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Niterói
2005
2
Aprovada em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof.
_______________________________________________
Prof.
_______________________________________________
Prof.
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Dedico este trabalho as três mulheres da minha vida, Luciene, esposa, companheira e amada e as
minhas queridas e adoráveis filhas Gabriela e Larissa
5
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Leite, Trajano, Carlos Roberto, Ademir, Valdir, Lívia, Andréa e aos demais
colegas da Divisão de Fiscalização e Verificação da conformidade pela paciência,
colaboração e incentivo.
Ao meu orientador Professor Doutor Fernando Ferraz pela confiança depositada no meu
trabalho, sugestões e orientações.
Aos colegas da Rede Nacional de Metrologia Legal e Qualidade Industrial - Inmetro pela
atenção e disposição em colaborar.
“A camiseta é um dos principais instrumentos de integração nacional. Usada por todas as classes
sociais, independente de sexo, idade ou raça”
Vitalina Alves de Lima
historiadora
7
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Símbolos de cuidados de conservação de produtos têxteis 38
Tabela 02 Camisetas - Medida referencial do corpo humano: tórax –
masculino 39
Tabela 03 Camisetas - Medida referencial do corpo humano: tórax –
feminino 39
Tabela 04 Camisetas - Medida referencial do corpo humano: tórax –
infantil 39
Tabela 05 Detalhamento do questionário utilizado nas Secretarias de
Educação 44
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO ......................................................................................... 17
1.1 Introdução ................................................................................................. 17
1.2 Descrição do problema ............................................................................. 18
1.3 Objetivos da Pesquisa ............................................................................. 18
1.4 Roteiro do trabalho .................................................................................. 18
II REVISÃO DA LITERATURA ............................................. 20
2.1 Indústria Têxtil .......................................................................................... 20
2.1.1 Histórico ............................................................................................... 20
2.1.2 Panorama do Setor têxtil ....................................................................... 21
2.2 Camiseta .................................................................................................. 22
2.2.1 Histórico ............................................................................................... 22
2.3 Normalização ........................................................................................... 23
2.3.1 Conceitos ............................................................................................. 23
2.3.2 ABNT ................................................................................................... 24
2.3.3 Especificações 24
2.3.4 Experiências bem sucedidas no campo da Normalização de 25
Roupas profissionais .......................................................................................
2.3.4.1 Forças Armadas .................................................................................. 25
2.3.4.2 Companhia Municipal de Limpeza Urbana – Comlurb .................... 26
2.4 Fibras Têxteis ........................................................................................... 26
2.4.1. Principais fibras têxteis utilizadas na fabricação de tecidos para 26
camisetas escolares .........................................................................................
2.4.1.1 Algodão ............................................................................................ 26
2.4.1.2 Viscose ............................................................................................... 28
2.4.1.3 Poliéster ............................................................................................. 28
2.4.1.4 Poliamida ............................................................................................ 28
2.4.2 Propriedades das Fibras Têxteis ........................................................... 29
2.4.2.1 Comprimento ...................................................................................... 29
2.4.2.2 Tipo .................................................................................................... 30
2.4.2.3 Finura .................................................................................................. 30
2.4.2.4 Maturidade .......................................................................................... 30
2.4.2.5 Resistência .......................................................................................... 30
2.4.2.6 Absorção de umidade ......................................................................... 31
2.4.2.7 Resiliência ........................................................................................... 31
2.5 Tecidos de malha .................................................................................... 32
2.5.1 Propriedades físico-químicas ................................................................ 32
2.5.1.1 Composição ........................................................................................ 32
2.5.1.2 Tipo de fio ......................................................................................... 32
2.5.1.3 Estrutura ............................................................................................ 32
2.5.1.4 Título do fio ........................................................................................ 32
2.5.1.5 Gramatura .......................................................................................... 33
2.5.1.6 Tendência à formação de pilling ........................................................ 33
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
A idéia deste trabalho surgiu há alguns anos no exercício das atividades técnicas junto a
Divisão de Fiscalização e Verificação da Conformidade - Divec do Instituto Nacional de
Metrologia e Qualidade Industrial – Inmetro (antiga Divisão Têxtil), através do qual eram
recebidas consultas sobre problemas de qualidade de uniformes escolares, problemas de todas as
espécies, em linguagem popular definidos como: “o produto encolhe, torce, deforma, mancha,
esgarça, puxa fio, dá bolinha, rasga, é transparente, perde a cor, a cor é diferente, amarrota,
compramos uma coisa e recebemos outra” , etc... E mais algumas dezenas de relatos de
insatisfação de consumidores (Responsáveis pela aquisição de uniformes das Secretarias de
Educação, diretores de escola, pais) com os produtos adquiridos. Na maioria das vezes a
orientação consistia em encaminhar para um laboratório de ensaio para que pudesse ser feita uma
análise no produto.
