“fazemos” teoria. A base conceitual é construída entre a grande teoria e a busca menos ambiciosa das teorias de Merton. Essas teorias combinam a aplicabilidade geral com o critério da testabilidade. Todavia, o texto sugere que as chamadas “grandes teorias” tiveram um retorno desde o começo da década de 1990. O capítulo apresenta uma narrativa cronológica da ascensão da sociologia desde as Revoluções Industrial e Francesa no século XVIII, discorrendo sobre a influência do Iluminismo e sua defesa da ciência, contra a religião e a superstição, conforme os fundadores da disciplina. A abordagem positivista de Comte é apresentada com ênfase na aquisição do conhecimento social com o propósito de gerar reformas e melhorias sociais. Os problemas associados a tentativas de engenharia social são discutidos como um modo de criticar os argumentos de Comte. Herbert Spencer é apresentado como um dos pioneiros das ideias da evolução social no pensamento sociológico. As teorias da diferenciação estrutural e adaptação funcional de Spencer são descritas juntamente com sua defesa do princípio da “sobrevivência do mais apto” em sociedades, bem como na natureza. O materialismo histórico de Karl Marx é apresentado como exemplo de uma grande teoria que busca cobrir a história das sociedades humanas pelo conceito central de modo de produção. A teoria de Marx sobre a luta de classes e o movimento do comunismo primitivo através do feudalismo e ao capitalismo são discutidos. A visão de Marx sobre o modo de produção capitalista é considerada seu legado mais duradouro e relevante. A Escola de Frankfurt de teoria crítica é usada como estudo de classe para demonstrar uma das maneiras em que o pensamento marxista evoluiu durante o século XX. Embora Marx mostre a utilidade de uma grande teoria, seu trabalho também ilustra um problema importante que é a sua resistência ao teste empírico e à refutação definitiva. Émile Durkheim é visto como um seguidor das ideias de Comte e descrito como a figura-chave no estabelecimento da sociologia como uma disciplina acadêmica independente. O foco de Durkheim em fatos sociais e na análise funcional é um dos pontos críticos mais importantes. O funcionalismo estrutural de Parsons, com sua problemática central de ordem social, é discutido por meio do seu conhecido esquema AGIL. Parsons foi a figura mais importante na sociologia na metade do século XX, definiu os problemas básicos que estudiosos posteriores como Merton abordaram. O capítulo sugere que uma das razões que contribuíram para que as teorias sociológicas mudassem com o passar do tempo é o fato de ela estar mais relacionada com os “problemas centrais” emergentes da sociedade do que com as tendências e modismos teóricos. O famoso estudo sobre a Ética Protestante, de Max Weber, e o capitalismo é abrangente, tanto ao longo do tempo quanto no espaço. Todavia, a teoria de Weber sobre a relação entre o “espírito do capitalismo” (o desejo de acumulação) e a ética protestante (o desejo pela vocação e a crença na predestinação entre os calvinistas) satisfaz diversos critérios centrais ao pensamento teórico em sociologia, tais como: • (a) seu pensamento é contraintuitivo; • (b) ele resolve um problema – o paradoxo da frugalidade e riqueza; • (c) tem aplicabilidade potencial além do seu contexto imediato; • (d) a teoria não é apenas válida, mas frutífera – ela atua como um estímulo para novas pesquisas. Weber é conhecido por propor uma explicação alternativa a Marx para o desenvolvimento do capitalismo e, juntamente com George Herbert Mead, formar as bases para a teoria interacionista em sociologia. Para ilustrar o desenvolvimento do pensamento interacionista no século XX, três perspectivas são apresentadas em detalhe: interacionismo simbólico, fenomenologia e etnometodologia. Controvérsias teóricas 1. Ação humana e estrutura social
