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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina

ESTUDO COMPARATIVO DAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO DO CHORUME UTILIZADAS EM


ALGUNS ATERROS SANITÁRIOS

Denise de Carvalho Alves


Renata Miranda Teixeira

PRÓXIMA

Realização:

ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável


NISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP
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ESTUDO COMPARATIVO DAS TÉCNICAS DE


TRATAMENTO DO CHORUME UTILIZADAS EM ALGUNS
ATERROS SANITÁRIOS

Denise de Carvalho Alves2


Renata Miranda Teixeira3

RESUMO
Com o objetivo de minimizar o impacto no meio ambiente que um aterro pode
produzir, é essencial tratar o chorume para que este atenda aos padrões requeridos
na legislação ambiental para lançamento de efluentes no ambiente aquático. Este
trabalho apresenta de forma sucinta a descrição de técnicas para tratar o chorume
gerado em aterros sanitários. Além disso, é mostrado um resumo comparativo de
processos de tratamento utilizados em aterros de alguns municípios.

PALAVRAS-CHAVE: tratamento de chorume; chorume; aterro sanitário.

INTRODUÇÃO

Os resíduos sólidos representam um grande problema ambiental, devido à


dificuldade de disposição e gerenciamento.
Atualmente no Brasil a maioria dos resíduos está disposta inadequadamente,
em lixões a céu aberto, provocando sérias conseqüências como a poluição e a
redução da qualidade de vida.
Alguns municípios preocupados com essas conseqüências já estão dando ao
seu lixo um destino mais adequado em aterros sanitários.
Um dos problemas relativos a operação dos aterros é a formação do chorume
e seu posterior tratamento, além da formação de gases (biogás).
O chorume é um líquido com alta carga poluidora originado da decomposição
do lixo, e apresenta uma grande variabilidade em sua composição.
Como resultado dessa variação nas suas características, o projeto de
sistemas de tratamento é considerado bastante complexo.
Nesse trabalho fez-se, um estudo comparativo entre as técnicas de
tratamento existente em alguns aterros sanitários.

(2) Engenheira Química pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande; Pesquisadora
Associada do Núcleo de Estudos de Resíduos Sólidos de Rio Grande.
(3) Engenheira Química pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande; Pesquisadora
Associada do Núcleo de Estudos de Resíduos Sólidos de Rio Grande.

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1. ORIGEM DO CHORUME
Nos aterros, os resíduos se decompõem dando origem a um líquido mal
cheiroso, de coloração negra denominado lixiviado ou chorume. Estes contêm alta
carga poluidora, o que pode ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. O
potencial de impacto deste efluente está relacionado com a alta concentração de
matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade e presença de metais pesados.
O lixiviado ou chorume pode ser definido como a fase líquida da massa
aterrada que percola através desta, removendo materiais dissolvidos ou suspensos.
Nos aterros sanitários, o chorume é composto pelo líquido que entra na massa
aterrada de lixo advindo de fontes externas, tais como sistemas de drenagem
superficial, chuva, lençóis freáticos, nascentes e aqueles resultantes da
decomposição do lixo.
“A umidade tem grande influência na formação do chorume já que um alto
teor de umidade favorece a decomposição anaeróbia. A produção de chorume
depende das condições peculiares de cada caso, principalmente da topografia,
geologia, regime e intensidade das chuvas” (SEGATO, 2000. p. 2).
Como mostra SEGATO (2000) o volume de chorume produzido depende de
alguns fatores, como: precipitação na área do aterro, escoamento superficial e/ou
infiltração subterrânea, umidade natural do lixo, grau de compactação, capacidade
do solo em reter umidade, entre outros.