A camiseta escolar, na maioria dos casos, único item fornecido aos alunos da Rede
Pública de Ensino, é um produto têxtil que possui características que podem apresentar falhas,
caso não sejam fabricadas com critérios de atendimento a requisitos de qualidade previamente
estabelecidos.
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo é realizada uma revisão histórica e uma apresentação dos conceitos
teóricos que tenham relação com o problema, tema desta dissertação.
A camiseta, objeto deste estudo, é um artigo confeccionado que está inserido no segmento
têxtil e de confecção. Nas páginas que se seguem, são apresentados os aspectos que forneceram
embasamento à pesquisa em termos históricos, teóricos e mercadológicos.
2.1.1 Histórico
A indústria têxtil é considerada uma das mais antigas do mundo. Os homens nos seus
primórdios construíram seus abrigos com varas de madeira entrelaçadas com vime. Preparavam
suas camas entrelaçando o vime. Mais tarde, passaram a usar fibras mais macias como o algodão,
o linho, a lã e outros pêlos de animais. É do ano 3.000 a.C o mais antigo registro do uso de
tecido, no antigo império Egípcio. Os fios e tecidos eram obtidos através de processo manual. Até
o século XVIII, a Indústria têxtil manteve esta característica artesanal, com fuso manual, torno de
21
fiar de mão, torno de fiar de pedal e torno de fiar de Leonardo da Vinci. A partir de 1700, houve
grandes desenvolvimentos em equipamentos mecânicos, que culminaram com a invenção do
filatório de anéis por John Thorp. (RIBEIRO, 1984)
O tricô surgiu entre os árabes e as tribos nômades que divulgaram a técnica do Tibet à
Península Ibérica. A técnica utilizava agulhas de ponta virada e a lã dos rebanhos. No século XVI
começaram a ser produzidas malhas de seda. As agulhas passaram a ser retas e de ponta mais ou
menos afinada. Em 1589, William Lee inventou uma máquina para fabricar meias. A revolução
industrial iniciada no século XVIII influiu decididamente no desenvolvimento da indústria de
malharia. A Alemanha destacou-se na produção das máquinas (ANDRADE FILHO ET AL.
1987).
Em 2004, a cadeia produtiva têxtil teve um faturamento de US$ 25,1 bilhões, 5% acima
das vendas de 2003. Este desempenho coloca o Brasil em 5° lugar no ranking dos países
produtores, com uma produção de 7,2 bilhões de peças de vestuário por ano. O Brasil também é o
5° em produção de confecção, o 3° em malha e o 2º em índigo. Apesar desses indicadores, o
Brasil só exporta 8% da sua produção, enquanto 92% são destinados ao mercado interno. As
vendas internas movimentaram US$ 23 bilhões, em 2004, contra US$ 2,1 bilhões exportados.
Para 2005, segundo a ABIT, o setor têxtil, incluindo vestuário, deve exportar US$ 2,2 bilhões .
Um estudo da ABIT revela que as exportações têxteis cresceram mais de 69%, entre 2001 e 2004,
passando de US$ 1 bilhão para US$ 1,740 bilhão. No mesmo período, as exportações tiveram um
incremento de 24%, passando de US$ 274 milhões, em 2001, para US$ 340 milhões, em 2004
(Jornal da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2005).
2.2 Camiseta
2.2.1 Histórico
a camisa dos efeitos da transpiração ou proteger do frio. No Brasil, em 1880 foi aberta a primeira
empresa no gênero, os irmãos Hermann e Bruno Hering fundaram a Companhia Hering em
Blumenau. A família proveniente de Chemnitz, na Saxônia, Alemanha, já possuía uma sólida
tradição no ramo e se fixaram na produção de meias e de camisas-de-meia voltadas para atender
os imigrantes.
Em 1913 a camiseta começou a fazer parte dos desenhos em quadrinhos, DEMASI, 1988,
cita em seu artigo o Personagem Pafúncio que era um humilde pedreiro que de repente recebeu
um prêmio nas corridas de cavalo e ficou rico, porém nunca abandonou os hábitos de sua vida
anterior, ele aproveitava as folgas para tirar o terno, arriar os suspensórios e exibir uma
surradíssima camiseta de baixo. Outro personagem a eternizar a camiseta foi o marinheiro
Popeye que desde 1929 come o seu espinafre e desfila com a sua camiseta listrada.
