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HONRADO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA

DE SALVADOR- BA.

       AUTORA   ...., brasileiro, casado, porteiro, inscrito no RG nº


xxxxxx e CPF nº xxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxx, nº 60,
bairro xxxxxxx, nesta cidade de SALVADOR-BA, por sua procuradora que
abaixo subscreve (mandato incluso), vem à presença de Vossa Excelência
propor a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

REÚ, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/MG xxxxxxx, com


escritório profissional na xxxxxxxxxx, nº 300 – sala xxxxx– xxxx andar – Edifício
xxxxxxx, Centro – CEP xxxxxx, nesta cidade de Uberaba/MG, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

1. DOS FATOS
                                   Em janeiro de ?, o Requerente contratou os
serviços advocatícios do Requerido, conforme cópia do contrato de prestação
de serviços advocatícios em anexo, para que fosse demandada uma Ação de
DIVÓRCIO.

                                   Para que fosse iniciado o procedimento, o


Requerido, através de acordo contratual abusivo, pediu a mesma que
efetuasse uma entrada no valor de R$......? (????/?), conforme recibo em ane
Desde então, nada mais foi feito. A Requerente por inúmeras vezes se
dirigiu ao escritório do Requerido para saber do andamento do processo e o
mesmo nunca se encontrava. As funcionárias que ali trabalhavam nunca
sabiam dar informações, deixando o Requerente perdido e em estado de
vulnerabilidade perante os serviços contratados.

         Inconformado com a situação e com o desinteresse do Requerido diante


da sua inércia frente ao contratado, o Requerente o enviou uma notificação
extrajudicial de renúncia ao mandato em ?????, já que nada mais havia sido
feito há aproximadamente 0???? ano, conforme cópia da notificação e A.R. em
anexo.

                                   Em resposta ao Requerente, o Requerido o


enviou uma Contra Notificação alegando que o contrato assinado ainda
continua em vigor, exigindo o adimplemento dos seus honorários advocatícios
aos quais entende fazer jus, sob pena de ação e medidas judiciais cabíveis,
conforme documento anexo.

                                   Conforme o próprio Requerido se qualifica, o


mesmo não reside em ????, tendo seu endereço profissional na cidade de
Sede?????, na Rua Major Castanheira, 232, Centro, tendo como filial de seu
escritório nesta cidade, motivo pela qual se ausenta das responsabilidades,
nunca se encontra presente para atendimento dos clientes, deixando as
mesmas nas mãos de terceiros, muitas das vezes não qualificados para os
atendimentos ao público.

1. DO DIREITO

1. DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS


PACTUADO ENTRE AS PARTES
                                   O Requerido através de Contra-Notificação exige
do Requerente o pagamento de honorários advocatícios em que entende fazer
jus pela desistência  da outorga do mandato conferido ao Requerido, através
de notificação extrajudicial de renúncia.

                                   Assim expressa a cláusula 5ª do referido


contrato, que “considerar-se-ão vencidos e imediatamente exigíveis os
honorários pactuados da cláusula 2ª – como se o contratante fosse
vencedor na ação nas seguintes hipóteses: I) na hipótese de serem cassados
os poderes outorgados aos procuradores, seja através da cassação da
procuração outorgada, substabelecimento, ou mesmo de qualquer outra
forma que impeça os contratados a darem prosseguimento a demanda; II)
caso o contratante resolva não prosseguir com a ação por motivos pessoais
ou que independam da vontade do seu patrono, no que incluem a
desistência da ação ou de acordo com a parte contrária, sem  a participação
dos contratados ou ainda em caso de reconciliação; III) e ainda, em caso do
contratante resolva não prosseguir com a ação por motivos pessoais ou que
independam da vontade destes seus patronos, mesmo que ainda não
distribuída ação”.

                                   Ocorre que, Excelência, a partir do momento em


que o Requerente procurou o escritório do Requerido para requerer sua
prestação de serviço é porque o mesmo teria a intenção de que o serviço fosse
executado da melhor forma possível e com todo o zelo para que os seus
pedidos pudessem lograr êxito.

                                   O motivo da renúncia do mandato não foi por


vencimento da ação, nem por motivo pessoal ou que independesse da vontade
do patrono, haja vista que o que ensejou tal renúncia foi exclusivamente a
inércia do Requerido na prestação de serviços contratados, o que, portanto,
não há que falar em pagamento de honorários advocatícios, já que houve falha
no objeto do contrato.