2. Consenso e conflito
3. Incorporação de gênero nas análises sociais.
4. O direcionamento social muda conforme o
desenvolvimento humano. Ação vs. Estrutura Diz respeito ao grau em que as sociedades exercem restrições sociais sobre nossos atos. Durkheim acreditava que a estrutura social tinha uma “solidez” semelhante a estruturas do mundo material. Ela é externa ao indivíduo do mesmo modo que as paredes de uma sala. Embora seja amplamente aceita, seus críticos argumentam que os fenômenos sociais não são como coisas verdadeiras, mas dependem, para sua existência, dos significados que lhes atribuímos ativamente. Somos criadores da sociedade, e não suas criaturas. Além disso, restrição não é sinônimo de determinismo – se um número suficiente de pessoas decidisse não endossar o sistema monetário, ele deixaria de ser viável. A questão aqui é a contínua criação e recriação da estrutura social no curso das atividades cotidianas. A estruturação é reintroduzida como um termo útil para compreender esse processo. Consenso vs. Conflito
Durkheim e a maioria dos funcionalistas depois
dele, enfatizam a integração e harmonia na sociedade. Aqueles que são mais influenciados por Marx enxergam as sociedades como inerentemente repletas de tensão – o conflito está embutido na forma, ao invés de ser uma aberração patológica. Mais uma vez, essas posições não são totalmente irreconciliáveis. Marx observou que certos interesses perpassam as classes sociais, ajudando a aglutiná-las contra outros interesses (rural vs. urbano, províncias vs. capital como exemplos). O conceito de ideologia é uma ferramenta útil para analisar a coexistência e a relação entre consenso e conflito. Questões de gênero As questões de gênero estão basicamente ausentes da maior parte da sociologia clássica. Existem muitas fontes de divisões sociais, incluindo fatores étnicos e culturais, que podem afetar a experiência das mulheres. Segue uma discussão ampliada da relação entre o feminismo e a sociologia. A acusação feminista é que a teoria sociológica ignora a natureza generificada do conhecimento. Forçar uma relação entre o gênero e outras formas de divisão social é uma tarefa importante para o futuro. A constituição do mundo moderno
Marx enxergava o capitalismo como uma força
motriz por trás das mudanças sociais – seu dinamismo, juntamente com sua tendência global, é a sua característica definidora. O período atual tem Marx mais criticado do que nunca, especialmente desde o adiamento do projeto socialista depois de 1989. Todavia, a atual “crise capitalista” pode enxergar um Marx “reinventado”. Weber acrescenta as forças da ciência e da burocracia, que equivalem à racionalização. O debate é contínuo e politicamente polarizado; contudo, também se argumenta que essa área de controvérsia teórica é, pelo menos, mais acessível à análise empírica do que outras. Estudos sobre sociedades contemporâneas podem ser usados como referências para julgar tais teorias. NOVAS TEORIAS Teorias feministas
Consideradas tão desafiadoras quanto o
pensamento sociológico tradicional, enquanto a desestabilização do gênero como uma distinção social óbvia na obra de Cixous, Haraway e Butler é um tema básico para uma reorientação da teoria sociológica. O pós-estruturalismo de Foucault (e seu conceito de discurso) e as ideias pós-modernas de Lyotard, Baudrillard e Bauman são apresentados como representativos de tendências pós-modernas. A severa crítica de Habermas sobre a teorização pós-moderna também é incluída. Teoria da globalização, risco e meio ambiente O trabalho de Castells sobre a economia em rede abre a seção, mostrando como a economia global emergiu e sabotou as formas tradicionais de solidariedade e comunidade. e forma clara, Marx, Durkheim e Weber não poderiam ter previsto a atual ‘crise’ ambiental, e a questão agora é: como os sociólogos podem e devem teorizar esses novos problemas? O trabalho recente de Beck sobre o cosmopolitismo conclui o capítulo As ideias de Giddens sobre o “mundo desenfreado” e a teoria do risco de Beck em relação a problemas ambientais são usadas para mostrar como os problemas centrais da sociedade estão um mundo à parte dos enfrentados pelos teóricos sociológicos clássicos. EXEMPLO DE AULA
Teorias contemporâneas do mundo moderno
• Objetivos: Avaliar e comparar as principais
figuras da teoria sociológica. Apresentar e analisar conceitos comuns em teorias recentes. Resultado: Ao final da aula, os alunos saberão:
• 1. Explicar o conceito de economia em rede,
reflexividade social e sociedade de risco. • 2. Aplicar cada um desses conceitos à análise de uma área da vida social. • 3. Avaliar as perspectivas para a democracia no trabalho de Castells, Giddens e Beck. • 4. Demonstrar compreensão da linhagem entre a teoria social clássica e contemporânea. QUESTÕES PARA REFLEXÃO & DISCUSSÃO
• Será que a sociologia estaria melhor sem
teoria?
• Existe relação entre abordagens teóricas e
métodos de pesquisa?
• Uma teoria de médio alcance pode
simultaneamente ser uma abordagem teórica? • Posições teóricas sempre implicam preferências políticas coerentes?
• Alguma teoria sociológica lida adequadamente
com o gênero?
• Pode haver uma sociedade independente do
‘discurso’? • De que maneiras o mundo é um lugar “mais arriscado” para viver do que era há 100 anos?
• Maior “reflexividade” social acarreta maior
liberdade ou maior responsabilidade?
• “‘Os modismos vêm e vão na história da teoria
sociológica, mas os dilemas básicos permanecem os mesmos”. Discuta. • As questões de gênero podem ser incorporadas pela teoria sociológica ou elas ameaçam destruí-la totalmente? • O fato de não existir uma abordagem teórica única que predomine no todo da sociologia parece ser um sinal de fraqueza... mas ... o choque entre abordagens teóricas e teorias rivais é uma expressão da vitalidade da busca sociológica. Discuta. • Em suas tentativas de reconstruir teorias globais que descrevam e expliquem o mundo inconstante ao seu redor, os teóricos sociais contemporâneos devem muito mais aos sociólogos clássicos do que admitem. Discuta com referência a DOIS dos seguintes: Anthony Giddens, Ulrich Beck, Judith Butler, Manuel Castells.