Frank Capra (apud Augusto,1988) cineasta de Hollywood, em seu livro “The name above
the title” relata fatos curiosos, em seu filme “Aconteceu naquela noite” de 1934, o ator principal
Clark Gable em uma cena romântica, tirava o paletó, depois a gravata, em seguida a camisa e por
fim, a surpresa, estava sem a famosa camisa de baixo. Os estúdios da Columbia receberam
inúmeras cartas de fabricantes e vendedores de roupa que protestavam contra a vertiginosa queda
na venda de camisas-de-meia. Em 1951, o cinema se redimiu com os fabricantes de malha,
Marlon Brando no filme “Uma rua chamada pecado” ao vestir uma t-shirt (assim chamada por ter
a sua modelagem na forma da vigéssima letra do alfabeto) mostrou seu tórax e braços em uma
justíssima camiseta. Depois dele James Dean e muitos outros que marcaram época.
Para MUGGIATI, 1988, a camiseta nos anos 60 passou a caracterizar a rebeldia de uma
geração. Os jovens ativistas do movimento anti-nuclear, principalmente na Inglaterra, escreviam
palavras de ordem em suas camisetas “Ban the bomb” e nos Estados Unidos “Make love not war”
em protesto contra a guerra do Vietnã. E as camisetas continuam até hoje como aliadas de
movimentos ecológicos, raciais e políticos.
proporcionar aos alunos maior conforto e facilitar o acesso para as camadas menos favorecidas da
população.
2.3 Normalização
2.3.1 Conceitos
2.3.2 ABNT
2.3.3 Especificações
As experiências relatadas abaixo são frutos de entrevistas com profissionais que militam no
campo da normalização, tendo em vista não existir bibliografia disponível sobre o assunto.
25
outros fabricantes puderam participar da licitação e o processo foi expandido para os demais
produtos adquiridos pela Companhia. Hoje, a Comlurb é modelo perante os demais órgãos
municipais no recebimento e controle de materiais, o processo ganhou qualidade, eficiência e
transparência (Departamento de Materiais - Comlurb, 2005).
Este trabalho gerou uma Norma Brasileira a NBR 13917 – Material Têxtil - Tecido plano
de 100% algodão para roupas profissionais e uniformes.
2.4.1 Principais fibras têxteis utilizadas na fabricação de tecidos para camisetas escolares
As fibras têxteis são unidades de matéria caracterizadas pela flexibilidade, finura e por
uma alta razão de comprimento e espessura (MORTON & HEARLE, 1997, p.3). Para a
confecção de camisetas escolares, são utilizadas, principalmente, fibras de algodão, de viscose, de
poliéster, de poliamida e suas misturas. Fibras de elastano são utilizadas eventualmente no
debrum ou gola. Para efeito deste estudo serão apresentadas apenas as principais características
das fibras relacionadas acima.
2.4.1.1 Algodão
O algodão é uma fibra celulósica natural, sua origem é desconhecida. Existem indícios
que o algodão teve sua origem no Egito no ano 12.000 a.C. e foi conhecido na Índia no ano 3.000
a.C. porém, a fibra de algodão, não era um produto exclusivo do velho mundo, hoje os cientistas,
têm obtido dados que indicam que os indígenas da América do Norte e do Sul, bem como os da
Ásia e da África, já usavam as fibras de algodão para a confecção de fios e tecidos.(AGUIAR
NETO, 1996)
A palavra “algodão” deriva do arábico “qoton” ou “gutum”, o que significa uma planta
encontrada numa terra conquistada. O algodão é classificado na ordem das Malváceas, sob o
nome de “Gossypium”. DE ROYLE (apud AGUIAR NETO, 1996) subdividiu a variedade em
quatro espécies primárias: (1) Gossypium inducum – de flor amarela, fibra curta e pode ser
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encontrada no Egito, Ásia Menor, Índia, China e Arábia. (2) Gossypium Arboreum – flor
avermelhada e as sementes são envolvidas por flores amareladas, naturais do Egito, Índia
Ocidental e América do Sul. (3) Gossypium hirsutum - espécie importante, abrange os algodões
de fibra média, origem nos Estados Unidos da América. (4) Gossypium barbadense é uma
espécie nobre, fibra longa, a eles pertencem os algodões peruanos, egípcios, alguns do Brasil, da
América Central e das Indias ocidentais.
