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Sistema de Gestão
Sistema de Gestão
BLUMENAU
2005
MAURÍCIO SATURNINO SESTREM
BLUMENAU
2005
O SISTEMA DE GESTÃO DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA
DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA.
Por
______________________________________________________
Presidente: Prof. Denise Del Prá Netto Machado, Dra. – Orientadora, FURB
______________________________________________________
Membro: Prof. Valeska Nahas Guimarães, Dra., UFSC
______________________________________________________
Membro: Prof. Gerson Tontini, Dr., FURB
______________________________________________________
Coord. PPGAd: Prof. Denise Del Prá Netto Machado, Dra.
Meus agradecimentos à minha esposa Maria Beatriz, e aos queridos filhos Gabriel e
Jéssica pela compreensão e por seus importantes incentivos durante o desenvolvimento deste
trabalho.
Agradeço à minha mãe Linda Sestrem, que dentre muitas virtudes continua a me
ensinar a amar com dedicação, honestidade e humildade. Os meus agradecimentos dirigem-se
também aos meus irmãos Wilson e Carlos Emir que souberam me apoiar em muitos
momentos difíceis.
RESUMO
The Specialized Services in Security Engineering and Labor Medicine (SESMT' s) are
important agents for the improvement in working conditions and in the mitigation of accidents
that happen with high incidence in the civil engineering in the state of Santa Catarina.
Constituted by qualified professionals in the preservation of workers` physical integrity and
experts in the legal procedures stipulated by the Ministry of Labor for such end, these
professional services obligatorily start to be inserted in the organizational structure of the
companies only when these companies are formed by a minimum number of employees
according to the degree of risk in the main developed activity. In 1996 the British Standards
Institution published the BS 8800 norm on "Health Management Systems and Industrial
Security" with the aim of integrating the health management and industrial security with the
administration of other aspects of companies performance as a whole. Studying the adopted
system in the management of these specialized services, in comparison with what is stated in
the BS 8800 norm, this work has tried to characterize and identify its performance between
2001 and 2003. The research developed was exploratory, qualitative, in two parts:
documental in the Regional Labor Department (DRT) and field research as a survey by means
of a partially structured interview. Among 43 civil engineering companies of Santa Catarina
with SESMT registered in that department only 8 companies have the SESMT active. The
reasons found for the deactivation of the SESMT in most companies were: bankruptcy,
workmanship ending and the reduction of the number of employees to a number below the
constitution requirement of the SESMT. The social citizens of the research are the SESMT
responsible ones in each company. The results have shown that little is done in relation to
infrastructure and the fulfillment of the SESMT management norms. Just one big company
adopts a management system with total adherence to what is established in the BS 8800 norm
and formally includes in its strategic management, the Health Management and Industrial
Security, therefore integrated to the other aspects of the company performance. This
company presents very low levels of accidents in relation to its number of employees. This
demonstrates that the dimensional factor of the company (medium x big) can have an
influence in the company behavior in using an integrated system of management including the
security and occupational health. The main conclusions according to the SESMT
management system in the researched companies, exception made to the big company,
characterizes for a Taylorist orientation, in which the SESMT is responsible for keeping the
conditions of a healthy working environment. In these companies it was not identified the
establishment of politics aimed at better results in security and occupational health coming
from the high administration.
LISTA DE TABELAS
Quadro 8 – Grau de risco, número de acidentes, índice de ocorrência por mil e número de
empregados de 2001 a 2003......................................................................................................75
LISTA DE FIGURAS
Figura 2 – "Elementos de gestão bem sucedida de Saúde e Segurança com base na abordagem
do guia de gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos"..........................................30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................. 23
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
APÊNDICES ........................................................................................................................... 83
APÊNDICE A – Entrevistas..................................................................................................... 84
ANEXO.................................................................................................................................. 130
1 INTRODUÇÃO
− aquele que acontece quando se está prestando serviços por ordem da empresa
fora do local de trabalho;
− aquele que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa;
REGIÃO ANOS
2001 2002 2003
BRASIL 27.432 31.015 23.904
SUL 5.492 5.898 4.775
SANTA CATARINA 1.600 1.677 1.061
Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, MPAS.
Nesta visão, o problema que emerge é que os acidentes do trabalho são constantes,
sendo que no Brasil têm uma média de 27.500 acidentes por ano. Este problema, de número
de acidentes expressivos acarreta as seguintes despesas às empresas:
gastos com luz, aluguel e demais despesas que continuam mesmo durante a
paralisação da produção em decorrência do acidente.
REGIÃO ANOS
2001 2002 2003
BRASIL 177.142 215.110 274.304
SUL 26.408 32.253 42.345
SANTA CATARINA 7.129 8.729 11.227
Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, MPAS.
Sendo fundamental não só adotar o que prescrevem as normas brasileiras, mas ter um
ambiente que corresponda ao que é proposto pela norma britânica BS 8800 sobre “Sistemas
de Gestão de Saúde e Segurança Industrial”.
Até que ponto as orientações da norma britânica BS 8800 sobre “Sistemas de Gestão
de Saúde e Segurança Industrial” se verifica na realidade, observando as ações que os
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
das empresas de construção civil de Santa Catarina estão adotando?
c) Qual é a situação das condições gerais das empresas de construção civil em relação
aos acidentes de trabalho produzidos no período compreendido entre os anos 2001
e 2003?
19
1.3 PRESSUPOSTOS
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral
1.4.2 Específicos
1.5 JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA
A importância do trabalho, do ponto de vista prático, reside no fato de que, seu estudo,
poderá oportunizar um conhecimento do status quo do gerenciamento dos SESMT’s da
indústria da construção civil de Santa Catarina. Revelando detalhes dos sistemas de gestão
aplicados e seu respectivo desempenho no contexto global da organização.
Pode auxiliar para a melhoria do ponto de vista técnico, como é um assunto que
demanda pesquisas de caráter científico, também por tratar dos elementos essenciais para a
administração eficaz dos SESMT’s.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Além disto, a construção civil demonstra que necessita de estudos contínuos visando a
melhor forma de gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT), tanto por englobar atividades de alto risco de acidentes
como por apresentar índices elevados de ocorrências que em alguns casos, têm como
conseqüência: seqüelas irreversíveis, mutilações e até mesmo a morte. Estes acidentes
provocam uma série de prejuízos (psicológicos, econômicos, financeiros, de imagem e
sociais, etc.); não só para a empresa ou para seus funcionários como também para toda a
sociedade.
A construção civil ainda é o setor que mais mata, [...]. Só ainda não conseguimos
identificar porquê", revela o chefe do setor de Segurança e Saúde da Delegacia
Regional de Florianópolis, Roberto Cláudio Lodeti. "Cada região tem o seu setor
mais problemático, mas construção, prestação de serviços, metalurgia, madeireiro e
transportes são os cinco setores que mais temos registros. (SERVIÇOS, 2004, grifo
nosso).
Neste sentido a busca pela eliminação dos acidentes aliada ao melhor aproveitamento
dos investimentos dedicados à prevenção dos mesmos, notadamente dos SESMT, torna-se de
fundamental importância. Principalmente se considerarmos todos os custos diretamente
assumidos pelas empresas:
[...] custo do tempo perdido pelo empregado lesionado; custo do tempo perdido por
outros empregados que param o trabalho por curiosidade, simpatia, para dar
assistência ao acidentado ou por outras razões; custo do tempo perdido por
25
[...]o moderno enfoque dos sistemas procura desenvolver: uma técnica para lidar
com a grande e complexa empresa; um enfoque sintético do todo, que não permite a
análise separada das partes do todo, em virtude das intrincadas inter-relações das
partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do
todo; e um estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao
estudo dos elementos, destacando-se o processo e as probabilidades de transição,
especificados em função de seus arranjos estruturais e de sua dinâmica (OLIVEIRA,
2002, p. 35).
SISTEMA
O
PROCESSO DE
ENTRADA SAÍDA B
TRANSFORMAÇÃO
J
E
T
I
V
RETROALIMENTAÇÃO CONTROLE E
OU FEEDBACK O
AVALIAÇÃO
S
Esta norma apresenta duas abordagens: “com base no guia da HSE Successful Health
and Safety management (gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos) HS(G)65”,
cujos elementos estão apresentados na figura 2, e a “[...] abordagem alternativa detalhada tem
o objetivo de atender às organizações que pretendem fundamentar os seus sistemas de
gerenciamento de S&SO na ISO 14001, a norma para sistemas ambientais, e, como tal,
identifica as áreas comuns em ambos os sistemas de gerenciamento” (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 5).
Nesta primeira fase do sistema apresentado pela norma BS 8800, deve-se buscar dados
relativos ao sistema de gerenciamento do SESMT existente, visando proporcionar
informações que servirão de base para as decisões relativas ao propósito, adequação e
implementação do sistema atual. Além de fornecer um parâmetro que poderá servir para a
mensuração de sua evolução e que poderá ser utilizado no planejamento. Os tópicos a serem
levantados nesta fase são:
31
De acordo com a norma britânica BS 8800, o mais alto nível hierárquico da empresa
terá que estabelecer, registrar e aprovar a sua política de S&SO. Para isto deverão estar
assegurados os seguintes compromissos:
2.4.3 Organização
2.4.3.1 Responsabilidades
A norma BS 8800 recomenda que alguém do mais alto nível hierárquico da empresa
“(por exemplo, numa organização grande, a um membro do Conselho ou da diretoria)”
32
a) ser responsáveis pela saúde e segurança daqueles que dirigem, delas próprias e de outros com
os quais trabalham; b) estar conscientes de sua responsabilidade com a saúde e segurança de
pessoas que possam ser afetadas pelas atividades que controlam, como, por exemplo,
empreiteiros e o público; c) estar conscientes da influência que sua ação ou inação podem ter
sobre a eficácia do sistema de gerenciamento de S&SO (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 15).
2.4.6 Auditoria
A gestão científica surge no começo do século XX, quando a atuação dos operários e o
tempo dedicado a cada tarefa foram estudados por Frederick Winslow Taylor1. “Os métodos
de Taylor para aumentar a produtividade da mão-de-obra constituíram a base para a
administração científica e o nascimento da era do “especialista em eficiência””
(MIRSHAWKA, 1990, p. 11). Nesta época não havia espaço para à iniciativa e imaginação
1
Frederick Winslow Taylor, engenheiro e economista norteamericano (1856 – 1915). Promotor da organização
científica do trabalho (taylorismo), estabeleceu a primeira medida do tempo de execução de um trabalho.
35
As idéias de Taylor levaram a ganhos tremendos, mas, por outro lado, definiram
uma imagem (inadequada nos dias de hoje) característica do que é um gerente e do
que é um empregado. Aliás, ela continua presente em muitas empresas do mundo
ocidental. A obediência do empregado em relação ao seu empregador é considerada
como o maior dever entre todos, maior do que a obrigação que o mesmo possa ter
com o público e até consigo mesmo (MIRSHAWKA, 1990, p. 13).
Senge (1999) propôs uma inovação básica nos métodos tradicionais de gestão, no
começo dos anos 90, apresentando o revolucionário conceito de learning organization. Nele,
defende convincentemente a necessidade do pensamento sistêmico e a aprendizagem coletiva
dentro das organizações.
porque certamente havia opiniões de interesse que estavam sendo neutralizadas ou preteridas.
O espírito de equipe ou comunidade parece ter um valor irrefutável, porque tradicionalmente
cada um ia pouco a pouco agindo a seu modo e, sobretudo em grandes organizações, se estava
impondo o pensamento asistêmico.
A gestão moderna de negócios surge então como resultado de todas as mudanças que
partindo da organização tradicional se aproximam do conceito de organização inteligente que
nos sugere Senge (1999): a organização que não só faz bem as coisas senão que sabe bem
quais tem que fazer, a organização que previne e resolve bem seus problemas, a organização
que obtém o máximo proveito dos recursos dos seres humanos sem desprezo de sua
satisfação.
Esta situação é evidenciada por Picarelli (2002, p. 215), que ao tratar da gestão por
competências, esclarece: “com as grandes transformações que estão sempre ocorrendo nos
sistemas econômicos, lideradas principalmente pela globalização, as empresas passaram a
buscar flexibilidade nas suas operações, com o objetivo de conquistar novas oportunidades,
aumentar sua competitividade e gerenciar os riscos e as ameaças aos seus negócios”. A
necessidade de integração entre as diversas áreas da organização é defendida quando cita
como um dos principais objetivos a ser alcançado pela gestão por competências o
“[...]incentivo a uma maior integração entre as diversas áreas e setores – “quebra dos
feudos””(PICARELLI, 2002, p. 219).
todos, todos por um, para valer), assim como ao empreendedor interno
(intrapreneur) (LERNER, 1996, p. 123).
3.214 (de 8/6/1978), aprovando, conforme art. 200 da CLT, as Normas Regulamentadoras
(NR) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estabelece ênfase na prevenção do
acidente de trabalho, modificando a antiga visão de apenas indenizar os prejuízos já causados.
Segundo Pacheco Junior, Pereira Filho e Pereira (1999, p. 110), "Se se observar o que
é exigível pela legislação, o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho) e a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) são órgãos
internos que assumem a responsabilidade pelas práticas da segurança, Medicina e higiene do
trabalho [...]".
Grau N.º de Empregados no 50 a 101 a 251 a 501 a 1.001 2.001 3.501 Acima de 5000
de estabelecimento 100 205 500 1.000 a a a Para cada grupo
Risco 2000 3.500 5.000 De 4000 ou fração
Técnicos acima 2000**
Técnico Seg. Trabalho 1 1 1 2 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1*
1 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1*
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1*
Técnico Seg. Trabalho 1 1 2 5 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 1*
2 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 2 1
3 Aux. Enferm. do Trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 2 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
4 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
Por exemplo: uma empresa da construção civil que tem como atividade principal a
construção de edificações comerciais e industriais, enquadra-se no código CNAE 45.21-7.
Este código CNAE 45.21-7 no quadro 1 indica ser uma atividade de grau de risco 4. Se esta
empresa possuir 300 empregados, inclusive terceirizados, deverá de acordo com o quadro 2, a
seguir, possuir um SESMT constituído por: 3 técnicos de segurança do trabalho, 1 engenheiro
de segurança do trabalho em tempo parcial de no mínimo 3 horas diárias e 1 médico do
trabalho também em tempo parcial de no mínimo 3 horas.
Além destas determinações que são conhecidas por todos profissionais da referida
área, pois possuem cursos específicos para poderem exercer a profissão, esta norma enfoca
também a obrigatoriedade do entrosamento permanente com a CIPA, inclusive para estudar
suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas.
