Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Lesões e Condições
Pré-Cancerosas e Cancerosas
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Estudar as lesões e condições pré-cancerosas;
• Estudar as metástases e etiopatogênese das neoplasias.
UNIDADE Lesões e Condições Pré-Cancerosas e Cancerosas
Neoplasias
Em organismos que possuem múltiplas variedades de células, o índice de reprodu-
ção de cada gênero celular é controlado por um sistema integralizado que proporcio-
na a multiplicação das células somente no limite que mantém os indivíduos normais
em níveis homeostáticos.
Como na maior parte dos tecidos ocorre a divisão das células de forma ininter-
rupta para restabelecer as perdas naturais, a multiplicação das células é indispensável
para o organismo.
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A proliferação das células em circunstâncias naturais é um movimento complexo
que decorre da ação estruturada de vários artefatos dos genes, os quais dominam o
processamento em resposta a estimulantes internos e externos.
Diante desses argumentos, as neoplasias podem ser entendidas como uma lesão
composta por multiplicação anormal, autônoma e descontrolada das células, e usual-
mente com extravio ou diminuição da diferenciação, em decorrência de modificações
em genes ou proteínas que ajustam a proliferação e a diferenciação celular.
Neoplasias Benignas
As neoplasias benignas podem gerar várias perturbações (oclusão de algum canal,
constrição de órgão, produção de substâncias, entre outras), inclusive óbito do por-
tador, sendo assim, a nomenclatura “benigna” deve ser compreendida com cautela.
As células de tumores benignos geralmente são diferentes e podem até ser irreco-
nhecíveis em comparação com células naturais, pois o tumor propaga o tecido que
lhe deu origem de forma análoga.
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tumor, sendo assim, a neoplasia fica a habilidade parcialmente limitada e pode ser
plenamente retirada por procedimento cirúrgico.
Neoplasias Malignas
Nas neoplasias malignas, as células comumente possuem elevado índice de
proliferação celular e sua evolução é ligeira. Os vasos sanguíneos e o estroma
manifestam-se mais vagarosamente, acarretando degenerações, necroses, hemor-
ragias e ulcerações.
A expressão câncer tem origem do latim cancer, que, por sua vez, deriva da palavra grega
karkinos = caranguejo. “O que a doença tem a ver com o crustáceo? A aparência: o desenho
das veias da região afetada pela doença lembra… Caranguejo”.
Fonte: https://bit.ly/3c5ZiMe
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• Comportamento clínico: benigno ou maligno;
• Aspecto microscópico: critério histomorfológico;
• Origem da neoplasia: critério histogenético.
Metástases
A característica primordial das células neoplásicas é a sua aptidão para adentrar
em nível local, obter uma via de disseminação, atingir locais distantes e para neles
produzir novos tumores (metástases).
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As células tumorais podem direcionar-se à medula óssea e a outros órgãos, onde
atinam nichos que propiciam sua sobrevida; desde então, transmigram para os ór-
gãos alvos e dão continuidade às modificações genéticas e epigenéticas para que
obtenham o fenótipo para habitarem em órgãos diferentes e, consequentemente,
gerarem as metástases.
Nicho Pré-Metastático
Um tumor influencia, em órgãos afastados, modificações que os ajeitam para
aceitar a metástase. A influência do nicho pré-metastático é realizada por causas
eliminadas pelo tumor primário, que influencia a transmigração de células mieloides
e sua acomodação no nicho.
Via Linfática
É a principal via de alastramento preliminar de tumores. Como preceito, a pri-
meira localização das metástases é o primeiro linfonodo na via linfática do carcino-
ma, chamado de linfonodo sentinela. Posteriormente, outras redes de linfonodos
podem ser desestruturadas.
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Via Sanguínea
As células tumorais que invadem a circulação sanguínea podem ser carregadas a
qualquer parte do organismo. Ainda que não tenham dependência apenas da cor-
rente sanguínea, tumores de órgãos dependentes do sistema porta geram metástase
preliminarmente no fígado.
Os pulmões, ossos e sistema nervoso também são localizações comuns de metás-
tases por essa via. As células tumorais na corrente sanguínea não apontam absoluta-
mente a geração de metástases, pois a grande maioria (mais de 99%) delas é arruinada
pelas forças de cisalhamento da circulação de sangue, pelas respostas do sistema
imunológico inato e adaptativo e por apoptose.
Outras Vias
O deslocamento de células tumorais pode ser realizado também por canais, duc-
tos ou cavidades naturais. Quando afetam a pleura ou o peritônio, as células tumo-
rais podem gerar metástases na serosa e nos órgãos próximos.
Importante!
Fica evidente que os elementos tanto da célula quanto dos vários órgãos são primordiais
para o surgimento e a instalação de metástases. Por esta razão, a célula tumoral que
tem capacidade de gerar as metástases (a semente) só gera uma nova neoplasia quando
se depara com uma localização propícia (o solo).
