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4.

Sufrágio Universal
O sufrágio universal é a extensão plena dos direitos políticos a todos os cidadãos adultos
de um país, sem qualquer forma de restrição por fatores como renda, escolaridade,
gênero ou etnia. Abrange o direito de escolher os representantes e de candidatar-se a
cargos eletivos. A instituição do sufrágio universal significa que, em determinado país,
não haverá requisitos econômicos, intelectuais, profissionais, sexistas ou étnicos para o
exercício do direito ao voto.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) enfatiza que o sufrágio universal
é um direito humano básico. A ampliação da cidadania política é um vetor de
aperfeiçoamento das democracias, crucial para que os Estados modernos equalizem os
conflitos que se desenvolvem no bojo do interesse público e aprimorem as políticas
públicas e os serviços públicos que oferecem à sociedade.
O sufrágio universal é a expressão da democracia. Garante ao povo, em nome de quem
o poder público é praticado (Art. 1º, parágrafo único, da Constituição: “Todo o poder
emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição”), a manifestação de sua vontade política, mediante o voto, o
sufrágio universal é o direito abstrato e genérico, o voto direto e secreto seu exercício,
conforme o artigo 14 da Constituição:
A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III- iniciativa popular.
Acresça-se que a regra geral é o voto obrigatório aos maiores de dezoito anos, sendo
facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta e os maiores de dezesseis e
menores de dezoito a Tendo como ponto de partida o século XVIII, o Iluminismo
contou com teóricos que dissiparam a ideia do fim de um governo monárquico, o qual
dava amplos privilégios às famílias nobres que viviam a custa de impostos do povo.
Revolução Francesa.
Dessa maneira, foram esses filósofos que alertaram o resto dos cidadãos de que eles
precisavam e mereciam de direitos iguais. A almejada e desejada liberdade e igualdade
seria alcançada apenas se cada indivíduo fizesse parte da política de sua respectiva
sociedade.
Assim sendo, a melhor solução seria seguir os passos da civilização grega e tentar
separar o poder Legislativo, isto é, implementar a troca de líderes governamentais
eleitos somente pelo voto popular. Desse modo, o fato histórico que marcou tal
transição foi a Revolução Francesa. Quando a Revolução Francesa e a Independência
dos Estados Unidos aconteceram, o sufrágio ainda não era universal.
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm
https://www.conjur.com.br/2005-nov-09/principal_instrumento_democracia_facultativo
História das sufragistas

A Europa viu florescer as suas primeiras democracias já nos séculos XVII (Inglaterra) e


XVIII (França). Os Estados Unidos também era um país democrático desde a
sua independência. Nesses países, o absolutismo (no caso da França e da Inglaterra) e o
colonialismo (no caso dos Estados Unidos) deram seus lugares aos sistemas parlamentar
e republicano de organização política. Nesses sistemas democráticos, o corpo político é
eleito por um corpo de cidadãos. Os candidatos eleitos para ocupar os cargos políticos
devem representar a população no governo.

Os ideais iluministas de pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Alexis


de Tocqueville, Charles de Montesquieu e Voltaire forneceram bases intelectuais para
a onda democrática que começava a crescer no mundo ocidental a partir do século
XVIII. No entanto, apesar da aparente democracia, vários grupos minoritários (não em
volume, mas por serem minorias sociais – aquelas que não têm amplo acesso aos seus
direitos) ficaram de fora da possibilidade de sufrágio. Entre esses grupos, estavam as
mulheres e os analfabetos. Foi em meio a essa injustiça que algumas mulheres
começaram a se rebelar e reivindicar o seu direito ao voto.

O movimento sufragista representou também a primeira onda do feminismo. As


mulheres que haviam estudado – em geral, filhas da classe burguesa – estavam
reivindicando os direitos femininos à educação, ao trabalho em suas áreas de formação
(vale lembrar que as mulheres pobres já trabalhavam nas indústrias e nas manufaturas
há pelo menos 200 anos), ao divórcio e à participação política. O movimento sufragista
foi o ápice dessa luta e, por isso, marcou a história do feminismo como o primeiro
grande movimento pela luta contra o sexismo e a favor da igualdade de gênero.

O primeiro país democrático a reconhecer o direito ao sufrágio feminino foi a Nova


Zelândia, no ano de 1893. Esse direito somente foi reconhecido após uma intensa luta
liderada pela feminista neozelandesa Kate Sheppard. Seguindo o caminho de Sheppard
e da conquista das mulheres neozelandesas, iniciou-se um intenso movimento pelo
sufrágio feminino na Inglaterra no ano de 1897, que, após radical intensificação e anos
de luta, conquistou o direito ao voto feminino no ano de 1918. A partir daí, mulheres de
todo o mundo passaram a reivindicar o seu direito ao voto em seus países.

No ano de 1897, a militante inglesa Millicent Fawcett fundou a União Nacional pelo
Sufrágio Feminino. No início do movimento, a luta e a militância ainda eram pequenas,
se comparadas com o que veio nos anos seguintes, sobretudo a partir de 1903. As
sufragistas entregavam cartas e pedidos formais de participação na política nas
assembleias legislativas, sendo sempre ignoradas. Essa primeira parte do movimento
sufragista e do movimento feminista foi chamada de onda do feminismo liberal, pois era
composta por mulheres da classe média e alta que queriam a sua liberdade financeira e
econômica, além da participação política com o voto.