2.4.1.2 Viscose
boa resistência aos solventes usados para a lavagem à seco. Não é boa isolante térmica, devido ao
elevado grau de absorção de umidade, de baixa resiliência, possui baixa resistência à úmido e
baixa resistência aos ácidos e álcalis concentrados. A fibra apresenta uma seção transversal
irregular, esta irregularidade proporciona a reflexão da luz e tornam a fibra extremamente
brilhante. As fibras são frisadas e cortadas em comprimentos entre 32 e 38 mm. A frisagem e o
corte neste comprimento permitem que as fibras sejam processadas nas máquinas de fiação de
algodão (AGUIAR NETO, 1996).
2.4.1.3 Poliéster
2.4.1.4 Poliamida
A poliamida, segundo Aguiar Neto,1996, é conhecida por "Nylon" nos Estados Unidos e
por "Perlon" na Alemanha. É uma fibra manufaturada em que a substância formadora da fibra é
uma poliamida sintética de cadeia longa, em que menos do que 85% das ligações de amida se
acham diretamente ligadas a dois anéis aromáticos. A fibra tem um formato de vareta, dotada de
superfície macia.
Ela é uma fibra de peso leve, com excelente resistência geral e resistência à abrasão, só
ficando 10% mais fraca quando molhada. Possui muito boa elasticidade (habilidade de aumentar
o comprimento ao ser aplicada uma determinada tensão e de, em seguida, retornar ao
comprimento original quando essa tensão cessa) e boa resiliência (habilidade que um material
29
tem de assumir novamente a sua forma original depois de vincado, torcido ou distorcido). A fibra
tem bom caimento. Pode ser lavada ou limpa a seco (ARAÚJO E CASTRO, 1984)
Têm como pontos desfavoráveis ser uma fibra hidrófoba (são aquelas que têm dificuldade
de absorver água ou que só são capazes de absorver uma pequena quantidade dela). A
eletricidade estática e o pilling são os seus problemas. Possui resistência deficiente à prolongada
e contínua exposição aos raios solares, o que torna esta fibra não satisfatória para o uso em
estofados, cortinas e móveis que fiquem expostos ao ar livre. (ARAÚJO E CASTRO, 1984)
2.4.2 Propriedades das Fibras Têxteis (AGUIAR NETO 1996, GONZAGA 1984)
2.4.2.1 Comprimento
2.4.2.2 Tipo
2.4.2.3 Finura
É uma medida que tem relação com o diâmetro da fibra. Fibras muito finas, normalmente,
são mais longas e necessitam de um menor número de fibras na seção transversal do fio e,
também, de um menor número de torções ao serem fiadas, o que proporciona maior rendimento
na produção dos fios.
2.4.2.4 Maturidade
2.4.2.5 Resistência
A resistência da fibra é a capacidade que a fibra tem de suportar uma carga até romper-se.
O algodão quando úmido apresenta aumento de resistência. A viscose apresenta redução de
resistência à úmido e o poliéster e a poliamida não sofrem alterações significativas com
alterações de umidade.
Uma das mais importantes propriedades de uma fibra têxtil estão estritamente
relacionadas ao seu comportamento em várias condições de umidade. Muitas fibras são
higroscópicas, isto é, elas são capazes de fazer trocas com o ambiente na qual elas estão expostas,
de absorver vapor de água em uma atmosfera úmida e de perder água em uma atmosfera mais
seca.
31
Algumas propriedades físicas das fibras são afetadas pela quantidade de água absorvida,
as dimensões, a resistência, a recuperação elástica, a resistência elétrica, rigidez e outras. Devido
a isto, os ensaios físicos, realizados em materiais têxteis, devem ser conduzidos em atmosfera
padrão para ensaios que é de (65 ± 2)% de umidade relativa e (20 ± 2)° Centígrados de
temperatura de acordo com a Norma NBR 8428 – Condicionamento de materiais têxteis para
ensaios .
O regain é a quantidade de água que as fibras absorvem a partir do seu estado seco, em
condições padrões de umidade e temperatura. As fibras de algodão apresentam regain de 8,5%, a
viscose 13%, o poliéster e 0,4% e a poliamida 4% .
2.4.2.7 Resiliência
É a propriedade que têm as fibras de voltarem ao seu estado original tão logo seja retirada
a carga ou a força que as comprimia. O algodão e a viscose não apresentam boa resiliência,
enquanto o poliéster e a poliamida apresentam excelente resiliência.
