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Ensino

Médio

ARTES
3a Série - 1a edição
ARM 3
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1ª Edição - 2006 pela produção de cópias.
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Índice
Lição 1 – Conceitos Fundamentais de Arte..............................................1/7
1. Conceito de Arte.....................................................................................1/7
2. Elementos de Composição......................................................................1/7
Resumo ............................................................................................................1/9
Exercícios Propostos......................................................................................1/10

Lição 2 – A Arte Através dos Tempos......................................................2/11


1. A Arte na Pré-História..........................................................................2/11
2. A Arte Egípcia.......................................................................................2/12
3. A Arte na Mesopotâmia........................................................................2/13
4. A Arte na Grécia Antiga........................................................................2/13
5. A Arte na Roma Antiga.........................................................................2/14
6. A Arte Bizantina....................................................................................2/14
7. A Arte Islâmica.....................................................................................2/15
8. O Período Românico.............................................................................2/15
9. O Período Gótico...................................................................................2/15
10. O Renascimento..................................................................................2/16
11. O Barroco............................................................................................2/17
12. O Rococó.............................................................................................2/17
13. O Neoclássico.....................................................................................2/17
14. O Romantismo.....................................................................................2/18
15. O Realismo..........................................................................................2/18
16. O Impressionismo..............................................................................2/18
17. Pós-Impressionismo...........................................................................2/20
18. Pontilhismo.........................................................................................2/20
Resumo ..........................................................................................................2/21
Exercícios Propostos......................................................................................2/22

Artes
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Lição 3 – A arte como Ruptura: Conceitos Modernos e


Contemporâneos de Arte..........................................................3/23
1. Cubismo................................................................................................3/23
2. Expressionismo.....................................................................................3/24
3. Fauvismo...............................................................................................3/25
4. Futurismo..............................................................................................3/25
5. Abstracionismo.....................................................................................3/26
6. Dadaísmo..............................................................................................3/26
7. Surrealismo...........................................................................................3/27
8. Pop Art..................................................................................................3/27
9. Op Art....................................................................................................3/28
Resumo ..........................................................................................................3/29
Exercícios Propostos......................................................................................3/30

Lição 4 – Dança, Teatro, Música e Artes Plásticas..............................4/31


1. Dança....................................................................................................4/31
2. Teatro....................................................................................................4/32
3. Música...................................................................................................4/33
4. Artes Plásticas......................................................................................4/33
Resumo ..........................................................................................................4/35
Exercícios Propostos......................................................................................4/36

Lição 5 – Arte como Expressão do Indivíduo na Sociedade................5/37


Introdução................................................................................................5/37
1. O Bigode da Monalisa...........................................................................5/37
2. A Monalisa Sou Eu................................................................................5/38
3. Monalisas em Série..............................................................................5/38
Resumo ..........................................................................................................5/39
Exercícios Propostos......................................................................................5/40

Lição 6 – Componentes Estéticos e Formais de


Diversas Manifestações Artísticas..........................................6/41
1. A Arte Imita a Vida...............................................................................6/41
Resumo ..........................................................................................................6/42
Leitura Complementar....................................................................................6/43
Exercícios Propostos......................................................................................6/44

Lição 7 – A Arte como Expressão da Nossa Época ...............................7/45


1. A Arte e a Mídia....................................................................................7/45
Resumo ..........................................................................................................7/46
Exercícios Propostos......................................................................................7/47

Lição 8 – Produção Artística ....................................................................8/49


1. A Arte no Universo................................................................................8/49
Resumo ..........................................................................................................8/52
Exercícios Propostos......................................................................................8/53

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Lição 9 – Arte Afro-brasileira...................................................................9/55


1. História e Cultura Afro-brasileiras.......................................................9/55
2. Arte Africana.........................................................................................9/56
3. Arte Afro-descendente.........................................................................9/56
4. A arte dos Ex-votos...............................................................................9/58
Resumo ..........................................................................................................9/59
Exercícios Propostos......................................................................................9/60

Respostas dos Exercícios Propostos

Bibliografia Sugerida

Artes
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LIÇÃO 01 Conceitos Fundamentais


de Arte

A arte sempre foi, e certamente sempre será, o meio pelo qual o ser
humano expressa e representa seus interesses, sentimentos e relações
com o mundo.

Nesta lição, apresentamos os conceitos fundamentais de Arte e suas


diferentes interpretações ao longo do tempo.

1. Conceito de Arte Para o filósofo grego Platão (428 ou 427 a.C – 348 ou
347 a.C), o belo por excelência é uma realidade perfeita e
Arte pode ser conceituada como uma atividade imutável, apreendida somente pela inteligência e que pode
eminentemente cultural, em que o ser humano expressa estar presente nas coisas do mundo sensível, mas como
sua relação com o universo por meio de figuras, formas, simples cópia imperfeita. Para ele, a arte seria uma atividade
palavras, sons, gestos e outros signos, criados de modo a inferior, pois consiste em cópias de segundo grau.
produzir beleza, prazer ou emoção estética.
Para o filósofo grego Aristóteles (383-322 a.C). a arte
Na produção artística distinguimos dois momentos seria uma imitação não do individual, mas do essencial e
fundamentais e complementares: necessário.
• o técnico – relacionamento do artista com os seus meios; Na Idade Moderna, a maior contribuição foi dada pelo
• o simbólico ou expressivo – relacionamento da arte com filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), segundo o
o sujeito e a sociedade, determinando os parâmetros em qual o fenômeno estético não dependeria da natureza das
que a obra artística se situa. coisas, mas apenas da intuição e do sentimento. O belo seria
propriedade das coisas que agradam, sem depender de um
Arte também pode ser entendida como a reunião conceito, produzindo satisfação desinteressada.
sintética e lúdica da sensibilidade com a razão, traduzindo
a vontade humana de liberdade. 2. Elementos de Composição
Na filosofia, a estética é a parte que se ocupa da Em uma composição artística, notadamente na pintura,
arte e do belo. Com essa denominação e como disciplina distinguem-se os seguintes elementos:
independente, a estética surgiu com Alexander Gottlieb 3 espaço
Baumgarten (1714-1762), filósofo alemão, mas desde a 3 luz
Antigüidade encontram-se reflexões sobre o tema e muitas 3 cor
foram as teorias surgidas. 3 movimento
3 dinâmica

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2.1 Espaço

A pintura sempre encarou o problema de representar figuras tridimensionais no plano. É


o que chamamos de perspectiva, ou seja, a representação de objetos tridimensionais sobre
uma superfície, organizados e articulados de maneira a não parecerem planos.

Existem vários tipos de perspectiva:


• Isométrica - linhas paralelas convergem para um mesmo ponto. A obliqüidade é suficiente
para representar a profundidade, sendo tudo visto de um mesmo lado;
• Convergente ou central - as faces laterais são escondidas. O observador se aproxima da
cena, observando um mundo centralizado. É o modo mais real de representação.

Os artistas modernos procuram desmaterializar os objetos e minimizar o espaço. A sobre-


posição de imagens cria uma seqüência de objetos visuais na dimensão da profundidade.

2.2 Luz

O olho humano recebe a intensidade da luz, permitindo a percepção de forma, cor, espaço
e movimento. Um objeto brilhante é visto como uma fonte que propaga energia luminosa.

Os gradientes de luz criam profundidades e as transições súbitas de claridade ajudam a


definir a orientação dos objetos no espaço.

Sombra é a percepção resultante da escassez de luz, que pode ser parcial ou total. As
sombras podem ser próprias ou projetadas. A sombra própria define o volume do objeto,
enquanto a sombra projetada resulta da imposição de um objeto sobre outro. Ambas definem
espaço, forma e a posição espacial das coisas.

A figura 1 reproduz um quadro de Rembrandt (1606-1669), o maior dos pintores holan-


deses e um mestre na técnica do claro-escuro. Observe os impressionantes efeitos de luz e
sombra.

Figura 1 - O homem rico


da parábola, 1627.

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2.3 Cor As cores terciárias são resultantes da mistura de uma


cor primária com uma secundária: amarelo-alaranjado,
Embora a cor seja apenas uma sensação produzida nas vermelho-alaranjado, vermelho-arroxeado, azul-arroxeado,
células nervosas sob a ação da luz, nas artes visuais não é azul-esverdeado e amarelo-esverdeado.
apenas um elemento decorativo ou estético, mas sobretudo,
o fundamento da expressão. 2.4 Movimento

As cores podem transmitir diversas sensações, criar Na pintura, dizemos que a obra tem movimento quan-
espaços, dar volume a um objeto, aproximá-lo ou distan­­­ciá-lo. do sua composição dirige a atenção do observador de um
O volume de um objeto pode ser alterado simplesmente pela ponto a outro, ordenadamente, de acordo com a vontade do
cor empregada em sua representação. Uma superfície branca artista. Não se trata, obrigatoriamente, da representação de
sempre parece maior e mais clara que uma mais escura. figuras em movimento, mas da percepção de um movimento
interno e virtual.
Cores primárias ou puras são aquelas que, mistura-
das em proporções variáveis, produzem todas as cores do 2.5 Dinâmica
espectro.
Todo objeto visual apresenta uma dinâmica, resultante
Para os artistas que trabalham com cor-luz, as cores do conjunto de linhas, cores e luzes. Um objeto em posição
primárias são: vermelho, verde e azul-violetado. A mistura oblíqua, por exemplo, sugere movimento potencial ou real,
dessas três luzes coloridas produz o branco (síntese adi- porque deriva da posição de repouso. O movimento, a expan-
tiva). são, a contração e o processo de crescimento se manifestam
como formas dinâmicas.
Para os que trabalham com cor-pigmento – químicos e
artistas que trabalham com substâncias corantes – as cores A linha oblíqua é o recurso mais elementar e efetivo
primárias são: vermelho, amarelo e azul. A mistura das cores para se obter atenção dirigida, pois diferencia a ação do
pigmento produz o cinza-neutro (síntese subtrativa). repouso.

Nas artes gráficas, as cores primárias são: magenta, Resumo


amarelo e ciano. A mistura dessas três cores também produz
o cinza-neutro (síntese subtrativa). • A arte pode ser resumida como uma forma de
expressão humana, produto do seu trabalho e da
As cores secundárias são formadas pela mistura de sua imaginação, que expressa os interesses mais
duas cores primárias. A mistura do vermelho com o amarelo profundos do homem e sua relação com o mundo.
produz o laranja; a mistura do vermelho com o azul produz
o verde. • Os elementos de uma composição artística são:
espaço, luz, cor, movimento e dinâmica.

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Exercício Proposto

1 - A arte é uma atividade cultural em que o ser humano expressa sua relação com o universo
por meio de figuras, formas, palavras, sons, gestos, etc. Podemos considerar então que
tudo o que se produz é arte? Justifique sua resposta com uma dissertação.
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LIÇÃO 02 A Arte Através dos Tempos

A análise dos objetos e imagens construídos pelo homem, ao longo da


História, fornece um retrato preciso de todas as transformações ocorridas
ao longo dos tempos, ou seja, da relação espacial desenvolvida entre o
homem, o tempo e o espaço. Sendo a arte o reflexo da sociedade que a
produz, ela ilustra a realidade de cada momento histórico.

1. A Arte na Pré-História No Paleolítico Superior também temos a presença das


esculturas, nas quais podemos notar a ausência de figuras
Entende-se por pré-história o período anterior à inven- masculinas, assim como acontecia nas pinturas. Entre as
ção da escrita. O que sabemos desse período é resultado da esculturas podemos destacar as “Vênus”, com os seios e
pesquisa de antropólogos e historiadores que reconstruíram barriga volumosos – o que provavelmente indica uma ligação
a cultura do homem primata através de objetos, pinturas à fertilidade.
e desenhos encontrados nos interiores das cavernas em
diversas partes do mundo, principalmente na Europa, Norte
da África e Ásia.

