 Uso de Modelos Chuva-Vazão – Ex. ABC6
Entrada Dados da Bacia no ABC6 Entrada Dados de Reservatórios no ABC6

Uso de Modelos Chuva-Vazão – Ex. ABC6 Tipos de Canalização

Resultados do ABC6

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Seção Trapezoidal Revestida (não estrutural) Tipos de Canalização

Canal com Paredes


Protegidas por Gabião

Seção Trapezoidal Revestida


(não estrutural)
Fonte: Yoshizane, Hiroshi – Drenagem Urbana 2 –
GAP –ST 306B- CESET – Unicamp – Limeira, 2006

Detalhe do dreno

Concreto Moldado no local –


Rio Aricanduva

Tipos de Canalização Projeto de macrodrenagem:


Dimensionamento Hidráulico

Dimensionamento hidrológico
Vazão projeto = f(T, bacia, Caract. das Chuvas
Intensas)

Concreto Pré - Moldado


Tunnel Liner
Vista da galeria pré-moldada em célula
Detalhe do revestimento em concreto no
dupla Lx A: 4,20m x 4,00m
interior
Obra: Canalização do Córrego Tiquatira
Obra: Reforço da Canalização do
seção dupla de Tunnel Liner D= 3,80m. Córrego Jaguaré e Pavimentação da
Prefeitura do Município de São Paulo
Av. Escola Politécnica. Canal do rio Aricanduva a montante da ponte da Rua Eli Lopes Meirelles
Prefeitura do Município de São Paulo -
GEPRO

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Projeto de macrodrenagem:
Regimes de Escoamento
Dimensionamento Hidráulico

• Fluvial (F < 1)
Q 2 xL
Dimensionamento hidráulico
• Crítico (F = 1) F=
S 3 xg
ã
Á =
• Super crítico (F > 1)
Velocidade = f(rugosidade, forma da seção,
declividade, regime de escoamento). • Dimensionamento: Regime Fluvial (sempre!)
Hipótese: Regime Uniforme
Fórmula de Manning F = Número de Froude

V= (1/n) Rh2/3 i1/2 S = área da seção molhada

L = largura da seção

g = aceleração da gravidade
Canal do Aricanduva a montante da ponte da Rua Tumucumaque

Regime Fluvial Regime Fluvial


Linhas d´Água no Rio Tietê no Trecho entre as Barragens Móvel e Edgard de Souza
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Vazão de 1.100 m /s na Barragem Móvel
• Regime uniforme (permanente) 720,0

719,0

– dy/dx = 0 Y= y0 718,0

717,0

• Gradualmente variado (permanente) 716,0

715,0

– dy/dx ≠ 0 Y= f(x) (contínua)

NA (IGG - m)
714,0

713,0

712,0

711,0

710,0
y0 709,0

Barragem

Souza
Edgard de
Móvel
Barragem
708,0

707,0

706,0
1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100

yc Fundo do Canal Estacas de 20 m


NA em Edgard de Souza (I GG)

Fundo 709, 15 710,15 711,15 712, 15 713,15 714,15 715,15 716,15 717,15

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Manutenção dos Canais Manutenção dos Canais

Acúmulo de detritos no canal do Rio Aricanduva - SP


As Obras de Retificação do Rio Tietê na Década de 1970

Manutenção dos Canais Manutenção dos Canais

Obras de Aprofundamento na Década de 1980


Obras de Aprofundamento na Década de 2000

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Manutenção dos Canais Galerias Cobertas

Dimensionadas como
Conduto livre
Obras de Desassoreamento - Trabalho Constante

Galerias Cobertas Galerias Cobertas


Tunnel Liner Galerias Pré-Moldadas

Vista da galeria pré-moldada em célula dupla LxA: 4,20m x 4,00m


Obra: Galeria de Ref orço da Canalização do Córrego Jaguaré e Pav imentação da Av. Escola Politécnica.
Obra: Canalização do Córrego Tiquatira - seção dupla de Tunnel Liner diâmetro 3,80m.
Cliente: Pref eitura do Município de São Paulo Fonte: http://www.telar.com.br/
Cliente: Pref eitura do Município de São Paulo Fonte: http://www.telar.com.br/

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Túneis - Sistema de Reversão da Bacia


Túneis - Sistema de Reversão da Bacia

Diâmetro
de 4 m

Fonte: Chu, H. C. K. – Flood Prev ention and Drainage Modelling in Hong Kong, Drainage Serv ices Department, Hong Fonte: Chu, H. C. K. – Flood Prev ention and Drainage Modelling in Hong Kong, Drainage Serv ices Department, Hong
Kong, Sept. 2005 Kong, Sept. 2005

Túneis - Sistema de Reversão da Bacia Túneis - Sistema de Reversão da Bacia

Túnel de Kai Tak – Hong Kong – Diâmetro de 4 m. Inaugurado em 2004


Túnel de Kai Tak – Hong Kong – na época da construção. Inaugurado em 2004 Fonte: Chu, H. C. K. – Flood Prev ention and Drainage Modelling in Hong Kong, Drainage Serv ices Department, Hong
Fonte: Chu, H. C. K. – Flood Prevention and Drainage Modelling in Hong Kong, Drainage Services Department, Hong Kong, Sept. 2005 Kong, Sept. 2005

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Galerias Cobertas - Cuidados Galerias Cobertas - Cuidados

Dimensionadas como
Conduto livre ???

Dimensionadas como
Conduto livre ???
Interferências
causam obstrução do
escoamento

Fonte: Tucci, CEM – Gestão da Águas Pluviais, IPH, UFRGS, GWP South America

Galerias Cobertas - Cuidados Galerias Cobertas

Regime Permanente Regime Uniforme Regime Permanente Escoamento


Gradualmente Variado Gradualmente sob pressão
Variado
Controle de
Teto da galeria
Jusante

Linha de água Foto: Adair Rodrigues/v c repórter

Fundo do Canal

Escoamento sob pressão Regime Uniforme

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Limitações das Canalizações Recomendações

• Ao tentar afastar os excessos rapidamente • Canalizações devem ser consideradas no elenco de


(canalizações), agravam a situação de jusante. medidas de controle de inundações
• Atuam corretivamente e tendem a resolver problemas • Muitas vezes são inevitáveis
de forma localizada (não consideram o efeito na bacia).
• Canalizações trapezoidais sem revestimento devem ser
• Não atacam a causa dos problemas e não atuam na
consideradas em primeiro lugar
fonte dos excessos de água (uso e ocupação do solo).
• Sempre que possível, devem ser reservadas faixas
Tendência Atual amplas de ambos os lados para permitir ampliações

• Limitar velocidades no canal (imitar a natureza) • Eventuais vias marginais devem ser recuadas

• Combinação com bacias de retenção e detenção • A ocupação dos espaços não ocupados deve ser
para diminuir as vazões de dimensionamento planejada e regulamentada
• A bacia deve ser olhada como um todo

Recomendações

• Os efeitos A jusante devem ser considerados


• Cuidados com os efeitos DE jusante
• Em caso de canalizações cobertas, devem ser
tomados cuidados adicionais
• Considerar a limpeza e desobstrução durante a fase
de projeto
• Bordas livres mais "generosas"
• Evitar septos e outras possibilidades de obstrução
• Cuidados com a possibilidade de entrar em carga

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