2. CARACTERIZAÇÃO DO CHORUME
As cargas contaminantes do lixiviado se compõem de muitas substâncias
diferentes, entre as quais pode se destacar: substâncias orgânicas, nitrogênio, em
forma de nitrogênio amoniacal, nitratos, nitritos e amônia; halogênios inorgânicos,
carbonatos, cloretos, sulfatos, íons sódio, potássio, cálcio; metais como ferro, zinco,
manganês, níquel, cobre etc.
A tabela 1 mostra alguns íons encontrados no chorume e suas possíveis origens.
Tabela 1: Origens dos íons encontrados no chorume
Íons Origem
Material orgânico, entulhos de
Na+, K+, Ca2+, Mg2+
construção, cascas de ovos.
PO4-3, NO3-, CO3-2 Material orgânico.
Material eletrônico, latas, tampas de
Cu+2, Fe+2, Sn+2
garrafas.
Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas
Hg+2, Mn+2
fluorescentes.
Baterias recarregáveis (celular,
.Ni+2, Cd+2, Pb+2
telefone sem fio, automóveis).
Latas descartáveis, utensílios
Al+3 domésticos, cosméticos, embalagens
laminadas em geral.
Tubos de PVC, negativos de filmes de
Cl-, Br-, Ag+
raio-x.
Embalagens de tintas, vernizes,
As+3, Sb+3, Cr+3
solventes orgânicos.
Fonte: SEGATO (2000, p.4)

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Uma das principais características do chorume é a variabilidade de sua


composição, em decorrência do esgotamento progressivo da matéria orgânica
biodegradável.
A tabela 2 apresenta as faixas de variação de alguns parâmetros para chorume
de aterros sanitários brasileiros.
Tabela 2: Variação de propriedades e concentração de substâncias do
chorume
Parâmetros Faixa de variação
pH 3,5 – 9,0
Alcalinidade (mg CaCO3/L) 850 - 17500
DBO5 (mg/ L) 15000 - 50000
DQO (mg/ L) 21000 - 78000
Sólidos Suspensos (mg/ L) 660 - 5000
Nitrogênio amoniacal (mg/ L) 50 - 5000
Nitrato (mg/ L) 0,1 - 250
Nitrito (mg/ L) 0,1 - 40
Arsênio (mg/ L) 0 - 200
Cádmio (mg/ L) 0-2
Cianetos (mg/ L) 0 - 10
Zinco (mg/ L) 0 - 25
Cloretos (mg/ L) 100 - 12400
Cobre (mg/ L) 0-8
Cromo total (mg/ L) 0 - 300
Ferro (mg/ L) 2 - 2100
Manganês (mg/ L) 0 - 35
Mercúrio (mg/ L) 0 – 0,05
Níquel (mg/ L) 0-5
Chumbo (mg/ L) 0-2
Sulfato (mg/ L) 18 - 2000
Fósforo total (mg/ L) 0,1 - 31
Fonte: CLARETO e HELD, apud SEGATO (2000, p.5)

3. IMPERMEABILIZAÇÃO INFERIOR DO ATERRO


Os revestimentos são empregados nos aterros sanitários para proteger as águas
subterrâneas da contaminação pelo lixiviado.
“Pode-se omitir o revestimento da base se o lugar está situado em uma região
árida ou semi-árida onde a precipitação é de 25 cm ou menos por ano e a taxa de
evaporação é maior que 50 cm” (EPA, 1997).
Os sistemas de revestimento podem ser: únicos, duplos ou compostos. Como o
nome indica um sistema de revestimento único consta de um único componente
impermeável ou de baixa permeabilidade. O revestimento pode ser terra natural ou
sintética, coloca-se acima um sistema de coleta de lixiviado.
Um sistema de revestimento duplo consta de dois componentes, que podem ser
de materiais iguais ou distintos. Sobre a parte superior ou primária do revestimento
se instala o sistema de coleta do lixiviado e entre o revestimento primário e
secundário se coloca um sistema detenção de perdas.

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Um revestimento integrado é composto de dois materiais diferentes. Geralmente,


se emprega diretamente um revestimento sintético de membrana flexível sobre a
argila ou outro solo de baixa permeabilidade.
Concluída a implantação da camada de impermeabilização, passa-se à execução
dos canais de drenagem da tubulação de coleta de chorume.

