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Miologia 

é a área da anatomia que estuda os músculos e seus anexos. O termo foi


cunhado a partir dos termos gregos μυς (músculo).

De uma forma muito geral podemos definir um músculo como um órgão com


propriedade contráctil, ou seja, de diminuir a sua longitude mediante um
estímulo. Em miologia categorizam-se os músculos em três grandes grupos
com sua função fisiológica: músculos involuntários de contracção lenta, músculos
involuntários de contracção rápida e músculos voluntários de contracção rápida.
Sendo a Miologia uma disciplina da Anatomia Descritiva, debruça-se sobre os
músculos nesta mesma perspectiva, sendo responsável pela sua descrição e
tendo ainda criado uma série de parâmetros classificativos como: Situação ou
Localização, Número, Direção, Conformação exterior, Tipo de
inserção e Mecanismo de inserção.
A miologia estuda também as relações anatómicas dos músculos com outras
estruturas anatómicas, a sua irrigação e a sua inervação, sobrepondo-se nestes
campos a demais disciplinas da Anatomia Humana: Anatomia
Topográfica, Angiologia e Neuroanatomia. É ainda pertinente para a Miologia o
estudo das variações anatómicas dos músculos.
Classificação Anátomo-fisiológica dos músculos

A maioria dos anatomistas de língua portuguesa e os demais que seguem a


nomenclatura anatômica francófona adotaram uma divisão geral dos músculos do corpo
humano que se baseia nas suas características anatômicas e fisiológicas.

 Músculos voluntários de contração rápida: São músculos cuja contratilidade está, em


situações não patológicas, associada ao exercício da vontade consciente. Constituem no
seu conjunto o sistema cativo da locomoção humana.
 Músculos involuntários de contração lenta: são exatamente músculos controlados
pelo sistema nervoso autónomo e cuja contratilidade se exerce gradualmente e por
períodos mais alargados de tempo, sendo o seu relaxamento também muito mais lento.
São os músculos que, grosso modo, encontramos associados às vísceras, como nos
sistemas digestivo e circulatório.
 Músculos involuntários de contração rápida: constituem um terceiro grupo formado
por excepções ao precedente, como o miocárdio, que sendo músculos involuntários
possuem contração rápida.

Outras classificações alternativas são usadas por diversos anatomistas, mas com termos
equivalentes. Por exemplo, Léo Testut usava os termos músculos de la vida
animal e músculos de la vida orgánica o vegetativa. Histologicamente, os músculos são
classificados como músculo liso ou músculo estriado, havendo certa associação entre
músculos de contração involuntária e fibras musculares lisas e músculos de contração
voluntária e fibras estriadas. Contudo, a generalização desta premissa revela-se errônea,
com a existência de notáveis excepções como o miocárdio. É precisamente devido a esta
realidade histológica que existem músculos ditos involuntários, mas de contração
rápida.
Situação do músculo
O termo situação, por vezes substituído por localização, emprega-se, em
miologia, para classificar os músculos em dois grandes grupos: músculos
superficiais ou cutâneos e músculos profundos ou aponevróticos.
 Os músculos superficiais encontram-se imediatamente abaixo da pele, possuindo
inserções na face profunda da derme. Basta uma das inserções musculares ser em tecido
subcutâneo para que se empregue tal epíteto, embora na maioria dos casos os músculos
deste tipo apresentem apenas inserções cutâneas.
 Já os músculos profundos encontram-se abaixo de bainhas aponevróticas de
revestimento e daí a sua denominação alternativa de subaponevróticos. A grande
maioria destes músculos apresentam inserções ósseas, constituindo, assim, parte
integrante do sistema de locomoção humana. São, mais propriamente, os órgãos de
locomoção activa; por oposição aos ossos, que são órgãos de locomoção passiva. Para
além dos músculos esqueléticos, podemos ainda encontrar músculos subaponevróticos
ligados a órgãos dos sentidos (por exemplo: o músculo grande recto superior do olho)
ou associados a órgãos dos sistemas digestivo, respiratório e reprodutivo (por exemplo:
o músculo constrictor médio da faringe). Estes são, na anatomia clássica, considerados
como verdadeiros anexos destes sistemas, pelo que o seu estudo é uma área de
abrangência sobreponível pela miologia e pelas estesiologia (estudo dos órgãos
sensoriais) e esplancnologia (estudo das vísceras).

