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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

O SISTEMA DE GESTÃO DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA


DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA.

MAURÍCIO SATURNINO SESTREM

BLUMENAU
2005
MAURÍCIO SATURNINO SESTREM

O SISTEMA DE GESTÃO DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA


DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA.

Dissertação apresentada ao Colegiado do


Programa de Pós-Graduação em Administração -
PPGAd do Centro de Ciências Sociais Aplicadas
da Universidade Regional de Blumenau, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Administração: Gestão de
Organizações.

Profa. Dra. Denise Del Prá Netto Machado -


Orientadora

BLUMENAU
2005
O SISTEMA DE GESTÃO DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA
DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA.

Por

MAURÍCIO SATURNINO SESTREM

Dissertação aprovada para obtenção do


grau de Mestre no Programa de Pós-
Graduação em Administração - PPGAd,
pela banca examinadora formada por:

______________________________________________________
Presidente: Prof. Denise Del Prá Netto Machado, Dra. – Orientadora, FURB

______________________________________________________
Membro: Prof. Valeska Nahas Guimarães, Dra., UFSC

______________________________________________________
Membro: Prof. Gerson Tontini, Dr., FURB

______________________________________________________
Coord. PPGAd: Prof. Denise Del Prá Netto Machado, Dra.

Blumenau, 23 de setembro de 2005.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus que me deu forças para perseverar quando os


obstáculos pareciam intransponíveis.

Apresento meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para a


concretização deste trabalho. De maneira especial à profa. Dra. Denise Del Prá Netto
Machado, à profa. Dra. Valeska Nahas Guimarães e ao prof. Dr. Gerson Tontini, que se
dispuseram a analisá-lo e enriquecê-lo com valiosas orientações. Sou igualmente grato à
profa. Dra. Amélia Silveira, ao prof. Dr. Riccardo Riccardi e à profa. Dra. Maria José
Carvalho de Souza Domingues, que contribuíram com seus conhecimentos na fase do projeto
de pesquisa.

Agradeço também ao Sr. Odilon Silva, Delegado Regional do Trabalho no Estado de


Santa Catarina e ao Eng. Nelson Simões Pires Gallois, Engenheiro da Delegacia Regional do
Trabalho no Estado de Santa Catarina, pela prestimosa colaboração na identificação da
amostra utilizada na pesquisa.

Meus agradecimentos à minha esposa Maria Beatriz, e aos queridos filhos Gabriel e
Jéssica pela compreensão e por seus importantes incentivos durante o desenvolvimento deste
trabalho.

Agradeço à minha mãe Linda Sestrem, que dentre muitas virtudes continua a me
ensinar a amar com dedicação, honestidade e humildade. Os meus agradecimentos dirigem-se
também aos meus irmãos Wilson e Carlos Emir que souberam me apoiar em muitos
momentos difíceis.
RESUMO

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho


(SESMT’s) são importantes agentes na melhoria das condições de trabalho e na mitigação dos
acidentes que ocorrem com uma alta incidência na construção civil do estado de Santa
Catarina. Formados por profissionais habilitados quanto à preservação da integridade física do
trabalhador e conhecedores dos procedimentos legais estipulados pelo Ministério do Trabalho
para tal fim, estes serviços profissionais passam a ser obrigatoriamente inseridos na estrutura
organizacional das empresas somente quando estas são constituídas de um número mínimo de
empregados de acordo com o grau de risco da atividade principal desenvolvida. Em 1996 a
British Standards Institution publica a norma BS 8800 sobre “Sistemas de Gestão de Saúde e
Segurança Industrial” com o objetivo de integrar a gestão da saúde e segurança industrial com
a administração dos outros aspectos de desempenho das empresas como um todo. Estudando
o sistema adotado na gestão destes serviços especializados, em comparação com o que está
preconizado na norma BS 8800, buscou-se caracterizá-lo, e identificar sua performance entre
2001 a 2003. A pesquisa desenvolvida foi exploratória, qualitativa, em duas partes:
documental na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e de campo do tipo levantamento ou
survey utilizando-se de entrevista semi-estruturada. De 43 empresas de construção civil de
Santa Catarina com SESMT cadastrado naquele órgão somente 8 empresas possuem o
SESMT ativo. Os motivos pesquisados para a desativação do SESMT nas demais empresas
foram: falência, término da obra e diminuição do número de empregados, a um número
abaixo da exigência de constituição do SESMT. Os sujeitos sociais da pesquisa são os
responsáveis do SESMT, em cada empresa. Os resultados indicaram que pouco se cumpre em
matéria de infra-estrutura e de atendimento às normas de gestão do SESMT. Somente uma
empresa de grande porte adota um sistema de gestão com aderência integral ao preconizado
pela norma BS8800, e inclui, formalmente na sua gestão estratégica, a gestão da Saúde e
Segurança Industrial, portanto integrada aos outros aspectos de desempenho da empresa. Esta
empresa apresenta índices de ocorrência de acidentes, relativamente ao número de
empregados, muito baixos. O que demonstra que o fator dimensional da empresa (média x
grande) pode ter influência na conduta da empresa em utilizar um sistema integrado de gestão
incluindo a segurança e saúde ocupacional. As principais conclusões quanto ao sistema de
gestão dos SESMT das empresas pesquisadas, exceto na empresa de grande porte, se
caracteriza por uma orientação taylorista, na qual ao SESMT cabe o compromisso primordial
de se manter as condições de um ambiente de trabalho salutar. Nestas empresas não se
verificou o estabelecimento de uma política compromissada em obter os melhores resultados
em segurança e saúde ocupacional por parte da alta administração.
ABSTRACT

The Specialized Services in Security Engineering and Labor Medicine (SESMT' s) are
important agents for the improvement in working conditions and in the mitigation of accidents
that happen with high incidence in the civil engineering in the state of Santa Catarina.
Constituted by qualified professionals in the preservation of workers` physical integrity and
experts in the legal procedures stipulated by the Ministry of Labor for such end, these
professional services obligatorily start to be inserted in the organizational structure of the
companies only when these companies are formed by a minimum number of employees
according to the degree of risk in the main developed activity. In 1996 the British Standards
Institution published the BS 8800 norm on "Health Management Systems and Industrial
Security" with the aim of integrating the health management and industrial security with the
administration of other aspects of companies performance as a whole. Studying the adopted
system in the management of these specialized services, in comparison with what is stated in
the BS 8800 norm, this work has tried to characterize and identify its performance between
2001 and 2003. The research developed was exploratory, qualitative, in two parts:
documental in the Regional Labor Department (DRT) and field research as a survey by means
of a partially structured interview. Among 43 civil engineering companies of Santa Catarina
with SESMT registered in that department only 8 companies have the SESMT active. The
reasons found for the deactivation of the SESMT in most companies were: bankruptcy,
workmanship ending and the reduction of the number of employees to a number below the
constitution requirement of the SESMT. The social citizens of the research are the SESMT
responsible ones in each company. The results have shown that little is done in relation to
infrastructure and the fulfillment of the SESMT management norms. Just one big company
adopts a management system with total adherence to what is established in the BS 8800 norm
and formally includes in its strategic management, the Health Management and Industrial
Security, therefore integrated to the other aspects of the company performance. This
company presents very low levels of accidents in relation to its number of employees. This
demonstrates that the dimensional factor of the company (medium x big) can have an
influence in the company behavior in using an integrated system of management including the
security and occupational health. The main conclusions according to the SESMT
management system in the researched companies, exception made to the big company,
characterizes for a Taylorist orientation, in which the SESMT is responsible for keeping the
conditions of a healthy working environment. In these companies it was not identified the
establishment of politics aimed at better results in security and occupational health coming
from the high administration.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de acidentes do trabalho liquidados da indústria da construção civil ..16

Tabela 2 - Valor de total de benefícios urbanos acidentários mantidos, posição em dezembro -


2001/2003..................................................................................................................................18

Tabela 3 - Quantidade de empresas e empregados na indústria da construção civil em Santa


Catarina por porte de empresa em 2002....................................................................................50

Tabela 4 - Quantidade de empregados na indústria da construção civil em Santa Catarina por


grupo de atividades enquadradas na classificação nacional de atividades econômicas (CNAE)
em 2002.....................................................................................................................................51
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Grau de risco em função do código da classificação nacional de atividades


econômicas (CNAE).................................................................................................................39

Quadro 2 - Dimensionamento dos serviços especializados em engenharia de segurança e em


medicina do trabalho (SESMT)................................................................................................41

Quadro 3 – Características da indústria de construção civil de Santa Catarina com SESMT


ativo...........................................................................................................................................52

Quadro 4 – Dimensionamento do SESMT de acordo com a NR 4...........................................58

Quadro 5 – Composição do SESMT existente nas empresas...................................................59

Quadro 6 – Referências de páginas com citações de atendimento à legislação contidas no


apêndice A.................................................................................................................................62

Quadro 7 – Resumo da análise de atendimento aos elementos da norma BS8800...................72

Quadro 8 – Grau de risco, número de acidentes, índice de ocorrência por mil e número de
empregados de 2001 a 2003......................................................................................................75
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Componentes de um sistema...................................................................................26

Figura 2 – "Elementos de gestão bem sucedida de Saúde e Segurança com base na abordagem
do guia de gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos"..........................................30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APR – Análise Preliminar de Risco.

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, segundo as normas vigentes do sistema


CONFEA/CREA.

APT – Análise Prevencionista da Tarefa.

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

CNAE – Classificação nacional das atividades econômicas adotada pelo Ministério do


Trabalho e Emprego.

DDE – Diálogo Diário de Excelência.

DDS – Diálogo Diário da Segurança.

DRT – Delegacia Regional do Trabalho.

EPI – Equipamento de Proteção Individual.

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do


Trabalho.

HSC - Health and Safety Commission.

HSE - Health and Safety Executive.

HS(G)65 – Publicação do Health and Safety Commission/Executive sobre o gerenciamento de


saúde e segurança bem sucedidos de 1993.

ISO14001 – Normas sobre sistemas de gestão ambiental.

ISO9000 – Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade.

LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho.

NBR – Norma técnica brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).


NR 4 – Norma regulamentadora 4 - Serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho.

NR 5 – Norma regulamentadora 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes.

NR 18 – Norma regulamentadora 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria


da Construção.

NR’s – Normas Regulamentadoras.

OHSAS 18000 – Occupational Health and Safety Assessment Series 18000.

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção.

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

PPP – Perfil profissiográfico previdenciário.

PPR – Programa de Proteção Respiratória.

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

SECONCI – Serviço Social da Indústria da Construção.

SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho.

S&SO – Saúde e segurança ocupacional.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA......................................................................................... 15

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA....................................................................................... 18

1.3 PRESSUPOSTOS ........................................................................................................... 19

1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................... 20

1.4.1 Geral ............................................................................................................................. 20

1.4.2 Específicos .................................................................................................................... 20

1.5 JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA ................................................................................. 21

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................................... 21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................. 23

2.1 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL.......................................................................... 23

2.2 A “GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA INDUSTRIAL” E A MELHORIA


CONTÍNUA ............................................................................................................................. 24

2.3 ENFOQUE SISTÊMICO ................................................................................................ 25

2.3.1 Sistema e Seus Componentes ....................................................................................... 25

2.4 “SISTEMAS DE GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA INDUSTRIAL” ................ 29

2.4.1 Levantamento de Situação Inicial................................................................................. 30

2.4.2 Política de S&SO.......................................................................................................... 31

2.4.3 Organização .................................................................................................................. 31

2.4.3.1 Responsabilidades ...................................................................................................... 31

2.4.3.2 Dispositivos Organizacionais ..................................................................................... 32

2.4.3.3 Documentação de S&SO............................................................................................ 32

2.4.4 Planejamento e Implementação .................................................................................... 33

2.4.5 Medição do desempenho .............................................................................................. 33

2.4.6 Auditoria ....................................................................................................................... 34

2.4.7 Levantamento periódico da situação ............................................................................ 34


2.5 GESTAO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL E A GESTÃO
MODERNA DE NEGÓCIOS .................................................................................................. 34

2.6 LEGISLAÇÃO SOBRE SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL 37

2.6.1 Normas Regulamentadoras ........................................................................................... 38

2.6.1.1 Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho


(SESMT)...................................................................................................................................38

2.6.1.2 Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) ................................................ 43

2.7 GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO .......... 43

3 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA.................................................................... 45

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................................. 45

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA......................................................................................... 46

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS................................................................ 47

3.4 DADOS DOCUMENTAIS E OBSERVACIONAIS ..................................................... 47

3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS................................... 48

4 CARACTERÍSTICAS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................. 50

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................... 52

5.1 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS .................................... 53

5.2 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................ 56

6 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............. 76

6.1 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 76

6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...................................................................................... 80

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81

APÊNDICES ........................................................................................................................... 83

APÊNDICE A – Entrevistas..................................................................................................... 84

APÊNDICE B – Glossário de termos técnicos....................................................................... 127

ANEXO.................................................................................................................................. 130

ANEXO A - Requisitos dos níveis do programa brasileiro de qualidade e produtividade do


habitat (PBQP-H). .................................................................................................................. 131
14

1 INTRODUÇÃO

Desde 1944, com a introdução da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes) composta por representantes dos empregados e do empregador, mesmo que de
forma incipiente, pois não havia a obrigatoriedade de sua constituição pelas empresas, inicia-
se no Brasil, formalmente, o questionamento sobre as condições de trabalho em termos de
riscos de acidentes. Porém, foi apenas a partir de 28 de fevereiro de 1967, pelo Decreto-Lei nº
220, que ficou instituída a obrigatoriedade da CIPA, passando assim a fazer parte das leis que
regem o direito do trabalhador, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Em 8 de junho de l978, o Ministério do Trabalho expediu a Portaria nº 3.214 que,


composta de 28 normas regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho, que exigem das empresas que possuam empregados, regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho, ações que visem prever e prevenir as situações capazes de provocar
ferimentos ou problemas de saúde ocupacionais. Exigindo inclusive, das empresas com maior
risco de acidente e com grande quantidade de funcionários a constituição dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de
Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem do Trabalho.

Neste contexto, os organismos governamentais esforçam-se para tornarem efetivas as


ações relativas à Segurança e Saúde do Trabalho. Tais esforços são evidenciados nas
seguintes ações: o poder Legislativo, pela edição de leis específicas; o Executivo, por meio da
fiscalização e campanhas de conscientização das Delegacias Regionais do Trabalho; e o
Judiciário, com a estipulação de pesadas indenizações aos trabalhadores, nos casos de
acidentes com culpa caracterizada do empregador. Os esforços governamentais, aliados às
exigências dos trabalhadores que buscam exigir melhores condições de trabalho uma vez que
seus advogados lhes instruem devidamente e considerando todos os prejuízos decorrentes dos
acidentes do trabalho, ensejam um gerenciamento eficaz dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).

Com a publicação, em 1996, da norma britânica BS 8800, da British Standards


Institution, que tem como objetivo capacitar a integração do gerenciamento de Saúde e
Segurança Industrial dentro de um sistema global de gerência, surgem as orientações para o
15

direcionamento da gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho (SESMT) de maneira integrada com a administração dos outros
aspectos de desempenho das empresas como um todo.

Diante desta situação de preocupação com a sistematização da gestão, este estudo


busca relacionar as principais características de um “Sistema de Gestão de Saúde e Segurança
Industrial” apresentadas pela norma britânica, com aquelas verificadas na gestão dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) das
empresas de construção civil de Santa Catarina.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Conforme descrito no Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, da


Previdência Social, são definidos como acidente do trabalho os acidentes que ocorrem na
execução do trabalho a serviço da empresa. Os acidentes contabilizados são aqueles que
provocam ferimentos ou restrição de atividades em decorrência de uma deficiência, em
termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo, podendo causar morte, perda ou
redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Também é considerado
acidente do trabalho:

− aquele que acontece quando se está prestando serviços por ordem da empresa
fora do local de trabalho;

− aquele que acontece quando se estiver em viagem a serviço da empresa;

− aquele que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa;

− doenças profissionais, doenças provocadas pelo tipo de trabalho. Ex.:


problemas de coluna;

− doença do trabalho, doenças causadas pelas condições do trabalho. Ex.:


dermatoses causadas por cal e cimento e

− doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de


sua atividade.
16

Ainda de acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, do


Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), os acidentes do trabalho liquidados,
correspondem ao número de acidentes cujos processos foram encerrados administrativamente
pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, depois de completado o tratamento e
indenizadas as seqüelas.

A quantidade de acidentes liquidados no Brasil, na região Sul e em Santa Catarina, da


indústria da construção civil, apresentado na tabela 1, ressaltam a importância do fenômeno
observado.

Tabela 1 - Quantidade de acidentes do trabalho liquidados da indústria da construção


civil.

REGIÃO ANOS
2001 2002 2003
BRASIL 27.432 31.015 23.904
SUL 5.492 5.898 4.775
SANTA CATARINA 1.600 1.677 1.061
Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, MPAS.

Nesta visão, o problema que emerge é que os acidentes do trabalho são constantes,
sendo que no Brasil têm uma média de 27.500 acidentes por ano. Este problema, de número
de acidentes expressivos acarreta as seguintes despesas às empresas:

pagamento das horas e respectivos benefícios do funcionário que sofreu a


lesão,limitado aos primeiros quinze dias de paralisação das atividades;

pagamento das horas e respectivos benefícios, despendidas pelos outros


funcionários que param o trabalho logo após a ocorrência do acidente;

pagamento das horas destinadas à transmitir as atividades que eram do funcionário


acidentado para outro;

pagamento das horas destinadas à seleção e capacitação de um funcionário


substituto;
17

pagamento das horas gastas no tratamento burocrático da gestão de benefícios


junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social e dos demais órgãos
fiscalizadores;

pagamento dos gastos referentes à ação de socorro imediato ao acidentado;

pagamento dos danos causados às máquinas e ferramentas;

gasto com a perda de produção em decorrência do acidente;

perda de lucro, da produtividade do empregado acidentado, dos colegas de trabalho


e da máquina parada e

gastos com luz, aluguel e demais despesas que continuam mesmo durante a
paralisação da produção em decorrência do acidente.

Aos custos diretamente assumidos pelas empresas agregam-se os custos assumidos


pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Os acidentes do trabalho colaboram para
o aumento do famoso déficit de caixa da previdência, que tem obrigado à instituição de novas
regras que resultam na redução dos benefícios sociais. Prejudicando milhares de beneficiários.
Esta influência pode ser verificada analisando os dados relativos ao valor total de benefícios
acidentários, mantidos pela Previdência Social, nos anos de 2001 a 2003, no Brasil, na região
Sul e em Santa Catarina. Os benefícios acidentários, de acordo com o Anuário Estatístico da
Previdência Social 2003 são aqueles decorrentes de acidentes do trabalho, constituídos por:
aposentadoria por invalidez, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente e auxílio-
suplementar que conforme consta no Anuário Estatístico refere-se a:

O auxílio-suplementar, era devido ao segurado acidentado, que após a consolidação


das lesões decorrentes de acidente do trabalho, apresentava seqüela que implicava na
redução da sua capacidade laborativa e que, caso não impedisse o desempenho da
mesma atividade, exigia-lhe, permanentemente, maior esforço na realização do
trabalho. A Lei nº 8.213/91 extinguiu a concessão desta espécie de benefício
(MPAS, 2005).

Os dados apresentados na tabela 2, indicam um aumento do desembolso, por parte da


Previdência Social, no pagamento dos benefícios acidentários em Santa Catarina, de 43,45 %
entre os anos 2001 e 2003, ou seja em apenas dois anos.
18

Tabela 2 - Valor de total de benefícios urbanos acidentários mantidos, posição em


dezembro - 2001/2003 (R$ Mil).

REGIÃO ANOS
2001 2002 2003
BRASIL 177.142 215.110 274.304
SUL 26.408 32.253 42.345
SANTA CATARINA 7.129 8.729 11.227
Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2003, MPAS.

Sendo fundamental não só adotar o que prescrevem as normas brasileiras, mas ter um
ambiente que corresponda ao que é proposto pela norma britânica BS 8800 sobre “Sistemas
de Gestão de Saúde e Segurança Industrial”.

Diante do exposto, o problema de pesquisa que direcionou o presente trabalho foi:

Até que ponto as orientações da norma britânica BS 8800 sobre “Sistemas de Gestão
de Saúde e Segurança Industrial” se verifica na realidade, observando as ações que os
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
das empresas de construção civil de Santa Catarina estão adotando?

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA

Para responder ao problema de pesquisa apresentado, as perguntas mais específicas


que norteiam este estudo são:

a) Quais são as orientações da BS 8800?

b) Quais as orientações que os SESMT das empresas de construção civil de Santa


Catarina adotam?

c) Qual é a situação das condições gerais das empresas de construção civil em relação
aos acidentes de trabalho produzidos no período compreendido entre os anos 2001
e 2003?
19

d) Existe diferença entre o sistema de gestão do SESMT adotado pelas grandes


empresas de construção civil de Santa Catarina e o adotado pelas médias?.

e) Quais são as dificuldades apresentadas no gerenciamento do SESMT?

1.3 PRESSUPOSTOS

Com relação à importância que a gestão dos Serviços Especializados em Engenharia


de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) efetivamente representa para as empresas
do setor da construção civil em Santa Catarina observamos que:

• o número expressivo de acidentes do trabalho da indústria da construção civil na


região de Santa Catarina, pode ser decorrente da falta de integração da gestão dos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT) com a gestão dos outros aspectos que são prioritários ou vitais para boa
parte dos empresários tais como: produção, administração financeira, mercado e
resultados financeiros e

• os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT), por imposição legal, passam a compor a estrutura
organizacional das empresas de construção civil quando a mesma atinge uma certa
quantidade de empregados, ou seja, não integram as empresas desde o início das
suas atividades. Isto pode dificultar a produção de uma sinergia entre a
responsabilidade do empresário, dos profissionais de segurança e de todos os
níveis hierárquicos das empresas de construção civil de Santa Catarina, no que se
refere a uma atitude preventiva frente ao acidente.
20

1.4 OBJETIVOS

Os objetivos da pesquisa são:

1.4.1 Geral

Estudar os sistemas de gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que se aplica nas empresas de construção
civil de Santa Catarina, enfatizando se coincide com o modelo fornecido pela norma britânica
BS 8800, da British Standards Institution, sobre “Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança
Industrial”.

1.4.2 Específicos

a) Identificar nos sistemas de gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) das empresas de construção civil
de Santa Catarina a utilização de ações indicadas na norma britânica BS 8800,
“Guia para Sistemas de gestão de Saúde e Segurança Industrial”.

b) Observar em que medida as empresas escolhidas na amostra cumprem quanto a


gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho (SESMT) em matéria de infra-estrutura e de atendimento às normas.

c) Verificar o entendimento que o empresário do setor da construção civil tem a


respeito da necessidade da gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) integrada com a gestão dos
outros aspectos do desempenho da empresa, na visão dos responsáveis por estes
serviços.

d) Comprovar se o fator dimensional da empresa (média x grande) tem influência na


conduta da empresa em utilizar ou não um sistema de gestão dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
integrado ao sistema global de gestão.

e) Propor ações que poderiam auxiliar as empresas no gerenciamento dos Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT).
21

f) Verificar a relação entre o número de acidentes e número de empregados levando


em consideração o seu respectivo grau de risco.

1.5 JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA

A importância do trabalho, do ponto de vista prático, reside no fato de que, seu estudo,
poderá oportunizar um conhecimento do status quo do gerenciamento dos SESMT’s da
indústria da construção civil de Santa Catarina. Revelando detalhes dos sistemas de gestão
aplicados e seu respectivo desempenho no contexto global da organização.

Pode auxiliar para a melhoria do ponto de vista técnico, como é um assunto que
demanda pesquisas de caráter científico, também por tratar dos elementos essenciais para a
administração eficaz dos SESMT’s.

Este estudo irá contribuir também, no âmbito acadêmico, no sentido de agregar à


literatura existente importante referencial regional, quanto aos aspectos inerentes aos sistemas
de gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT), empregados nas empresas de construção civil de Santa Catarina.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em três capítulos, na seguinte ordem:

O primeiro capítulo apresenta: o tema; os problemas e as perguntas de pesquisa; bem


como os pressupostos; os objetivos: geral e específicos; e a justificativa pela escolha do tema.

No segundo capítulo, encontra-se a fundamentação teórica, fornecendo subsídios


teóricos que embasam o trabalho, amparando-se na revisão de literatura de autores e estudos
anteriores, relacionados ao tema.

O terceiro capítulo apresenta: as características metodológicas que direcionaram o


trabalho.
22

O quarto capítulo aborda as características da construção civil de Santa Catarina


relativas à quantidade de empregados em cada grupo de atividades desenvolvidas
classificadas segundo o código da classificação nacional de atividades econômicas (CNAE).

O quinto capítulo é composto pela apresentação e a análise dos dados.

No sexto capítulo encontram-se as conclusões e recomendações e as limitações da


pesquisa.

Completam o trabalho as referências das obras citadas.


23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta: o setor da construção civil, a “Gestão da Saúde e Segurança


Industrial” e a melhoria contínua, enfoque sistêmico, “Sistemas de Gestão de Saúde e
Segurança Industrial”, a gestão da segurança e saúde ocupacional e a gestão moderna de
negócios, legislação sobre segurança e higiene do trabalho no Brasil e a gestão estratégica da
segurança e higiene do trabalho.

2.1 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Atualmente, entende-se que a indústria da construção civil é integrada pela construção


pesada, serviços diversos, bens de capital para construções, indústria de materiais de
construção e a conseqüente indústria de transformação integrada pelas empresas construtoras
(edificações), denominando-se este conjunto por Construbusiness. Segundo dados da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção, este setor participou no ano 2000 com 15,6% do PIB
brasileiro, representando mais de R$ 169 bilhões de reais.

Além disto, a construção civil demonstra que necessita de estudos contínuos visando a
melhor forma de gestão dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT), tanto por englobar atividades de alto risco de acidentes
como por apresentar índices elevados de ocorrências que em alguns casos, têm como
conseqüência: seqüelas irreversíveis, mutilações e até mesmo a morte. Estes acidentes
provocam uma série de prejuízos (psicológicos, econômicos, financeiros, de imagem e
sociais, etc.); não só para a empresa ou para seus funcionários como também para toda a
sociedade.

Assim, a realização de um trabalho orientado à análise das variáveis do “Sistema de


Gestão de Saúde e Segurança Industrial” contido na norma britânica BS 8800, da British
Standards Institution, em relação à prática adotada na gestão dos SESMT pelas empresas de
construção civil, poderia ser valioso não só para este tipo de organização como também para
todos os funcionários, clientes, fornecedores e até mesmo para toda a sociedade. Um dado
relevante que também reforça a necessidade de estudos do gerenciamento do SESMT se
encontra no número de mortes provocadas por acidente do trabalho, conforme publicado pelo
Jornal Diário Catarinense:
24

Apesar de não existir um número preciso de mortes relacionadas à atividade


profissional, a Comunicação de Acidente de Trabalho (CATs) revela o setor da
construção civil como o mais atingido. "Sabemos que os operários nesta área são os
mais prejudicados", avalia a chefe de Serviços e Benefícios do INSS, Mônica
Pinheiro Nascimento. (MORTES, 2001, p. 18-19).

O estudo mais aprofundado a este respeito, que possibilite aumentar a capacidade de


entendimento dos fatores inerentes ao gerenciamento dos SESMT, poderá auxiliar inclusive o
setor responsável do Ministério do Trabalho, pela fiscalização no estado, cuja necessidade
está caracterizada na reportagem publicada pelo Jornal A Notícia:

A construção civil ainda é o setor que mais mata, [...]. Só ainda não conseguimos
identificar porquê", revela o chefe do setor de Segurança e Saúde da Delegacia
Regional de Florianópolis, Roberto Cláudio Lodeti. "Cada região tem o seu setor
mais problemático, mas construção, prestação de serviços, metalurgia, madeireiro e
transportes são os cinco setores que mais temos registros. (SERVIÇOS, 2004, grifo
nosso).

2.2 A “GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA INDUSTRIAL” E A MELHORIA


CONTÍNUA

Mirshawka (1990) enfatiza que um dos aspectos importantes do ambiente atual é a


interminável obrigação da melhoria contínua do produto e do serviço, que inclui desde a
busca pela redução de custos operacionais com a mitigação, ou até mesmo a eliminação das
atividades feitas de forma incorreta até a satisfação das necessidades e expectativas dos
clientes internos e externos à organização.

[...] os consumidores de bens e serviços terminam pagando pelos atrasos e pelos


erros, com o que reduzem o seu próprio padrão de vida. Porém, quando existe a
competição, acontecendo a insatisfação, os clientes não ficam reclamando, eles
apenas transferem-se para outro fornecedor ou fabricante (MIRSHAWKA, 1990, p.
40).

Neste sentido a busca pela eliminação dos acidentes aliada ao melhor aproveitamento
dos investimentos dedicados à prevenção dos mesmos, notadamente dos SESMT, torna-se de
fundamental importância. Principalmente se considerarmos todos os custos diretamente
assumidos pelas empresas:

[...] custo do tempo perdido pelo empregado lesionado; custo do tempo perdido por
outros empregados que param o trabalho por curiosidade, simpatia, para dar
assistência ao acidentado ou por outras razões; custo do tempo perdido por
25

supervisores ou outros executivos para prestar assistência ao acidentado, para


investigar a causa do acidente, para transferir as tarefas do acidentado para outro
empregado, para selecionar e treinar um substituto ou para preparar relatórios do
acidente para agências fiscalizadoras; custo do tempo gasto para a prestação de
primeiros-socorros; custo devido aos danos causados às máquinas e ferramentas;
custo incidental devido à interferência com a produção; custo para o empregador
causado pelos benefícios sociais devidos ao empregado; custo para o empregador
devido à continuação do pagamento do salário ao acidentado; custo devido à perda
de lucro, da produtividade do empregado e da máquina parada; custo devido à
diminuição da moral dos demais empregados e custo devido aos gastos com luz,
aluguel, etc., que continuam a ser despendidos mesmo enquanto o acidentado está
parado (HEINRICH apud AQUINO, 1996, p. 33).