4. DRENAGEM DO CHORUME
A coleta do chorume será feita por drenos implantados sobre a camada de
impermeabilização inferior e projetados em forma de espinha de peixe, com drenos
secundários conduzindo o chorume coletado para um dreno principal que irá levá-lo
até um poço de reunião, de onde será bombeado para a estação de tratamento.
“O leito destes drenos (drenos cegos) será em brita ou rachão, seguida de areia
grossa e de areia média, a fim de evitar a colmatação do dreno pelos sólidos em
suspensão presentes em grande quantidade de chorume. Eventualmente, pode-se
substituir as camadas de areia por bidim ou geotêxtil similar” (MONTEIRO,
2001.p.168).

5. TRATAMENTO DO CHORUME
Devido às características do chorume, este deve ser tratado antes de ser lançado
no meio ambiente, evitando-se assim maiores riscos de contaminação do solo, das
águas subterrâneas e superficiais.

5.1 TÉCNICAS DE TRATAMENTO DO CHORUME


A seguir serão descritas algumas das principais técnicas utilizadas para o
tratamento do chorume de aterro sanitário. Geralmente utiliza-se uma combinação
de processos.
RECIRCULAÇÃO DO CHORUME NO ATERRO.
De acordo com FUZARO (1994), a recirculação consiste em drenar e captar o
chorume em um poço de acumulação, e devolvê-lo para o interior do aterro. Essa
recirculação é feita introduzindo o chorume através dos drenos de gases, ou através
de uma rede de tubos perfurados que distribui esse líquido em caneletas escavadas
na superfície do aterro.
Através da ação biológica dos microrganismos presentes na massa do lixo, o
efeito tóxico do chorume vai sendo atenuado, e, além disso, parte do chorume
recirculado sofre evaporação.
“Visto que a evaporação é um fator importante para a recirculação do chorume,
este processo só deve ser adotado em regiões onde ao taxa de evaporação é maior
que a precipitação pluviométrica” (MONTEIRO, 2001. p. 177).
Esta técnica geralmente é realizada de forma complementar a um outro processo
de tratamento.
EVAPORADOR DE CHORUME
Como mostra MONTEIRO (2001), o chorume é enviado ao evaporador, que
consiste de um tanque metálico, que é aquecido a uma temperatura entre 80°C e
90ºC, fazendo com que parte do líquido evapore.Quando sai do evaporador, o vapor
quente passa por um filtro que retém a unidade e vai para uma câmara de
aquecimento final, de onde é lançado, seco na atmosfera. O lodo que se deposita no
interior do evaporador retorna ao aterro.A grande vantagem é o baixo custo
operacional devido ao combustível utilizado ser o biogás captado no próprio aterro.

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PROCESSOS BIOLÓGICOS AERÓBIOS

a) LODOS ATIVADOS:
O processo de lodos ativados é definido como um processo no qual uma cultura
heterogênea de microrganismos, em contato com efluente e na presença de
oxigênio, tem a capacidade de estabilizar e remover a matéria orgânica
biodegradável.

No sistema de lodos ativados, o chorume passa por um tratamento


preliminar que, em geral, consiste em um gradeamento grosseiro, sendo
posteriormente encaminhado a um decantador primário, onde há a
retenção dos sólidos sedimentáveis primários. Em seguida, é
encaminhado a um tanque de aeração, onde aeradores, normalmente
superficiais, injetam ar na massa líquida, permitindo que as bactérias
aeróbias realizem a estabilização da matéria orgânica, gerando um lodo
secundário que permanece em suspensão. O efluente do tanque de
aeração vai para um decantador secundário, onde o lodo gerado
anteriormente é precipitado. Parte desse lodo retorna ao tanque de
aeração, enquanto o restante do lodo depositado se junta ao lodo do
decantador primário, indo ter a um leito de secagem. O lodo seco é
encaminhado de volta ao aterro. Após o decantador secundário, a fração
líquida segue para uma lagoa de polimento, similar à do processo de
lagoas aeróbias, de onde é lançado no corpo receptor.(MONTEIRO,
2001. p.178).

