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ACÓRDÃO
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
Sr. Presidente.
VOTO
Ao final, requer seja dado provimento ao recurso, para cassar a medida liminar, bem
como para extinguir o processo sem resolução do mérito, uma vez que inexiste os
pressupostos processuais e condições da ação.
Passo a decidir.
O Estado afirma que a inicial é inepta, tendo em vista o não cumprimento do disposto no
inciso III, do art. 801, do CPC, que preceitua:
"Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:
(...)
Assim, tenho que indicados estão a lide e o fundamento que deu base ao pleito cautelar.
Por outro lado, vale ressaltar que é suficiente que a parte indique quais os objetivos que
pretende alcançar com a medida cautelar, sem dizer expressamente a ação que almeja
interpor.
Não é necessário que se explicite qual será a ação proposta, mas sim, o resultado prático
que, com ela, se pretende obter." (TJMG - Número do processo: 2.0000.00.391830-5/000 -
Relator: ALVIMAR DE ÁVILA - Data da Publicação: 08/02/2003)
Rejeita-se a preliminar.
"Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida
cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la
ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou
fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)"
Contudo, como se pode se depreender da r. decisão agravada o MM. Juíza a quo, houve a
determinação da prévia citação da parte ré (ora agravante), para que possa acompanhar
a diligência, inclusive facultando a apresentação de quesitos e indicação de assistente
técnico.
Por outro lado, o recorrente alega ainda que não foi prestada a caução idônea.
Entretanto, tenho que a determinação da prestação de caução não é uma obrigação para
o deferimento da liminar, mas sim uma faculdade do Magistrado, que, diante do pedido
cautelar, deve verificar se a concessão da medida trará qualquer prejuízo à parte
requerida.
No caso dos autos, o pedido é somente relacionado à produção de prova pericial, não
resultando em qualquer risco de dano à parte agravante, sendo, portanto, desnecessária
a caução.
Assim, não assiste razão ao agravante, razão pela qual REJEITO A PRELIMINAR.
MÉRITO
A MM. Juíza deferiu o pedido liminar, para a realização de perícia técnica na área objeto
da ação.
O doutrinador Humberto Theodoro Junior, em seu livro "Processo Cautelar", leciona que
as ações cautelares de antecipação de provas têm cabimento em qualquer que seja a
natureza da futura demanda (contenciosa ou voluntária) e tanto podem ser manejadas
por quem pretende agir, bem como por quem pretende se defender, como é o caso dos
autos.
Lado outro, a produção de provas que demonstrem a realidade dos fatos, serve mais ao
processo do que ao interesse ou direito subjetivo de qualquer das partes (verdade
interessante ao processo).
"A sentença que o juiz profere nas ações de antecipação de prova é apenas
homologatória, isto é, refere-se apenas ao reconhecimento da eficácia dos elementos
coligidos, para produzir efeitos inerentes à condição de prova judicial.
Não há qualquer declaração sobre sua veracidade e suas conseqüências sobre a lide. Não
são ações declaratórias e não fazem coisa julgada material. Apenas há documentação
judicial de fatos. E nesse sentido merece acolhida a lição de PONTES DE MIRANDA que
considera essa espécie de ação como constitutiva por pré-constituir prova judicial para os
interessados. (...)
Não se lhe aplica, portanto, o prazo de eficácia do art. 806, de maneira que mesmo que a
ação principal seja proposta além de 30 dias da realização da medida preparatória, ainda
assim a vistoria, ou a inquirição, continuará útil e eficaz para servir ao processo de
mérito. (até mesmo porque, no caso, o requerente pretende se defender)"
Nesse sentido, o voto do Relator ALVIMAR DE ÁVILA, deste TJMG, na apelação nº.
2.0000.00.391830-5/00, in verbis:
Já nas medidas cautelares jurisdicionais, existe litígio a ser dirimido na ação principal. E,
assim, ligam-se a esta, mas com ela não se confundem, porque se referem a um aspecto
peculiar da lide e apresentam objeto diverso. Como exemplos, pode-se citar: arresto,
seqüestro, caução, busca e apreensão, exibição, alimentos provisionais, atentado e, em
regra, as cautelas inominadas."
Como a MM. Juíza explanou em sua bem fundamentada decisão, a empresa requerente
pretende a realização de perícia técnica, com o objetivo de impedir que suposta
desvalorização dos imóveis cause prejuízos no valor da indenização a ser paga, quando
da imissão na posse. A medida não causará qualquer interferência na esfera jurídica do
réu/agravante.
Ademais, no exame dos autos, tenho que presente está o risco dano inverso à empresa
recorrida, uma vez que ela alega na inicial da ação cautelar que o Estado de Minas Gerais
decretou a desapropriação dos imóveis situados no local denominado "Serra Verde",
onde estão localizados os seus imóveis e que se não houver avaliação pretendida, não
será possível a apuração exata para se arbitrar a justa e devida indenização.
Custas, ex lege.
VOTO
VOTO
AGRAVO Nº 1.0024.08.043413-7/001