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DA MIGRAÇÃO E RADICAÇÃO

DA ESCRAVATURA DE MUÇULMAOS
ADQUIRIDA AOS
OUTROS ESTADOS PELO MARAHÃO

Sabido é por quem conhecimento tem a cerda dos


portos históricos maranhenses e suas influências quanto
ao tráfico da escravatura de muçulmanos efetuado de
forma “clandestina” - sobretudo com a cumplicidade dos
senhores magistrados e demais autoridades provincianas
que todo interesse tinham em não abolir a escravatura
no Estado do Maranhão, por eles considerados como
República independente do Império, apenas submetida
às leis das cortes portuguesa, consideradas o epicentro
do poder consolidado na figura do Então rei D. João VI -
o quanto contribuiu na consolidação étnica da formação
do povo maranhense nos primórdios de sua colonização
(a partir da baixada por onde se iniciou seu povoamento)
quando do momento industrial canavieiro, despejando
mão-de-obra escrava aos borbotões, e, que de imediato
era absorvida, sobremaneira, pelos senhores de
engenhos que incube-se-iam de espalhá-la por todas as
freguesias do campesinato maranhense.
Essa introjeção de levas de escravatura era adentrada
furtivamente por via marítimo portuária, utilizando-se
dos principais portos desse momento histórico:
a- Porto de Vila do Passo (hoje Passo do Lumiar) na
capital da província São Luís,
b- Porto de Tutóia, imperatriz, Barra do Corda,
Açailândia e tantos outros no interior do Estado
(continente).
Levas de escravatura de cores as mais diversas: peles
ébanos, marrons e claras, eram transportadas nas mais
cruéis condições para serem acondicionadas em
cubículos espalhados ao longo das trilhas eivadas de
Quintas de escravatura (hoje fazendas), quer em sótãos,
ou agrilhoados em currais, quer em buracos escavados
no solo e disfarçadamente cobertos com vegetação. E
todo esse cuidado se devia ao fato de o partido
Conservador Português, favorito ao imperador do
Brasil - apesar de não haver concordado com a
emancipação da escravatura no país - apoiar o poder
político da coroa brasileira representado pelo mesmo,
pois que, se Pedro conseguisse unificar o país sob sua
égide levando a futura, o Maranhão a adesão ao
Império do Brasil – fato que veio consolidar-se com o
apoio do mercenário inglês Lorde Crokane que sitiou,
invadiu e depôs o poder insurreto do Estado do
Maranhão – o partido dos Cabanos constituídos
somente por portugueses cairia nas boas graças do
imperador. Era somente esse partido que se
manifestava em favor da outorgação da lei Áurea,
tangido como vimos mais por seus interesses que por
misericórdia. Contudo, nesse cenário ocorreram fugas
em massa de escravos das mais diversas etnias para as
matas desconhecidas de então, criando ativos
quilombos onde o regime social vigente era o matriarcal,
pois pouco era o número de mulheres que se
aventuravam a fugir, por isso mesmo eram elas que
possuíam o poder tribal de escolher o cônjuge e o
número de maridos que desejava possuir (normalmente
esse número não tinha limites, a não ser que o número
de homens fosse quase equilibrado ao das mulheres). E
foi graças à intrepidez desses fugitivos que muita das
vezes eram massacrados pelos aborígines (vulgos
negros da terra como eram pejorativamente taxados
pelos portugueses) que as terras do Maranhão
começaram a ser descobertas, pois, a fim de recuperar
seus escravos, os senhores das Quintas enviavam
capitães- do- mato para os recuperar e estes por sua vez
lhes relatavam tudo sobre a caçada, captura, reduto de
quilombolas e riquezas das terras dos mesmos, quanto
do translado de volta dos cativos.

