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PRÓXIMA
Realização:
RESUMO
Com o objetivo de minimizar o impacto no meio ambiente que um aterro pode
produzir, é essencial tratar o chorume para que este atenda aos padrões requeridos
na legislação ambiental para lançamento de efluentes no ambiente aquático. Este
trabalho apresenta de forma sucinta a descrição de técnicas para tratar o chorume
gerado em aterros sanitários. Além disso, é mostrado um resumo comparativo de
processos de tratamento utilizados em aterros de alguns municípios.
INTRODUÇÃO
(2) Engenheira Química pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande; Pesquisadora
Associada do Núcleo de Estudos de Resíduos Sólidos de Rio Grande.
(3) Engenheira Química pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande; Pesquisadora
Associada do Núcleo de Estudos de Resíduos Sólidos de Rio Grande.
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1. ORIGEM DO CHORUME
Nos aterros, os resíduos se decompõem dando origem a um líquido mal
cheiroso, de coloração negra denominado lixiviado ou chorume. Estes contêm alta
carga poluidora, o que pode ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. O
potencial de impacto deste efluente está relacionado com a alta concentração de
matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade e presença de metais pesados.
O lixiviado ou chorume pode ser definido como a fase líquida da massa
aterrada que percola através desta, removendo materiais dissolvidos ou suspensos.
Nos aterros sanitários, o chorume é composto pelo líquido que entra na massa
aterrada de lixo advindo de fontes externas, tais como sistemas de drenagem
superficial, chuva, lençóis freáticos, nascentes e aqueles resultantes da
decomposição do lixo.
“A umidade tem grande influência na formação do chorume já que um alto
teor de umidade favorece a decomposição anaeróbia. A produção de chorume
depende das condições peculiares de cada caso, principalmente da topografia,
geologia, regime e intensidade das chuvas” (SEGATO, 2000. p. 2).
Como mostra SEGATO (2000) o volume de chorume produzido depende de
alguns fatores, como: precipitação na área do aterro, escoamento superficial e/ou
infiltração subterrânea, umidade natural do lixo, grau de compactação, capacidade
do solo em reter umidade, entre outros.
2. CARACTERIZAÇÃO DO CHORUME
As cargas contaminantes do lixiviado se compõem de muitas substâncias
diferentes, entre as quais pode se destacar: substâncias orgânicas, nitrogênio, em
forma de nitrogênio amoniacal, nitratos, nitritos e amônia; halogênios inorgânicos,
carbonatos, cloretos, sulfatos, íons sódio, potássio, cálcio; metais como ferro, zinco,
manganês, níquel, cobre etc.
A tabela 1 mostra alguns íons encontrados no chorume e suas possíveis origens.
Tabela 1: Origens dos íons encontrados no chorume
Íons Origem
Material orgânico, entulhos de
Na+, K+, Ca2+, Mg2+
construção, cascas de ovos.
PO4-3, NO3-, CO3-2 Material orgânico.
Material eletrônico, latas, tampas de
Cu+2, Fe+2, Sn+2
garrafas.
Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas
Hg+2, Mn+2
fluorescentes.
Baterias recarregáveis (celular,
.Ni+2, Cd+2, Pb+2
telefone sem fio, automóveis).
Latas descartáveis, utensílios
Al+3 domésticos, cosméticos, embalagens
laminadas em geral.
Tubos de PVC, negativos de filmes de
Cl-, Br-, Ag+
raio-x.
Embalagens de tintas, vernizes,
As+3, Sb+3, Cr+3
solventes orgânicos.
Fonte: SEGATO (2000, p.4)
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4. DRENAGEM DO CHORUME
A coleta do chorume será feita por drenos implantados sobre a camada de
impermeabilização inferior e projetados em forma de espinha de peixe, com drenos
secundários conduzindo o chorume coletado para um dreno principal que irá levá-lo
até um poço de reunião, de onde será bombeado para a estação de tratamento.
“O leito destes drenos (drenos cegos) será em brita ou rachão, seguida de areia
grossa e de areia média, a fim de evitar a colmatação do dreno pelos sólidos em
suspensão presentes em grande quantidade de chorume. Eventualmente, pode-se
substituir as camadas de areia por bidim ou geotêxtil similar” (MONTEIRO,
2001.p.168).
5. TRATAMENTO DO CHORUME
Devido às características do chorume, este deve ser tratado antes de ser lançado
no meio ambiente, evitando-se assim maiores riscos de contaminação do solo, das
águas subterrâneas e superficiais.
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a) LODOS ATIVADOS:
O processo de lodos ativados é definido como um processo no qual uma cultura
heterogênea de microrganismos, em contato com efluente e na presença de
oxigênio, tem a capacidade de estabilizar e remover a matéria orgânica
biodegradável.
b) LAGOAS AERÓBIAS:
Esse processo é recomendado quando existem grandes áreas disponíveis.