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surgimento de variados tumores. Os tumores são compreendidos como a consequ-
ência de agressões ambientais em uma pessoa suscetível geneticamente.
Muitos aspectos ambientais estão envoltos na carcinogênese. Os principais são:
• Tabagismo: Relacionado principalmente aos cânceres de boca, pulmão, faringe,
laringe, esôfago e bexiga;
• Dieta rica em gorduras: Sobretudo em associação ao carcinoma colorretal;
• Obesidade: Eleva o risco de diversos tumores, como adenocarcinomas do esô-
fago, do endométrio, do pâncreas e da mama (em pacientes na pós-menopausa);
• Alimentos processados: Em 2015, a OMS introduziu carnes processadas entre
as mercadorias carcinogênicas;
• Alcoolismo: Especialmente quanto ao câncer de faringe, laringe, esôfago e
fígado (neste também por causa da ligação com cirrose);
• Infecções: Sobretudo por alguns vírus. Por exemplo: HPV;
• Exposição a carcinógenos ambientais: Como radiações ultravioletas, ionizantes
e alguns elementos químicos Por exemplo: asbesto.
O recurso pelo qual a obesidade eleva o risco de tumores parece associar-se com
as modificações no metabolismo dos hormônios sexuais, insulina e o fator de cresci-
mento. Esses hormônios estão intimamente interligados à diferenciação e à multipli-
cação das células, assim como a apoptose e a angiogênese.
A elevação da gordura das vísceras acarreta a resistência periférica à insulina e
hiperinsulinemia, com elevada síntese de IGF-1 e reduzida síntese hepática da glo-
bulina carregadora de hormônios sexuais, deixando-os mais livres, no seu formato
bioativo, na corrente sanguínea.
A elevação de estrógenos, sobretudo interligada à elevação de progesterona, au-
menta o risco de câncer da mama. Além disso, quanto maior a aglomeração de gor-
dura, maior a hipóxia localizada e o estímulo de angiogênese. Esta situação hipóxica
gera a necrose de células adiposas e uma situação pró-inflamatória, com transmigra-
ção de macrófagos e secreção de citocinas.
O tecido adiposo atua também como depósito de carcinógenos químicos, em
função do aspecto lipofílico da maioria desses carcinógenos, que passam a ser dis-
ponibilizados na circulação do sangue de maneira contínua.
Como não há um fator único para o câncer, também não há maneira única de
ação dos fatores cancerígenos. O câncer é a consequência epíloga de uma sequência
complexa que evolui em diversas etapas. Em cada uma delas, decorrem modificações
genéticas e epigenéticas em células vulneráveis, as quais obtêm evolução seletiva e
amplificação clonal.
O estímulo genético pode ser potente, como no adenocarcinoma da mama, ou
frágil, como nos cânceres por carcinógenos físicos ou químicos. Portadores com
composição genética diferenciada, morando em localizações geográficas peculiares,
possuem distinções notáveis no gênero e na localização do câncer. Quando migram
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de uma localidade para outra, após uma ou duas gerações, geralmente assumem o
estilo prevalecente na nova ambiência.
Genes e Neoplasias
Atualmente, há um excelente entendimento sobre o limiar e a evolução dos cân-
ceres. A concepção primordial é que a neoplasia evolui em uma superfície molecular
das células (DNA), em que agem as condições ambientais.
As anomalias genômicas podem ser caracterizadas por diversas técnicas nas célu-
las tumorais. Ademais, o DNA modificado de células malignas pode ser dispensado
na corrente sanguínea e distinguido por técnicas moleculares.
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Oncogenes
A ideologia de que os cânceres podem ser causados por modificações genômicas
é decrépita, considerando-se que a característica de alguns genes, designados on-
cogenes, pode ser encarregada pelo surgimento de cânceres. De acordo com essa
ideologia, os oncogenes seriam genes que, quando caracterizados, ocasionariam o
surgimento de um câncer.
Assista ao vídeo animado “Como o câncer se desenvolve” para você compreender de ma-
neira simples e objetiva sobre esse assunto. Disponível em: https://youtu.be/_7weBsPCBj0
Em Síntese
As lesões morfológicas ou certas condições mórbidas estão relacionadas ao risco aumen-
tado do surgimento de um câncer. Vimos sobre o processo de desenvolvimento das me-
tástases; sobre aspectos genéticos e elementos ambientais que desenvolvem os cânceres.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Introdução às neoplasias – Resumo – Patologia Geral
https://youtu.be/TuTFtRWb0rw
Como o câncer se desenvolve
https://youtu.be/_7weBsPCBj0
Leitura
Fisiopatologia do Câncer
https://bit.ly/3kstJzj
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Referências
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia Geral. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2018.
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