A pré-história é dividida em três períodos: Paleolítico


(Inferior e Superior) Neolítico e Idade dos Metais

Acredita-se que as primeiras manifestações artísticas


tenham ocorrido no Paleolítico Superior. Eram bastante
simples e retravam cenas do cotidiano e de caça. O homem
usava sangue de animais, carvão, ossos carbonizados,
terra e água para obter uma espécie de tinta; para pintar,
utilizavam pena e pêlo de animais. Figura 2 – Vênus de
Willendorf.

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desenho, uma pintura ou baixo-relevo contando a história


do faraó para que fosse sempre lembrada e preservada.
Note que toda expressão artística desse povo gerou em
torno dos faraós.

As paredes internas das pirâmides eram repletas de


textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens
para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel
chamada papiro, que era produzida a partir de uma planta de
mesmo nome, também era utilizada para escrever.

2.1 Escultura

As esculturas dos faráos estão junto à sua pirâmide. Os


faráos eram sempre representados frontalmente, rígidos e
gigantescos para demonstrar o seu poder. Mesmo quem hoje
Figura 3 – Cena de caça Els Cavalls.
visita o Egito e se depara com essas esculturas é capaz de se
sentir inferior e notar a importância e poder dos faraós.

O período Neolítico deu início a uma vida mais estabi-


lizada ao contrário da vida nômade (como era no período
Paleo­lítico), o que levou o homem a cultivar a terra, desenvol-
ver a técnica de tecer panos, fabricar cerâmicas e construir
as primeiras moradias. Essas mudanças tiveram um forte
reflexo na arte, ocorrendo assim a primeira transformação
com mudança nos temas: começaram as representações
da vida coletiva.

Já não se retratam mais cenas naturalistas e sim de


representação das atividades cotidianas, buscando dar mais
movimento na pintura.

A produção artística dos primatas estendeu-se para a


Figura 4 – Entrada do templo de Ramsés II.
cerâmica revelando preocupação com a beleza e não apenas
com a utilidade. Começa a utilizar-se o metal.

2. A Arte Egípcia 2.2 Pintura

A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste A pintura egípcia caracteriza-se pela representação da
africano às margens do rio Nilo entre 3200 a.C a 32 a.C. A arte figura humana sempre com o tronco desenhado de frente,
egípcia estava intimamente ligada à religião, às divindades, à enquanto a cabeça, as pernas e os pés são colocados de
morte, à escultura de faraós – governantes e considerados perfil. Os egípcios não representavam as partes do corpo
deuses – a pinturas e a construções arquitetônicas. humano com base na sua posição real, mas sim levando em
consideração a posição de onde melhor se observasse cada
Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam uma das partes: o nariz e o toucado aparecem de perfil, que
os cadáveres dos faraós e guardavam em tumbas e nas é a posição em que eles mais se destacam; os olhos, braços
pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo para a vida e tronco são mostrados de frente. Essa estética manteve-
seguinte; também eram guardados seus principais perten- se até meados do Império Novo, manifestando-se depois a
ces. E nessa tumba onde era guardado o corpo, era feito um preferência pela representação frontal.

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4. A Arte na Grécia Antiga


A arte grega divide-se em três períodos:
• Arcaico – predomínio de linhas geométricas rígidas;
• Clássico – idealização da beleza e busca da perfeição de
formas;
• Helenístico – formas com aspectos exagerados de
movimentação.

Na Grécia antiga, a relação com os deuses foi funda-


mental. Para esses eram construídos templos em pedras,
onde se destacavam a simetria, a modulação, o ritmo e
a proporção. Houve três ordens ou estilos arquitetônicos
(figura 7):
Figura 5 – Detalhe de pintura mural do túmulo de
Nebamun, que mostra dançarinas e uma instrumentista. - Dórica – simples, revela solidez e imponência;
- Jônica – leve e elegante, dá idéia de classe e
refinamento;
- Coríntia – requintada e decorativa, sugere luxo e
3. A Arte na Mesopotâmia ostentação.

A arte mesopotâmica caracterizou-se por suas inten- Dórica Jônica


ções práticas e não pelas estéticas. Complexa e com várias
formas, reflete a história de uma sucessão de povos – sume-
rianos, babilônios, assírios e persas – em luta pelo poder.

As construções eram feitas inicialmente com tijolos


de barro, secos ao sol. Depois, passaram a usar tijolos
vitrificados (com vidro), onde se visualizavam imagens para
proteção do espaço, como leões, serpentes e touros. Além Coríntia
dessas imagens, fixas nas paredes, faziam esculturas de
touros alados com cabeças humanas, que eram expostos
na frente dos palácios com a função de guarda.

Assim como os egípcios, também utilizaram a lei da


frontalidade e um acentuado geometrismo.

Figura 7

Na pintura destaca-se a criação do escorço – método


em que uma representação levava em conta o ângulo de
onde a figura era vista, abandonando a lei da frontalidade
egípcia. Essas representações foram marcantes na cerâmi-
ca, que apresentava uma decoração organizada e narrativa
(figura 8).
Figura 6 – Zigurate em Ur, arte mesopotâmica.

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Figura 9 – Aqueduto romano em Terragona, Espanha.

Os templos romanos adotaram a ordem coríntia, dos


gregos, e também combinavam diversas ordens, resultando
em um estilo denominado compósito.
Na pintura, retratavam cenas épicas, paisagens,
naturezas mortas e cenas do cotidiano. Na escultura, a
Figura 8 – Ânfora grega. imagem era uma cópia fiel do retratado e não mais uma
figura idealizada.
Além de superfícies planas, os gregos pintavam as
esculturas feitas em mármore, utilizando cores fortes e 6. A Arte Bizantina
contrastantes.
A arte bizantina relacionou-se à composição de super-
Um aspecto relevante da arte grega foi o teatro, desen- fícies de mosaicos que, durante 10 séculos, foram a base da
volvido a partir de cerimônias em honra ao deus Dionísio. decoração das igrejas orientais.
A figura de Jesus Cristo, por exemplo, era representada
Das manifestações artísticas da Grécia antiga, caracte- como rei e Maria como rainha. Essas figuras, representadas
rizadas pela proporção, harmonia, equilíbrio e idealização do em mosaicos, tornaram-se objeto de devoção e ícones.
belo, restaram elementos que ainda continuam a influenciar
a vida atual, como é o caso das Olimpíadas.

5. A Arte na Roma Antiga


A arte romana foi influenciada predominantemente pela
arte grega, mas também pela tradição dos etruscos.

Na arquitetura, o urbanismo era um elemento essen-


cial, sendo marcado pelo caráter público, funcional e civil.
A estruturação do arco e a utilização do cimento foram
fatores decisivos para o avanço neste setor. Destacam-se
os banhos públicos, as estradas, os aquedutos (figura 9) e
os edifícios urbanos, com paredes recobertas de mármores
ou com pinturas na técnica do afresco.
Figura 10 – Pintura mural bizantina.

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7. A Arte Islâmica
Esta arte incorpora tradições árabes, turcas e persas,
sendo marcada pela abstração e pelo uso de arabescos. Seu
princípio básico é a dissolução da matéria, resultando um
mundo que não reproduz o objeto real.
Na arquitetura, marcantemente religiosa, sobressaem
as mesquitas, sendo comum o emprego de arcos em forma
de abóbada e de ferradura.

Figura 11 – Mesquita de Córdova. Figura 12 – Igreja Beneditina de Murbach

8. O Período Românico 9. O Período Gótico


O período românico estendeu-se do século X até A arte gótica floresceu na Europa, particularmente na
meados do século XII e caracterizou-se pela afirmação do França, a partir de meados do século XII, perdurando até
poder da Igreja na sociedade. Recebeu esse nome porque o final do século XV.
suas formas eram derivadas da arte romana.
A arquitetura, principalmente a religiosa, caracterizou-se
A arquitetura, baseada no arco redondo romano e em pela verticalidade das formas e pela busca de equilíbrio por
sistemas improvisados de abóbadas, deu origem a um estilo meio da criação do arco cruzado ou ogival, que dividia o peso
maciço, simples e sólido. Sobressaem os templos religiosos da abóbada central, descarregando-o sobre vários pontos. As
feitos de pedra, retratando sua monumentalidade, solidez paredes deixaram de ter função de sustentação. Isso permitiu
e durabilidade. As igrejas tinham torres imensas e os inte- o uso de materiais mais leves para as paredes, como o vidro,
riores eram decorados com afrescos representando cenas e grandes janelas passaram a inundar os templos com a luz
bíblicas (figura 12). filtrada pela pintura dos vitrais, em substituição à pintura
mural.

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A catedral de Notre Dame, em Paris, é um exemplo A arquitetura foi marcada pela proporção, simetria e
típico do gótico primitivo (figura 13). modulação. A importância da obra não estava na sua estru-
tura, mas no aspecto final. As igrejas passaram a ter como
planta base o desenho da cruz grega e suas derivações.

Na pintura, destaca-se a estruturação da perspectiva,


a técnica do esfumato e da utilização da tinta a óleo.

Na escultura, voltou-se a idealizar a beleza do período


clássico grego, havendo um grande detalhamento da ana-
tomia do corpo humano.

A invenção da imprensa permitiu o desenvolvimento da


xilogravura e da calcogravura.

O Renascimento foi pródigo em gênios das artes, como


Leonardo da Vinci (figura 14), Michelangelo Buonarroti, e
Sandro Botticelli.

Figura 13 – Catedral de Notre Dame (Paris, França).

O culto à Virgem Maria foi instituído nesse período,


transformando-se a imagem de Maria no símbolo da Igreja,
destacado em esculturas ou em rosáceas (vitral circular)
nas fachadas.

Os livros de orações eram decorados com iluminuras:


desenhos, letras e pinturas ornamentais utilizando folha de
prata ou de ouro.

10. O Renascimento
O Renascimento ou Renascença foi um período da
história européia compreendido entre o fim da Idade Média
e o início da Idade Moderna, caracterizado por profundas
transformações econômicas, sociais, políticas, religiosas e
culturais. Os preceitos da fé foram substituídos pelos ideais
da razão e o homem passou a ser o centro do universo.

Figura 14 – Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.

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11. O Barroco No Brasil, o barroco floresceu principalmente nas cida-


des mineiras do Ciclo do Ouro, como Ouro Preto e Mariana.
A arte barroca surgiu na Itália, no século XVII, espa- O principal nome a ser destacado é o de Antônio Francisco
lhando-se para outros países da Europa e do continente ame- Lisboa, o Aleijadinho, que, dentre outros trabalhos, esculpiu
ricano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. em pedra-sabão os 12 Profetas, na cidade de Congonhas do
Está intimamente ligada à decadência da Igreja Católica, Campo, Minas Gerais (figura 16).
que se utilizou da estética barroca como instrumento de
convencimento e afirmação da fé.

O barroco foi interpretado de diferentes maneiras ao


redor do mundo. Na pintura, caracterizou-se pela intensidade
do jogo de luzes e sombras. O contraste entre claro e escuro
intensifica a expressão dos sentimentos e altera os padrões
de beleza idealizada.

As formas barrocas são retorcidas, com detalhes exu-


berantes e ornamentos sem função prática. Apresenta muita
ostentação e abuso das linhas curvas e sinuosas.

As igrejas barrocas são suntuosas, com altares em


madeira expondo ricos ornamentos espirais ou florais, en-
talhados com figuras de anjos e imagens sacras revestidas
de uma fina película de ouro.

