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Considera-se sexualidade as diversas formas, jeitos, maneiras que as pessoas buscam para obter ou

expressar prazer. É basicamente a busca do prazer humano em suas diversas formas. A idéia de prazer irá
variar de pessoa para pessoa, levando em conta a realidade de cada indivíduo. Quando uma pessoa está
sentindo prazer, ela está vivenciando a sua sexualidade. A busca do prazer se dá de várias formas, em
variadas circunstâncias.

Identidade de Gênero

O senso comum tem como certa e absoluta a crença de que a identidade sexual, advinda do
aparelho genital de cada pessoa, e a sua identidade de gênero deverão coincidir sempre.
Assim, se a pessoa nasce macho ou fêmea, espera-se que ela automaticamente assuma a
identidade masculina ou feminina, respectivamente. Infelizmente, não é assim que as coisas
funcionam no mundo real. Ninguém se torna homem, masculino, simplesmente por ter nascido
com um pinto entre as pernas. Da mesma forma, ninguém se torna mulher simplesmente por
possuir uma vagina e um par de seios. As escolhas não são automáticas assim como a opção
de cada indivíduo por essa ou aquela identidade de gênero  não se restringe ao sexo biológico
que apresenta ao nascer. O número de variáveis envolvidas na escolha é infinitamente maior
do que simploriamente supõe o senso comum.

Define-se “identidade de gênero” como sendo a maneira pessoal de cada um se ver como
macho ou como fêmea (ou raramente, ambos ou nenhum). Está intimamente relacionado à
idéia do papel de gênero, que é definido como as manifestações externas da personalidade
que refletem a identidade de gênero. Posto de maneira simples, a identidade de gênero é uma
auto-etiqueta; o papel de gênero é uma etiqueta dada pela sociedade em função do
comportamento e da aparência esperada. Por exemplo, se uma pessoa pensa que é macho e
se identifica como tal, então a sua identidade de gênero é masculina. Contudo, seu papel de
gênero só será “masculino” se ele também demonstrar características tipicamente masculinas
no seu comportamento, modo de vestir, atitudes e/ou maneirismos. Essas são expressões
externas da sua identidade de gênero.

Identidade de Gênero é assim uma espécie de imagem que cada pessoa começa a construir
de si mesma a partir do momento em que chega ao mundo (alguns especialistas afirmam que
até mesmo antes disso, ainda no útero da mãe), cristaliza-se por volta dos 3-4 anos e se
manifesta, de modo conflitivo, no início da adolescência (12-15 anos). Ou seja, é um auto-
conceito que cada indivíduo faz de si mesmo como masculino ou feminino, baseado em um
número muito maior de variáveis do que apenas o seu sexo biológico real. A identidade de
gênero funciona como um “mapa interno” que informa a cada um de nós que tipo de pessoa a
gente efetivamente acha que é, a despeito do enquadramento de gênero que nos foi dado ao
nascer.

A maior parte das pessoas busca demonstrar uma total congruência entre identidade de gênero
e papel de gênero. Quando nossa identidade de gênero apresenta discordância em relação ao
gênero que nos foi atribuído ao nascer, desenvolve-se um conflito de expressão de gênero que
poderá evoluir para um Transtorno de Identidade de Gênero.

Em sua maioria, os transgêneros homens admitem ter construído sua identidade masculina de
maneira bastante artificial, uma verdadeira “máscara de conveniência social”, forjada à custa de
muito desconforto e sofrimento pessoal, apenas para serem aceitos pelos demais, para
parecerem iguais a todo mundo e para não divergir ou destoar dos padrões de gênero impostos
pela sociedade.

A pessoa transgênera vive como pode no gênero que lhe foi atribuído ao nascer: - cria metas,
desenvolve gostos e idiossincrasias, cultiva crenças, valores, hábitos, passatempos, etc. Muitos
são tão bem sucedidos nesse processo de auto-disfarce que, além de enganarem todo mundo,
conseguem enganar até a si mesmos. Na medida em que os expedientes de disfarce são bem-
sucedidos, vai ficando cada vez mais difícil para o transgênero livrar-se deles. Mas embora a
máscara de conveniência social possa tornar-se indistinguível do eu real para todos os efeitos,
no seu íntimo, todo transgênero sabe que se trata tão somente de uma fachada socialmente
aceitável, criada e mantida com o propósito único de sua “sobrevivência” física, moral e
psicológica dentro da comunidade em que vive. No fundo de cada um, o verdadeiro self,
reprimido e recalcado, além de não se deixar iludir pelo artifício de uma personalidade de
fachada, com o tempo começa a cobrar alguma forma de expressão no mundo.