43
Todas as empresas estão obrigadas pela NR – 5, a constituir a CIPA, que terá por
atribuição:
Para Pacheco Junior, Pereira Filho e Pereira (1999), a atuação, das organizações em
gestão do SESMT, atualmente encontra-se com sérias restrições, especialmente o próprio
profissional da referida área:
Desta forma, torna-se evidente que para a gestão estratégica do SESMT, a busca da
sinergia nas questões relativas à segurança e saúde ocupacional, entre todos os integrantes da
organização: SESMT; funcionários; terceirizados e inclusive a alta administração, deve ser
implementada e incentivada, para a concretização dos objetivos organizacionais. No próximo
capítulo abordaremos os métodos e as técnicas de pesquisa adotados na execução deste
trabalho.
45
Para Vergara (1997, p. 12), "método é um caminho, uma forma, uma lógica de
pensamento". O método aplicado no desenvolvimento deste trabalho é o método de pesquisa
de survey, por possuir segundo Babbie (2001, p. 95) os seguintes objetivos gerais:
c) Qual é a situação das condições gerais das empresas de construção civil em relação
aos acidentes de trabalho produzidos no período compreendido entre os anos 2001
e 2003?
Razão pela qual adota-se o método qualitativo de abordagem. Pois segundo Easterby-
Smith, Thorpe e Lowe (1999, p. 71), o método qualitativo de pesquisa é um dispositivo que
possibilita ao pesquisador a obtenção do discernimento de que necessita sobre pessoas e
situações. Servindo também “para ajudar os respondentes a pensar a respeito dos seus
próprios mundos e considerar, possivelmente pela primeira vez, a maneira pela qual
constroem sua realidade”. Vaan Maanen (apud Easterby-Smith, Thorpe e Lowe, 1999, p. 71)
define métodos qualitativos como: "uma série de técnicas interpretativas que procuram
descrever, decodificar, traduzir e, de alguma forma, chegar a um acordo com o significado,
não a freqüência, de certos fenômenos que ocorrem de forma mais ou menos natural no
mundo social".
Vergara (1997, p. 50), define população como sendo: "[...] conjunto de elementos
(empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características objeto de estudo".
As empresas integrantes da população, são as empresas de construção civil que atuam em
Santa Catarina.
a) é preciso compreender as elaborações que o entrevistado usa como base para suas
opiniões e crenças sobre um determinado assunto ou situação; b) um dos objetivos
da entrevista é desenvolver a compreensão do "mundo" do respondente de forma
que o pesquisador possa influenciá-la, de modo independente ou colaborativo [...].
Além disso elas são úteis quando: a) a lógica passo a passo de uma situação não está
clara; b. o assunto é altamente confidencial ou comercialmente sensível; c. o
entrevistado reluta em ser franco a respeito da questão, exceto de forma confidencial
e somente para uma pessoa (EASTERBY-SMITH, THORPE e LOWE, 1999, p. 74).
A análise dos dados se fez pelo método designado por Easterby-Smith, Thorpe e Lowe
(1999, p. 105) como "teoria fundamentada". Desta maneira o pesquisador desenvolve temas e
padrões comuns ou contraditórios baseando-se nos dados referenciais de interpretação.
Principalmente por apresentar entre outras, as seguintes características: vai pelo sentimento,
indutiva, e testa temas, desenvolvendo padrões.
Neste trabalho, a adoção deste método permitiu a descrição, com profundidade dos
sistemas de gestão do SESMT adotados pelas empresas. Possibilitou a descoberta de formas
de gestão integrada do SESMT com todas as atividades desenvolvidas na organização. de
maneira integrada que apresentam índices baixíssimos de acidentes. No próximo capítulo
estão descritos as características das empresas pesquisadas e a análise dos dados.
50
A seguir são apresentados alguns aspectos das empresas entrevistadas tais como: ramo
de atividade, ano de fundação, profissionais registrados no SESMT; a quantidade de acidentes
registrados no período compreendido entre os anos 2001 e 2003 e dados sobre certificação de
programa de qualidade.
- Empresa ALFA:
- Empresa BETA:
- Empresa GAMA:
- EMPRESA DELTA:
- EMPRESA ÉPSILON:
- EMPRESA ZETA:
- EMPRESA ETA:
- EMPRESA TÉTA:
• requisitos da legislação;
Integrantes do SESMT:
Técnico de segurança do
3 3 5 2 1 2 3 1
trabalho
Engenheiro de
1* 1* 1 1* 0 1* 1* 0
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem
0 0 1 0 0 0 0 0
do trabalho
Médico do trabalho 1* 1* 1 1* 0 1* 1* 0
Legenda: (*) Tempo parcial (mínimo de três horas).
- EMPRESA ALFA
- EMPRESA BETA
Nós trabalhamos aqui dentro com o PCMSO, que é o laudo do médico, que ele diz
para a gente como que devemos operar com a parte médica, qual o compromisso que
nós temos com a saúde dele. Tem também o PPRA, que é o que diz respeito ao meio
ambiente da construção civil, quais os riscos que eles estão expostos, onde entra o
treinamento para dizer para eles como é que eles têm que trabalhar aqui dentro.
Existe também a CIPA, dentro da empresa que ajuda muito esta parte de segurança
do trabalho porque ela existe, é funcional.
O PCMAT da construtora que fica no escritório da construtora porém eu tenho livre
acesso para usá-lo e contar como uma das informações para o treinamento porque ali
vai conter os laudos do que se espera para esta obra, o engenheiro vai dizer no laudo
dele ali o que ele realmente quer esperar da gente faça nesta obra.
- EMPRESA GAMA
Nós temos o nosso PCMAT que é específico da construção civil, onde são descritas:
as atividades, os setores, quais são os riscos mais freqüentes de cada atividade, quais
são os EPI’s obrigatórios e necessários, quais são os equipamentos de proteção
coletiva, as normas básicas de segurança de cada atividade. É um documento é
elaborado pelo SESMT e tem a aprovação do nosso gerente de obra. Ele é
responsável juntamente com o engenheiro de segurança de garantir a aplicação deste
procedimento que é o PCMAT.
Como falei anteriormente, nossa obra aqui é grau de risco 4, praticamente todas as
normas regulamentadoras são aplicadas, com exceção da NR 14 – fornos que não é
aplicada o restante é identificado no nosso empreendimento.
[...] temos o PPRA, onde nós controlamos os riscos, onde é feito os procedimentos
de controles dos riscos básicos: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e
de acidentes.
[...] nós temos CIPA constituída aqui no empreendimento. Nossa CIPA é hoje pela
NR 5, nós temos 9 titulares e 7 suplentes, tanto da empresa como do empregador, ao
todo nós temos 32 representantes da CIPA.
- EMPRESA DELTA
[...] a gente faz exame e o médico faz a anamnese, preenche um questionário, faz
tudo para realmente ver as condições do funcionário depois de acontecer um caso.
No mês retrasado foi feito a CIPA. Eles vieram e fizeram o curso para os cipeiros.
Depois de mais um tempo, tinha um estagiário que era um bombeiro. A gente
61
aproveitou e reuniu uma turma maior além dos da CIPA e foi feito um treinamento
de combate incêndio.
- EMPRESA ÉPSILON
- EMPRESA ZETA
Agora recentemente foi eleita a nossa CIPA.
- EMPRESA ETA
Então como a gente tem a CIPA constituída dentro da empresa. A gente vai para a
reunião da CIPA. A gente discute as situações e entre os membros, a gente reúne
toda a obra. A gente faz uma reunião em cada obra por mês. A gente faz a reunião
da CIPA numa obra no outro mês vai ser em outra obra. E nessas reuniões a gente
faz o treinamento.[...]Nós temos o PCMAT. O PCMAT é característico somente
para acima de 20 funcionários em obra. Mas a gente geralmente adota o PCMAT até
porque é uma forma... Só que o problema é o seguinte: o PCMAT é um documento
extremamente extenso que ninguém lê. Ele só é feito para cumprir tabela. O PPRA a
gente não tem hoje na empresa. Não está sendo executado. Tem o PCMSO este é
feito regularmente, todo ano.
- EMPRESA TÉTA
nós temos o DDE, diálogo diário da Excelência, antigamente era DDS, era específico da
segurança, hoje com a introdução do sistema de qualidade na empresa passou a ser chamado
de DDE, diálogo diário de excelência”. Também pode ser verificado nos diálogos diários de
segurança (DDS), praticados pelas empresas: DELTA: “Como não tenho muito tempo para
cuidar da parte da documentação e do campo, a gente adota o sistema de DDS (diálogo diário
de segurança).”; ÉPSILON: “A gente tem uma outra ferramenta de trabalho muito boa que a
gente utiliza que é o DDS (diálogo diário da segurança). Antes do início do trabalho de cada
atividade a gente faz o DDS.”, e TÉTA: “As equipes de trabalho realizam o DDS, diálogo
diário da segurança, todos os dias”. O DDE que aborda inclusive as questões de qualidade e
meio ambiente, ou DDS que ocorre todo os dias nos primeiros 10 minutos, para tratar das
operações a serem realizadas no dia e dos cuidados a serem seguidos inclusive com
compartilhamento de experiências entre os integrantes, denota a adoção das melhores práticas
do setor. As demais empresas fazem as inspeções de maneira corretiva. Conclui-se que as
empresas: GAMA, DELTA, ÉPSILON e TÉTA atendem este item da norma BS8800.
- ALFA:
[...] dentro da qualidade, duas vezes por ano, a qualidade tem um formulário que
manda aos clientes, relacionando, se não me engano, dezoito itens e destes dezoito
itens três são relacionados à segurança do trabalho: o uso de equipamentos de
proteção, desenvolvimento de equipamento de proteção coletiva e o setor de
segurança do trabalho naquilo que diz respeito a acidentes do trabalho, ao
gerenciamento deste setor na obra, na frente de trabalho. Este formulários vai ao
cliente, que analisa tudo dá notas de 5 a 10 ou insatisfeito que seria abaixo de 5.
Volta para nós, vai ao setor de qualidade, a cada dois meses é feita uma reunião de
qualidade, na qual todos os itens levantados ali é questionado um a um. Aonde
chega na segurança do trabalho, os porquês, os contras, os prós, é questionado e é
levantado onde podemos melhorar, o que devemos manter, aquilo que trás resultado.
Então isso é de praxe na empresa ALFA, é bem visto isto.
- ZETA:
Nós temos uma equipe qualificada para auditoria interna. É feito treinamento com a
certificadora. Nós temos a certificação da ISO9000 e da 14001. Nós realizamos uma
auditoria interna, a gente faz uma análise entre as áreas, vai identificar alguma
irregularidade no outro setor e vice-versa. Em seguida, tem uma auditoria externa
que é do órgão de certificação.
Também são consideradas por ocasião das auditorias efetivadas pelas certificadoras de
qualidade das empresas contratantes das empresas:
- DELTA:
A empresa que contratou a empresa DELTA tem o selo de qualidade. Até no mês de
março teve uma auditoria externa para ver se ela continua com o selo ou não. Com
isso eles cobram dos empreiteiros também.
- ÉPSILON:
b) Política de S&SO.
O reconhecimento do SESMT como parte integral do seu negócio pode ser verificado
no atendimento à legislação à segurança e saúde ocupacional. Portanto, o atendimento a este
quesito é verificado nas empresas GAMA, ÉPSILON e ZETA.
Então, toda atividade executada na obra tem uma APT específica. Esta APT é
elaborada pelo responsável da frente de serviço, no caso o encarregado, assessorado
pela segurança do trabalho, é feito em conjunto um documento. Neste documento
são descritas as atividades, os riscos de cada atividade, quais são as medidas de
prevenção e os responsáveis diretos pela adoção destas medidas que eu relatei.
- ALFA:
- BETA:
- GAMA:
Todo funcionário que entra na empresa ele passa por um treinamento, no primeiro
dia de serviço dele, ele passa dentro de uma sala recebendo informações de
segurança do trabalho, informações de meio ambiente, informações de qualidade e
informações da parte administrativa, ou seja, regulamentos e normas internas da
empresa. Esse treinamento de integração termina com a entrega dos equipamentos
de proteção individual, uma ficha de compromisso da utilização e um compromisso
de que ele recebeu as informações necessárias com relação à utilização daqueles
EPI’s.
- ÉPSILON:
Às vezes entra pedreiro e o que mais é admitido é ajudante, então a gente pega os
ajudantes reúne todos os ajudantes e fala especificamente as instruções para a
atividade dele.
- ETA:
A gente faz a reunião da CIPA numa obra no outro mês vai ser em outra obra. E
nessas reuniões a gente faz o treinamento.
Portanto a empresa que a partir da mais alta gerência define, documenta e endossa a
política de S&SO é a empresa GAMA.
c) Organização:
Todos estes quesitos somente são atendidos pela empresa GAMA, como decorrência
do estabelecimento da própria política por meio das normas corporativas. Na pesquisa de
campo constatou-se que foi a única empresa, de forma deliberada, a fornecer e demonstrar
todas as informações da empresa com relação ao gerenciamento de S&SO. Inclusive as
estatísticas dos históricos dos acidentes e comparando-as com as estatísticas nacionais e
internacionais aplicadas às empresas do setor. As demais ou não possuíam no momento, por
estar no escritório central ou por outros motivos não declarados.
• os documentos são atualizados e aplicáveis aos fins para os quais foram criados.
d) Planejamento e implementação:
Este estágio do sistema de gestão da norma BS8800 indica que a empresa deverá:
• ter planos operacionais para implementar ações para controle dos riscos e para
atender os requisitos;
e) Medição do desempenho.
f) Auditoria.
possui um sistema integrado de gestão, que inclui para sua melhoria contínua a
realização de auditorias internas que operam na detecção dos pontos fortes e fracos
inclusive nas questões relativas à segurança e saúde ocupacional.
Todas estas ações verificadas denotam tratar-se de uma organização que dedica
esforços para assegurar a realização das diretrizes estabelecidas.
A partir desta análise pode-se inferir que pouco se cumpre em matéria de infra-
estrutura e de atendimento às normas de gestão do SESMT. Identificou-se também que
somente a empresa de grande porte, inclui formalmente na sua gestão estratégica a gestão da
S&SO, portanto integrada aos outros aspectos do desempenho da empresa. A pesquisa
demonstra que o fator dimensional da empresa (média x grande) pode ter influência na
conduta da empresa em utilizar um sistema integrado de gestão incluindo a segurança e saúde
ocupacional.
