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Disciplina Turismo Rural

Uma breve história do Turismo Rural

Nascido na Europa em meados da década de 50, o Turismo Rural –


enquanto segmento organizado – chegou ao Brasil em 1986, na região de
Lages, Santa Catarina. Hoje, a visitação aos espaços rurais é uma das
atividades que mais crescem no mundo.

Desde a antiguidade, estamos habituados a dividir o mundo em espaços rurais e


espaços urbanos. Mais que isso: estamos acostumados a interpretar o mundo de
acordo com as características de cada um desses mundos. Nesse sentido, a história
das viagens confunde-se com a própria história da humanidade, e os
deslocamentos entre espaços rurais e urbanos representam a essência da própria
dinâmica civilizatória.

Enquanto os espaços urbanos, por um lado, sempre atraíram as pessoas pelas


promessas de prosperidade econômica e cosmpolitismo cultural, os espaços rurais,
por outro lado, despertaram o interesse pelo aspecto oposto – ou seja, como um
espaço de revigoramento, descanso e encontro com a paz.

Os primeiros turistas que exploraram o espaço rural foram os guerreiros


de Esparta, no século V a.C.

De acordo com especialistas, os primeiros registros desse tipo de viagem datam de


aproximadamente cinco séculos a.C., quando os famosos guerreiros espartanos
viajavam até o interior da Península do Peloponeso para descansar e recuperar
suas energias, hospedando-se em pacatas comunidades rurais.

Já no século IX, outros indícios dessa atividade surgem na Galícia, na ocasião das
primeiras peregrinações pelos Caminhos de Santiago de Compostela, quando os
donos das propriedades rurais ao longo do percurso começaram a oferecer pouso e
alimentação aos fiéis.

É a partir dos anos 1950 que o Turismo Rural passa a ser reconhecido
como uma atividade estratégica para o desenvolvimento regional em
muitos lugares da Europa, tais como França, Espanha, Portugal e Itália.

Com a crescente industrialização do velho continente, muitos camponeses


começaram a abandonar as zonas rurais da Europa em direção aos núcleos
urbanizados.

E para conter essa tendência, os governos europeus deram início a uma série de
políticas voltadas à revalorização do espaço rural, com o objetivo de fomentar a
diversificação econômica dessas regiões, ensejando o surgimento de uma nova e
promissora era para o Turismo Rural.

O Turismo Rural surgiu na Europa para 


combater o êxodo rural, complementar
a renda das propriedades e proteger a natureza.

Com efeito, tais políticas de desenvolvimento foram estruturadas basicamente em


campanhas para auxiliar os proprietários rurais que tinham interesse em oferecer
suas moradias como meios de hospedagem para os turistas.

O objetivo era recuperar e conservar a arquitetura tradicional e desenvolver


produtos associados que proporcionassem renda por meio da comercialização direta
com os turistas, contribuindo assim para a fixação da população e para a criação de
empregos.
No Brasil, a prática do Turismo Rural é uma atividade bastante recente, e
foi inspirada experiência europeia.

Em meados dos anos 70, a produção agrícola brasileira passou por um profundo
processo de industrialização, fazendo com que um grande número de pessoas
abandonassem a vida no campo em busca de melhores condições de vida nas
cidades.

Dessa forma, assim como na Europa, houve a necessidade de diversificar a


economia do campo, sobretudo nas pequenas propriedades, de modo que o turismo
passou a ser visto como um elemento propulsor do desenvolvimento, incentivando
a reinserção do homem rural no seu habitat por meio de melhorias em sua
qualidade de vida.

O empreendimento pioneiro no Turismo Rural brasileiro foi o Hotel


Fazenda Pedras Brancas, em Lages, Santa Catarina, no ano de 1986.

Logo depois, as demais fazendas centenárias da região – tais como a do Barreiro e


Boqueirão – começaram a adaptar-se para receber visitantes e turistas que
queriam conhecer a lida de campo, de modo que Lages passou rapidamente a ser
conhecida como Capital Nacional do Turismo Rural.

A partir de então, as propriedades que passaram a praticar a atividade do chamado


turismo rural multiplicaram-se em todo território brasileiro, principalmente na
região Sul e Sudeste.
Hoje em dia, já podemos perceber muitos dos benefícios que o Turismo
Rural trouxe para o País, tais como a diversificação da economia regional,
melhorias das condições de vida das famílias rurais, diminuição do êxodo
rural, integração do campo com a cidade e resgate da autoestima do
homem do campo.

De acordo com Carlos Roberto Solera, ex-presidente da Associação Brasileira de


Turismo Rural (ABRATURR), o número de empreendimentos envolvidos com esta
atividade já atinge algo em torno de 15 mil propriedades, e o setor é o que mais
cresce no turismo nacional, com uma média de 18 a 20% ao ano:

"Destas quase 15 mil propriedades campesinas", revela Solera, "72% delas tem até
50 hectares, o que mostra a grande inserção de pequenos produtores rurais em
busca de diversificação e em agregar novos valores a suas atividades tradicionais.
Muitos destes já teriam sido eliminados da vida rural, não fora a existência do
Turismo Rural como uma nova oportunidade de negócios no campo. Este segmento
gera hoje perto de 300 mil empregos, diretos e indiretos, no país. De forma direta,
58% são representados por mão-de-obra familiar da própria propriedade rural e o
restante por trabalhadores de origem local ou regional a este destino turístico."

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