MALESES

Grupo étnico do qual sou afro descendente, e, por ser


civilizado e por isso mesmo culto e do qual devo o
conhecimento histórico oral transmitido por meus
antepassados por mais de quatrocentos anos (durante e
mesmo após a escravidão) de geração a geração e que
ouso pela segunda vez historiografá-lo de modo a deixar
este legado ás futuras gerações.
A etnia malê em sua minoria adentrou o Império do
Brasil sob o jugo de grilhões. Digo minoria por que para
“os escravagista não lhes era interessante comprar seres
inteligentes que sabiam ler e escrever fluentemente em
árabe e ainda por cima cultuar um único Deus ao qual
eles mesmos denominavam de Ála”. “Estes não se
curvavam: eram desobedientes, negavam-se
terminantemente a cultuar o Cristo Jesus, morrendo em
sua maioria acorrentada ao pelourinho durante o
suplício perpetrado pelo “bacalhau do feitor” (bacalhau:
relho, açoite, chicote fabricado a partir do pênis bovino
com pontas portando nós nas extremidades e tendo como
suporte para a mão um cabo muitas das vezes feito com
couro bovino curtido e trançado) em quando lhes era
ordenado abnegar seu Deus Ála” e a aceitar Jesus Cristo
como seu único “Deus e salvador”. Morriam vociferando
entre gemidos quase inaudíveis que Ála era seu único
Deus e que somente Ele deveria por todo o sempre ser
Venerado. Essa alegação incutiu no branco um ódio
especialmente direcionado para esses “negros africanos
mulçumanos” que sabiam eles, os senhores, herdeiros de
uma cultura anterior a sua, portanto milenar, que se
auto consideravam superiores, orgulhosos, corajosos ou
tolos, e, sobretudo indômitos. Eles fizeram parte do
império árabe que por séculos dominara a penísula
Ibérica, mesmo antes do advento da existência de
Portugal, foram os que maior contribuição cultural
legou em coletivamente aos portugueses, sem falar que
mesmo ainda à época das grandes navegações, também
foram esses “trastes negros” que ensinaram aos
lusitanos a construir suas famosas caravelas e
caravelões (invenção árabe) de vinte, trinta e quarenta
metros de comprimento respectivamente, a arte de
navegar e o sextante (criação, aplicação e uso náutico).
Daí o porquê das Américas escravagista preferir com o
tempo ser mais seleta na aquisição de suas levas de
escravatura e passar a criar “negros africanos de ambos
os sexos cuidadosamente selecionados para servirem de
reprodutores”, evitando assim as insurreições nas
fazendas e quintas tanto quanto as fugas freqüentes e tão
rotineiras, levando em consideração a grande economia
eu teriam nos cortes com gastos na impressão de cartazes
de busca, com propinas pagas a informantes e
diminuição de produtividade e/ou na contratação de
capitão-do-mato (no geral um ex-escravo que sofrera
lavagem cerebral de modo a perceber a cultura do
branco português e/ou inglês do qual comprara sua
liberdade, e, por não ter nenhum meio de subsistência,
atirava-se de corpo e alma nesse tipo de atividade, sendo
muito mais cruel com seus pretos capturados que os
capitães brancos, já que ele queria, almejava “ser gente
um de seus iguais de modo a ser aceito em seu meio sem
sofrer descriminações - observação: ainda nos dias de
hoje perdura um adágio popular que diz que “PRETO
CÃO É GECTE”, em virtude dos escravos
embrenharem-se pelas matas do Brasil em busca de
refúgio seguro contra a dominação dos seus algozes, os
senhores de escravos, fundando quilombos para
desfrutar de suas liberdades, donde o mais famoso
quilombo fundado por eles foi o de PALMARES, situado
na Serra da Barriga no Estado das Alagoas, hoje Estado
de Alagoas, situado a Cordeste do país, e que deixou todo
o império do Brasil em polvorosa por tornar-se com o
passar dos anos uma república igualitária por quase um
século de existência exercendo livre comércio com os
nove Estados que constituem a região Cordeste. Seu
sistema de governo era monárquico, possuía um exercito
liderado pelo general Zumbi – aquele que nunca morre –
e seus capitães, chegando mesmo a invadir, pilhar e
queimar a cidade Dos Arrecifes sem falar nas levas de
cativos que por ele eram libertados ou mortos se
negavam-se a segui-lo, e, quando interpelado por sua
esposa malê que lho era conselheira e capitã guerreira
de nome Dandhara quando tomaram de assalto a cidade
de Recife: POR QUÊ VOCÊ CÃO SE APOSSA DA
CIDADE DOS CAIADOS ZUMBI?: (caiado: mesmo que
branco, forma pejorativa em uso até nossos dias), no
que ele respondeu: SE PASSARMOS A VIVER EM
CIDADE DE BRACCOS, CÓS COS TORCAREMOS
QUE CEM ELES. CAQUILO QUE MAIS ODIAMOS!
VOTEMOSS PARA PALMARES DACDHARA E
SEJAMOS LIVRES OU MORAMOS LIVRES!).
Verdade se diga, se zumbi não tivesse como esposa uma
mulher de origem malê, ele jamais teria se mantido firme
em seu posto, tão pouco teria rompido com o rei
Gangazuma que resolvera aceitar a oferta dos brancos
para deixar Palmares e ir viver livre em uma praia do
litoral pernambucano, aonde veio a morrer envenenado.
Fora a vontade férrea de Dandhara que manteve 80% do
quilombo de Palmares ao lado de Zumbi (Fora criado
por padre católico que o ensinara ler e escrever
português e latim para coadjuvá-lo nos ofícios religiosos,
tendo ele, Zumbi, matado a esse vigário quando da
invasão da cidade de Recife em vingança aos maus tratos
por ele recebidos por parte desse pároco, ordenou que se
saqueasse a igreja e ateassem-lhe fogo), negando-se a
seguir ao rei Ganga, como era carinhosamente chamado.

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