2.3 ENFOQUE SISTÊMICO

A norma britânica BS 8800 – “Guia para Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança


Industrial” que fornece orientação sobre sistemas de gerenciamento de saúde e segurança
ocupacionais (S&SO) adota o enfoque sistêmico no seu desenvolvimento. O enfoque
sistêmico é uma técnica conveniente para entender os processos dinâmicos que caracterizam
as organizações sociais. Pois, mediante a ampliação da visão dos problemas organizacionais
na análise de seus processos, permite encontrar os meios mais adequados para resolver os
problemas que enfrenta sua administração, na busca da conquista de seus objetivos num meio
ambiente de evolução constante.

[...]o moderno enfoque dos sistemas procura desenvolver: uma técnica para lidar
com a grande e complexa empresa; um enfoque sintético do todo, que não permite a
análise separada das partes do todo, em virtude das intrincadas inter-relações das
partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do
todo; e um estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao
estudo dos elementos, destacando-se o processo e as probabilidades de transição,
especificados em função de seus arranjos estruturais e de sua dinâmica (OLIVEIRA,
2002, p. 35).

2.3.1 Sistema e Seus Componentes

Segundo Oliveira (2002, p. 35): “Sistema é um conjunto de partes interagentes e


interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e
efetuam determinada função”. Este autor indica a possibilidade de se aplicar o conceito de
sistema quando se considera a empresa inteira, como no caso da estrutura organizacional, ou
quando se trata de um procedimento específico como a gestão do SESMT. Destaca que para
26

melhor entendimento deve-se considerar os componentes do sistema que podem ser


visualizados na Figura 1.

Figura 1 – Componentes de um sistema

SISTEMA

O
PROCESSO DE
ENTRADA SAÍDA B
TRANSFORMAÇÃO
J
E
T
I
V
RETROALIMENTAÇÃO CONTROLE E
OU FEEDBACK O
AVALIAÇÃO
S

FONTE: Adaptado de: OLIVEIRA (2002, p. 36).

Oliveira (2002, p. 35), define os componentes do sistema demonstrados na figura 1,


como sendo:

• Objetivo: é o fim a que se destina o próprio sistema;

• Entrada: é a força de partida ou arranque do sistema, que fornece material,


informação ou energia para a operação ou processo do sistema;

• Processo de transformação do sistema: é o componente que transforma as


entradas em saídas, produtos ou resultados;

• Saída: é o resultado do processo de transformação, que deverá estar de acordo


com os objetivos do sistema;

• Controle e avaliação: verifica se as saídas estão de acordo com os objetivos


determinados e

• Retroalimentação, ou feedback do sistema: busca corrigir o sistema para


gerar a saída coerente com os objetivos do sistema. É a informação que se
reincorpora no sistema como resultado da divergência verificada entre a saída e
o padrão que se deseja, considerado coerente com os objetivos do sistema.
27

Ainda segundo o mesmo autor também se deve considerar o ambiente do sistema:

Ambiente de um sistema é o conjunto de fatores que não pertencem ao sistema, mas:


qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar esses fatores externos e
qualquer alteração nos fatores externos pode mudar ou alterar o sistema
(OLIVEIRA, 2002, p. 37).

Hall (2004, p. 194), afirma que “o relacionamento organização-ambiente é dinâmico”.


Ao abordar o ambiente organizacional sob uma perspectiva mais analítica Hall (2004, p. 204),
indica que o ambiente se insere na organização na forma de informação e é afetada por
problemas de comunicação e tomada de decisões. O referido autor salienta que o ambiente
quanto ao seu conteúdo pode ser classificado em:

- Condições tecnológicas: “A organização não existe em um vácuo. Os


desenvolvimentos tecnológicos, em qualquer campo de atividade, têm o potencial
de alcançar as organizações relevantes. Novas idéias entram em circulação e
tornam-se parte do ambiente” (HALL, 2004, p.195).

- condições legais: “A maioria esmagadora das organizações precisa conviver com


leis e regulamentações de âmbito federal, estadual e municipal como parte
importante de seus ambientes”(HALL, 2004, p. 195).

- condições políticas: “Após a legislação ser aprovada na esfera jurídica, ainda


ocorrem pressões políticas na implementação dos regulamentos” (HALL, 2004, p.
196). Uma análise das primeiras atividades da Administração de Higiene do
Trabalho e Saúde Ocupacional (Occupational Safety and Health Administration –
OSHA), nos Estados Unidos, constata as grandes pressões políticas exercidas sobre
essa organização” (McCAFFREY apud HALL, 2004, p. 196).

- condições econômicas: “Uma variável ambiental óbvia, porém estranhamente


neglicenciada pela maioria dos sociólogos, é o estado da economia no qual a
organização opera” (HALL, 2004, p.197).

- condições demográficas: “A demografia representa outro fator comumente


neglicenciado. O número de pessoas atendidas, sua distribuição etária e por
gênero, fazem muita diferença para todas as organizações” (HALL, 2004, p. 199).
28

- condições ecológicas: “Uma situação ecológica geral em torno de uma organização


está relacionada ao cenário demográfico. O número de organizações com as quais
mantém contatos e relacionamentos e o ambiente no qual se localiza são
componentes do sistema ecológico social da organização” (HALL, 2004, p. 199).

- condições culturais: “O relacionamento cultura-organização não é uma via de mão


única. Organizações tentam moldar os valores culturais por meio de suas
iniciativas de relações públicas” (HALL, 2004, p. 201).

Katz e Kahn (1987), ao explanarem as interações da organização com o ambiente


afirmam que estas são acrescentadas por interações dentro das fronteiras do sistema, entre os
responsáveis e entre as partes que compõem a organização. Esta interação ocorre num
ambiente próprio e, ainda, envolvendo certas pessoas. Ela se apresenta em 3 estágios
suplementares:

- Estágio 1 - Decorre das pressões do meio ambiente que geram as exigências de


tarefa e das características e necessidades da população. Surge um sistema
primário que se baseia na reação cooperativa das pessoas considerando suas
necessidades e expectativas comuns para as atividades produtivas.

- Estágio 2 - Fruto da interação entre o sistema primário e o caráter variável dos


seres humanos que demandam uma série de decisões como, por exemplo: o quê
cada um deverá fazer, como, quando, definição do sistema de autoridade, criação
de padrões para a sua manutenção definição do modo de condução da estrutura
informal.

- Estágio 3 – Resultado da necessidade de interação constante entre a organização


com seu meio ambiente para disponibilizar seus produtos, obter recursos materiais
e humanos e adquirir auxílios externos para concretização dos objetivos.

Esta forma de visão organizacional que considera os aspectos técnicos e humanos


auxilia na compreensão da organização:

Essa dupla atenção a respeito dos aspectos técnicos e humanos da organização


reflete-se agora na visão de que as organizações são mais bem compreendidas como
“sistemas sociotécnicos”. A expressão foi cunhada nos anos 50 pelos membros do
Tavistock Institute of Human Relations na Inglaterra para captar as qualidades
interdependentes dos aspectos social e técnico do trabalho. Segundo essa visão esses
29

aspectos são inseparáveis, devido a natureza de que um elemento nessa configuração


sempre tem importantes conseqüências para o outro. Quando se escolhe um sistema
técnico (seja estrutura organizacional, estilo de liderança ou tecnologia), este sempre
tem conseqüências humanas e vice-versa (MORGAN, 1996, p. 46).

2.4 “SISTEMAS DE GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA INDUSTRIAL”

A norma britânica BS 8800, da British Standards Institution, apresenta orientações


para um “Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Industrial”, com o seguinte objetivo:

Procura-se nesta norma aprimorar o desempenho das organizações em matéria de


saúde e segurança, fornecendo orientação quanto à maneira pela qual o seu
gerenciamento deve ser integrado com a administração dos outros aspectos do
desempenho da empresa, como um todo, a fim de: a) minimizar os riscos para
empregados e outros; b) aprimorar o desempenho da empresa; e c) ajudar as
organizações a estabelecerem uma imagem responsável no mercado onde atuam
(BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p. 8).

Esta norma apresenta duas abordagens: “com base no guia da HSE Successful Health
and Safety management (gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos) HS(G)65”,
cujos elementos estão apresentados na figura 2, e a “[...] abordagem alternativa detalhada tem
o objetivo de atender às organizações que pretendem fundamentar os seus sistemas de
gerenciamento de S&SO na ISO 14001, a norma para sistemas ambientais, e, como tal,
identifica as áreas comuns em ambos os sistemas de gerenciamento” (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 5).

Em razão do enfoque específico às questões relacionadas à gestão do SESMT, neste


estudo se utiliza, portanto, a abordagem, com base no guia da HSE Successful Health and
Safety management: HS(G) 65, gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos.

Na BS 8800 (1996, p.8) consta: “Esta norma compartilha princípios comuns de


sistemas gerenciais com as das séries ISO9000 “Gerenciamento de Qualidade” e ISO 14000
“Gerenciamento ambiental”; contudo, estes não são pré-requisitos para a operação segundo
este guia” (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p. 8).

Conforme demonstra a figura 2, cada fase é considerada um sistema alimentado pelos


fatores internos e externos, pelas verificações da auditoria e pelas causas originárias de
deficiências identificadas na fase de medição de desempenho. O resultado de cada fase é
inserido como entrada na fase seguinte.
30

Figura 2 – “Elementos de gestão bem sucedida de Saúde e Segurança com base na


abordagem do guia de gerenciamento de Saúde e Segurança bem sucedidos”.

Fonte: BRITISH STANDARDS INSTITUTION, Guia para Sistemas de Gestão de Saúde e


Segurança Industrial/BS 8800, 1996, p.13.

2.4.1 Levantamento de Situação Inicial.

Nesta primeira fase do sistema apresentado pela norma BS 8800, deve-se buscar dados
relativos ao sistema de gerenciamento do SESMT existente, visando proporcionar
informações que servirão de base para as decisões relativas ao propósito, adequação e
implementação do sistema atual. Além de fornecer um parâmetro que poderá servir para a
mensuração de sua evolução e que poderá ser utilizado no planejamento. Os tópicos a serem
levantados nesta fase são:
31

a) os requisitos da legislação relevante que trata dos assuntos de gerenciamento de


S&SO; b) a orientação existente sobre gerenciamento de S&SO dentro da
organização; c) a melhor prática e desempenho no setor de emprego da organização,
e noutros apropriados (por exemplo, a partir de comitês industriais relevantes de
HSC e orientações de associações de classe); d) a eficiência e eficácia de recursos
existentes dedicados ao gerenciamento de S&SO (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 14).

2.4.2 Política de S&SO

De acordo com a norma britânica BS 8800, o mais alto nível hierárquico da empresa
terá que estabelecer, registrar e aprovar a sua política de S&SO. Para isto deverão estar
assegurados os seguintes compromissos:

a) reconhecer a S&SO como parte integral do seu desempenho negocial; b) obter


elevado nível de desempenho de S&SO, com o atendimento aos requisitos legais
como o mínimo, e ao contínuo aperfeiçoamento, com economicidade, do
desempenho; c) proporcionar recursos adequados e apropriados ao implemento da
política; d) estabelecer e publicar os objetivos de S&SO, ainda que por meio,
apenas, de boletins internos; e) colocar o gerenciamento de S&SO como uma
responsabilidade primordial da gerência de linha, do dirigente hierarquicamente
mais alto ao nível de supervisão; f) assegurar a sua compreensão, implementação e
manutenção em todos os níveis na organização; g) promover o envolvimento e
interesse dos empregados a fim de obter compromissos com a política e sua
implementação; h) revisar periodicamente a política, o sistema de gerenciamento e
auditoria do cumprimento daquela; i)assegurar que os empregados, em todos os
níveis, recebam treinamento apropriado e sejam competentes para executar suas
tarefas e responsabilidades (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p. 14).

2.4.3 Organização

A organização é indicada pela norma BS 8800, considerando-se três aspectos:


responsabilidades, dispositivos organizacionais e documentação de S&SO.

2.4.3.1 Responsabilidades

A norma BS 8800 recomenda que alguém do mais alto nível hierárquico da empresa
“(por exemplo, numa organização grande, a um membro do Conselho ou da diretoria)”
32

assuma a responsabilidade de garantir de forma atuante e continuada que o sistema de


gerenciamento de S&SO seja implementado e funcione segundo os requisitos em todos os
locais e áreas de abrangência das operações internas da organização. Indicando para isto as
seguintes atitudes em todos os níveis hierárquicos:

a) ser responsáveis pela saúde e segurança daqueles que dirigem, delas próprias e de outros com
os quais trabalham; b) estar conscientes de sua responsabilidade com a saúde e segurança de
pessoas que possam ser afetadas pelas atividades que controlam, como, por exemplo,
empreiteiros e o público; c) estar conscientes da influência que sua ação ou inação podem ter
sobre a eficácia do sistema de gerenciamento de S&SO (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 15).

2.4.3.2 Dispositivos Organizacionais

Neste ponto a referida norma alerta quanto à importância de se integrar em todos os


sentidos a S&SO, abrangendo toda a organização e em todas as atividades,
independentemente do porte. Recomendando as seguintes ações para a implementação da
política e do gerenciamento efetivo de S&SO:

a) ter acesso a suficiente conhecimento de S&SO, especialidades e experiência a fim


de administrar as suas atividades com segurança e de acordo com os requisitos
legais; b) definir a alocação de responsabilidades e prestação de contas na estrutura
gerencial; c) assegurar que as pessoas têm a necessária autoridade para executar as
suas tarefas; d) atribuir recursos compatíveis com o seu tamanho e natureza; e)
identificar as competências necessárias, em todos os níveis da organização, e
organizar qualquer treinamento necessário; f) tomar providências para a divulgação
e, quando adequado, abrir as informações sobre a S&SO; g) tomar as providências
necessárias para a provisão de consultoria por especialistas; h) tomar as necessárias
providências para envolver os empregados, com esclarecimentos, quando adequado
(BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p. 15).

2.4.3.3 Documentação de S&SO

Este aspecto, conforme salienta a norma, é nevrálgico tanto para habilitar a


organização como para colocar em operação um sistema bem sucedido, sendo importante
também na preparação e detenção de todo o conhecimento relacionado ao sistema de S&SO.
Serve também para demonstração do atendimento às exigências legais entre outras.
Deve-se certificar da disponibilidade da documentação mínima para o início de
execução dos projetos de S&SO e coerente às necessidades. Deve-se ter ações que assegurem
sua atualização e aplicação de acordo com as suas finalidades.
33

2.4.4 Planejamento e Implementação

Esta fase considera as seguintes etapas: definição de parâmetros referenciais de


desempenho e o estabelecimento das ações necessárias, da pessoa que se encarregará destas
ações, em que situação deverão ser realizadas e o resultado esperado.

Abordando os seguintes tópicos:

- estimar globalmente, a magnitude das combinações de probabilidades e


conseqüências de ocorrer um evento com potencial de provocar danos em termos
de ferimentos humanos ou problemas de saúde, danos à propriedade, ao ambiente,
ou a combinação destes.

- reconhecer as exigências legais com relação ao item supra citado, e outros


envolvidos com o gerenciamento de S&SO.

Também há de se abordar os seguintes aspectos importantes:

a) planos e objetivos gerais, incluindo pessoal e recursos, para a organização


implementar a sua política; b) planos operacionais para implementar as ações de
controle dos riscos [...] e para atender aos requisitos identificados [...]; c) planos de
contingência para emergências previsíveis e para mitigar os seus efeitos; d)
planejamento de atividades organizacionais [...]; e) planejamento para a medição da
eficiência, auditorias e levantamento de situação; f) implementar ações corretivas
que se demonstrem necessárias (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p.
16).

2.4.5 Medição do desempenho

A eficácia do sistema de gerenciamento de S&SO depende da medição do


desempenho. É utilizado para monitorar a amplitude do atendimento dos quesitos
estabelecidos na política e objetivos. Deve-se considerar o seguinte:

a) medições pró-ativas de desempenho que monitorem o atendimento, por exemplo,


pela vigilância e inspeções das providências sobre saúde e segurança da
organização, como sistemas seguros de trabalho, autorizações para trabalhar, etc.; b)
medições reativas de desempenho que monitorem acidentes, quase acidentes,
problemas de saúde e outras evidências históricas de saúde desempenho deficiente
de saúde e segurança (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p. 17).
34

2.4.6 Auditoria

Para uma avaliação mais aprofundada e abrangente de todos os elementos do sistema


apresentados na figura 2, faz-se necessária a execução de auditorias periódicas. Estas
auditorias deverão ser desenvolvidas por pessoas habilitadas e sem vínculo com as atividades
a serem auditadas, podendo pertencer à organização. Os resultados da auditoria devem ser
informados a todas as pessoas envolvidas e devem ser corrigidas as deficiências encontradas.
Os itens a serem abordados nas auditorias dizem respeito a:

a) o sistema global de gerenciamento de S&SO da organização é capaz de promover


a obtenção dos padrões requeridos de desempenho de S&SO? b) a organização está
cumprindo todas as suas obrigações com relação à S&SO? c) quais são os pontos
fortes e fracos do sistema de gerenciamento de S&SO? d) a organização (ou parte
dela) está realmente fazendo e realizando o que alega? (BRITISH STANDARDS
INSTITUTION, 1996, p. 17).

2.4.7 Levantamento periódico da situação

Quanto aos levantamentos periódicos do sistema de gerenciamento de S&SO, devem


ser estabelecidos a periodicidade e o propósito, de acordo com as suas necessidades. Tal
levantamento deverá observar:

a) o desempenho global do sistema de gerenciamento de S&SO; b) o desempenho de


elementos individuais do sistema; c) as conclusões das auditorias; d) os fatores
internos e externos, como as mudanças na estrutura organizacional, leis pendentes, a
introdução de novas tecnologias, etc., e identificar que ação é necessária para
remediar quaisquer deficiências (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 1996, p.
18).

2.5 GESTAO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL E A GESTÃO


MODERNA DE NEGÓCIOS

A gestão científica surge no começo do século XX, quando a atuação dos operários e o
tempo dedicado a cada tarefa foram estudados por Frederick Winslow Taylor1. “Os métodos
de Taylor para aumentar a produtividade da mão-de-obra constituíram a base para a
administração científica e o nascimento da era do “especialista em eficiência””
(MIRSHAWKA, 1990, p. 11). Nesta época não havia espaço para à iniciativa e imaginação

1
Frederick Winslow Taylor, engenheiro e economista norteamericano (1856 – 1915). Promotor da organização
científica do trabalho (taylorismo), estabeleceu a primeira medida do tempo de execução de um trabalho.
35

dos trabalhadores. Suas descobertas contribuíram para a melhoria da produtividade. Porém,


salienta algumas das suas restrições:

As idéias de Taylor levaram a ganhos tremendos, mas, por outro lado, definiram
uma imagem (inadequada nos dias de hoje) característica do que é um gerente e do
que é um empregado. Aliás, ela continua presente em muitas empresas do mundo
ocidental. A obediência do empregado em relação ao seu empregador é considerada
como o maior dever entre todos, maior do que a obrigação que o mesmo possa ter
com o público e até consigo mesmo (MIRSHAWKA, 1990, p. 13).

Zarifian (2001, p. 155), ao abordar as dificuldades relacionadas à comunicação na


empresa, corrobora com esta idéia afirmando que “a herança do modelo taylorista é pesada de
se carregar e é difícil de se desfazer dela”.

Nos anos 80 iniciou-se a introdução insistente dos conceitos da qualidade. Os quais


eram aplicados já nos anos 50, no Japão, com resultados esplendidos. “Em 1950, com a ajuda
do governo do general Mac Arthur, a JUSE (Japan Union of Science and Engineering)
convidou o Dr. Deming para ir ao Japão ensinar tudo o que sabia sobre o CQ. Isto viria a ser a
peça principal da boa sorte dos japoneses”(MIRSHAWKA, 1990, p. 6). A gestão ocidental
começava a interessar-se pelo modelo japonês. O que está caracterizado por Ouchi (1982, p.
VII), quando descreve: “À medida que minha pesquisa progredia, a questão da qualidade e
produtividade japonesas ganhava destaque cada vez maior, e freqüentemente eu era chamado
por empresas americanas para compartilhar as constatações de minha pesquisa”.

Senge (1999) propôs uma inovação básica nos métodos tradicionais de gestão, no
começo dos anos 90, apresentando o revolucionário conceito de learning organization. Nele,
defende convincentemente a necessidade do pensamento sistêmico e a aprendizagem coletiva
dentro das organizações.

A mensagem central de A Quinta Disciplina é mais radical do que o “redesenho


radical da organização” – ou seja, que nossas organizações funcionam da forma que
funcionam por causa de nossa forma de pensar e de interagir. Só mudando nossa
forma de pensar é que podemos modificar políticas e práticas profundamente
enraizadas. Só mudando nossa forma de interagir poderemos estabelecer visões e
compreensões compartilhadas, e novas capacidades de ação coordenada. Essa noção
é bem nova para a maioria de nós. (SENGE, 1999, p. 23)

Pode-se dizer que contribuiu para o debate em benefício da evolução da gestão. A


gestão do conhecimento se impõe porque, sendo cada vez mais valioso, o conhecimento não
flui suficientemente pela organização. O feedback circular, se está começando a praticar
36

porque certamente havia opiniões de interesse que estavam sendo neutralizadas ou preteridas.
O espírito de equipe ou comunidade parece ter um valor irrefutável, porque tradicionalmente
cada um ia pouco a pouco agindo a seu modo e, sobretudo em grandes organizações, se estava
impondo o pensamento asistêmico.

A nova visão da liderança nas organizações que aprendem é centrada em tarefas


mais sutis e mais importantes. Nas organizações que aprendem, os líderes são
projetistas, regentes e professores. Eles são responsáveis por construir organizações
onde as pessoas expandem continuamente suas capacidades de entender
complexidades, esclarecer visões, e aperfeiçoar modelos mentais compartilhados –
ou seja, eles são responsáveis pela aprendizagem. (SENGE, 1999, p. 368)

A gestão moderna de negócios surge então como resultado de todas as mudanças que
partindo da organização tradicional se aproximam do conceito de organização inteligente que
nos sugere Senge (1999): a organização que não só faz bem as coisas senão que sabe bem
quais tem que fazer, a organização que previne e resolve bem seus problemas, a organização
que obtém o máximo proveito dos recursos dos seres humanos sem desprezo de sua
satisfação.

Esta situação é evidenciada por Picarelli (2002, p. 215), que ao tratar da gestão por
competências, esclarece: “com as grandes transformações que estão sempre ocorrendo nos
sistemas econômicos, lideradas principalmente pela globalização, as empresas passaram a
buscar flexibilidade nas suas operações, com o objetivo de conquistar novas oportunidades,
aumentar sua competitividade e gerenciar os riscos e as ameaças aos seus negócios”. A
necessidade de integração entre as diversas áreas da organização é defendida quando cita
como um dos principais objetivos a ser alcançado pela gestão por competências o
“[...]incentivo a uma maior integração entre as diversas áreas e setores – “quebra dos
feudos””(PICARELLI, 2002, p. 219).

Lerner (1996) ao dirigir mensagens aos empresários e dirigentes de nível estratégico


nas empresas salienta que sempre se buscou o aculturamento começando pelos altos
dirigentes, de cima para baixo, mas deverá basear-se na filosofia da Administração
Participativa:

[...] e por esta não haverá imposições ou desrespeito à capacidade do elemento


humano, que deverá opinar, sugerir, sentir-se útil e pesando nas decisões. Neste
sentido uma das coisas mais sérias para os próximos anos diz respeito ao
desenvolvimento de pessoal, ao plano de carreira, ao trabalho em grupo (um por
37

todos, todos por um, para valer), assim como ao empreendedor interno
(intrapreneur) (LERNER, 1996, p. 123).

Segundo Maximiano (1995), a gestão participativa não é invenção dos japoneses,


existiu desde a Antigüidade “Alexandre, o Grande, aparentemente foi o primeiro a colocar em
prática a idéia de Estado-Maior, uma reunião de oficiais com o comandante supremo para
fazer planos e tomar decisões, e em seguida coloca-los em prática”. Neste contexto, esclarece:

De certa forma, a moderna administração participativa procurar recriar nas


organizações e nos ambientes de trabalho características que existem há muito, mas
estão latentes ou esquecidas, e fazer das organizações contemporâneas agregados de
grupos inteligentes, que dependam mais de si próprios e menos da hierarquia
(MAXIMIANO, 1995, p. 86).

A necessidade da aplicação da gerência participativa também é defendida por Shaskin


(apud Ferreira, Reis e Pereira, 2002, p. 134), que concebe como única forma, capaz de
habilitar as organizações para enfrentar o ambiente conturbado atual e satisfazer às demandas
humanitárias do trabalho.

Neste sentido, a idéia de se disseminar aos demais funcionários das empresas os


conhecimentos relativos à S&SO, e torná-los partícipes da gestão, que na organização
tradicional estão restritos aos profissionais dos SESMT’s, se fortalece como conseqüência dos
avanços nos entendimentos aplicados à gestão no mundo contemporâneo.

2.6 LEGISLAÇÃO SOBRE SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL

No art. 196, da Constituição Federal, o direito a saúde é garantido a todos os cidadãos


por meio de medidas que visem a redução do risco de doenças e outros agravos,além de
acesso a ações para sua proteção e recuperação. A Segurança do Trabalho é então definida
como “o conjunto de medidas que versam sobre condições específicas de instalação do
estabelecimento e de suas máquinas, visando à garantia do trabalhador contra a natural
exposição aos riscos inerentes à prática da atividade profissional” (Constituição da República
Federativa do Brasil, 1988).

Pelo Decreto-Lei nº 5.452, em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), cujo capítulo V - Da Segurança e Medicina do Trabalho, alterado pela Lei nº
6.514, de 22 de dezembro de 1977, trata dos problemas da saúde do trabalhador. A portaria nº
38

3.214 (de 8/6/1978), aprovando, conforme art. 200 da CLT, as Normas Regulamentadoras
(NR) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estabelece ênfase na prevenção do
acidente de trabalho, modificando a antiga visão de apenas indenizar os prejuízos já causados.

2.6.1 Normas Regulamentadoras

Segundo Pacheco Junior, Pereira Filho e Pereira (1999, p. 110), "Se se observar o que
é exigível pela legislação, o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho) e a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) são órgãos
internos que assumem a responsabilidade pelas práticas da segurança, Medicina e higiene do
trabalho [...]".

A composição e as atribuições dos Serviços especializados em engenharia de


segurança e em medicina do trabalho (SESMT) estão descritas na norma regulamentadora 4
(NR – 4). Enquanto que a composição e as atribuições da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) constam na norma regulamentadora 5 (NR – 5). Estas normas são
apresentadas a seguir.

2.6.1.1 Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho


(SESMT)

A NR – 4 estabelece que as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da


administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão,
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do
trabalhador no local de trabalho. A estrutura deste setor vincula-se à gradação do risco da,
atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento, constantes nos
quadros 1 e 2.

Para o código da classificação nacional de atividades econômicas (CNAE), utilizado


pelo Ministério do Trabalho e Emprego, são utilizados os primeiros 5 dígitos do código da
classificação nacional de atividades econômicas - Fiscal (CNAE-FISCAL), adotado pelo
Ministério da Fazenda quando do cadastramento da atividade principal da empresa naquele
órgão federal.
39

O grau de risco é decorrente do código da classificação nacional de atividades


econômicas (CNAE), referente à atividade principal da empresa, sendo divididos em 4 níveis.
O grau de risco 1 é o mais baixo e aplica-se às atividades onde há histórico de ocorrência de
acidentes de menor gravidade para o trabalhador. No outro extremo o grau de risco 4 aplica-se
às atividades onde há registro de ocorrência de acidentes com maior gravidade para o
trabalhador.

Com o grau de risco obtido após o enquadramento da empresa no quadro 1 e o número


de empregados, considerando inclusive os contratados para prestar serviços, faz-se o
enquadramento no quadro 2 –Dimensionamento dos SESMT, apresentado a seguir, para
verificação de quais os profissionais e a quantidade deverá integrar o SESMT da empresa.

Quadro 1 - Grau de risco em função do código da classificação nacional de atividades


econômicas (CNAE).

CNAE DESCRIÇÃO GRAU DE RISCO


45.1 Preparação do Terreno
45.11-0 demolição e preparação do terreno 4
45.12-8 perfurações e execução de fundações
destinadas à construção civil 4
45.13-6 grandes movimentações de terra 4
45.2 Construção de Edifícios e Obras de Engenharia Civil
edificações (residenciais, industriais,
45.21.7
comerciais e de serviços) - inclusive
ampliação e reformas completas 4
45.22-5 obras viárias - inclusive manutenção 4
45.23-3 grandes estruturas e obras de arte 4
45.24-1 obras de urbanização e paisagismo 3
45.25-0 montagens industriais 4
45.29-2 obras de outros tipos 3
Fonte: Atlas (2003, p. 45). (continua)
40

Quadro 1 - Grau de risco em função do código da classificação nacional de atividades


econômicas (CNAE) (continuação).

CNAE DESCRIÇÃO GRAU DE RISCO


45.3 Obras de infra-estrutura para Engenharia Elétrica, Eletrônica e Engenharia
Ambiental
45.31-4 construção de barragens e represas
para geração de energia elétrica 4
45.32-2 construção de estações e redes de
distribuição de energia elétrica 4
45.33-0 construção de estações e redes de
telefonia e comunicação 4
45.34-9 construção de obras de prevenção e
recuperação do meio ambiente 3
45.4 Obras de Instalações
45.41-1 instalações elétricas 3
45.42-0 instal.de sistemas de ar-condicionado,
de ventilação e refrigeração 3
45.43-8 prevenção contra incêndio, de pára-
raios, de segurança e alarme 3
45.49-7 outras obras de instalações 3
45.5 Obras de Acabamentos e Serviços Auxiliares da Construção
45.51-9 alvenaria e reboco 3
45.52-7 impermeabilização e serviços de
pintura em geral 3
45.59-4 outros serviços auxiliares da
construção 3
45.6 Aluguel de Equipamentos de Construção e Demolição com Operários
45.60-8 aluguel de equipamentos de
construção e demolição com
operários 4
Fonte: Atlas (2003, p. 45).
41

Quadro 2 - Dimensionamento dos serviços especializados em engenharia de segurança e


em medicina do trabalho (SESMT)

Grau N.º de Empregados no 50 a 101 a 251 a 501 a 1.001 2.001 3.501 Acima de 5000
de estabelecimento 100 205 500 1.000 a a a Para cada grupo
Risco 2000 3.500 5.000 De 4000 ou fração
Técnicos acima 2000**
Técnico Seg. Trabalho 1 1 1 2 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1*
1 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1*
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1*
Técnico Seg. Trabalho 1 1 2 5 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 1*
2 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 2 1
3 Aux. Enferm. do Trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 2 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
4 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1

Fonte: Atlas (2003, p.57).