Para a maioria dos homens transgêneros, vestir-se de mulher é a saída mais óbvia. Se não se
pode ser feminino, pode-se, ao menos, tentar expressar a feminilidade latente vestindo-se de
mulher. O grande problema é que, quanto mais consegue expressar seu verdadeiro eu, mais
aumenta o desejo de expressa-lo ainda com maior intensidade. Embora muitos continuem
buscando aperfeiçoar a forma de expressão da sua feminilidade, a maioria sucumbe diante do
pânico de ser descoberta, sufocada pela culpa de imaginar que está fazendo algo errado.

Embora existam homens e mulheres homossexuais afeminados e masculinazadas,


respectivamente, na diversidade humana, existem indivíduos que não são homossexuais e que
não se identificam com o seu corpo, os quais são denominados de transsexuais. É relevante
expor que embora seja mais divulgado e conhecido o transsexualismo homem para mulher
(MtF), também existe o mulher para homem (FtM).

O transsexualismo, segundo o CID-10, F64.0:

Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se
acompanha em geral de um sentimento de mal estar ou de inadaptação por referência a seu
próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um
tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado.

Conforme Castel (2001), o transexualismo é uma síndrome complexa, caracterizada pelo


sentimento intenso de não-pertença ao sexo anatômico, sem por isso manifestar distúrbios
delirantes, e sem bases orgânicas (como o hermafroditismo ou qualquer outra anomalia
endócrina).
Segundo Athayde (2001), com base em revisão bibliográfica sobre o tema, aponta que as
possíveis causas das desordens de identidade de gênero podem ser subdivididas em genética,
hormonal pré-natal, social pós-natal e determinantes hormonais pós-puberais, embora uma
etiologia definitiva não possa ainda ser estabelecida. Sem um marcador biológico, a síndrome
tem sido definida apenas por critérios clínicos. Além disso, atualmente apontam-se algumas
diferenças anatômicas cerebrais entre transexuais e não transexuais, bem como alguns fatores
de "criação" têm sido associados, sendo que a hipótese mais aceita é de que se trata de uma
diferenciação sexual prejudicada a nível cerebral. Dessa forma, anomalias funcionais ou
morfológicas que interfiram na ação dos androgênios a nível cerebral podem ser responsáveis
pela dissociação radical entre o sexo psicológico, gonadal, hormonal e fenotípico no
transexualismo. Fatores hormonais (hormônios gonadais ou adrenais, receptores hormonais,
mecanismo de transdução dos sinais hormonais, neurosteróides, neurotransmissores etc)
desempenham um papel importante na formação da identidade de gênero.
A visão psicanalítica do transexualismo geralmente varia entre várias teorias. Dentre as quais
encontra-se o conceito de desordem narcísica, na qual a constituição do self encontra-se
profundamente prejudicada, até de que se trata de manifestação de uma aversão à
homossexualidade, ou seja, a única maneira de um indivíduo poder fazer sexo com outro do
mesmo sexo, sem culpa, seria através modificação hormonal e cirúrgica do seu corpo.

As características diagnósticas (F64.x - TRANSTORNO DA IDENTIDADE DE GÊNERO -


DSM.IV), são:

Há dois componentes no Transtorno da Identidade de Gênero, sendo que ambos devem estar
presentes para fazer o diagnóstico. Deve haver evidências de uma forte e persistente
identificação com o gênero oposto, que consiste do desejo de ser, ou a insistência do indivíduo
de que ele é do sexo oposto (Critério A).
Esta identificação com o gênero oposto não deve refletir um mero desejo de quaisquer
vantagens culturais percebidas por ser do outro sexo. Também deve haver evidências de um
desconforto persistente com o próprio sexo atribuído ou uma sensação de inadequação no
papel de gênero deste sexo (Critério B).
O diagnóstico não é feito se o indivíduo tem uma condição intersexual física concomitante (por
ex., síndrome de insensibilidade aos andrógenos ou hiperplasia adrenal congênita) (Critério C).
Para que este diagnóstico seja feito, deve haver evidências de sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo (Critério D).
Em meninos, a identificação com o gênero oposto é manifestada por uma acentuada
preocupação com atividades tradicionalmente femininas. Eles podem manifestar uma
preferência por vestir-se com roupas de meninas ou mulheres ou improvisar esses itens a
partir de materiais disponíveis, quando os artigos genuínos não estão à sua disposição.
Toalhas, aventais e lenços freqüentemente são usados para representar cabelos longos ou
saias.
Existe uma forte atração pelos jogos e passatempos estereotípicos de meninas. Pode ser
observada uma preferência particular por brincar de casinha, desenhar meninas bonitas e
princesas e assistir televisão ou vídeos de suas personagens femininas favoritas. Bonecas
estereotipicamente femininas, tais como Barbie, com freqüência são seus brinquedos favoritos,
e as meninas são suas companhias preferidas.
Quando brincam de casinha, esses meninos encenam figuras femininas, mais comumente
"papéis de mãe", e habitualmente ocupam sua fantasia com figuras femininas. Esses meninos
evitam brincadeiras rudes e esportes competitivos e demonstram pouco interesse por carrinhos
ou caminhões ou outros brinquedos não-agressivos, porém estereotipicamente masculinos.
Eles podem expressar um desejo de ser meninas e declarar que, quando crescerem, serão
mulheres. Pode haver, também, uma insistência em urinar sentados e em fingir que não
possuem pênis, escondendo-o entre as pernas. Mais raramente, os meninos com Transtorno
da Identidade de Gênero podem afirmar que têm aversão por seu pênis ou testículos, que
desejam removê-los ou que têm, ou desejam ter, uma vagina.
As meninas com Transtorno da Identidade de Gênero apresentam reações negativas intensas
às expectativas ou tentativas dos pais de que se vistam com roupas femininas. Algumas
podem recusar-se a comparecer à escola ou a eventos sociais em que essas roupas são
exigidas. Elas preferem roupas de menino e cabelos curtos e com freqüência são
erroneamente identificadas por estranhos como meninos; elas também podem pedir aos outros
que as chamem por nomes masculinos. Seus heróis de fantasia são, com maior freqüência,
figuras masculinas poderosas, tais como Batman ou Super-Homem.
Essas meninas preferem brincar com meninos, e com eles compartilham interesses em
esportes de contato, brincadeiras rudes e jogos tradicionalmente masculinos. Elas demonstram
pouco interesse em bonecas ou em qualquer forma de roupas ou atividades femininas de faz-
de-conta. Uma menina com este transtorno pode recusar-se, ocasionalmente, a urinar sentada.

Ela pode afirmar que tem ou terá um pênis e não desejar desenvolver seios ou menstruar. Ela
pode declarar que quando crescer será um homem. Essas meninas tipicamente revelam
acentuada identificação com o gênero oposto em brincadeiras, sonhos e fantasias.
Os adultos com Transtorno da Identidade de Gênero preocupam-se com seu desejo de viver
como um membro do sexo oposto. Esta preocupação pode manifestar-se como um intenso
desejo de adotar o papel social do sexo oposto ou adquirir a aparência física do sexo oposto
através de manipulação hormonal ou cirúrgica.
Os adultos com este transtorno sentem desconforto ao serem considerados ou funcionarem,
na sociedade, como um membro de seu sexo designado. Eles adotam, em variados graus, o
comportamento, roupas e maneirismos do sexo oposto. Em sua vida privada, esses indivíduos
podem passar muito tempo vestidos como o sexo oposto e trabalhando para que sua
aparência seja a do outro sexo. Com roupas do sexo oposto e tratamento hormonal (e, para
homens, eletrólise), muitos indivíduos com este transtorno podem passar-se convincentemente
por pessoas do sexo oposto.
A atividade sexual desses indivíduos com parceiros do mesmo sexo geralmente é limitada pelo
fato de preferirem que os parceiros não vejam nem toquem seus genitais. Para alguns homens
que apresentam o transtorno em uma idade mais tardia (freqüentemente após o casamento), a
atividade sexual com uma mulher é acompanhada pela fantasia de serem amantes lésbicas ou
de que sua parceira é um homem e ele é uma mulher.
 

Ainda é muito pouca a literatura sobre esse tema e diante da angústia dos indivíduos
transsexuais, que leva muitos ao suicídio ou a cirurgias clandestinas, que podem gerar
sequelas irreparáveis e até ao óbito, cada vez mais profissionais têm se debruçado sobre o
tema, tendo como base centros vinculados a instituições como é o caso do Hospital das
Clínicas de São Paulo. Ressalta-se que o o tratamento deve ser efetuado por uma equipe
multidisciplinar, seguindo a Resolução 1652/2002, do Conselho Federal de Medicina.