Dentre os pintores destacam-se Caravaggio, Diego


Velázquez (figura 15), Van Dyck, Frans Hals, Johannes Ver-
meer e Rembrandt.

Figura 16 – Arte de Aleijadinho.

12. O Rococó
Este estilo surgiu na França por volta de 1715 e se
manifestou na arquitetura, pintura, escultura e sobretudo
nas artes decorativas e ornamentação de interiores. Ca-
racteriza-se pela preponderância de curvas, pelas formas
leves e sofisticadas.

Nesse período podemos ressaltar os biscuits, as por-


celanas de Sèvres e os Gobelins.

13. O Neoclássico
Este movimento desenvolveu-se na Europa no século
XVIII, retomando padrões estéticos e temas do Classicismo.
As criações neoclássicas apresentavam harmonia e beleza,
Figura 15 – As Meninas, de Diego Velázquez. retomando os modelos clássicos greco-romanos.

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A principal virtude artística desse período era a cópia Diferentemente dos movimentos artísticos anteriores,
exata e não a criação de novos elementos. O melhor artista o Impressionismo não se preocupa com o realismo. O artista
era aquele que copiava com maior perfeição. sai do atelier para pintar ao ar livre com o objetivo de captar
a influência da luz natural nos objetos, pessoas e lugares.
14. O Romantismo Portanto, a luz e o movimento se tornam principal a carac-
terística do Impressionismo. Os impressionistas retratam
Surgido na Alemanha, no século XIX, valorizava a em suas obras as coisas que os impressionam associadas
emoção, a intuição, a imaginação e o individualismo, em a emoções.
oposição aos ideais de contenção, razão e harmonia do
Classicismo. As pinturas eram feitas para serem observadas com
uma certa distância, pois as pinceladas são soltas e à medida
Pela primeira vez o artista não procurou representar os que o olho se afasta da tela, as cores se misturam dando
padrões de beleza consagrados, mas sim exprimir os seus efeito à obra. As obras são claras e pouco se usa a cor preta.
sentimentos. As regras fixas e definidas deixaram de ser Os principais artistas desse período foram:
usadas, tanto na pintura como na escultura.

15. O Realismo Claude Oscar Monet


(1840-1862) - nasceu
Este movimento surgiu na França por volta de 1850 na França. Foi o grande
como reação ao Romantismo. Os artistas optaram por nome do Impressionismo.
representar as imagens do cotidiano de um modo real, Começou sua carreira
aproveitando as sensações de luz e cor. de artista muito jovem
fazendo caricatura de seus
Na arquitetura, passaram a ser utilizados novos mate- professores na escola e
riais, surgidos com o processo de industrialização, inovando logo passou a vendê-las.
as estruturas dos edifícios. Casou-se por duas vezes
Monet
Retrato de Claude 18 99 . e teve dois filhos. Monet
dar em
fotografado por Na
passou a maior parte
16. O Impressionismo da sua vida na pobreza,
mas, aos 50 anos, já era um artista de prestígio e
O Impressionismo foi um movimento artístico do século
reputação. No final de sua vida sofreu muito quando
XIX que surgiu na França, revolucionando a pintura, e que
começou a perder a visão.
influenciou a arte do século XX. O nome dessa vanguarda
surge a partir da obra “Impressão do Sol Nascente”, de
Claude Monet.

Figura 17 – Claude Monet, Impressão do Figura 18 – Claude Monet, A ponte.


Sol Nascente, 1872.

2 | 18 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Pierre Auguste Renoir


(1841-1919) - iniciou
aos 13 anos de idade sua
carreira de pintor numa
fábrica de porcelanas em
Paris e seis anos depois
Edgar Degas (1834-1917)
seguiu sua carreira
- abandonou aos 18 anos
artística. Pintou até a
os estudos de Direito
.
velhice mesmo aleijado
Auto-retrato 1910 para se dedicar à carreira
em virtude da artrite.
artística. Participou
ativamente da montagem
da primeira exposição
impressionista, embora Auto-retrato,
Museu
não se considerasse um de Orsay
artista do movimento por
seu estilo ser um pouco
diferente. Degas foi fascinado pelo balé e mais
da metade de suas pinturas e esculturas estão
voltadas a esse tema. A maior contribuição de
Degas para a pintura foi a angulação oblíqua e
o enquadramento
das cenas, com
objetos e pessoas
Figura 19 – Pierre Renoir, O Baile no Moulin de la Galette. representadas na
primeiro plano
dando uma
profundidade
à composição.
Isso revela a
grande influência
que a fotografia
exerceu sobre a
obra dele.

Figura 20 – Edgar Degas,


Prima Ballerina ou A primeira
bailarina.

Artes 2 | 19
Instituto Monitor

17. Pós-Impressionismo período, então, que surgiram as cores primárias ou puras


(amarelo, vermelho e azul) e secundárias resultantes da
Movimento que surge a partir da exposição dos mistura de duas cores:
impressionistas por volta de 1886. Podemos destacar os Primária: amarelo + azul = verde
artistas: Vincent van Gogh, Gauguin, Seurat e Cézanne (que vermelho + amarelo = laranja
contribuiu para o surgimento do Cubismo). Esses artistas se azul + vermelho = roxo
identificaram com o Impressionismo e logo passaram a se
sentir insatisfeitos em relação a ele, pois esses não queriam Terciária: mistura de uma cor primária +
apenas captar uma impressão momentânea. uma cor secundária
Neutras: teoricamente é branco (união de todas cores) ou
preto (ausência das cores)
Vincent van Gogh cinza = branco + preto
(1853-1890) - artista
holandês. Viveu poucos Principal artista: Georges Seurat (1859-1891).
anos, mas o suficiente
para ter construído uma
vasta produção artística Georges-Pierre Seurat
e colocado seu nome na (1859-1891) - pintor francês
História. Van Gogh, vendeu e pioneiro do movimento
apenas uma obra enquanto Auto-retrato de
pontilista. Em 1877,
Vincent Van G
vivo, experimentando ogh
ingressou na Escola Superior
o fracasso e a rejeição. de Belas-Artes de Paris, onde
Viveu e pintou com o auxílio do seu irmão mais visitava frequentemente o
novo, Theo, que o ajudava financeiramente Seurat
Museu do Louvre. Foi aluno Georges-Pierre
e emocionalmente. Foi seu único amigo de um discípulo de Jean-
durante a vida. Auguste-Dominique Ingres e sofreu fortes
Van Gogh ficou influências de Rembrandt e de Francisco
conhecido por seu Goya, e de Puvis de Chavannes.
temperamento Tal como Mondrian e Leonardo da Vinci,
difícil e ataques de Seurat também recorreu à técnica da
loucuras o que o simetria dinâmica usando retângulos de
levou a cortar uma ouro nas suas pinturas.
de suas orelhas.
Usou a cor como
principal elemento,
sendo o amarelo
sua cor favorita.
Figura 21 – Vincent van Gogh,
Doze Girassóis numa Jarra

18. Pontilhismo
Surge por volta de 1884 como reação ao Impressionismo.
Caracterizou-se por pinturas de pequenas manchas ou
pontos de tintas aplicados próximos uns dos outros.
Normalmente utilizavam cores puras (amarelo, vermelho Figura 22 – Georges Seurat, Uma Tarde de Domingo.
e azul). A mistura das cores e a imagem criada surgem
quando os olhos se distanciam da obra, obrigando assim o
observador a ver o quadro a uma certa distância. Foi nesse

2 | 20 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Resumo
• Acredita-se que as primeiras manifestações artísticas tenham ocorrido no período
Paleolítico Superior.
• A arte egípcia estava diretamente ligada à religião, às divindades, à morte, à escultura
de faraós, à pinturas e construções arquitetônicas.
• A arte mesopotâmica reflete a história de uma sucessão de povos – sumerianos,
babilônios, assírios e persas – na luta pelo poder.
• A arte grega dividiu-se em três períodos: Arcaico, Clássico e Helenístico. Um aspecto
relevante da arte grega foi a criação do teatro.
• A arte romana foi influenciada pela arte grega e também pela tradição dos etruscos.
Na arquitetura, o urbanismo era um elemento essencial. Na pintura, retratavam cenas
épicas e do cotidiano, e paisagens mortas.
• A arte bizantina relacionou-se à composição de mosaicos.
• A arte islâmica incorporou tradições árabes, turcas e persas, sendo marcada pela
abstração e pelo uso de arabescos.
• O período românico caracterizou-se pela afirmação do poder da igreja na sociedade.
• A arte gótica floresceu na Europa e esteve presente predominantemente na arquitetura
religiosa.
• O Renascimento foi caracterizado por profundas manifestações econômicas, sociais,
políticas, religiosas e culturais.
• O Barroco está ligado à decadência da Igreja Católica que se utilizou da arte barroca
como instrumento de convencimento e afirmação de fé.
• O Rococó surgiu na França e se manifestou na arquitetura, pintura, escultura e
sobretudo nas artes decorativas e ornamentação de interiores.
• O período Neoclássico se caracteriza pela cópia exata e pela não-criação de novos
elementos.
• O Romantismo valorizava a emoção, intuição, imaginação e o individualismo em oposição
à razão e harmonia do Classicismo.
• No Realismo, os artistas optaram por representar as imagens do cotidiano de um modo
real.
• Os artistas do Impressionismo retrataram em suas obras as coisas que os
impressionavam associadas a emoções. Os principais representantes são Claude Oscar
Monet, Edgar Degas e Pierre Auguste Renoir.
• No Pós-Impressionismo podemos destacar os artistas: Vincent van Gogh, Gauguin,
Seurat e Cézanne. Esses artistas se identificaram com o Impressionismo e logo
passaram a se sentir insatisfeitos em relação a ele, pois não queriam apenas captar uma
impressão momentânea.
• O Pontilhismo caracterizou-se por pinturas de pequenas manchas ou pontos aplicados
próximos uns dos outros, normalmente com cores puras. Seu principal representante foi
Georges-Pierre Seurat.

Artes 2 | 21
Instituto Monitor

Exercícios Propostos

1 - Cite as principais características artísticas dos períodos:

a) Renascimento
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

b) Barroco
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

c) Impressionismo
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 - Associe corretamente:

a) Diego Velázquez ( ) Pós-Impressionismo


b) Claude Monet ( ) Impressionismo
c) Vicent Van Gogh ( ) Renascimento
d) Georges-Pierre Seurat ( ) Barroco
e) Leonardo da Vinci ( ) Pontilhismo

2 | 22 3ª Série do Ensino Médio


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03
A Arte como Ruptura: Conceitos
Modernos e Contemporâneos
LIÇÃO de Arte

No início do século XX, há um aumento no progresso industrial e


acentuam-se as diferenças sociais. No campo político, destacam-se a
Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa, o nazismo na Alemanha
e o fascismo na Itália. Houve também um grande progresso tecnológico
e cientifico com o uso dos computadores e satélites. É a partir desse
quadro que se desenvolve a arte do século XX. Os artistas trouxeram
para a suas obras a perplexidade do homem contemporâneo. A imitação
e a reprodução do que o artista está vendo cedeu espaço para a outras
tendências, como Cubismo, Expressionismo, Fauvismo, Futurismo,
Abstracionismo, Dadaísmo, Surrealismo, Op Art e a Pop Art.

1. Cubismo
Iniciou em 1907, em Paris, sendo um dos principais movimentos artísticos do século XX.
Teve por objetivo a reformulação do modo de representar a imagem vista, que passou a ser
representada por diversos ângulos ao mesmo tempo. É como se o artista girasse em torno
do que estivesse desenhando e captasse todos os ângulos ao mesmo tempo, desprezando a
perspectiva – com isso surge uma obra plana e imagem geometrizada. O Cubismo se dividiu
em três fases de representação: fase Cézanniana (1907-1909), Analítica (1910-1912) e Sin-
tética (1913-1914). 