Possui baixo custo de instalação e manutenção, além de fácil operação.
“Atinge alta eficiência de remoção da DBO, podendo chegar a 50%” (FERREIRA,
2001.p.2).
Segundo FERREIRA (2001), dependendo da potência de aeração, com o tempo
os sólidos se depositarão no fundo da lagoa reduzindo sua eficiência.
“Bons resultados de biodegradação são obtidos principalmente para chorume
novos. Desde que haja área disponível e vento a aeração de lagoas pode ser obtida
naturalmente sem a utilização de mecanismos artificiais (aeradores mecânicos,
difusores)” (FERREIRA, 2001.p.2).
c) LAGOAS FACULTATIVAS:
Como mostra SPERLING (1996) o processo de lagoas facultativas é considerado
o mais simples dentre os sistemas de lagoas de estabilização, pois depende
unicamente de fenômenos naturais, o afluente entra em uma extremidade da lagoa e
sai na oposta.
Nesse percurso ocorrem eventos que contribuem para a atenuação do efluente.
A matéria orgânica em suspensão de pequenas dimensões não sedimentam, logo
sua decomposição se dá através de bactérias facultativas, que tem a capacidade de
sobreviver tanto na ausência ou na presença de oxigênio.
PROCESSOS BIOLÓGICOS ANAERÓBIOS
Nas lagoas anaeróbias a degradação da matéria orgânica ocorre na ausência de
oxigênio.
Podem ocupar áreas menores que as lagoas aeróbias ou facultativas. Operam
sem muitos cuidados operacionais.
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• Aterro: Muribeca
Lugar: Recife e Jaboatão dos Guararapes (PE)
Referência: www.recife.pe.gov.br
Tipos de Tratamento: Uma lagoa de recirculação das células (70% do chorume),
uma de decantação anaeróbia, três lagoas facultativas para o processo aeróbio e
duas lagoas de fitoremediação.
Destino: Rio Muribequinha (Jaboatão).
• Aterro: Chapecó
Lugar: Chapecó (SC)
Referência: www.chapeco.sc.gov.br
Tipos de Tratamento: Matéria orgânica é estabilizada principalmente pela ação de
bactérias (lagoas anaeróbias e lagoa aeróbia). Na remoção de matéria orgânica não
biodegradável de sais minerais dissolvidos sistemas de zonas de raízes.
• Aterro: Campinas
Lugar: Campinas (SP)
Referência: www.funcamp.unicamp.br
Tipos de Tratamento: O chorume bruto passa por uma lagoa anaeróbia, percorre
em seguida duas lagoas aeróbias, um decantador e um leito de secagem.
Destino: Córrego Piçarrão
• Aterro: Caximba
Lugar: Curitiba (PR)
Referência: www.curitiba.pr.gov.br
Tipos de Tratamento: Cerca de 30% de chorume é recirculado e o restante é
encaminhado para as lagoas que além do processo biológico contam com
tratamento químico e físico.
• Aterro: Extrema
Lugar: Porto Alegre (RS)
Referência: www.portoalegre.rs.gov.br
Tipos de Tratamento: Após o chorume passar por um leito de brita (filtro biológico),
é captado em um tanque de equalização.
Destino: Estação de Tratamento de Esgoto
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação às técnicas de tratamento de chorume descritas, o tratamento
biológico é o mais utilizado, mas este é eficiente somente para tratar a matéria
orgânica biodegradável, logo este efluente dificilmente se enquadrará à legislação
ambiental.
Comparando-se as tabelas 2 e 3, constatou-se que há diferenças significativas
entre a composição química do chorume e do esgoto doméstico. Através dessa
comparação conclui-se que não é válido tratar chorume utilizando o mesmo
processo de tratamento de esgotos domésticos.
No Aterro Metropolitano de Gramacho, verificou-se uma combinação de técnicas
de tratamento, similar a um processo utilizado em efluente industrial, tratando tanto a
matéria orgânica biodegradável como a não biodegradável.
Entretanto, qualquer que seja a alternativa escolhida, o efluente deve atender
aos padrões de lançamento impostos pelo órgão de controle ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIORDANO, Gandhi; FERREIRA, João Alberto; PIRES, José Carlos de Araújo et al.
Tratamento de chorume do aterro metropolitano de Gramacho – Rio de Janeiro –
Brasil. In: XXVIII CONGRESSO INTERAMERICANO DE INGENIERIA SANITARIA Y
AMBIENTAL. Anais. Cancún, 2002. p.1-8.
JARDIM, Nilza Silva et al. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São
Paulo: IPT/CEMPRE, 1995.
www.recife.pe.gov.br
www.chapeco.sc.gov.br
www.funcamp.unicamp.br
www.curitiba.pr.gov.br
www.portoalegre.rs.gov.br
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