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Comentário do CPV
Inicialmente, ressaltamos que os alunos do CPV tiveram várias aulas em que foram transmitidos conceitos importantes para
a realização dessa redação.
A proposta de Redação da FGV Administração de Empresas constituiu-se de apenas um texto. Nele, o autor, Jean Pisani-
Ferry, professor da Escola Herie de Administração Pública, de Berlin, Alemanha, refere-se a três desafios para o futuro, que serão
problemas a serem enfrentados pela geração mais jovem. São eles: a mudança climática, a dívida pública e o mercado de trabalho.
Com base nessas ideias, os candidatos deveriam redigir uma dissertação em prosa, deixando claro o ponto de vista deles acerca
do seguinte tema:
A atual geração de jovens brasileiros e o futuro: expectativas e possibilidades.
Nesse sentido, poder-se-ia refletir sobre as características das duas últimas gerações (Y e Z) e sobre os traços da Modernidade
líquida, desde que fossem aplicadas ao contexto brasileiro, uma vez que o recorte temático é o jovem brasileiro. Sendo assim,
esse jovem poderia ser caracterizado como extremamente imediatista, sem pensamento de longo prazo e dotado de uma cultura
individualista, que pensa primeiramente em si mesmo, sobretudo considerando o contexto cultural de “jeitinho brasileiro”, em
que a ética nunca é um valor almejado e praticado.
Com relação à mudança climática e a outros problemas ambientais, nota-se que vários esforços feitos ao longo dos últimos
anos, como a Eco-92, a Rio + 20, a COP 21 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre outros, não têm alcançado êxito
significativo, pois se vive em uma sociedade do consumo, em que os valores econômicos são predominantes, o que, na maior parte
das vezes, leva ao desrespeito de valores sociais, políticos, culturais e ambientais. Dentro dessa lógica de priorização da economia,
o ritmo de consumo torna-se muito mais rápido, o que resulta em vários problemas, tanto para a atualidade quanto para o futuro:
a capacidade da Terra de repor recursos naturais é muito lenta em comparação ao consumo desenfreado, o aumento da quantidade
de lixo e mesmo de várias atividades humanas que levam ao aumento da temperatura do planeta.
Se essa situação continuar, as expectativas serão cada vez mais negativas e as possibilidades de mudança desses efeitos podem
ser quase nulas, principalmente porque o jovem brasileiro não tem se engajado em assuntos de interesse coletivo, como o meio
ambiente.
No que concerne à dívida pública, tanto no mundo quanto no Brasil atual, nota-se o aumento dessa dívida, o que leva muitos
governos a fazerem cortes em gastos sociais, muitas vezes ligados à infraestrutura, o que, futuramente, prejudicará ainda mais
a geração atual e as próximas. Historicamente, o país não investe em infraestrutura, o que o torna cada vez mais dependente do
mercado externo e, consequentemente, mais sujeito a crises. Por essa razão, o futuro do jovem brasileiro não apresenta perspectivas
de mudança, embora existam algumas possibilidades de que elas ocorram. Um exemplo disso é o engajamento de alguns jovens,
como os das ocupações escolares no país, que tentam reivindicar por mudanças e lutar contra aquelas que consideram prejudiciais
à educação. Se a situação do país piorar ainda mais, é possível que o jovem brasileiro se torne mais participativo.
Outro problema ligado ao crescimento dessa dívida é o envelhecimento populacional no Brasil. Esse novo cenário indica
que haverá mais idosos do que jovens, o que levará a um colapso no sistema previdenciário. Isso significa que as gerações mais
jovens terão de se responsabilizar pela manutenção desse sistema, com possíveis reformas na previdência, sendo essas reformas
importantes para a manutenção das aposentadorias já existentes e para as das gerações atuais, quando forem idosas.
Já no que se refere ao mercado de trabalho, o jovem brasileiro tem passado por muitas dificuldades para obter seu primeiro
emprego e, também, para ter estabilidade no mesmo. Em situações de crise econômica, como a atual, muitas empresas preferem
demitir funcionários mais jovens, que têm menos experiência e que têm pouco tempo de vínculo empregatício com a empresa.
Outros grandes problemas brasileiros relacionados a esse assunto são o aumento das desigualdades sociais e o crescente
desemprego no Brasil. Devido a esses dois entraves, ocorre o aumento do trabalho informal, que se torna uma mera forma de
sobrevivência. Esse cenário não contribui com a formação de mão de obra qualificada, que inclusive contribui para a arrecadação
de impostos e para a estabilidade econômica do país. Ademais, o trabalho informal, na maioria das vezes, não permite que o jovem
contribua com a Previdência Social.
As possibilidades e expectativas relacionadas ao futuro do jovem brasileiro não são positivas, sobretudo quando se percebe
a atual fragmentação política desses jovens, tanto por muitos não se interessarem pelo assunto, quanto por serem parte da atual
polarização política pela qual passa o país. Ademais, o clima de intolerância política, de aumento da violência e do sentimento
de autoritarismo leva à ausência de debates, o que não permite mudanças no país. Se essa polarização se tornar mais extrema e
for acompanhada de responsabilidade política em relação aos rumos do país, é possível que novos políticos e partidos mais éticos
nasçam e tentem mudar os rumos incertos para onde o futuro levará os jovens brasileiros.
CPV fgvadmDEZ2016