A partir do ano de 1903, a luta feminista sufragista intensificou-se com a adesão de


mulheres trabalhadoras e representantes das classes mais baixas. Foi nesse ano que a
ativista política Emmeline Pankhurst, que já militava pelo sufrágio desde o século XIX,
fundou a WSPU (Women’s Social and Political Union – União Social e Política das
Mulheres). A luta sufragista saiu, a partir de então, da luta estritamente judicial e passou
para uma luta direta, composta por campanhas publicitárias, greves, manifestações não
violentas e manifestações violentas.

Em 1906, a Finlândia aprovou o sufrágio feminino, e as britânicas estavam mais fortes e


unidas do que nunca. Na Inglaterra, as prisões tornaram-se rotineiras na vida das
sufragistas mais ativas. Emmeline Pankhurst foi presa, ao menos, oito vezes. Outro
nome de destaque da WSPU, a sufragista Anne Kenney, também foi presa diversas
vezes.
Somaram-se os anos de luta feminista e o fim da Primeira Guerra Mundial, na qual
grande parte dos homens ingleses entre 18 e 50 anos morreu ou ficou incapacitada, para
que o direito das mulheres fosse reconhecido. A Inglaterra precisava da força de suas
mulheres para reerguer-se economicamente e esse fator foi decisivo para que o voto
feminino e o direito de participação ativa em cargo político fossem atendidos.

Após o sucesso das sufragistas inglesas, várias mulheres lideraram movimentos


sufragistas pelo mundo. No Brasil, o direito ao voto feminino foi reconhecido em
1932. A última das grandes potências modernas liberais europeias a reconhecer tal
direito foi a França, no ano de 1945.

Como o movimento sufragista atuava

A partir da criação da União Social e Política das Mulheres, em 1903, as ações das
sufragistas ficaram mais radicais e intensas. Elas tinham quatro frentes de ação:
campanhas publicitárias, manifestações não violentas, manifestações violentas e greves.
As agremiações sindicais ligadas a movimentos ideológicos de esquerda, como
o marxismo e o anarquismo, foram importantes aliadas na luta das sufragistas, pois as
lideranças sindicais tinham uma maior capacidade de mobilização da massa de
trabalhadoras para greves.

As sufragistas reuniam-se e traçavam planos de manifestação, como a inserção de


piquetes nas ruas para bloquear o trânsito de pedestres e carruagens. Elas também
promoveram quebras de vidraças, incêndios e, em quase todas as vezes, havia
confrontos com a polícia. Elas também faziam manifestações não violentas, como greve
de fome.
É certo que, de tantos confrontos com a polícia, muitas sufragistas foram presas. As
lideranças do movimento foram presas várias vezes, pois havia uma ordem
governamental de frear o movimento, e as autoridades usavam as manifestações
públicas para impor sobre as sufragistas o estigma de arruaceiras.

A radicalidade nas ações era necessária. Antes da criação da União Social e Política das
Mulheres, a luta acontecia apenas no âmbito intelectual, jurídico e político. O máximo
que era feito era a publicação de artigos defendendo o sufrágio feminino em jornais e a
entrega de ofícios requerendo a discussão do sufrágio feminino nas assembleias
legislativas. Esses ofícios eram, na maioria das vezes, ignorados.

A entrada de mulheres mais radicais no movimento, muitas delas trabalhadoras sem


educação formal, mas com consciência política (e cansadas do sofrimento diário da lida
com as injustiças cometidas por questões de gênero – as mulheres das classes
trabalhadoras trabalhavam mais e ganhavam menos, além de sofrerem constantes
assédios e, muitas vezes, estupros em seu local de trabalho), causou a intensificação que
o movimento precisava para gerar resultados.
No ano de 1913, a ação extrema de uma sufragista causou a sua morte, tornando-
a mártir do movimento. A professora e militante sufragista Emily Davison (assim como
algumas sufragistas e diferente de muitas, Davison recebeu educação formal, cursou o
ensino superior e atuou como professora) resolveu tomar uma ação extrema: no dia 4 de
junho de 1913, a ativista jogou-se em frente ao cavalo do Rei Jorge V em uma pista de
corrida de cavalos do circuito Derby Epson Downs.

A intenção de Davison era chamar a atenção da Coroa e das pessoas para a causa


sufragista. Quatro dias após o ocorrido, Davison morreu em decorrência dos ferimentos
causados pelo atropelamento do cavalo de corrida. Sua ação não só chamou a atenção
da Coroa e das pessoas, como também uniu ainda mais as sufragistas.

Movimento sufragista de 1920

Nos Estados Unidos, as mulheres conquistaram o direito ao voto em 1920. O


movimento sufragista teve, por lá, forte inspiração inglesa, mas as primeiras raízes
remontam ainda ao século XIX, com intelectuais norte-americanas que começaram a
questionar o sistema patriarcal, que as impedia de ter os mesmos direitos que os
homens. No fim do século XIX, já somavam aos movimentos pela igualdade de gênero
trabalhadoras e mulheres negras. As questões raciais fizeram surgir também
movimentos de mulheres negras buscando a igualdade de gênero e a igualdade racial.
O movimento feminista norte-americano, que buscava a igualdade de gênero e,
consequentemente, o sufrágio feminino, foi muito mais pacífico que o movimento
inglês. As norte-americanas faziam convenções e reuniões políticas e pressionavam
governantes e legisladores com documentos, ofícios e propostas de discussão do
sufrágio feminino em assembleias.
Apesar da conquista do voto feminino ocorrer em 1920 nos Estados Unidos, alguns
estados do país somente permitiram o voto de mulheres negras e homens negros na
década de 1960.

https://mundoeducacao.uol.com.br/politica/sufragio-feminino.htm

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