(*) Tempo parcial (mínimo de três horas)
(**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o
dimensionamento de faixas de 3501 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000
ou fração acima de 2000.
OBS: Hospitais, Ambulatórios, Maternidade, Casas de Saúde e Repouso, Clínicas e
estabelecimentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um
Enfermeiro em tempo integral.

Por exemplo: uma empresa da construção civil que tem como atividade principal a
construção de edificações comerciais e industriais, enquadra-se no código CNAE 45.21-7.
Este código CNAE 45.21-7 no quadro 1 indica ser uma atividade de grau de risco 4. Se esta
empresa possuir 300 empregados, inclusive terceirizados, deverá de acordo com o quadro 2, a
seguir, possuir um SESMT constituído por: 3 técnicos de segurança do trabalho, 1 engenheiro
de segurança do trabalho em tempo parcial de no mínimo 3 horas diárias e 1 médico do
trabalho também em tempo parcial de no mínimo 3 horas.

Nesta norma encontram-se as atribuições dos profissionais integrantes dos Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SESMT das
empresas:
42

a) aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho


ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e
equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do
trabalhador;
b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do
risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de
Equipamentos de Proteção Individual-EPI, de acordo com o que determina a NR 6,
desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o exija;
c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações
físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea "a";
d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do
disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus
estabelecimentos;
e) manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas
observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5;
f) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação
dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,
tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente;
g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na
empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença
ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença
ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s)
indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s);
i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças
ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos
descritos nos modelos de mapas constantes nos quadros III, IV, V e VI, devendo a
empresa encaminhar um mapa contendo avaliação anual dos mesmos dados à
Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro, através do
órgão regional do MTb;
j) manter os registros de que tratam as alíneas "h" e "i" na sede dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou
facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o
método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições de
acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados
somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas "h" e "i" por um
período não inferior a 5 (cinco) anos;
l) as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente
prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se
tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de
catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao
salvamento e de imediata atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de
acidente estão incluídos em suas atividades (ATLAS, 2003, p. 29).

Além destas determinações que são conhecidas por todos profissionais da referida
área, pois possuem cursos específicos para poderem exercer a profissão, esta norma enfoca
também a obrigatoriedade do entrosamento permanente com a CIPA, inclusive para estudar
suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas.
43

2.6.1.2 Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA)

Todas as empresas estão obrigadas pela NR – 5, a constituir a CIPA, que terá por
atribuição:

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a


participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde
houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de
problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção
necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho
visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e
saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de
trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina
ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos
trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros
programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como
cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e
saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução
dos problemas identificados;
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham
interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção
da AIDS (ATLAS, 2003, p. 60).

2.7 GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO

Para Pacheco Junior, Pereira Filho e Pereira (1999), a atuação, das organizações em
gestão do SESMT, atualmente encontra-se com sérias restrições, especialmente o próprio
profissional da referida área:

Em geral, o profissional da área da segurança, medicina e higiene do trabalho tem


um dilema em relação à organização em que trabalha. Esse dilema traduz-se por
44

quem realmente é seu cliente: organização ou trabalhador? Tal questão é de


importância primária se se considerar que o profissional da segurança recebe seus
salários da organização, porém o foco de ação de suas atividades é sempre a
segurança e saúde dos trabalhadores, estes que, geralmente, num primeiro momento,
possuem objetivos distintos daqueles da organização na qual estão inseridos.
(PACHECO JUNIOR, PEREIRA FILHO E PEREIRA, 1999, p. 9).

Estes autores ressaltam também que o sucesso das atividades do profissional de


segurança e higiene do trabalho depende, da competência organizacional definida como sendo
"a capacidade para fazer, saber fazer e fazê-lo de maneira integrativa com as partes que
compõem o sistema global".(PACHECO JUNIOR, PEREIRA FILHO E PEREIRA, 1999, p.
10, grifo nosso). Nesse sentido, as ações devem estar de acordo com as estratégias, políticas e
objetivos planejados da organização e serem coerentes e integrativas.

Embora, as empresas atendam os preceitos legais quanto suas estruturas


organizacionais, Pacheco Junior, Pereira Filho e Pereira (1999), consideram que o SESMT,
deve estudar com a intensidade que as variáveis envolvidas exigirem, os diversos ambientes
da organização que se inter-relacionam. Nesse sentido, esclarecem:

Por exemplo, na subcontratação de serviços de pintura numa obra de construção


civil, ainda que a legislação trate sucintamente sobre a empresa contratante
assumir a responsabilidade da segurança do trabalho, não estão previstas as
conseqüências referentes à qualidade do produto para o usuário final e para os
próprios trabalhadores que executam os serviços. Portanto, o enfoque dado à
segurança, medicina e higiene do trabalho deve envolver questões conceituais de
qualquer organização, não somente buscando credibilidade, mas também gerando a
desejável competência organizacional. (PACHECO JUNIOR, PEREIRA FILHO E
PEREIRA, 1999, p. 53).

Desta forma, torna-se evidente que para a gestão estratégica do SESMT, a busca da
sinergia nas questões relativas à segurança e saúde ocupacional, entre todos os integrantes da
organização: SESMT; funcionários; terceirizados e inclusive a alta administração, deve ser
implementada e incentivada, para a concretização dos objetivos organizacionais. No próximo
capítulo abordaremos os métodos e as técnicas de pesquisa adotados na execução deste
trabalho.
45

3 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA

Para Vergara (1997, p. 12), "método é um caminho, uma forma, uma lógica de
pensamento". O método aplicado no desenvolvimento deste trabalho é o método de pesquisa
de survey, por possuir segundo Babbie (2001, p. 95) os seguintes objetivos gerais:

descrição: Surveys são freqüentemente realizados para permitir enunciados


descritivos sobre alguma população, isto é, descobrir a distribuição de certos traços e
atributos. Nestes o pesquisador não se preocupa com o porquê da distribuição
observada existir, mas com o que ela é;[...] explicação: Apesar da maioria dos
surveys visar, pelo menos em parte, à descrição, muitos têm o objetivo adicional de
fazer asserções explicativas sobre a população; e exploração: métodos de survey
podem também fornecer um “mecanismo de busca” quando você está começando a
investigação de algum tema [...]. Embora tivéssemos muitas idéias sobre o assunto,
receávamos haver desconsiderado alguns componentes adicionais da situação. Se
um grande estudo se baseasse somente em nossas preconcepções, corríamos o risco
de não pegar alguns elementos críticos. O método da pesquisa de survey oferece
uma técnica para resolver esta dificuldade (BABBIE, 2001, p. 96, grifo nosso).

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Neste estudo há a necessidade de se caracterizar o sistema de gestão dos Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) das
empresas de construção civil de Santa Catarina tomando como base o modelo fornecido pela
norma britânica BS 8800, da British Standards Institution, respondendo às seguintes
perguntas:

a) Quais são as orientações da BS 8800?

b) Quais as orientações que os SESMT das empresas de construção civil de Santa


Catarina adotam?

c) Qual é a situação das condições gerais das empresas de construção civil em relação
aos acidentes de trabalho produzidos no período compreendido entre os anos 2001
e 2003?

d) Existe diferença entre o sistema de gestão do SESMT adotado pelas grandes


empresas de construção civil de Santa Catarina e o adotado pelas médias?.

e) Quais são as dificuldades apresentadas no gerenciamento do SESMT?


46

Razão pela qual adota-se o método qualitativo de abordagem. Pois segundo Easterby-
Smith, Thorpe e Lowe (1999, p. 71), o método qualitativo de pesquisa é um dispositivo que
possibilita ao pesquisador a obtenção do discernimento de que necessita sobre pessoas e
situações. Servindo também “para ajudar os respondentes a pensar a respeito dos seus
próprios mundos e considerar, possivelmente pela primeira vez, a maneira pela qual
constroem sua realidade”. Vaan Maanen (apud Easterby-Smith, Thorpe e Lowe, 1999, p. 71)
define métodos qualitativos como: "uma série de técnicas interpretativas que procuram
descrever, decodificar, traduzir e, de alguma forma, chegar a um acordo com o significado,
não a freqüência, de certos fenômenos que ocorrem de forma mais ou menos natural no
mundo social".

O método aplicado é de pesquisa exploratória, qualitativa, em duas partes: documental


na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e de campo do tipo levantamento ou survey –
entrevista semi-estruturada.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Vergara (1997, p. 50), define população como sendo: "[...] conjunto de elementos
(empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características objeto de estudo".
As empresas integrantes da população, são as empresas de construção civil que atuam em
Santa Catarina.

Considerando, que o SESMT, é exigido para uma parcela da população, então a


amostra trata-se de amostra não probabilística selecionada por tipicidade, conforme
classificação definida por Vergara (1997), os sujeitos sociais que compõem a amostra são as
empresas de construção civil de Santa Catarina que satisfazem as seguintes condições:

− atuam em Santa Catarina, dentro do âmbito territorial da pesquisa e

− contam com o SESMT ativo cadastrado na Delegacia Regional do Trabalho.

Segundo a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) existem 43 empresas de construção


civil de Santa Catarina com o SESMT cadastrado. Após consulta junto às empresas verificou-
se que das 43 somente 8 possuem o SESMT ativo. Dentre os motivos pesquisados para a
desativação encontram-se:
47

• Falência como é o caso da famosa construtora Encol S/A Engenharia Comércio e


Indústria, que possuía 3 SESMT’s cadastrados;

• Término das obras como é, por exemplo, a duplicação da rodovia BR 101.

• Diminuição do número de empregados, a um número abaixo da exigência de


constituição do SESMT.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados nas empresas pertencentes ao conjunto da população


amostral através de entrevista."Nos Surveys por entrevistas, em vez de pedir aos respondentes
para lerem o questionário e escreverem as respostas, os entrevistadores perguntam oralmente
e anotam as respostas. [...] Surveys por entrevistas têm em geral mais altas respostas do que os
pelo correio" (BABBIE, 2001, p.259).

3.4 DADOS DOCUMENTAIS E OBSERVACIONAIS

Foram levantados os dados documentais através de pesquisa no cadastro da Delegacia


Regional do Trabalho (DRT), para coleta da relação das empresas de construção civil de
Santa Catarina que possuem SESMT. Também se levantou os dados referentes aos diversos
procedimentos adotados nas empresas: "dos trabalhadores, das questões conceituais e dos
processos organizacionais, em especial do serviço de segurança, medicina e higiene do
trabalho e suas áreas de influência" (PACHECO JUNIOR, PEREIRA FILHO E PEREIRA,
1999, p. 70).

Também se buscou os dados técnico-teóricos, mediante pesquisa bibliográfica em


livros, artigos, jornais, periódicos, e publicações especializadas, visando se obter a
sustentação apropriada à análise adequada dos dados.
48

3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

As entrevistas foram semi-estruturadas, que de acordo com Easterby-Smith, Thorpe e


Lowe (1999, p. 74) são métodos adequados quando:

a) é preciso compreender as elaborações que o entrevistado usa como base para suas
opiniões e crenças sobre um determinado assunto ou situação; b) um dos objetivos
da entrevista é desenvolver a compreensão do "mundo" do respondente de forma
que o pesquisador possa influenciá-la, de modo independente ou colaborativo [...].
Além disso elas são úteis quando: a) a lógica passo a passo de uma situação não está
clara; b. o assunto é altamente confidencial ou comercialmente sensível; c. o
entrevistado reluta em ser franco a respeito da questão, exceto de forma confidencial
e somente para uma pessoa (EASTERBY-SMITH, THORPE e LOWE, 1999, p. 74).

Ao tratar deste tipo de entrevista, Triviños (1987, p.146) esclarece:

podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral aquela que parte de


certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à
pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, frutos de
novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do
informante. Desta maneira o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu
pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo
investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa
(TRIVIÑOS, 1987, p. 146).

As entrevistas foram agendadas com o respectivo profissional do SESMT das oito


empresas de construção civil de Santa Catarina, por contato telefônico, após esclarecer o tema
a ser focado e o objetivo da pesquisa. Antes de iniciar a entrevista foi apresentado o projeto de
pesquisa visando à obtenção de uma descrição detalhada do sistema de gestão do SESMT
adotado pela empresa na qual o entrevistador está vinculado. Após a permissão dada pelos
respondentes para gravar a entrevista, iniciou-se a mesma com a apresentação do sistema de
gestão. De acordo com o seu desenvolvimento, os entrevistadores foram questionados sobre
alguns tópicos específicos de interesse aos objetivos da pesquisa.

A análise dos dados se fez pelo método designado por Easterby-Smith, Thorpe e Lowe
(1999, p. 105) como "teoria fundamentada". Desta maneira o pesquisador desenvolve temas e
padrões comuns ou contraditórios baseando-se nos dados referenciais de interpretação.
Principalmente por apresentar entre outras, as seguintes características: vai pelo sentimento,
indutiva, e testa temas, desenvolvendo padrões.

A teoria fundamentada funciona porque:


49

Ao invés de forçar dados dentro de suposições e categorias obtidas através de


deduções lógicas, a pesquisa deve ser usada para gerar uma teoria fundamentada, a
qual "se encaixa" e "funciona" porque é derivada dos conceitos e categorias usados
pelos próprios agentes sociais para interpretar e organizar seus mundos (JONES
apud EASTERBY-SMITH, THORPE e LOWE, 1999, p. 74).

Neste trabalho, a adoção deste método permitiu a descrição, com profundidade dos
sistemas de gestão do SESMT adotados pelas empresas. Possibilitou a descoberta de formas
de gestão integrada do SESMT com todas as atividades desenvolvidas na organização. de
maneira integrada que apresentam índices baixíssimos de acidentes. No próximo capítulo
estão descritos as características das empresas pesquisadas e a análise dos dados.
50

4 CARACTERÍSTICAS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo dados gerais da indústria da construção revelados na pesquisa anual da


indústria da construção do IBGE, em 2002 este setor contava com 122 mil empresas que
empregava 1,4 milhão de pessoas com gastos de pessoal acima de 17,8 bilhões de reais no
Brasil. A receita operacional líquida foi superior a 77,6 bilhões de reais.

Em Santa Catarina, com 6.858 empresas, e 47.573 pessoas empregadas em 2002,


divididas conforme demonstrado na tabela 3, a construção civil ocupava o oitavo lugar em
número total de empregos ofertados no estado.

Tabela 3 - Quantidade de empresas e empregados na indústria da construção civil em


Santa Catarina por porte de empresa em 2002.

PORTE DA EMPRESA TOTAL


TIPO Nº DE PESSOAS Nº EMPRESAS Nº EMPREGADOS
MICRO 0A9 5.936 12.713
PEQUENA 10 A 49 791 15.962
PEQUENA 50 A 99 83 5.548
MÉDIA 100 A 499 41 7.299
GRANDE 500 E MAIS 7 6.051
TOTAL 6.858 47.573
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA.

Conforme se verifica na Tabela 4, em 2002 as atividades que concentravam maior


número de empregados eram aquelas relacionadas com a construção de edifícios e obras de
engenharia civil absorvendo 65,7% do total da mão-de-obra da construção civil em Santa
Catarina.
51

Tabela 4 - Quantidade de empregados na indústria da construção civil em Santa


Catarina por grupo de atividades enquadradas na classificação nacional de atividades
econômicas (CNAE) em 2002.

CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES Nº EMPREGADOS %


45.1 Preparação do terreno 3.354 7,1
45.2 Construção de edifícios e obras de engenharia civil 31.259 65,7
45.3 Obras de infra-estrutura para energia elétrica e para 1.917 4,0
telecomunicações
45.4 Obras de instalações 6.077 12,8
45.5 Obras de acabamento 4.914 10,3
45.6 Aluguel de equipamentos de construção e demolição 52 0,1
TOTAL 47.573 100
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA.
52

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram extraídos das entrevistas transcritas no apêndice A e das informações


enviadas por e-mail e por telefone. Eles foram analisados e comparados com as orientações
contidas na BS 8800. Para melhor visualização do nível de aderência aos preceitos da norma
está assinalado, para cada empresa pesquisada, cada item atendido, conforme demonstrado no
quadro 7 – Resumo da análise de atendimento aos elementos da norma BS8800.

Quadro 3 - Características da indústria de construção civil de Santa Catarina com


SESMT ativo.

EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA COM


CARACTERÍSTICAS SESMT ATIVO
ALFA BETA GAMA DELTA ÉPSILON ZETA ETA TÉTA
Ano de fundação 1967 1995 1966 2003 1980 1975 1979 1979
Número de funcionários atualmente 440 260 1900 170 220 170 500 70
Composição do SESMT na empresa:
Técnico de segurança do trabalho 2 2 13 1 2 2 2 1
Engenheiro de segurança do trabalho 0 0 1 0 1 1 1 0
Auxiliar de enfermagem do trabalho 1 0 5 0 0 0 0 0
Médico do trabalho 1 1 1 1 1 1 1 0
9001 e
Certificação pela norma ISO não não Não 9002 não não não
14001
Nível de certificação PBQP-H D - - - A A - -
ANO INFORMAÇÕES DO ANEXO II DA NR-18:
N° de funcionários em 31.12: N. I. 235 3.679 N. O. 300 154 312 N. I.
2001 N° de acidentes sem afastamento N. I. N. R. 22 N. O. 1 0 3 N. I.
N° de acidentes com afastamento N. I. 2 2 N. O. 0 0 1 N. I.
N° de funcionários em 31.12: 318 214 20.358 N. O. 300 162 309 N. I.
2002 N° de acidentes sem afastamento 1 N. R. 108 N. O. 1 1 2 N. I.
N° de acidentes com afastamento 0 3 5 N. O. 0 0 6 N. I.
N° de funcionários em 31.12: 252 152 18.586 N. I. 300 160 381 N. I.
2003 N° de acidentes sem afastamento 1 N. R. 133 N. I. 1 3 5 N. I.
N° de acidentes com afastamento 2 1 4 N. I. 0 0 7 N. I.
Fonte: dados da pesquisa.
Legenda:
N. I. – não informado.
N. R. – não registrado no anexo II da NR-18.
N. O. – não operava.

Nível de certificação PBQP-H – Nível de certificação do Programa Brasileiro de Qualidade e


Produtividade do Habitat descrito no anexo A.
53

5.1 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS

A seguir são apresentados alguns aspectos das empresas entrevistadas tais como: ramo
de atividade, ano de fundação, profissionais registrados no SESMT; a quantidade de acidentes
registrados no período compreendido entre os anos 2001 e 2003 e dados sobre certificação de
programa de qualidade.

- Empresa ALFA:

Fundada em 1967, a empresa ALFA é uma construtora sediada em Blumenau (SC).


Dedica-se principalmente à construção de edificações comerciais e industriais, pontes, obras
de saneamento e tratamento de efluentes. Conta com aproximadamente 90 funcionários
próprios e cerca de 350 terceirizados, porém todos estão incluídos no sistema de gestão do
SESMT. O SESMT é formado por dois técnicos de segurança do trabalho e um auxiliar de
enfermagem que são funcionários da empresa. Os serviços do médico do trabalho são
prestados pelo SECONCI. Em 2002 contava com 318 colaboradores e neste período registrou
1 acidente sem afastamento. Em 2003 eram 252 colaboradores com registro de 1 acidente sem
afastamento e 2 acidentes com afastamento. A empresa ALFA possui certificação do
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), nível D.

- Empresa BETA:

Fundada em 1995, a empresa BETA é uma empreiteira de mão de obra do ramo da


construção civil, sediada em Palhoça (SC). Tem como atividade principal a construção de
edifícios residenciais. Possui aproximadamente 260 funcionários e conta no SESMT com dois
técnicos de segurança do trabalho que são funcionários da empresa BETA. Os serviços do
médico do trabalho são prestados pelo SECONCI. Atuava em 2001 com 235 funcionários e
registrou somente 2 acidentes com afastamento neste período. Em 2002 contava com 214
funcionários e registrou somente 3 acidentes com afastamento. Registrou 1 acidente com
afastamento em 2003, quando contava com 152 funcionários. Não registrou os acidentes sem
afastamentos nestes períodos.
54

- Empresa GAMA:

Trata-se de uma unidade organizacional de uma indústria da construção civil pesada,


fundada em 1966 e sediada em São Paulo (SP), que atua na construção de diversos tipos de
obras, tais como: usinas hidrelétricas; rodovias; metrôs; edificações comerciais e industriais;
sistemas de tratamento de águas e esgotos; portos; aeroportos; gasodutos e dutos para cabos
óticos enterrados. A empresa GAMA está, desde 2001, instalada em Campos Novos (SC),
para a construção de uma usina hidrelétrica. Tem atualmente cerca de 1400 funcionários
próprios e cerca de 500 terceirizados. A equipe que compõe o SESMT é formada por: 1
engenheiro de segurança do trabalho; 1 médico do trabalho; 13 técnicos de segurança do
trabalho e 5 auxiliares de enfermagem do trabalho. Todos são funcionários da empresa
GAMA. Exerceu suas atividades em 2001, com 3.679 colaboradores tendo registrado neste
ano 22 acidentes sem afastamento e 2 acidentes com afastamento. Em 2002, com 20.358
colabores registrou 108 acidentes sem afastamento e 5 com afastamento. Em 2003, registrou
133 acidentes sem afastamento e 4 acidentes com afastamento, quando contava com 18.586
colaboradores. A empresa GAMA, a partir de um sistema integrado de gestão, conquistou as
certificações ISO9001 e ISO14001 no escopo Execução de Obras Civis e Montagem
Eletromecânica de Usinas Hidrelétricas. São realizadas auditorias internas para determinar se
o sistema integrado de gestão está de acordo e adequado aos requisitos das normas ISO.

- EMPRESA DELTA:

Sediada em Concórdia (SC) e fundada em 2003, a empresa DELTA tem o SESMT,


instalado no canteiro de obras de uma pequena central hidrelétrica na divisa dos municípios
de Barracão(RS) e Esmeralda(RS). Iniciou a obra em julho de 2004 e começou a contar com o
SESMT somente em dezembro de 2004. Atualmente trabalham na obra aproximadamente 170
pessoas. O SESMT conta apenas com 1 técnico de segurança do trabalho e os serviços do
médico do trabalho são terceirizados.
55

- EMPRESA ÉPSILON:

A empresa ÉPSILON, com sede em Florianópolis (SC), iniciou suas atividades em


1980 e dedica-se à construção de redes de gasodutos. Tem atualmente 220 funcionários
aproximadamente. O SESMT possui dois técnicos de segurança do trabalho e 1 engenheiro de
segurança do trabalho, também funcionários da empresa. Os serviços relativos ao médico do
trabalho são terceirizados. Contando com aproximadamente 300 funcionários entre 2001 e
2003, registrou 1 acidente sem afastamento em cada ano. A empresa ÉPSILON tem
certificação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, nível A.
Também possui certificação pela ISO9002.

- EMPRESA ZETA:

Com atuação predominante na construção de edifícios residenciais, a empresa ZETA,


está sediada em São José (SC). Atualmente com cerca de 170 funcionários, iniciou suas
atividades em 1975. O SESMT está formado por 1 engenheiro de segurança do trabalho, 2
técnicos de segurança do trabalho e 1 médico do trabalho. Em 2001 com 154 funcionários
não há registro de ocorrência de acidentes. Em 2002, contava com 162 funcionários e
registrou 1 acidente sem afastamento. Em 2003 registrou 3 acidentes sem afastamento. A
empresa ZETA possui certificação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade,
nível A.

- EMPRESA ETA:

Sediada em Criciúma (SC), a empresa ETA atua basicamente na construção de


edificações residenciais em: Criciúma (SC); Florianópolis (SC); Içara (SC); Laguna (SC) e
Balneário Camboriú. Fundada em 1990, conta atualmente com cerca de 500 funcionários. O
SESMT é formado por: 2 técnicos de segurança do trabalho; 1 engenheiro de segurança do
trabalho e 1 médico do trabalho. Os técnicos e o engenheiro são funcionários e o médico do
trabalho é terceirizado. Os técnicos não dedicam oito horas diárias para o exercício de suas
atividades na empresa, como exige a NR – 4. A empresa registrou 1 acidente com afastamento
e 3 acidentes sem afastamento em 2001. Contava na época com 312 funcionários. Em 2002,
com aproximadamente 309 funcionários, registrou 6 acidentes com afastamento e 2 acidentes
sem afastamento. Em 2003, registrou 5 acidentes sem afastamento e 7 acidentes com
afastamento quando contava com 381 funcionários.
56

- EMPRESA TÉTA:

A empresa TÉTA, com aproximadamente 70 funcionários, dedica-se principalmente à


construção e pavimentação de estradas de rodagem. Fundada em 1979 e com sede em
Florianópolis (SC), tem o SESMT no canteiro de obras em Itá (SC), na pavimentação da
rodovia SC-466, rodovia que liga Seara (SC) a Itá (SC). O SESMT conta com 1 técnico de
segurança do trabalho. O Técnico de segurança prestou algumas informações, porém não
permitiu gravar a entrevista, por ser ordem expressa da diretoria da empresa. O serviço
relativo à medicina do trabalho é terceirizado.

5.2 ANÁLISE DOS DADOS

Easterby-Smith, Thorpe e Lowe (1999, p. 108), consideram que há sete estágios


principais para o método de análise da teoria fundamentada: familiarização, reflexão,
conceituação, catalogar conceitos, recodificação, ligação e reavaliação. Estes estágios são
desenvolvidos a seguir, com exceção da reavaliação que é apresentada no capítulo 5.

Na fase de familiarização foram ouvidas as entrevistas gravadas e transcritas para


compor o apêndice A. As anotações de algumas informações fornecidas posteriormente por
telefone e informações enviadas por e-mail foram igualmente relidas. Foram transcritas as
anotações das informações prestadas pelo profissional do SESMT da empresa TÉTA.
Também foram relidas a norma BS8800 e as normas regulamentadoras: NR-4 – Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT); NR-5 –
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA; NR-18 – Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção; NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO) e NR-9 – Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA).
Foram pesquisados os requisitos dos níveis do Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade do Habitat (PBQP-H), descritos no anexo A. Nesta etapa foram identificados
alguns aspectos, tais como: que o nível D do PBQP-H é o nível de ingresso ao programa que
prescreve um número mínimo de itens a serem atendidos e que as condições do ambiente de
trabalho somente são verificadas no nível A. Foi identificado também que quando a empresa
atinge o nível A está apta a solicitar a certificação pela norma ISO9001.

No estágio de reflexão, concluiu-se que o método utilizado permite:


57

- caracterizar os sistemas de gestão do SESMT existentes nas empresas de construção


civil de Santa Catarina;

- descobrir diferenças significativas entre estes sistemas;

- verificar a influência positiva dos programas de qualidade na valorização das


questões relacionadas à segurança e saúde ocupacional, e os respectivos resultados; e

- verificar com detalhes as características de sistemas que apresentam alto grau de


sucesso.

No início da etapa de conceituação foram selecionados os conceitos e variáveis que


parecem importantes para a compreensão do que está acontecendo na gestão do SESMT. Em
seguida, verificou-se que os conceitos dos elementos do sistema de gestão proposto pela
norma BS8800, utilizados na pesquisa, constam no item 2.4 – “Sistemas de Gestão de Saúde e
Segurança Industrial”. Posteriormente, aos conceitos técnicos e abreviaturas mencionados
pelos entrevistados aplicamos as variáveis explicativas.

Da fase de catalogar conceitos e recodificação resultaram o glossário de termos


técnicos que consta no apêndice B e a lista de abreviaturas e siglas, onde foram transcritos os
conceitos técnicos e as abreviaturas que se encontram na pesquisa, e apresentados seus
significados.

O estágio de ligação consistiu em ligar todas as variáveis reconhecidamente


importantes. Para isto tomou-se como referência os elementos da norma BS8800 e foram
indicadas as referências de cada elemento contidas nas entrevistas de cada empresa,
apresentadas a seguir:

a) Levantamento da Situação Inicial:

A empresa deverá considerar:

• requisitos da legislação;

• orientação existente quanto ao gerenciamento de S&SO;

• melhores práticas e desempenho do setor e


58

• eficiência e eficácia dos recursos existentes.

Uma característica evidente de que a empresa considera os requisitos da legislação na


gestão da segurança e saúde ocupacional, diz respeito ao dimensionamento do SESMT. Neste
sentido, a empresa deverá atender o disposto no quadro 2 - Dimensionamento do SESMT,
apresentado no item 2.6.1.1.

Aplicando o dimensionamento previsto no quadro 2, a partir do número de


empregados o SESMT e o grau de risco das atividades desenvolvidas cada empresa deveria
ter um SESMT com a composição descrita no quadro 4 .

Quadro 4 – Dimensionamento do SESMT de acordo com a NR-4.

EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA COM


CARACTERÍSTICAS SESMT ATIVO
ALFA BETA GAMA DELTA ÉPSILON ZETA ETA TÉTA
Número de funcionários
440 260 1900 170 220 170 500 70
atualmente
CNAE 45.21-7 45.21-7 45.23-3 45.21-7 45.29-2 45.21-7 45.21-7 45.22-5
Grau de risco 4 4 4 4 3 4 4 4

Integrantes do SESMT:
Técnico de segurança do
3 3 5 2 1 2 3 1
trabalho
Engenheiro de
1* 1* 1 1* 0 1* 1* 0
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem
0 0 1 0 0 0 0 0
do trabalho
Médico do trabalho 1* 1* 1 1* 0 1* 1* 0
Legenda: (*) Tempo parcial (mínimo de três horas).

Fonte: Atlas (2003) e dados da pesquisa.

O quadro 5, a seguir, apresenta a composição do SESMT nas empresas pesquisadas.


59

Quadro 5 – Composição do SESMT existente nas empresas.

EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA COM


CARACTERÍSTICAS SESMT ATIVO
ALFA BETA GAMA DELTA ÉPSILON ZETA ETA TÉTA
Número de funcionários
440 260 1900 170 220 170 500 70
atualmente
Composição do SESMT na empresa:
Técnico de segurança do
2 2 13 1 2 2 2 1
trabalho
Engenheiro de segurança
0 0 1 0 1 1 1 0
do trabalho
Auxiliar de enfermagem
1 0 5 0 0 0 0 0
do trabalho
Médico do trabalho 1 1 1 1 1 1 1 0

Fonte: dados da pesquisa

Comparando o exigido pela legislação apresentado no quadro 4 e a composição do


SESMT existente nas empresas constante no quadro 5, se conclui que:

• A empresa GAMA e ÉPSILON, são as únicas empresas que superam as exigências


da NR-4;

• As empresas ZETA E TÉTA atendem as exigências da NR-4;

• As empresas ALFA, BETA, DELTA e ETA não atendem as exigências da NR-4.