Direção de um músculo
A grande maioria dos músculos é paralela ao eixo do corpo ou ao eixo do
membro, sendo por isso chamados de rectilíneos. Conforme se inclinam mais ou
menos sobre esse eixo serão descritos como oblíquos e transversos. À laia de
exemplo, refiram-se os músculos do membro superior, onde encontramos
músculos rectilíneos - como o bicípite braquial -, músculos oblíquos - como
o redondo pronador - e músculos transversos - como o quadrado pronador.
Nos casos precedentes - músculos de direção rectilínea, oblíqua e transversa - as
fibras musculares descrevem uma linha (mais ou menos) recta entre as suas
duas inserções. Contudo, casos há em que um músculo segue primeiro numa
direção e sofre uma mudança brusca para se continuar numa outra. Estes
músculos são, então, constituídos por duas porções, cada uma com uma
direção distinta, que se unem num ângulo mais ou menos acentuado e que se
denominam de músculos reflexos. Exemplos de músculos reflexos são o músculo
oblíquo superior do olho, os músculos flexores do pé, o músculo omo-hióideo ou
o músculo obturador interno.
Conformação exterior de um músculo
Os músculos apresentam-se numa miríade de diferentes formas que são
classificadas consoante a relação entre as suas dimensões.

 Músculos longos são aqueles em que a longitude do músculo, vulgo comprimento,


predomina sobre as demais. Este género de músculo é típico das membros, onde se
dispõem como que em camadas. Regra geral, os mais superficiais são mais longos que
os profundo, recobrindo mais do que uma articulação. Veja-se o exemplo do bicípite
braquial que cobre as articulações do ombro e cotovelo, enquanto o músculo
coracobraquial, que lhe é mais profundo ou posterior apenas se relaciona com a
primeira.
 Músculos largos são aqueles em que há predomínio de dois diâmetros complanares, ou
seja, do comprimento e da largura. Normalmente são bastante achatados e delgados.
Estes músculos encotram-se, na maioria dos casos, a revestir as
cavidades torácica, abdominal e pélvica. De notar que estes músculos apresentam uma
elevada variadade quanto à forma: triângulares como o peitoral maior, quadriláteros
como o recto maior do abdómen, rombóides como o rombóide maior, entre outros;
quanto à disposição: planos como o peitoral maior, encurvados como o transverso do
abdómen e, ainda, quanto aos bordos, que se podem apresentar: rectilíneos, curvos ou
dentados (como o dentado anterior.
 Músculos curtos é a denominação dos músculos que apresentam uma certa harmonia
entre as três dimensões. São, por norma, músculos pequenos que se destinam a
movimentos de pouca extensão e muita força. Encontram-se mormente nas regiões
articulares, a rodear a coluna vertebral. Quanto à forma destes órgãos, apresenta-se tão
variada quanto a dos precedentes: músculos triângulares como os supracostais,
quadriláteros como o quadrado crural ou acintados como os intertransversos.
 Músculos anulares ou orbiculares - que alguns autores consideram como um subtipo
dos músculos curtos,[1] enquanto outros os abordam como um tipo independente[2] -
são aqueles que redeiam um orifício, como o bocal ou o anal. Note-se que a entidade
muscular é semi-orbiculare, formando, em conjunto com o músculo análogo, o tal
músculo anular, apelidado em Anatomia e Fisiologia com esfíncter (do grego σφιγγειω,
apertar). Como exemplos podemos apontar o músculo orbicular das pálpebras ou
o músculo orbicular dos labios.
 Músculos mistos são aqueles que apresentam características dúbias ou ambíguas, uma
vez que as definições dos tipos precedentes não são precisas. Dentro deste grupo de
músculos difíceis de classificar podemos incluir os músculos infra-hióideos,
os músculos motores do olho, o músculo recto maior do abdómen ou o músculo
piramidal do abdómen,[1]

Bibliografia

Testut, Léo; Latarjet, M. (1978). Tratado de Anatomia Humana (em espanhol). 1 (Osteologia,
Artrologia, Miologia) 1ª ed. Barcelona: Salvat Editores, S.A. pp. 736–763. ISBN 84-345-1144-2
Verifique |isbn= (ajuda)

Esperança Pina, J.A. (1999). Anatomia Humana da Locomoção. Anatomia Humana Passiva
(Osteologia e Artrologia) e Activa (Miologia) 3ª ed. Lisboa: Lidel. Pp. 269–274. ISBN 978-972-
9018-99-2

Esperança Pina, J.A. (2001). Anatomia Geral e Dissecção Humana 3ª ed. Lisboa: Lidel. Pp. 24–
26. ISBN 978-972-757-000-3

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