Quanto à opinião dos responsáveis em relação ao entendimento dos empresários da
necessidade da gestão dos SESMT’s integrada com a gestão dos outros aspectos do
desempenho da empresa. Somente na empresa GAMA evidenciou-se o reconhecimento desta
necessidade por parte da alta administração:
pode-se dizer o milagre sem dizer o nome do santo para que sirva como correção
preventiva. Vai haver a correção ali por prevenção juntas vai ter a corretiva de fato
na hora do momento.
A empresa DELTA, o SESMT foi implantado bem após o início da obra, e não há
registro do desempenho da gestão da segurança e saúde ocupacional:
Na empresa ETA, o responsável pelo SESMT, revelou que a alta direção representa
um obstáculo na gestão do mesmo:
[...]Eu vejo um problema na empresa ETA, que a partir da alta direção, da alta
administração, que ainda assim eles têm um pouco de resistência em acreditar no
trabalho.
Quadro 8 – Grau de risco, número de acidentes, índice de ocorrência por mil e número
de empregados de 2001 a 2003.
sobre segurança e saúde ocupacional. Todos os elementos da gestão bem sucedida devem ser
considerados inclusive a fase de planejamento e implementação, que se caracteriza pela
identificação dos requisitos aplicáveis à segurança e saúde ocupacional e a fixação de critérios
claros de desempenho. Outro elemento preconizado diz respeito à medição de desempenho
para fornecer informações sobre a eficácia do sistema e possibilitar o monitoramento da
amplitude do atendimento das diretrizes e objetivos estabelecidos relativas à segurança e
saúde ocupacional. Além deste monitoramento deverão ser realizadas auditorias periódicas
objetivando uma avaliação com profundidade e crítica de todos os elementos que compõem o
sistema. Para identificar as ações necessárias para dirimir eventuais deficiências,
freqüentemente deverão ser realizados levantamentos da situação considerando: o
desempenho do sistema, o desempenho de cada elemento do sistema, as deduções
apresentadas nas auditorias e os fatores internos e externos.
Porém em relação aos acidentes produzidos entre os anos 2001 e 2003, considerando o
elevado grau de risco das atividades desenvolvidas, os números apresentados indicam que nas
78
empresas em que há o SESMT, estes são reduzidos. O que nos indica que o grande número de
acidentes registrado na indústria da construção civil ocorre nas empresas que não possuem o
SESMT na sua estrutura organizacional.
Neste trabalho observou-se que se pode reduzir os índices de acidentes, com uma
gestão participativa, integradora, motivadora e inclusiva. A partir da qual os resultados são
conseqüência da combinação de um conjunto de esforços sinérgicos: qualidade, segurança e
saúde ocupacional, e meio ambiente; calcados na valorização do ser humano. Isto se
caracterizou de maneira bem consistente conforme se pode verificar na entrevista da empresa
GAMA. Percebe-se que a gestão promovida por esta empresa acaba disseminando
conhecimentos em todos os trabalhadores que acabam por aplicar em todos os locais de
trabalho. Esta filosofia acaba se disseminando pelos próprios empregados que ao término da
obra, saem da empresa e passam a integrar outra empresa, mas de forma lenta e gradual.
80
Outro fator limitador refere-se à utilização de somente parte do “guia para sistema de
gestão de saúde e segurança industrial” da norma BS8800 como base referencial para a
análise dos dados.
Pelas razões apresentadas conclui-se que esta pesquisa não esgota todos os estudos
aplicáveis à gestão dos SESMT’s.
81
REFERÊNCIAS
ATLAS. Manuais de Legislação Atlas: Segurança e Medicina do Trabalho. 53. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
FERREIRA, A. A.; REIS, A. C.; PEREIRA, M. I.. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos
dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2002.
KATZ, Daniel; Kahn Robert L..Psicologia social das organizações. Tradução de Auriphebo
Simões. São Paulo: Atlas, 1987.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização & métodos: uma
abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2002.
SENGE, Peter M.. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1999.
APÊNDICES
84
APÊNDICE A – Entrevistas.
A seguir estão transcritos os relatos, por parte dos responsáveis, do sistema de gestão dos
SESMT´s ativos das empresas de construção civil de Santa Catarina, cadastrados na
Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina.
EMPRESA ALFA:
A empresa ALFA é uma empresa, uma indústria da construção civil, que se preocupa com o
ambiente e a integridade física dos seus colaboradores. Na contratação de uma obra, quando a
empresa ALFA entra na licitação e ganha uma obra é chamado o departamento de segurança
representado por mim e são estudadas as condições a serem desenvolvidas na obra civil: o
ritmo de atividade se é trabalho de altura se é trabalho no baixo, é elaborado o PCMAT, que é
o item 18.3 da NR 18 que é um programa de controle do meio ambiente da industria da
construção é elaborado o PPRA é elaborado o PCMSO é uma garantia para nós e é prioridade.
Ninguém entra no canteiro de obra sem estar apto quanto ao exame médico, se houver
algumas restrições a gente observa essas restrições, se o funcionário não pode trabalhar em
altura ele vai trabalhar no baixo, a gente coloca uma etiqueta no capacete se necessário enfim
ele passa pelo setor médico do setor médico ele vai para o setor de segurança aonde é feita a
integração exigida conforme a legislação que pede a NR18 que é de seis horas. Nessas seis
horas nos fizemos política da qualidade na empresa e segurança do trabalho. Dependendo das
frentes de trabalho, há a contratação de outros profissionais que agregam o SESMT da
empresa ALFA, outros técnicos se houver necessidade engenheiro de segurança. Médico do
trabalho, aonde que se agrega, nós somos filiados aos SECONCI em âmbito de Santa
Catarina, somos filiados ao SECONCI de Blumenau e ao SECONCI de Joinville que atende
às necessidades. Então o médico fica a cargo do SECONCI, este setor medicina e a segurança
do trabalho a contratação é direta na empresa ALFA. Na contratação de profissionais técnicos
que vão atender ao canteiro específico é levado ao seu conhecimento todas as exigências
internas porque na empresa ALFA foi criado procedimentos internos para empresas
prestadoras de serviço, esse procedimento interno veio auxiliar a gente a manter um nível
dentro deste procedimento para alcançar os nossos objetivos. Esses profissionais na área de
segurança eles passam por um treinamento observando as NR’s, este procedimento é balizado
nas NR’s no manual de legislação. São procedimentos simplificados que atendem também o
85
técnico e ele nas demais prestadoras de serviço vai estar exigindo conforme este procedimento
interno da empresa ALFA. Este técnico é um setor que corre paralelo a engenharia, ele está
sempre em comunicação com a engenharia desenvolvendo as APR’s que se chama Análise
Preliminar de Risco. Nessa análise preliminar de risco ele envolve a engenharia, o engenheiro
responsável, o engenheiro assina, o engenheiro civil de execução. A elaboração deste
documento é do técnico de segurança pois ele está ligado direto, com o ciente do engenheiro,
para que o engenheiro não tenha a sua operação engessada, ou era para produzir em meio dia
e levou um dia, então ele está ciente, ele assinou com o mestre de obra, ele está ciente dos
seus deveres, dos seus compromissos, ele assina. Todos os colaboradores envolvidos nesta
atividade, eles têm uma lista de presença, recebem treinamento deste técnico em conjunto em
uma folha é assinado, como eles estão cientes dos procedimentos seguros para eles
desenvolverem esta atividade, aquela etapa.
Então, para cada etapa da obra é feita a APR, separadamente, começa desde a limpeza do
terreno, depois a escavação, por menor que seja esta escavação, confecção de formas, isto se
tratando da fundação: confecção de forma, concreto magro, ferragens, para todo este processo
é feita análise de risco conforme. Nunca é desenvolvida uma análise de risco para toda uma
obra porque é impossível. Aí agregamos o PCMAT de obra como um todo, mas ela não vai lá
nos cantinhos dos riscos. No PCMAT a gente atende um todo, a gente cita citações não tão
abrangentes e nas APR’s são mais específicas para aquela atividade. Inclusive os técnicos
contratados têm um pouco de dificuldade neste desenvolvimento, e a gente sempre acaba
dando um suporte, a gente dá as ferramentas e dá este tempo necessário para ele se adequar a
estas necessidades que é muito importante. Um engenheiro quando assina, ele está ciente, ele
está colocando o nome dele ali num documento que descreve tudo. O mestre de obra da
86
mesma forma. Os funcionários estão cientes, eles não podem dizer: eu não sabia. Eles passam
por este treinamento específico.
O PCMAT é um documento que vem nos ajudar muito neste sentido. A título de treinamento,
falando de treinamento, o PCMAT que é o programa de controle do meio ambiente da
industria da construção, envolve a engenharia, neste sentido. Porque como aconteceu em uma
obra, onde terei que ir amanhã, na contratação desta obra o engenheiro teve que me ligar, nós
tivemos que sentar juntos, estudamos as características da obra, os riscos que iriam existir e
chegamos numa visão que o risco maior seria a altura, a obra terá 28 metros de altura. Neste
processo do chão até lá na altura, o risco maior será queda. Então, isto quer dizer, citando
como exemplo que vamos ter um número x de pessoas trabalhando em altura. Como nós
vamos cercar isto? Cercamos, colocando no PCMAT que todo o pessoal que trabalhe acima
de 3 metros de altura em período integral deve ter os exames clínicos exigidos por lei, que
seriam: o eletrocardiograma, eletro-encefalograma, o gama gt para ver se ele bebe ou não
bebe se tem histórico e tal. Todo este processo foi jogado no PCMAT, está lá, eu assinei, o
engenheiro assinou e o mestre de obra assinou. Então agora o técnico, que já era para ter
entrado, ele vai gerenciar encima disto. Então, Ele vai ter como base além dos procedimentos
internos, o PCMAT, um documento interno desenvolvido por nós, que dá o balizamento,
naquilo que nós vamos atingir. Neste sentido o PCMAT, vem relacionar as diretrizes gerais.
No gerenciamento de segurança, nós temos um técnico em outra localidade, que não pude
acompanhá-lo, no princípio de obra, porque estava doente. Ele foi contratado como um
experiente na construção civil e tudo mais, só que ele não tinha a experiência necessária.
Quando a gente foi se aproximando da obra e foi vendo que a obra não estava de acordo com
o que a gente queria, o grau de conscientização dos nossos colaboradores, o grau de aceitação,
aquilo que é dever, aquilo que é responsabilidade, aquilo que é obrigação não estava bem
claro. Na obra, todos, assim como em qualquer lugar, temos direitos e temos deveres. Então
todos os dois devem ficar bem claros. Analisando o grau de consciência preventiva ou
consciência participativa, o setor de segurança não era observado na obra. Aí tivemos que
intervir, nós não temos assim, formulários específicos para isto. Te confesso, que não temos,
não está formalizada, esta auditoria. Porém na qualidade, dentro da qualidade, duas vezes por
ano, a qualidade tem um formulário que manda aos clientes, relacionando, se não me engano,
dezoito itens e destes dezoito itens três são relacionados à segurança do trabalho: o uso de
equipamentos de proteção, desenvolvimento de equipamento de proteção coletiva e o setor de
87
- É de maneira informal que você detecta as deficiências? No caso desta obra, em que você
chegou lá e verificou, foi você que verificou?
- Foi.
- Você como coordenador faz esta supervisão, dos demais itens? Qual é a periodicidade e
quais são as ações encima disto?
- Faço da seguinte forma: foi levantado que na obra estavam acontecendo pequenos acidentes
sem afastamento, temos ambulatório na obra, temos enfermeiro do trabalho e o enfermeiro
manda o boletim para o setor de segurança. Então este boletim chegou até mim, eu vi que os
acidentes estava acontecendo muitos acidentes pequenos, isso já se sabe que muitos acidentes
pequenos irá gerar um acidente grande. É feito primeiro um acompanhamento ao técnico, é
colocado um treinamento ao técnico, é colocado novamente os procedimentos da empresa
ALFA a serem seguidos, a serem trabalhados. Se isso não trouxe resultados, posteriormente é
enviado um relatório à engenharia, os engenheiros civis, eles são co-responsáveis, eles
assinam a ART, a gente entende que eles têm responsabilidade também neste setor na
empresa ALFA.
- Existem instruções na empresa ALFA para todos os funcionários com relação a isto?
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- Existem, quanto a isso. Quando o engenheiro, lá atrás ele assinou o PCMAT, quando o
engenheiro lá atrás ele assinou a análise de risco, estas restrições, estes procedimentos eu levo
bem claro à eles que não devem ser engavetados. Os procedimentos devem ir lá para o
gerenciamento lá no campo. O técnico, não estou fazendo uma crítica ao profissional lá, ele
estava com dificuldades de alcançar estes objetivos. Um vez acionada a engenharia, de uma
forma esclarecida, tem PCMSO, tem PPRA, tem PCMAT, tem as análises de risco, isto tudo
vem contra o nosso índice aqui na obra, vai acontecer acidente e não é do agrado de todos.
Isto mobiliza de uma forma bem rápida a engenharia. Aí unem-se engenharia, eu, segurança
do trabalho a título de coordenador. ) técnico presente na obra as vezes precisa entender de
uma forma diferente, aonde agora estamos a três meses sem acidente de trabalho na obra, nem
leve, nem médio, nem grande na obra.
Formulários disso, temos à título assim de inspeções de segurança cada vez que chego na obra
eu inspeciono seja o técnico, seja determinado setor. Dentro destas inspeções, a gente chega
ao resultado se o técnico da obra, se a segurança da obra não está equivalente com os
objetivos que é zero acidentes. A gente toma as medidas, chama ele para pular para o nosso
time, não fazer gol contra.
Os mestres de obra são responsáveis diretos pela segurança. Na ausência do técnico, em obras
que não temos o técnico de segurança devido o número de funcionários, a primeira chamada é
sempre ao mestre de obras, ele é o responsável por fazer acontecer, por gerenciar. Ele
determina ao apontador, e este pede o material, pede o equipamento enfim ele gerencia tipo o
almoxarifado, no almoxarifado tem que ter os equipamentos. O mestre de obras cobra o uso
disso e os corretos procedimentos de segurança. A toda obra são enviados esses
procedimentos e então são de baliza para eles terem.
- Justamente.
- Quais são as informações que vocês utilizam? São as normas internas da empresa ALFA, as
NR’s?
- O setor de segurança sempre que possível e que necessário a gente está participando de
reciclagens, de aperfeiçoamento porque as normas estão sempre em mudança, como a NR - 4.
Todas as mudanças e cursos que existem a empresa ALFA designa para estar sempre se
reciclando e não ficar para trás e falar besteira. A gente trás estas informações para dentro da
90
empresa e vai repassando para os devidos setores, para a gente estar em dia com estes
procedimentos. Então é baseado no Ministério do Trabalho e no INSS.
