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Escrever sobre o papel do Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal é

perseguir sempre as travas à liberdade. Basta uma rápida consulta às escolas penais para
verificar que a evolução da teoria da pena está na direção de um caminho civilizatório
que indica ser o fim da privação da liberdade.
Recentemente a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do (HC
178.777) assentou, nos termos do voto do relator, que não pode o Parquet recorrer da
decisão. De acordo com o relator, ministro Marco Aurélio, ser soberano o
pronunciamento do Conselho de Sentença que absolve o réu com fundamento no
quesito genérico do parágrafo 2º do art.483 do CPP.
Em síntese, entendeu o ministro que a regra prevista no artigo 593, III, "d", do
CPP não se aplicaria quando a absolvição tivesse ocorrido com fundamento no quesito
genérico. Nesse caso, portanto, ainda que a decisão fosse contrária àquilo que fora
colhido e demonstrado nos autos, não poderia o titular da ação recorrer. Parece-nos,
nesse sentido, que, para o relator, o princípio da soberania dos vereditos, pelo menos no
que alude ao quesito genérico, tem caráter absoluto.
Nesse sentido, este julgamento demonstra nitidamente uma perspectiva
humanista, que a evolução do Direito Penal que deve pautar, mesmo que presente a
materialidade e comprovada a autoria, o Júri, composto de magistrados pares do réu,
pode reconhecer que a situação em jogo merece clemência.
Defender a soberania do veredicto absolutório no mencionado caso é, ao mesmo
tempo, defender não somente o acusado, como também o jurado que, exposto a um
crime contra a vida alheia, se compadeceu. No final estaremos dando um grande
passo rumo ao humanismo das penas, estará sempre a liberdade, como o olhar de
Quintana sobre a sociedade, a predizer:"Todos esses que aí estão/Atravancando meu
caminho, /Eles passarão../ Eu passarinho!".

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