1.  DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO          


                                   O papel que o advogado desempenha vai muito
além de defender inocentes que estão sendo acusados ou representá-los em
juízo. Há que se rechaçar a tese de que o advogado é um simples defensor
daquele que está sofrendo uma injustiça. O papel do profissional, legalmente
habilitado, vai muito além desta visão, pois tal profissão é baseada em
fundamentos maiores que passam despercebidos aos olhos do homem
comum, que não tem a visão que o advogado ao defender um direito particular,
está defendendo também a própria ordem jurídica e a coletividade.

                                   A função do advogado é tida como essencial à


justiça. E é tão imprescindível que própria Constituição Federal prevê, em seu
Art. 133, que: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites
da lei.”

                                   Assim, incumbe aos advogados à prestação de


um serviço essencial à administração da justiça, zelando pela boa aplicação
das leis e pugnando pela imparcialidade nos julgamentos proferido pelo
Judiciário, sempre na defesa do interesse dos seus constituintes.

                                   Os deveres do advogado estão previstos no


Estado da Advocacia e da Ordem dos Advogados (Lei 8.906/94) do Brasil
complementado com o código de Ética e Disciplina da OAB. São deveres
pessoais: a probidade; a lealdade; a delicadeza no trato; a moderação na
obtenção de ganhos; e a dignidade de conduta.

                                   A lealdade é proveniente das prerrogativas do


exercício da profissão. O advogado, no exercício do seu mister, deve ser
sempre pautado pela boa–fé, buscando comprovar a verdade dos fatos sem o
intuito de fraudar o convencimento dos demais operadores do direito, evitando
assim fazer acusações ou defesas sem fundamentos.
                                   O advogado deve sempre prezar em atender
seu cliente da melhor forma possível. Impõe-se que trate seus clientes
com cordialidade, fineza e é extremamente importante que seja
compreensivo. O advogado deve buscar sempre ser um exemplo a ser
seguido por seus clientes, colegas de profissão, magistrados ou serventuários
da justiça. O advogado não pode jamais comprometer a sua dignidade e seu
prestígio profissional.

                                   A responsabilidade civil é a aplicação de medidas


que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a
terceiros, em razão de ato por ele mesma praticado, por pessoa por quem ela
responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal,
como assim explica Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7. ed.,
São Paulo, 1993).

                                    Portanto, verifica-se a existência de requisitos


essenciais para a apuração da responsabilidade civil, como a ação ou omissão,
a culpa ou dolo do agente causador do dano e o nexo de causalidade existente
entre ato praticado e o prejuízo dele decorrente.

                                   A Responsabilidade Civil como categoria jurídica


que é, tem por escopo a análise da obrigação de alguém reparar o dano que
causou à outrem, com fundamento em normas de Direito Civil.

                                    É indubitável que se exige, cada vez mais, dos


advogados uma postura ética, condizente com as premissas contidas na Lei
8.906, de 04.07.94 (Estatuto da Advocacia e da OAB) e por consequência,
aqueles que não trilharem esse caminho, poderão ser responsabilizados
civilmente pelos danos que acarretarem aos seus clientes.

                                   A procuração é o instrumento do mandato.


Orlando Gomes afirma que "o mandato é o contrato pelo qual alguém se obriga
a praticar atos jurídicos ou administrar interesses por conta de outra pessoa”.

                                   Em relação à responsabilidade civil do advogado,


não pairam dúvidas sobre o seu caráter contratual, decorrente de mandato.
Acatando essa tese, Doni Júnior, com base em Maria Helena Diniz (2003,
p.51), entende que: “todavia, que, apesar de ser um munus público, o mandato
judicial apresenta uma feição contratual, por decorrer de uma obrigação de
meio, exceto, nos casos em que presta assistência judiciária”.

                                   De fato, o parágrafo 2º, da Lei 8906, de


04.07.1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB) deixa claro que “no processo
judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu
constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus
público”.

                                   A natureza jurídica do mandato é contratual,


consensual, bilateral, não solene, personalíssimo e, em regra gratuito.
                                   As obrigações principais do mandatário,
oriundas do próprio contrato, são de agir em nome do mandante com
cautela e atenção, repassando-lhe as vantagens que obtiver em seu nome
e, no final de sua gestão, prestar contas dos atos praticados. Com efeito,
o advogado tem a obrigação de utilizar todos os meios de defesa e os
recursos, previstos em lei, que sejam cabíveis e convenientes aos
interesses do cliente.