- Outra entidade de classe da qual vocês têm apoio em segurança, associação de técnicos,
associação de engenheiros?
- Não. Só a nível de treinamentos são os brigadistas que vêm nos auxiliar nos primeiros
socorros.
- Os bombeiros?
- Os bombeiros dão o apoio necessário, quando tem imóvel. É algo bonito, eles vêm com
aquilo ligado dentro da obra, isto chama a atenção, isto entra na cabeça da população.
- Qual seria a participação da empresa ALFA nos números de acidentes acima dos 15 dias
registrados nos anos de 2001, 2002, 2003?
- A empresa ALFA tem bons êxitos quanto ao resultado da segurança do trabalho, já que a
gente não abre mão destes procedimentos. Problemas a gente encontra só que a gente não abre
mão, não fecha os olhos para nada. Eu tenho ali o anexo II, que é o que a gente manda para o
Ministério do Trabalho e neste anexo II a gente enquadra estes terceiros prestadores de
serviços, a gente assume responsabilidade direta por eles. Então, digamos, na empresa ALFA
tem 90 funcionários, prestou serviço para nós durante 2004, mil funcionários, a gente agrega
os mil, a gente não faz só encima dos 90. Porque é uma vida, a gente se preocupa, seja de uma
empresa ou de tal empresa. Estes dados eu vou te passar, bem baixos, tu vai te surpreender:
As informações relativas ao ano de 2001, te enviarei depois, pois está em outro arquivo.
EMPRESA BETA
Toda vez que entra um funcionário, antes de começar ele vai direto ao médico do trabalho. É
agendado para ele o exame da audiometria. Nós não somos obrigados por lei a fazer
audiometria. Nós fazemos por precaução, para que ele tenha consciência, qual é a
responsabilidade dele dentro da empresa. Na mesma semana em que ele entra, já passa pelo
processo de treinamento admissional, onde é informado para ele: qual é o processo da obra;
como funciona o nosso sistema dentro da obra e são passadas para ele também as
responsabilidades. Porque nós damos a oportunidade para ele, se ele não tem uma residência
ou morar próximo da obra para que ele já tenha um desempenho de estar pontualmente na
obra ou uma eventual hora extra, caso ele já esteja apto para poder executar esta hora extra, é
dado para ele a residência no alojamento também. Dentro deste treinamento ele deve estar
consciente quais são os direitos e obrigações dele e a nossa para com ele. Daí vem a
responsabilidade da parte da higiene dele, onde entra dentro do padrão do SESMT que a
pessoa tem que estar além de segurada ela tem que ter higiene para estar em segurança. Não
adianta ela trabalhar em segurança e higiene para nós é um grupo de risco. Se executa a
construção como se deve você puxa pelo menos mais um ou mais três, nunca sozinho.
- A NR 18 da construção civil.
- Nós trabalhamos aqui dentro com o PCMSO, que é o laudo do médico, que ele diz para a
gente como que devemos operar com a parte médica, qual o compromisso que nós temos com
a saúde dele. Tem também o PPRA, que é o que diz respeito ao meio ambiente da construção
civil, quais os riscos que eles estão expostos, onde entra o treinamento para dizer para eles
como é que eles têm que trabalhar aqui dentro. Não adianta nada eu oferecer para eles o
equipamento de proteção individual e eles não saber como que eles vão cruzar as barreiras
deles.
- Estas instruções periódicas, quem dá este apoio, Fundacentro ou algum outro órgão?
- Não, são pesquisas que eu executei mesmo. Porque dentro da obra nós temos as instruções
de trabalho, existem regras para executar qualquer serviço dentro da obra. Então em cima
92
destas instruções de trabalho você vê a necessidade do que você tem que ser informado na sua
função. Fora também os outros colegas que trabalham aí fora no mercado com assessoria que
faz a parte médica que faz a parte do ambiente. Até o próprio pessoal que nos traz e vende o
equipamento nos trazem informações para dar informações para o colega também. Existe
também a CIPA, dentro da empresa que ajuda muito esta parte de segurança do trabalho
porque ela existe, é funcional. Uma vez informados, recebem o treinamento pelo curso da
CIPA também, para estar operando dentro da obra. Mas este existe um grupo maior para atuar
junto com a comissão de frente, mas viabiliza muito o nosso trabalho.
- Quando vai se iniciar uma obra qual é o procedimento? Após o fechamento do contrato
como a segurança entra nesta operação?
- Vem a área de vivência primeiro, é fechada a extremidade já no início da obra com tapume.
Uma vez delimitado as áreas de vivência em que a obra vai ocorrer, o maior tempo em que
eles vão passar, nós entramos para verificar se está dentro das condições da NR 18 ver se não
vai ficar nada fora da NR 18. Nós não temos que nos preocupar só do necessário, nós temos
que nos preocupar com a segurança máxima dos que estão aqui dentro. Uma vez que a obra
esteja em gestão, nós os colocamos em risco. Só depois de feitos todos os programas de
qualidade, geralmente quem vai para começar não são iniciantes, através da carta de admissão
não são iniciantes, são pessoas que mais têm conhecimento dentro da obra. Se for algum
iniciante ou um servente ou uma coisa assim, com certeza irá uma pessoa de mais tempo de
casa junto. Iniciante se for é alguém que já tem realmente experiência comprovada na carteira
também, você não pode pôr simplesmente uma pessoa que eu quero aprender para fazer
alguma coisa de responsabilidade.
- O PCMAT da construtora que fica no escritório da construtora porém eu tenho livre acesso
para usá-lo e contar como uma das informações para o treinamento porque ali vai conter os
laudos do que se espera para esta obra, o engenheiro vai dizer no laudo dele ali o que ele
realmente quer esperar da gente faça nesta obra. Fora isso cada funcionário tem sua pasta
separada, com todos seus documentos separadinhos direitinho com o atestado que ele tem que
ter, tem ali a cópia do registro pessoal dele, é anexada o treinamento que ele recebe, tudo bem
documentado bem separado.
- É de todos.
- Está bem claro. Dentro da nossa política do trabalho aqui dentro é frisado no treinamento
admissional que você é responsável por você, para que se você não se respeitar não há como
você respeitar o próximo também.
- Todas as vezes que eu entro na obra ou que minha estagiária entra na obra eu até que oriento
a estar perguntando como está a normalidade dentro da obra. Alguma novidade. Alguma coisa
fora do normal. Algum acontecimento fora do que nós já estamos acostumados a ver. Quando
há um problema ou um dito acidente de trabalho ou acidente grave é verificado porque que
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este ocorreu, de repente pode ser por falha humana, um descuido ou vacilo, igual ocorreu para
gente esta semana um colega pisou em falso, se machucou por um vacilo por um descuido.
Então é avisado para os outros do mesmo setor ou até pela obra dependendo da gravidade da
situação da história o que foi, o que pode ser feito. Como nós temos várias obras é citado nas
outras obras também sem dizer o nome do cidadão que ocorreu o fato. Muitas vezes pode-se
dizer o milagre sem dizer o nome do santo para que sirva como correção preventiva. Vai
haver a correção ali por prevenção juntas vai ter a corretiva de fato na hora do momento.
- Sim de conscientização. Mesmo quando este acidentado retorna ao trabalho ele passa por
nós para uma conversa de novo. Para saber o que aconteceu com ele novamente, se ele está
apto novamente. Retorna ao médico do trabalho, para realmente ter a certeza de que ele está
apto para retornar às funções.
- Quem supervisiona sou eu como técnico. Porque legalmente aqui dentro eu sou responsável.
- É o meu chefe, que no caso é o empreiteiro, é o empresário. Porque nós temos reuniões
constantes, para estarmos discutindo as funções como andam. Pelo fato de nós termos uma
comunicação muito boa, mais do que patrão e empregado, como amigos. Isso facilita muito as
coisas dentro da obra. Porque tudo o que a gente vai fazer, o que ele precisa... Está sempre um
consultando o outro. Então isso dá uma chave maior de condição de trabalho.
- Entro muito na internet. Não tenho assim uma página certa de pesquisa eu entro muito na
página do google e vou achando ali os temas, as palavras chaves de acordo com meus
problemas. Ou até de um tema novo em que eu tenha alguma dificuldade determinada nesta
obra eu vou correndo atrás, às vezes com a própria DRT, tem o Sindicato também que o
pessoal está sempre informando alguma coisa. O Sindicato da Construção Civil também tem
bastante material bom que dá para ser aproveitado. Tem muita gente que as vezes não tem
informação que lá eles fornecem material. Tem a Fundacentro que também fornece bastante
95
material para a gente, apesar de que eles vendem o material. Às vezes dificulta para algumas
pessoas o acesso.
- É bem rotativo.
- A própria experiência do dia a dia também. Uma situação de uma empresa para outra. Que
os empreiteiros em si, eles tem uma associação que eles mesmos trabalham. Então coisas que
acontecem com uma empreiteira, ela informa para a outra e a outra toma de exemplo para
evitar aquele mesmo problema com ela, onde entra a ação preventiva.
- Então você tem total liberdade no desempenho da segurança do trabalho aqui na empresa
BETA?
- Total liberdade.
- Não. Dificuldade não. Tem assim, às vezes aquelas pessoas com pouco estudo com pouca
instrução, na dificuldade do discernimento do que é pedido. Dentro da construção civil hoje,
pelo menos a nossa empresa, ela tem bastante cartaz, bastante informação visual com setas
que faz você circular na sua obra e automaticamente está te alertando para alguma situação.
Então muita gente às vezes não consegue entender porque tem pouca leitura ou não sabe ler
ou não identifica o que significa determinada palavra. Aonde nós trabalhamos com: você
entendeu o que está escrito? Se te perguntar você sabe informar pelo menos para mais um?
Porque aquele que não sabe ler, o que é que ele faz? Ai você que sabe ler me informa o que
você entendeu? Agora, você entendeu?
- Agora com relação aos acidentes, você tem o número de acidentes e o numero de
funcionários dos anos 2001, 2002 e 2003?
- Para ser bem sincero, nós não fizemos a estatística destes anos. Mas eu garanto o seguinte,
eu tenho dois anos de empresa com eles. Quando eu entrei com eles o grau de acidentes deles
era um. Hoje com certeza depois de muita conscientização, muito treinamento, eles recebem
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frequentemente os equipamentos de proteção, que é para atuar como barreira. Então nós
estamos dando todas as condições para não se machucarem.
- A empresa operava junto com o apoio da construtora. Então a própria construtora que fazia o
auxílio para a empreiteira.
EMPRESA GAMA
- Essa instrução, essa obrigatoriedade do cumprimento das questões de segurança está nas
normas da empresa GAMA?
- Nas normas da empresa. Inclusive normas corporativas e a nossa legislação determinam que
as empresas de construção civil sigam na íntegra o que vem disposto na NR 18. Esta NR 18 é
exclusivamente para a área de segurança, condições do meio ambiente de trabalho na
indústria da construção civil.
- Isto. Inclusive nós temos a filosofia da empresa, está documentado como você tem
conhecimento, na NR 18. Como falei anteriormente, nossa obra aqui é grau de risco 4,
praticamente todas as normas regulamentadoras são aplicadas, com exceção da NR 14 –
fornos que não é aplicada o restante é identificado no nosso empreendimento. Nós temos
nossas estatísticas.
- As instruções internas, as NR’s, temos o PPRA, onde nós controlamos os riscos, onde é feito
os procedimentos de controles dos riscos básicos: riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes.
- Para cada etapa. São feitas revisões constantes. Na medida da necessidade, do avanço da
obra, nós efetuamos uma revisão nestes procedimentos. Estes documentos são controlados
pelo nosso arquivo técnico e centralizados os originais e cada setor envolvido diretamente na
atividade recebe uma cópia deste manual para servir de consulta no dia a dia.
- Para cada atividade. Além dos procedimentos do PCMAT e do PPRA, nós temos uma
instrução de trabalho relacionada a análise de risco conhecida como APT, análise
98
prevencionista da tarefa. Então, toda atividade executada na obra tem uma APT específica.
Esta APT é elaborada pelo responsável da frente de serviço, no caso o encarregado,
assessorado pela segurança do trabalho, é feito em conjunto um documento. Neste documento
são descritas as atividades, os riscos de cada atividade, quais são as medidas de prevenção e
os responsáveis diretos pela adoção destas medidas que eu relatei. Além da APT nós temos o
DDE, diálogo diário da Excelência, antigamente era DDS, era específico da segurança, hoje
com a introdução do sistema de qualidade na empresa passou a ser chamado de DDE, diálogo
diário de excelência. O que vem a ser o DDE? O DDE é uma conversa diária, todos os dias
pela manhã, no início do turno. O responsável da frente de serviço, no caso o encarregado, ele
reúne a equipe. Nesse diálogo ele passa as atividades que estão programadas para aquele dia,
quais são os riscos daquela atividade, quais são os EPI’s obrigatórios, a forma correta da
execução daquele trabalho e tudo no intuito de evitar a ocorrência de acidentes. Temos
também, analisando a nossa estatística, nós temos CIPA constituída aqui no empreendimento.