2.5.1.1 Composição
2.5.1.3 Estrutura
Existem vários tecidos de malha que se diferenciam por sua estrutura, ou seja, a forma de
entrelaçamento ou de arranjo das agulhas nas máquinas de malharia. Dentre as diversas estruturas
encontram-se o jersei plano (também denominadas meia-malha), interlock, rib ou sanfona e
outras. As camisetas tipo "t-shirt" possuem estrutura em jérsei plano (meia-malha). As Normas
NBR 13460 - Tecido de malha por trama - Determinação da estrutura e NBR 13462 - Tecido de
malha por trama - Estruturas fundamentais - Terminologia orientam a determinação e a descrição
desta característica.
O título expressa uma medida de finura ou grossura de um fio. Existem diversos sistemas
para representar esta característica, os mais utilizados para fios de algodão são o Sistema Tex
(Unidade internacional para expressar títulos têxteis) que é definido como a massa de 1000
33
metros de fio e também no Sistema Inglês (Ne – Número inglês) que é definido como o número
necessário de meadas de 840 jardas para pesar 454 gramas. No sistema tex, quanto mais fino o fio
menor o seu título (um fio 30 tex é mais fino do que um fio 40 tex). No caso do sistema inglês é o
inverso, quanto mais fino o fio maior o seu título (um fio 30 Ne é mais grosso do que um 40 Ne).
Um fio não apresenta ao longo de seu comprimento uma perfeita distribuição de massa,
existem irregularidades aleatórias que, quando em excesso, afetam significativamente a aparência
futura do tecido onde ele será inserido, é necessário um controle da qualidade do coeficiente de
variação do título do fio para garantir uma boa apresentação do produto final (GONZAGA, 1984).
2.5.1.5 Gramatura
Os tecidos podem apresentar, após a lavagem, alterações em seu comprimento e/ou sua
largura. Tais alterações são agravadas quando são utilizadas fibras naturais e/ou quando o tecido,
no processo ou no manuseio, é submetido a tensões excessivas ou irregulares.
2.5.1.8 Espiralidade
defeito, geralmente, é acentuado após a lavagem do produto, quando então é percebido. Segundo
SMITH, 1986, "o grau de espiralidade das colunas acha-se intimamente associado com o nível de
torção viva do fio". Ainda segundo o autor, este defeito pode ser amenizado pela alternância de
torção ou pelo condicionamento do fio. Na confecção, deixar o tecido aberto, retirar do rolo ou
peça antes do corte e deixa-lo por um período de 24 horas, também reduz acentuadamente este
defeito. A Norma NBR 12958 – Confecções de tecidos de malha – Determinação de torção,
descreve o método para a sua determinação.
Os tecidos coloridos podem apresentar alterações de cor motivadas por agentes externos,
tais como: luz solar, lavagem, suor, ferro de passar, cloro, água do mar, água de piscina, fricção e
outros. Da mesma forma, em algumas situações, também podem apresentar migração de cor
quando em contato com tecidos mais claros. Estes problemas são ocasionados por falhas no
processo de tingimento e podem produzir sérios problemas de manchas ou desbote, gerando
prejuízos irreparáveis à aparência do tecido.
A solidez da cor pode ser simulada em laboratório. Segue a descrição de algumas dessas
características que será alvo de estudo neste trabalho.
A característica que o tecido possui de alterar ou não a sua cor mediante a exposição a luz
solar. A Norma NBR 12997 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à luz -
iluminação com arco de xenônio, prescreve o método para conduzir a avaliação.
A característica que o tecido possui de alterar ou transferir a sua cor após ser submetido a um
procedimento que simula a ação de cinco lavagens. A Norma NBR 10597 – Materiais têxteis –
36
A característica que o tecido possui de transferir a sua cor após ser friccionado contra um
tecido branco. O método para a realização do ensaio é descrito na Norma NBR 8432 – Materiais
têxteis – Determinação da solidez de cor à fricção.
A característica que o tecido possui de alterar e transferir a sua cor após ser submetido aos
efeitos de soluções que simulam os efeitos de suor, tanto ácido quanto alcalino. O método para a
realização do ensaio é descrito na Norma NBR 8431 – Materiais têxteis – Determinação da
solidez de cor ao suor.
A característica que o tecido possui de alterar e transferir a sua cor após ser submetido ao
calor de um ferro de passar. O método para a realização do ensaio é descrito na NBR 10188 –
Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à ação do ferro de passar à quente.