Fase Cézanniana – o nome é uma referência a Paul Cézanne, pintor francês que deu os
primeiros passos cubistas por pintar a natureza utilizando formas de cones, cilindros e esferas.

Fase Analítica – foi marcada pela decomposição de objetos conhecidos e simples, como
guitarra, violinos, representados por diversos ângulos ao mesmo tempo.

Fase Sintética – uso de muita colagem dos mais diferentes materiais, como jornal, papel
colorido, tecido, papel de parede. Não há nenhuma relação com a imitação de qualquer imagem.

Principais artistas desse período: Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-
1963).

Artes 3 | 23
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O Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo


Pablo Picasso - artista que se preocupou com as sensações de luz e cor e não com
espanhol, iniciou sua os sentimentos humanos e com a problemática da sociedade
carreira precocemente, moderna do século XX.
sendo que aos 15 anos já
tinha seu próprio atelier. Inspirou essa vanguarda o norueguês Edvard Munch
Seu pai era professor de (1863-1944), com a obra O Grito.
Pab lo P ic as so desenho. A primeira fase
da sua obra foi chamada Os artistas expressionistas procuravam, através da cor
de Fase Azul (1901-1904); nesse período as e da deformação proposital da realidade, fazer com que os
cores predominantes era tons de azul com temas seres reais nos revelassem seu mundo interior.
melancólicos. Logo surge a Fase Rosa (1905-
1907) quando pintou personagens do circo e
muita alegria com cores claras. Na Fase Negra Edvard Munch (1863-1944) -
(1907-1909), Picasso estudou a arte africana e pintor norueguês. Perdeu sua
a obra de Cézanne. Casou-se por diversas vezes mãe e irmã mais velha aos
e tinha muitas amantes o que influenciou no seu 17 anos de idade. Com isso,
desenvolvimento artístico. Munch começou a pintar
para expressar a sua dor
“Pinto as coisas como as e os “estados mentais das Edvard Munch
imagino, não como as vejo.” pessoas vivas, que respiram,
sofrem e amam”. O espetáculo da morte foi
uma temática fundamental em sua obra. Desde
criança apresentou aptidão para o desenho.
Estudou com os impressionistas. A força
emocional dos seus trabalhos o tornou uma
das figuras mais notáveis no desenvolvimento
inicial da arte moderna.

Figura 23 – Pablo Picasso, Guernica.

2. Expressionismo
Surgiu na Alemanha entre 1904 e 1905. Os artistas
desse período procuraram expressar as emoções humanas
traduzindo e transportando para as obras seu universo
interior, bem como angústias e inquietações do homem do
século XX.

O ponto de partida da criação é o sentimento humano


traduzido em linhas, cores e formas.
Figura 24 – Edvard Munch, O Grito.

3 | 24 3ª Série do Ensino Médio


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3. Fauvismo 4. Futurismo
Em Paris, em 1905, os artistas que estavam participan- Esse movimento teve início com o poeta italiano Ma-
do de uma exposição foram chamados de fauves, que, em rinetti que publicou um manifesto no jornal Le Fígaro, de
português, significa feras, por causa da intensidade com Paris, em 22/02/1909, no qual dizia que “o esplendor do
que usavam as cores puras, sem misturá-las com pinceladas mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza da
fortes, espontâneas e definitivas. velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a
Há nesse período uma despreocupação com o realismo. Vitória de Samotrácia”. A partir desse manifesto, passou a
Para esses artistas, criar não tem relação com o intelecto ou ser comum um texto literário acompanhar a definição das
com o sentimento, mas se dá através de impulsos do instinto manifestações artísticas.
(diferente dos outros períodos estudados).

Características da pintura:
• pincelada espontânea e definitiva;
• ausência de ar livre;
• colorido não correspondendo à realidade;
• uso exclusivo das cores puras (sem misturar com
outras cores).

O principal representante do Fauvismo foi Henri


Matisse. Figura 26 – Os Futuristas em Paris, Fevereiro de 1912.
(Luigi Russolo, Carlo Carrà, Filippo Tommaso Marinetti,
Umberto Boccioni e Gino Severini).

Henri Matisse (1869-1954) -


Tanto na pintura quanto na literatura os futuristas res-
pintor, escultor e litografista
saltaram a velocidade em suas obras. Em 1910, foi lançado
francês, foi considerado um
um outro manifesto em Milão e para esses artistas não inte-
mestre no uso da cor e da
ressava a representação de um corpo em movimento, mas a
forma para transmitir emoção.
própria expressão do movimento. Não se preocupavam com
O que interessava para ele era
a realidade e nem com a imitação, utilizavam linhas, curvas
a composição e não as figuras Henri Matisse e cores para expressar movimento.
em si, como de pessoas ou de
natureza-morta. Abandonou a
perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito
de claro-escuro para valorizar a cor.

Figura 25 – Henri Matisse, A Música. Figura 27 – Umberto Boccioni, Dinamismo de um Ciclista.

Artes 3 | 25
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5. Abstracionismo
Desenvolvido no início do século XX, tem como caracte- Piet Mondrian (1872 – 1974)
rística principal a ausência de figuras. Portanto, os artistas - pintor holandês. Depois
abandonam o compromisso de representar a realidade de haver participado da
aparente como faziam os acadêmicos. O artista trabalha arte cubista, continuou
tanto com a razão quanto com a emoção e a obra deixa de simplificando suas formas
ser objetiva e passa a ser subjetiva. até conseguir um resultado,
baseado nas proporções Piet Mondri
an
A imitação da imagem vista cede espaço para a ex- matemáticas ideais. O artista
pressão da imaginação através de linhas e cores. Para utilizou, como elemento de base,
os abstracionistas, a imagem que vemos é fruto da nossa uma superfície plana, retangular e as três cores
imaginação primárias com um pouco de preto e branco. Essas
superfícies coloridas são distribuídas e justapostas
No Abstracionismo informal predominam os sentimen- buscando uma arte pura.
tos e emoções através de formas e cores; as obras são
criadas mais livremente. No Abstracionismo geométrico as
formas e cores devem ser organizadas de tal maneia que a
composição resulte apenas na expressão de uma concepção
geométrica.

Wassily Kandinsky (1866-1944)


- pintor e escritor russo. Aos
quase 30 anos de idade deixou
a carreira acadêmica em
Direito para seguir a de pintor.
Teve um papel fundamental
no desenvolvimento da
arte abstrata. Usava formas
Figura 29 – Piet Mondrian, Composição com
espontâneas e rabiscos Wassily Kandi
nsky Vermelho, Amarelo e Azul.
para simbolizar idéias e
pensamento.
Quando criança estudou piano e violoncelo o que 6. Dadaísmo
influenciou suas pinturas e os títulos que deu a suas
obras. É considerado um dos primeiros a explorar a A intenção desse movimento não é plástica e sim uma
arte não-figurativa e abstrata. crítica à arte tradicional tão valorizada na Europa. O Da­
daísmo foi uma negação a essas tradições sociais e artísticas
sustentadas ao longo dos séculos.

Esse movimento surgiu na 1ª Guerra Mundial, em


Zurique, cidade que esteve neutra na guerra. Os artistas
buscavam chocar as pessoas ligadas a valores tradicionais
por meio da destruição; tinham até um slogan: “destruição
também é criação”. Acredita-se que essa visão seja uma
influência da guerra.

Figura 28 – Wassily Kamdisnsky, Composição nº 6.

3 | 26 3ª Série do Ensino Médio


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É desse período a expressão Ready Made (confecciona- 7. Surrealismo


do, pronto), criada em 1913 pelo artista mais famoso desse
período o francês Marcel Duchamp para designar qualquer O Surrealismo propunha a liberação das imagens do
objeto manufaturado de consumo popular, deslocado de seu inconsciente, apresentando nas telas as imagens presentes
contexto habitual e tratado como objeto de arte por opção nos sonhos, sem uma ordem lógica, e propondo a aplicação
do artista. da doutrina de Freud na arte, unindo real e irreal. Esse movi-
mento trabalhou com imagens conhecidas, mas distorcidas
Os dadaístas transformaram objetos cotidianos em de suas características originais.
arte, mudando assim sua função.

Principal artista: Salvador Dali (1904-1989)


- artista espanhol começou
sua produção artística antes
Marcel Duchamp (1887 – dos 10 anos de idade. Aos
1968) - foi um dos precursores 17 anos, ingressou para a
da arte conceitual. Começou Escola Nacional de Arte em
sua car reira como ar tista Madri, onde ganhou vários
criando pinturas de inspiração Salvador Dali prêmios. Nesse período, toma
impressionista, expressionista conhecimento de Sigmund
e cubista. Freud (1856-1939), cuja teoria do inconsciente
Marcel Duchamp O artista foi o responsável influenciou o seu estilo.
pelo conceito de ready made,
ou seja, o trasporte de um elemento da vida
cotidiana para o campo das artes. Duchamp passou
a incorporar material de uso comum às suas
esculturas. Em vez de trabalhá-los artisticamente,
ele simplesmente os considerava prontos e os
exibia como obras de arte. “A Fonte”, obra que fez
repercutir o nome de Duchamp ao redor do mundo,
está baseada nesse conceito: pensada inicialmente
por Duchamp (que, para esconder o seu nome,
enviou-a com a assinatura “R. Mutt”, que se lê ao
lado da peça) para figurar entre as obras a serem
julgadas para um concurso de arte promovido nos Figura 31 – Salvador Dali, Persistência da Memória.
Estados Unidos. A a escultura foi rejeitada pelo
júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia
nela nenhum sinal artístico. 8. Pop Art
Este movimento surgiu nos EUA e criticou a posição do
indivíduo diante da sociedade de consumo e dos grandes
centros urbanos. Trabalhou com imagens conhecidas, como
rótulos de enlatados, marcas e pessoas famosas.

Com raízes no Dadaísmo de Marcel Duchamp, o Pop


art começou a tomar forma no final da década de 1950,
quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos
do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a
Figura 30 – Marcel Duchamp, A Fonte.
transformá-los em tema de suas obras, assim como Andy
Warhol.

Artes 3 | 27
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Principais artistas: Andy Warhol (1927-1987) Robert Principais artistas: Alexander Calder e Victor Vassa-
Rauschenberg (1925) Roy Lichtenstein (1923-1997). rely.

Andy Warhol (1927- Alexander Calder (1898 –


1987) - pintor e cineasta 1976) - também conhecido
americano, liderou o por Sandy Calder, foi um
movimento da arte pop. escultor e artista plástico
Retratou numa série de famoso por desenvolver seus
retratos os ídolos da móbiles. Construiu um circo
música popular e do em miniatura, com animais
cinema, como Elvis de madeira e arame. Os
Presley e Marilyn Andy Warhol seus “espetáculos” eram
Monroe. Através da assistidos por artistas e
técnica de serigrafia, destacou a intelectuais. Alexander Calde
r
impessoalidade do objeto produzido em massa Criador dos stabiles
para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, (em português móbiles), sólidas
latas de sopa Campbell, automóveis, objetos, esculturas fixas, e dos móbiles, placas e discos
alimentos e dinheiro. Waholl é o dono também metálicos unidos entre si por fios que se agitam
da frase: “no futuro, todo mundo será famoso por tocados pelo vento, Calder ocupa lugar especial
quinze minutos”. entre os escultores modernos.
O artista foi o primeiro a explorar o movimento na
escultura e um dos poucos a criar uma nova forma
– o móbile.

Figura 32 – Andy Warhol, Marilyn Monroe.