                                   Maria Helena Diniz (2003, p.57) ensina que o


advogado será responsabilizado civilmente, senão vejamos:

a) pelo erro de direito;

b) pelo erro de fato;

c) pelas omissões de providências


necessárias para ressalvar direitos do seu
constituinte;

d) pela perda de prazo;

e) pela desobediência às instruções do


constituinte;

f) pelos pareceres que der contrário à lei,


à jurisprudência e à doutrina;

g) pela omissão de conselho;

h) pela violação de segredo profissional;

i) pelo dano causado a terceiro;

j) pelo fato de não representar o


constituinte, para evitar-lhe, durante os dez dias
seguintes à notificação de sua renúncia ao
mandato judicial (CPC, art. 45);

k) pela circunstância de ter feito


publicações desnecessárias sobre alegações
forenses ou relativas a causas pendentes;

l) por ter servido de testemunha nos casos


arrolados no art. 7º, XIX, da Lei 8.906/94;

m) por reter ou extraviar autos que se


encontravam em seu poder;

n) pela violação ao disposto no art. 34,


XV, XX, XXI, da Lei 8.906/94.
                                   Outro conceito que também pode ser utilizado
para aferir a culpa de um advogado é colocado por Sérgio Novais Dias, que
coloca um conceito novo, e aplicável apenas a advogados, ou seja a questão
da "perda da chance", que "não ocorre somente nas hipóteses de perda de
prazo para interposição de recurso, mas, como veremos adiante, sucede, por
exemplo, no esquecimento de propor uma ação antes do prazo
decadencial ou prescricional, perdendo, então, o cliente a chance de ver a
pretensão da ação examinada pelo Poder Judiciário. 

                                   O Requerente poderia ter tido a satisfação da sua


contratação se o Requerido tivesse prosseguido com o contratado, distribuindo
a ação competente em tempo hábil. Diante da sua inércia, além de estar
retardando o tempo de possível sucesso na demanda, também incorre com o
Requerente em prejuízos por ter nova contratação de patrono bem como outros
aborrecimentos de causa e efeito.

                                   A atividade da advocacia encontra-se regida


pela Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB). Esse diploma
estabeleceu, no seu artigo 32, que o advogado é responsável pelos atos
que, no exercício da profissão, praticar com dolo ou culpa, e impôs, no
artigo 33, a observância obrigatória aos preceitos estabelecidos no Código de
Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, cujos deveres estão
capitulados no artigo 2º, parágrafo único.

                                   Porém, a responsabilidade civil dos advogados


não é somente apurada com base no código de ética, pois nos seus mais
diversos aspectos, está submetida a diversos preceitos, oriundos da
Constituição Federal (art. 133) e do Código Civil (art. 927 c/c art. 186).

                                   A boa-fé objetiva, estabelecendo os deveres de


comportamento que as partes devem seguir nas fases pré-contratual,
contratual e pós-contratual, é considerada como sendo um princípio geral, não
expresso no Código Civil, mas incorporado ao direito brasileiro como um todo,
por força do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil.

                                   De acordo com esse entendimento Vieira Júnior


registra:

“A boa-fé objetiva é um princípio de


defesa ético-jurídica, para que os negócios
jurídicos se realizarem dentro de valores como a
correção, a lealdade, a confiança. a boa-fé
objetiva determina um agir com correção e
lealdade nas relações jurídicas. Esse princípio
apregoa que todos devem guardar fidelidade à
palavra dada e não frustrar ou abusar da
confiança que constitui a base imprescritível das
relações humanas, sendo pois, mister que se
proceda tal como se espera que o faça qualquer
pessoa que participe honestamente e
corretamente no tráfego jurídico”. (2003, p.41).

                                   Com efeito, o contrato não envolve apenas a


obrigação de executar o serviço, envolve também a obrigação de conduta
ética, antes, durante e após a sua celebração.

                                  

1. DO DEVER DE INFORMAÇÃO
                                    O primeiro contato com o futuro cliente e o
conhecimento de seu problema impõe ao advogado o dever de manter
sigilo sobre o que lhe houver sido contado e ainda, uma série de outros
deveres, como por exemplo, informar o cliente do conteúdo do contrato
(colaboração), advertir, aconselhar e esclarecer (informação), preocupar-
se com a outra parte (proteção), o de lealdade, entre outros.

                                    A consequência acarretada pelo não


cumprimento desses princípios éticos é o dever de indenizar o dano daí
decorrente.

