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Produção de Leite

Grupo de Linha Taquarinha recebe


mais um curso de aperfeiçoamento
Há dois anos, 20 famílias recebem instruções da Epagri e há um ano se
organizaram para armazenar e vender o leite em conjunto, aumentando assim seus lucros

A produção de leite foi mais uma vez tema de um curso realizado em Planalto
Alegre. Ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o mesmo
ocorreu no final de outubro. No entanto, segundo a Engenheira Agrônoma, Angela Maria
Sendeski, a Epagri e a Secretaria de Agricultura continuarão com os trabalhos, que aliás, já
vêm sendo desenvolvidos no município há dois anos. “Esse curso veio complementar o
trabalho”, explica.
O curso do Senar foi dividido em três etapas. Nesta primeira, se trabalhou a
implantação e manejo de pastagens. Em uma unidade foi instalado pastagens permanentes,
cerca elétrica com pára - raio, piquetes, coxos d’ água e sal. A mesma servirá de referência
para os produtores que poderão seguir o exemplo em suas propriedades.
Já na Segunda etapa se abordará sobre “Manejo do rebanho” e na terceira o assunto
será a “Qualidade do leite”. As três etapas serão realizadas com o mesmo grupo, de 20
famílias, na comunidade de Linha Taquarinha.
Como tudo começou...
Com o objetivo de aumentar a produção do leite, propiciar a melhoria na qualidade
do produto, na genética e na alimentação, uma equipe técnica de Planalto Alegre se reuniu
em 2005 para discutir a atividade de gado de leite. Participaram técnicos da Cooperativa
Alfa, Epagri, Batavia, Prefeitura Municipal, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Projeto
Microbacias II. Nessa reunião com as entidades, se traçou a metodologia de trabalho, que o
inicio dos trabalhos seria em quatro grupos, ou seja, na Linha Taquarinha, na Linha Tope da
Serra, Linha Tarumã e Linha Bonito/Perosso.
Se realizou então, um diagnóstico por produtor. O que possibilitou conhecer melhor
a realidade das propriedades, os equipamentos usados, alimentação, área de plantio de
pastagem, número de animais, entre outros. Em seguida, se escolheu assuntos de
Assistência Técnica que seriam abordados.
Depois dessa reunião, foram vários encontros com os grupos das comunidades, onde
se abordou a Normativa 51, Produção de Leite à Pasto, sobre as principais doenças nos
animais, Fisiologia Animal e Qualidade do Leite.
Já em 2006, se acrescentou mais três comunidades (grupos) no trabalho. Entraram
então, as Linhas Feliz, Amizade e Melancia/Cascatinha.
Taquarinha: um exemplo que deu certo
No ano passado também, em Linha Taquarinha, um grupo se organizou para
armazenar e comercializar a produção do leite em grupo, com 20 famílias. Eles receberam
do Governo Federal, através do Ministério da Integração Nacional, um tanque com
capacidade de dois mil litros de leite para armazenar o mesmo. Na época, havia diversos
preços para o litro de leite e a comercialização era feita para várias empresas. Nesse grupo
a produção por produtor variava de 200 a 2800 litros/mês, totalizando 22 mil litros de leite
por mês.
Com a venda em conjunto, os produtores passaram a receber mais pelo produto.
Ivete e Claudir Soranço contam que antes de formarem o grupo, faziam a venda individual
do leite e recebiam 33 centavos ao litro. Após o grupo, no primeiro mês passaram a receber
52 centavos, depois 64 e já chegaram a receber até 90 centavos ao litro. Todos ganham o
mesmo valor, não importa quem produz mais ou menos leite no grupo.
Claudir e Ivete, que adquiriram a atual propriedade em Linha Taquarinha através do
Banco da Terra, produzem em média 1050 litros de leite por mês. Possuem cinco animais
em lactação, alimentados exclusivamente a pasto. Atualmente o casal possui 2,5 hectares de
pastagem perenes (Missioneira Gigante, Hermaltria e Capim Pioneiro). No entanto, eles já
estão preparando mais 2,5 hectares de pasto. “Hoje a atividade leiteira não é a principal na
propriedade, mas pretendemos torná-la a mais importante e talvez a única, conforme os
resultados”, analisa Claudir.
Segundo o Secretário de Agricultura de Planalto Alegre, Elvino Taffarel, é a
produção a base de pasto que incentiva o produtor de leite, pois o lucro será maior, já que
não tem gastos com rações e outros tipos de alimentação.
Conforme Angela, hoje, o grupo de Linha Taquarinha produz mais de 30 mil litros
de leite mensais, e, há perspectiva de que, em dois anos, possam dobrar a produção de
leite. Até porque recentemente se realizou planejamento individual por propriedade para se
verificar a capacidade de produção de pasto e também em cima dessa produção, a lotação
animal.
No início deste ano, a Epagri realizou uma avaliação com as 20 famílias sócias em
Taquarinha para apontar os pontos positivos e negativos da organização. Na avaliação do
grupo, foi apontado como positivo a união do grupo, motivação do trabalho, maior lucro,
melhor qualidade do leite, poder de negociação, maior produção, entre outros. Já os pontos
fracos é a influência de terceiros, fofocas, não planejamento da produção e o custo da
produção.
A partir disso, o grupo traçou seus objetivos, entre os quais está a produção de
pastagem permanente, diminuir custos com ração e sementes de pastagem, eliminar vacas
com baixa produção, manter o controle da produção e administração da atividade do leite.
Quanto as outras comunidades, já há dois grupos organizados, na Linha Tarumã (6
famílias) e Linha Perosso (13 famílias), para armazenar e comercializar em conjunto. Só
estão aguardando a aquisição do Tanque para armazenagem.

BOX

Normativa 51
A Instrução Normativa 51 foi criada para melhorar a qualidade do leite produzido
no Brasil. Ela estabelece critérios de higiene, de manejo sanitário, de armazenamento e
transporte do leite. O que vai realmente definir se o leite pode ser vendido é o teste de
laboratório, que será baseado em amostras mensais recolhidas em cada propriedade. Leite
com alto teor de bactérias e células somáticas poderá ser reprovado, assim como o produto
pobre em gorduras e proteínas.

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