9. Op Art Figura 33 – Alexander Calder, A Estrela (móbile).

Vanguarda americana do início dos anos 1960, Op Art


é a abreviação de optical art – significa arte óptica – sendo
um gênero de pintura abstrata no qual as cores e formas
são organizadas de tal maneira a criar efeitos, movimentos
e ilusões ópticas. Teve como iniciador Victor Vasarely.

3 | 28 3ª Série do Ensino Médio


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Resumo
• O Cubismo foi um dos principais movimentos artísticos do século XX e teve por objetivo
a reformulação do modo de representar a imagem vista, que passou a ser representada
por diversos ângulos ao mesmo tempo. Principal representante: Pablo Picasso.
• O Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo que se preocupou com as
sensações de luz e cor e não com os sentimentos humanos e com a problemática da
sociedade moderna do século XX. Principal representante: Edvard Munch.
• No Fauvismo, há uma despreocupação com o realismo. Para os artistas, criar não tem
relação com o intelecto ou com o sentimento, mas se dá através de impulsos do instinto.
Principal representante: Henri Matisse.
• Tanto na pintura quanto na literatura os artistas do Futurismo ressaltaram a velocidade
em suas obras.
• O Abstracionismo tem como característica principal a ausência de figuras. Portanto, os
artistas abandonam o compromisso de representar a realidade aparente como faziam os
acadêmicos. Principais representantes: Wassily Kandinsky e Piet Mondrian.
• O Dadaísmo foi uma negação a tradições sociais e artísticas sustentadas ao longo dos
séculos. Principal representante: Marcel Duchamp.
• O Surrealismo propunha a liberação das imagens do inconsciente, apresentando nas
telas as imagens presentes nos sonhos, sem uma ordem lógica, e propondo a aplicação
da doutrina de Freud na arte, unindo real e irreal. Principal representante: Salvador Dali.
• O Pop Art surgiu nos EUA e criticou a posição do indivíduo diante da sociedade de
consumo e dos grandes centros urbanos. Trabalhou com imagens conhecidas, como
rótulos de enlatados, marcas e pessoas famosas. Principal representante: Andy Warhol.
• Vanguarda americana do início dos anos 1960, Op Art é a abreviação de optical art (arte
óptica), sendo um gênero de pintura abstrata no qual as cores e formas são organizadas
de tal maneira a criar efeitos, movimentos e ilusões ópticas. Teve como iniciador Victor
Vassarely.

Artes 3 | 29
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Exercício Proposto

1 - Escolha um dos movimentos estudados nesse capítulo e crie um desenho, uma pintura, um
poema que representa suas principais características. Solte sua imaginação.

3 | 30 3ª Série do Ensino Médio


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LIÇÃO 04 Dança, Teatro, Música


e Artes Plásticas

O ensino da arte está ligado a suas linguagens: teatro,


música, dança e artes plásticas.

1. Dança Com o passar dos séculos cada país foi desenvolvendo


suas danças típicas com características peculiares, como
Possivelmente, a dança tenha sido a arte mais antiga a dança flamenca, na Espanha; a Tarantela, na Itália, e o
que o homem inventou. Acredita-se que, no período Paleo- Maracatu e o Frevo, no Brasil.
lítico, a dança tenha iniciado com o bater palmas, canto e
movimentos do corpo. Dança Flamenca

Os nossos ancestrais dançavam


por dois principais motivos: sentiam
um prazer muito grande na dança e a
praticavam quando estavam alegres,
quando venciam um inimigo ou até
mesmo para celebrar um casamento.
A segunda razão era para agradar,
pedir ou agradecer alguma coisa
aos deuses.

Certamente entre todos os povos antigos os gregos


eram os que mais dançavam sempre em grandes cerimô-
nias religiosas, políticas, artísticas, esportivas e militares.
A dança passou a ter força novamente no século XV, na
Renascença, época em que os europeus tentaram reviver a
arte da Grécia antiga.

Figura 34 – A castanhola é tradicionalmente usada


pelas dançarinas de flamenco.

Artes 4 | 31
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Dança Grega Frevo, Brasil

Dança Tarantela, Itália


2. Teatro
O teatro iniciou-se na Grécia Antiga por volta do século
VIII a. C em virtude de cerimônias ou rituais religiosos em
homenagem ao deus Dionísio (ou Bacco para os romanos),
que ensinou a sociedade a cultivar uvas e fazer o vinho. O
próprio nome teatro vem do grego – theatai ou théatron – e
significa “lugar de onde se vê”, que corresponde à área da
platéia e que, ao longo do tempo, veio significar também o
espetáculo em si.

Podemos dividir a evolução do teatro em:

Teatro da Roma Antiga – início da comédia popular,


espetáculos mistos e circo.
Maracatu, Brasil

Figura 35 – Teatro Roma Antiga.

4 | 32 3ª Série do Ensino Médio


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Idade Média – neste período, as manifestações teatrais águas, o cantar dos pássaros. Com isso começaram a tirar
foram perseguidas pela Igreja que via a arte como um sons da garganta que, junto com o ritmo, palmas e batidas
concorrente às festividades religiosas. As atividades do resultavam em músicas. Isso durou muitos séculos.
teatro se reduziram a brincadeiras (saltimbancos) em
feiras e praças, apenas para divertir o povo. No entanto, Os gregos criaram a base musical do Ocidente assim
a própria Igreja reconheceu o teatro como uma excelente como a palavra música, Mousikê. Logo, Roma tratou de
maneira de doutrinar a população. Surgem então peças copiar os grandes feitos da Grécia e pouco acrescentou ao
representadas em frente às igrejas sempre com temas que os gregos tinham descoberto.
ligados ao Evangelho.
A música é formada de três principais elementos: o
Idade Moderna – criação de novas peças teatrais ritmo, a harmonia e a melodia. O ritmo é a base da expres-
embasadas no drama histórico e na comédia popular. são musical e, sem ele, não há música sendo que existe
Pertencem a esse período William Shakespeare (Inglaterra) independente dos outros elementos. O segundo elemento
e Gil Vicente (Portugal). Esse período na Espanha foi importante é a harmonia, seguida pela melodia.
chamado de “século de ouro”.
4. Artes Plásticas
Idade Contemporânea – os assuntos eram ligados ao
cotidiano dos burgueses e restritos ao âmbito do indivíduo. Entende-se por artes plásticas trabalhos realizados
Surge o cenário único – todas as cenas acontecem em um com matérias e suportes diversos, como papel, tela, tinta,
só lugar. argila, madeira, mármore, carvão, lápis de cor, giz, usados
em uma pintura, desenho, escultura, gravura, colagem,
instalação, etc.

O homem começou a realizar expressões plásticas no


interior das cavernas, na pré-história por meio de desenho
e pintura, usando materiais extraídos da natureza. Essa
arte se desenvolveu e até hoje é praticada pelos artistas
que têm à sua disposição infindáveis materiais no mercado.
Para facilitar o estudo, os historiadores de arte, críticos e
estudiosos classificam os períodos, estilos ou movimentos
separadamente, para facilitar o entendimento das produções
artísticas, visto que são muito vastas e complexas para
serem estudadas como um todo.

Desenho – pode ser realizado com lápis,


Figura 36 – Cena da peça teatral “O Fantasma da Ópera”.
caneta, carvão, bico-de-pena e com o
suporte de papel, tecido, madeira.
3. Música
A música, assim como outras manifestações artísticas,
possivelmente surgiu através dos primatas que davam a ela
um significado religioso. Associada à dança, e com o ritmo
criado pelo bater das mãos e dos pés, os primatas passaram
a ritmar suas danças com leves
batidas na madeira criando sons. Os
barulhos da natureza também gera-
ram interesse no homem desse pe- Figura 37 – Desenho feito a lápis.
ríodo, dando-lhe vontade de imitar
o sopro do vento, o barulhinho das

Artes 4 | 33
Instituto Monitor

Gravura – pode ser feita na madeira, linóleo, metal, etc. Pintura – técnica de aplicar tinta sobre superfície
Fundamenta-se no baixo e alto-relevo no qual a parte baixa plana, como tela, papel, parede, etc., tendo a cor como
não sai na impressão, apenas a alta. referência. Diferente da escultura, a pintura é um trabalho
bidimensional.

Figura 38 – Gravura de Carlo Cesius - Diana abraçando


Endymion (feita a buril em chapa de cobre).

Figura 40 – Auto-retrato, de Vincent Van Gogh.


Escultura – pode ser de mármore, argila, bronze, ouro e é
um trabalho tridimensional, ou seja, temos a visão da frente,
lateral e costas do objeto.

Figura 41 – Vincent Van Gogh, Vista de Arles com lírios.

Figura 39 – David do artista renascentista Michelangelo.


A estátua em mármore mede 5,17m.

4 | 34 3ª Série do Ensino Médio


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Resumo
• Possivelmente, a dança tenha sido a arte mais antiga que o homem inventou. Acredi­
ta-se que, no período Paleolítico, a dança tenha iniciado com o bater palmas, canto e
movimentos do corpo.
• De todos os povos antigos, os gregos eram os que mais dançavam sempre em
cerimônias religiosas, políticas, artísticas, esportivas e militares.
• O teatro iniciou-se na Grécia Antiga por volta do século VIII a. C. O próprio nome teatro
vem do grego – theatai ou théatron – e significa “lugar de onde se vê” que corresponde
a área da platéia.
• Podemos dividir a evolução do teatro em Teatro da Roma Antiga, Idade Média, Idade
Moderna e Idade Contemporânea.
• A música, assim como outras manifestações artísticas, possivelmente surgiu através dos
primatas que davam a ela um significado religioso
• Entende-se por artes plásticas trabalhos realizados com matérias e suportes diversos,
como papel, tela, tinta, argila, madeira, mármore, carvão, lápis de cor, giz, usados em
uma pintura, desenho, escultura, gravura, colagem, instalação, etc.

Artes 4 | 35
Instituto Monitor

Exercício Proposto

1 - Com quais dessas manifestações artísticas você mais se identifica: dança, teatro, música
ou artes plásticas? Justifique sua resposta.
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4 | 36 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

LIÇÃO 05 Arte como Expressão do


Indivíduo na Sociedade

Cada momento histórico gera suas próprias imagens. Essas


imagens falam dos problemas, dos sonhos, da maneira de
ser e de pensar das pessoas desse tempo. Por meio da
arte, podemos entender melhor como pensam e vivem as
pessoas de diferentes momentos históricos.

Introdução 1. O Bigode da Monalisa


A imagem da Monalisa, de Leonardo da Vinci, já faz par-
te do nosso repertório visual. Artistas de diferentes épocas
retomaram essa imagem para colocar diferentes questões
relativas à arte e à sociedade de sua época.

A imagem traz uma reprodução da Monalisa pintada


pelo artista francês Marcel Duchamp. Para começar a
entendê-la, pense no que significa desenhar um bigode na
imagem de alguém. Não é muito raro encontrar pela cidade
Figura 42 – De Leonardo da Vinci, Mona Lisa. cartazes com o rosto de pessoas famosas. Algumas vezes,

Artes 5 | 37
Instituto Monitor

esse rosto recebe um toque humorístico: um bigode. Com Dali foi um artista famoso e cultuado. Ele soube ali-
esse gesto, provavelmente, a intenção não é homenagear mentar a curiosidade e o interesse do público pela sua obra
o dono da face contemplada com o bigode. Por isso, não é e pela sua figura. Os longos e finos bigodes eram a marca
raro vermos imagens de políticos (em revistas, por exemplo) registrada desse artista, que viveu em um tempo em que os
presenteadas com um bigode, ou algo semelhante. meios de comunicação de massa começavam a se expandir
rapidamente e, com eles, o mundo do espetáculo. Nesse
Como podemos, então, entender a intervenção artística mundo, qual seria o papel do artista?
de Duchamp na obra de Leonardo da Vinci?
Na sociedade do espetáculo, será que a imagem do
Duchamp participou do movimento dadaísta. Como já artista vale mais do que a obra? Será que, nessa sociedade,
vimos, o Dadaísmo questiona os parâmetros do fazer artís- a imagem do artista é a obra? As questões colocadas por
tico e o próprio conceito de arte. Na época em que surgiu Dali permanecem atuais.
esse movimento, havia um enorme desânimo por causa da
Segunda Guerra Mundial e de todo o mal que esse conflito 3. Monalisas em Série
gerou. A obra dos dadaístas expressa um questionamento
da função que a arte teria em um mundo em pedaços. Ao A imagem abaixo traz uma obra do artista pop america-
desenhar um bigode na famosa e cultuada obra de da Vince, no Andy Warhol. Nela, vemos uma série de Monalisas.
Duchamp questiona os conceitos tradicionais do que é arte e
cria espaço para uma reflexão sobre a arte de seu tempo.

