Os seres vivos apresentam características gerais que permitem diferenciá-los dos seres não vivos. Costumamos ouvir que os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem. Entretanto, existem características ou funções fundamentais que em conjunto podem definir aquilo que chamamos de vida. 1. Organização Celular Com exceção dos vírus, todos os seres vivos são formados por células. Célula é a menor parte com forma definida que constitui um ser vivo dotada de capacidade de auto-duplicação (pode se dividir sozinha). São as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Podem ser comparadas aos tijolos de uma casa. As células, em geral, possuem tamanho tão pequeno que só podem ser vistas por meio de microscópio. Dentro delas ocorrem inúmeros processo que são fundamentais para manter a vida. Os seres humanos possuem aproximadamente 100 trilhões de células; um tamanho de célula típico é o de 10 µm (1 µm = 0,000001m); uma massa típica da célula é 1 nanograma (1ng = 0,000000001g). Entretanto, o número de células varia entre os seres vivos. Existem os seres unicelulares, a palavra unicelular tem origem no latim uni, que significa "um, único". Esse são as bactérias, as cianobactérias, protozoários, as algas unicelulares e as leveduras (Figura 1a). Os seres pluricelulares são formados por várias células, a palavra pluricelular tem origem no latim pluri, que significa "mais, maior" (Figura 1b). Figura 1:Organismo unicelular em A e organismo pluricelular em B
Os diferentes tipos de células podem ser classificados em duas categorias
quanto a sua organização do núcleo. • Células procariotas - As células procarióticas (do grego pro: primeiro e karyon: núcleo) são estruturas relativamente simples e possuem como principal característica a ausência de um envoltório nuclear envolvendo o material genético. Nesse grupo de células, o DNA é circular. • Células eucariotas - As células eucarióticas (do grego eu: verdadeiro e karyon: núcleo) são muito mais complexas que as células procarióticas. Nesse grupo de células, é possível observar um envoltório nuclear delimitando um núcleo, uma das características mais marcantes desse tipo celular. 2. Composição química Os seres vivos são formados basicamente por uma junção de elementos químicos, chamados de bioelementos ou elementos biogênicos, que constituem a matéria viva. A tabela periódica agrupa os 118 elementos químicos conhecidos e destes, carbono (C), oxigênio (O), hidrogênio (H) e nitrogênio (N) são os bioelementos primários. Os bioelementos primários mais fósforo (P) e enxofre (S) constituem aproximadamente 98% da massa corporal de um ser vivo. 3. Busca de energia Além da organização celular, os organismos para se manterem vivos precisam de energia, que é obtida a partir dos alimentos ou da fotossíntese. O modo em que os organismos obtém o alimento pode ser classificados como: • Autótrofos: Os organismos autotróficos, ou autótrofos, podem ser definidos como seres que são capazes de sintetizar seu próprio alimento, ou seja, são capazes de utilizar material inorgânico para sintetizar material orgânico. Entre os organismos que possuem nutrição autotrófica, podemos citar os vegetais, algas, cianobactérias e algumas espécies de bactérias e protistas. • Heterótrofos: Os organismos autotróficos, ou autótrofos, podem ser definidos como seres que são capazes de sintetizar seu próprio alimento, ou seja, são capazes de utilizar material inorgânico para sintetizar material orgânico. Entre os organismos que possuem nutrição autotrófica, podemos citar os vegetais, algas, cianobactérias e algumas espécies de bactérias e protistas. 4. Metabolismo Todos os seres vivos apresentam metabolismo, que corresponde à junção de todas as reações químicas interligadas dentro de um organismo. O objetivo do metabolismo é controlar a energia e os recursos materiais para suprir as necessidades de um ser vivo. As diversas reações em uma célula fazem com que ela se mantenha viva, com capacidade de crescer e se dividir. O metabolismo pode ser classificado em dois grandes processos: anabolismo (reações de síntese ou construção) e catabolismo (reações de síntese ou construção). • Anabolismo - O anabolismo pode ser entendido como um processo de construção no qual acontece a sintetização das moléculas, o que resulta na formação de moléculas mais complexas a partir de outras mais simples. • Catabolismo - O catabolismo pode ser entendido como a fase do metabolismo de liberação energética para o corpo. O processo, também chamado de metabolismo, acontece no momento da quebra ou degradação de moléculas mais complexas para gerar outras mais simples. 5. Crescimento e desenvolvimento Os seres vivos crescem ao longo da vida e aumentam de tamanho ou massa seca (sem levar em consideração a água do organismo). Consequentemente, o número de células no organismo aumenta. O crescimento e o desenvolvimento seguem padrões, que envolvem genética, hormônios, nutrição e metabolismo. As células podem passar por um aumento de volume (hipertrofia) ou multiplicação que origina novas células (hiperplasia). 