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A segunda tese diz que “a luta contra o encarceramento em massa é uma luta
contra a desigualdade social”, na qual se expõe que “uma segunda limitação crucial
dos debates mainstream sobre a crise penal é sua falta de foco na relação simbiótica
entre encarceramento em massa e desigualdade social”. Assim, tem-se um sistema
que se retroalimenta dos dois lados: o encarceramento em massa contribuindo para
aumentar significativamente a desigualdade estrutural, e a desigualdade estrutural
como fator que gera reflexos no encarceramento em massa. Para o autor, “talvez
tenha chegado o momento de um novo “movimento de direitos sociais” assumir a
inacabada luta contra a desigualdade social e o estado carcerário que prospera nela”.
A quarta tese diz que “não há fim para o estado penal sem uma reforma
radical do policiamento”. A questão da violência policial aqui é problematizada,
demonstrando que os excessos contribuem para a manutenção de um sistema
evidentemente falho. A proposta seria a de “recuperar o controle comunitário sobre a
polícia”, evitando-se assim que, num espaço público democrático, a polícia aja como
“executor discriminatório de uma ordem social opressiva contra as frações mais
marginais da população”, de modo que “a polícia, como nós a conhecemos, deixaria de
existir na realidade, substituída [...] por uma “Força de Paz dos Cidadãos [...]””.
A última tese prevê que “a luta pelo desencarceramento é uma luta contra o
transecarceramento”. Para o autor, o debate precisa ir além do sistema prisional
enquanto tal, vez que há outras formas de constrição dos corpos presentes na
sociedade que engessam o corpo social e refletem no problema principal. As
“instituições encarregadas de confinamento, tratamento, punição e disciplina de
populações desviantes”, a saber, escolas, prisões, hospitais psiquiátricos e correções
comunitárias, deveriam ser repensados sob o ponto de vista estruturante e
determinante na sociedade.