                                    Considerando também, que o advogado deve


esclarecer seu cliente sobre os limites de sua atuação, faltar com esse dever
caracteriza ato ilícito, passível de indenização. Com esse entendimento, a 20ª
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirmou, por
unanimidade, a decisão de 1º grau que condenou um advogado a indenizar
sua ex-cliente por danos morais e materiais:

APELAÇÃO CÍVEL 0065040-


46.2010.8.19.0042 PARTE APELANTE: FELIPE
LOPES FIGUEIREDO PARTE APELADA: MARIA
DAS GRAÇAS DUVANEL RODRIGUES
RELATOR: DES. MARCO ANTONIO IBRAHIM
Direito Civil. Contrato de prestação de serviços
advocatícios. Ação indenizatória fundada no
inadimplemento. Sentença de parcial procedência
que entendeu que o contrato de prestação de
serviços advocatícios, através do qual a parte
autora conferiu poderes à parte ré para
representá-la em processo judicial, restou
descumprido. Mandato judicial. A
responsabilidade do advogado na condução
da defesa processual de seu cliente é de
ordem contratual e subjetiva, estando
obrigado a aplicar diligência razoável no
exercício do mandato. Inobservância do dever
de informação. Cabia ao apelante, advogado,
profissional habilitado e com conhecimento
técnico, orientar sua cliente sobre os limites
da sua atuação. Violação da boa-fé e da ética.
Recurso desprovido (grifo nosso).

                                    O dever do advogado de informar, está realçado


pelo Código de Defesa do Consumidor. O advogado deve informar o cliente de
todos os percalços e possibilidades que a causa traz e das conveniências e
inconveniências das medidas judiciais a serem propostas. Essa informação
deve ser progressiva, à medida que o caso se desenvolve. Ou seja, em cada
situação, ainda que não entre em detalhes técnicos, o advogado deve dar
noção das perspectivas que envolvem o direito do cliente e as mudanças de
rumo que a hipótese sugere.

                                   O advogado não deve proceder de forma a


prejudicar o seu cliente. Não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os
feitos, sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.

                                    Além do mais, pelas vezes em que o Requerente


se dirigiu à filial do Escritório denominado Saliba & Saliba Advogados
Associados, com sede na Praça Rui Barbosa, nº 600, sala 606, Centro, nesta
Cidade de Uberaba, nunca foi atendido pelo Requerido, não conseguindo
obter nenhuma informação com as pessoas que ali trabalham.

                                   O Requerente que achava já ter alguma posição


sobre a revisão do seu contrato de financiamento, ao se deparar com a inércia
do Requerido e ver que o mesmo não havia feito nada ainda após a Exibição
do Contrato, se sentiu enganado e disposto a renunciar o mandato, pois a
confiança no patrono havia acabado naquele momento.

1. DO DANO MORAL “IN RE IPSA” E PERDA DE UMA CHANCE


                                               O artigo 927, do Código Civil Brasileiro
dispõe que “aquele que por ato ilícito (art. 186 a 187), causar dano a outrem
fica obrigado a repará-lo. Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para o direito de outrem”.

                                   O Dano Moral aqui pleiteado é caracterizado


como Dano “in re ipsa”, ou seja, em sua modalidade presumida, que
independe de demonstração de prova de prejuízo concreto, simplesmente pela
força dos próprios fatos apresentados nesta peça vestibular.

                        Nesta esteira, preconiza o entendimento jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. HONORÁRIOS DE


PROFISSIONAIS LIBERAIS. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ADVOGADO. PERDA DE UMA CHANCE.
OBRIGAÇÃO DE MEIO QUE NÃO ELIDE O
DEVER DE PRESTAR SERVIÇOS DE FORMA
ADEQUADA E DE ACORDO COM OS
INTERESSES DO CLIENTE. CONFIGURAÇÃO
DE NEGLIGÊNCIA E IMPRUDÊNCIA DO
ADVOGADO. DEVER DE INDENIZAR.
QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE NÃO SE
VINCULA AO VALOR EFETIVAMENTE
PERDIDO. POR UNANIMIDADE, NEGARAM
PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. (TJ-
RS - AC: 70039073622 RS , Relator: Angelo
Maraninchi Giannakos, Data de Julgamento:
14/12/2011, Décima Quinta Câmara Cível, Data
de Publicação: Diário da Justiça do dia
16/01/2012) (grifo nosso)

                                  

                                   Nas sábias palavras de Maria Helena Diniz


(2004, página 287) a mesma ensina que "o advogado deverá, obviamente,
indenizar prontamente o prejuízo que vier a causar por negligência, erro
inescusável ou dolo".

                                   Nesta caso, o dano moral não necessita ser


comprovado, pois passa a ser presumido à partir da constatação do fato lesivo
e seu nexo causal.

                                   É aplicável aos advogados a chamada Teoria


da Perda de uma Chance quando - diante de uma chance razoável, séria e real
o cliente é lesado em razão de uma conduta negligente praticada pelo seu
patrono.