b) LAGOAS AERÓBIAS:
Esse processo é recomendado quando existem grandes áreas disponíveis.
Possui baixo custo de instalação e manutenção, além de fácil operação.
“Atinge alta eficiência de remoção da DBO, podendo chegar a 50%” (FERREIRA,
2001.p.2).
Segundo FERREIRA (2001), dependendo da potência de aeração, com o tempo
os sólidos se depositarão no fundo da lagoa reduzindo sua eficiência.
“Bons resultados de biodegradação são obtidos principalmente para chorume
novos. Desde que haja área disponível e vento a aeração de lagoas pode ser obtida
naturalmente sem a utilização de mecanismos artificiais (aeradores mecânicos,
difusores)” (FERREIRA, 2001.p.2).
c) LAGOAS FACULTATIVAS:
Como mostra SPERLING (1996) o processo de lagoas facultativas é considerado
o mais simples dentre os sistemas de lagoas de estabilização, pois depende
unicamente de fenômenos naturais, o afluente entra em uma extremidade da lagoa e
sai na oposta.
Nesse percurso ocorrem eventos que contribuem para a atenuação do efluente.
A matéria orgânica em suspensão de pequenas dimensões não sedimentam, logo
sua decomposição se dá através de bactérias facultativas, que tem a capacidade de
sobreviver tanto na ausência ou na presença de oxigênio.
PROCESSOS BIOLÓGICOS ANAERÓBIOS
Nas lagoas anaeróbias a degradação da matéria orgânica ocorre na ausência de
oxigênio.
Podem ocupar áreas menores que as lagoas aeróbias ou facultativas. Operam
sem muitos cuidados operacionais.

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Conforme FUZARO (1994), a eficiência das lagoas anaeróbias é praticamente


nula. Essas lagoas funcionam como decantadores de sólidos e como o chorume
apresenta valor reduzido de sólidos sedimentáveis, essa decantação não ocorre,
conseqüentemente, não havendo uma atenuação significativa. Contudo, essas
lagoas não devem ser dispensadas podendo, atuar como tanque equalizador, pois o
chorume gerado nos aterros apresentam variações de vazão, composição química,
pH e temperatura ao longo do tempo. Essa equalização é necessária porque no
processo biológico são utilizados microrganismos que necessitam de aclimatação.
PROCESSOS DE SEPARAÇÃO COM MEMBRANAS
É uma extensão dos processos de filtração clássica, que utilizam meios filtrantes
com poros cada vez menores.
Empregam-se membranas com diferentes tamanhos e distribuição de poros, para
separar solutos em função da natureza, tipo e presença ou não de sólidos em
suspensão.
Esses processos são conhecidos como microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração
e osmose inversa.
PROCESSOS OXIDATIVOS
Processo em que aumenta-se o estado de oxidação de uma substância através
da remoção de seus elétrons.
“Os processos oxidativos podem ser considerados como tecnologias limpas, isto
porque na oxidação química não há formação de sub-produtos sólidos (lodo),
também não há a transferência de fase dos poluentes (como a adsorção em carvão
ativo) e os produtos finais da reação são CO2 e H2O” (FERREIRA, 2001.p.3).
Um exemplo de processo oxidativos é a ozonização.
Conforme HUANG apud FERREIRA (2001) a ozonização é eficiente na remoção
da cor do chorume, além de aumentar a sua biodegradabilidade (DBO/DQO), mas
não é tão eficiente na remoção da amônia. Como a principal desvantagem, pode-se
considerar o seu alto custo.
PROCESSO ELETROQUÍMICO: ELETROCOAGULAÇÃO
De acordo com FERREIRA (2001) a eletrocoagulação é eficiente para remoção
de matéria orgânica, removendo moléculas pequenas e grandes.
Pode ser utilizado para tratar chorume de aterros antigos, sendo que neste caso
o tratamento biológico torna-se ineficiente.
WETLANDS
O termo wetland é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que
ficam parcial ou totalmente inundados durante o ano. Como exemplos de wetlands
naturais podem-se citar várzeas de rios, banhados, pântanos, manguezais.
Como nos mostra FERREIRA (2001) os wetlands construídos são ecossistemas
artificiais com tecnologias diferentes, que utilizam os princípios dos wetlands
naturais em relação a modificação da qualidade das águas. As raízes das plantas
absorvem as partículas e os nutrientes e metais contidos na água são absorvidos
pelas plantas.
FILTROS BIOLÓGICOS
Processo que consiste na utilização de um leito artificial de material grosseiro, tal
como pedra britada, escórias de ferro, ardósia, tubos, placas finas ou materiais
plásticos, sobre os quais às águas residuárias são distribuídas, constituindo filmes,
dando oportunidade para a formação de limos que floculam e oxidam a água
residuária.
A seguir, estão resumidas algumas técnicas de tratamento do chorume, dos
aterros sanitários de alguns municípios.