2. A Monalisa Sou Eu

A repetição da imagem da Monalisa traz um tema que


é bastante trabalhado por esse artista: a reprodutibilidade
Na tela de Salvador Dali, vemos o rosto desse pintor das imagens na sociedade industrial. Uma das obras mais
no lugar do rosto da Monalisa. Ao se colocar no lugar da conhecidas de Andy Warhol faz referência a esse tema.
famosa personagem de Leonardo da Vinci, Dali questiona o Trata-se de uma série de pinturas que trazem reproduções
lugar do artista na sociedade em que viveu. de latas de uma famosa marca de sopa.

5 | 38 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Ao escolher a imagem da Monalisa para reproduzir,


Warhol trouxe a questão da reprodutibilidade para o univer-
so da arte. “Como a arte deve se comportar em um mundo
marcado pela reprodução em massa?”, “Qual é o lugar da
arte nesse mundo?”, “Qual o valor das imagens artísticas
nesses tempos em que tudo é produzido em larga escala?”.
Esses são alguns questionamentos que podemos tirar das
Monalisas de Warhol.

Resumo
• A arte trata dos problemas do seu tempo. Cada
momento histórico produz uma arte própria para a
maneira de viver e de pensar dos seus contemporâneos.
É preciso olhar para a história para entender a arte e
também é preciso olhar a arte para entender a história.

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Instituto Monitor

Exercícios Propostos

1 - Por que os artistas Marcel Duchamp, Salvador Dali, Andy Warhol entre outros fizeram
interferência na obra da Monalisa de Leonardo da Vinci?
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2 - Faça um breve comentário sobre as interferências artísticas na obra do da Vinci feitas por
Marcel Duchamp, Salvador Dali, Andy Warhol individualmente.
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06
Componentes Estéticos e Formais
de Diversas Manifestações
Artísticas
LIÇÃO

Mímese é a imitação das palavras, vozes, gestos ou jeito


de alguém. Pela mímese explica-se que a arte é um
procedimento que representa o assemelhado por meio do
semelhante.

1. A Arte Imita a Vida


A arte moderna brasileira traduz várias estéticas e fases. Distanciando-se da forma
européia, pinta negros, inspira-se em temas sociais, destacando-se do academicismo. Um
bom exemplo é “A Negra”, de Tarsila do Amaral. Nessa obra, considerada antecessora da
Antropofagia na pintura de Tarsila, temos elementos cubistas no fundo da tela. A negra de
seios grandes representa as amas-secas, geralmente filhas de escravos nas fazendas, figura
presente na infância da artista (figura 43).

Figura 43 – Tarsila Amaral, A Negra.

Artes 6 | 41
Instituto Monitor

A arte, portanto, ainda que em manifestações extrava-


gantes, utiliza-se de elementos imitativos, da semelhança,
e se conduz pela mímese (citação e imitação das palavras
de outra pessoa pela voz e gestos). A semelhança pode
vir de elementos naturalistas, concretos, ou até mesmo
de abstrações imaginativas. Qualquer símbolo, qualquer
significado remete a outros objetos ou idéias, assim, um
pouco de mímese é necessário em qualquer manifestação
artística.

Na estética contemporânea, a obra de arte não é nem


imitativa ou reprodutiva, nem pura criatividade espontânea
e livre, mas expressão de um sentido novo. Tal concepção
coloca o artista em um embate contínuo com a natureza
e com a sociedade, deixando de vê-lo como gênio criador Figura 44 – Di Cavalcanti, Tempos Modernos. 
solitário e excepcional.
Resumo
Um bom exemplo está em “Tempos Modernos”, de Di
Cavalcanti. Utilizando formas geométricas, o artista compõe Toda expressão artística é mimética. Seja na forma, na
um cenário urbano onde as edificações reunidas, desiguais e composição ou no conceito, sempre existe uma associação
sobrepostas tomam conta do horizonte, completando todos com outras matérias, ainda que de forma subjetiva. As artes
os espaços, sendo a única “paisagem” possível. Na cena, traduzem e se comunicam com o meio, sendo uma extensão
o movimento externo e a composição caótica contrastam ou representação dele. O artista capta as informações, ima-
com a posição de calma e descanso das moças, que pare- gens e sentimentos da natureza e as recompõem, compondo
cem receber o exterior como algo trivial e adaptar-se a ele sua obra, que passa a fazer parte da cultura, aproximando-o
(figura 44). dos indivíduos e da sociedade.

6 | 42 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Leitura Complementar

se fazer arte?
O que é preciso para
Fátima Seehagen
Ser brilhantemente
vilegia alguns po ucos seres viventes?
Um dom especial que pri
? Dinheiro?
criativo? Talento? Tempo
ouro mais fascinante!
de lá pis de cor era o nosso tes
Quando crianças, um a ca ixa adeiras agradáveis
, ca nta r uma cantiga, eram brinc
Pintar um desenho, esc
rev er um ve rso cio do conflito: útil
ser em ba stante úteis. Foi o iní
que aos poucos nos ens
ina ra m nã o mentos de verdadeira
at ivi da de s, qu e no s proporcionavam mo s.
s
ou agradável? Esta lazer, férias e feriado
, fic ar am co nfi na da s então aos dias de
alegria
algo mais simples,
na vid a do ho me m atual, não poderia ser ?
Será que a arte, ucos momentos de lazer
ese nte e ta mb ém ma is constante do que po
mais pr
lazer, cercada por
(...) lm ent e é encarada como mero
Infelizmente a ar te ho je ge ra ou são promíscuos ou
ou nã o podem se sustentar,
falsos conceitos de
qu e ar tis ta s Na escola o profes-
enfi m, arte não é profissão!
possuem uma conduta
ina de qu ad a. .. a” para algum evento
é pr ec iso “decorar a escol
sor de artes só é lem
br ad o qu an do e tantos outros dias
s pa ra “d ia da s mã es”, “dia dos pais”
ou produzir lembrança
inventados pelo comé
rcio. uzidos pelos pais e
ra cte rís tica artística são ind
Jovens com deter min an te ca vogados, adminis-
sen sa ta s. Serão médicos, ad
educadores para profi
ss õe s ma is nsar de uma maneira
sem an a. São estimulados a pe
tradores e pintores de
fin al de riados: vão ao teatro
a co nsumir arte em seus fe
mais mercantilista e
pa ss am ent ão de compositores que
de au tor es que cantam músicas m
ver atores, que encena
m pe ça s olhando tudo isto co
co m tel as de pin tor es (...).Ficam então
decoram suas casas
um gostinho assim:
pode ser artista...”
--” Nem todo o mundo
ária a simples vontade
Pa ra fa zer arte apenas é necess cto.
Mas não é bem as sim . alma e não do intele
fe ito s pa ra cri ar ! A arte é um ato da co m qu est ões
de fazê-la. Fomos lidando
no ss o dia -a- dia est amos ao mesmo tempo s, do s so ns,
o s palavra
Quando lidamos com a, à co mb inação das cores, da
o ar tís tic
ligadas à composiçã .
erando se manifestar
das idéias. Tudo esp a
flores tem a sua belez
(...)
os um tem a da me sm a maneira que todas as co m a me sm a
Todos nós tem ressá-lo
l. Re sta -no s bu sc ar uma maneira de exp En ten de nd o ist o
única e insubstituíve cri an ça qu e tanto nos satisfez
um dia.
sen ho de
singeleza daquele de dizer:
e então você poderá
parta para a prática !”
ser artista
--” Eu também posso
igo14_dest.htm
cultu ra.com/socultura-art
Fonte: http://www.so

Artes 6 | 43
Instituto Monitor

Exercícios Propostos

Pablo Picasso - Almoço na Relva

1 - Qual é o valor da homenagem de Picasso a Monet em “Almoço na Relva”?


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2 - De acordo com o que você aprendeu, é possível dizer que a arte é uma manifestação ex-
clusiva de alguns povos ou regiões? Explique.
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6 | 44 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

LIÇÃO 07 A Arte como Expressão


da Nossa Época

No mundo contemporâneo, muitas são as manifestações artísticas,


assim como muitos são os meios de exposição, difusão e transmissão
das mesmas. As diferentes mídias são veículo de arte e cultura, além de
levarem informação, entretenimento e estreitar os laços de comunicação
de pessoas de todo o mundo. No entanto, a aproximação e a interação
com os meios de comunicação é tão intensa que o indivíduo, muitas vezes,
passa a ser o exposto, mesmo involuntariamente.

1. A Arte e a Mídia contestação, o questionamento dos valores e das ações da


sociedade.
Jornais, televisão, rádio, internet, um bombardeio de
Um belo exemplo do questionamento da exposição
informações, opiniões e manifestações a todo instante,
do indivíduo na mídia está na obra do artista coreano Nam
muitas vezes em tempo real. Assimilar esse universo de
June Paik. Na instalação “O Pensador – TV Rodin”, o artista
letras, sons e imagens é um grande desafio para o homem
coloca uma miniatura em bronze da célebre escultura “O
moderno. Muitas são as opções, para diversos gostos, em
Pensador”, de Rodin, diante de uma câmera e de um monitor
diferentes representações. Mais difícil do que conseguir
com sua própria imagem (figura 46).
encontrar o que se quer, é conseguir manter-se afastado
das mídias e de suas influências.

Na busca por obter a informação da forma mais rápida,


em grande quantidade e sob vários ângulos, os indivíduos
têm se tornado vítimas da influência da mídia (jornais, rá-
dio, televisão, internet, etc,) tornando-se dependentes. São
manipulados e expostos cada vez mais.
Alguns meios de comunicação que deveriam alertar
e orientar a população, tornando os seres mais seguros,
transmitem o caos e propagam a insegurança, transforman-
do miséria e desgraças em entretenimento e veiculando a
violência. A sociedade coopera com a mídia nessa condução,
dando audiência para calamidades e shows de horrores.
Figura 45 – Nam June Paik, O Pensador - TV Rodin.
Nesse contexto a arte tem um papel fundamental, o
de levar o indivíduo a refletir sobre o que lhe é oferecido
e sobre sua própria conduta. Em um mundo onde expor e A arte, mesmo exposta na mídia, pode tratar da própria
ser exposto é um entretenimento, resta à arte a crítica, a mídia. A exploração de escândalos e mazelas, a superexposi-

Artes 7 | 45
Instituto Monitor

ção de políticos e figuras famosas, ou a propagação de “lixo” a relação entre as mídias e os lares, ou de desvendar os
cultural são constantemente alvo das charges, veiculadas bastidores dos veículos de informações e dos canais de
em jornais, revistas, tv e na internet, que fazem o uso do entretenimento; questiona o sistema que os ampara, coloca
humor em suas críticas. em dúvida o poder de discernimento das pessoas, a ética
dos que trabalham com os aparelhos de informação, o en-
TORTURA AMERICANA - ANGELI
volvimento de interesses políticos, econômicos e de classes,
a ambição dos produtores e controladores das informações,
a estrutura social, e não com pouca freqüência, questiona
a própria realidade.

