Afinal, qual função da filosofia política?

Muito se discute sobre tal pergunta. Para começarmos esta discussão, vamos falar um pouco
sobre a palavra política para tentar compreender sobre a pergunta. Em primeiro lugar, a
palavra política vem do grego polis. Esta, como se sabe, é a cidade estado da Grécia.
Modernamente, política é a atividade de administrar o Estado segundo leis, de modo a fazê-lo
funcionar do melhor modo possível nas suas relações com os indivíduos, com a sociedade civil
e com outros Estados.

Toda sociedade tem alguma forma de política, mas nem toda sociedade tem ciência política e
/ou filosofia política.

Bastid limitou-se a distinguir a filosofia política, de um lado, e a filosofia da história, a filosofia

moral e a filosofia jurídica de outro.

Para Renato treves filosofia política era entendida, de um lado, como a descrição do Estado
perfeito e, de outro, como a investigação sobre a natureza e os objetivos da atividade política,
que deve ser distinguida de outras atividades sobretudo, da atividade econômica e da moral.

Já Rafael entende que o objetivo da filosofia política não é explicar, mas justificar; sua tarefa
não é prescrever, como ocorre com a ideologia, mas sim uma investigação filosófica, que
também valem para filosofia política que são dois: o esclarecimento de conceitos e a avaliação
crítica das crenças.

No artigo de Zolo de 1985 a relação entre filosofia política e ciência política foi o principal
tema. Sempre nos debates se orientou sobretudo para a diferença entre a filosofia política e a
ciência política e, em segunda instância, a filosofia moral e a filosofia do direito.

Hobbes nos traz novos esclarecimentos de temas fundamentais como o estado de natureza,
a relação entre lei natural e lei positiva, a natureza do contrato de união, a relação entre
liberdade e autoridade e entre poder espiritual e temporal, a teoria das formas de
governo,embora alternadamente como autoritário ou liberal.

Mas a complicação toda segundo Bobbio, foi outro significado adicionado ao significado
tradicional de “política”, atividade ou conjunto de atividades que de alguma maneira se
referem à polis, entendida como a organização de uma comunidade que, para conservar-se,
faz uso da força em última instância. A confusão decorre da tradução forçada de duas palavras
inglesas, politics e policy. Mas a falta de consciência sobre esta confusão fez com que hoje
existam aqueles que entendem a filosofia política como um discurso de ética pública, voltado à
formulação de propostas para uma boa, correta ou eficiente política (na acepção de policy)
econômica, sanitária, financeira, ecológica ou energética. A filosofia, como ética pública, é uma
política no sentido de uma ética não dos sujeitos individuais, mas sim de grupos organizados.

Bobbio também deseja expressar sua preferência, mesmo sem nenhuma intenção de afirmar
que ela é melhor que as outras, diria que hoje a função mais útil da filosofia política é a de
analisar os conceitos políticos fundamentais, começando precisamente pelo de política. Teria
Bobbio razão? Se a ciência política cuida do estudo de determinadas relações entre Estado,
sociedade civil e indivíduos fazendo segundo os procedimentos da investigação empírica e a
partir de modelos teóricos de tais relações, de acordo com que é comum à tarefa da ciência
moderna. A filosofia política, diferentemente, diz menos respeito às ocorrências empíricas,
tendo mais a ver com os problemas que surgem quando grupos adotam e/ou poderiam adotar
doutrinas políticas, isto é, ideários normativos mais ou menos imaginados ou idealizados a
respeito da melhor conduta política, aquela atitude que levaria ao bom governo, diz Ghiraldelli
Jr., então a filosofia política está voltada para as discussões em torno de noções como
liberdade, justiça, manutenção e criação de direitos, igualdade, identidade de minorias,
respeito individual ou, ainda, para questões de propriedades, questões sobre o que é público e
o que é privado, legitimidade e /ou fundamentação (metafísica) de procedimento político-
jurídico e similares. Pode também falar de idealizações sobre “formas de governos”. O
trabalho do filósofo político (que pode se articular ao trabalho do filósofo do direito) é o de
lidar com esses elementos e questões que implicam juízos éticomorais, finaliza Ghiraldelli.
Sendo assim, Bobbio teria razão em analisar os conceitos políticos, já política é tudo aquilo que
se refere à cidade, ou seja, aquilo que é público, que é de todos, onde há a convivência das
pessoas. Vários filósofos pensaram a política, sua finalidade, e idealizaram o tipo ideal. Cada
qual ao seu tempo mexeu com a estrutura vigente, até chegarmos aos dias de hoje. Foi
Aristóteles quem tornou o termo mais amplo, m sua obra Política. Para o autor, o homem é
um animal político, pois desde o seu nascimento até sua morte necessita de iteração com
outro homem e está sempre em constante relação de troca.

Essas discussões são a base do pensamento político e, apesar de diferentes entre si,
concordam que toda sociedade é internamente dividida, com área de conflito as mais diversas,
entre ricos e pobres, patrões e empregados, etc. Contudo, é por meio da política que há
discussão, deliberação e decisão em comum, para aprovar ou rejeitar as ações que dizem
respeito a todos os seus membros. Se não houvesse a política, seria a guerra, o extermínio do
diferente.

Querendo ou não, todo o cidadão faz parte da política, tanto aquele que participa como
aquele que se cala, pois essa é também uma atitude política. Quem não se manifesta, está
deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política existente continue tal e
qual. A apatia social, é assim, uma forma passiva de fazer política, diz, Lemos.

Professor Meireles, esta foi a minha pequena leitura sobre o texto de Bobbio. Cloro que
estou precisando de mais leituras para uma melhor compreensão. Walkiria.