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A obrigação tributária surge da ocorrência de um fato previsto (hipótese de

incidência, fato tributável, fato gerador in abstracto) em lei como capaz de


produzir este efeito. Ocorrido o fato gerador (fato imponível, fato gerador in
concreto) previsto em lei, nasce a obrigação tributária principal, a obrigação
patrimonial do sujeito passivo que tem por objeto o pagamento do tributo.
O § 7º do art. 150 da Constituição Federal, estabelece que a lei poderá atribuir
ao sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento do imposto ou contribuição (a técnica não vale para empréstimos
compulsórios ou taxas), cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente (fato
gerador presumido que gera a substituição para frente ou progressiva).
A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto uma
obrigação de fazer ou não fazer prevista em favor da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos. Se não cumprida, a obrigação acessória, na
modalidade de pena pecuniária, será exigida como se fora um tributo, com
todas as garantias e privilégios inerentes a este. Pode subsistir mesmo com a
dispensa do cumprimento da obrigação principal, a exemplo daqueles que
estão isentos do ICMS, mas são obrigados a emitir notas fiscais dos produtos
que comercializam. propor a aplicação da penalidade cabível”.
A principal diferença entre a Obrigação Tributária Principal e a Obrigação
Tributária Acessória é que na principal ocorre a entrega de dinheiro ao Estado.
Isto significa que, o dinheiro é oriundo de pagamento de tributo ou de outras
formas de arrecadação. Em outros termos, a prestação a qual se obriga o
sujeito passivo é de natureza patrimonial. É sempre uma quantia em dinheiro.
Obrigação de dar dinheiro, de pagar. (ex.: entrega de dinheiro ao Estado,
através do pagamento de tributos em geral ou de penalidade).
A Obrigação Tributária principal é a obrigação de pagar ao sujeito ativo, seja
ele o Município, o Estado ou a Federação e todos seus órgãos, sempre
amparado por lei, isto é, só a lei pode instituir um tributo.
A Obrigação Tributária Acessória, tem a finalidade de auxiliar a fiscalização e
arrecadação dos tributos pelo Estado. Deste modo, ela corresponde a qualquer
exigência feita pela legislação tributária que não seja o pagamento do tributo.
Isto é, sobretudo o meio ao qual essa tributação precisa para chegar ao
governo. Ex.: emitir nota fiscal, escriturar livros, inscrever-se no Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ entre outros).
Havendo descumprimento da obrigação acessória, ela se converte em
principal relativamente à pena pecuniária, o que significa dizer que a sanção
imposta ao inadimplente é uma multa punitiva, que como tal constitui uma
obrigação principal, sendo exigida e cobrada pelos mesmos meios da
obrigação principal. No direito tributário sancionador há os seguintes tipos de
multas: moratória, que são indenizatórias ou reparadoras e têm caráter de
sanção civil, apenas aplicada à obrigação principal. Multa de ofício, aplicada
quando a autoridade fiscal lança de ofício o crédito tributário não declarado e
recolhido pelo sujeito passivo, podendo ser agravada (caso de reincidência e
não atendimento da intimação da autoridade fiscal) e/ou qualificada (caso de
fraude, simulação ou dolo). Há ainda a multa isolada, aplicada sobre o
descumprimento de obrigações acessórias ou no caso de declarações inexatas
ou incorretas. As principais multas isoladas pelo descumprimento de
obrigações acessórias estão fixadas em Instruções normativas da Receita
Federal e em Medidas Provisórias de iniciativa do Poder Executivo. Algumas
vezes guardam relação com o valor do próprio tributo, outras vezes são
determinadas em valores fixos, outras vezes guardam relação com o
faturamento e com o lucro líquido do sujeito passivo. Algumas vezes são
limitadas, outras não são.

Na seara Tributária a autonomia da obrigação tributária acessória é tão clara


que no nosso ordenamento temos situações em que a obrigação tributária
principal nem ocorre. Contudo, persiste a obrigação do sujeito passivo em
colaborar com a fiscalização tributária. É o caso das chamadas imunidades. A
obrigação tributária principal não pode se materializar, em face da limitação ao
exercício da competência da pessoa política de direito público interno. Todavia,
a Carta Constitucional prescreve que a entidade imune observe e comprove os
requisitos contidos em lei complementar para o pleno gozo da imunidade e,
assim, não retira da entidade imune a obrigação de escriturar suas receitas e
despesas em livros próprios. Tudo isso porque outros fatos típicos tributários
poderão ocorrer que ensejem o pagamento de tributo, bem como a aplicação
de penalidades, seja em relação à entidade imune, seja a terceiros, como no
caso de prestadores de serviços cuja hipótese de incidência é a prestação
efetiva de serviços, por exemplo, professores. Para a entidade imune, persistirá
a obrigação de promover declarações de retenções do Imposto sobre a Renda.
Já aos professores, a de promover a declaração anual de rendimentos. E, com
o cruzamento das informações, o Fisco poderá aferir se ocorreu fato típico
tendente a resultar na instauração da relação jurídica tributária. Reforçamos
nosso entendimento no sentido de que a acessoriedade está voltada à
instrumentalização da obrigação tributária principal. E esta, por sua vez, pode
ocorrer ou não. Neste sentido que podemos afirmar que as obrigações ditas
“acessórias” são instrumentais e só há obrigações instrumentais na medida da
possibilidade de existência das obrigações para cuja fiscalização aquelas
sirvam de instrumento. É nesse sentido que as obrigações tributárias formais
são apelidadas de “acessórias”; embora não dependam da efetiva existência
de uma obrigação principal, elas se atrelem à possibilidade ou probabilidade de
existência de obrigações principais (não obstante, em grande número de
situações, se alinhem com uma obrigação principal efetiva)”. Portanto, calcados
nas premissas adotadas, temos que a natureza jurídica da obrigação tributária
acessória consiste em uma relação jurídica de direito público sem caráter
pecuniário, que tem por finalidade auxiliar e instrumentalizar a relação jurídica
tributária principal, consubstanciada em prestações positivas ou negativas
(fazer, não fazer, tolerar ou suportar), previstas no interesse da arrecadação ou
fiscalização de tributos.
Portanto, resta evidente a autonomia da obrigação acessória no direito
tributário, diferentemente dos contornos civilistas, aos quais, a obrigação
principal sendo extinta, esta por sua vez também não existirá, aqui o seu
cumprimento independe da existência ou não da principal.

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