▪ Relação entre a história e a linguística; ▪ O papel do arquivo como elemento para análise discursiva; ▪ O arquivo nunca é dado a priori, e em uma primeira leitura, seu funcionamento é opaco. Todo arquivo, principalmente manuscrito, é identificado pela presença de uma data, de um nome próprio, de uma chancela institucional etc. ▪ Esses elementos são insuficientes, pois não dizem sobre o funcionamento do arquivo; ▪ [...] o arquivo não é um simples documento no qual se encontram referências; ele permite uma leitura que traz à tona dispositivos e configurações significantes. ▪ Há uma ordem constituída pela abrangência social de um arquivo que vai além de sua configuração institucional. ▪ Busca por aquilo que instala o social no interior do político; ▪ Período revolucionário; ▪ Questão social da subsistência na França do século XVIII; ▪ Abrangência social não se restringe apenas ao discurso político; ▪ Diferentes modalidades de arquivos: o grito do povo; a justiça; o tratado de economia política; a correspondência dos intendentes; a obra literária; o debate na assembleia, etc. ▪ Subsistência e Pão: dispositivos de arquivo; ▪ Subsistência: incumbência do rei pelo bem estar dos súditos; ▪ A partir de 1770: intendentes (administrativo); ▪ Pão: confrontos de rua em frente a padarias (panfletos, petições, mensagens de demanda por pão em tempos de escassez); ▪ Trajeto temático (pão): ▪ A noção de tema não remete, aqui, nem à análise temática, tal como é praticada pelos críticos literários, nem aos empregos que dela se faz na linguística. Essa noção supõe a distinção entre o horizonte de expectativas‟ – o conjunto de possibilidades atestadas em uma situação histórica dada – e o acontecimento discursivo que realiza uma dessas possibilidades, inscrito o tema em posição referencial; ▪ A análise de um trajeto temático remete ao conhecimento de tradições retóricas, de formas de escrita, de usos da linguagem, mas, sobretudo, interessa-se pelo novo no interior da repetição [...] esse tipo de análise [...] reconstrói os caminhos daquilo que produz o acontecimento na linguagem; ▪ O acontecimento discursivo não se confunde nem com a notícia, nem com o fato designado pelo poder, nem mesmo com o acontecimento construído pelo historiador; ▪ O acontecimento é apreendido na consistência de enunciados que se entrecruzam em um momento dado; ▪ Cotexto: o conjunto de enunciados que determinam a visualização mais ampla do tema estudado e, que ao mesmo tempo, permite enxergar as recorrências linguísticas; (momento analítico posterior ao do trajeto temático). ▪ Análise de Discurso: relações de forças numa conjuntura dada; ▪ [...] não haveria momentos do corpus em que, além do acontecimento, mostrar-se-ia uma outra relação entre a língua e o arquivo, o discurso e o arquivo? ▪ Questão do pão: ▪ A demanda por pão não é em si nova, ela se desloca do rei para o povo: o pão entra, assim, no campo do político; ▪ Pão e pão (grito de revolta) e pão e liberdade (movimento popular); ▪ A relação entre pão e liberdade é nova e constitui a abordagem mais global da presença do social no político; ▪ Pão e liberdade: reivindicação de direitos; ▪ Coordenação Pão e X; uma nova retomada e não apenas uma variante do ato de demanda; ▪ Pão e Ferro: palavra de ordem; aparece na conjuntura de 1793; Ferro: metonímia de guerra; ▪ Pão e Ferro: (liberdade como pré-construído). Conservação e permanência das aquisições, dos direitos, das liberdades; reivindicação de uma comunidade que luta pela permanência de seus direitos; ▪ A liberdade é então tomada em seu desdobramento no discurso revolucionário: de objeto do desejo a um já-lá a ser mantido. ▪ Momentos distintos do processo revolucionário; ▪ Longe de ser metodologia auxiliar para os historiadores, uma aventura sem margens para os linguistas, esta pode encontrar nela mesma critérios de inteligibilidade. Abraçando ao mesmo tempo as copresenças linguageiras que constituem corpus, os usos reflexivos e a espessura da língua, ela se coloca como disciplina inteiramente interpretativa.