6. Reprodução A reprodução é uma das características comuns a todas as espécies de seres vivos. Ter filhotes, isto é, ter descendentes, é importante para garantir a ocupação do ambiente e para se manter como espécie. Se não deixa descendentes, à medida que os indivíduos mais velhos vão morrendo, a espécie tende a desaparecer. Daí a importância da reprodução para a manutenção da existência da espécie. Por isso devem ser valorizados projetos de preservação como o Projeto Tamar do Ibama. Esse projeto visa preservar as tartarugas marinhas acompanhando a época de desova, cuidando dos ninhos, e fazendo campanhas para a proteção desses animais para garantir a sua reprodução e consequentemente a manutenção da espécie. 6.1 Tipos de reprodução Reprodução sexuada é aquela em que há participação de células especiais, os gametas. Os gametas são células que carregam parte do material genético que formará um novo ser. No animal, o gameta masculino é o espermatozoide e o gameta feminino é o óvulo (Figura 2a). A união dos gametas, que dá origem a um novo ser, chama-se fecundação. A fecundação pode ser interna, ou seja, o gameta masculino encontra o gameta feminino dentro do corpo da fêmea, ou externa, ou seja, o gameta masculino encontra o gameta feminino fora do corpo da fêmea. O sapo macho massageia o abdômen da fêmea para que essa libere seus óvulos na folha enquanto o macho deposita os espermatozoides sobre eles. A reprodução assexuada não envolve estas etapas especiais, os gametas; depende apenas das células (Figura 2b). A regeneração, um tipo de reprodução assexuada, ocorre, por exemplo, nas planárias. Regeneração em planárias: se o corpo desse animal for cortado em alguns pedaços, cada um deles pode originar uma planária inteira. A reprodução sexuada é mais vantajosa para a espécie que a assexuada. Enquanto a reprodução assexuada origina indivíduos geneticamente iguais aos seus antecessores, a reprodução sexuada produz indivíduos diferentes dos seus pais. Por exemplo, você não é exatamente igual ao seu pai nem a sua mãe, embora possa apresentar muitas características de cada um deles.
Figura 2: Exemplo de reprodução sexuada em A e assexuada em B
A variabilidade genética, produzida pela reprodução sexuada, é sempre
vantajosa, pois aumenta a chance de adaptação da espécie a possíveis modificações do ambiente. A variabilidade genética é fundamental para a evolução dos organismos. 7. Capacidade de responder a estímulos Os seres vivos devem ter a capacidade de responder a estímulos. E essa reação é feita das mais variadas formas. As plantas, por exemplo, não possuem sistema nervoso, por isso têm respostas menos elaboradas que as dos animais, mas ela pode reagir com movimentos, como ocorre com a dormideira ou sensitiva, que se fecha quando é tocada; ou ainda apresentar um fenômeno conhecido como fototropismo (crescimento da planta orientado pela luz) (Figura 3). A essa capacidade de responder Figura 3: Fototropismo um tipo de resposta a a estímulos do meio ambiente estímulos luminosos chamamos de irritabilidade. Os animais apresentam respostas mais complexas aos estímulos do meio ambiente porque apresentam sistema nervoso. Possuem sensibilidade. Nós somos capazes de distinguir sons, cores, cheiros e gostos, além de outras coisas. Mesmo os animais que não possuem a visão, a audição ou outros sentidos bem desenvolvidos podem apresentar estruturas que lhes permitem perceber o ambiente a sua volta. As planárias, um tipo de verme achatado, não- parasita, por exemplo, não possuem olhos, mas apresentam ocelos, estruturas que não formam imagens, mas fornecem uma percepção de luminosidade, permitindo que elas se orientem pela luz. 8. Movimento Os seres vivos são capazes de se movimentar, sair de um local ou mudar de posição. Por exemplo, os animais podem percorrer distâncias ao se locomoverem, e as plantas se curvam em direção ao Sol. O movimento pode ser perceptível pela movimentação externa, como reação aos estímulos, ou pode ocorrer com as estruturas dentro do próprio organismo. Por isso, o movimento é necessário para a manutenção da vida. 9. Homeostase A homeostase, interpretada como “estado estável”, é o mecanismo que garante que as condições internas necessárias para o funcionamento do organismo sejam mantidas constantes. Temperatura e concentração de substâncias químicas são exemplos de fatores regulados nos seres vivos. 