E se nossas vidas fossem uma farsa, se tudo fosse


montado, um grande programa de TV, e apenas nós não
soubéssemos? Esse é o enredo do filme “O show de Truman
– O show da vida” (The Truman Show, 1998), dirigido por
Peter Weir. O cineasta Michael Moore, por sua vez, questiona
a legitimidade das ações do presidente norte-americano e
trabalha com a hipótese de manipulação de informações na
TV daquele país, mas fora da ficção, em seu documentário
“Farenheit 11 de Setembro” (Farenheit 9/11, 2004).

Já os irmãos Wachowski vão muito além em “Matrix”


(The Matrix, 1999) e sugerem que toda a nossa realidade é
uma farsa, criada por computadores, e que nós, humanos,
somos escravos usados para alimentar as máquinas.
Outras expressões artísticas, como o teatro, a música
e a literatura, também exploram a relação entre os homens
e a mídia, e não o fazem apenas por modismo ou gosto, mas
Resumo
buscando despertar o público para os problemas decorren-
• As questões do mundo contemporâneo forçam as
tes do domínio desses meios em suas vidas.
representações artísticas a não produzirem apenas
arte pela arte. Muito além da beleza estética, do
Um dos meios artísticos que mais retratam e questio-
entretenimento e dos diálogos culturais, a arte exerce
nam o envolvimento do indivíduo com a mídia é o cinema.
um papel questionador na sociedade, revelando a
Com sua grande capacidade de recursos e alcance, o cinema
exposição humana em um mundo em que a mídia está
consegue abranger todos os campos, social, político, ético,
presente 24 horas por dia na vida do indivíduo. Nesse
profissional, histórico, geográfico, etc.
ponto, as artes trabalham com o real e o imaginário,
sempre voltadas à sociedade, suas necessidades,
Por meio da ficção, de abordagens mais próximas da anseios e possibilidades. A arte imita a vida que, mais
realidade ou de documentários, com atores, personagens de do que nunca, tem imitado e se confundido com a arte.
animação ou indivíduos reais, o cinema vai além de mostrar

7 | 46 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Exercícios Propostos

1 - Uma vez que as novas mídias, como a TV e a internet, estão tomando cada vez mais espaço
nas representações artísticas, é possível dizer que as formas tradicionais de artes estão
se acabando? Explique e dê exemplos.
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2 - Dê exemplos de manifestações que unam arte e tecnologia.


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Instituto Monitor

LIÇÃO 08 Produção
Artística

Toda manifestação artística é composta de símbolos que


desejam comunicar-se com os sentidos do observador,
pois a arte deve ser antes sentida do que pensada.

1. A Arte no Universo O homem, quando satisfeito com aquilo que o rodeia,


tende a homenagear sua terra, sua gente, manifestar seus
A arte está presente em toda parte e, mesmo sem prazeres e expressar o que de belo sente. Já quando des-
prestar atenção, somos envolvidos por ela. Ainda que pos- contente com seu contexto geográfico, trabalha com a crítica,
samos encarar a arte de forma crítica, podemos interagir o abandono, ou cria um mundo de novas possibilidades,
com ela apenas com nossos sentidos, articulando nossas moldando uma realidade de acordo com seus sentimentos
reações emocionais. Consumir arte faz parte do ser humano, e anseios.
necessitamos de estímulo para nossos sentidos, buscamos
a beleza estética e com ela temos prazer. Dessa interação com o meio, nascem diversas ma-
nifestações coletivas, movimentos artísticos, tendências
A partir dos conceitos estéticos do artista, ele busca
contemporâneas, temas compartilhados e estudos com-
em sua volta matérias com as quais possa se relacionar e,
plementares.
a partir de suas observações e de seu envolvimento com
fatores externos ou internos daquilo que o atraiu, nasce a
expressão artística. Como exemplo de movimento coletivo, temos o Tropica-
lismo. Nascido no fim da década de 60, o movimento usou o
Desse modo, percebemos que a relação do indivíduo deboche, a irreverência e a improvisação, revolucionando a
com o meio é o centro da concepção e percepção artística. música popular brasileira, até então dominada pela estética
O meio propicia e dissemina a arte, faz o intercâmbio entre da Bossa Nova. Tendo os músicos Caetano Veloso e Gilberto
o artista e o observador. Gil como líderes, o Tropicalismo usa as idéias do Manifesto
A influência do meio guia os artistas tanto coletivamente Antropofágico de Oswald de Andrade, aproveitando elemen-
quanto individualmente. O clima, a geografia, a composição tos estrangeiros que entram no país e fundindo-os com a
humana, as facilidades e dificuldades cotidianas, o momento cultura brasileira.
histórico, tudo será percebido e de alguma forma traduzido
pelo artista. Assim, em tempos de guerra ou repressão, há O movimento usa valores diferentes dos aceitos pela
uma tendência a manifestações de teor político e libertário, cultura dominante, a chamada contracultura, e inclui em seus
assim como em momentos de escassez de recursos e falta trabalhos referências consideradas cafonas, ultrapassadas
de oportunidades, são os temas sociais mais abordados. ou subdesenvolvidas.

Artes 8 | 49
Instituto Monitor

Panis et circenses Mandei plantar


Caetano Veloso/Gilberto Gil Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
Eu quis cantar
E as raízes procurar, procurar
Minha canção iluminada de sol
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
Soltei os panos, sobre os mastros no ar
São as pessoas da sala de jantar
Soltei os tigres e os leões, nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
São ocupadas em nascer e morrer
O Tropicalismo, no entanto, não se restringe só à
Mandei fazer
musica, havendo manifestações em outras artes, como na
De puro aço, luminoso um punhal
escultura Tropicália (1965), do artista plástico Hélio Oiticica,
Para matar o meu amor, e matei
e na encenação da peça O Rei da Vela (1967), do diretor José
Às cinco horas na Avenida Central
Celso Martinez Corrêa.
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Figura 46 – Hélio Oiticica, Tropicália, Penetráveis PN2 e PN3.

8 | 50 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Assim como ocorrem os movimentos coletivos, muitas Muitas vezes o excesso de influências, e o cruzamento
são as manifestações individuais que surgem do relaciona- delas, acabam por imprimir um estilo pessoal, trazendo
mento com o meio. As vivências pessoais, dores, prazeres, algo novo e revolucionário. É o caso de Quentin Tarantino
amores, frustrações, as experiências do artista, tudo isso que se tornou no grande nome do cinema independente
pode ser manifestado em sua obra. dos anos 90.

Em arte, é difícil se falar em originalidade, sobretudo se Seus filmes cruzam todas as referências e apresentam
considerarmos o conceito de mímese (imitação). No entanto, na tela, em roteiros não-lineares, altas doses de violência
existem marcas pessoais que distinguem vários artistas, com diálogos memoráveis. Seu estilo alcançou tanta fama e
pois nascem de sua vivência e visão íntima. respeito, que quando algum novo diretor utiliza os recursos
por ele impressos, a crítica e o público costumam rotular a
Um artista que deixou uma marca ímpar na pintura foi obra como um filme “tarantinesco”.
o italiano Giuseppe Arcimboldo. Suas composições mais
famosas usam vegetais, animais e mesmo outros objetos, O primeiro filme de Tarantino foi “Cães de Aluguel”
para compor cabeças, um exemplo de extrema criatividade (Reservoir Dogs, 1992), mas foi com “Pulp Fiction – Tempo
e capacidade de diálogo entre diferentes formas. Vivendo de Violência” (Pulp Fiction, 1994) que o diretor/roteirista/
nas cortes reais do século XVI, cheias de objetos, plantas e ator conquistou sua grande notoriedade, ganhando a Palma
animais exóticos vindos de todas as partes do mundo, adqui- de Ouro no Festival de Cannes.
ridos pelos imperadores. Arcimboldo estudava cada detalhe
de animais e plantas que utilizava em seus quadros.

Figura 47 – Giuseppe Arcimboldo, Inverno.

Figura 48 – Cartaz do filme Pulp Fiction – Tempo de


Violência, 1994.

Artes 8 | 51
Instituto Monitor

Resumo
• A arte é uma manifestação sensível, tanto para quem a produz, quanto para quem
a percebe. A relação do artista com o meio é diretamente responsável pelo teor de
suas obras, pois o artista capta o que esta em sua volta. O meio pode proporcionar
manifestações coletivas, que traduzem experiências e sentimentos compartilhados, e
também pode propiciar movimentos individuais, ligados à vivência e aos sentimentos
pessoais do artista.
• Muitas vezes o estilo pessoal não se refere às referências e matérias usadas, mais a
uma marca, um estilo um modo diferente de ver e apresentar sua obra e suas idéias.
• Também na recepção artística o meio será fundamental, pois servirá de contexto para a
percepção dos sentidos.

8 | 52 3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

Exercícios Propostos

1 - Considerando que o meio não influencia só o artista, mas também o faz com o espectador,
tente explicitar a diferença existente em assistir a um filme numa sala de cinema e ou
assisti-lo em casa.
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2 - Levando em conta a relação entre o artista e o meio, você acredita que a opinião do público
influencia na criação das obras? Justifique sua resposta.
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Artes 8 | 53
Instituto Monitor

LIÇÃO 09 Arte
Afro-brasileira

A negro e toda a sua trajetória são indiscutivelmente


de extrema importância na formação da cultura
brasileira. A arte africana também influenciou diversos
artistas na Europa como o espanhol Pablo Picasso e,
conseqüentemente, o próprio Cubismo.

1. História e Cultura
Afro-brasileiras
A lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, introduz a
temática “história e cultura afro-brasileiras” no currículo
escolar e auxilia a sociedade contemporânea a resgatar
uma dívida social ainda pendente. Entretanto, a memória Máscara da
do povo brasileiro é povoada por inúmeras histórias cujos Sociedade Geledé
protagonistas eram negros. Utilizada em ritos de
controle e
regulamentação
A primeira produção artística identificada com social Yoruba
características afro no Brasil ocorreu no Barroco, por volta do (Nigéira/Benim)
século XVIII e esta influência se estendeu nas artes plásticas,
música, literatura e arquitetura. Toda essa produção foi
influenciada, a princípio, pela Igreja Católica. Em seguida,
os negros trouxeram seus valores e culturas. Seus rituais
pareciam muito atraentes aos brasileiros, então os líderes
da Igreja Católica no Brasil resolveram aliar ao catolicismo
aspectos culturais religiosos dos negros das diversas tribos
africanas, resultando num sincretismo1 religioso riquíssimo.

Máscara Muti Wa Lípico


Celebração de Iniciação
Masculina
Moçambique / Tanzânia

1. Sincretismo: fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas Figura 49


distintas ou de diferentes sistemas sociais.

