DISCIPLINA: HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 3 PROFESSORA: MARIA FERNANDA
PENSAMENTO ECONÔMICO & ECONOMIA BRASILEIRA
MÁRIO CÉSAR RAMOS GOMES
RECIFE, 19 DE NOVEMBRO DE 2019.
QUESTÃO 1 - A partir de nossa construção da disciplina:
A) Identifique Escolas ou correntes que influenciaram o processo de
industrialização no Brasil. Escolha um intervalo de tempo da nossa industrialização para analisar, identificando instrumentos macroeconômicos da Escola ou corrente exposta na sua resposta.
O grau de influência que uma determinada corrente político-econômica
exerceu sobre os rumos do país durante um determinado tempo é um quadro compósito e descontínuo. Ao longo da história o Brasil implementou ideias das mais diversas matizes possíveis. Da mentalidade “mercantilista” (Brasil Colônia) ao proto- liberalismo (republica velha), passando pelo nacional-desenvolvimentismo (era Vargas-Juscelino) ao Capitalismo de Estado (Regime Militar) até o neoliberalismo (Collor-FHC) chegando ao neodesenvolvimentismo (Lula-Dilma) até o Neoliberalismo (Temer-Bolsonaro). Vale dizer que em cada uma dessas fases as políticas adotadas nunca foram integral ou coerentemente estabelecidas. Para tanto basta mencionar que nenhum outro regime estatizou e interviu tanto na economia quanto os militares e que o mesmo governo que foi responsável pela abertura econômica, fora o mesmo que confiscou a poupança da população (Collor). Portanto a descontinuidade e a falta de coerência talvez sejam as marcas mais características da nossa história política econômica. Se tomarmos a “Era Vargas-Jango” como objeto de análise, talvez, resida neste intervalo de tempo as práticas político-econômicas mais sistematicamente implementadas e com o tempo de maturação suficientemente necessário a verificação da causalidade. Dos instrumentos de política macroeconômica desta época, hoje, sob a luz da história, pode-se enquadrar aquilo que à época se chamou de “política de proteção ao café”, como sendo verdadeiro mecanismo keynesiano anticíclico. Em seguida, o processo de industrialização nacional via criação de grandes indústrias de base estatais (CSN, PETROBRAS, VALE, ELETROBRAS) e logo depois o processo de industrialização por substituição de importação tiveram nítidas influências “cepalinas” e caracterizaram o papel do estado como agente modernizador. Há ainda como herança deste período as políticas de desenvolvimento regional (SUDENE) como instrumento macroeconômico de desconcentração espacial da acumulação capitalista do Centro-Sul. B) Apoiando-se em nosso conteúdo, aponte possíveis cenários para a Economia Brasileira no próximo biênio destacando corrente ou Escola de influência.
A partir da perspectiva keynesiana-cepalina, do conjunto das medidas
econômicas anunciadas, espera-se, no curto prazo, o prolongamento da estagnação e ou até mesmo o seu agravamento. Isto porque todas as medidas implementadas (de austeridade) são recessivas no curto prazo. Ao cortar gastos (G) o governo retrai o PIB, ao flexibilizar a legislação trabalhista o governo diminui o poder de consumo da população (C), ao reduzir o investimento público em pesquisas o governo impacta negativamente no ganho de produtividade (A), ao abrir a economia o governo agrava o processo de desindustrialização e reduz as exportações líquidas dos itens com manufaturados com maior valor adicionado (EL). Dos fatores de crescimento do produto nacional (Y=C+I+G+EL), o atual governo aposta todas as suas fichas exclusivamente na retomada do investimento via setor privado (I) e para tanto age unicamente no sentido de estabelecer políticas que estimulem a oferta, tal qual apregoa a Escola de Chicago da qual o ministro da economia é discípulo. Ainda pela perspectiva da Teoria da Dependência, o Brasil por sua posição subalterna na divisão internacional do trabalho, é extremamente vulnerável às oscilações do mercado externo de commodities. Como a economia mundial apresenta sinais de enfraquecimento com rumores de uma nova crise econômica global, e mais notadamente ainda com o arrefecimento dos altos índices de crescimento da China, a tendência é que o crescimento econômico interno do Brasil não seja puxado pela demanda externa como ocorreu na fase recente do “boom das commodities”. Logo, com o setor privado endividado e com capacidade instalada ociosa, somado a queda da renda das famílias pelo desemprego aberto e os baixos ganhos do setor informal, por esta razão não se espera que as reformas, isoladamente sejam capazes de dinamizar a economia. Por fim, a abertura econômica sem critérios, em especial ao mercado europeu e chinês, poderá significar a aniquilação da já combalida indústria nacional, reduzindo por sua vez o número de empregos sofisticados e comprometendo balança comercial de manufaturados, condenando, desta forma, o Brasil a ser um eterno fornecedor de bens primários como consequência maléfica da obediência à “teoria das vantagens comparativas”. QUESTÃO 2 - Reflita sobre o papel da pequena empresa e responda:
A) Exponha como a ciência econômica, ou Escola de seu interesse, tem
apoiado seus estudos na pequena firma.
