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SALVADOR
2023
SALVADOR
2023
“Nenhum método punitivo, nenhum sistema penal na história, veio para ficar e ficou, e
de nenhum se pôde dizer, como Vinícius de Moraes, que “seja eterno enquanto dure”,
pois essa eternidade (a pena) é violência e dor.” (Vera Regina, 2006, p.164)
ABOLICIONISMO
MINIMALISMO
O pensamento do filósofo francês Foucault (século XX), em sua frase “Prisão, esssa
pequena invensão desacreditada desde o seu nascimento”, permite-nos compreender
na atualidade como é falho o nosso sistema prisional desde a colonização em nossa
sociedade. A deslegitimação é entender que o sistema penal está nu, que todas as
máscaras caíram e que ele agora exerce, abertamente, sua função real. O
Abolicionismo e o Minimalismo podem ser as possíveis soluções para a crise do
sistema penal.
“O sistema penal rouba o conflito às vitimas, não escuta as vítimas, não protege as
pessoas, mas o próprio sistema, não resolve nem previne os conflitos e “não apresenta
efeito positivo algum sobre as pessoas envolvidas nos conflitos” (não pode ser
considerado, diferentemente de outras como a justiça civil, como um modelo de
“solução de conflitos);” (Vera Regina, 2006, p.171)
As prisões não diminuem a taxa de criminalidade: pode-se aumentá-las, multiplicá-las
ou transformá-las, a quantidade de crimes e de criminosos permanece estável, ou,
ainda pior, aumenta. A prisão, consequentemente, em vez de devolver à liberdade
indivíduos corrigidos, espalha na população delinquentes perigosos .
A ABOLIÇÃO E A MINIMAZAÇÃO
"Ainda que a abolição reconheça níveis macro e micro mais ou menos acentuados nos
diferentes abolicionistas por valorizarem a dimensão comunicacional e simbólica do
sistema penal, estão de acordo em que abolição não significa pura e simplesmente
abolir as instituições formais de controle, mas abolir a cultura punitiva, superar a
organização “cultural” e ideológica do sistema penal, a começar pela própria linguagem
e pelo conteúdo das categorias estereotipadas e estigmatizantes (crime, autor, vítima,
criminoso, criminalidade, gravidade, periculosidade, política criminal etc), que tecem,
cotidianamente, o fio dessa organização (pois tem plena consciência de que de nada
adianta criar novas instituições ou travestir novas categorias cognitivas com conteúdos
punitivos)." (Vera Regina, 2006, p.172)
“Os modelos minimalistas estão às voltas com a limitação da violência punitiva e com a
máxima contração do sistema penal, mas também com a construção alternativa dos
problemas sociais.” (Vera Regina, 2006, p.174)
“De outra parte, ainda no campo das idéias, posicionar-se pelos modelos minimalistas
que são comprometidos com o abolicionismo ignorando esse compromisso é
inconseqüente perante os modelos e relegitimador perante o sistema penal. Não é
conseqüente sustentar como fim minimalismos que se propõem como meios. O
minimalismo de Ferrajoli, ao contrário, se propõe como fim e, neste sentido, polemiza
com o abolicionismo e, de certo, modo contribuiu para vulgarizar a oposição
abolicionismo x garantismo, que não tem lugar quando se abre o leque minimalista;
quando se tem por referência outros modelos e outros pressupostos analíticos.” (Vera
Regina, 2006, p.177)
“O discurso oficial da “Lei e Ordem” proclama, desta forma, que, se o sistema não
funciona, o que equivale a argumentar, se não combate eficientemente a criminalidade,
é porque não é suficientemente repressivo. É necessário, portanto, manda a “Lei e a
Ordem”, em suas diversas materializações públicas e legislativas, criminalizar mais,
penalizar mais, aumentar os aparatos policiais, judiciários, e penitenciários. É
necessário incrementar mais e mais a engenharia e a cultura punitiva, fechar cada vez
mais a prisão e suprimir cada vez mais as garantias penais e processuais básicas,
rasgando, cotidianamente, a Constituição e o ideal republicano. De última, a prisão
retorna à prima ratio.” (Vera Regina, 2006, p.178)
Apesar de o sistema penal estar cada vez mais repressivo, ele não é igualitário. Há
diversos presos que tiveram uma pena rígida para atos “pequenos”, exemplo disso são
as mães de família que roubam comidas de super mercados com o intuito de alimentar
sua família e são condenadas a anos de prisão enquanto indivíduos que cometeram
contrabando de drogas ilícitas e até homicídio estão soltos devido a alta posição que
ocupa no corpo social. Sendo assim, não importa o quão rígido o sistema penal se
torne, se não houver justiça e igualdade, não adiantará nada.
BIBLIOGRAFIA