O SESMT da construção civil deverá atender o disposto na NR-4 – Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e na NR – 5 –
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Os procedimentos operacionais
específicos para as atividades da construção civil, a serem observados de acordo com a
legislação sobre segurança e higiene do trabalho no Brasil, estão descritos na NR-18 –
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção que devem estar
contemplados no Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção (PCMAT). Também deverão ser atendidos os procedimentos previstos na NR-7 –
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO). A NR-9 – Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais aplica-se aos locais onde se desenvolvem outras atividades,
como por exemplo escritórios.

Verificou-se o atendimento à legislação nas seguintes citações das entrevistas:


60

- EMPRESA ALFA

Na contratação de uma obra, quando a empresa ALFA entra na licitação e ganha


uma obra é chamado o departamento de segurança representado por mim e são
estudadas as condições a serem desenvolvidas na obra civil: o ritmo de atividade se
é trabalho de altura se é trabalho no baixo, é elaborado o PCMAT, que é o item 18.3
da NR 18 que é um programa de controle do meio ambiente da industria da
construção é elaborado o PPRA é elaborado o PCMSO é uma garantia para nós e é
prioridade.

- EMPRESA BETA

Nós trabalhamos aqui dentro com o PCMSO, que é o laudo do médico, que ele diz
para a gente como que devemos operar com a parte médica, qual o compromisso que
nós temos com a saúde dele. Tem também o PPRA, que é o que diz respeito ao meio
ambiente da construção civil, quais os riscos que eles estão expostos, onde entra o
treinamento para dizer para eles como é que eles têm que trabalhar aqui dentro.
Existe também a CIPA, dentro da empresa que ajuda muito esta parte de segurança
do trabalho porque ela existe, é funcional.
O PCMAT da construtora que fica no escritório da construtora porém eu tenho livre
acesso para usá-lo e contar como uma das informações para o treinamento porque ali
vai conter os laudos do que se espera para esta obra, o engenheiro vai dizer no laudo
dele ali o que ele realmente quer esperar da gente faça nesta obra.

- EMPRESA GAMA

Nós temos o nosso PCMAT que é específico da construção civil, onde são descritas:
as atividades, os setores, quais são os riscos mais freqüentes de cada atividade, quais
são os EPI’s obrigatórios e necessários, quais são os equipamentos de proteção
coletiva, as normas básicas de segurança de cada atividade. É um documento é
elaborado pelo SESMT e tem a aprovação do nosso gerente de obra. Ele é
responsável juntamente com o engenheiro de segurança de garantir a aplicação deste
procedimento que é o PCMAT.
Como falei anteriormente, nossa obra aqui é grau de risco 4, praticamente todas as
normas regulamentadoras são aplicadas, com exceção da NR 14 – fornos que não é
aplicada o restante é identificado no nosso empreendimento.
[...] temos o PPRA, onde nós controlamos os riscos, onde é feito os procedimentos
de controles dos riscos básicos: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e
de acidentes.
[...] nós temos CIPA constituída aqui no empreendimento. Nossa CIPA é hoje pela
NR 5, nós temos 9 titulares e 7 suplentes, tanto da empresa como do empregador, ao
todo nós temos 32 representantes da CIPA.

- EMPRESA DELTA

A gente pega mais a NR 18 na construção civil. E a gente se baseia bastante na parte


do PCMAT e do PPRA.

[...] a gente faz exame e o médico faz a anamnese, preenche um questionário, faz
tudo para realmente ver as condições do funcionário depois de acontecer um caso.

No mês retrasado foi feito a CIPA. Eles vieram e fizeram o curso para os cipeiros.
Depois de mais um tempo, tinha um estagiário que era um bombeiro. A gente
61

aproveitou e reuniu uma turma maior além dos da CIPA e foi feito um treinamento
de combate incêndio.

- EMPRESA ÉPSILON

Temos o PPRA, o PCMAT [...]


- Então tem o PCMAT, o PPRA e o PCMSO?
- Exatamente. Também temos a CIPA, comissão interna de prevenção de acidentes,
que se reúne uma vez por mês, em nível ordinário. Existe um calendário, uma
programação, horário, local e tudo. Antes a gente está sempre junto.

- EMPRESA ZETA
Agora recentemente foi eleita a nossa CIPA.

- Então é baseado no PCMAT, no PPRA e no PCMSO.


- Isto. Na realidade o PPRA que é feito aqui da sede, a gente faz o levantamento, a
avaliação mensal. Chega no final do ano tem que ter uma avaliação nova e a gente já
tem todo um histórico mensal das aplicações que a gente teve. A gente faz uma
programação no final do ano a gente avalia o que foi feito e as metas para o ano
seguinte. No PCMAT específico para a construção civil, a gente faz todo o
funcionamento do canteiro de obra.

- EMPRESA ETA

Então como a gente tem a CIPA constituída dentro da empresa. A gente vai para a
reunião da CIPA. A gente discute as situações e entre os membros, a gente reúne
toda a obra. A gente faz uma reunião em cada obra por mês. A gente faz a reunião
da CIPA numa obra no outro mês vai ser em outra obra. E nessas reuniões a gente
faz o treinamento.[...]Nós temos o PCMAT. O PCMAT é característico somente
para acima de 20 funcionários em obra. Mas a gente geralmente adota o PCMAT até
porque é uma forma... Só que o problema é o seguinte: o PCMAT é um documento
extremamente extenso que ninguém lê. Ele só é feito para cumprir tabela. O PPRA a
gente não tem hoje na empresa. Não está sendo executado. Tem o PCMSO este é
feito regularmente, todo ano.

- EMPRESA TÉTA

O Técnico de segurança utiliza: a NR 18, o PCMAT e o PCMSO, como base de


informações para suas ações quanto à segurança do trabalho.
62

Quadro 6 – Referências de páginas com citações de atendimento à legislação contidas no


apêndice A.

EMPRESA CIPA PCMAT PCMSO PPRA


ALFA - Pág. 69 Pág. 69 Pág. 69
BETA Pág. 77 Pág. 78 Pág. 76 Pág. 76
GAMA Pág. 83 Pág. 82 Pág. 82 Pág. 82
DELTA Pág. 94 Pág. 90 Pág. 91 Pág. 90
ÉPSILON Pág. 98 Pág. 98 Pág. 98 Pág. 98
ZETA Pág. 100 Pág. 100 Pág. 100 Pág. 100
ETA Pág. 105 Pág. 107 Pág. 107 -
TÉTA - Pág. 110 Pág. 110 -
Fonte: as entrevistas.

Analisando o quadro 6 conclui-se que:

• As empresas ALFA e TÉTA não demonstraram interação com a CIPA ao


descrever o sistema de gestão do SESMT;

• As empresas ETA e TÉTA deveriam elaborar o PPRA, para o escritório central e


outras dependências da construtora que possuam funcionários trabalhando, exceto
a própria obra que está coberta pelo PCMAT.

Na questão de atendimento à legislação concluímos que as únicas empresas que


atendem perfeitamente todos os requisitos exigidos são: GAMA, ÉPSILON e ZETA.

Pode-se considerar que as empresas que atendem os requisitos referentes à legislação


demonstram efetiva consideração à orientação do gerenciamento do SESMT. As empresas
que não atendem sequer o mínimo exigido pela legislação demonstram ter uma orientação
deficiente para um gerenciamento do SESMT mais eficaz. Portanto, considera-se que as
empresas: GAMA, ÉPSILON e ZETA possuem uma orientação para o gerenciamento efetivo
do SESMT.

As melhores práticas e desempenho do setor de segurança e saúde ocupacional são


ressaltados nos diálogos diários de excelência (DDE), praticados pela empresa GAMA: “[...]
63

nós temos o DDE, diálogo diário da Excelência, antigamente era DDS, era específico da
segurança, hoje com a introdução do sistema de qualidade na empresa passou a ser chamado
de DDE, diálogo diário de excelência”. Também pode ser verificado nos diálogos diários de
segurança (DDS), praticados pelas empresas: DELTA: “Como não tenho muito tempo para
cuidar da parte da documentação e do campo, a gente adota o sistema de DDS (diálogo diário
de segurança).”; ÉPSILON: “A gente tem uma outra ferramenta de trabalho muito boa que a
gente utiliza que é o DDS (diálogo diário da segurança). Antes do início do trabalho de cada
atividade a gente faz o DDS.”, e TÉTA: “As equipes de trabalho realizam o DDS, diálogo
diário da segurança, todos os dias”. O DDE que aborda inclusive as questões de qualidade e
meio ambiente, ou DDS que ocorre todo os dias nos primeiros 10 minutos, para tratar das
operações a serem realizadas no dia e dos cuidados a serem seguidos inclusive com
compartilhamento de experiências entre os integrantes, denota a adoção das melhores práticas
do setor. As demais empresas fazem as inspeções de maneira corretiva. Conclui-se que as
empresas: GAMA, DELTA, ÉPSILON e TÉTA atendem este item da norma BS8800.

Com relação à eficiência e eficácia dos recursos existentes em matéria de segurança e


saúde ocupacional observa-se que são levantadas nas auditorias realizadas pelas
certificadoras de qualidade das empresas:

- ALFA:

[...] dentro da qualidade, duas vezes por ano, a qualidade tem um formulário que
manda aos clientes, relacionando, se não me engano, dezoito itens e destes dezoito
itens três são relacionados à segurança do trabalho: o uso de equipamentos de
proteção, desenvolvimento de equipamento de proteção coletiva e o setor de
segurança do trabalho naquilo que diz respeito a acidentes do trabalho, ao
gerenciamento deste setor na obra, na frente de trabalho. Este formulários vai ao
cliente, que analisa tudo dá notas de 5 a 10 ou insatisfeito que seria abaixo de 5.
Volta para nós, vai ao setor de qualidade, a cada dois meses é feita uma reunião de
qualidade, na qual todos os itens levantados ali é questionado um a um. Aonde
chega na segurança do trabalho, os porquês, os contras, os prós, é questionado e é
levantado onde podemos melhorar, o que devemos manter, aquilo que trás resultado.
Então isso é de praxe na empresa ALFA, é bem visto isto.

- ZETA:

No nível A que realmente o pessoal vai atentar pela segurança do trabalho. Eu


lembro na última auditoria a auditora pegou a NR 18, a norma regulamentadora 18.
Pegou um item, e disse: eu quero ver sobre aleatoriamente qual é o item. E
casualmente era sobre livros de inspeção de elevadores. Nós tínhamos os livros e
tal... Aleatoriamente um item de segurança do trabalho, eu quero ver se vocês
cumprem a norma. Poderia ter pegado qualquer um outro e esse foi sobre elevadores
de obra.
64

Na empresa GAMA, além das auditorias realizadas pelas certificadoras, há as auditorias


internas:

Nós temos uma equipe qualificada para auditoria interna. É feito treinamento com a
certificadora. Nós temos a certificação da ISO9000 e da 14001. Nós realizamos uma
auditoria interna, a gente faz uma análise entre as áreas, vai identificar alguma
irregularidade no outro setor e vice-versa. Em seguida, tem uma auditoria externa
que é do órgão de certificação.

Também são consideradas por ocasião das auditorias efetivadas pelas certificadoras de
qualidade das empresas contratantes das empresas:

- DELTA:

A empresa que contratou a empresa DELTA tem o selo de qualidade. Até no mês de
março teve uma auditoria externa para ver se ela continua com o selo ou não. Com
isso eles cobram dos empreiteiros também.

- ÉPSILON:

A gente é auditado pelo contratante na parte de segurança. As visitas não são


programadas.

Considera-se também nos controles feitos na aplicação dos checklists na empresa


ÉTA. Portanto somente nas empresas BETA e TÉTA não se evidenciou este elemento de
análise.

As organizações que consideram a execução de um levantamento inicial dos


dispositivos existentes para o gerenciamento de S&SO, contemplando todos os quesitos são as
empresas: GAMA e ÉPSILON.

b) Política de S&SO.

Este item de análise indica as características da política adotada pela alta


administração da empresa quanto às ações de segurança e saúde ocupacional. Este elemento
indica a necessidade de se verificar se a empresa:
65

• reconhece a S&SO como parte integral do seu negócio;

• compromisso em obter elevado índice de desempenho em S&SO;

• proporciona recursos adequados e apropriados;

• estabelece e publica os objetivos de S&SO;

• coloca o gerenciamento de S&SO como responsabilidade primordial da gerência


de linha;

• assegura a sua compreensão, implementação e manutenção em todos os níveis;

• promove o interesse dos empregados;

• revisa periodicamente a política e o sistema.

• assegura que os empregados de todos os níveis recebam treinamentos e sejam


competentes para executar suas tarefas e responsabilidades.

O reconhecimento do SESMT como parte integral do seu negócio pode ser verificado
no atendimento à legislação à segurança e saúde ocupacional. Portanto, o atendimento a este
quesito é verificado nas empresas GAMA, ÉPSILON e ZETA.

A única empresa que demonstra de forma efetiva o compromisso em obter elevado


índice de desempenho em S&SO é a empresa GAMA, com a implantação de uma competição
entre os colaboradores e os encarregados:

Este jogo consiste em identificar: a condição insegura, atos inseguros, incidentes,


acidentes com danos materiais, acidentes com danos ao meio ambiente, acidentes
com danos físicos. Nós temos o cartão do jogo que fica disponibilizado em todas as
frentes de serviço. É uma competição sadia entre a equipe dos colaboradores e a
equipe da supervisão, o chefe da obra e o SESMT são os juízes do jogo.

O compromisso está evidente na destinação de R$ 1.000,00 por mês para as seis


melhores contribuições à melhoria das condições de segurança pela indicação dos atos
inseguros por parte dos encarregados e das condições inseguras apontadas pelos
colaboradores.
66

O SESMT, depende basicamente dos profissionais. As empresas que possuem o


dimensionamento do SESMT, no mínimo de acordo com o que pede a legislação, atendem a
condição básica na destinação de recursos adequados e apropriados. Das empresas que se
enquadram neste critério de análise: GAMA, ÉPSILON e ZETA, descarta-se a empresa
ZETA em virtude das restrições por parte do empresário quanto ao entendimento da
necessidade de investimento em S&SO apontadas pelo respondente:

Um dos maiores problemas é digamos assim o dialogo entre diretoria e o serviço


especializado. Muitas das vezes é lógico, a gente não cria nada mirabolante.
Programas e aquisição de ferramentas, tudo com o aval da diretoria. Mas, há
digamos assim certa restrição do empresário, que a área da segurança do trabalho
não é um investimento é um custo.

A única empresa que estabelece e publica os objetivos da segurança e saúde


ocupacional é a empresa GAMA, estabelece nas normas corporativas que as empresas de
construção civil sigam na íntegra o que vem disposto na NR 18:

Nas normas da empresa. Inclusive normas corporativas e a nossa legislação


determinam que as empresas de construção civil sigam na íntegra o que vem
disposto na NR 18. Esta NR 18 é exclusivamente para a área de segurança,
condições do meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil.

A empresa GAMA também é a única a evidenciar que o próprio encarregado da frente


de serviço deve elaborar a APT, análise prevencionista da tarefa, assessorado pela segurança
do trabalho. Nesta APT, estão destacadas quais as medidas a serem adotadas e quais os
responsáveis diretos pela adoção das mesmas:

Então, toda atividade executada na obra tem uma APT específica. Esta APT é
elaborada pelo responsável da frente de serviço, no caso o encarregado, assessorado
pela segurança do trabalho, é feito em conjunto um documento. Neste documento
são descritas as atividades, os riscos de cada atividade, quais são as medidas de
prevenção e os responsáveis diretos pela adoção destas medidas que eu relatei.

Apenas a empresa GAMA, entre as empresas pesquisadas, demonstrou assegurar a


compreensão, implementação e manutenção da política de em todos os níveis da organização
com a implementação da competição entre os encarregados e colaboradores com direito a
prêmios e com a realização de auditorias internas periódicas que objetivam a melhoria
contínua dos seus processos:

Em seguida, tem uma auditoria externa que é do órgão de certificação.


- A cada quanto é realizada a auditoria?
67

- Esporadicamente e a cada seis meses. Sempre com o objetivo principal de


melhorar o processo.

Pode-se considerar que a competição entre os colaboradores e os encarregados na


busca das melhores condições do ambiente de trabalho caracteriza a promoção do interesse
de todos os empregados da empresa GAMA.

Os treinamentos realizados pelo SESMT foram identificados nas seguintes empresas:

- ALFA:

Na contratação de profissionais técnicos que vão atender ao canteiro específico é


levado ao seu conhecimento todas as exigências internas porque na empresa ALFA
foi criado procedimentos internos para empresas prestadoras de serviço, esse
procedimento interno veio auxiliar a gente a manter um nível dentro deste
procedimento para alcançar os nossos objetivos. Esses profissionais na área de
segurança eles passam por um treinamento observando as NR’s, este procedimento é
balizado nas NR’s no manual de legislação.

- BETA:

Na mesma semana em que ele entra, já passa pelo processo de treinamento


admissional [...]Dentro deste treinamento ele deve estar consciente quais são os
direitos e obrigações dele e a nossa para com ele. Daí vem a responsabilidade da
parte da higiene dele, onde entra dentro do padrão do SESMT que a pessoa tem que
estar além de segurada ela tem que ter higiene para estar em segurança.

- GAMA:

Todo funcionário que entra na empresa ele passa por um treinamento, no primeiro
dia de serviço dele, ele passa dentro de uma sala recebendo informações de
segurança do trabalho, informações de meio ambiente, informações de qualidade e
informações da parte administrativa, ou seja, regulamentos e normas internas da
empresa. Esse treinamento de integração termina com a entrega dos equipamentos
de proteção individual, uma ficha de compromisso da utilização e um compromisso
de que ele recebeu as informações necessárias com relação à utilização daqueles
EPI’s.

- ÉPSILON:

Às vezes entra pedreiro e o que mais é admitido é ajudante, então a gente pega os
ajudantes reúne todos os ajudantes e fala especificamente as instruções para a
atividade dele.

- ETA:

A gente vai para a reunião da CIPA. A gente discute as situações e entre os


membros, a gente reúne toda a obra. A gente faz uma reunião em cada obra por mês.
68

A gente faz a reunião da CIPA numa obra no outro mês vai ser em outra obra. E
nessas reuniões a gente faz o treinamento.

Portanto a empresa que a partir da mais alta gerência define, documenta e endossa a
política de S&SO é a empresa GAMA.

c) Organização:

c.1) Responsabilidades. Em todos os níveis as pessoas deverão ser:

• responsáveis pela saúde e segurança daqueles que dirigem, delas próprias e de


outros com os quais trabalham;

• conscientes desta responsabilidade para com terceiros e

• conscientes da influência da sua ação ou inação sobre a eficácia do sistema de


gerenciamento de S&SO.

Estes aspectos relativos à conscientização das responsabilidades individuais, em todos


os níveis, inclusive com relação à segurança e saúde de terceiros, estão caracterizados na
prática do DDE na empresa GAMA e do DDS praticados pelas empresas: DELTA,
ÉPSILON, e TÉTA.

c.2) Dispositivos organizacionais.

Segundo a norma BS8800, a empresa deverá buscar:

• ter acesso ao suficiente conhecimento de S&SO;

• definir a alocação de responsabilidades e prestação de contas na estrutura


gerencial;

• assegurar que as pessoas tenham a necessária autoridade para executar as suas


tarefas;

• atribuir recursos compatíveis com o seu tamanho e sua natureza;


69

• identificar as competências necessárias, em todos os níveis da organização, e


organizar qualquer treinamento necessário;

• tomar providências para a divulgação e, quando adequado, abrir as informações


sobre a S&SO;

• tomar as providências necessárias para a provisão de consultoria por especialistas e

• tomar as necessárias providências para envolver os empregados, com


esclarecimentos, quando adequado.

Todos estes quesitos somente são atendidos pela empresa GAMA, como decorrência
do estabelecimento da própria política por meio das normas corporativas. Na pesquisa de
campo constatou-se que foi a única empresa, de forma deliberada, a fornecer e demonstrar
todas as informações da empresa com relação ao gerenciamento de S&SO. Inclusive as
estatísticas dos históricos dos acidentes e comparando-as com as estatísticas nacionais e
internacionais aplicadas às empresas do setor. As demais ou não possuíam no momento, por
estar no escritório central ou por outros motivos não declarados.

c.3) Documentação de S&SO:

Quanto à documentação, deve-se verificar se:

• há registros necessários para demonstrar o atendimento aos requisitos legais e


outros;

• é suficiente, proporcional e está disponível para implementar os planos de S&SO e

• os documentos são atualizados e aplicáveis aos fins para os quais foram criados.

Todas as empresas demonstraram cumprir quanto à existência de documentações


exigidas por lei. Porém a única empresa que demonstrou possuir documentos para atender as
normas corporativas que englobam mais quesitos do que as legais, pois inclui a documentação
referente à competição entre os colaboradores e encarregados; e as atualiza diariamente e as
analisa no contexto para o qual foram criados é a empresa GAMA: “Toda informação gera um
índice que a gente chama estado de segurança da obra”.
70

d) Planejamento e implementação:

Este estágio do sistema de gestão da norma BS8800 indica que a empresa deverá:

• fazer a avaliação de risco;

• identificar os requisitos legais ou outros aplicáveis, além da avaliação de risco;

• elaborar planos e objetivos gerais para implementar a sua política;

• ter planos operacionais para implementar ações para controle dos riscos e para
atender os requisitos;

• planos de contingência para emergências e para mitigar seus efeitos;

• planejamento das atividades descritas em c);

• planejamento para a medição da eficiência, auditorias e levantamento da situação;

• implementa ações corretivas que se demonstrem necessárias.

Todas estas ações estão previstas no PCMAT, PPRA e no PCMSO, desenvolvidos


juntamente com a CIPA. As empresas que realizam estes três programas e demonstraram ter
uma CIPA participativa foram as empresas: BETA, GAMA, DELTA, ÉPSILON e ZETA.

e) Medição do desempenho.

A empresa deverá adotar:

• medições pró-ativas de desempenho e

• medições reativas de desempenho.

As medições pró-ativas existem somente na empresa GAMA, por meio da competição


entre os encarregados e os colaboradores, provocando a todo instante e por todos a medição
do desempenho da segurança. Todas estas informações colhidas são registradas em
computador e depois de processadas revelam o estado da obra em relação à segurança e saúde
ocupacional, caracterizando a medição reativa.
71

As medições reativas de desempenho, foram observadas em todas as empresas com o


preenchimento dos formulários exigidos pela NR-18, como por exemplo o anexo II.

f) Auditoria.

Na auditoria deverão, de acordo com a norma BS8800, ser verificados:

• o sistema global de gerenciamento de S&SO;

• se a organização está cumprindo todas as suas obrigações com relação à S&SO;

• os pontos fortes e fracos do sistema de gerenciamento de S&SO e

• se a organização está realmente fazendo o que alega.

Somente a empresa GAMA, caracteriza-se em atender todos estes itens pois:

formaliza na sua política a necessidade de se cumprir todas as determinações legais


relativas à segurança e saúde ocupacional.

implementou uma competição entre encarregados e colaboradores visando


estimular e realizar o cumprimento destas determinações;

possui um sistema integrado de gestão, que inclui para sua melhoria contínua a
realização de auditorias internas que operam na detecção dos pontos fortes e fracos
inclusive nas questões relativas à segurança e saúde ocupacional.

Todas estas ações verificadas denotam tratar-se de uma organização que dedica
esforços para assegurar a realização das diretrizes estabelecidas.

g) Levantamento periódico da situação

A norma BS8800 preconiza que deverão ser verificados:


72

• o desempenho global do sistema de gerenciamento de S&SO;


• o desempenho de elementos individuais do sistema;
• as conclusões das auditorias;
• o desempenho global do sistema de gerenciamento de S&SO;
• o desempenho de elementos individuais do sistema;
• as conclusões das auditorias;
• os fatores internos e externos; e identificadas as ações necessárias para remediar
quaisquer deficiências.

Como estão formalizadas pela alta administração da empresa GAMA, as diretrizes da


gestão de segurança e saúde ocupacional, e compõem o sistema integrado de gestão, conforme
abordado anteriormente, todas estas verificações são realizadas constantemente por todos os
funcionários desta empresa.
Nas empresas ALFA, ÉPSILON e ZETA, este levantamento é realizado por força das
auditorias realizadas pelas empresas certificadoras de qualidade, mas não englobam todos os
serviços. Igual característica pode ser identificada nas auditorias realizadas na empresa
DELTA pelas certificadoras de qualidade da empresa contratante. Também identificou-se este
aspecto nos checklists adotados pelo SESMT da empresa ETA. Nas empresas BETA e TÉTA,
não se identificou ações voltadas ao levantamento periódico da situação.
Estas análises estão sintetizadas no quadro 7, a seguir.
Quadro 7 – Resumo da análise de atendimento aos elementos da norma BS8800.

EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA


Itens da norma BS8800 COM SESMT ATIVO

ALFA BETA GAMA DELTA ÉPSILON ZETA ETA TÉTA


a)Levantamento da Situação Inicial X X
b)Política de S&SO X
c)Organização:
c.1)Responsabilidades X X X X
c.2)Dispositivos organizacionais X
c.3)Documentação de S&SO X
d)Planejamento e implementação X X X X X
e)Medição do desempenho X
f)Auditoria X
g)Levantamento periódico da
X
situação
Total de itens atendidos 0 1 9 2 3 1 0 1
Fonte: dados da pesquisa.
73

A partir desta análise pode-se inferir que pouco se cumpre em matéria de infra-
estrutura e de atendimento às normas de gestão do SESMT. Identificou-se também que
somente a empresa de grande porte, inclui formalmente na sua gestão estratégica a gestão da
S&SO, portanto integrada aos outros aspectos do desempenho da empresa. A pesquisa
demonstra que o fator dimensional da empresa (média x grande) pode ter influência na
conduta da empresa em utilizar um sistema integrado de gestão incluindo a segurança e saúde
ocupacional.
Quanto à opinião dos responsáveis em relação ao entendimento dos empresários da
necessidade da gestão dos SESMT’s integrada com a gestão dos outros aspectos do
desempenho da empresa. Somente na empresa GAMA evidenciou-se o reconhecimento desta
necessidade por parte da alta administração:

Nas normas da empresa. Inclusive normas corporativas e a nossa legislação


determinam que as empresas de construção civil sigam na íntegra o que vem
disposto na NR 18. Esta NR 18 é exclusivamente para a área de segurança,
condições do meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil.

Na empresa ALFA não há diretriz de gestão de Segurança e Saúde ocupacional fixada


pela alta administração, portanto não prioriza estes aspectos:

É feito primeiro um acompanhamento ao técnico, é colocado um treinamento ao


técnico, é colocado novamente os procedimentos da empresa ALFA a serem
seguidos, a serem trabalhados. Se isso não trouxe resultados, posteriormente é
enviado um relatório à engenharia, os engenheiros civis, eles são co-responsáveis,
eles assinam a ART, a gente entende que eles têm responsabilidade também neste
setor na empresa ALFA.
- Isto está explícito nas normas internas da empresa ALFA?
- Não está explícito.

Na empresa BETA, a verificação do desempenho é feita pelo próprio responsável pelo


SESMT não se verificou no sistema de gestão o acompanhamento efetivo por parte do
empresário:

- A medição do desempenho, como é feito este acompanhamento? Quando


acontecem os acidentes vem relatório para ti, como é que ocorre este
acompanhamento periódico de visitas às obras?
- Todas as vezes que eu entro na obra ou que minha estagiária entra na obra eu até
que oriento a estar perguntando como está a normalidade dentro da obra. Alguma
novidade. Alguma coisa fora do normal. Algum acontecimento fora do que nós já
estamos acostumados a ver. Quando há um problema ou um dito acidente de
trabalho ou acidente grave é verificado porque que este ocorreu, de repente pode ser
por falha humana, um descuido ou vacilo, igual ocorreu para gente esta semana um
colega pisou em falso, se machucou por um vacilo por um descuido. Então é avisado
para os outros do mesmo setor ou até pela obra dependendo da gravidade da situação
da história o que foi, o que pode ser feito. Como nós temos várias obras é citado nas
outras obras também sem dizer o nome do cidadão que ocorreu o fato. Muitas vezes
74

pode-se dizer o milagre sem dizer o nome do santo para que sirva como correção
preventiva. Vai haver a correção ali por prevenção juntas vai ter a corretiva de fato
na hora do momento.

A empresa DELTA, o SESMT foi implantado bem após o início da obra, e não há
registro do desempenho da gestão da segurança e saúde ocupacional:

- A empresa DELTA passou a ter o SESMT desde dezembro de 2004?


- Dezembro de 2004.
- Não é possível ter os dados relativos aos acidentes antes deste período?
- Não. Pelo que eu sei teve um ou dois acidentes meio graves.
[...]- Existe a política da empresa em priorizar a segurança?
- Existe, só que às vezes dependendo da produção às vezes eles acabam esquecendo
um pouco da segurança.

Não se caracterizou a efetiva priorização por parte do empresário da empresa


ÉPSILON da gestão da Segurança e Saúde ocupacional nas informações prestadas pelo
responsável.

As restrições quanto à gestão do SESMT por parte do empresário da empresa ZETA


descrita pelo responsável, indica a desconsideração das ações de segurança nos interesses da
gestão da empresa como um todo:

- Um dos maiores problemas é digamos assim o dialogo entre diretoria e o serviço


especializado. Muitas das vezes é lógico, a gente não cria nada mirabolante.
Programas e aquisição de ferramentas, tudo com o aval da diretoria. Mas, há
digamos assim certa restrição do empresário, que a área da segurança do trabalho
não é um investimento é um custo. A gente tenta demonstrar o contrário. Mas ainda
há este paradigma acho que tem que ser quebrado. A segurança de trabalho é um
custo. Ainda o pessoal não vê como um investimento.