                                   Assim já entendeu o 1º Juizado Especial de


Competência Geral do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, onde o qual
condenou por danos morais pela perda de uma chance um advogado que
cobrou honorários mas não entrou com ação judicial. Assim, relata o juiz:

O juiz concedeu os danos morais por


causa da perda de chance. Segundo ele, a teoria
do dano moral pela perda de uma chance,
aplicada na França dos anos 1960, para os casos
de procedimentos médicos retardados ou
omitidos, tem sido adotada pela jurisprudência no
Brasil também para os casos de contrato de
advogado. Para ele, “deixar o advogado de
apresentar ao Judiciário a pretensão da parte que
lhe contratou gera para a parte a perda da
oportunidade de ver o seu direito apreciado pela
Justiça”. (Revista Consultor Jurídico, 3 de abril
de 2007).

                                   No mesmo sentido, O eminente ministro RUY


ROSADO DE AGUIAR, quando Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, no julgamento da Apelação Cível 591064837, ao tratar
da responsabilidade civil do advogado na perda de uma chance, entendeu que:

“(...) causaram à autora a perda de uma


chance, e nisso reside o seu prejuízo. Como
ensinou o Professor Fançois Chabas: Portanto, o
prejuízo não é a perda de aposta (de resultado
esperado), mas da chance que teria de alcançá-la
(...). ”

                                  

1. DO OBJETO DA AÇÃO: REVISÃO DE CONTRATO DE


FINANCIAMENTO
                                    O Requerente contratou o Requerido para que
pleiteasse uma ação Revisional de Financiamento de veículo, haja vista a
abusividade da financeira nos juros incidentes da parcela, bem como na
cobrança indevida de tarifas.

                                   Conforme contrato de financiamento anexo, o


Requerente financiou seu veículo em 21/08/2012, meses antes de procurar os
serviços do Requerido, pois logo após foi demitido de seu emprego e passava
por dificuldades financeiras que o estava impossibilitando de arcar com as
prestações do financiamento.

                                   Hoje, após 3 anos de financiamento, e restando


apenas 1 ano para o seu término, e sem nenhuma resposta quanto a revisão
do valor destas parcelas, bem como a restituição dos valores pagos pelas
taxas cobradas indevidamente, o Requerente vem se sujeitando a pedir
dinheiro emprestado a familiares para cumprir com sua obrigação, passando
por situações desagradáveis, devido a inércia do Requerido que não pleiteou a
ação pactuada além de ter que arcar com os gastos para solução desta
questão.

                                   Além do prejuízo material que vem sofrendo pela


não redução de suas parcelas de financiamento, que possivelmente poderia ter
logrado êxito se o Requerido houvesse pleiteado a ação contratada, o
Requerente vem sofrendo moralmente pela quebra de confiança com seu
patrono bem como pela falta de informação de seu processo e por tomar
conhecimento de que o seu pleito não fora protocolado.

           

1.  DOS PEDIDOS
                        Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

1. A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da Lei


1060/50, porque o Requerente não tem condições no momento de arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios.
1. A CITAÇÃO do REQUERIDO no endereço inicialmente indicado, quanto
à presente ação, sendo esta realizada por via postal (SEED) – visando
maior  economia  e celeridade processual, para que, perante esse Juízo,
apresente a defesa que tiver, dentro do prazo legal, sob pena de
confissão quanto à matéria de fato ou pena de revelia, com designação
de data para audiência a critério do D. Juízo;

1. Ser a presente ação julgada PROCEDENTE com a condenação do


Requerido nas custas e demais despesas processuais, bem como em
honorários advocatícios;

1. Condenar o Requerido ao pagamento de uma indenização, de cunho


compensatório e punitivo, pelos danos morais  causados ao Requerente,
tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente
com o caso apresentado em tela, qual, no entendimento do  Autor,
amparado  em lei,  deve  ser  equivalente  a  R$?.000,00 (?reais),  ou 
então,  em  valor  que esse  D. Juízo  fixar,  pelos  seus  próprios 
critérios  analíticos  e  jurídicos;
                        Provará o alegado, por todos os meios de prova em
direito admitidos, especialmente pela documental e testemunhal.

                        Dá-se a presente causa, o valor de R$????.000,00


(???/?///?//????  reais), para todos os efeitos de direito e alçada, equivalente ao
valor da indenização pretendida pelo Autor

                        Termos em que.

                        Pede deferimento.

                        Salvador-ba, 19 de Abril de 2021.

                                                      

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

OAB/BA xxxxxxxx

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