O que é a homofobia?

Homofobia caracteriza o medo e o resultante desprezo pelos homossexuais que alguns indivíduos
sentem. Para muitas pessoas é fruto do medo de elas próprias serem homossexuais ou de que os
outros pensem que o são. O termo é usado para descrever uma repulsa face às relações afectivas
e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os
aspectos do preconceito heterossexista e da discriminação anti-homossexual.

Heteronormatividade (do grego hetero, "diferente", e norma, "esquadro" em latim) é um


termo usado para descrever situações nas quais variações da orientação heterossexual são
marginalizadas, ignoradas ou perseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas. Isto inclui a
idéia de que os seres humanos recaem em duas categorias distintas e complementares: macho
e fêmea; que relações sexuais e maritais são normais somente entre pessoas de sexos
diferentes; e que cada sexo têm certos papéis naturais na vida. Assim, sexo físico, identidade
de gênero e papel social de gênero deveriam enquadrar qualquer pessoa dentro de normas
integralmente masculinas ou femininas, e a heteronormatividade é considerada como sendo a
única orientação sexual normal. As normas que este termo descreve ou critica podem ser
abertas, encobertas ou implícitas. Aqueles que identificam e criticam a heteronormatividade
dizem que ela distorce o discurso ao estigmatizar conceitos desviantes tanto de sexualidade
quanto de gênero e tornam certos tipos de auto-expressão mais difíceis.

TRANSSEXUALIDADE: O PORQUÊ DA DIFERENÇA


A transsexualidade entrou na literatura médica em 1853 quando Frankel
descreveu o caso de S. Blank, cujo corpo examinou postmortem. Blank tinha-
se suicidado afogando-se, quando estava quase a ser preso pela polícia.
Desde pequeno que aproveitava qualquer oportunidade para disfarçar-se de
mulher. Acusado pela lei, foi preso inúmeras vezes pelo seu reiterado
travestismo e a sua excessiva afeição à sedução de rapazes jovens, aos quais
contagiava as suas doenças venéreas.
O critério de diagnóstico de um caso de transsexualidade seria a observação
de uma preocupação persistente sobre como desfazer-se das próprias
características sexuais e como adquirir as do outro sexo. Considera -se que um
de cada 37 mil homens e uma de cada 108 mil mulheres é a média geral da
população transsexual.
Se as condutas homossexuais são relativamente fáceis de compreender, em
parte porque também se dão no mundo animal, é mais difícil saber porque
existem os transsexuais. Qual é a causa desta conclusão rápida, permanente,
irredutível, de que o seu corpo não corresponde à sua mente, «genericamente»
distinta? Há uma causa microbiológica distinta que se perde na noite dos
tempos do desenvolvimento intra-uterino por um erro na androgenia ou não
androgenia hipotálama? Ou trata-se de um transtorno de personalidade? Seria
por acaso uma aprendizagem errónea da «consciência do sexo»? E provável
que - com diferentes graus - cada um destes factores etiológicos esteja na
origem da transsexualidade, ainda que a hipótese biológica seja a que é mais
aceite.
As explicações simples não servem para uma síndroma tão estranha à
natureza como a transsexualidade. Podem existir diversas causas que afectem
os diversos componentes do sexo: rol genérico, identidade do género,
orientação erótica ou padrões estabelecidos.
O Tratamento da transsexualidade
A transsexualidade leva associados frequentes transtornos da área neurótica,
muitos destes reactivos ou adaptativos à sua situação. A depressão é uma
complicação frequente entre os transsexuais. Geralmente trata-se de pacientes
muito necessitados e manipuladores, com um grande desgosto psicológico
devido à contradição que sentem na sua mente e na sua anatomia sexual,
prisioneiros num corpo não desejado. Por isso, impõe-se em muitos casos um
tratamento psicoterapêutico e/ou psicofarmacológico. Noutros pode-se tentar
uma terapia hormonal e inclusive cirúrgica. O tratamento de hormonas e a
intervenção cirúrgica são as duas possibilidades de tratamento mais claras
perante uma condição que em muitas ocasiões não aceita outra solução que a
procura do equilíbrio mente-corpo

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