2.6.1 Etiquetagem
2.6.2 Tamanhos
SÍMBOLOS TERMINOLOGIA
Lavagem
Secagem
Passadoria
Lavagem a seco
Fonte: NBR 8719 – Símbolos de Cuidados para Conservação de Artigos Têxteis - 1994
39
2.7.2 Fiscalização
Atualmente, são dezenas de produtos fiscalizados e a atuação dos fiscais tem feito com
que esses produtos se adeqüem às normas e regulamentos, sendo os índices de irregularidades
cada vez menores, o que é a meta principal do Inmetro. Em 2005 o Inmetro realizou 289,2 mil
ações de fiscalização em todo o País. O trabalho envolveu cerca de 68 milhões de produtos, nos
quais o índice de irregularidade foi de 1,46%, o que resultou em interdições, apreensões ou autos
de infração. Foram visitados 80,44 mil estabelecimentos, 1,012 milhão de interdições e
apreensões e lavraram 22,5 mil autos de infração (Fonte Divec-Inmetro, 2005)
42
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
A pesquisa exploratória (Vergara, 2004) foi utilizada por existir pouco conhecimento
acumulado e sistematizado no campo da normalização de artigos têxteis em geral.
3.3.1.1 Questionário
Para obter as informações necessárias junto as Secretarias de Educação dos Estados e
Municípios, foi utilizado o questionário como ferramenta para a coleta de dados. Segundo
Bowditch (apud LUZ, 2003, p. 55) é a técnica mais largamente utilizada para a coleta de
informações pela sociedade contemporânea. Bowditch (apud LUZ, 2003, p.55) aponta alguns
pontos fracos nos questionários, eles podem induzir respostas e, devido a impessoalidade da
técnica, pode produzir muitas respostas em branco. Porém, como vantagens, o questionário
permite a aplicação em larga escala em diversas regiões do país a um custo relativamente baixo e
permite o anonimato dos respondentes.
3.3.1.3 Amostragem
A solicitação de camisetas para a realização de ensaios físicos e químicos foi feita através
do questionário. Quando o respondente declarava disponibilidade em ceder as amostras,
imediatamente procedia-se um contato o envio das mesmas. A maioria das secretarias não
disponibilizou amostras, uma das alegações consistia em não possuir o produto nesta época do
ano (entre abril a agosto de 2005).
Pelo correio, foram recebidas 6 amostras, as demais foram obtidas através de coleta “in
loco” , com a colaboração dos técnicos da Rede Nacional de Metrologia Legal e Qualidade –
RNMLQ - Inmetro.
Foram coletadas 11 amostras no total, cada uma delas composta de 5 camisetas, tal
quantidade foi necessária para a realização da bateria de ensaios físicos e químicos. A tabela 7
apresenta a distribuição de amostras coletadas pelas regiões do País.
Para a seleção dos ensaios realizados nas amostras, foram avaliadas as reclamações das
47
secretarias. A Tabela 8 relaciona todas as reclamações recebidas através dos questionários, sua
freqüência e os ensaios que podem ser associados a cada uma das reclamações.
aparecem no tecido.
Poliamida I I I S S I I I N S S
Polipropileno e I I I I I S S S I I I
polietileno
Poliéster I I I I I I I I I I I
51
Viscose I I I I I I I I I S S
Seda I I S I I I I I I S S
Elastano I I I I I I I I S PS PS
Lã I I S I I I I I I I I
S – solúvel I – insolúvel OS – Parcialmente solúvel N - A poliamida 6 é solúvel, mas a poliamida 6,6 não é
idênticas, o que evidencia nenhuma alteração, o corpo de prova que receber grau 5
é aquele que não apresentou nenhuma diferença entre a amostra lavada e a amostra
original. Os demais pares de 4 até o 1, são formados de amostras cinzas sem
alteração e amostras cinzas cada vez mais claras. O valor 1 é dado para aquele
corpo de prova que apresentar a maior alteração de cor.
tambor rotativo
• Resumo do método – As peças confeccionadas são lavadas à temperatura de (40 ±
2)º C, secas em temperatura de (65 ± 2)º C , o comprimento da costura lateral e a
medida do deslocamento lateral da costura são medidas e o percentual de torção é
calculado a partir da fórmula:
CAPÍTULO IV
Para preservar a identidade das Secretarias que enviaram informações para este trabalho,
aplicou-se uma codificação seqüencial em ordem numérica a partir da chegada das respostas do
questionário. A primeira Secretaria que enviou informações foi chamada de Secretaria 1 e assim,
sucessivamente.