Na empresa ETA, o responsável pelo SESMT, revelou que a alta direção representa
um obstáculo na gestão do mesmo:

[...]Eu vejo um problema na empresa ETA, que a partir da alta direção, da alta
administração, que ainda assim eles têm um pouco de resistência em acreditar no
trabalho.

Revelou-se patente o desinteresse por parte do empresário da empresa TÉTA em


priorizar a segurança e saúde ocupacional, quando o responsável pelo SESMT relata: “às
vezes, por falta de recursos, não consegue disponibilizar os EPI’s necessários para as
atividades”.
75

A proporcionalidade verificada em todas as empresas, entre o número de acidentes


verificados entre os anos de 2001 e 2003 e o número de trabalhadores expostos aos riscos,
considerando o grau de risco 4 é relativamente baixa. Com especial destaque para a empresa
GAMA que apresenta o índice mais baixo principalmente se considerarmos a elevada
complexidade resultante do expressivo número de trabalhadores no mesmo local.

A empresa ÉPSILON, por desenvolver atividade de grau de risco 3, apresenta menor


índice de ocorrência como pode se observar no quadro 8 a seguir.

Quadro 8 – Grau de risco, número de acidentes, índice de ocorrência por mil e número
de empregados de 2001 a 2003.

EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA CATARINA COM


CARACTERÍSTICAS SESMT ATIVO
ALFA BETA GAMA DELTA ÉPSILON ZETA ETA TÉTA
Grau de risco 4 4 4 4 3 4 4 4
ANO INFORMAÇÕES DO ANEXO II DA NR-18:
N° de funcionários em 31.12: N. I. 235 3.679 N. O. 300 154 312 N. I.
ACIDENTES SEM AFASTAMENTO
N° de acidentes N. I. N. R. 22 N. O. 1 0 3 N. I.
2001 Índice de ocorrência por mil N. I. N. R. 5,97 N. O. 3,33 0 9,61 N. I.
ACIDENTES COM AFASTAMENTO
N° de acidentes N. I. 2 2 N. O. 0 0 1 N. I.
Índice de ocorrência por mil N. I. 8,51 0,54 N. O. 0 0 3,21 N. I.
N° de funcionários em 31.12: 318 214 20.358 N. O. 300 162 309 N. I.
ACIDENTES SEM AFASTAMENTO
N° de acidentes 1 N. R. 108 N. O. 1 1 2 N. I.
2002 Índice de ocorrência por mil N. I. N. R. 5,30 N. O. 3,33 6,17 6,47 N. I.
ACIDENTES COM AFASTAMENTO
N° de acidentes 0 3 5 N. O. 0 0 6 N. I.
Índice de ocorrência por mil N. I. 14,01 0,24 N. O. 0 0 19,41 N. I.
N° de funcionários em 31.12: 252 152 18.586 N. I. 300 160 381 N. I.
ACIDENTES SEM AFASTAMENTO
N° de acidentes sem afastamento 1 N. R. 133 N. I. 1 3 5 N. I.
2003 Índice de ocorrência por mil 3,96 N. R. 7,15 N. I. 3,33 18,75 13,12 N. I.
ACIDENTES COM AFASTAMENTO
N° de acidentes com afastamento 2 1 4 N. I. 0 0 7 N. I.
Índice de ocorrência por mil 7,93 6,57 0,22 N. I. 0 0 18,37 N. I.

Fonte: dados da pesquisa.


76

6 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA

O desenvolvimento desta pesquisa propiciou a explanação de algumas considerações


que orientadas a responder as perguntas de pesquisa que a motivaram são apresentados no
tópico conclusões e recomendações. As restrições encontradas no desenvolvimento da
pesquisa e as recomendações para o desenvolvimento de pesquisas análogas são abordadas no
item limitações da pesquisa.

6.1 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As orientações da norma BS8800 editada em 1996, aplicam os conceitos do


pensamento sistêmico à gestão da segurança e saúde ocupacional que nos indica a necessidade
de integração entre todos os componentes da organização para que se obtenha uma gestão
bem sucedida. A pesquisa nos permite inferir que esta integração de todos os componentes e
comprometendo todos os níveis se faz pelo compartilhamento de ações dedicadas ao mais alto
nível de desempenho global da organização. Nesta integração está incluída a participação
ativa do ambiente externo tais como: requisitos da legislação, melhores práticas adotadas
pelos outros SESMT’s bem como aquelas recomendadas por órgãos específicos que se
dedicam à busca da manutenção da saúde e da integridade física do trabalhador. Nesta fase de
levantamento inicial também são consideradas as questões internas tais como: as diretrizes da
gestão do SESMT e a análise da eficiência e eficácia dos recursos internos aplicados à gestão
do SESMT. Esta norma considera igualmente importante para a sistematização da gestão de
maneira integrada, o estabelecimento de uma política específica por parte dos dirigentes da
organização, reconhecendo publicamente a importância da segurança e saúde dos
trabalhadores e a adoção de medidas que assegurem o melhor desempenho em segurança e
saúde ocupacional a partir do cumprimento da legislação como parâmetro mínimo.

A organização deverá atuar de forma a garantir a implementação e funcionamento do


sistema de maneira correta. Neste sentido a norma indica que a maior responsabilidade
quanto à saúde e segurança pertence a mais alta gerência. A partir disto esta norma sugere que
haja o compartilhamento desta responsabilidade por todos os níveis da organização com a
implementação da política e do gerenciamento efetivo da segurança e saúde ocupacional
incluindo a documentação destinada à capacitação do sistema e à retenção do conhecimento
77

sobre segurança e saúde ocupacional. Todos os elementos da gestão bem sucedida devem ser
considerados inclusive a fase de planejamento e implementação, que se caracteriza pela
identificação dos requisitos aplicáveis à segurança e saúde ocupacional e a fixação de critérios
claros de desempenho. Outro elemento preconizado diz respeito à medição de desempenho
para fornecer informações sobre a eficácia do sistema e possibilitar o monitoramento da
amplitude do atendimento das diretrizes e objetivos estabelecidos relativas à segurança e
saúde ocupacional. Além deste monitoramento deverão ser realizadas auditorias periódicas
objetivando uma avaliação com profundidade e crítica de todos os elementos que compõem o
sistema. Para identificar as ações necessárias para dirimir eventuais deficiências,
freqüentemente deverão ser realizados levantamentos da situação considerando: o
desempenho do sistema, o desempenho de cada elemento do sistema, as deduções
apresentadas nas auditorias e os fatores internos e externos.

Com exceção da empresa de grande porte, a gestão do SESMT nas empresas


pesquisadas se caracteriza por uma orientação taylorista, na qual ao SESMT cabe o
compromisso primordial de se manter as condições de um ambiente de trabalho salutar. Não
há o estabelecimento de uma política compromissada em obter os melhores resultados em
segurança e saúde ocupacional por parte da alta administração. Por conseqüência, esta
deficiência dificulta o entendimento por parte dos demais integrantes da organização quanto à
importância de se realizar as operações visando à segurança e a saúde de todos os
trabalhadores. O SESMT defronta-se com uma série de obstáculos que de modo
individualizado não consegue vencer, necessita de colaborações pró-ativas de todos os níveis
da organização. A falta da definição de objetivos estratégicos claros nesta questão prejudica
fortemente a integração de todas as unidades organizacionais em todas as suas ações, para que
as atividades sejam desenvolvidas buscando a promoção da saúde e da integridade física do
trabalhador. Na maioria das empresas ainda busca-se o atendimento dos quesitos legais
enquanto na empresa de grande porte o desenvolvimento da gestão considera como ponto de
partida o cumprimento de todas as prescrições legais inerentes à segurança e saúde do
trabalhador. Não detectamos a mesma pró-atividade gerada pelo sistema de gestão da empresa
de grande porte nas demais empresas, direcionadas para a melhoria contínua das condições de
segurança na obra.

Porém em relação aos acidentes produzidos entre os anos 2001 e 2003, considerando o
elevado grau de risco das atividades desenvolvidas, os números apresentados indicam que nas
78

empresas em que há o SESMT, estes são reduzidos. O que nos indica que o grande número de
acidentes registrado na indústria da construção civil ocorre nas empresas que não possuem o
SESMT na sua estrutura organizacional.

Comprovou-se a dificuldade da efetiva gestão da segurança do trabalho na indústria da


construção civil catarinense. A começar pela pouca quantidade de empresas que possuem
efetivamente o SESMT sob sua gestão direta. Os depoimentos caracterizam três situações
distintas, de um lado uma empresa que prioriza de forma contundente as ações que visem um
desempenho excelente destes serviços. De outro, empresas que buscam cumprir a legislação e
passaram a tratar as questões relativas à segurança e saúde ocupacionais com um pouco mais
de atenção após a introdução dos programas de qualidade e produtividade. E ainda as
empresas que somente dedicam-se a cumprir a legislação, inclusive algumas se mostram
desinteressadas em cumprí-la totalmente.

Este quadro denota a força do pensamento taylorista, para o qual as atividades


relativas à gestão de segurança seriam valorizadas se aumentasse diretamente a capacidade
produtiva. Há o entendimento de que em alguns casos os preceitos prevencionistas se opõem à
produção. Somente oito empresas em todo o estado de Santa Catarina, possuem o SESMT
cadastrado junto à DRT. Considerado um fator que reflete o descaso à questão da segurança e
saúde do trabalhador da construção civil, por parte do empresário, confirmado por alguns
respondentes.

Deduz-se que o cumprimento das questões legais, é o procedimento básico a ser


seguido, para atender o interesse na proteção da integridade física dos funcionários. A própria
legislação prescreve que se deve adotar todos os cuidados e além disso esforçar-se para a
melhoria contínua do desempenho deste setor, que por tratar-se de tema ainda pouco
discutido, demanda de esforços específicos. Encontramos, uma única empresa, que adota
todos os itens previstos na norma BS8800, com resultados surpreendentes, principalmente se
considerarmos o grau de complexidade representada pela própria atividade considerada de
grau de risco 4 e pelo grande número de funcionários. Ao contrário de uma empresa de
pequeno porte que por tratar-se de informações que possam compromete-la, negou-se a dar
entrevista. Porém os episódios relatados, quanto à falta de recursos, e os acidentes ocorridos
recentemente, evidenciam o desprezo por parte do empresário quanto a estas questões.
79

As queixas levantadas com relação à alta rotatividade da mão-de-obra, geradora de


necessidades de treinamentos nem sempre possível por contrastar num primeiro momento
com a necessidade do setor produtivo, salientam a necessidade de políticas de gestão de
pessoal orgânicas que atendam as expectativas dos setores que integram a empresa. Esta
questão foi plenamente resolvida no sistema de gestão da empresa GAMA que apresentou alto
índice de rotatividade e excelente nível de desempenho em termos de acidentes do trabalho.

No processo evolutivo, observamos a necessidade de integração das competências


individuais, no reconhecimento das vantagens intrínsecas à prática do compartilhamento do
conhecimento relativos aos procedimentos de segurança de forma prevencionista. Para mudar
a situação de necessidade de inspeção para a geração de praticas prevencionistas inovadoras e
que atendam as mais diversas necessidades encontradas no complexo ambiente da construção
civil. Há a necessidade urgente de mudança do paradigma conservador baseado na divisão do
trabalho para o da integração em busca do objetivo comum. Este compromisso, deixará de ser
só do governo, deixará de ser só do empregador, passará a ser da pessoa que executa.
Consciente da importância de seu papel no desenvolvimento: do seu próprio ser, de sua
equipe de trabalho, de sua empresa, dos clientes, enfim dos stakeholders.

A gestão moderna de negócios propõe este cenário, conquistado a partir da aplicação


dos conhecimentos resultantes do expansionismo e do abandono do mecanicismo
reducionista, que impõe ao ser humano condições impróprias ao seu desenvolvimento. O
respeito ao ser humano como condição básica, de relacionamento pró-ativo na busca dos
resultados e objetivos estratégicos estabelecidos.

Neste trabalho observou-se que se pode reduzir os índices de acidentes, com uma
gestão participativa, integradora, motivadora e inclusiva. A partir da qual os resultados são
conseqüência da combinação de um conjunto de esforços sinérgicos: qualidade, segurança e
saúde ocupacional, e meio ambiente; calcados na valorização do ser humano. Isto se
caracterizou de maneira bem consistente conforme se pode verificar na entrevista da empresa
GAMA. Percebe-se que a gestão promovida por esta empresa acaba disseminando
conhecimentos em todos os trabalhadores que acabam por aplicar em todos os locais de
trabalho. Esta filosofia acaba se disseminando pelos próprios empregados que ao término da
obra, saem da empresa e passam a integrar outra empresa, mas de forma lenta e gradual.
80

Diante disto, conclui-se que a recomendação adequada à melhoria da gestão do


SESMT, baseia-se na realização de estudos com maior profundidade que busquem identificar
formas de adequação da gestão tradicional verificada na maioria das empresas de construção
civil de Santa Catarina à gestão integrada. Outra recomendação é aprofundar a ênfase aos
esforços acadêmicos de valorização das ações relativas à segurança e saúde ocupacional nas
organizações e na propagação das técnicas de integração da gestão da Segurança e Saúde
Ocupacional, com a gestão global das empresas.

6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Na metodologia escolhida um fator limitador refere-se à pesquisa do histórico dos


acidentes. Na maioria das empresas entrevistadas constatou-se a dificuldade na obtenção do
número dos acidentes informados por telefone.
O resultado deste trabalho não poderá ser generalizado para outras empresas, em razão
das limitações, dentre as quais destacamos:
o número de empresas pesquisas é muito restrito, baseia-se somente nos SESMT’s
das indústrias da construção civil de Santa Catarina ativos, cadastrados na
Delegacia Regional do Trabalho e
alguns dados não foram disponibilizados.

Outro fator limitador refere-se à utilização de somente parte do “guia para sistema de
gestão de saúde e segurança industrial” da norma BS8800 como base referencial para a
análise dos dados.

Pelas razões apresentadas conclui-se que esta pesquisa não esgota todos os estudos
aplicáveis à gestão dos SESMT’s.
81

REFERÊNCIAS

AQUINO, José Damásio de. Considerações críticas sobre a metodologia de obtenção e


coleta de dados de acidentes do trabalho no Brasil. Dissertação (Mestrado em
Administração: Administração da Produção). Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade, Universidade de São Paulo. São Paulo. 1996.

ATLAS. Manuais de Legislação Atlas: Segurança e Medicina do Trabalho. 53. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.

BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de Survey. Tradução de Guilherme Cezarino. Belo


Horizonte: Ed. UFMG, 1999. 519p.

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Segurança Industrial/BS 8800, Londres, 1996. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/
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CIESC – CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Guia da


indústria de Santa Catarina. Disponível em : http://www.ciesc.com.br. Acesso em: 02 abr.
2005.

EASTERBY-SMITH, Mark; THORPE, Richard; LOWE, Andy. Pesquisa gerencial em


administração: um guia para monografias, dissertações, pesquisas internas e trabalhos em
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83

APÊNDICES
84

APÊNDICE A – Entrevistas.

A seguir estão transcritos os relatos, por parte dos responsáveis, do sistema de gestão dos
SESMT´s ativos das empresas de construção civil de Santa Catarina, cadastrados na
Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina.

EMPRESA ALFA:

A empresa ALFA é uma empresa, uma indústria da construção civil, que se preocupa com o
ambiente e a integridade física dos seus colaboradores. Na contratação de uma obra, quando a
empresa ALFA entra na licitação e ganha uma obra é chamado o departamento de segurança
representado por mim e são estudadas as condições a serem desenvolvidas na obra civil: o
ritmo de atividade se é trabalho de altura se é trabalho no baixo, é elaborado o PCMAT, que é
o item 18.3 da NR 18 que é um programa de controle do meio ambiente da industria da
construção é elaborado o PPRA é elaborado o PCMSO é uma garantia para nós e é prioridade.
Ninguém entra no canteiro de obra sem estar apto quanto ao exame médico, se houver
algumas restrições a gente observa essas restrições, se o funcionário não pode trabalhar em
altura ele vai trabalhar no baixo, a gente coloca uma etiqueta no capacete se necessário enfim
ele passa pelo setor médico do setor médico ele vai para o setor de segurança aonde é feita a
integração exigida conforme a legislação que pede a NR18 que é de seis horas. Nessas seis
horas nos fizemos política da qualidade na empresa e segurança do trabalho. Dependendo das
frentes de trabalho, há a contratação de outros profissionais que agregam o SESMT da
empresa ALFA, outros técnicos se houver necessidade engenheiro de segurança. Médico do
trabalho, aonde que se agrega, nós somos filiados aos SECONCI em âmbito de Santa
Catarina, somos filiados ao SECONCI de Blumenau e ao SECONCI de Joinville que atende
às necessidades. Então o médico fica a cargo do SECONCI, este setor medicina e a segurança
do trabalho a contratação é direta na empresa ALFA. Na contratação de profissionais técnicos
que vão atender ao canteiro específico é levado ao seu conhecimento todas as exigências
internas porque na empresa ALFA foi criado procedimentos internos para empresas
prestadoras de serviço, esse procedimento interno veio auxiliar a gente a manter um nível
dentro deste procedimento para alcançar os nossos objetivos. Esses profissionais na área de
segurança eles passam por um treinamento observando as NR’s, este procedimento é balizado
nas NR’s no manual de legislação. São procedimentos simplificados que atendem também o
85

técnico e ele nas demais prestadoras de serviço vai estar exigindo conforme este procedimento
interno da empresa ALFA. Este técnico é um setor que corre paralelo a engenharia, ele está
sempre em comunicação com a engenharia desenvolvendo as APR’s que se chama Análise
Preliminar de Risco. Nessa análise preliminar de risco ele envolve a engenharia, o engenheiro
responsável, o engenheiro assina, o engenheiro civil de execução. A elaboração deste
documento é do técnico de segurança pois ele está ligado direto, com o ciente do engenheiro,
para que o engenheiro não tenha a sua operação engessada, ou era para produzir em meio dia
e levou um dia, então ele está ciente, ele assinou com o mestre de obra, ele está ciente dos
seus deveres, dos seus compromissos, ele assina. Todos os colaboradores envolvidos nesta
atividade, eles têm uma lista de presença, recebem treinamento deste técnico em conjunto em
uma folha é assinado, como eles estão cientes dos procedimentos seguros para eles
desenvolverem esta atividade, aquela etapa.

O sistema de equipamento de proteção, a compra não passa pelo setor de segurança do


trabalho é o setor de compras, porém quando a gente recebe algum equipamento de proteção
que não se adeqüe, ou que não vem a trazer o conforto necessário aos colaboradores é enviado
um relatório ao departamento de compras e é feita uma adequação necessária no sentido
custo. Acredito que é o COMPRAS que deva se preocupar mas no sentido conforto e
segurança entra o departamento de segurança que não abre mão disso, inclusive é uma
prerrogativa da norma, fornecer gratuitamente de acordo com as exigências do funcionário
que vai usar. Não é o COMPRAS que está sempre atrás do telefone, que vai usar.

Então, para cada etapa da obra é feita a APR, separadamente, começa desde a limpeza do
terreno, depois a escavação, por menor que seja esta escavação, confecção de formas, isto se
tratando da fundação: confecção de forma, concreto magro, ferragens, para todo este processo
é feita análise de risco conforme. Nunca é desenvolvida uma análise de risco para toda uma
obra porque é impossível. Aí agregamos o PCMAT de obra como um todo, mas ela não vai lá
nos cantinhos dos riscos. No PCMAT a gente atende um todo, a gente cita citações não tão
abrangentes e nas APR’s são mais específicas para aquela atividade. Inclusive os técnicos
contratados têm um pouco de dificuldade neste desenvolvimento, e a gente sempre acaba
dando um suporte, a gente dá as ferramentas e dá este tempo necessário para ele se adequar a
estas necessidades que é muito importante. Um engenheiro quando assina, ele está ciente, ele
está colocando o nome dele ali num documento que descreve tudo. O mestre de obra da
86

mesma forma. Os funcionários estão cientes, eles não podem dizer: eu não sabia. Eles passam
por este treinamento específico.

O PCMAT é um documento que vem nos ajudar muito neste sentido. A título de treinamento,
falando de treinamento, o PCMAT que é o programa de controle do meio ambiente da
industria da construção, envolve a engenharia, neste sentido. Porque como aconteceu em uma
obra, onde terei que ir amanhã, na contratação desta obra o engenheiro teve que me ligar, nós
tivemos que sentar juntos, estudamos as características da obra, os riscos que iriam existir e
chegamos numa visão que o risco maior seria a altura, a obra terá 28 metros de altura. Neste
processo do chão até lá na altura, o risco maior será queda. Então, isto quer dizer, citando
como exemplo que vamos ter um número x de pessoas trabalhando em altura. Como nós
vamos cercar isto? Cercamos, colocando no PCMAT que todo o pessoal que trabalhe acima
de 3 metros de altura em período integral deve ter os exames clínicos exigidos por lei, que
seriam: o eletrocardiograma, eletro-encefalograma, o gama gt para ver se ele bebe ou não
bebe se tem histórico e tal. Todo este processo foi jogado no PCMAT, está lá, eu assinei, o
engenheiro assinou e o mestre de obra assinou. Então agora o técnico, que já era para ter
entrado, ele vai gerenciar encima disto. Então, Ele vai ter como base além dos procedimentos
internos, o PCMAT, um documento interno desenvolvido por nós, que dá o balizamento,
naquilo que nós vamos atingir. Neste sentido o PCMAT, vem relacionar as diretrizes gerais.

No gerenciamento de segurança, nós temos um técnico em outra localidade, que não pude
acompanhá-lo, no princípio de obra, porque estava doente. Ele foi contratado como um
experiente na construção civil e tudo mais, só que ele não tinha a experiência necessária.
Quando a gente foi se aproximando da obra e foi vendo que a obra não estava de acordo com
o que a gente queria, o grau de conscientização dos nossos colaboradores, o grau de aceitação,
aquilo que é dever, aquilo que é responsabilidade, aquilo que é obrigação não estava bem
claro. Na obra, todos, assim como em qualquer lugar, temos direitos e temos deveres. Então
todos os dois devem ficar bem claros. Analisando o grau de consciência preventiva ou
consciência participativa, o setor de segurança não era observado na obra. Aí tivemos que
intervir, nós não temos assim, formulários específicos para isto. Te confesso, que não temos,
não está formalizada, esta auditoria. Porém na qualidade, dentro da qualidade, duas vezes por
ano, a qualidade tem um formulário que manda aos clientes, relacionando, se não me engano,
dezoito itens e destes dezoito itens três são relacionados à segurança do trabalho: o uso de
equipamentos de proteção, desenvolvimento de equipamento de proteção coletiva e o setor de
87

segurança do trabalho naquilo que diz respeito a acidentes do trabalho, ao gerenciamento


deste setor na obra, na frente de trabalho. Este formulário vai ao cliente, que analisa tudo dá
notas de 5 a 10 ou insatisfeito que seria abaixo de 5. Volta para nós, vai ao setor de qualidade,
a cada dois meses é feita uma reunião de qualidade, na qual todos os itens levantados ali são
questionados um a um. Aonde chega na segurança do trabalho, os porquês, os contras, os
prós, é questionado e é levantado onde podemos melhorar, o que devemos manter, aquilo que
trás resultado. Então isso é de praxe na empresa ALFA, é bem visto isto.

- É de maneira informal que você detecta as deficiências? No caso desta obra, em que você
chegou lá e verificou, foi você que verificou?

- Foi.

- Você como coordenador faz esta supervisão, dos demais itens? Qual é a periodicidade e
quais são as ações encima disto?

- Faço da seguinte forma: foi levantado que na obra estavam acontecendo pequenos acidentes
sem afastamento, temos ambulatório na obra, temos enfermeiro do trabalho e o enfermeiro
manda o boletim para o setor de segurança. Então este boletim chegou até mim, eu vi que os
acidentes estava acontecendo muitos acidentes pequenos, isso já se sabe que muitos acidentes
pequenos irá gerar um acidente grande. É feito primeiro um acompanhamento ao técnico, é
colocado um treinamento ao técnico, é colocado novamente os procedimentos da empresa
ALFA a serem seguidos, a serem trabalhados. Se isso não trouxe resultados, posteriormente é
enviado um relatório à engenharia, os engenheiros civis, eles são co-responsáveis, eles
assinam a ART, a gente entende que eles têm responsabilidade também neste setor na
empresa ALFA.

- Isto está explícito nas normas internas da empresa ALFA?

- Não está explícito.

- A segurança deve ser preocupação de todos?

- De todos, a segurança é uma preocupação de todos.

- Existem instruções na empresa ALFA para todos os funcionários com relação a isto?
88

- Existem, quanto a isso. Quando o engenheiro, lá atrás ele assinou o PCMAT, quando o
engenheiro lá atrás ele assinou a análise de risco, estas restrições, estes procedimentos eu levo
bem claro à eles que não devem ser engavetados. Os procedimentos devem ir lá para o
gerenciamento lá no campo. O técnico, não estou fazendo uma crítica ao profissional lá, ele
estava com dificuldades de alcançar estes objetivos. Um vez acionada a engenharia, de uma
forma esclarecida, tem PCMSO, tem PPRA, tem PCMAT, tem as análises de risco, isto tudo
vem contra o nosso índice aqui na obra, vai acontecer acidente e não é do agrado de todos.
Isto mobiliza de uma forma bem rápida a engenharia. Aí unem-se engenharia, eu, segurança
do trabalho a título de coordenador. ) técnico presente na obra as vezes precisa entender de
uma forma diferente, aonde agora estamos a três meses sem acidente de trabalho na obra, nem
leve, nem médio, nem grande na obra.

Formulários disso, temos à título assim de inspeções de segurança cada vez que chego na obra
eu inspeciono seja o técnico, seja determinado setor. Dentro destas inspeções, a gente chega
ao resultado se o técnico da obra, se a segurança da obra não está equivalente com os
objetivos que é zero acidentes. A gente toma as medidas, chama ele para pular para o nosso
time, não fazer gol contra.

As dificuldades são enormes, a construção civil tem características dificílimas de se gerenciar:


como rotatividade. Por exemplo, se tu és carpinteiro a demanda da obra está grande então vem
cá. O cara foi pego no laço lá fora, ou vem de obras que o cara trabalhava descalço ou de
chinelos havaianas, tu dá uma botina com biqueira de aço para ele, dá um cinto de segurança,
dá um capacete com jugular, tu dás uma luva para ele. Ele naturalmente vai ter resistência.

Os mestres de obra são responsáveis diretos pela segurança. Na ausência do técnico, em obras
que não temos o técnico de segurança devido o número de funcionários, a primeira chamada é
sempre ao mestre de obras, ele é o responsável por fazer acontecer, por gerenciar. Ele
determina ao apontador, e este pede o material, pede o equipamento enfim ele gerencia tipo o
almoxarifado, no almoxarifado tem que ter os equipamentos. O mestre de obras cobra o uso
disso e os corretos procedimentos de segurança. A toda obra são enviados esses
procedimentos e então são de baliza para eles terem.

- Só para confirmar, essas informações de número de acidentes vão chegando para ti e


encima disso fazes o gerenciamento?
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- Justamente.

- Quais são as informações que vocês utilizam? São as normas internas da empresa ALFA, as
NR’s?

- Os procedimentos internos da empresa ALFA são baseados nas NR’s do Ministério do


Trabalho e no INSS nas instruções normativas, onde entra PPP se for necessário, onde entra o
LAUDO TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRABALHO (LTCAT) que é
outro documento que eu não citei, que nós temos e exigimos. Inclusive todos os nossos
colaboradores, prestadores de serviço, seja de qual ramo for, se for da pintura, do gesso, da
hidráulica, da elétrica, para prestar serviço para nós, eles assinam estes procedimentos
internos de trabalho da empresa ALFA e em anexo na última folha tem lá nome, CGC, razão
social, ciente dos procedimentos e é exigido deles e quem exige é o setor de segurança, mas
quem faz o controle disso é o departamento pessoal que cobra. Na contratação da obra existe
o PPRA, o PCMSO e o LAUDO TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO
TRABALHO (LTCAT) de todas as prestadoras de serviço, inclusive, ficha de entrega de
equipamentos de proteção e exame periódico de todos os colaboradores tem que estar
vinculado. Não é porque é serviço de uma semana ou de dois dias que eles vão trabalhar
assim. Isso as vezes gera problema a gente não abre espaço para algumas empresas, mas
temos que seguir e fazer cumprir as normas baseadas no Ministério do Trabalho e aquilo que
diz respeito às instruções normativas do INSS. A instrução normativa 99, a 84 que pede o
LAUDO TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRABALHO (LTCAT) para
todas as empresas. A Fundacentro, pesquisas da fundacentro inclusive os cursos de
guincheiros esses de apoio, a Fundacentro nos manda os livros de operador de guincho,
sempre que necessário a gente está em contato com eles. A Fundacentro também é importante
observar que eles trabalham em comunhão com o SECONCI. O SECONCI presta serviço à
nós, então existe um fluxo de informações destes órgãos específicos.

- Existe outro órgão para treinamento, instruções e congressos?

- O setor de segurança sempre que possível e que necessário a gente está participando de
reciclagens, de aperfeiçoamento porque as normas estão sempre em mudança, como a NR - 4.
Todas as mudanças e cursos que existem a empresa ALFA designa para estar sempre se
reciclando e não ficar para trás e falar besteira. A gente trás estas informações para dentro da
90

empresa e vai repassando para os devidos setores, para a gente estar em dia com estes
procedimentos. Então é baseado no Ministério do Trabalho e no INSS.

- Outra entidade de classe da qual vocês têm apoio em segurança, associação de técnicos,
associação de engenheiros?

- Não. Só a nível de treinamentos são os brigadistas que vêm nos auxiliar nos primeiros
socorros.

- Os bombeiros?

- Os bombeiros dão o apoio necessário, quando tem imóvel. É algo bonito, eles vêm com
aquilo ligado dentro da obra, isto chama a atenção, isto entra na cabeça da população.

- Qual seria a participação da empresa ALFA nos números de acidentes acima dos 15 dias
registrados nos anos de 2001, 2002, 2003?

- A empresa ALFA tem bons êxitos quanto ao resultado da segurança do trabalho, já que a
gente não abre mão destes procedimentos. Problemas a gente encontra só que a gente não abre
mão, não fecha os olhos para nada. Eu tenho ali o anexo II, que é o que a gente manda para o
Ministério do Trabalho e neste anexo II a gente enquadra estes terceiros prestadores de
serviços, a gente assume responsabilidade direta por eles. Então, digamos, na empresa ALFA
tem 90 funcionários, prestou serviço para nós durante 2004, mil funcionários, a gente agrega
os mil, a gente não faz só encima dos 90. Porque é uma vida, a gente se preocupa, seja de uma
empresa ou de tal empresa. Estes dados eu vou te passar, bem baixos, tu vai te surpreender:

As informações relativas ao ano de 2001, te enviarei depois, pois está em outro arquivo.

