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Manifesto para unificação normativa da graduação e registro profissional

do Engenheiro Ambiental e Engenheiro Sanitarista

A Engenharia Ambiental é uma ramificação da Engenharia Civil que atua para estudar a
Ciência Ambiental e criar técnicas de controle da poluição e gestão do meio ambiente a
fim a de evitar e minimizar os possíveis impactos ambientais dos homens. A Engenharia
Ambiental é uma evolução da Engenharia Sanitária que engloba apenas a parte de
projeto, construção e operação de sistemas de abastecimento de água, coleta e
tratamento de efluentes sanitários e industriais, rede de drenagem urbana e a gestão
dos Resíduos Sólidos.
No Brasil coexistem três cursos em Instituições de Ensino Superior que são muito
semelhantes em sua composição de disciplinas e que atuam no mesmo mercado de
trabalho. São eles os de Engenharia Sanitária, Engenharia Ambiental e Engenharia
Sanitária e Ambiental. Essa difusão de cursos para o mesmo escopo de atuação gerou
algumas injustiças, principalmente no campo da Administração Pública. Isso ocorre
porque segundo normativos do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA)
eles dispõem de três registros profissionais diferentes, o de Engenheiro Sanitarista, o de
Engenheiro Ambiental e o de Engenheiro Sanitarista e Ambiental.
O curso de Engenharia Ambiental e Engenharia Sanitária e Ambiental engloba além das
disciplinas básicas da Engenharia, disciplinas da Engenharia Sanitária, disciplinas da
Ciência Ambiental e disciplinas da Gestão Ambiental. Há diferenças entre a composição
de disciplinas entre as graduações de Engenharia Ambiental e Engenharia Sanitária e
Ambiental a variar dependendo do enfoque que cada Instituição de Ensino oferece, seja
nas obrigatórias ou nas optativas. Entretanto, essas diferenças são tão poucas que
apenas com disciplinas optativas seria possível um graduando igualar as diferenças que
existem entre o curso de Engenharia Ambiental e Engenharia Sanitária e Ambiental ao
longo dos semestres.
O resultado de uma análise com dados da plataforma E-MEC, dados da composição de
disciplinas da grade curricular dos cursos e dados dos registros dos Conselhos Regionais
de Engenharia mostra que há uma incoerência quanto à delimitação e definição do
nome e registro dos cursos. O curso de Engenharia Ambiental possui o maior
quantitativo de cursos em comparação ao de Engenharia Sanitária e Ambiental, sendo
que o de Engenharia Sanitária possui apenas 1 curso em funcionamento, fato este que
demonstra que houve uma mudança de nomenclatura ao longo dos últimos anos em
cursos de Engenharia Sanitária e Engenharia Ambiental em Engenharia Sanitária e
Ambiental como pode ser comprovado pela plataforma E-MEC. Em relação à
composição de disciplinas está constatado que não há um padrão específico que
delimita as 3 graduações. Há cursos registrados de Engenharia Ambiental que possuem
a mesma composição de disciplinas na área da Engenharia Sanitária que os cursos
registrados de Engenharia Sanitária e Ambiental. Entretanto, há cursos de Engenharia
Sanitária e Ambiental que não possuem uma abordagem mais completa em outras áreas
da Engenharia Ambiental como ocorre em cursos de Engenharia Ambiental. Na prática,
apesar da nomenclatura e registro, cursos de Engenharia Ambiental ofertados
principalmente por Universidades Federais e Estaduais, estão adequados para serem
Engenharia Sanitária e Ambiental em termos de composição de disciplinas. Por outro
lado, cursos registrados de Engenharia Sanitária e Ambiental, o nome “Ambiental”
adicional não possui a mesma abrangência de disciplinas da Engenharia Ambiental que
oferece outros cursos de Engenharia Ambiental.
Esses argumentos levam a questionamentos da atuação do CONFEA/CREA que permitiu
a criação do registro em Engenharia Sanitária e Ambiental sem delimitar e orientar a
composição mínima para a área da Engenharia Sanitária e Engenharia Ambiental. Se
houvesse uma padronização, cursos de Engenharia Ambiental sairiam com registro de
Engenharia Sanitária e Ambiental, porém como o nome do curso é vinculado ao registro,
o CONFEA/CREA poderia pela análise dos dados sugerir e aconselhar a mudança do
nome para as Instituições de Ensino Superior ou até mesmo a atualização dos
normativos frente à realidade atual. Na prática, temos uma grade curricular difusa entre
os 3 cursos por uma falta de atualização e padronização, apesar da similaridade entre
elas.
A injustiça ocorre quando, por exemplo, um gestor público opta pela escolha de um
cargo para Engenheiro Sanitarista ou um cargo para Engenheiro Sanitarista e Ambiental.
Dessa forma, o Engenheiro Ambiental tem o seu direito de exercer sua profissão vedado,
mesmo estudando todas as disciplinas das outras graduações, pois os normativos
permitem e são vinculados o nome e registro do curso. Na esfera privada isso é
relativizado pelas Resoluções do CONFEA e suas câmaras de revisão que podem atribuir
para alguns profissionais a extensão de suas atribuições, pois o Engenheiro Sanitarista
possui mais atribuições que o Engenheiro Ambiental. Já na esfera pública, os
Engenheiros Ambientais dependem do bom senso do gestor público que por falta dessa
unificação normativa, vincula a obtenção do diploma e registro profissional em
Engenharia Sanitária ou Engenharia Sanitária e Ambiental desfazendo da capacidade do
Engenheiro Ambiental em realizar a mesma atividade com seu conhecimento técnico.
Portanto, venho através desse manifesto pedir para que atuem para começar a mudar
essa situação, pois seja o MEC ou o CONFEA começando a atuar para a unificação, abrirá
a discussão junto com a comunidade para chegar a um consenso da fusão de
nomenclatura e de composição mínima das disciplinas dessas três graduações em
apenas uma graduação, o que é totalmente possível, haja vista o escopo de atuação e a
composição de disciplinas extremamente semelhantes. Os Engenheiros Ambientais são
os mais prejudicados por essa falta de consenso, pois estudamos as disciplinas da
Engenharia Sanitária e os normativos permitem que haja essa diferenciação injusta.
Não existe nenhum caso de três graduações tão semelhantes coexistindo no Brasil como
ocorre na Engenharia Sanitária e Ambiental e Engenharia Ambiental. A Engenharia
Ambiental possui mais de 20 anos desde a criação do primeiro curso ofertado e é
necessário atualizar os normativos que separaram a Engenharia Sanitária da Engenharia
Ambiental por uma questão histórica, pois atualmente em termos acadêmicos as duas
sempre estarão relacionadas.
Vários cursos de Engenharia Ambiental de Universidades renomadas no Brasil possuem
um corpo Docente e uma Infraestrutura exemplar de âmbito internacional no campo da
Engenharia Sanitária e oferecem aos graduandos disciplinas que capacitam
adequadamente o Engenheiro Ambiental a atuar com excelência no campo da
Engenharia Sanitária. Não é possível que apenas por nomenclatura do Curso de
Graduação e a falta de consenso da composição de algumas disciplinas para os
Conselhos Profissionais emitirem um registro profissional, ver egressos de cursos de
Engenharia Ambiental demandando a Justiça e perdendo oportunidades de trabalho por
uma falta de consenso entre o MEC e o CONFEA-CREA.

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