Uma das abstrações que a ciência econômica se vale para
fundamentar suas leis parte do pressuposto do “homo economicus”, isto é, aquele que agiria unicamente movido pela racionalidade maximizadora da utilidade. Tratado na escala micro, os elementos desagregados dão significados às curvas de utilidade marginal. É nesta escala, também, que as tomadas de decisões buscam nas curvas de custos respostas às quantidades a serem produzidas e em que as vantagens comparativas justificam as especializações produtivas. Teoremas estes que fazem sentido na escala da pequena firma, mas que podem ser um equívoco se replicadas na escala de uma região ao país.
B) Destaque papel da pequena firma e da inovação para recuperação
econômica. Se foi verdade que a pequena firma na origem do capitalismo representou a força motriz no desenvolvimento econômico, isto vale menos hoje em que a escala da firma passou a ser fator de sobrevivência nas economias que competem em escala global. Hoje, quem produz em maior escala é capaz de melhor competir, não só por diluir custos fixos, mas, sobretudo, pela capacidade de incorporar mais capital elevando assim a produtividade. Porém, é a pequena firma quem mais emprega força produtiva e desta forma garante a demanda efetiva, desempenhando, neste sentido, papel fundamental no processo de recuperação da economia local, embora, como expomos, seja ela, nas economias abertas, altamente vulnerável à competição internacional que opera em larga escala. As inovações tecnológicas, hoje, passam necessariamente pelas grandes firmas. A tecnologia, como bem identificou Schumpeter, é o motor do capitalismo, em que, por meio da destruição criativa, novas necessidades são criadas garantindo que a taxa de lucratividade dos setores mais dinâmicos seja crescente. Por isso, no longo prazo, o desenvolvimento econômico será uma função da tecnologia dada sua imbricação com a produtividade do trabalho. QUESTÃO 3 - De acordo com Friedman, apenas uma taxa crescente de inflação pode reduzir o desemprego.
A) Explique tal processo, destacando o papel das expectativas.
Um dos trade offs fundamentais da economia clássica reside no
binômio inflação x desempego. É a “Curva de Phillips” que primeiro correlacionou, no curto prazo, as baixas taxas de desemprego à inflação elevada. Tal processo ocorre pelo fato de que, com a economia a pleno emprego, além de os custos de mão de obra tender a subir, inflacionando os custos de produção, o maior poder de compra da força de trabalho acaba por elevar a demanda tendo também impacto sobre os preços. Neste caso a expectativa atua como um agravante deste mecanismo, pois, uma vez que o quadro inflacionário esteja instalado, os agentes econômicos tendem a manter por “inércia” um ritmo sempre crescente dos reajustes dos preços. Por conta dessa distorção nas expectativas a inflação no futuro pode ser igual ou superior a inflação esperada.
B) De que maneira esta perspectiva influencia a política econômica?
A perversão desta teoria econômica, contudo, reside no fato de se usar
o desemprego como estabilizador inflacionário. Para tanto, o Banco Central vale-se do mecanismo de elevação da taxa de juros que por sua vez impacta negativamente sobre os investimentos que reduz o crescimento da economia e causa desemprego. O que leva o planejador econômico a preferir relegar milhões de famílias ao desemprego, é o fato de esta “solução” ser capaz de individualizar o problema em um grupo específico de pessoas dentro da sociedade. Ao contrário da inflação que é, por assim dizer, “democrática”, isto é, corrói a riqueza do conjunto da sociedade, sobretudo sobre o capital externo que terá seus rendimentos subtraídos, o desemprego, por seu turno individualiza as perdas justamente na fração mais vulnerável da sociedade. Uma política econômica razoável deveria perseguir as mais baixas taxas de desemprego balizadas com a menor taxa de inflação possível. Para tanto, a elevação da produtividade deveria ser o instrumento utilizado a fim de manter a produção em patamares capazes de impedir a alta dos preços. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 24 cd. São Paulo,
Editora Nacional, 1991. 2. HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Trad. Waltensir Dutra. 21.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986. 3. HUNT,E. K. História do Pensamento Econômico. Editora Campus, 2005. 4. MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 5. PREBISCH, Raúl. O desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus problemas principais (1962). In: BIELSCHOWSKY, R. (Org.). Cinqüenta anos de pensamento na Cepal. Rio de Janeiro: Record; Cofecon; CEPAL, 2000. p.70-136. v.1. 6. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Economia: micro e macro: teoria e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos. São Paulo: Atlas, 2008.