Em 2002 tínhamos 318 colaboradores e registramos um acidente sem afastamento e um


acidente com afastamento.

Em 2003 tínhamos 252 colaboradores e registramos um acidente sem afastamento e dois


acidentes com afastamento.
91

EMPRESA BETA

Toda vez que entra um funcionário, antes de começar ele vai direto ao médico do trabalho. É
agendado para ele o exame da audiometria. Nós não somos obrigados por lei a fazer
audiometria. Nós fazemos por precaução, para que ele tenha consciência, qual é a
responsabilidade dele dentro da empresa. Na mesma semana em que ele entra, já passa pelo
processo de treinamento admissional, onde é informado para ele: qual é o processo da obra;
como funciona o nosso sistema dentro da obra e são passadas para ele também as
responsabilidades. Porque nós damos a oportunidade para ele, se ele não tem uma residência
ou morar próximo da obra para que ele já tenha um desempenho de estar pontualmente na
obra ou uma eventual hora extra, caso ele já esteja apto para poder executar esta hora extra, é
dado para ele a residência no alojamento também. Dentro deste treinamento ele deve estar
consciente quais são os direitos e obrigações dele e a nossa para com ele. Daí vem a
responsabilidade da parte da higiene dele, onde entra dentro do padrão do SESMT que a
pessoa tem que estar além de segurada ela tem que ter higiene para estar em segurança. Não
adianta ela trabalhar em segurança e higiene para nós é um grupo de risco. Se executa a
construção como se deve você puxa pelo menos mais um ou mais três, nunca sozinho.

- Então você utiliza as normas, a NR 18?

- A NR 18 da construção civil.

- Que mais se utiliza?

- Nós trabalhamos aqui dentro com o PCMSO, que é o laudo do médico, que ele diz para a
gente como que devemos operar com a parte médica, qual o compromisso que nós temos com
a saúde dele. Tem também o PPRA, que é o que diz respeito ao meio ambiente da construção
civil, quais os riscos que eles estão expostos, onde entra o treinamento para dizer para eles
como é que eles têm que trabalhar aqui dentro. Não adianta nada eu oferecer para eles o
equipamento de proteção individual e eles não saber como que eles vão cruzar as barreiras
deles.

- Estas instruções periódicas, quem dá este apoio, Fundacentro ou algum outro órgão?

- Não, são pesquisas que eu executei mesmo. Porque dentro da obra nós temos as instruções
de trabalho, existem regras para executar qualquer serviço dentro da obra. Então em cima
92

destas instruções de trabalho você vê a necessidade do que você tem que ser informado na sua
função. Fora também os outros colegas que trabalham aí fora no mercado com assessoria que
faz a parte médica que faz a parte do ambiente. Até o próprio pessoal que nos traz e vende o
equipamento nos trazem informações para dar informações para o colega também. Existe
também a CIPA, dentro da empresa que ajuda muito esta parte de segurança do trabalho
porque ela existe, é funcional. Uma vez informados, recebem o treinamento pelo curso da
CIPA também, para estar operando dentro da obra. Mas este existe um grupo maior para atuar
junto com a comissão de frente, mas viabiliza muito o nosso trabalho.

- Quando vai se iniciar uma obra qual é o procedimento? Após o fechamento do contrato
como a segurança entra nesta operação?

- Vem a área de vivência primeiro, é fechada a extremidade já no início da obra com tapume.
Uma vez delimitado as áreas de vivência em que a obra vai ocorrer, o maior tempo em que
eles vão passar, nós entramos para verificar se está dentro das condições da NR 18 ver se não
vai ficar nada fora da NR 18. Nós não temos que nos preocupar só do necessário, nós temos
que nos preocupar com a segurança máxima dos que estão aqui dentro. Uma vez que a obra
esteja em gestão, nós os colocamos em risco. Só depois de feitos todos os programas de
qualidade, geralmente quem vai para começar não são iniciantes, através da carta de admissão
não são iniciantes, são pessoas que mais têm conhecimento dentro da obra. Se for algum
iniciante ou um servente ou uma coisa assim, com certeza irá uma pessoa de mais tempo de
casa junto. Iniciante se for é alguém que já tem realmente experiência comprovada na carteira
também, você não pode pôr simplesmente uma pessoa que eu quero aprender para fazer
alguma coisa de responsabilidade.

- E a parte de documentação? Está tudo no escritório, o PCMAT e o PPRA...?

- O PCMAT é um documento que é de responsabilidade do engenheiro. Como nós somos da


empreiteira, quem é responsável é a construtora, então o engenheiro da construtora que
elabora. Como é um documento da obra fica em cada escritório separado. Cada empreiteiro
tem os seus documentos em seus escritórios, a construtora fiscaliza, é de nossa
responsabilidade além de tê-la e fazer funcionar.

- Quais são todos os documentos que você tem?


93

- O PCMAT da construtora que fica no escritório da construtora porém eu tenho livre acesso
para usá-lo e contar como uma das informações para o treinamento porque ali vai conter os
laudos do que se espera para esta obra, o engenheiro vai dizer no laudo dele ali o que ele
realmente quer esperar da gente faça nesta obra. Fora isso cada funcionário tem sua pasta
separada, com todos seus documentos separadinhos direitinho com o atestado que ele tem que
ter, tem ali a cópia do registro pessoal dele, é anexada o treinamento que ele recebe, tudo bem
documentado bem separado.

- A responsabilidade da segurança é centralizada na segurança ou é dividida entre os mestres e


engenheiros?

- Nós pegamos a comissão de frente e delegamos responsabilidades para o pessoal da


comissão de frente, cada um é responsável por si. Só que nós temos as pessoas que estão mais
a frente, no caso eu como técnico, tem uma estagiária também que está na área da segurança,
tem os encarregados, tem os mestres, tem o pessoal da CIPA também que tem que estar
agindo para colaboração da segurança do trabalho aqui dentro. Tem toda uma equipe com
todo um sincronismo para que todos trabalhem juntos.

- A empresa tem como filosofia que a segurança é de responsabilidade de todos?

- É de todos.

- Isto está bem claro nas diretrizes da empresa?

- Está bem claro. Dentro da nossa política do trabalho aqui dentro é frisado no treinamento
admissional que você é responsável por você, para que se você não se respeitar não há como
você respeitar o próximo também.

- A medição do desempenho, como é feito este acompanhamento? Quando acontecem os


acidentes vem relatório para ti, como é que ocorre este acompanhamento periódico de visitas
às obras?

- Todas as vezes que eu entro na obra ou que minha estagiária entra na obra eu até que oriento
a estar perguntando como está a normalidade dentro da obra. Alguma novidade. Alguma coisa
fora do normal. Algum acontecimento fora do que nós já estamos acostumados a ver. Quando
há um problema ou um dito acidente de trabalho ou acidente grave é verificado porque que
94

este ocorreu, de repente pode ser por falha humana, um descuido ou vacilo, igual ocorreu para
gente esta semana um colega pisou em falso, se machucou por um vacilo por um descuido.
Então é avisado para os outros do mesmo setor ou até pela obra dependendo da gravidade da
situação da história o que foi, o que pode ser feito. Como nós temos várias obras é citado nas
outras obras também sem dizer o nome do cidadão que ocorreu o fato. Muitas vezes pode-se
dizer o milagre sem dizer o nome do santo para que sirva como correção preventiva. Vai
haver a correção ali por prevenção juntas vai ter a corretiva de fato na hora do momento.

- Então é um trabalho contínuo de conscientização?

- Sim de conscientização. Mesmo quando este acidentado retorna ao trabalho ele passa por
nós para uma conversa de novo. Para saber o que aconteceu com ele novamente, se ele está
apto novamente. Retorna ao médico do trabalho, para realmente ter a certeza de que ele está
apto para retornar às funções.

- Quem supervisiona a segurança? A segurança tem autonomia técnica?

- Quem supervisiona sou eu como técnico. Porque legalmente aqui dentro eu sou responsável.

- Quem te supervisiona? Ninguém?

- É o meu chefe, que no caso é o empreiteiro, é o empresário. Porque nós temos reuniões
constantes, para estarmos discutindo as funções como andam. Pelo fato de nós termos uma
comunicação muito boa, mais do que patrão e empregado, como amigos. Isso facilita muito as
coisas dentro da obra. Porque tudo o que a gente vai fazer, o que ele precisa... Está sempre um
consultando o outro. Então isso dá uma chave maior de condição de trabalho.

- Onde são realizadas as pesquisas?

- Entro muito na internet. Não tenho assim uma página certa de pesquisa eu entro muito na
página do google e vou achando ali os temas, as palavras chaves de acordo com meus
problemas. Ou até de um tema novo em que eu tenha alguma dificuldade determinada nesta
obra eu vou correndo atrás, às vezes com a própria DRT, tem o Sindicato também que o
pessoal está sempre informando alguma coisa. O Sindicato da Construção Civil também tem
bastante material bom que dá para ser aproveitado. Tem muita gente que as vezes não tem
informação que lá eles fornecem material. Tem a Fundacentro que também fornece bastante
95

material para a gente, apesar de que eles vendem o material. Às vezes dificulta para algumas
pessoas o acesso.

- Mas isto você utiliza também no seu sistema?

- É bem rotativo.

- Com novas informações ele vai se atualizando constantemente?

- A própria experiência do dia a dia também. Uma situação de uma empresa para outra. Que
os empreiteiros em si, eles tem uma associação que eles mesmos trabalham. Então coisas que
acontecem com uma empreiteira, ela informa para a outra e a outra toma de exemplo para
evitar aquele mesmo problema com ela, onde entra a ação preventiva.

- Então você tem total liberdade no desempenho da segurança do trabalho aqui na empresa
BETA?

- Total liberdade.

- Você tem encontrado alguma dificuldade no gerenciamento do SESMT?

- Não. Dificuldade não. Tem assim, às vezes aquelas pessoas com pouco estudo com pouca
instrução, na dificuldade do discernimento do que é pedido. Dentro da construção civil hoje,
pelo menos a nossa empresa, ela tem bastante cartaz, bastante informação visual com setas
que faz você circular na sua obra e automaticamente está te alertando para alguma situação.
Então muita gente às vezes não consegue entender porque tem pouca leitura ou não sabe ler
ou não identifica o que significa determinada palavra. Aonde nós trabalhamos com: você
entendeu o que está escrito? Se te perguntar você sabe informar pelo menos para mais um?
Porque aquele que não sabe ler, o que é que ele faz? Ai você que sabe ler me informa o que
você entendeu? Agora, você entendeu?

- Agora com relação aos acidentes, você tem o número de acidentes e o numero de
funcionários dos anos 2001, 2002 e 2003?

- Para ser bem sincero, nós não fizemos a estatística destes anos. Mas eu garanto o seguinte,
eu tenho dois anos de empresa com eles. Quando eu entrei com eles o grau de acidentes deles
era um. Hoje com certeza depois de muita conscientização, muito treinamento, eles recebem
96

frequentemente os equipamentos de proteção, que é para atuar como barreira. Então nós
estamos dando todas as condições para não se machucarem.

- Então nesta época você não estava?

- Não. Eu não estava com eles nesta época.

- Não havia SESMT nesta época?

- A empresa operava junto com o apoio da construtora. Então a própria construtora que fazia o
auxílio para a empreiteira.

EMPRESA GAMA

A nossa atividade está definida nas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho. É


uma empresa da construção civil pesada, grau de risco 4, grau de risco máximo. Então em
razão da complexidade do empreendimento nas atividades rotineiras, são bem dinâmicas. As
atividades mudam constantemente. Daí a necessidade de um programa de segurança, de um
plano de segurança que vai de certa forma garantir a integridade física dos nossos
colaboradores. Nessa obra temos hoje cerca de 1400 funcionários da empresa e cerca de 400 a
500 subcontratados trabalhando diretamente no empreendimento. Então de acordo com a
norma regulamentadora NR 4 que trata do SESMT, nós necessitamos 5 técnicos de segurança
do trabalho, de 1 engenheiro em tempo integral e hoje nosso suporte técnico aqui somos em
treze técnicos de segurança e 1 engenheiro em tempo integral, 1 médico do trabalho, 5
auxiliares de enfermagem do trabalho. Temos ambulância nas 24 horas dentro do canteiro
para atuar nos casos de emergência. Os atendimentos são feitos no próprio ambulatório da
obra. Casos mais graves que necessite de equipamentos para fazer uma análise mais completa
tem que mandar para a cidade e são feitos os procedimentos legais e adequados. Nós temos o
nosso PCMAT que é específico da construção civil, onde são descritas: as atividades, os
setores, quais são os riscos mais freqüentes de cada atividade, quais são os EPI’s obrigatórios
e necessários, quais são os equipamentos de proteção coletiva, as normas básicas de segurança
de cada atividade. É um documento é elaborado pelo SESMT e tem a aprovação do nosso
gerente de obra. Ele é responsável juntamente com o engenheiro de segurança de garantir a
aplicação deste procedimento que é o PCMAT.
97

- Essa instrução, essa obrigatoriedade do cumprimento das questões de segurança está nas
normas da empresa GAMA?

- Nas normas da empresa. Inclusive normas corporativas e a nossa legislação determinam que
as empresas de construção civil sigam na íntegra o que vem disposto na NR 18. Esta NR 18 é
exclusivamente para a área de segurança, condições do meio ambiente de trabalho na
indústria da construção civil.

- Então isto é estabelecido na filosofia institucional da empresa?

- Isto. Inclusive nós temos a filosofia da empresa, está documentado como você tem
conhecimento, na NR 18. Como falei anteriormente, nossa obra aqui é grau de risco 4,
praticamente todas as normas regulamentadoras são aplicadas, com exceção da NR 14 –
fornos que não é aplicada o restante é identificado no nosso empreendimento. Nós temos
nossas estatísticas.

- De base temos as normas regulamentadoras, as normas corporativas ...?

- As instruções internas, as NR’s, temos o PPRA, onde nós controlamos os riscos, onde é feito
os procedimentos de controles dos riscos básicos: riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes.

- Este PPRA é para cada etapa?

- Para cada etapa. São feitas revisões constantes. Na medida da necessidade, do avanço da
obra, nós efetuamos uma revisão nestes procedimentos. Estes documentos são controlados
pelo nosso arquivo técnico e centralizados os originais e cada setor envolvido diretamente na
atividade recebe uma cópia deste manual para servir de consulta no dia a dia.

- Há também a análise preliminar?

- A análise prevencionista da tarefa que está no PCMAT.

- A análise prevencionista da tarefa é para cada atividade?

- Para cada atividade. Além dos procedimentos do PCMAT e do PPRA, nós temos uma
instrução de trabalho relacionada a análise de risco conhecida como APT, análise
98

prevencionista da tarefa. Então, toda atividade executada na obra tem uma APT específica.
Esta APT é elaborada pelo responsável da frente de serviço, no caso o encarregado,
assessorado pela segurança do trabalho, é feito em conjunto um documento. Neste documento
são descritas as atividades, os riscos de cada atividade, quais são as medidas de prevenção e
os responsáveis diretos pela adoção destas medidas que eu relatei. Além da APT nós temos o
DDE, diálogo diário da Excelência, antigamente era DDS, era específico da segurança, hoje
com a introdução do sistema de qualidade na empresa passou a ser chamado de DDE, diálogo
diário de excelência. O que vem a ser o DDE? O DDE é uma conversa diária, todos os dias
pela manhã, no início do turno. O responsável da frente de serviço, no caso o encarregado, ele
reúne a equipe. Nesse diálogo ele passa as atividades que estão programadas para aquele dia,
quais são os riscos daquela atividade, quais são os EPI’s obrigatórios, a forma correta da
execução daquele trabalho e tudo no intuito de evitar a ocorrência de acidentes. Temos
também, analisando a nossa estatística, nós temos CIPA constituída aqui no empreendimento.
Nossa CIPA é hoje pela NR 5, nós temos 9 titulares e 7 suplentes, tanto da empresa como do
empregador, ao todo nós temos 32 representantes da CIPA. Então todos os meses nós fazemos
uma reunião ordinária, no auditório da obra, e a gente envolve além dos cipeiros,
supervisores, engenheiros, gerentes de cada área, o próprio acidentado no caso de ocorrência
de acidente. Nós convocamos o acidentado para comparecer à reunião como forma de
conscientização. Ele vai relatar a ocorrência sempre no intuito da gente aprender com os erros
praticados, para evitar que acidentes semelhantes venham a ocorrer. O objetivo principal não
é achar culpado, achar culpado é fácil. O objetivo principal é aprender com os erros e evitar
que acidentes semelhantes venham a ocorrer. Nessa reunião ordinária que nós realizamos, nós
mostramos a nossa estatística ano a ano desde o início do empreendimento, teve início em
agosto de 2001. Em 2001 com 3679 funcionários tivemos 22 acidentes sem afastamentos e
dois com afastamento, em 2002 com total de 20358 funcionários tivemos 108 acidentes sem
afastamento e 5 acidentes com afastamento e em 2003 com total de 18586 funcionários
tivemos 133 acidentes sem afastamento e 4 acidentes com afastamento. Nessas reuniões,
todos os meses, a gente mostra a taxa de freqüência do empreendimento a taxa de freqüência
internacional e a taxa de gravidade e fazemos um comparativo entre a empresa GAMA e
empresas da área de montagem industrial. Você vê que aqui no gráfico nós estamos bem
abaixo no acumulado, por exemplo no ano de 2003 a empresa GAMA com taxa de freqüência
1,32 ao passo que na associação de empresas da área industrial fechou com 3,61. Temos
também um comparativo da nossa taxa de freqüência em relação às empresas de construção
99

civil pesada norte americana, que a gente mostra que nossos índices estão bem abaixo das
empresas de construção civil norte americanas. Isso não são informações feitas aqui, a gente
tirou do site www.osha.gov/oshstats/wock.html e mostra que o investimento, a preocupação
que nós temos em relação ao ser humano, a preservação da saúde dos nossos funcionários tem
valido a pena. Nesta estatística sempre se procura mostrar os nossos índices, mês a mês, e
mostrar uma estatística dos: fatores dos acidentes que costumam relatar, ato inseguro,
condição insegura, fator do acidente no acumulado e potencial de gravidade. A gente tem uma
classificação de gravidade em que a gente considera PG1, ou seja, potencial de gravidade 1, 2,
3 e 4. Então graficamente aqui no ano de 2005 69% das nossas ocorrências foram
consideradas PG1, ou seja, aquele acidente bem simples. Toda ocorrência de acidente é feita
uma análise, tem um relatório especifico padrão. Nessa análise participa o próprio acidentado,
o encarregado do acidentado, o supervisor da área e a segurança do trabalho. É feita uma
comissão para investigação, achar as causas principalmente, a informação das falhas que
porventura tenham ocorrido para evitar que acidentes tenham novamente as mesmas
circunstâncias. Nós temos também uma classificação no terceiro ano, 2005 do dia primeiro ao
dia 10, graficamente, do dia 11 ao dia 20 e do dia 21 ao dia 31. Dias da semana, a gente
mostra também, para a gente saber e ter um histórico qual é o dia favorável para a ocorrência
de acidentes. Antigamente o pessoal comentava que seria na segunda-feira, no nosso caso não
se aplica porque nós temos atividades todos os dias. Graficamente aqui, no ano de 2005,
quinta-feira está ficando o dia com mais ocorrência. A gente procura sempre colocar as
informações para conhecimento dos funcionários, o local do acidente a gente relaciona, o
setor do acidentado se é: na cozinha, manutenção, administrativo... Tipo do acidente, o que
causou o acidente: aprisionamento, impacto... Utilizando-se da NBR2 para fazer a
classificação, a fonte da lesão, o que provocou a lesão se foi metal, madeira... A natureza da
lesão, ou seja, o tipo de lesão que o funcionário teve, parte do corpo atingida, o ato inseguro e
qual seria o ato praticado, condição insegura da mesma forma, função do acidentado,
encarregado do acidentado, tempo de empresa, também se faz o levantamento para saber se
são os mais novos ou os mais antigos, idade do acidentado, de até 20 anos, de 21 a 25....
Mostra também aqui os dados do programa de prevenção dos riscos ambientais, quantidade de
APT’s que foram feitas no mês, quantidade de DDE’s realizadas. No nosso caso aqui no ano
de 2005 nós fizemos 6461 DDE’s, com 10 minutos cada. Tem a quantidade de EPI’s

2
NBR 14280 – Cadastro de acidente do trabalho – Procedimento e classificação.
100

distribuídos, 3276 durante o ano de 2005. Quantidade de integração em horas, ou seja, até eu
não falei antes isso, todo funcionário que entra na empresa faz todos os exames, inclusive
exame psicológico, com treinamento com uma psicóloga, aptidão para determinado tipo de
atividade. Todo funcionário que entra na empresa ele passa por um treinamento, no primeiro
dia de serviço dele, ele passa dentro de uma sala recebendo informações de segurança do
trabalho, informações de meio ambiente, informações de qualidade e informações da parte
administrativa, ou seja, regulamentos e normas internas da empresa. Esse treinamento de
integração termina com a entrega dos equipamentos de proteção individual, uma ficha de
compromisso da utilização e um compromisso de que ele recebeu as informações necessárias
com relação à utilização daqueles EPI’s. Além das atividades diárias nós realizamos
anualmente a semana interna de prevenção de acidente do trabalho e meio ambiente. Nesta
SIPAT, na verdade a gente denomina SIPAT, mas a gente incluiu o meio ambiente, a gente
confecciona faixas, boletins informativos divulgando os eventos, distribuímos brindes:
camisetas, bolsas e chaveiros alusivos ao evento. Todos os funcionários da obra recebem.
Tem uma programação, fazemos torneio de futsal, de tênis... DDE’s coletivos com a
participação dos gerentes, dos responsáveis da área, loteria e palavras cruzadas de segurança e
meio ambiente. Vídeo oke, a gente faz um concurso de vídeo oke, maratona, show do milhão
com perguntas sobre segurança e meio ambiente. Palestras, com a quantidade de funcionários
que participou de cada palestra por função. Ginástica laboral. Os dezessete programas
ambientais da nossa obra. DDE’s coletivos reúne todos, além dos DDE’s, que falei
anteriormente por equipe quando tem algum evento assim mais abrangente se reúnem todos
os funcionários num local e passam as informações. Temos torneio de sinuca.

- Vocês realizam uma integração com foco nas mensagens de segurança e meio ambiente?

- E saúde. Tem também o sistema de sinalização, aqui no canteiro de obras, temos um caderno
das nossas sinalizações do canteiro. Essas sinalizações são feitas aqui no próprio canteiro de
obras. Temos um equipamento plotter3 e placas de vinil. A gente mesmo fabrica as placas.
Nós temos a elaboração do boletim informativo de segurança, saúde e meio ambiente. Isto
serve de subsídios para os nossos encarregados no DDE’s, são informações e um suporte que
a gente dá para eles. A gente elabora sobre assuntos diversos e temos como meta
semanalmente elaborar um. Qualquer informação sobre segurança, saúde e meio ambiente que

3
Plotter é uma impressora de grandes dimensões.
101

a gente sente a necessidade de passar para os nossos funcionários a gente elabora um boletim
informativo que é distribuído, divulgado e afixado na frente de serviço. Temos vários
exemplos aqui.

- É entregue para cada um?

- Para cada encarregado. De manhã, antes do início do trabalho no DDE ele chega lá e faz um
comentário encima daquilo que a gente passou para ele. Temos um caderno de proteção
coletiva, aqui tem todas as proteções necessárias.

- Para cada tipo de obra?

- Cada tipo. Escada, andaime, com detalhes da estrutura, guarda-corpo, guarda-pé,


passarelas...

- Para todos os riscos detectados no PPRA?

- Isso. Então qualquer escada confeccionada aqui na obra tem que seguir estas dimensões.
Nós temos também um jogo de segurança, é uma coisa nova foi desenvolvido dentro da
empresa por um medico do trabalho de outra obra. Este jogo é um sistema de obtenção e
gerenciamento de informações, baseado numa pesquisa norte americana, Frank Bird Jr4 fez
uma pesquisa nas empresas, é aquela pirâmide a cada 600 incidentes temos a probabilidade da
ocorrência de 30 acidentes com danos à propriedade e 10 acidentes de menor gravidade e 1
acidente sério. Este jogo consiste em identificar: a condição insegura, atos inseguros,
incidentes, acidentes com danos materiais, acidentes com danos ao meio ambiente, acidentes
com danos físicos. Nós temos o cartão do jogo que fica disponibilizado em todas as frentes de
serviço. É uma competição sadia entre a equipe dos colaboradores e a equipe da supervisão, o
chefe da obra e o SESMT são os juízes do jogo. A equipe dos colaboradores participa do jogo
identificando as condições inseguras, então o funcionário está executando a sua atividade, ele
identifica uma condição insegura, lança mão do cartão e relata a ocorrência e coloca esta
informação na caixa. Todos os dias pela manhã o técnico de segurança passa na frente do
serviço, recolhe os cartões e faz uma análise. São cartões de três cores. Então um funcionário

4
Em 1969, Frank Bird Jr., diretor de Segurança de Serviços de Engenharia da Insurance
Company North América, elaborou um completo estudo de acidentes. Deste estudo surgiram
as proporções que tornaram-se conhecidas como “Pirâmide de Frank Bird”.
102

identifica uma situação que na sua concepção pode provocar um acidente grave ou fatal ele
faz um x no vermelho, é um cartão com uma gravidade considerável, relata a condição. Se ele
considerar esse risco como um que pode provocar lesões ou doença ele identifica como
amarelo e prejuízos a empresa ou danos ao meio ambiente como verde. Ele emite um cartão, a
segurança recolhe, faz uma análise, confere no local aquela ocorrência, aqui tem os dados do
funcionário que emitiu: a referência e o visto. A segurança utilizando-se dos procedimentos
faz a validação desta ocorrência, pontua, ou seja, dá a pontuação para cada informação, por
exemplo: VI – a validade da informação, então se o funcionário colocou, na casa de força,
mas não especificou o local aí o técnico foi com o cartão e se ele teve dificuldades para
encontrar o local pré-determinado, a informação varia de 1 a 4, então vai ter um peso se o
cartão está perfeito, tranqüilo, não teve trabalho vamos dizer assim, para o técnico identificar
ele vai validar como 4. São as informações constantes no cartão, validade da ocorrência, então
o técnico vai analisar a descrição que o funcionário fez, a identificação daquele risco que o
funcionário fez, na concepção da segurança do trabalho quais são as chances de ocorrer aquilo
que foi descrito pelo funcionário ele vai colocar de 1 a 4. Por exemplo: o funcionário escreve
lá pode cair um raio aqui na casa de força. A validade da ocorrência aqui vai ser mínima.
Agora, se o funcionário identificou um desplacamento, um possível desplacamento, alguma
pedra que pode vir a rolar e tal, aí a validade da ocorrência é bem maior. As chances da
ocorrência são bem maiores. Ele vai pontuar de 1 a 4. E a validade do dano, e se ocorrer
aquilo que foi descrito, de 1 a 4. Vai definir o dano, se vai ser mínimo, ou seja, 1 e assim vai
lá para cima até 4. Com um cartão, o funcionário pode fazer no máximo 12 pontos. É uma
competição mensal e da mesma forma a equipe da supervisão, ou seja, nós consideramos da
equipe da supervisão todo aquele que tem subordinado, independente de ser um encarregado
ou um líder. Aquele que tem alguém sob sua responsabilidade é considerado da equipe da
supervisão. A equipe da supervisão acumula pontos notificando atos inseguros. Com este jogo
a equipe dos colaboradores um funcionário fiscaliza o outro, porque ele sabe que se um
companheiro dele está praticando um ato inseguro, a equipe da supervisão vai emitir um
cartão. Essas informações são lançadas no sistema do computador. Trouxe o cartão para cá, já
validado pelo técnico. A gente lança e o próprio sistema já faz uma soma desses pontos. Esses
pontos não significa 9 pontos ou 10 pontos, ele faz um índice pelo número de funcionários e
horas trabalhadas por dia. Então você vai lançando as informações do colaborador e
informações da supervisão. Ele vai somando a quantidade de pontos de cada um. No final do
mês, no último dia do mês a gente faz o fechamento e identifica a equipe de colaboradores
103

emitiram tantos cartões totalizaram tantos pontos. Da mesma forma a equipe da supervisão.
Quem tiver o maior número de pontos é o vencedor do jogo no mês. Aos seis primeiros
colocados, como recompensa R$ 1.000,00, são divididos entre os seis primeiros colocados da
equipe ganhadora. Proporcional à quantidade de pontos de cada um. Antes da existência deste
jogo, a segurança gastava comprovadamente mais de 50% do tempo identificando atos e
condições inseguros. Então, se alguém já identifica, este tempo que a gente gastaria para
identificar atos e condições inseguros, a gente utiliza para treinamentos.