Nossa CIPA é hoje pela NR 5, nós temos 9 titulares e 7 suplentes, tanto da empresa como do
empregador, ao todo nós temos 32 representantes da CIPA. Então todos os meses nós fazemos
uma reunião ordinária, no auditório da obra, e a gente envolve além dos cipeiros,
supervisores, engenheiros, gerentes de cada área, o próprio acidentado no caso de ocorrência
de acidente. Nós convocamos o acidentado para comparecer à reunião como forma de
conscientização. Ele vai relatar a ocorrência sempre no intuito da gente aprender com os erros
praticados, para evitar que acidentes semelhantes venham a ocorrer. O objetivo principal não
é achar culpado, achar culpado é fácil. O objetivo principal é aprender com os erros e evitar
que acidentes semelhantes venham a ocorrer. Nessa reunião ordinária que nós realizamos, nós
mostramos a nossa estatística ano a ano desde o início do empreendimento, teve início em
agosto de 2001. Em 2001 com 3679 funcionários tivemos 22 acidentes sem afastamentos e
dois com afastamento, em 2002 com total de 20358 funcionários tivemos 108 acidentes sem
afastamento e 5 acidentes com afastamento e em 2003 com total de 18586 funcionários
tivemos 133 acidentes sem afastamento e 4 acidentes com afastamento. Nessas reuniões,
todos os meses, a gente mostra a taxa de freqüência do empreendimento a taxa de freqüência
internacional e a taxa de gravidade e fazemos um comparativo entre a empresa GAMA e
empresas da área de montagem industrial. Você vê que aqui no gráfico nós estamos bem
abaixo no acumulado, por exemplo no ano de 2003 a empresa GAMA com taxa de freqüência
1,32 ao passo que na associação de empresas da área industrial fechou com 3,61. Temos
também um comparativo da nossa taxa de freqüência em relação às empresas de construção
99
civil pesada norte americana, que a gente mostra que nossos índices estão bem abaixo das
empresas de construção civil norte americanas. Isso não são informações feitas aqui, a gente
tirou do site www.osha.gov/oshstats/wock.html e mostra que o investimento, a preocupação
que nós temos em relação ao ser humano, a preservação da saúde dos nossos funcionários tem
valido a pena. Nesta estatística sempre se procura mostrar os nossos índices, mês a mês, e
mostrar uma estatística dos: fatores dos acidentes que costumam relatar, ato inseguro,
condição insegura, fator do acidente no acumulado e potencial de gravidade. A gente tem uma
classificação de gravidade em que a gente considera PG1, ou seja, potencial de gravidade 1, 2,
3 e 4. Então graficamente aqui no ano de 2005 69% das nossas ocorrências foram
consideradas PG1, ou seja, aquele acidente bem simples. Toda ocorrência de acidente é feita
uma análise, tem um relatório especifico padrão. Nessa análise participa o próprio acidentado,
o encarregado do acidentado, o supervisor da área e a segurança do trabalho. É feita uma
comissão para investigação, achar as causas principalmente, a informação das falhas que
porventura tenham ocorrido para evitar que acidentes tenham novamente as mesmas
circunstâncias. Nós temos também uma classificação no terceiro ano, 2005 do dia primeiro ao
dia 10, graficamente, do dia 11 ao dia 20 e do dia 21 ao dia 31. Dias da semana, a gente
mostra também, para a gente saber e ter um histórico qual é o dia favorável para a ocorrência
de acidentes. Antigamente o pessoal comentava que seria na segunda-feira, no nosso caso não
se aplica porque nós temos atividades todos os dias. Graficamente aqui, no ano de 2005,
quinta-feira está ficando o dia com mais ocorrência. A gente procura sempre colocar as
informações para conhecimento dos funcionários, o local do acidente a gente relaciona, o
setor do acidentado se é: na cozinha, manutenção, administrativo... Tipo do acidente, o que
causou o acidente: aprisionamento, impacto... Utilizando-se da NBR2 para fazer a
classificação, a fonte da lesão, o que provocou a lesão se foi metal, madeira... A natureza da
lesão, ou seja, o tipo de lesão que o funcionário teve, parte do corpo atingida, o ato inseguro e
qual seria o ato praticado, condição insegura da mesma forma, função do acidentado,
encarregado do acidentado, tempo de empresa, também se faz o levantamento para saber se
são os mais novos ou os mais antigos, idade do acidentado, de até 20 anos, de 21 a 25....
Mostra também aqui os dados do programa de prevenção dos riscos ambientais, quantidade de
APT’s que foram feitas no mês, quantidade de DDE’s realizadas. No nosso caso aqui no ano
de 2005 nós fizemos 6461 DDE’s, com 10 minutos cada. Tem a quantidade de EPI’s
2
NBR 14280 – Cadastro de acidente do trabalho – Procedimento e classificação.
100
distribuídos, 3276 durante o ano de 2005. Quantidade de integração em horas, ou seja, até eu
não falei antes isso, todo funcionário que entra na empresa faz todos os exames, inclusive
exame psicológico, com treinamento com uma psicóloga, aptidão para determinado tipo de
atividade. Todo funcionário que entra na empresa ele passa por um treinamento, no primeiro
dia de serviço dele, ele passa dentro de uma sala recebendo informações de segurança do
trabalho, informações de meio ambiente, informações de qualidade e informações da parte
administrativa, ou seja, regulamentos e normas internas da empresa. Esse treinamento de
integração termina com a entrega dos equipamentos de proteção individual, uma ficha de
compromisso da utilização e um compromisso de que ele recebeu as informações necessárias
com relação à utilização daqueles EPI’s. Além das atividades diárias nós realizamos
anualmente a semana interna de prevenção de acidente do trabalho e meio ambiente. Nesta
SIPAT, na verdade a gente denomina SIPAT, mas a gente incluiu o meio ambiente, a gente
confecciona faixas, boletins informativos divulgando os eventos, distribuímos brindes:
camisetas, bolsas e chaveiros alusivos ao evento. Todos os funcionários da obra recebem.
Tem uma programação, fazemos torneio de futsal, de tênis... DDE’s coletivos com a
participação dos gerentes, dos responsáveis da área, loteria e palavras cruzadas de segurança e
meio ambiente. Vídeo oke, a gente faz um concurso de vídeo oke, maratona, show do milhão
com perguntas sobre segurança e meio ambiente. Palestras, com a quantidade de funcionários
que participou de cada palestra por função. Ginástica laboral. Os dezessete programas
ambientais da nossa obra. DDE’s coletivos reúne todos, além dos DDE’s, que falei
anteriormente por equipe quando tem algum evento assim mais abrangente se reúnem todos
os funcionários num local e passam as informações. Temos torneio de sinuca.
- Vocês realizam uma integração com foco nas mensagens de segurança e meio ambiente?
- E saúde. Tem também o sistema de sinalização, aqui no canteiro de obras, temos um caderno
das nossas sinalizações do canteiro. Essas sinalizações são feitas aqui no próprio canteiro de
obras. Temos um equipamento plotter3 e placas de vinil. A gente mesmo fabrica as placas.
Nós temos a elaboração do boletim informativo de segurança, saúde e meio ambiente. Isto
serve de subsídios para os nossos encarregados no DDE’s, são informações e um suporte que
a gente dá para eles. A gente elabora sobre assuntos diversos e temos como meta
semanalmente elaborar um. Qualquer informação sobre segurança, saúde e meio ambiente que
3
Plotter é uma impressora de grandes dimensões.
101
a gente sente a necessidade de passar para os nossos funcionários a gente elabora um boletim
informativo que é distribuído, divulgado e afixado na frente de serviço. Temos vários
exemplos aqui.
- Para cada encarregado. De manhã, antes do início do trabalho no DDE ele chega lá e faz um
comentário encima daquilo que a gente passou para ele. Temos um caderno de proteção
coletiva, aqui tem todas as proteções necessárias.
- Isso. Então qualquer escada confeccionada aqui na obra tem que seguir estas dimensões.
Nós temos também um jogo de segurança, é uma coisa nova foi desenvolvido dentro da
empresa por um medico do trabalho de outra obra. Este jogo é um sistema de obtenção e
gerenciamento de informações, baseado numa pesquisa norte americana, Frank Bird Jr4 fez
uma pesquisa nas empresas, é aquela pirâmide a cada 600 incidentes temos a probabilidade da
ocorrência de 30 acidentes com danos à propriedade e 10 acidentes de menor gravidade e 1
acidente sério. Este jogo consiste em identificar: a condição insegura, atos inseguros,
incidentes, acidentes com danos materiais, acidentes com danos ao meio ambiente, acidentes
com danos físicos. Nós temos o cartão do jogo que fica disponibilizado em todas as frentes de
serviço. É uma competição sadia entre a equipe dos colaboradores e a equipe da supervisão, o
chefe da obra e o SESMT são os juízes do jogo. A equipe dos colaboradores participa do jogo
identificando as condições inseguras, então o funcionário está executando a sua atividade, ele
identifica uma condição insegura, lança mão do cartão e relata a ocorrência e coloca esta
informação na caixa. Todos os dias pela manhã o técnico de segurança passa na frente do
serviço, recolhe os cartões e faz uma análise. São cartões de três cores. Então um funcionário
4
Em 1969, Frank Bird Jr., diretor de Segurança de Serviços de Engenharia da Insurance
Company North América, elaborou um completo estudo de acidentes. Deste estudo surgiram
as proporções que tornaram-se conhecidas como “Pirâmide de Frank Bird”.
102
identifica uma situação que na sua concepção pode provocar um acidente grave ou fatal ele
faz um x no vermelho, é um cartão com uma gravidade considerável, relata a condição. Se ele
considerar esse risco como um que pode provocar lesões ou doença ele identifica como
amarelo e prejuízos a empresa ou danos ao meio ambiente como verde. Ele emite um cartão, a
segurança recolhe, faz uma análise, confere no local aquela ocorrência, aqui tem os dados do
funcionário que emitiu: a referência e o visto. A segurança utilizando-se dos procedimentos
faz a validação desta ocorrência, pontua, ou seja, dá a pontuação para cada informação, por
exemplo: VI – a validade da informação, então se o funcionário colocou, na casa de força,
mas não especificou o local aí o técnico foi com o cartão e se ele teve dificuldades para
encontrar o local pré-determinado, a informação varia de 1 a 4, então vai ter um peso se o
cartão está perfeito, tranqüilo, não teve trabalho vamos dizer assim, para o técnico identificar
ele vai validar como 4. São as informações constantes no cartão, validade da ocorrência, então
o técnico vai analisar a descrição que o funcionário fez, a identificação daquele risco que o
funcionário fez, na concepção da segurança do trabalho quais são as chances de ocorrer aquilo
que foi descrito pelo funcionário ele vai colocar de 1 a 4. Por exemplo: o funcionário escreve
lá pode cair um raio aqui na casa de força. A validade da ocorrência aqui vai ser mínima.
Agora, se o funcionário identificou um desplacamento, um possível desplacamento, alguma
pedra que pode vir a rolar e tal, aí a validade da ocorrência é bem maior. As chances da
ocorrência são bem maiores. Ele vai pontuar de 1 a 4. E a validade do dano, e se ocorrer
aquilo que foi descrito, de 1 a 4. Vai definir o dano, se vai ser mínimo, ou seja, 1 e assim vai
lá para cima até 4. Com um cartão, o funcionário pode fazer no máximo 12 pontos. É uma
competição mensal e da mesma forma a equipe da supervisão, ou seja, nós consideramos da
equipe da supervisão todo aquele que tem subordinado, independente de ser um encarregado
ou um líder. Aquele que tem alguém sob sua responsabilidade é considerado da equipe da
supervisão. A equipe da supervisão acumula pontos notificando atos inseguros. Com este jogo
a equipe dos colaboradores um funcionário fiscaliza o outro, porque ele sabe que se um
companheiro dele está praticando um ato inseguro, a equipe da supervisão vai emitir um
cartão. Essas informações são lançadas no sistema do computador. Trouxe o cartão para cá, já
validado pelo técnico. A gente lança e o próprio sistema já faz uma soma desses pontos. Esses
pontos não significa 9 pontos ou 10 pontos, ele faz um índice pelo número de funcionários e
horas trabalhadas por dia. Então você vai lançando as informações do colaborador e
informações da supervisão. Ele vai somando a quantidade de pontos de cada um. No final do
mês, no último dia do mês a gente faz o fechamento e identifica a equipe de colaboradores
103
emitiram tantos cartões totalizaram tantos pontos. Da mesma forma a equipe da supervisão.
Quem tiver o maior número de pontos é o vencedor do jogo no mês. Aos seis primeiros
colocados, como recompensa R$ 1.000,00, são divididos entre os seis primeiros colocados da
equipe ganhadora. Proporcional à quantidade de pontos de cada um. Antes da existência deste
jogo, a segurança gastava comprovadamente mais de 50% do tempo identificando atos e
condições inseguros. Então, se alguém já identifica, este tempo que a gente gastaria para
identificar atos e condições inseguros, a gente utiliza para treinamentos.
Toda informação lançada no computador gera um índice que a gente chama de estado de
segurança da obra. Tem uma placa na entrada que mostra o estado de segurança da obra. Cada
informação do cartão contribui com um índice no estado de segurança. Se muita gente está
identificando condição insegura como ato inseguro esse índice vai crescendo, significa que
nós temos bastante coisas que precisam ser melhoradas. Este estado de segurança pode ser:
verde, amarelo ou vermelho. Em toda ocorrência de acidente também é feito um cartão. O que
mais contribui para a mudança no estado de segurança são as ocorrências efetivamente
ocorridas. Porque às vezes a pessoa relata mas não ocorreu, então isso contribui menos. Agora
aquilo que já foi concreto, de fato, aquilo vai contribuir bem mais. Na obra todos os dias a
gente muda esta placa, a gente muda a quantidade de dias, o record anterior e o atual. Tudo
informatizado. Tem algumas regras: é proibido ao colaborador emitir cartão para o
companheiro. Se ele fizer isso ele está fazendo gol contra. Ele tem que identificar, ele não é
responsável para corrigir as falhas. Ele é responsável para não praticar atos inseguros. Toda
vez que tem uma ocorrência, nós temos uma papeleta e o encarregado tem esta papeleta e no
DDE ele vai comentar: “hoje vocês viram lá na placa o estado de segurança está verde,
significa que é o nosso estado de segurança desejado. Parabéns! Os nossos processos de
trabalho estão de acordo com as APT’s, nossas tarefas estão sendo realizadas com atenção.
Vamos manter este estado e passar para frente. Vamos identificar as condições inseguras.
Estaremos partindo para frente para ela estar sendo feita segura”. Continuamos a lançar os
cartões no sistema e mudou para amarelo. Toda vez que muda para amarelo, obrigatoriamente
o encarregado, semanalmente no DDE tem que ler isso aqui, cartão amarelo: “estamos em
alerta amarelo, significa que o nosso estado de segurança é preocupante”. Da mesma forma o
vermelho. Quando chega no vermelho todos os dias, significa que algo ocorreu ou está
ocorrendo. Nesse jogo, todas essas informações que chegam para a gente aqui, são lançadas
no sistema. O cartão fica com o responsável. O técnico fez a validação e vai procurar o
104
responsável daquela frente de serviço, para resolver aquela situação. Na medida em que é
lançado no sistema ele gera o estado de segurança da obra e emite relatórios com aquelas
constatações que nos é administrado, através de cartão, distribui para a supervisão
relacionando o que é para ser feito e o prazo. Ele vai receber esta lista de pendência, vai
colocar um x no que é resolvido para a gente dar baixa. Ele assina e é um compromisso que
ele está assumindo para resolver aquela situação. Ele devolve para manter arquivado. Se
porventura vier a ocorrer um acidente naquela área a gente tem um histórico que nós fizemos
algo para evitar aquela ocorrência. Temos um informativo mensal aqui na obra e numa página
deste informativo colocamos assuntos da segurança, saúde e meio ambiente.