Artes 9 | 55
Instituto Monitor

2. Arte Africana 3. Arte Afro-descendente



O fato da arte africana ter sido classificada como primi- A influência negra nas produções artísticas brasi-
tiva veio do princípio de que a técnica inicial dos africanos de leiras data desde o Brasil Colônia, no século XVI, até os
fazer escultura era inferior. Leonardo da Vinci afirmava que dias de hoje.
a pintura era a principal técnica da Arte e como os negros
faziam esculturas seriam conseqüentemente inferiores. Para estudar a arte afro-descendente, arte negra ou
Essa teoria foi sustentada até a descoberta da arte rupestre arte afro-brasileira é importante conhecer brevemente a
– pintura nas paredes das cavernas. história da arte no Brasil. A Arte sacra tornou-se a base da
arte brasileira com a vinda dos mestres jesuítas. Em 1532,
No inicio do século XX, na Europa, como fruto das a mão-de-obra escravizada, vinda das mais variadas partes
primeiras décadas do século XIX em que o fluxo das obras da África, possuía diversas tradições culturais e dominava
africanas foi grande a título de estudos e interesse, os ar- o metal, bronze, ferro, marfim e ouro. Os negros vindos do
tistas alemães começaram a substituir os rostos humanos continente africano executavam trabalhos para os senhores
por máscaras africanas, o que também aconteceu com os colonos.
artistas cubistas. Portanto, as obras africanas influenciaram
muito a produção plástica européia. Após a colonização, as produções negras eram deter-
minadas pelo clero. Com isso, a arte sacra se tornou alvo
A partir de então, fez-se a necessidade de classificar da produção de imagens religiosas, materiais litúrgicos,
essa produção e alguns autores como Fagg, em 1973, a mobílias para altares, etc.
dividiu em três áreas principais:
Nos séculos XVI e XVII as riquezas naturais encon-
• Sudão – a arte pendia para a abstração. Acredita-se que
tradas no Brasil atraíram embarcações estrangeiras de
tenha sido esta vertente que mais influenciou a produção
diferentes países que tinham como objetivo explorar essas
artística brasileira;
riquezas. Juntamente com esses grupos vieram artistas
• Costa do Guiné – rica em detalhes e com exageros na atrás de oportunidades, como Johann M. Rugendas (Alema-
decoração; nha) William Burchell (Inglaterra) Thomas Ender (Áustria)
• Congo – que não pende para nenhum dos dois citados Albert Eckout e Frans Post (Holanda).
acima; seria um ponto intermediário.
Veja algumas obras desses artistas:
Através desses estudos conseguiu-se conhecer me-
lhor esses povos colonizados e não somente entender sua
produção plástica estética. É nítido o aprofundamento do
domínio formal e técnico desses povos antes da própria
Europa. A dificuldade dos europeus era distinguir a coisa
(kintu) da ação da obra (kuntu), que afirma que a arte não é
somente um objeto artístico e sim um reflexo de sentimen-
tos e comportamentos. Isso questiona o papel do artista
africano, sendo para ele o mais importante o fazer e não o
objeto pronto.

Figura 50 – Johann M. Rugendas, Jogar capoira ou dança


da guerra.

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Figura 51 – William Burchell, A Aquarela Mosteiro


Beneditino, retrata o Mosteiro de São Bento, em 1826.

No século XVII em Recife foram feitas reurbanizações, e os artistas não tratavam mais
de temas religiosos e sim de retratos, figuras humanas, paisagens, animais e natureza morta.
A flora, fauna e os costumes também eram retratados nas obras de artistas que viajaram
pela América, como Debret e Rugendas.

Jean-Baptiste Debret (1768 - 1848) foi um artista francês que produziu


muitas litografias valiosas que descrevem os povos do Brasil, tendo a
maioria delas sido reunidas em sua obra “Viagem Pitoresca e Histórica
ao Brasil”.
Era pintor, desenhista e professor. Veio para o Brasil como membro da
Missão Artística Francesa que fundou no Rio de Janeiro uma academia
de artes e ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes.
Em “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, Debret retratou os
costumes sociais e relações de classe da corte brasileira entre 1816
e 1831 e os usos e
costumes das tribos
indígenas.
Uma de suas obras,
como a bandeira
do Brasil, serviu
como base para
definir as cores e
formas geométricas
da atual bandeira
republicana adotada
em19 de novembro
de 1889.

Figura 52 – Jean
-Baptiste Debret
, Feitores
castigando negros
.

Artes 9 | 57
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especialmente na região Nordeste do país depositada nos


Johann Moritz Rugendas (1802 - 1858) veio lugares onde houve a cura da pessoa que estava doente. Os
para o Brasil em 1821, integrando a Expedição ex-votos também são depositados nos lugares onde ocorreu
Langsdorff como desenhista documentarista. uma acontecimento trágico, como acidente ou mortes cruéis.
Em 1824, viajou para Minas Gerais e registrou Acredita-se que a alma do morto precise de paz, então é
paisagens, cenas de costumes e o trabalho posto um ex-voto para que haja oferenda e rezas.
escravo. Na volta, abandonou a expedição,
sendo substituído pelo desenhista Adrien-Aimé Esses artesãos que realizam os ex-votos são popular-
Taunay. Passou por Mato Grosso, Bahia e mente conhecidos como “santeiros” ou “milagreiros”.
Espírito Santo, retornando ao Rio de Janeiro
e seguindo para a Europa, onde publicou,
em 1834, o livro Voyage Pittoresque dans le
Brésil (Viagem Pitoresca ao Brasil). Em 1845, Mestre Didi (1917)
retorna ao Rio de Janeiro e realiza retratos de - Deoscóredes
D. Pedro II, da Imperatriz Tereza Cristina e Maximiliano dos Santos
do Príncipe D. Afonso. No ano seguinte, parte é o nome do Mestre Didi
definitivamente para a Europa. Por motivos que nasceu em Salvador,
financeiros cede sua coleção de desenhos e Bahia. Escultor e escritor
aquarelas ao Rei Ludwig I, da Baviera, em que expressa em sua
troca de uma pensão anual. produção uma profunda
relação com o “evoluir
Mestre Didi
sem perder a essência”.
Confecciona objetos
rituais desde criança, com a utilização de
couro, palmeiras (vervuras), búzios e contas
multicoloridas.Foi fundador e curador do
setor afro-brasileiro do Museu de Arte
Moderna e Popular da Bahia.

Figura 53 – Johann Moritz Rugendas, San Salvador.

Apenas na segunda metade do século XIX, a arte bra-


sileira se consolida. Esse período é marcado por artistas Em seu ateliè, em
descendentes de indígenas, africanos ou portugueses, o Salvador, Bahia
que representa a própria formação de várias etnias do
povo brasileiro.

4. A Arte dos Ex-votos


É uma expressão artística popular de raiz religiosa, Figura 54 – Mestre Didi,
esculpida em madeira e de uso místico, como um voto ou Opž Osanuin Gbegž.
promessa realizada num momento de doença ou perigo. É
uma tradição afro-negra e pode ser encontrada no Brasil

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Resumo
• A primeira produção artística identificada com características afro no Brasil ocorreu
no Barroco, por volta do século XVIII e esta influencia se estendeu nas artes plásticas,
música, literatura e arquitetura.
• As obras africanas influenciaram muito a produção plástica européia.
• A influência negra nas produções artísticas brasileiras data desde o Brasil Colônia, no
século XVI, até os dias de hoje.
• Em 1532, a mão-de-obra escravizada, vinda das mais variadas partes da África, possuía
diversas tradições culturais e dominava o metal, bronze, ferro, marfim e ouro. Os negros
vindos do continente africano executavam trabalhos para os senhores colonos.
• Após a colonização, as produções negras eram determinadas pelo clero. Com isso, a arte
sacra se tornou alvo da produção de imagens religiosas, materiais litúrgicos, mobílias
para altares, etc
• No século XVII em Recife foram feitas reurbanizações, e os artistas não tratavam mais
de temas religiosos e sim de retratos, figuras humanas, paisagens, animais e natureza
morta. A flora, fauna e os costumes também eram retratados nas obras de artistas que
viajaram pela América, como Debret e Rugendas.
• Ex-voto é uma expressão artística popular de raiz religiosa, esculpida em madeira como
escultura e de uso místico, como um voto ou promessa realizada num momento de
doença ou perigo

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Exercício Proposto

1 - Você encontra a influência afro no seu cotidiano através de roupas, objetos, imagens,
religiosidades, músicas? Justifique sua resposta.
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Respostas dos Exercícios Propostos


Lição 1 Lição 4
1 - Resposta pessoal 1 - Resposta pessoal

Lição 2 Lição 5
1) 1 - Para questionar e expressar seus diferentes momentos
a) Arquitetura - marcada pela proporção, simetria e mo- históricos. Essas interferências na imagem nos remetem
dulação. também à forma no qual o artista vê o mundo, seu modo
Pintura - estruturação da perspectiva, uso da técnica do de pensar, agir e produzir.
esfumato e da tintura a óleo.
Escultura - grande detalhamento da anatomia do corpo 2-
humano. Marcel Duchamp – Irreverente por natureza, deu um olhar
humorístico para obra. Questionou os parâmetros do fazer
b) Pintura - uso do jogo de luzes e sombras. artístico e o próprio conceito de arte.
As formas barrocas são retorcidas, com detalhes exube-
rantes e ornamentos sem função prática. Salvador Dali – Substituiu o rosto da Monalisa pelo seu,
questionando assim o lugar do artista na sociedade em
c) Luz e movimento são sua principal caractéristica. que viveu.
As obras são claras e pouco se usa a cor preta. Uso de
pinceladas soltas. Andy Warhol – Repetiu a imagem da Monalisa em série e
esta reprodutibilidade das imagens na sociedade industrial
2) foi a chave da produção deste artista
( C ) Pós-Impressionismo
( B ) Impressionismo Lição 6
( E ) Renascimento
( A ) Barroco 1 - Ao recriar a mesma cena do pintor do século XIX, com
( D ) Pontilhismo nova técnica, Picasso faz mais que uma homenagem,
mostra que a essência da obra está viva e que sua beleza
Lição 3 tem o poder de permanecer em diferentes tempos e em
diferentes olhares.
1 - Resposta pessoal

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2 - Não. A arte se manifesta em todos os povos e em todas as regiões do mundo desde tem-
pos remotos. É através da arte que um povo manifesta e transmite sua cultura. Assim, as
diferentes manifestações transmitem diferentes hábitos e visões do mundo.

Lição 7
1 - Não. É bem verdade que muito do que temos em produção e exposição artística na atuali­
dade é passado ou está ligado a essas novas mídias. No entanto há muito espaço para as
produções artísticas tradicionais, que, de forma geral, vêm sendo cada vez mais valoriza-
das. Um bom exemplo é a grande valorização de artistas populares, seja no artesanato,
na literatura, como a de cordel, ou mesmo os grupos teatrais que usam as novidades sem
perder suas origens.

2 - Artes gráficas e animações computadorizadas, música eletrônica, exposições multimídia,


efeitos cinematográficos, o próprio cinema e a teledramaturgia, arte robótica etc.

Lição 8
1 - Com um ambiente preparado, o espectador tem uma possibilidade maior de se aproximar
da obra artística. Desse modo, em uma sala de cinema, sem luzes de interferência, sem
sons externos, o foco é exclusivamente o filme, que tem um poder maior de envolvimento.
Nesse ambiente, o expectador está mais propício a libertar seus sentimentos e receber a
arte de maneira mais ampla
Num ambiente cotidiano, como a própria casa, mesmo que não haja interrupções e apa-
gue-se a luz, perde-se a magia, o poder de encantamento no diálogo entre a obra e seu
observador.

2 - Resposta Pessoal

Lição 9
1 - Resposta Pessoal

3ª Série do Ensino Médio


Instituto Monitor

ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira; FADEL, Tatiana


Português – Língua e Literatura – 1ª edição
São Paulo: Moderna, 2001.

CEGALLA, Domingos Paschoal


Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

Faraco & Moura


Gramática Nova
São Paulo: Ática, 2005.

MARTINS, Eduardo
Manual de Redação e Estilo – O Estado de S. Paulo
São Paulo: Moderna, 1997.

VERÍSSIMO, Érico
Breve História da Literatura Brasileira
São Paulo: Globo, 1995.

Artes

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