Toda informação lançada no computador gera um índice que a gente chama de estado de
segurança da obra. Tem uma placa na entrada que mostra o estado de segurança da obra. Cada
informação do cartão contribui com um índice no estado de segurança. Se muita gente está
identificando condição insegura como ato inseguro esse índice vai crescendo, significa que
nós temos bastante coisas que precisam ser melhoradas. Este estado de segurança pode ser:
verde, amarelo ou vermelho. Em toda ocorrência de acidente também é feito um cartão. O que
mais contribui para a mudança no estado de segurança são as ocorrências efetivamente
ocorridas. Porque às vezes a pessoa relata mas não ocorreu, então isso contribui menos. Agora
aquilo que já foi concreto, de fato, aquilo vai contribuir bem mais. Na obra todos os dias a
gente muda esta placa, a gente muda a quantidade de dias, o record anterior e o atual. Tudo
informatizado. Tem algumas regras: é proibido ao colaborador emitir cartão para o
companheiro. Se ele fizer isso ele está fazendo gol contra. Ele tem que identificar, ele não é
responsável para corrigir as falhas. Ele é responsável para não praticar atos inseguros. Toda
vez que tem uma ocorrência, nós temos uma papeleta e o encarregado tem esta papeleta e no
DDE ele vai comentar: “hoje vocês viram lá na placa o estado de segurança está verde,
significa que é o nosso estado de segurança desejado. Parabéns! Os nossos processos de
trabalho estão de acordo com as APT’s, nossas tarefas estão sendo realizadas com atenção.
Vamos manter este estado e passar para frente. Vamos identificar as condições inseguras.
Estaremos partindo para frente para ela estar sendo feita segura”. Continuamos a lançar os
cartões no sistema e mudou para amarelo. Toda vez que muda para amarelo, obrigatoriamente
o encarregado, semanalmente no DDE tem que ler isso aqui, cartão amarelo: “estamos em
alerta amarelo, significa que o nosso estado de segurança é preocupante”. Da mesma forma o
vermelho. Quando chega no vermelho todos os dias, significa que algo ocorreu ou está
ocorrendo. Nesse jogo, todas essas informações que chegam para a gente aqui, são lançadas
no sistema. O cartão fica com o responsável. O técnico fez a validação e vai procurar o
104

responsável daquela frente de serviço, para resolver aquela situação. Na medida em que é
lançado no sistema ele gera o estado de segurança da obra e emite relatórios com aquelas
constatações que nos é administrado, através de cartão, distribui para a supervisão
relacionando o que é para ser feito e o prazo. Ele vai receber esta lista de pendência, vai
colocar um x no que é resolvido para a gente dar baixa. Ele assina e é um compromisso que
ele está assumindo para resolver aquela situação. Ele devolve para manter arquivado. Se
porventura vier a ocorrer um acidente naquela área a gente tem um histórico que nós fizemos
algo para evitar aquela ocorrência. Temos um informativo mensal aqui na obra e numa página
deste informativo colocamos assuntos da segurança, saúde e meio ambiente.

- Com relação às auditorias?

- Nós temos uma equipe qualificada para auditoria interna. É feito treinamento com a
certificadora. Nós temos a certificação da ISO9000 e da 14001. Nós realizamos uma auditoria
interna, a gente faz uma análise entre as áreas, vai identificar alguma irregularidade no outro
setor e vice-versa. Em seguida, tem uma auditoria externa que é do órgão de certificação.

- A cada quanto é realizada a auditoria?

- Esporadicamente e a cada seis meses. Sempre com o objetivo principal de melhorar o


processo.

EMPRESA DELTA

Aqui por enquanto estou sozinho, um único só. Como não tenho muito tempo para cuidar da
parte da documentação e do campo, a gente adota o sistema de DDS (diálogo diário de
segurança). Para todos os encarregados e líderes de cada frente de serviço, toda manhã a gente
conversa sobre algum item de segurança. Isso ajuda, porque reforça um pouquinho mais com
o trabalhador, que os encarregados são caras experientes da construção civil e os funcionários
a gente pega bastante o pessoal da região. Acontece que a maioria do pessoal é servente, é um
pessoal que não conhece muito de obra, pessoal do interior que é agricultor. Daí eles não tem
muita noção. Nós temos uma empresa na cidade que faz os exames admissionais dos
funcionários é feito audiometria, conforme a atividade o exame médico solicita outro tipo de
exame, faz-se lá e a integração também. Aqui a gente dá uma reforçada ainda. No fim é dada
uma reforçada aqui porque o cara não tem noção da construção civil os riscos que é. Tipo
105

pega um carpinteiro daqui da região acostumado a fazer casa. O risco totalmente diferente do
que uma obra. Por isso a gente dá mais uma pincelada encima e depois no campo.

- Isso na admissão?

- Na admissão, quando o funcionário está entrando.

- A gente delega para o supervisor, para o líder para cobrar também. A gente passa no campo,
faz vistorias também. Acompanha o serviço, chega no serviço, passa cobrando. Se tem
alguma irregularidade, a gente vai e conversa com o líder ou o encarregado da função para
cobrar. Por exemplo: falta um guarda-corpo ou alguma coisa. Da parte de campo a gente
cobra dele. E ele cobra da gente: “falta cinto, falta máscara...”, ele cobra da gente também. É
feita a cobrança direta. Se eu passo para o encarregado e ele não faz a gente vai direto para o
supervisor geral. Se mesmo assim não resolver, a gente documenta. Faz uma não-
conformidade pega a assinatura do encarregado ou do líder que está na frente de serviço, ou
dependendo da situação, conforme o que quer, do engenheiro residente da obra. Registra e dá
um prazo para ele cumprir. Se não resolver, a gente dá mais uma não-conformidade, para
forçar ele a fazer. Tem situações que não pode ser deixado para daqui um mês, tem que ser de
imediato. Se não resolver, em último caso eu vou lá e interdito a frente de serviço. Manda
todo mundo sair enquanto não consertar a situação de risco não entra para trabalhar. Às vezes
tem que ser um pouco radical. Tu tens que ganhar o encarregado. Levá-lo para o teu lado,
fazer amizade com ele, ter confiança. O que tu pedires depois ele faz. Tem coisa que às vezes
tu não consegues fazer numa obra porque às vezes depende de ser em outro lugar, tem que ser
um tempo certo para fazer um tombamento e não tem um consultor na obra para procurar. Às
vezes demora um pouquinho, mas não depende nem dele.

- O que se utiliza com base para a gestão da segurança do trabalho: são as normas
regulamentadoras, as instruções da NR 18?

- A gente pega mais a NR 18 na construção civil. E a gente se baseia bastante na parte do


PCMAT e do PPRA. Na obra temos duas empresas, uma de engenharia outra de construções.
São os mesmos proprietários, só que são duas empresas que trabalham juntas, antigamente
existia só a empresa de engenharia. Desde 1972 está no mercado se não me engano. Em 2000
criaram a empresa de construções, que faz mais a parte de serviços. A engenharia administra e
a de construções trabalha. A maioria do pessoal da administração é da engenharia e o pessoal
106

que está sendo contratado recentemente é da empresa de construções. Trabalhamos todos


juntos, eu praticamente não faço distinção para mim é tudo uma empresa, não interessa se é
construção ou engenharia. Pisou fora da linha a gente chama a atenção, se não resolve chama
outro, se não resolve tem que partir para a caneta com advertência. Apesar de que o pessoal
mudou bastante. Quando comecei a trabalhar em 1997 na área de segurança do trabalho era
diferente o pessoal era mais difícil. Hoje mudou bastante o pessoal já está mais consciente. Às
vezes a máscara deu problema, tem que comprar outro tipo de máscara, o pessoal não gosta. O
pessoal mesmo cobra da gente isto. O pessoal está se conscientizando bastante.

- Existe a política da empresa em priorizar a segurança?

- Existe, só que às vezes dependendo da produção às vezes eles acabam esquecendo um pouco
da segurança. Não adianta, tem dependendo das vezes tem o encarregado da produção e
segurança zero. Outras não. Aqui tem bastante funcionário que trabalharam em outras grandes
que já são experientes. Também trabalhei na empresa GAMA. Já sei o seu sistema de trabalho
é totalmente deferente. Lá o encarregado, se ele não cumprir as normas de segurança ele sofre
com isso. Ele é interditado na frente de serviço. Ele é trocado. Ele é até mandado embora em
certas situações. O pessoal que vem destas empresas já tem um padrão de serviço acostumado
com isso. Já seguem um padrão. Aí facilita bastante. Na integração também, em tempos atrás
aconteciam mais acidentes, a construção civil era precária talvez por falta de informação.
Hoje na admissão a gente fala nos direitos, deveres dos funcionários, no porque que eles estão
fazendo os exames. Não como uma vez, ia ao posto de saúde, pedia um atestado médico, para
poder trabalhar e o médico nem olhava para a cara do sujeito. Hoje não, a gente faz exame e o
médico faz a anamnese, preenche um questionário, faz tudo para realmente ver as condições
do funcionário depois de acontecer um caso. O funcionário se sente mais valorizado com isso.
Isso ajuda. O funcionário vai se informando porque que tem que ser utilizado. Uma vez, tinha
que fazer o exame porque tinha que começar a trabalhar. Hoje não. Hoje o funcionário sabe
que aquele exame é para ver como estão as condições hoje, para trabalhar por 5 ou 6 anos e
quando ele sair da empresa, ele sair apto para trabalhar em outra empresa. É a integração da
saúde. Eu sempre gosto de falar para os funcionários: tu tens que estar ciente, não é só usar o
capacete, o cinto quando me vê chegando ou quando o encarregado está chegando. Tem que
estar ciente. Se ele sofrer um acidente a empresa vai sofrer também. Dependendo da
gravidade vai ter que indenizar, vai perder. A equipe perde porque vai faltar um na equipe,
não vão contratar um funcionário por 15 ou 20 dias para substituir aquele. Quem perde mais
107

com isso, no caso de um acidente, é o funcionário. Sempre é bom lembrá-lo. Não


simplesmente chegar xingando: tu tens que usar o equipamento. Tens que fazer isso. Tem que
tentar explicar para ele porque tem que usar o equipamento. A conscientização é o caminho.
Eu trabalhei em empresa, que se eles vissem o cara sem o equipamento de segurança eles
chegavam advertindo. Eu sou contra isso. Tanto que aqui nesta obra, por motivo de falta de
segurança não adverti nunca ninguém. Eu prefiro chamar o cara num canto, conversar,
explicar o porquê que ele tem que usar. O cara sai te agradecendo, te devendo um favor. Se o
cara esqueceu de pôr o cinto e levou uma advertência no outro dia ele vai fazer a mesma coisa
de birra contigo. Ele acha que está sacaneando você, não que ele está correndo o risco de se
acidentar. Hoje eu acho que a melhor coisa que tem para funcionar bem é conscientização, é
conversar, diálogo. Tentar. Eu tenho bastante serviço aqui, mas quando eu estou no campo,
que eu posso, eu chego e converso. Chego num cantinho, vou conversando... Tu vai ouvindo
os problemas. Tu vai ganhando confiança. O cara vai ficando amigo dele. Isso ajuda muito. O
colaborador às vezes tem um problema e vem falar contigo. A gente conversa, tu dá uma
força e conquista o cara. A maioria do pessoal da construção civil é mais humilde. É bom
trabalhar com ele. Eu prefiro muito mais trabalhar com ele. A gente senta, conversa e troca
idéias. Porque às vezes o cara está na frente de serviço, passa para dar uma olhada e tu não
vês o risco que está lá. Mas, o funcionário que está direto lá, ele já sabe do risco. Às vezes
sabe por que vem de outra obra, e ele fala que veio de outra obra e já aconteceu um acidente
assim, por falta disso. Tu vai absorvendo para que não aconteça mais aquilo. Eu pergunto: o
que vocês fizeram para não acontecer mais? A gente conversa. O essencial é a conversa. A
integração com o funcionário.

- Como é feita a medição do desempenho da segurança, tem relatórios?

- A gente faz um quadro estatístico. Todo mês é levantado se teve algum acidente. Qual a
quantia de DDS que foram feitas no mês. Número de horas trabalhadas. Se tiver algum
acidente é descontado. Se tiver algum acidente a gente calcula. Com perda, sem perda, calcula
a taxa da gravidade, a freqüência... Vê se teve alguma doença ocupacional nesse período.
Nesse período a gente levanta todos estes números. Aqui graças a Deus está bom.

- A empresa DELTA passou a ter o SESMT desde dezembro de 2004?

- Dezembro de 2004.
108

- Não é possível ter os dados relativos aos acidentes antes deste período?

- Não. Pelo que eu sei teve um ou dois acidentes meio graves.

- Com afastamento?

- Com afastamento. Porque antes eles faziam mais construção de prédio, faziam serviços
pequenos. O forte dela é estrada. Construção de estrada, terraplanagem. Aí não ocorriam.
Eram mais, acidentes com veículos mesmo. Trabalho a céu aberto. A maioria do pessoal que
está aí é tudo pessoal que trabalha em obra. Isso ajuda bastante. O cara que trabalha em obra
geralmente é cara que já tem experiência, já sabe do risco, melhor do que a gente. Ele vive o
dia a dia lá. Então está tranqüilo.

- Então o sistema é de interação cada vez melhor e aproveitamento das melhores práticas
prevencionistas para se adotar em cada etapa?

- Agora esta semana a gente começou junto com a empreiteira da obra a fazer o 5S, que até
então estava largado. A gente começou com o canteiro, o acesso ao canteiro ministrando o 5S.
Estão fazendo para todas as obras e começaram quarta-feira com a gente. Foi feito
treinamento, porque a maioria não sabia nem o que era o 5S. Foi explicado primeiro para os
encarregados e hoje pararam as três da tarde e estão dando uma geral na obra e depois as 5
horas vai ser feito um encerramento. Aí tem uma equipe de coordenação que vai passar e
avaliar o que melhorou. Como estava antes e como está agora. Tem dado um efeito moral. O
pessoal vê a diferença. Com disso vai ter uma confraternização às 5 horas.

- Eles fazem isso periodicamente?

- Está sendo feita a primeira. Está sendo feito hoje que é o dia D. Depois, uma vez por mês vai
ser feito isso. Vai ser parado numa sexta-feira na metade da tarde. Depois a gente já está
pensando em não deixar a cada trinta dias.

- Existe um componente do 5S que diz respeito à segurança do trabalho?

- Tem. É o quarto S. Que é sobre saúde e meio ambiente.

- A empresa que contratou a empresa DELTA tem o selo de qualidade. Até no mês de marco
teve uma auditoria externa para ver se ela continua com o selo ou não. Com isso eles cobram
109

dos empreiteiros também. Por isso a gente está fazendo esta integração, trabalhando juntos.
Porque se eles não cuidarem de nós, eles correm o risco de perder o selo de qualidade. Por
isso é uma cascata. Um tem que cuidar do outro e trabalhar nisso.

- O planejamento é feito quando vai começar a etapa ou no DDS?

- No DDS. É feito cada dia. Todo dia é feito. A gente cobra dos encarregados que ficam na
frente de serviço. Cada um pega aí, cada encarregado tem o seu, faz um número de registro. É
feita a presença, os que faltam e os que estão presentes. Atrás é colocado: o funcionário que
fala, o tema que ele falou naquele dia e é registrado. O DDS é como se fosse um calo, a
segurança. Se todo dia você ficar batendo num lugar vai fazer um calo. Com a segurança é a
mesma coisa. Você tem que falar todo dia. Às vezes o funcionário conhece, sabe do risco,
mas com o tempo, se tu não falar ele acaba esquecendo. A gente faz o DDS, ajuda. É bom este
sistema porque nem sempre o encarregado fala. Um dia o encarregado fala. Outro dia outro
fala, todo mundo. Às vezes você olha para o funcionário, ele não abre a boca para nada.
Quando ele começa a falar ele dá aula em muita gente. Às vezes o cara é trecheiro há tempo e
tem muita experiência, viu muito acidente, ele passa isso. Pelo fato de contar o que aconteceu
em outro local, ele admite que possa acontecer aqui também. Já cuidam mais.

- Você tem outro fornecedor de cursos que também utilizas?

- A gente tem a empresa que presta assessoria para nós que tem uma médica e um engenheiro.
Eles fazem estes programas. Quando precisa algum curso, alguma palestra diferenciada eles
vem aqui é fazem para a gente também. A própria empresa se oferece para dar treinamentos.
Tem sempre bastante estagiário fazendo cursos para técnicos de segurança nesta empresa e
esses estagiários têm que dar treinamento. A gente convida às vezes. Às vezes está
acontecendo tal coisa, então digamos está havendo muito ruído. A gente convida e faz uma
palestra sobre proteção auditiva. No mês retrasado foi feito a CIPA. Eles vieram e fizeram o
curso para os cipeiros. Depois de mais um tempo, tinha um estagiário que era um bombeiro. A
gente aproveitou e reuniu uma turma maior além dos da CIPA e foi feito um treinamento de
combate incêndio. Às vezes tem um extintor que nunca havia sido usado e saber como utilizar
na prática é diferente. A gente sempre tem as empresas. Teve pessoas que vem de fora, que
nas férias escolares, passar nas empresas dando cursos. Eles vieram dar palestras sobre
qualidade no trabalho, a valorização do funcionário... O pessoal da própria contratante as
110

vezes vem dar umas palestras diferentes. Eles têm um funcionário que trabalha no meio
ambiente, que é contratado pela própria contratante que também fica trabalhando junto e
reúne o pessoal para tratar do meio ambiente. Uma vez se falava só sobre segurança. Hoje
não. Hoje é sobre segurança e meio ambiente. O meio ambiente está sendo muito valorizado.
O que é certo. Tem que ser. Tem que valorizar mais ainda. Hoje segurança e o meio ambiente
andam praticamente juntos. A gente tem um cara que trabalha com o meio ambiente e fica
orientando, cuidando. Trabalha em parceria com a gente, com a segurança. É assim que
funciona o negócio.

EMPRESA ÉPSILON

O nosso trabalho na empresa ÉPSILON consiste no seguinte: inicialmente quando o


funcionário é admitido na empresa ele passa para nós na segurança e a gente faz um trabalho
de integração com ele. A gente passa o que é o trabalho que a empresa vai ter que fazer, o que
a gente está fazendo, onde a gente vai ter que fazer, quem é o nosso cliente e aí então vai
passar as normas de segurança para ele. Inicialmente, como a gente pega gente de todos os
níveis, normalmente o pessoal tem já trabalhado em alguma coisa similar. Então a gente
orienta, mostra para eles, explica o que é o EPI, que é o equipamento de proteção individual.
Quais os básicos. Quais os que ele deve utilizar para trabalhar na fase. Nós temos três equipes
na empresa ÉPSILON. Cada equipe a gente chama de fase. Então para entrar, para iniciar a
atividade tem que estar com o EPI básico, ou seja, o capacete, os óculos de proteção, a luva,
protetor auricular, uniformizado e a botina. Então o pessoal só pode ir para área se tiver dessa
maneira. Fora dessa maneira não pode trabalhar. Então por exemplo: tem uniforme rasgado a
gente pede para ele trocar. Orienta e conscientiza-o para que ele troque. É fornecido para ele
na admissão dele durante a integração: dois uniformes. Ele está sempre com um limpo e um
sujo. Eventualmente acontece, em função do tempo, chove não tem como secar e a gente
fornece para eles, aí acabam ficando com roupa a mais. Mas isso eventualmente, a gente
solicita também ao pessoal na hora que melhorar, entregue a roupa para ficar com duas. Para a
gente poder manusear bastante gente. A equipe é bem grande. Cada equipe é composta de 20
funcionários. Este trabalho que a gente faz é um trabalho light. A gente utiliza linhas de 2
polegadas. Os tubos de duas, tubos de três, tubos de quatro. Mas, o que mais se usa é 2
polegadas, que é o mais fininho, que são ramais que a gente está puxando da central de gás
que vem da Bolívia. Então a gente puxa isso aí e vai fornecendo para os postos e empresas. A
gente tem um programinha de integração. A gente só segue o programa de integração. Nessa
111

altura a gente já falou para ele o que é a empresa, quem conhece a empresa, para quem não
conhece a empresa. Ela é especializada na área de saneamento e agora a pouco tempo que ela
entrou na área de gás. Mas ela já está bastante conceituada até em função do trabalho que ela
está fazendo. O pessoal já está com bastante experiência. Inclusive eles pegaram todo o
contrato aqui da região que eles chamam de região A e B. O encarregado é o responsável pela
equipe de trabalho. Toda e qualquer alteração tem que ser comunicada para ele. Nós também
da segurança nos reportamos ao encarregado. Se tiver alguma coisa errada e se for alguma
coisa grave a gente pára e comunica para ele. Mas se não for grave a gente comunica para ele
e ele pára. Faz a correção necessária. Se tiver alguém sem o EPI digamos que estragou ou
danificou, a gente já tem autoridade de parar o funcionário. Pára ele e faz com que ele troque
o EPI. Mas se houver alguma coisa grave como um carro que tenha batido, a gente toma uma
medida. Fora isso o encarregado é que... Então a gente passa para ele: olha isso aqui tem que
colocar um escoramento. Normalmente ele pela experiência dele ele já vê que tem que fazer
um escoramento, de repente, na vala. O terreno é muito diferente um do outro. Conforme a
abertura... Porque a vala é tipo, bem light. Abre mais ou menos 50 cm, bota a tubulação, baixa
na faixa de 1 metro. Baixou fechou direitinho. Segue o projeto direitinho. Acompanha o
pessoal da área de controle de qualidade e vai seguindo normal. A gente está acostumado a
trabalhar no gasoduto que passou por cidades maiores é bem diferente. Por isso que a gente
falou light. São valas de 1 metro, sempre bem isolados. A gente usa tapumes que são aquelas
placas grandes fixas. Telas também conforme o local que está. Outra coisa que a gente faz
muito é orientar no trânsito. A gente coordena pega a equipe de acordo com a necessidade ou
com o local. Agora como a gente vai fazer em Brusque, tem que passar a tubulação na tela
principal. Faz-se uma coluna montada com vários tubos. Fica tipo uma minhoca comprida
com vários tubos. Aquilo a gente chama de coluna. Então tem que movimentá-la. A gente
pára o trânsito. A gente coordena, pega o pessoal já mais acostumado, até orienta ele e bota
um colete e uma bandeirinha vermelha e a gente fica de maestro. A gente conta com o apoio
dos agentes de trânsito, a PM também, quando é maior o fluxo de veículos. Quando a gente
está fazendo a integração, cada funcionário de acordo com a função dele já existe uma
instrução específica de segurança. No momento em que ele está na integração a gente
comenta para todos eles. Quando entra não entra um só, entram vários. Às vezes entra
pedreiro e o que mais é admitido é ajudante, então a gente pega os ajudantes reúne todos os
ajudantes e fala especificamente as instruções para a atividade dele. Porque um ajudante, um
pedreiro, um carpinteiro, um soldador já são diferentes as atividades. O que serve para um não
112

serve para outro. Não dá para generalizar. A gente explica para cada um e aí ele já assina esta
instrução de trabalho. A gente também dá uma orientação para ele, se acontecer algum
acidente de repente, o que a gente considera acidente. O cara não está se sentindo bem. Então
a gente o orienta. Porque de manhã, se ele não estiver se sentindo bem, meio tonto ou alguma
coisa, que ele fale com o encarregado dele. Se caso eu não estiver ali. Se eu estiver junto, já
comentei com eles que venham falar comigo que já falo com o encarregado e acerta ali. Para
que ele não venha, porque se ele não está legal vai trabalhar já é problema, porque de repente
ele vai ficar meio parado ou alguma coisa ou vai forçar. Então a gente não quer isso aí. Se ele
estiver na frente, está em condições. E se acontecer, digamos assim, que ele está trabalhando e
lá durante o trabalho fez um lanche ou almoçou e não está legal, que ele procure o
encarregado e diga o que está acontecendo. Porque pode dar problema sério. Graças a Deus
nesta parte o pessoal tem entendido bastante e tem nos ajudado. A gente também fala para
eles se acontecer como a gente já teve dois acidentezinhos que é muito bobo e não deu para se
aceitar. Um equipamento, o cara vai puxar um compressor e o compressor ele não apóia
direito o compressor. Ele escorre e cai encima do pé dele. São coisas do tipo de falta de
atenção. O ato inseguro que ele fez aí. Neste caso foi o ato inseguro porque ele não pediu
ajuda também. Devia ter pedido ajuda para alguém auxiliar ele. O cara não fez então deu um
probleminha bateu ali. Ficou uma semana já de molho, teve que levar ponto no dedo e tal...
Uma coisa desnecessária. Dá aquela perda de tempo grande, o trabalho que já não vai andar
conforme deveria de andar. Vai ter que ser relocada uma outra pessoa para aquela atividade.
Na integração é basicamente isso que a gente fala para o pessoal. Só que a gente treina com
mais tempo conversando com eles. Porque tem perguntas e eu faço um questionamento para
eles. Ah! O pessoal entendeu? Então me explica o que é isso. Aí as vezes o pessoal fica meio
embaraçado se entendeu ou não. Aí tu: fulano explica para ele o que tu entendeste. Eu faço
isso para ver se o cara entendeu ou não. Nós não dispomos de um lugar especial para essa
atividade. A gente reúne numa sala. O certo seria fazer num lugar com ar condicionado, mas a
gente não dispõe disso. A gente faz aquela pausa para cafezinho. A gente tem projeto de fazer
com vídeo. A gente não está fazendo ainda. Se botar um filmezinho, a gente pode fazer mais.
A gente fazia maior esta integração com a participação de outros setores. O RH5 orientar para
eles como funciona a parte de pagamento, dá as coordenadas para eles, o horário de trabalho,
o administrativo. Até a gente mistura um pouquinho porque o pessoal pergunta. O pessoal da

5
RH – Departamento de Recursos Humanos.
113

qualidade também vai participar. Na integração faço a prevenção e combate a incêndio. A


gente dá uma orientação básica. A grande maioria já sabe, mas estão meio desatualizados.
Então a gente mostra o que é o triângulo do fogo, quais os tipos de extintores, o que ele faz e
tal... A gente dá umas coordenadas para eles. Até eu comento para eles que a gente não tem a
pretensão que o pessoal saia expert no assunto. Mas pelo menos tenha uma noção. Porque o
princípio de incêndio tem que ser atacado na hora. É por isso que tem um extintor de incêndio
em toda frente de serviço. Tem extintor para que na hora que dê um probleminha e já pega o
extintor e já sabe o que fazer. Não é correr. Aqui a gente não viu este tipo de coisa, mas em
outros lugares. A gente dá uma noção também de primeiros socorros, se acontecerem. Porque
nós trabalhamos sempre é na prevenção. Então não é depois que o fato acontece que a gente
vai fazer alguma coisa. A gente é auditado pelo contratante na parte de segurança. As visitas
não são programadas.

- Vocês têm o PPRA?

- Temos o PPRA, o PCMAT e o PPR que é o programa de proteção respiratória. Apesar de


que a gente utiliza muito pouco. Porque eventualmente tem aquela poeira pelo uso do
martelete, mas é pouco.

- Então tem o PCMAT, o PPRA e o PCMSO?

- Exatamente. Também temos a CIPA, comissão interna de prevenção de acidentes, que se


reúne uma vez por mês, em nível ordinário. Existe um calendário, uma programação, horário,
local e tudo. Antes a gente está sempre junto.

- Tens um programa de acompanhamento?

- Temos outro técnico na parte de Joinville, eu fico na parte de Blumenau. Eu atendo aqui.

- Aqui tem quantas frentes?

- Duas. Eu estou montando a outra. A gente fica neste vai e vem.

- Quando começou a obra?

- Eu cheguei em maio de 2005 nesta empresa. O pessoal estava indo devagar tinha uma frente
só. Depois, começou a ampliar ai eu entrei.
114

- Antes não havia o SESMT?

- Havia, mas eu não estava aqui.

- A obra iniciou aqui em maio de 2005.

- Tem alguma dificuldade no desempenho?

- Não. O pessoal é bem interessado. A gente tem uma outra ferramenta de trabalho muito boa
que a gente utiliza que é o DDS (diálogo diário da segurança). Antes do início do trabalho de
cada atividade a gente faz o DDS. Então a gente procura informar o que vai acontecer. Tipo, a
gente chegou num local, o local aqui está assim, olha o problema maior que a gente vai ter é o
deslocamento. Então vamos ter atenção. Vamos parar uma, duas ou quantas vezes for
necessário. Um colega observa o outro. Está trabalhando, mas está olhando. Quando o cara
não está legal, por favor, chama o cara fala com ele. Se achou que o cara tem mais problema
já passa para o encarregado. Oh! O rapaz está meio ruim ali e tal... A gente já vai deixar ele
parado num canto. Vamos conversar com ele. Vamos ver o que está acontecendo. Se for o
caso, se ele não estiver legal vamos tirar ele dali.

- Com relação à rotatividade?

- A nossa rotatividade está sendo baixa. A gente procura esclarecer que eu sou trabalhador da
mesma maneira que tu. Eu não sou melhor do que ninguém. Cada um tem a sua atividade. A
tua é essa e a minha é essa. Somos colegas. A gente está aqui para se ajudar. Eu preciso que tu
entendas isso. Se tu entender isso o meu trabalho vai ser bem feito. Como tu vai mostrar para
mim que tu entendeste? Trabalhando certo. Tu fazendo a coisa certa. A gente procura fazer
uma parceria com a turma. Graças a Deus a gente tem atingido este objetivo.

EMPRESA ZETA

Aqui na construtora nós temos previsto o grau de risco 4 de acordo com a portaria nós temos
duas técnicas de segurança do trabalho. Atuam mais na linha de frente. Na construção. Eu que
sou engenheiro de segurança do trabalho e o médico do trabalho. Na parte de medicina nós
temos o ambulatório onde atendemos todos os trabalhadores. Ali tem um médico do trabalho
e também temos uma pediatra que atende também a família. Nas terças-feiras o nosso médico
115

faz visitas nas obras. Durante a semana, todos os dias o trabalhador pode vir ao nosso
ambulatório. A parte de engenharia é administrada pela gente em conjunto com o pessoal de
RH e está vinculada ao departamento técnico. A gente desenvolve todos os programas e faz o
monitoramento nas obras. Também temos uma assessoria do SECONCI, de Florianópolis, são
nossos parceiros. Temos apenas com eles uma consultoria. Todos os programas são
desenvolvidos pelo nosso setor e eles nos dão assessoria nas dúvidas, interpretação da
legislação...

- Nas informações adicionais?

- Exatamente. Nos treinamentos eles colaboram com a gente. Agora recentemente foi eleita a
nossa CIPA. Todo o treinamento foi desenvolvido pelo nosso setor e eles vieram nos dar
algumas palestras.

- Então é baseado no PCMAT, no PPRA e no PCMSO.