- Nós temos uma equipe qualificada para auditoria interna. É feito treinamento com a
certificadora. Nós temos a certificação da ISO9000 e da 14001. Nós realizamos uma auditoria
interna, a gente faz uma análise entre as áreas, vai identificar alguma irregularidade no outro
setor e vice-versa. Em seguida, tem uma auditoria externa que é do órgão de certificação.
EMPRESA DELTA
Aqui por enquanto estou sozinho, um único só. Como não tenho muito tempo para cuidar da
parte da documentação e do campo, a gente adota o sistema de DDS (diálogo diário de
segurança). Para todos os encarregados e líderes de cada frente de serviço, toda manhã a gente
conversa sobre algum item de segurança. Isso ajuda, porque reforça um pouquinho mais com
o trabalhador, que os encarregados são caras experientes da construção civil e os funcionários
a gente pega bastante o pessoal da região. Acontece que a maioria do pessoal é servente, é um
pessoal que não conhece muito de obra, pessoal do interior que é agricultor. Daí eles não tem
muita noção. Nós temos uma empresa na cidade que faz os exames admissionais dos
funcionários é feito audiometria, conforme a atividade o exame médico solicita outro tipo de
exame, faz-se lá e a integração também. Aqui a gente dá uma reforçada ainda. No fim é dada
uma reforçada aqui porque o cara não tem noção da construção civil os riscos que é. Tipo
105
pega um carpinteiro daqui da região acostumado a fazer casa. O risco totalmente diferente do
que uma obra. Por isso a gente dá mais uma pincelada encima e depois no campo.
- Isso na admissão?
- A gente delega para o supervisor, para o líder para cobrar também. A gente passa no campo,
faz vistorias também. Acompanha o serviço, chega no serviço, passa cobrando. Se tem
alguma irregularidade, a gente vai e conversa com o líder ou o encarregado da função para
cobrar. Por exemplo: falta um guarda-corpo ou alguma coisa. Da parte de campo a gente
cobra dele. E ele cobra da gente: “falta cinto, falta máscara...”, ele cobra da gente também. É
feita a cobrança direta. Se eu passo para o encarregado e ele não faz a gente vai direto para o
supervisor geral. Se mesmo assim não resolver, a gente documenta. Faz uma não-
conformidade pega a assinatura do encarregado ou do líder que está na frente de serviço, ou
dependendo da situação, conforme o que quer, do engenheiro residente da obra. Registra e dá
um prazo para ele cumprir. Se não resolver, a gente dá mais uma não-conformidade, para
forçar ele a fazer. Tem situações que não pode ser deixado para daqui um mês, tem que ser de
imediato. Se não resolver, em último caso eu vou lá e interdito a frente de serviço. Manda
todo mundo sair enquanto não consertar a situação de risco não entra para trabalhar. Às vezes
tem que ser um pouco radical. Tu tens que ganhar o encarregado. Levá-lo para o teu lado,
fazer amizade com ele, ter confiança. O que tu pedires depois ele faz. Tem coisa que às vezes
tu não consegues fazer numa obra porque às vezes depende de ser em outro lugar, tem que ser
um tempo certo para fazer um tombamento e não tem um consultor na obra para procurar. Às
vezes demora um pouquinho, mas não depende nem dele.
- O que se utiliza com base para a gestão da segurança do trabalho: são as normas
regulamentadoras, as instruções da NR 18?
- Existe, só que às vezes dependendo da produção às vezes eles acabam esquecendo um pouco
da segurança. Não adianta, tem dependendo das vezes tem o encarregado da produção e
segurança zero. Outras não. Aqui tem bastante funcionário que trabalharam em outras grandes
que já são experientes. Também trabalhei na empresa GAMA. Já sei o seu sistema de trabalho
é totalmente deferente. Lá o encarregado, se ele não cumprir as normas de segurança ele sofre
com isso. Ele é interditado na frente de serviço. Ele é trocado. Ele é até mandado embora em
certas situações. O pessoal que vem destas empresas já tem um padrão de serviço acostumado
com isso. Já seguem um padrão. Aí facilita bastante. Na integração também, em tempos atrás
aconteciam mais acidentes, a construção civil era precária talvez por falta de informação.
Hoje na admissão a gente fala nos direitos, deveres dos funcionários, no porque que eles estão
fazendo os exames. Não como uma vez, ia ao posto de saúde, pedia um atestado médico, para
poder trabalhar e o médico nem olhava para a cara do sujeito. Hoje não, a gente faz exame e o
médico faz a anamnese, preenche um questionário, faz tudo para realmente ver as condições
do funcionário depois de acontecer um caso. O funcionário se sente mais valorizado com isso.
Isso ajuda. O funcionário vai se informando porque que tem que ser utilizado. Uma vez, tinha
que fazer o exame porque tinha que começar a trabalhar. Hoje não. Hoje o funcionário sabe
que aquele exame é para ver como estão as condições hoje, para trabalhar por 5 ou 6 anos e
quando ele sair da empresa, ele sair apto para trabalhar em outra empresa. É a integração da
saúde. Eu sempre gosto de falar para os funcionários: tu tens que estar ciente, não é só usar o
capacete, o cinto quando me vê chegando ou quando o encarregado está chegando. Tem que
estar ciente. Se ele sofrer um acidente a empresa vai sofrer também. Dependendo da
gravidade vai ter que indenizar, vai perder. A equipe perde porque vai faltar um na equipe,
não vão contratar um funcionário por 15 ou 20 dias para substituir aquele. Quem perde mais
107
- A gente faz um quadro estatístico. Todo mês é levantado se teve algum acidente. Qual a
quantia de DDS que foram feitas no mês. Número de horas trabalhadas. Se tiver algum
acidente é descontado. Se tiver algum acidente a gente calcula. Com perda, sem perda, calcula
a taxa da gravidade, a freqüência... Vê se teve alguma doença ocupacional nesse período.
Nesse período a gente levanta todos estes números. Aqui graças a Deus está bom.
- Dezembro de 2004.
108
- Não é possível ter os dados relativos aos acidentes antes deste período?
- Com afastamento?
- Com afastamento. Porque antes eles faziam mais construção de prédio, faziam serviços
pequenos. O forte dela é estrada. Construção de estrada, terraplanagem. Aí não ocorriam.
Eram mais, acidentes com veículos mesmo. Trabalho a céu aberto. A maioria do pessoal que
está aí é tudo pessoal que trabalha em obra. Isso ajuda bastante. O cara que trabalha em obra
geralmente é cara que já tem experiência, já sabe do risco, melhor do que a gente. Ele vive o
dia a dia lá. Então está tranqüilo.
- Então o sistema é de interação cada vez melhor e aproveitamento das melhores práticas
prevencionistas para se adotar em cada etapa?
- Agora esta semana a gente começou junto com a empreiteira da obra a fazer o 5S, que até
então estava largado. A gente começou com o canteiro, o acesso ao canteiro ministrando o 5S.
Estão fazendo para todas as obras e começaram quarta-feira com a gente. Foi feito
treinamento, porque a maioria não sabia nem o que era o 5S. Foi explicado primeiro para os
encarregados e hoje pararam as três da tarde e estão dando uma geral na obra e depois as 5
horas vai ser feito um encerramento. Aí tem uma equipe de coordenação que vai passar e
avaliar o que melhorou. Como estava antes e como está agora. Tem dado um efeito moral. O
pessoal vê a diferença. Com disso vai ter uma confraternização às 5 horas.
- Está sendo feita a primeira. Está sendo feito hoje que é o dia D. Depois, uma vez por mês vai
ser feito isso. Vai ser parado numa sexta-feira na metade da tarde. Depois a gente já está
pensando em não deixar a cada trinta dias.
- A empresa que contratou a empresa DELTA tem o selo de qualidade. Até no mês de marco
teve uma auditoria externa para ver se ela continua com o selo ou não. Com isso eles cobram
109
dos empreiteiros também. Por isso a gente está fazendo esta integração, trabalhando juntos.
Porque se eles não cuidarem de nós, eles correm o risco de perder o selo de qualidade. Por
isso é uma cascata. Um tem que cuidar do outro e trabalhar nisso.
- No DDS. É feito cada dia. Todo dia é feito. A gente cobra dos encarregados que ficam na
frente de serviço. Cada um pega aí, cada encarregado tem o seu, faz um número de registro. É
feita a presença, os que faltam e os que estão presentes. Atrás é colocado: o funcionário que
fala, o tema que ele falou naquele dia e é registrado. O DDS é como se fosse um calo, a
segurança. Se todo dia você ficar batendo num lugar vai fazer um calo. Com a segurança é a
mesma coisa. Você tem que falar todo dia. Às vezes o funcionário conhece, sabe do risco,
mas com o tempo, se tu não falar ele acaba esquecendo. A gente faz o DDS, ajuda. É bom este
sistema porque nem sempre o encarregado fala. Um dia o encarregado fala. Outro dia outro
fala, todo mundo. Às vezes você olha para o funcionário, ele não abre a boca para nada.
Quando ele começa a falar ele dá aula em muita gente. Às vezes o cara é trecheiro há tempo e
tem muita experiência, viu muito acidente, ele passa isso. Pelo fato de contar o que aconteceu
em outro local, ele admite que possa acontecer aqui também. Já cuidam mais.
- A gente tem a empresa que presta assessoria para nós que tem uma médica e um engenheiro.
Eles fazem estes programas. Quando precisa algum curso, alguma palestra diferenciada eles
vem aqui é fazem para a gente também. A própria empresa se oferece para dar treinamentos.
Tem sempre bastante estagiário fazendo cursos para técnicos de segurança nesta empresa e
esses estagiários têm que dar treinamento. A gente convida às vezes. Às vezes está
acontecendo tal coisa, então digamos está havendo muito ruído. A gente convida e faz uma
palestra sobre proteção auditiva. No mês retrasado foi feito a CIPA. Eles vieram e fizeram o
curso para os cipeiros. Depois de mais um tempo, tinha um estagiário que era um bombeiro. A
gente aproveitou e reuniu uma turma maior além dos da CIPA e foi feito um treinamento de
combate incêndio. Às vezes tem um extintor que nunca havia sido usado e saber como utilizar
na prática é diferente. A gente sempre tem as empresas. Teve pessoas que vem de fora, que
nas férias escolares, passar nas empresas dando cursos. Eles vieram dar palestras sobre
qualidade no trabalho, a valorização do funcionário... O pessoal da própria contratante as
110
vezes vem dar umas palestras diferentes. Eles têm um funcionário que trabalha no meio
ambiente, que é contratado pela própria contratante que também fica trabalhando junto e
reúne o pessoal para tratar do meio ambiente. Uma vez se falava só sobre segurança. Hoje
não. Hoje é sobre segurança e meio ambiente. O meio ambiente está sendo muito valorizado.
O que é certo. Tem que ser. Tem que valorizar mais ainda. Hoje segurança e o meio ambiente
andam praticamente juntos. A gente tem um cara que trabalha com o meio ambiente e fica
orientando, cuidando. Trabalha em parceria com a gente, com a segurança. É assim que
funciona o negócio.
EMPRESA ÉPSILON
altura a gente já falou para ele o que é a empresa, quem conhece a empresa, para quem não
conhece a empresa. Ela é especializada na área de saneamento e agora a pouco tempo que ela
entrou na área de gás. Mas ela já está bastante conceituada até em função do trabalho que ela
está fazendo. O pessoal já está com bastante experiência. Inclusive eles pegaram todo o
contrato aqui da região que eles chamam de região A e B. O encarregado é o responsável pela
equipe de trabalho. Toda e qualquer alteração tem que ser comunicada para ele. Nós também
da segurança nos reportamos ao encarregado. Se tiver alguma coisa errada e se for alguma
coisa grave a gente pára e comunica para ele. Mas se não for grave a gente comunica para ele
e ele pára. Faz a correção necessária. Se tiver alguém sem o EPI digamos que estragou ou
danificou, a gente já tem autoridade de parar o funcionário. Pára ele e faz com que ele troque
o EPI. Mas se houver alguma coisa grave como um carro que tenha batido, a gente toma uma
medida. Fora isso o encarregado é que... Então a gente passa para ele: olha isso aqui tem que
colocar um escoramento. Normalmente ele pela experiência dele ele já vê que tem que fazer
um escoramento, de repente, na vala. O terreno é muito diferente um do outro. Conforme a
abertura... Porque a vala é tipo, bem light. Abre mais ou menos 50 cm, bota a tubulação, baixa
na faixa de 1 metro. Baixou fechou direitinho. Segue o projeto direitinho. Acompanha o
pessoal da área de controle de qualidade e vai seguindo normal. A gente está acostumado a
trabalhar no gasoduto que passou por cidades maiores é bem diferente. Por isso que a gente
falou light. São valas de 1 metro, sempre bem isolados. A gente usa tapumes que são aquelas
placas grandes fixas. Telas também conforme o local que está. Outra coisa que a gente faz
muito é orientar no trânsito. A gente coordena pega a equipe de acordo com a necessidade ou
com o local. Agora como a gente vai fazer em Brusque, tem que passar a tubulação na tela
principal. Faz-se uma coluna montada com vários tubos. Fica tipo uma minhoca comprida
com vários tubos. Aquilo a gente chama de coluna. Então tem que movimentá-la. A gente
pára o trânsito. A gente coordena, pega o pessoal já mais acostumado, até orienta ele e bota
um colete e uma bandeirinha vermelha e a gente fica de maestro. A gente conta com o apoio
dos agentes de trânsito, a PM também, quando é maior o fluxo de veículos. Quando a gente
está fazendo a integração, cada funcionário de acordo com a função dele já existe uma
instrução específica de segurança. No momento em que ele está na integração a gente
comenta para todos eles. Quando entra não entra um só, entram vários. Às vezes entra
pedreiro e o que mais é admitido é ajudante, então a gente pega os ajudantes reúne todos os
ajudantes e fala especificamente as instruções para a atividade dele. Porque um ajudante, um
pedreiro, um carpinteiro, um soldador já são diferentes as atividades. O que serve para um não
112
serve para outro. Não dá para generalizar. A gente explica para cada um e aí ele já assina esta
instrução de trabalho. A gente também dá uma orientação para ele, se acontecer algum
acidente de repente, o que a gente considera acidente. O cara não está se sentindo bem. Então
a gente o orienta. Porque de manhã, se ele não estiver se sentindo bem, meio tonto ou alguma
coisa, que ele fale com o encarregado dele. Se caso eu não estiver ali. Se eu estiver junto, já
comentei com eles que venham falar comigo que já falo com o encarregado e acerta ali. Para
que ele não venha, porque se ele não está legal vai trabalhar já é problema, porque de repente
ele vai ficar meio parado ou alguma coisa ou vai forçar. Então a gente não quer isso aí. Se ele
estiver na frente, está em condições. E se acontecer, digamos assim, que ele está trabalhando e
lá durante o trabalho fez um lanche ou almoçou e não está legal, que ele procure o
encarregado e diga o que está acontecendo. Porque pode dar problema sério. Graças a Deus
nesta parte o pessoal tem entendido bastante e tem nos ajudado. A gente também fala para
eles se acontecer como a gente já teve dois acidentezinhos que é muito bobo e não deu para se
aceitar. Um equipamento, o cara vai puxar um compressor e o compressor ele não apóia
direito o compressor. Ele escorre e cai encima do pé dele. São coisas do tipo de falta de
atenção. O ato inseguro que ele fez aí. Neste caso foi o ato inseguro porque ele não pediu
ajuda também. Devia ter pedido ajuda para alguém auxiliar ele. O cara não fez então deu um
probleminha bateu ali. Ficou uma semana já de molho, teve que levar ponto no dedo e tal...