38%
Comprador
Não comprador
62%
27%
73%
UTILIZA ESPECIFICAÇÕES
NÃO UTILIZA ESPECIFICAÇÕES
Gráfico 2 –
Utilização de especificações pelas secretarias – Brasil, 2005
Fonte: o próprio autor
A cada secretaria foi solicitado o envio das especificações utilizadas, foram recebidas 14
especificações de produto, das 22 secretarias que declararam possui-la. A Tabela 11 apresenta
um resumo das características especificadas por cada secretaria. Na primeira metade das colunas
estão relacionadas informações referentes à construção do tecido e, na segunda metade, dados
referentes aos requisitos de qualidade estabelecidos. Para exemplificar, consultando a tabela 11, a
Secretaria 8 possui uma especificação em que é fornecida a composição do produto, o título e a
gramatura, que são características de construção, nenhum requisito de qualidade é especificado.
59
60
Outra informação relevante obtida foi que em 71% dos casos não são fornecidas as
tolerâncias para limitar as variações no produto. Desta forma, qualquer variação que o produto
apresente numa inspeção laboratorial estará sujeito a um processo de rejeição, pois neste caso a
tolerância é assumida como “zero”.
REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO/ENSAIOS EM
AMOSTRAS ANTES DA COMPRA
58%
42%
O levantamento permitiu identificar que 88% das secretarias não realizam controle de
qualidade no recebimento das camisetas. Desta forma não é possível garantir, que o produto
adquirido, possua as características especificadas ou, que o mesmo apresente as mesmas
qualificações da amostra recebida. O gráfico 4 ilustra esta informação.
88%
12%
PERCEPÇÃO DA QUALIDADE
60
50 51%
30%
40
30
13%
20
3% 3%
10
0
ótimo bom regular ruim péssimo
Gráfico 5 – Percepção das secretarias da qualidade das camisetas adquiridas – Brasil, 2005
Fonte: o próprio autor
A análise dos resultados permitiu identificar que apenas 1 amostra apresentou conformidade
(9% do total). A tabela 14 apresenta um quadro comparativo do desempenho em laboratório do
produto, a percepção de qualidade da secretaria, suas principais reclamações, a utilização de
especificações e a realização de inspeção/ensaios nas amostras e no lote.
65
Tabela 14 – Resumo da avaliação realizada nas secretarias que forneceram amostras para inspeção e ensaios - Brasil
Secretaria Percepção da Problemas alegados Problemas apresentados Especificação Ensaios na Ensaios no lote
Qualidade pela Secretaria na inspeção/ensaios amostra
2 ÓTIMO • nenhum problema • etiqueta não conforme Possui especificação com SIM SIM
aspectos de construção e
de qualidade, não apre-
senta tabela de medidas.
Não apresenta tolerância
para os valores especi-
ficados.
6 BOM • pilling • pilling excessivo Possui especificação com NÃO NÃO
• tamanho • tamanho menor que o aspectos de construção e
previsto na NBR 13377 tabela de medidas. Apre-
senta tolerância para os
valores especificados.
7 BOM • nenhum problema • composição errada Possui especificação com NÃO NÃO
• gramatura menor aspectos de construção.
• tamanho menor do valor Não apresenta tabela de
referencial da NBR 13377 medidas e não fornece
• etiqueta não conforme tolerância para os valores
especificados.
8 BOM • tamanhos • torção na costura Possui especificação com SIM NÃO
• tamanho menor que o aspectos de construção.
previsto na NBR 13377 Não apresenta tabela de
medidas. Apresenta tole-
rância para os valores
especificados.
9 BOM • encolhimento • torção na costura Possui especificação po- SIM SIM
• desbote rém não disponibilizou
• tamanho para o trabalho
10 RUIM • encolhimento • torcão na costura Não possui especificação NÃO NÃO
• torção na costura • etiqueta não conforme
• defeitos no fio
• manchas
Fonte: o próprio autor – 2005
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Tabela 14 – Resumo da avaliação realizada nas secretarias que forneceram amostras para ensaios - Brasil - (continuação)
Secretaria Percepção da Problemas alegados pela Problemas apresentados Especificação Ensaios na Ensaios no lote
Qualidade Secretaria no ensaio amostra
13 ÓTIMO • nenhuma • torção na costura Possui especificação com NÃO NÃO
• encolhimento excessivo aspectos de construção.
• gramatura menor Não apresenta tabela de
medidas e não fornece
tolerância para os valores
especificados.