- Isto. Na realidade o PPRA que é feito aqui da sede, a gente faz o levantamento, a avaliação
mensal. Chega no final do ano tem que ter uma avaliação nova e a gente já tem todo um
histórico mensal das aplicações que a gente teve. A gente faz uma programação no final do
ano a gente avalia o que foi feito e as metas para o ano seguinte. No PCMAT específico para
a construção civil, a gente faz todo o funcionamento do canteiro de obra. A gente procura
primar pela qualidade do ambiente. A gente procura fazer uma coisa, que digamos assim hoje
o pessoal diz: ah! é provisório. Mas é um provisório permanente que vai ficar uns dois a três
meses. A construção civil é um pouco dinâmica. É diferente de uma fábrica onde o produto
corre toda a fábrica. Nós não. Nós corremos ao redor de todo o produto. O produto é fixo e
nós vamos se adequando a ele. Então, eu sempre falo: a obra de construção civil é dinâmica.
Existem riscos que ontem não estavam lá e no dia seguinte já apresenta uma situação
completamente diferente. Precisa ter sempre uma assessoria do encarregado de obra, do
gerente de obra ou do engenheiro de obra nesta parte de segurança do trabalho. Infelizmente a
responsabilidade hoje da obra seria do engenheiro responsável. Ele que vai gerenciar. Mas,
ele precisa de subsídios técnicos. A disciplina de segurança do trabalho não é dada em todos
os cursos. Então o pessoal sabe bem o superficial. Conhecimentos bem superficiais do
assunto. Então, você precisa ter gente ali que domina o assunto para tomar decisões até
rápidas. Para uma intervenção imediata.
116

- Isto está claro na política da empresa ZETA, esta integração entre a segurança e o
operacional?

- Isto. Hoje, nós conseguimos até que o engenheiro antes de executar qualquer tarefa nos
consultar. Então, não sai qualquer serviço sem uma consulta prévia ou já numa situação clara
que já está documentada. A gente faz um projeto e neste projeto certas proteções coletivas.
Chega ao momento da execução às vezes muda um detalhe e você vai ter que readequar este
programa. Então os programas são válidos neste sentido. Você tem uma linha geral, mas é
importante a presença do profissional no acompanhamento.

- É isso que vocês fazem?

- Na linha de frente, diário, são dois técnicos, são duas técnicas de segurança. Então é diário e
a gente vai ficando mais na retaguarda. Eu também gerencio a parte do programa de
qualidade, toda a implantação do sistema do nível D até o nível A. No final do mês agora
vamos ter a auditoria de manutenção do nível A. É uma correria para se adequar. Um dos
pontos que até o pessoal comenta a empresa ZETA é certificada, mas não tem o item de
segurança. Mas o requisito segurança do trabalho só é exigido no nível A. No nível A que
realmente o pessoal vai atentar pela segurança do trabalho. Eu lembro na última auditoria a
auditora pegou a NR 18, a norma regulamentadora 18. Pegou um item, e disse: eu quero ver
sobre aleatoriamente qual é o item. E casualmente era sobre livros de inspeção de elevadores.
Nós tínhamos os livros e tal... Aleatoriamente um item de segurança do trabalho, eu quero ver
se vocês cumprem a norma. Poderia ter pegado qualquer um outro e esse foi sobre elevadores
de obra. Lógico não é um sistema de gestão de segurança do trabalho. Não vão auditar a
segurança do trabalho. Eles querem saber se a empresa cumpre. No percorrer já fazem uma
avaliação no aspecto da segurança. A questão do EPI das proteções coletivas. Mas está
intimamente ligada qualidade com segurança. A gente sempre fala: você não vai ter qualidade
se não tiver uma retaguarda que seria a segurança do trabalho. Você dá as condições de
trabalho no ambiente de trabalho para o trabalhador desenvolver com segurança o seu serviço.
Quem quer ter qualidade tem que ter segurança aliada por trás da produção. A gente
confunde, às vezes o pessoal diz: ah! Não, mas para ter produtividade eu tenho que abolir
algumas etapas de segurança do trabalho. Mas é muito pelo contrário. Você vai ter uma
produção no momento em que você tiver um operário seguro ciente do que vai fazer. Sem
medo de chegar a uma beirada de uma extremidade de laje.
117

- Nessas inspeções são feitos relatórios?

- Relatórios.

- São tabulados esses dados dos relatórios?

- Veja bem. Como te falei. A gente faz uma análise global no final do ano. E lógico que tem
situações corriqueiras: ah! Tem que limpar o oitavo pavimento. Sobre a limpeza, a gente
implantou aqui na empresa o seguinte: no momento em que você vai fazer um serviço, você
entra, tem que estar limpo e você vai deixar o ambiente limpo. Antigamente não. Ia lá o
eletricista fazia o serviço e deixava para o final e não era o eletricista que fazia, ou era o
ajudante do eletricista ou o servente. Não. Mudou. Quem faz limpa. Até a gente diz: olha, o
ajudante está aí para te auxiliar não é para fazer toda a limpeza. No momento em que a gente
implantou isso mudou muito o aspecto. É a questão do desperdício. Vou quebrar este tijolo
aqui, tem já um quebradinho no canto, vou pegar aquele para não criar mais sujeira. O pessoal
está trabalhando com uma gerica já para coletar o lixo, para que se tiver que quebrar, já
quebra dentro de uma gerica para não prejudicar a sua produtividade. Porque no final tem que
fazer a limpeza. Então já está encaminhado. É uma mudança de filosofia que a gente
implantou. A gente prima muito pela limpeza de obra, pela organização e tem dado certo
resultado. Bom resultado. Ferramentas que a gente já aplicou, por exemplo: o 5S. Vamos
reaplicar agora. O 5S ajuda. É uma ferramenta que auxilia.

- Com relação à auditoria, é só da qualidade? Você faz auditoria da segurança?

- Não. A gente até quer fazer uma gestão da segurança do trabalho específica para ver
digamos assim pegar as normas OHSAS 180016. Implantar. Fazer procedimentos.

- Está na meta?

- Está na meta. Estamos engatinhando. A gente está abrindo a documentação. Tem toda uma
documentação já própria para isso. Todos os formulários de segurança do trabalho a gente já
está padronizando, já deixando no formato de uma possível auditoria na gestão da segurança
do trabalho. Acredito que não estamos ainda neste nível. É uma meta.

6
OHSAS 18001, cuja sigla significa Occupational Health and Safety Assessment Series, é
uma especificação que tem por objetivo fornecer às organizações os elementos de um Sistema
de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) eficaz.
118

- Vamos ser auditado pela ISO 9001, e mais tarde acredito que a gente pegue esta parte
ambiental da gestão ambiental e esta parte da segurança do trabalho. A gente desenvolve
muitas ações. A empresa certificadora já puxou. Por exemplo, a questão do entulho de obras.
Você tem todo um procedimento do que você vai fazer com este material. Então já é
separado, nas obras temos os resíduos separados por tipo. Até os funcionários estão
colaborando porque este dinheiro reverte para ao trabalhador. No final do ano a gente faz uma
confraternização e no ano passado a gente conseguiu adquirir em torno de 60 prêmios. Foram
sorteados, com o dinheiro dos resíduos da reciclagem. A gente vende esses resíduos para a
empresa de reciclagem. No ano passado começou já no segundo semestre. Nesse ano acredito
que está bem encaminhado para chegar final do ano a gente ter até uma surpresa. O objetivo é
dar um prêmio para cada funcionário. O pessoal colabora melhor.

- Quais as dificuldades que você poderia apontar na gestão da segurança do trabalho?

- Um dos maiores problemas é digamos assim o dialogo entre diretoria e o serviço


especializado. Muitas das vezes é lógico, a gente não cria nada mirabolante. Programas e
aquisição de ferramentas, tudo com o aval da diretoria. Mas, há digamos assim certa restrição
do empresário, que a área da segurança do trabalho não é um investimento é um custo. A
gente tenta demonstrar o contrário. Mas ainda há este paradigma acho que tem que ser
quebrado. A segurança de trabalho é um custo. Ainda o pessoal não vê como um
investimento.

- Embora os programas de qualidade insistam?

- Exatamente. É um dos indicadores. A gente mostra a preocupação e tal... Mas há ainda essa
questão. Eu vejo que um dos maiores problemas seria esse da segurança do trabalho. Eu digo
não só aqui da construtora mas em geral. De modo geral. Como profissional autônomo que a
gente faz algum serviço fora. Esse serviço normalmente é de uma demanda de uma
fiscalização. O fiscal foi lá, autuou aí o pessoal vai correr atrás. Não tem uma cultura
prevencionista. Então é ainda uma cultura corretiva. Este é um dos maiores problemas que eu
enfrento, como profissional.

- E com relação à rotatividade?


119

- Nós aqui na construtora nós temos mão de obra própria. Alguns serviços especializados
como pintura, elevador e gás são terceirizados. Mas hoje nós temos em torno de 170
trabalhadores e baixa rotatividade. A média de tempo de casa é em torno de 10 anos. No ano
passado se aposentaram uma leva grande. Nós perdemos 10 trabalhadores mais ou menos
porque o pessoal se aposentou e saiu. Então é gratificante você saber que vai trabalhar numa
empresa 10, 20 anos e vai se aposentar nessa empresa. Porque queira ou não queira a
construção civil é uma atividade de esforço físico. Você ter uma pessoa com a idade elevada é
complicado. Essa pessoa tem que ser boa. É uma troca.

EMPRESA ETA

A empresa ETA é localizada em Criciúma, nasceu lá. Ela começou a estender o negócio dela
até Balneário Camboriú e hoje também na grande Florianópolis tem várias obras. Atualmente
são 8 obras. Dentro do sistema dela de gestão da questão da medicina e segurança do trabalho.
O que ela faz? Ela deveria ter dois técnicos pelo quadro total de colaboradores, incluindo
Criciúma e Florianópolis. O que ela deveria ter? Em torno de: dois técnicos, um engenheiro e
um médico. O que nós temos hoje? Nós temos um técnico que está lá em Criciúma e eu que
fico aqui na grande Florianópolis. O engenheiro fica aqui conosco. Ele atua. Ele é engenheiro
civil com pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho. Só que não atua
necessariamente como engenheiro de segurança, mas desempenha paralelamente o trabalho. E
o médico que atua. Ele é contratado. Ele faz toda parte de medição da medicina do trabalho,
ocupacional. Porém, ele também atua com carga horária inferior. Mas, ele acompanha todo o
processo da parte clínica que tem que ser feita com os funcionários. Bom dentro do nosso
sistema aqui, no meu caso específico, eu não trabalho 8 horas como exige a legislação. Aqui
eu faço um trabalho com eles em que eu atuo quinzenalmente nas obras. Então o que a gente
está fazendo. Existe aí uma questão que é a questão da legalidade, que é de toda lei. Ela
obriga que tenha um técnico, 8 horas diárias, 44 horas semanais. Só que, também, isso vai de
como tu tens o teu sistema gerido. Pela obrigação nós não cumprimos. Eu atuo com eles, mas
com carga horária inferior, até porque eu atuo com outras empresas também. Dentro deste
sistema que a gente vem trabalhando com eles, tem sido eficiente o trabalho. Porque o que a
gente adota como medida no sistema de gestão? A gente realiza quinzenalmente uma
auditoria nas obras, mas uma auditoria com relatórios e criteriosa. Segmenta conforme as
situações da obra. Conforme a fase que ela está entrando a gente relata. Faz um trabalho bem
120

específico sobre aquele assunto. A gente trata também com checklist7 as questões do
maquinário, equipamentos e ferramentas. Então, que os próprios funcionários façam este
checklist e eu vou e confiro. Faço a auditoria. Qual é a idéia do sistema de gestão? A idéia do
sistema de gestão é que a organização, a partir do SESMT, ela oriente a equipe da obra. E eles
executem as ações que são de forma preventiva. Assim que tem que ser o sistema. O fato de
ter que estar as 8 horas na obra, isso não iria ocorrer. Porque como a empresa geralmente tem
várias obras, nunca vai estar naquela obra. Geralmente pode estar em outra, e assim pode estar
alternando consecutivamente. Porém, o que tem que ser feito neste caso? O que a gente faz?
O que a gente vai fazer? Desenvolver com os mestres das obras, delegar a eles os cuidados
que devem ser feitos. Dentro da auditoria que a gente faz a gente entra em minúcias, a gente
entra em detalhes, a gente vai bem além. Eles cumprem o básico que é o que está baseado na
NR 18. A gente orienta. A gente procura sempre todos os anos fazer um encontro com todos
os mestres. A partir disto fazer uma reunião com eles, ver como foram as obras, fazer uma
retrospectiva das obras que foram entregues. Sempre pegar o início da fase da obra e tratar
especificamente aquele assunto, daquela fase da obra. Também, neste caso, a gente faz uma
reunião com todos os funcionários da obra. A gente pára a obra, uma meia hora, 40 minutos.
Até a gente tem liberdade para parar mais tempo.

- A cada 15 dias?

- Não. Isso aí a gente faz mensalmente. A gente faz nos encontros da CIPA. Então como a
gente tem a CIPA constituída dentro da empresa. A gente vai para a reunião da CIPA. A gente
discute as situações e entre os membros, a gente reúne toda a obra. A gente faz uma reunião
em cada obra por mês. A gente faz a reunião da CIPA numa obra no outro mês vai ser em
outra obra. E nessas reuniões a gente faz o treinamento.

- De acordo com as etapas que estão ocorrendo?

- Exatamente. Tem etapas que são prolongadas. Geralmente a fase de escavação é a primeira
etapa e a gente consegue fazer em todas as obras rapidamente. Nunca tem obra começando
simultaneamente. Sempre são fases diferentes. As fases de estrutura e geotecnia, e essa parte
posterior também de alvenaria, antes do acabamento em si. Porque as fases mais críticas são
essas fases. Porque é a parte de estrutura e a alvenaria. Porque é a parte em que a gente está

7
Listas de verificação.
121

preparando, está fazendo as formas, o pessoal trabalhando na periferia da obra. Porque a nossa
exigência, até a gente fala para o pessoal que não tem tolerância é com relação ao risco de
queda. Então essas são as fases mais críticas. Tem que fazer alvenaria para cobrir o
fechamento da obra. Essa fase é uma fase muito extensa, basicamente para aquela fase, ela
geralmente leva quatro a seis meses, mais ou menos. E quando entra em fase de acabamento
os riscos são extremamente minimizados. Então a gente pega mais mesmo encima desta fase,
onde relata os cuidados com relação ao risco de queda. E anterior a isso, outros cuidados
como os equipamentos, já é realizado toda semana com o tratamento do checklist. A gente
pede para que eles executem o checklist, que é um cuidado que tem que ter com o próprio
equipamento. Porque um equipamento bem cuidado, ele estando em ordem, essa é uma forma
de estar fazendo uma inspeção preventiva e está antecipando os riscos com relação aos
equipamentos. Então isto é uma forma que a gente adota também de eles estar monitorando
isto.

- Este checklist é diário?

- Este checklist não. Este checklist depende do equipamento, mas geralmente é semanal. É dos
equipamentos em geral. Por exemplo: betoneira é usada direto na obra. A gente tem que
verificar quais são os riscos que estão envolvidos com o uso de betoneira. Para que serve
betoneira? É para virar argamassa, para fazer concreto... Com que freqüência que faz? A
gente analisa, vê isso aí e verifica que este checklist pode ser quinzenal ou pode ser mensal. O
elevador de carga? O elevador de carga já tem que ser semanal ou vamos fazer quinzenal? A
gente tem contrato de manutenção com terceiro? Tem. Então pode ser quinzenal. As obras
têm um padrão de equipamentos, de número de funcionários... O que acontece hoje na
empresa ETA é que nem todos são nossos funcionários. Há uma tendência dentro da empresa
ETA que as obras venham a ser empreitadas. Então o que está acontecendo hoje? Hoje nós
temos algumas obras nas quais nós temos somente o mestre. Onde eu acompanho e oriento-o
e temos o empreiteiro que executa a obra.

- O empreiteiro passa pelo mesmo crivo de análise?

- Que a gente faz. Ele também tem uma assessoria do Sindicato. O Sindicato também o
orienta. Geralmente nestas empreiteiras, como eles têm um número pequeno de funcionários,
não exige SESMT, o SECONCI, ele atua com estas empreiteiras e dá suporte para eles tanto
122

na parte da medicina como na parte técnica da assistência das obras. Geralmente eles vão
mensalmente às obras, a gente também verifica, pega os relatórios que a técnica faz.
Acompanho, vejo o que ela relatou lá para eles. Pego o meu relatório também confronto
algumas informações, daí a gente faz um apanhado geral neste sistema.

- Quais são os programas que você utiliza no teu trabalho e quais são os procedimentos?

- Nós temos o PCMAT. O PCMAT é característico somente para acima de 20 funcionários


em obra. Mas a gente geralmente adota o PCMAT até porque é uma forma... Só que o
problema é o seguinte: o PCMAT é um documento extremamente extenso que ninguém lê.
Ele só é feito para cumprir tabela. O PPRA a gente não tem hoje na empresa. Não está sendo
executado. Tem o PCMSO este é feito regularmente, todo ano. A gente não adotou o PPRA e
deixou só o PCMAT para abordagem. E este documento sempre está nas obras. Toda obra a
gente tem este documento. A gente força para que os mestres de obra leiam este documento.
Então o que eu faço? Nas auditorias eu peço para ele: pega lá o PCMAT? Está aí? Está. Então
abre na página que está a fase da obra. Então vamos ver lá do que trata. Então eu os estimulo
a dar uma olhada. Porque por si só eles não olham. Ninguém olha o documento. Isso é muito
raro. É difícil em qualquer obra. Até porque é uma característica nas obras terem que estar
preocupado com prazo. Em que parte da obra está? Como que está? E os prazos?

- A prioridade é o cumprimento dos prazos?

- Porque tem que cumprir com os prazos. Isso tudo força esta tendência. Não é cultural na
empresa ter segurança. Veja que vai pela característica. Quando fui chamado para trabalhar
com a empresa ETA não fui eu que pedi que quisesse trabalhar 8 horas duas vezes por
semana. Este tipo de coisa. Eles que optaram porque preferiam assim. Eu até não sou discordo
da forma como as empresas adotam, sendo que tenha. Porque tudo vai de como tu administras
isso. Eu também participava da Associação dos Técnicos, sou engenheiro de produção
também. E a gente discutia bastante algumas questões. Como no início quando foi fundada,
que era tu ter o sistema de gestão tanto nas obras como qualquer sistema que seja, na indústria
em geral, em que tu desenvolvas um trabalho de orientador. Que tu multipliques o teu
trabalho, tendo multiplicadores. Então a idéia é de que tu não precisa estar de corpo presente.

- Consideras que o checklist é uma ferramenta?


123

- É uma ferramenta que atinge estes objetivos. Porque são questões básicas. Não precisa ser
técnico para fazer o que eu faço. A gente tem um conhecimento mais profundo. A gente
conhece a legislação. A gente trabalha com outros princípios também administrativos que
precisa do conhecimento técnico. Mas em si, os cuidados com relação à prevenção, cuidados
com segurança em si, são um instinto natural. A gente só tem que orientar para saber quais
são os caminhos a seguir. Porque na verdade a gente estuda a gente pesquisa. Esse é o papel
da pessoa que está aí. A pessoa formada, a pessoa que é orientadora tem que ser um
pesquisador e não simplesmente um executor. Quem executa é quem está lá na tarefa, ele está
no dia a dia ele conhece. Então ele tem que ser um orientador. Tu tens que pesquisar as
atividades, conhecer as tarefas para saber definir quais são os riscos. Para perceber os erros.
Este que é o princípio. É isto que tem que ser estudado, que tem que ser divulgado para que a
gente passe à empresa. Então é claro que isto está muito vinculado ao profissional. Pode ter
empresa que tem 5 ou 6 técnicos, pode ter empresas que atuam 44 horas semanais e não ter a
mesma eficiência que a gente. Então isso varia. Isso, eu acredito que seja gestão. Como
realmente tu administras isso. Então apesar de não estar cumprindo a legislação como pede a
questão da periodicidade na obra, a gente usa as ferramentas em que a gente consegue tratar
isso de uma melhor forma. Consegue atingir os objetivos.

- Qual a dificuldade que colocas com relação à falta de conscientização da necessidade de


investimentos em segurança por parte dos empresários?

- Hoje é uma característica da área da segurança que as empresas tendem a cumprir tabela.
Cumprir com a legislação. Então o que é obrigado e tem que fazer, vamos fazer.

- Não considera o custo do acidente?

- Não. Só que a construção civil é algo que é muito evidente. Entendeu? É uma característica.
Eu acredito que a construção civil em si é diferente dos processos em geral, dos outros
trabalhos industriais e profissão em geral. Porque ali é evidente o risco de acidente. Ele de
certa forma, em alguns casos pode ser iminente. Isso força o empresário a querer fazer
segurança. Eu acredito que hoje não. Com algumas empresas que já trabalhei, em alguns
contratos que eu tive trabalhei com construções grandes. Acredito que as empresas que
investiram hoje em segurança sabem disso. Elas conhecem. Elas sabem dos riscos. Elas
sabem dos problemas que podem ter com relação à segurança. A sua ação é muito efetiva
124

nesta área. Ela sabe disso. O fato de investir é uma incógnita um pouquinho complicada.
Porque ela pode escolher a forma como ela quer investir. Tem quem investe 2% do
faturamento da obra em segurança e tem gente que atua como tem em casa. Isso é relativo.
Isso é uma coisa muito complicada de tu chegares a dizer que não se aplica. Eles sabem que
precisa. Eles se obrigam a fazer isso porque é evidente. Não tem como eles não fazerem com
segurança. Mesmo que uma empresa não seja obrigada a ter o SESMT, ela é obrigada a fazer
segurança. Porque o risco na obra é independente de tu teres 50 funcionários ou ter um
funcionário. O risco está no ambiente. Está nos processos. Então basicamente eu acredito que
a questão do trabalho na construção civil, pelo menos na região em que eu trabalho, eles têm
feito isso. Nem que seja o mínimo.

- O que classificas como obstáculos?

- Bom. Ainda assim. Eu vejo um problema na empresa ETA, que a partir da alta direção, da
alta administração, que ainda assim eles têm um pouco de resistência em acreditar no
trabalho. Na verdade o problema é estigma social. É com relação ao pessoal de obra, o
operacional. É uma característica achar que pessoal de obra é tudo cachaceiro, é gente que
incomoda, é gente que entra e sai e tem uma rotatividade muito alta. Então está na classe.
Esse é o problema. Porque que eles não querem investir muito no profissional. Porque a
questão de tu desenvolveres um trabalho seguro, preventivo e estar tratando isso aí está em
desenvolver um trabalho com a pessoa. Porque a maior parte dos acidentes é por questões de
ato inseguro. Nós temos problemas de condição insegura é óbvio. Ele está quase ali, lado a
lado. Mas quem tem um sistema de segurança, o que acontece primeiro? A primeira coisa a
fazer é minimizar os problemas de condição insegura. Então o primeiro trabalho que é feito
dentro desse modo o que é? É isolar poço de elevador, qualquer vão livre... Todas aquelas
observações que são riscos evidentes à condição de trabalho. É eliminar estes riscos,
neutralizar. Só que tu fica suscetível às ações do homem, que é onde entra o ato inseguro. E
para minimizar este problema é só: através de treinamento, através de investir, de ter
funcionários ali com a gente muito tempo. E é o que não acontece porque a rotatividade é
muito alta. Entra um, sai outro. O profissional não fica muito tempo na obra. Não há uma boa
seleção dos funcionários, pega o que tiver. Tem muita gente que vem de fora porque falta mão
de obra. Neste aspecto eu falo não no investimento de segurança na obra, mas no investimento
na pessoa. Isso não tem. Isso aí é garantido. Justamente porque é um problema da classe. Se
hoje eu prezo uma gestão em que eu busco o trabalhador ali na operação só para que ele faça
125

segurança independente de eu estar ou não na obra. Eu tenho que usar algumas ferramentas,
para chegar e dizer: tu fizeste realmente? Eu verifico o checklist e confiro. Isso aqui está
certo? Está ou não está? A gente acompanha desta forma. É uma medida que a gente usa. É o
que a gente tem na mão que não gera um custo maior. Mas um investimento no funcionário,
como a gente vê em empresas em que geralmente a rotatividade é mais baixa, tu percebes que
existe um investimento no trabalho das pessoas. Como a rotatividade é alta, tu não vais ter
isso. Aí sim, vai deixar de ser investimento para se tornar custo para a empresa. Porque eu
invisto hoje e o cara amanhã saiu. Não tem eficiência. A eficácia então não se tem. Só vai ter
um investimento de curto prazo e as vezes o retorno não é assim significativo. Por isso, aí sim
é a falha no investimento. Basicamente é isso que eu vejo assim de barreiras, classificando
isso dentro do sistema. Aqui em Florianópolis o SESMT está desde meados de 2003.

- Mas ela sempre teve um SESMT?

- Ela sempre teve.

EMPRESA TÉTA

Na empresa TÉTA, não se permite gravar entrevistas. Porém o técnico de segurança,


oralmente, passou-me algumas informações que passo a transcrever, a seguir:

A empresa tem cerca de 70 funcionários e trabalha com pavimentação. O Técnico de


segurança utiliza: a NR 18, o PCMAT e o PCMSO, como base de informações para suas
ações quanto à segurança do trabalho. A questão da segurança é colocada em termos de
atendimento às normas. Porém comentou que às vezes, por falta de recursos, não consegue
disponibilizar os EPI’s necessários para as atividades. Salienta que o trabalho em segurança
do trabalho torna-se dificultoso, em razão do perfil dos funcionários. Apontou como uma das
dificuldades, o entendimento por parte do empregado, que é mais vantajoso receber o seguro
desemprego sem trabalhar, do que o salário que recebem trabalhando. Este é um dos fatores
que provocam o aumento da rotatividade. Há casos de funcionários que quando não
conseguem o aumento de salário solicitado, passam a dificultar as operações, buscando com
isso a demissão. Porque somente sendo demitidos é que poderão receber o seguro
desemprego. Isto dificulta muito o trabalho de conscientização da necessidade de se realizar
as operações com segurança. Buscando enfatizar esta dificuldade, comentou ainda dois casos
de acidentes. Um latrocínio do vigia da obra, quando este estava a serviço na empresa após ter
126

recebido seu salário. Realizado por dois funcionários da empresa. Outro caso de acidente
registrado ocorreu com um funcionário que estava no seu horário de descanso. Ele foi auxiliar
o mecânico que estava realizando a manutenção de uma máquina e acabou perdendo as pontas
dos dedos da mão. Disse ainda que estava em lugar desprovido de acesso à informação que
possa auxilia-lo no exercício da sua atividade. As equipes de trabalho realizam o DDS,
diálogo diário da segurança, todos os dias. Isso ajuda no processo de conscientização e na
operação.
127

APÊNDICE B – Glossário de termos técnicos.

5S - O 5S ou Programa 5S como também é conhecido, é um conjunto de cinco conceitos


simples que, ao serem praticados, são capazes de modificar o seu humor, o seu ambiente de
trabalho, a maneira de conduzir suas atividades rotineiras e as suas atitudes.

ANAMNESE – Anamnese ocupacional é parte integrante da avaliação clínica exigida pela


NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Informação acerca
do princípio e evolução duma doença até a primeira observação do médico.

ANEXO II DA NR 18 – formulário apresentando o resumo estatístico anual referente aos


acidentes ocorridos que a empresa de construção civil deverá enviar à FUNDACENTRO até o
último dia útil de fevereiro do ano subseqüente, em atendimento ao disposto no item 18.32.2
da NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

Delegacia Regional do Trabalho – órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego,


competente para executar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho,
inclusive a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre
segurança e medicina do trabalho.

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – órgão do


Ministério do Trabalho e Emprego que tem como missão a produção e difusão de
conhecimentos que contribuam para a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores e das
trabalhadoras, visando ao desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico,
eqüidade social e proteção do meio ambiente.

Gerica – veículo utilizado para transporte manual de cargas.

GOOGLE – Mecanismo de busca na internet.

HSE Health and Safety Executive - órgão que juntamente com o Health and Safety
Commission, (HSC) são responsáveis pelo regulamento de quase todos os riscos à saúde e à
segurança que decorre da atividade do trabalho na Grã Bretanha.

HS(G)65 – Publicação do Health and Safety Commission/Executive sobre o gerenciamento de


saúde e segurança bem sucedidos de 1993.
128

ISO14001 – Normas sobre sistemas de gestão ambiental.

ISO9000 – Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade.

LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho - é um documento emitido


por engenheiro de segurança ou médico do trabalho que leva em consideração todos os
aspectos ambientais constantes no PPRA da empresa e que caracteriza de forma inconteste o
direito ou não da Aposentadoria em Caráter Especial, ou seja, com 15, 20 ou 25 anos de
contribuição.

NR’s – Normas Regulamentadoras - Normas relativas à segurança e medicina do trabalho,


de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário,
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

OHSAS 18000 – Normas sobre Sistema de Gestão de Segurança e Higiene no Trabalho.

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção:


pertence à NR-18 e é definido como sendo um conjunto de ações, relativas a segurança e
saúde do trabalho, ordenadamente dispostas, visando à preservação da saúde e da integridade
física de todos os trabalhadores de um canteiro de obras, incluindo-se terceiros e o meio
ambiente.

PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário- É um formulário próprio e exclusivo do INSS,


onde todas as informações contidas (desde 2.004) no PPRA e no PCMSO são transcritas de
forma clara e organizada, possibilitando aos Agentes Securitários, analisar e definir se o
segurado tem direito ao benefício da Aposentadoria Especial.

PPR – Programa de Proteção Respiratória. Estabelece o regulamento técnico sobre o uso de


equipamentos para proteção respiratória.

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais: Programa destinado ao


monitoramento ambiental, ou seja, uma avaliação quantitativa, através de instrumentação
apropriada (equipamentos de medição), realizada em todo o ambiente de trabalho em que
existam AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS OU BIOLÓGICOS, visando que os valores de
129

concentração ou intensidade encontrados não ultrapassem o Nível de Ação determinada em


Lei.

SECONCI – Serviço Social da Indústria da Construção - é uma sociedade civil sem fins
lucrativos que foi criada por iniciativa dos Sindicatos Patronais, tendo por objetivo prestar
assistência social, promoção à saúde e prevenção de doenças aos trabalhadores do setor.

SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho: é uma campanha de


segurança com a finalidade básica de divulgar conhecimentos de Segurança e Saúde no
Trabalho, com o propósito de desenvolver a consciência da importância de se eliminar os
acidentes do trabalho e de se criar uma atitude vigilante que permita reconhecer e corrigir
condições e práticas que possam provocar acidentes em prol da melhoria contínua das
condições e ambiente de trabalho.
130

ANEXO
131

ANEXO A - Requisitos dos níveis do programa brasileiro de qualidade e produtividade do


habitat (PBQP-H).

(continua)
Fonte: MINISTÉRIO DE ESTADO DAS CIDADES. (portaria 118, 2005)
132

(continuação)

Fonte: MINISTÉRIO DE ESTADO DAS CIDADES. (portaria 118, 2005).

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