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• Aterro: Muribeca
Lugar: Recife e Jaboatão dos Guararapes (PE)
Referência: www.recife.pe.gov.br
Tipos de Tratamento: Uma lagoa de recirculação das células (70% do chorume),
uma de decantação anaeróbia, três lagoas facultativas para o processo aeróbio e
duas lagoas de fitoremediação.
Destino: Rio Muribequinha (Jaboatão).

• Aterro: Chapecó
Lugar: Chapecó (SC)
Referência: www.chapeco.sc.gov.br
Tipos de Tratamento: Matéria orgânica é estabilizada principalmente pela ação de
bactérias (lagoas anaeróbias e lagoa aeróbia). Na remoção de matéria orgânica não
biodegradável de sais minerais dissolvidos sistemas de zonas de raízes.

• Aterro: Campinas
Lugar: Campinas (SP)
Referência: www.funcamp.unicamp.br
Tipos de Tratamento: O chorume bruto passa por uma lagoa anaeróbia, percorre
em seguida duas lagoas aeróbias, um decantador e um leito de secagem.
Destino: Córrego Piçarrão

• Aterro: Caximba
Lugar: Curitiba (PR)
Referência: www.curitiba.pr.gov.br
Tipos de Tratamento: Cerca de 30% de chorume é recirculado e o restante é
encaminhado para as lagoas que além do processo biológico contam com
tratamento químico e físico.

• Aterro: Metropolitano de Gramacho


Lugar: Duque de Caxias (RJ)
Referência: GIORDANO, 2002
Tipos de Tratamento: Etapa preliminar: (lagoa de estabilização, peneira e tanque
de homogeneização aerado); Etapa primária: (coagulação química com adição de
cal, tanque clarificador primário e correção de pH); Etapa secundária: lodos
ativados; Etapa terciária: membrana de nanofiltração.
Destino: Baía de Guanabara

• Aterro: Extrema
Lugar: Porto Alegre (RS)
Referência: www.portoalegre.rs.gov.br
Tipos de Tratamento: Após o chorume passar por um leito de brita (filtro biológico),
é captado em um tanque de equalização.
Destino: Estação de Tratamento de Esgoto

• Aterro: Santa Tecla


Lugar: Gravataí (RS)
Referência: Visita técnica
Tipos de Tratamento: O chorume é coletado em lagoas, uma parte é aspergida no
próprio aterro e outra destinada a uma ETE.

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Destino: Estação de Tratamento de Esgoto.