Uma coisa desnecessária. Dá aquela perda de tempo grande, o trabalho que já não vai andar
conforme deveria de andar. Vai ter que ser relocada uma outra pessoa para aquela atividade.
Na integração é basicamente isso que a gente fala para o pessoal. Só que a gente treina com
mais tempo conversando com eles. Porque tem perguntas e eu faço um questionamento para
eles. Ah! O pessoal entendeu? Então me explica o que é isso. Aí as vezes o pessoal fica meio
embaraçado se entendeu ou não. Aí tu: fulano explica para ele o que tu entendeste. Eu faço
isso para ver se o cara entendeu ou não. Nós não dispomos de um lugar especial para essa
atividade. A gente reúne numa sala. O certo seria fazer num lugar com ar condicionado, mas a
gente não dispõe disso. A gente faz aquela pausa para cafezinho. A gente tem projeto de fazer
com vídeo. A gente não está fazendo ainda. Se botar um filmezinho, a gente pode fazer mais.
A gente fazia maior esta integração com a participação de outros setores. O RH5 orientar para
eles como funciona a parte de pagamento, dá as coordenadas para eles, o horário de trabalho,
o administrativo. Até a gente mistura um pouquinho porque o pessoal pergunta. O pessoal da
5
RH – Departamento de Recursos Humanos.
113
- Temos outro técnico na parte de Joinville, eu fico na parte de Blumenau. Eu atendo aqui.
- Eu cheguei em maio de 2005 nesta empresa. O pessoal estava indo devagar tinha uma frente
só. Depois, começou a ampliar ai eu entrei.
114
- Não. O pessoal é bem interessado. A gente tem uma outra ferramenta de trabalho muito boa
que a gente utiliza que é o DDS (diálogo diário da segurança). Antes do início do trabalho de
cada atividade a gente faz o DDS. Então a gente procura informar o que vai acontecer. Tipo, a
gente chegou num local, o local aqui está assim, olha o problema maior que a gente vai ter é o
deslocamento. Então vamos ter atenção. Vamos parar uma, duas ou quantas vezes for
necessário. Um colega observa o outro. Está trabalhando, mas está olhando. Quando o cara
não está legal, por favor, chama o cara fala com ele. Se achou que o cara tem mais problema
já passa para o encarregado. Oh! O rapaz está meio ruim ali e tal... A gente já vai deixar ele
parado num canto. Vamos conversar com ele. Vamos ver o que está acontecendo. Se for o
caso, se ele não estiver legal vamos tirar ele dali.
- A nossa rotatividade está sendo baixa. A gente procura esclarecer que eu sou trabalhador da
mesma maneira que tu. Eu não sou melhor do que ninguém. Cada um tem a sua atividade. A
tua é essa e a minha é essa. Somos colegas. A gente está aqui para se ajudar. Eu preciso que tu
entendas isso. Se tu entender isso o meu trabalho vai ser bem feito. Como tu vai mostrar para
mim que tu entendeste? Trabalhando certo. Tu fazendo a coisa certa. A gente procura fazer
uma parceria com a turma. Graças a Deus a gente tem atingido este objetivo.
EMPRESA ZETA
Aqui na construtora nós temos previsto o grau de risco 4 de acordo com a portaria nós temos
duas técnicas de segurança do trabalho. Atuam mais na linha de frente. Na construção. Eu que
sou engenheiro de segurança do trabalho e o médico do trabalho. Na parte de medicina nós
temos o ambulatório onde atendemos todos os trabalhadores. Ali tem um médico do trabalho
e também temos uma pediatra que atende também a família. Nas terças-feiras o nosso médico
115
faz visitas nas obras. Durante a semana, todos os dias o trabalhador pode vir ao nosso
ambulatório. A parte de engenharia é administrada pela gente em conjunto com o pessoal de
RH e está vinculada ao departamento técnico. A gente desenvolve todos os programas e faz o
monitoramento nas obras. Também temos uma assessoria do SECONCI, de Florianópolis, são
nossos parceiros. Temos apenas com eles uma consultoria. Todos os programas são
desenvolvidos pelo nosso setor e eles nos dão assessoria nas dúvidas, interpretação da
legislação...
- Exatamente. Nos treinamentos eles colaboram com a gente. Agora recentemente foi eleita a
nossa CIPA. Todo o treinamento foi desenvolvido pelo nosso setor e eles vieram nos dar
algumas palestras.
- Isto. Na realidade o PPRA que é feito aqui da sede, a gente faz o levantamento, a avaliação
mensal. Chega no final do ano tem que ter uma avaliação nova e a gente já tem todo um
histórico mensal das aplicações que a gente teve. A gente faz uma programação no final do
ano a gente avalia o que foi feito e as metas para o ano seguinte. No PCMAT específico para
a construção civil, a gente faz todo o funcionamento do canteiro de obra. A gente procura
primar pela qualidade do ambiente. A gente procura fazer uma coisa, que digamos assim hoje
o pessoal diz: ah! é provisório. Mas é um provisório permanente que vai ficar uns dois a três
meses. A construção civil é um pouco dinâmica. É diferente de uma fábrica onde o produto
corre toda a fábrica. Nós não. Nós corremos ao redor de todo o produto. O produto é fixo e
nós vamos se adequando a ele. Então, eu sempre falo: a obra de construção civil é dinâmica.
Existem riscos que ontem não estavam lá e no dia seguinte já apresenta uma situação
completamente diferente. Precisa ter sempre uma assessoria do encarregado de obra, do
gerente de obra ou do engenheiro de obra nesta parte de segurança do trabalho. Infelizmente a
responsabilidade hoje da obra seria do engenheiro responsável. Ele que vai gerenciar. Mas,
ele precisa de subsídios técnicos. A disciplina de segurança do trabalho não é dada em todos
os cursos. Então o pessoal sabe bem o superficial. Conhecimentos bem superficiais do
assunto. Então, você precisa ter gente ali que domina o assunto para tomar decisões até
rápidas. Para uma intervenção imediata.
116
- Isto está claro na política da empresa ZETA, esta integração entre a segurança e o
operacional?
- Isto. Hoje, nós conseguimos até que o engenheiro antes de executar qualquer tarefa nos
consultar. Então, não sai qualquer serviço sem uma consulta prévia ou já numa situação clara
que já está documentada. A gente faz um projeto e neste projeto certas proteções coletivas.
Chega ao momento da execução às vezes muda um detalhe e você vai ter que readequar este
programa. Então os programas são válidos neste sentido. Você tem uma linha geral, mas é
importante a presença do profissional no acompanhamento.
- Na linha de frente, diário, são dois técnicos, são duas técnicas de segurança. Então é diário e
a gente vai ficando mais na retaguarda. Eu também gerencio a parte do programa de
qualidade, toda a implantação do sistema do nível D até o nível A. No final do mês agora
vamos ter a auditoria de manutenção do nível A. É uma correria para se adequar. Um dos
pontos que até o pessoal comenta a empresa ZETA é certificada, mas não tem o item de
segurança. Mas o requisito segurança do trabalho só é exigido no nível A. No nível A que
realmente o pessoal vai atentar pela segurança do trabalho. Eu lembro na última auditoria a
auditora pegou a NR 18, a norma regulamentadora 18. Pegou um item, e disse: eu quero ver
sobre aleatoriamente qual é o item. E casualmente era sobre livros de inspeção de elevadores.
Nós tínhamos os livros e tal... Aleatoriamente um item de segurança do trabalho, eu quero ver
se vocês cumprem a norma. Poderia ter pegado qualquer um outro e esse foi sobre elevadores
de obra. Lógico não é um sistema de gestão de segurança do trabalho. Não vão auditar a
segurança do trabalho. Eles querem saber se a empresa cumpre. No percorrer já fazem uma
avaliação no aspecto da segurança. A questão do EPI das proteções coletivas. Mas está
intimamente ligada qualidade com segurança. A gente sempre fala: você não vai ter qualidade
se não tiver uma retaguarda que seria a segurança do trabalho. Você dá as condições de
trabalho no ambiente de trabalho para o trabalhador desenvolver com segurança o seu serviço.
Quem quer ter qualidade tem que ter segurança aliada por trás da produção. A gente
confunde, às vezes o pessoal diz: ah! Não, mas para ter produtividade eu tenho que abolir
algumas etapas de segurança do trabalho. Mas é muito pelo contrário. Você vai ter uma
produção no momento em que você tiver um operário seguro ciente do que vai fazer. Sem
medo de chegar a uma beirada de uma extremidade de laje.
117
- Relatórios.
- Veja bem. Como te falei. A gente faz uma análise global no final do ano. E lógico que tem
situações corriqueiras: ah! Tem que limpar o oitavo pavimento. Sobre a limpeza, a gente
implantou aqui na empresa o seguinte: no momento em que você vai fazer um serviço, você
entra, tem que estar limpo e você vai deixar o ambiente limpo. Antigamente não. Ia lá o
eletricista fazia o serviço e deixava para o final e não era o eletricista que fazia, ou era o
ajudante do eletricista ou o servente. Não. Mudou. Quem faz limpa. Até a gente diz: olha, o
ajudante está aí para te auxiliar não é para fazer toda a limpeza. No momento em que a gente
implantou isso mudou muito o aspecto. É a questão do desperdício. Vou quebrar este tijolo
aqui, tem já um quebradinho no canto, vou pegar aquele para não criar mais sujeira. O pessoal
está trabalhando com uma gerica já para coletar o lixo, para que se tiver que quebrar, já
quebra dentro de uma gerica para não prejudicar a sua produtividade. Porque no final tem que
fazer a limpeza. Então já está encaminhado. É uma mudança de filosofia que a gente
implantou. A gente prima muito pela limpeza de obra, pela organização e tem dado certo
resultado. Bom resultado. Ferramentas que a gente já aplicou, por exemplo: o 5S. Vamos
reaplicar agora. O 5S ajuda. É uma ferramenta que auxilia.
- Não. A gente até quer fazer uma gestão da segurança do trabalho específica para ver
digamos assim pegar as normas OHSAS 180016. Implantar. Fazer procedimentos.
- Está na meta?
- Está na meta. Estamos engatinhando. A gente está abrindo a documentação. Tem toda uma
documentação já própria para isso. Todos os formulários de segurança do trabalho a gente já
está padronizando, já deixando no formato de uma possível auditoria na gestão da segurança
do trabalho. Acredito que não estamos ainda neste nível. É uma meta.
6
OHSAS 18001, cuja sigla significa Occupational Health and Safety Assessment Series, é
uma especificação que tem por objetivo fornecer às organizações os elementos de um Sistema
de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) eficaz.
118
- Vamos ser auditado pela ISO 9001, e mais tarde acredito que a gente pegue esta parte
ambiental da gestão ambiental e esta parte da segurança do trabalho. A gente desenvolve
muitas ações. A empresa certificadora já puxou. Por exemplo, a questão do entulho de obras.
Você tem todo um procedimento do que você vai fazer com este material. Então já é
separado, nas obras temos os resíduos separados por tipo. Até os funcionários estão
colaborando porque este dinheiro reverte para ao trabalhador. No final do ano a gente faz uma
confraternização e no ano passado a gente conseguiu adquirir em torno de 60 prêmios. Foram
sorteados, com o dinheiro dos resíduos da reciclagem. A gente vende esses resíduos para a
empresa de reciclagem. No ano passado começou já no segundo semestre. Nesse ano acredito
que está bem encaminhado para chegar final do ano a gente ter até uma surpresa. O objetivo é
dar um prêmio para cada funcionário. O pessoal colabora melhor.
- Exatamente. É um dos indicadores. A gente mostra a preocupação e tal... Mas há ainda essa
questão. Eu vejo que um dos maiores problemas seria esse da segurança do trabalho. Eu digo
não só aqui da construtora mas em geral. De modo geral. Como profissional autônomo que a
gente faz algum serviço fora. Esse serviço normalmente é de uma demanda de uma
fiscalização. O fiscal foi lá, autuou aí o pessoal vai correr atrás. Não tem uma cultura
prevencionista. Então é ainda uma cultura corretiva. Este é um dos maiores problemas que eu
enfrento, como profissional.
- Nós aqui na construtora nós temos mão de obra própria. Alguns serviços especializados
como pintura, elevador e gás são terceirizados. Mas hoje nós temos em torno de 170
trabalhadores e baixa rotatividade. A média de tempo de casa é em torno de 10 anos. No ano
passado se aposentaram uma leva grande. Nós perdemos 10 trabalhadores mais ou menos
porque o pessoal se aposentou e saiu. Então é gratificante você saber que vai trabalhar numa
empresa 10, 20 anos e vai se aposentar nessa empresa. Porque queira ou não queira a
construção civil é uma atividade de esforço físico. Você ter uma pessoa com a idade elevada é
complicado. Essa pessoa tem que ser boa. É uma troca.
EMPRESA ETA
A empresa ETA é localizada em Criciúma, nasceu lá. Ela começou a estender o negócio dela
até Balneário Camboriú e hoje também na grande Florianópolis tem várias obras. Atualmente
são 8 obras. Dentro do sistema dela de gestão da questão da medicina e segurança do trabalho.