15 BOM • tamanho • pilling excessivo Possui especificação com SIM SIM
• tamanhos menores que os aspectos de construção e
padronizados na especifi- tabela de medidas. Não
cação e que o valor apresenta tolerância para
referencial da NBR 13377 as medidas.
• etiqueta não conforme
18 BOM • pilling • Pilling excessivo Possui especificação da NÃO NÃO
• tamanho • composição errada composição do tecido. Não
• torção na costura apresenta tabela de medi-
• alteração de cor (desbote) das ou tolerância para os
• não apresenta etiqueta valores.
21 BOM • nenhum problema • nenhum problema Possui especificação con- NÃO NÃO
templando aspectos de
construção e de qualidade.
Apresenta tabela de medi-
das e expressa as tole-
râncias para todos os
valores especificados
27 ÓTIMO • tamanho • título do fio diferente (24/1 Possui especificação com SIM SIM
cardado ao invés de aspectos de construção e
30/1(penteado) tabela de medidas. Não
• torção na costura apresenta tolerância para
• apresenta pequena tendên- as medidas.
cia a formação de pilling
Fonte: o próprio autor – 2005
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• 83% das secretarias que alegaram problemas não fazem ensaios no lote
• 67% das secretarias que alegaram problemas não fazem ensaios nas amostras
• 100% das secretarias que classificaram a qualidade da camiseta como regular, ruim ou
péssima, não realizam nenhum controle seja na amostra ou no lote.
• 83% das secretarias que classificaram a qualidade da camiseta como regular, ruim ou
péssima, não possuem especificação de produto.
• 75% das amostras de tecido com misturas de poliéster, apresentaram nos ensaios alto teor
de formação de pilling
71
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
As tabelas de medidas devem ser desenvolvidas por técnicos de modelagem, podem ser
utilizados os serviços de consultoria de Institutos têxteis do País, para que as Secretarias possam,
ao fazer a compra, efetivamente receber tamanhos coerentes com os padrões de mercado, e não
pagar por um tamanho maior e, na verdade, receber um menor. Esta padronização permitirá as
Secretarias, sobretudo, a possibilidade de realizar uma programação da grade de tamanhos para a
compra, baseada em uma estatística do universo escolar, quando houver esta informação.
Baixos valores de torção nas costuras laterais e de estabilidade dimensional devem ser
exigidos para evitar deformações permanentes na camiseta após a primeira lavagem. Para tecidos
coloridos, índices mínimos devem ser padronizados para a solidez da cor, principalmente os de
lavagem doméstica e suor, mais exigidos em uma camiseta escolar. Para o estabelecimento de
critérios mais rigorosos, a resistência da cor à outros agentes, também podem ser especificados,
tais como: luz solar, ação do ferro de passar à quente, fricção e lavagem com cloro.
Para camisetas escolares confeccionadas com tecidos mistos que utilizam fibras de
poliéster em suas misturas, é indicada a adoção de um padrão mínimo de tendência à formação de
pilling, para garantir uma boa aparência no produto após diversas lavagens.
5.2 Recomendações
A partir das informações obtidas neste trabalho, cabe a sugestão para os organismos
competentes na implantação de uma comissão de estudos pela ABNT, com a participação de
representantes das Secretarias de Educação, fabricantes, Instituições de Pesquisa e laboratórios
acreditados, para promover a elaboração de uma Norma de especificação com requisitos mínimos
para a aceitação/rejeição de camisetas escolares tendo em vista que nenhum estudo até o
momento foi iniciado.
Como sugestão para futuros trabalhos, proponho estudos para os demais itens de uniforme
já que algumas Secretarias de educação também fornecem bermudas, agasalhos, calças, saias,
meias, tênis, mochilas, etc...
74
CAPÍTULO VI
BIBLIOGRAFIA
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1984
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______, NBR 10188 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à ação do ferro de
passar à quente, Rio de Janeiro, 1988
75
______, NBR 10597 – Materiais têxteis – Ensaio de solidez de cor à lavagem - método
acelerado, Rio de Janeiro, 1988
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______, NBR 12997 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à luz - iluminação
com arco de xenônio , Rio de Janeiro, 1993
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Rio de Janeiro, 1995
76
______, NBR 13460 – Tecido de malha por trama - Determinação da estrutura, Rio de
Janeiro, 1995
______, NBR 13462 – Tecido de malha por trama - Estruturas fundamentais, Rio de Janeiro,
1995
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de Comunicação do Sistema Fiec, maio de 2005
RIBEIRO, LUIZ GONZAGA Introdução a Tecnologia Têxtil , volume 1, Rio de Janeiro, Senai
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