Em alguns casos, como apresentado, o chorume é tratado como esgoto


doméstico.
As características químicas típicas de esgoto doméstico encontram-se
apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3: Características químicas típicas de esgotos domésticos brutos.
Parâmetros Faixa de
concentração
pH 6,7 – 7,5
Alcalinidade (mg CaCO3/L) 110 - 170
DBO5 (mg/ L) 250 - 450
DQO (mg/ L) 450 - 800
Sólidos Suspensos (mg/ L) 200 - 450
Nitrogênio amoniacal (mg/ L) 20 - 40
Nitrato (mg/ L) 0-2
Nitrito (mg/ L) ≈0
Cloretos (mg/ L) 20 - 50
Fósforo total (mg/ L) 5 - 25
Fonte: ARCEIVALA, PESSOA e JORDÃO, QASIM, METCALF & EDDY, apud
SPERLING (1996, p.79)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação às técnicas de tratamento de chorume descritas, o tratamento
biológico é o mais utilizado, mas este é eficiente somente para tratar a matéria
orgânica biodegradável, logo este efluente dificilmente se enquadrará à legislação
ambiental.
Comparando-se as tabelas 2 e 3, constatou-se que há diferenças significativas
entre a composição química do chorume e do esgoto doméstico. Através dessa
comparação conclui-se que não é válido tratar chorume utilizando o mesmo
processo de tratamento de esgotos domésticos.
No Aterro Metropolitano de Gramacho, verificou-se uma combinação de técnicas
de tratamento, similar a um processo utilizado em efluente industrial, tratando tanto a
matéria orgânica biodegradável como a não biodegradável.
Entretanto, qualquer que seja a alternativa escolhida, o efluente deve atender
aos padrões de lançamento impostos pelo órgão de controle ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMGARTEN, Maria da Graça Zepka; POZZA, Simone Andréa. Qualidade de


águas: descrição de parâmetros químicos referidos na legislação ambiental. 1. ed.
Rio Grande: Furg, 2001.

EPA – AGENCIA DE PROTECCIÓN AMBIENTAL DE LOS ESTADOS UNIDOS.


Guía para rellenos sanitarios en países en desarrollo. Hercules: CalRecovery,
1997.

FERREIRA, João Alberto; GIORDANO, Gandhi; RITTER, Elisabeth et al. Uma


revisão das técnicas de tratamento de chorume e a realidade do estado do Rio de

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Janeiro. In: 21º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E


AMBIENTAL. Anais. João Pessoa, 2001. p.1-10.
FUZARO, João Antônio. Resíduos Sólidos Domésticos: Tratamento e disposição
final. (Vol II). São Paulo, Setembro de 1994. Companhia de tecnologia de
Saneamento Ambiental – Curso de Capacitação.

GIORDANO, Gandhi; FERREIRA, João Alberto; PIRES, José Carlos de Araújo et al.
Tratamento de chorume do aterro metropolitano de Gramacho – Rio de Janeiro –
Brasil. In: XXVIII CONGRESSO INTERAMERICANO DE INGENIERIA SANITARIA Y
AMBIENTAL. Anais. Cancún, 2002. p.1-8.

JARDIM, Nilza Silva et al. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São
Paulo: IPT/CEMPRE, 1995.

MONTEIRO, José Enrique Penido et al. Manual de Gerenciamento Integrado de


Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.

SEGATO, Luciana Maturana; SILVA, Celso Luiz. Caracterização do chorume do


aterro sanitário de Bauru. In: XXVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Anais. Porto Alegre, 2000. p.1-9.

SPERLING, Marcos Von. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de


esgotos. 2ed. Belo Horizonte: UFMG, 1996.

www.recife.pe.gov.br

www.chapeco.sc.gov.br

www.funcamp.unicamp.br

www.curitiba.pr.gov.br

www.portoalegre.rs.gov.br

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ABSTRACT
With the objective to minimize the impact in the environment that embankment can
produce, is essential to treat the black liqueur so that this takes care of to the
standards required in the ambient legislation for release of effluent in the aquatic
environment. This work presents of form summarized the description of techniques to
treat the black liqueur generated in sanitary embankment. Moreover, a comparative
summary of used processes of treatment in embankment of some cities is shown.

Key-words: treatment of black liqueur; black liqueur; sanitary embankment

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