O que ela faz? Ela deveria ter dois técnicos pelo quadro total de colaboradores, incluindo
Criciúma e Florianópolis. O que ela deveria ter? Em torno de: dois técnicos, um engenheiro e
um médico. O que nós temos hoje? Nós temos um técnico que está lá em Criciúma e eu que
fico aqui na grande Florianópolis. O engenheiro fica aqui conosco. Ele atua. Ele é engenheiro
civil com pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho. Só que não atua
necessariamente como engenheiro de segurança, mas desempenha paralelamente o trabalho. E
o médico que atua. Ele é contratado. Ele faz toda parte de medição da medicina do trabalho,
ocupacional. Porém, ele também atua com carga horária inferior. Mas, ele acompanha todo o
processo da parte clínica que tem que ser feita com os funcionários. Bom dentro do nosso
sistema aqui, no meu caso específico, eu não trabalho 8 horas como exige a legislação. Aqui
eu faço um trabalho com eles em que eu atuo quinzenalmente nas obras. Então o que a gente
está fazendo. Existe aí uma questão que é a questão da legalidade, que é de toda lei. Ela
obriga que tenha um técnico, 8 horas diárias, 44 horas semanais. Só que, também, isso vai de
como tu tens o teu sistema gerido. Pela obrigação nós não cumprimos. Eu atuo com eles, mas
com carga horária inferior, até porque eu atuo com outras empresas também. Dentro deste
sistema que a gente vem trabalhando com eles, tem sido eficiente o trabalho. Porque o que a
gente adota como medida no sistema de gestão? A gente realiza quinzenalmente uma
auditoria nas obras, mas uma auditoria com relatórios e criteriosa. Segmenta conforme as
situações da obra. Conforme a fase que ela está entrando a gente relata. Faz um trabalho bem
120
específico sobre aquele assunto. A gente trata também com checklist7 as questões do
maquinário, equipamentos e ferramentas. Então, que os próprios funcionários façam este
checklist e eu vou e confiro. Faço a auditoria. Qual é a idéia do sistema de gestão? A idéia do
sistema de gestão é que a organização, a partir do SESMT, ela oriente a equipe da obra. E eles
executem as ações que são de forma preventiva. Assim que tem que ser o sistema. O fato de
ter que estar as 8 horas na obra, isso não iria ocorrer. Porque como a empresa geralmente tem
várias obras, nunca vai estar naquela obra. Geralmente pode estar em outra, e assim pode estar
alternando consecutivamente. Porém, o que tem que ser feito neste caso? O que a gente faz?
O que a gente vai fazer? Desenvolver com os mestres das obras, delegar a eles os cuidados
que devem ser feitos. Dentro da auditoria que a gente faz a gente entra em minúcias, a gente
entra em detalhes, a gente vai bem além. Eles cumprem o básico que é o que está baseado na
NR 18. A gente orienta. A gente procura sempre todos os anos fazer um encontro com todos
os mestres. A partir disto fazer uma reunião com eles, ver como foram as obras, fazer uma
retrospectiva das obras que foram entregues. Sempre pegar o início da fase da obra e tratar
especificamente aquele assunto, daquela fase da obra. Também, neste caso, a gente faz uma
reunião com todos os funcionários da obra. A gente pára a obra, uma meia hora, 40 minutos.
Até a gente tem liberdade para parar mais tempo.
- A cada 15 dias?
- Não. Isso aí a gente faz mensalmente. A gente faz nos encontros da CIPA. Então como a
gente tem a CIPA constituída dentro da empresa. A gente vai para a reunião da CIPA. A gente
discute as situações e entre os membros, a gente reúne toda a obra. A gente faz uma reunião
em cada obra por mês. A gente faz a reunião da CIPA numa obra no outro mês vai ser em
outra obra. E nessas reuniões a gente faz o treinamento.
- Exatamente. Tem etapas que são prolongadas. Geralmente a fase de escavação é a primeira
etapa e a gente consegue fazer em todas as obras rapidamente. Nunca tem obra começando
simultaneamente. Sempre são fases diferentes. As fases de estrutura e geotecnia, e essa parte
posterior também de alvenaria, antes do acabamento em si. Porque as fases mais críticas são
essas fases. Porque é a parte de estrutura e a alvenaria. Porque é a parte em que a gente está
7
Listas de verificação.
121
preparando, está fazendo as formas, o pessoal trabalhando na periferia da obra. Porque a nossa
exigência, até a gente fala para o pessoal que não tem tolerância é com relação ao risco de
queda. Então essas são as fases mais críticas. Tem que fazer alvenaria para cobrir o
fechamento da obra. Essa fase é uma fase muito extensa, basicamente para aquela fase, ela
geralmente leva quatro a seis meses, mais ou menos. E quando entra em fase de acabamento
os riscos são extremamente minimizados. Então a gente pega mais mesmo encima desta fase,
onde relata os cuidados com relação ao risco de queda. E anterior a isso, outros cuidados
como os equipamentos, já é realizado toda semana com o tratamento do checklist. A gente
pede para que eles executem o checklist, que é um cuidado que tem que ter com o próprio
equipamento. Porque um equipamento bem cuidado, ele estando em ordem, essa é uma forma
de estar fazendo uma inspeção preventiva e está antecipando os riscos com relação aos
equipamentos. Então isto é uma forma que a gente adota também de eles estar monitorando
isto.
- Este checklist não. Este checklist depende do equipamento, mas geralmente é semanal. É dos
equipamentos em geral. Por exemplo: betoneira é usada direto na obra. A gente tem que
verificar quais são os riscos que estão envolvidos com o uso de betoneira. Para que serve
betoneira? É para virar argamassa, para fazer concreto... Com que freqüência que faz? A
gente analisa, vê isso aí e verifica que este checklist pode ser quinzenal ou pode ser mensal. O
elevador de carga? O elevador de carga já tem que ser semanal ou vamos fazer quinzenal? A
gente tem contrato de manutenção com terceiro? Tem. Então pode ser quinzenal. As obras
têm um padrão de equipamentos, de número de funcionários... O que acontece hoje na
empresa ETA é que nem todos são nossos funcionários. Há uma tendência dentro da empresa
ETA que as obras venham a ser empreitadas. Então o que está acontecendo hoje? Hoje nós
temos algumas obras nas quais nós temos somente o mestre. Onde eu acompanho e oriento-o
e temos o empreiteiro que executa a obra.
- Que a gente faz. Ele também tem uma assessoria do Sindicato. O Sindicato também o
orienta. Geralmente nestas empreiteiras, como eles têm um número pequeno de funcionários,
não exige SESMT, o SECONCI, ele atua com estas empreiteiras e dá suporte para eles tanto
122
na parte da medicina como na parte técnica da assistência das obras. Geralmente eles vão
mensalmente às obras, a gente também verifica, pega os relatórios que a técnica faz.
Acompanho, vejo o que ela relatou lá para eles. Pego o meu relatório também confronto
algumas informações, daí a gente faz um apanhado geral neste sistema.
- Quais são os programas que você utiliza no teu trabalho e quais são os procedimentos?
- Porque tem que cumprir com os prazos. Isso tudo força esta tendência. Não é cultural na
empresa ter segurança. Veja que vai pela característica. Quando fui chamado para trabalhar
com a empresa ETA não fui eu que pedi que quisesse trabalhar 8 horas duas vezes por
semana. Este tipo de coisa. Eles que optaram porque preferiam assim. Eu até não sou discordo
da forma como as empresas adotam, sendo que tenha. Porque tudo vai de como tu administras
isso. Eu também participava da Associação dos Técnicos, sou engenheiro de produção
também. E a gente discutia bastante algumas questões. Como no início quando foi fundada,
que era tu ter o sistema de gestão tanto nas obras como qualquer sistema que seja, na indústria
em geral, em que tu desenvolvas um trabalho de orientador. Que tu multipliques o teu
trabalho, tendo multiplicadores. Então a idéia é de que tu não precisa estar de corpo presente.
- É uma ferramenta que atinge estes objetivos. Porque são questões básicas. Não precisa ser
técnico para fazer o que eu faço. A gente tem um conhecimento mais profundo. A gente
conhece a legislação. A gente trabalha com outros princípios também administrativos que
precisa do conhecimento técnico. Mas em si, os cuidados com relação à prevenção, cuidados
com segurança em si, são um instinto natural. A gente só tem que orientar para saber quais
são os caminhos a seguir. Porque na verdade a gente estuda a gente pesquisa. Esse é o papel
da pessoa que está aí. A pessoa formada, a pessoa que é orientadora tem que ser um
pesquisador e não simplesmente um executor. Quem executa é quem está lá na tarefa, ele está
no dia a dia ele conhece. Então ele tem que ser um orientador. Tu tens que pesquisar as
atividades, conhecer as tarefas para saber definir quais são os riscos. Para perceber os erros.
Este que é o princípio. É isto que tem que ser estudado, que tem que ser divulgado para que a
gente passe à empresa. Então é claro que isto está muito vinculado ao profissional. Pode ter
empresa que tem 5 ou 6 técnicos, pode ter empresas que atuam 44 horas semanais e não ter a
mesma eficiência que a gente. Então isso varia. Isso, eu acredito que seja gestão. Como
realmente tu administras isso. Então apesar de não estar cumprindo a legislação como pede a
questão da periodicidade na obra, a gente usa as ferramentas em que a gente consegue tratar
isso de uma melhor forma. Consegue atingir os objetivos.
- Hoje é uma característica da área da segurança que as empresas tendem a cumprir tabela.
Cumprir com a legislação. Então o que é obrigado e tem que fazer, vamos fazer.
- Não. Só que a construção civil é algo que é muito evidente. Entendeu? É uma característica.
Eu acredito que a construção civil em si é diferente dos processos em geral, dos outros
trabalhos industriais e profissão em geral. Porque ali é evidente o risco de acidente. Ele de
certa forma, em alguns casos pode ser iminente. Isso força o empresário a querer fazer
segurança. Eu acredito que hoje não. Com algumas empresas que já trabalhei, em alguns
contratos que eu tive trabalhei com construções grandes. Acredito que as empresas que
investiram hoje em segurança sabem disso. Elas conhecem. Elas sabem dos riscos. Elas
sabem dos problemas que podem ter com relação à segurança. A sua ação é muito efetiva
124
nesta área. Ela sabe disso. O fato de investir é uma incógnita um pouquinho complicada.
Porque ela pode escolher a forma como ela quer investir. Tem quem investe 2% do
faturamento da obra em segurança e tem gente que atua como tem em casa. Isso é relativo.
Isso é uma coisa muito complicada de tu chegares a dizer que não se aplica. Eles sabem que
precisa. Eles se obrigam a fazer isso porque é evidente. Não tem como eles não fazerem com
segurança. Mesmo que uma empresa não seja obrigada a ter o SESMT, ela é obrigada a fazer
segurança. Porque o risco na obra é independente de tu teres 50 funcionários ou ter um
funcionário. O risco está no ambiente. Está nos processos. Então basicamente eu acredito que
a questão do trabalho na construção civil, pelo menos na região em que eu trabalho, eles têm
feito isso. Nem que seja o mínimo.
- Bom. Ainda assim. Eu vejo um problema na empresa ETA, que a partir da alta direção, da
alta administração, que ainda assim eles têm um pouco de resistência em acreditar no
trabalho. Na verdade o problema é estigma social. É com relação ao pessoal de obra, o
operacional. É uma característica achar que pessoal de obra é tudo cachaceiro, é gente que
incomoda, é gente que entra e sai e tem uma rotatividade muito alta. Então está na classe.
Esse é o problema. Porque que eles não querem investir muito no profissional. Porque a
questão de tu desenvolveres um trabalho seguro, preventivo e estar tratando isso aí está em
desenvolver um trabalho com a pessoa. Porque a maior parte dos acidentes é por questões de
ato inseguro. Nós temos problemas de condição insegura é óbvio. Ele está quase ali, lado a
lado. Mas quem tem um sistema de segurança, o que acontece primeiro? A primeira coisa a
fazer é minimizar os problemas de condição insegura. Então o primeiro trabalho que é feito
dentro desse modo o que é? É isolar poço de elevador, qualquer vão livre... Todas aquelas
observações que são riscos evidentes à condição de trabalho. É eliminar estes riscos,
neutralizar. Só que tu fica suscetível às ações do homem, que é onde entra o ato inseguro. E
para minimizar este problema é só: através de treinamento, através de investir, de ter
funcionários ali com a gente muito tempo. E é o que não acontece porque a rotatividade é
muito alta. Entra um, sai outro. O profissional não fica muito tempo na obra. Não há uma boa
seleção dos funcionários, pega o que tiver. Tem muita gente que vem de fora porque falta mão
de obra. Neste aspecto eu falo não no investimento de segurança na obra, mas no investimento
na pessoa. Isso não tem. Isso aí é garantido. Justamente porque é um problema da classe. Se
hoje eu prezo uma gestão em que eu busco o trabalhador ali na operação só para que ele faça
125
segurança independente de eu estar ou não na obra. Eu tenho que usar algumas ferramentas,
para chegar e dizer: tu fizeste realmente? Eu verifico o checklist e confiro. Isso aqui está
certo? Está ou não está? A gente acompanha desta forma. É uma medida que a gente usa. É o
que a gente tem na mão que não gera um custo maior. Mas um investimento no funcionário,
como a gente vê em empresas em que geralmente a rotatividade é mais baixa, tu percebes que
existe um investimento no trabalho das pessoas. Como a rotatividade é alta, tu não vais ter
isso. Aí sim, vai deixar de ser investimento para se tornar custo para a empresa. Porque eu
invisto hoje e o cara amanhã saiu. Não tem eficiência. A eficácia então não se tem. Só vai ter
um investimento de curto prazo e as vezes o retorno não é assim significativo. Por isso, aí sim
é a falha no investimento. Basicamente é isso que eu vejo assim de barreiras, classificando
isso dentro do sistema. Aqui em Florianópolis o SESMT está desde meados de 2003.
EMPRESA TÉTA
recebido seu salário. Realizado por dois funcionários da empresa. Outro caso de acidente
registrado ocorreu com um funcionário que estava no seu horário de descanso. Ele foi auxiliar
o mecânico que estava realizando a manutenção de uma máquina e acabou perdendo as pontas
dos dedos da mão. Disse ainda que estava em lugar desprovido de acesso à informação que
possa auxilia-lo no exercício da sua atividade. As equipes de trabalho realizam o DDS,
diálogo diário da segurança, todos os dias. Isso ajuda no processo de conscientização e na
operação.
127
HSE Health and Safety Executive - órgão que juntamente com o Health and Safety
Commission, (HSC) são responsáveis pelo regulamento de quase todos os riscos à saúde e à
segurança que decorre da atividade do trabalho na Grã Bretanha.
SECONCI – Serviço Social da Indústria da Construção - é uma sociedade civil sem fins
lucrativos que foi criada por iniciativa dos Sindicatos Patronais, tendo por objetivo prestar
assistência social, promoção à saúde e prevenção de doenças aos trabalhadores do setor.
ANEXO
131
(continua)
Fonte: MINISTÉRIO DE ESTADO DAS CIDADES. (portaria 118, 2005)
132
(continuação)