10. Evolução e adaptação A evolução biológica faz parte da adaptação dos seres vivos. Um ser vivo pode passar por um processo de modificação para ajudá-lo a sobreviver no ambiente e dar continuidade à espécie. A evolução está relacionada com a diversidade dos seres vivos, em um processo de desenvolvimento a partir de um ancestral comum ou de seleção natural. A adaptação pode ser vista como uma estratégia de defesa para manutenção da espécie, como é o caso da camuflagem. Uma característica comum a todos os seres vivos, segundo as teorias evolucionistas, é a capacidade de evolução. A evolução dos seres vivos é o processo do desaparecimento ou do surgimento de novas espécies devido a variabilidade genética. Esse processo é muito lento e pode levar até milhares de anos por isso é difícil de acompanhar o processo de evolução. 10.1 O que é variabilidade genética? Se observarmos atentamente, veremos que, por mais semelhantes que possam, ser os indivíduos de uma população apresentam algumas diferenças entre si. Chamamos essas diferenças entre os seres de variabilidade. Vamos pensar no bicho-pau. Esse animal é muito parecido com um graveto de uma árvore que, muitas vezes, é difícil distingui-lo do ambiente. Para este inseto, ser semelhante a um graveto é uma vantagem, pois ele pode camuflar-se no ambiente e não ser notado por seus predadores. Mesmo na população de bichos-paus, existem diferenças entre os indivíduos. Aqueles menos parecidos com os gravetos das árvores serão mais caçados pelos predadores, portanto terão chances menores de conseguir se reproduzir. Se somente os bichos-paus mais parecidos com os gravetos conseguirem se reproduzir essa característica será passada para a nova geração (ou para os próximos bichos-paus), continuando na população. O aparecimento e o aumento da variabilidade entre os seres devem-se principalmente à ocorrência de mutações e à reprodução sexuada.As mutações - alterações que ocorrem ao acaso no material genético dos seres vivos - provocam o aparecimento de novas características. Estas novas características podem ser vantajosas para a adaptação do ser ao ambiente ou não. Esse fenômeno de sobrevivência dos seres mais aptos - isto é, melhor adaptados - é o que Charles Darwin (1809-1882) chamou de seleção natural. "Mais apto" não significa ser "mais forte". O mais apto, em certos ambientes, pode ser o com menor tamanho; o que consegue camuflar-se, o que tem mais filhotes; enfim, o que tem características que favorecem a vida e a reprodução no ambiente onde ele vive. De acordo com Darwin, o processo de seleção natural age constantemente. A cada modificação no ambiente, é possível haver indivíduos, antes adaptados, que não suportem as novas condições ambientais. Por exemplo, uma mudança drástica no ambiente aquático é a poluição, desta maneira peixes antes adaptados as condições da água só irão sobreviver se tiverem "algo" a mais que os permita viver no ambiente poluído. Este "algo" a mais pode ser a característica de suportar metais tóxicos na água, que anteriormente não lhe trazia vantagem na reprodução, mas agora traz porque ele consegue sobreviver naquele ambiente. No decorrer do tempo ainda é possível que uma população se modifique tanto a ponto de ser considerada uma nova espécie. Atividades 1. Quais são as características ou funções fundamentais que em conjunto podem definir um ser vivo? 2. De quais formas os seres vivos conseguem obter energia? Defina essas formas. 3. Diferencie os seres unicelulares e pluricelulares. De exemplos desses organismos. 4. Qual é a importância da reprodução para a manutenção da existência da espécie? 5. Como a evolução biológica faz parte da adaptação dos seres vivos? Atividades complementares 1. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o que é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto, os organismos vivos apresentam características marcantes que permitem essa diferenciação. Uma dessas características é a capacidade de responder a estímulos, uma capacidade denominada de: a) irritabilidade. c) complexidade. e) metabolismo. b) flexibilidade. d) reação. 2. É comum dizer que todos os organismos são formados por células, estruturas conhecidas como a unidade funcional e estrutural dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são acelulares e, por isso, alguns autores não os consideram vivos. Entre os seres listados abaixo, qual é o único que não possui células em sua constituição? a) bactérias. c) protozoários. e) animais. b) fungos. d) vírus. 3. Para um organismo ser considerado vivo, algumas características devem estar presentes. Analise as alternativas a seguir e marque o único atributo que não é encontrado em todos os seres vivos. a) Hereditariedade. c) Corpo formado por várias células. b) Capacidade de responder a d) Capacidade de evoluir. estímulos. e) Metabolismo. 4. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos evolutivos. Algumas características, por exemplo, surgem e são passadas para os descendentes e outras são eliminadas da população por meio de um processo denominado de: a) recombinação gênica. d) mutação. b) seleção natural. e) migração. c) mimetismo.