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A Crise Religiosa do Século XVI


Origens e caracteristicas da crise
Desde a Idade Média,a Igreja Católica encontrava-se mergulhada numa crise. O comportamento
de diversos membros superiores da Igreja, era considerado imoral. Estes actuavam como leigos,
viviam em concubinagem (chegando a ter vários filhos e mulheres: ex. O Papa Alexandre VI
tinha oito filhos), exploravam os pobres através do dízimo, usavam bens da Igreja em proveito
próprio, eram corruptos, levianos, falsos. Eles estavam mais preocupados com a posse de bens
materiais viviam em desacordo com os princípios do cristianismo.
O acesso a altos cargos da Igreja, devido aos elevados lucros que davam, muitas vezes eram
atribuídos ou mesmo comprados, até por pessoas sem nenhuma vocação religiosa (simonia).
Aceitavam várias imoralidades sob pagamento de valores, como por exemplo: casamento de
familiares, (primos em primeiro grau, tios e sobrinhas, etc).
Entre 1378 e 1417, deu-se o cisma do ocidente, que originou a existência de dois Papas: Papa de
Avinhão – Gregório IX e de Roma – Clemente VII. Este cisma enfraqueceu o poder papal e
dividiu a cristandade em dois polos.

Alguns críticos à situação da Igreja


Jonh Wycliff (1324 – 1384), pôs em dúvida a utilidade do clero e o valor dos sacramentos,
contestou a autoridade do papa e censurou o culto dos santos e traduziu a bíblia para Inglês.
Jan Huss (1374 – 1415), discípulo de Jonh Wycliff, opôs-se à autoridade do papa, propôs o
regresso aos ensinamentos da Bíblia e das Sagradas Escrituras sem adulteração.
Girolamo Savoranola: criticou o papaVI sobre seus vícios e instigou a revolta contra a família
dos Médicis.

A reforma religiosa
Foi um movimento religioso de renovação da Igreja que surgiu no séc.XVI, quando alguns
dogmas religiosos foram postos em causa, conduzindo à divisão da Igreja Católica e perda da sua
unidade. A veneração das relíquias e a venda das indulgências foram duas das razões que
originaram o surgimento da reforma da Igreja.
A veneração das relíquias consistia na crença de que os objectos usados por Jesus Cristos,
Virgem Maria e pelos Santos tinha poder para curar ou proteger. Enquanto a venda das
Indulgências conhecida como compra de “bilhete para entrada o céu ou venda de perdões”
consistia na venda pelo clero do perdão dos pecados e remissão das penas.
O Papa Leão X autorizou a venda de indulgências com o objectivo de angariar dinheiro para as
obras da Basílica de S. Pedro, no Vaticano. Contra esta situação insurgiu-se Martinho Lutero que
afixou na porta da Catedral de Wittenberg 95 teses contra as indulgências.
O movimento de contestação e divisão da Igreja Católica ficou conhecido como Protestantismo
ou reforma Protestante.

As princípais correntes protestantes


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1.Luteralismo
Foi a primeira das Igrejas reformadas. Teve sua origem na Alemanha, em Outubro de 1517,
liderado por Martinho Lutero, o primeiro reformador protestante, quando se desencadeou um
movimento de revoltas contra bispos e papa.
Após ter sido excomungado ou expulso da Igreja Católica, Lutero criou a sua Igreja, na qual
defendia a doutrina de salvação pela fé, isto é; basta apenas ter fé para ser salvo. O perdão dos
pecados só se obtém pela fé e não as obras. Para Martinho Lutero, o culto consistia na leitura
comunitária da bíblia, que podia ser interpretada livremente por cada um. Admitia apenas três
sacramentos: baptismo, penitência – sem confissão ao padre e a eucaristia.
Lutero defendia que a única fonte da fé era a sagrada escritura, esta constituia a atoridade
máxima de que se necessita, negando a autoridade do papa. O Luteralismo nega que o casamento
seja de carácter de sacramento, porque admite a possibilidade de divórcio e de novo casamento
em caso de infidelidade. Era contra a Virgem, a crença no Purgatório, a invocação dos santos, o
jejum e as peregrinações.
O celibato não devia ser obrigatório.

2.Calvinismo
Surgiu na Suiça (Genebra) em 1534, por João Calvino. Este defendia a doutrina de
predestinação, que consistia na ideia da existência de um Deus todo-poderoso, que salva ou
condena os homens logo que nascem, uns para serem ricos e outros para serem pobres. Para
Calvino, Deus é que traça o destino de cada um, é eterno e não podemos mudar. Esta doutrina
nega a liberdade de escolha.
Na Igreja Calvinista não existia hierarquias entre fiéis e Deus, apenas admitiam un mediador –
Cristo. Baniu as imagens dos santos e da Virgem Maria da Igreja. Admitia a livre interpretação
da bíblia. O celibato não era obrigatório.

3.Anglicanismo
Nasceu na Inglaterra através do soberano Henrique VIII em 1534. Aparece como um problema
político-religioso. A base do seu surgimento foi a negação pelo Papa da separação do soberano
com a sua esposa (Catarina de Aragão) para se casar com uma outra (Ana Bolena).
Apesar da reforma, o rei Henriques VIII ainda se manteve fiel ao dogma católico. A partir do
reinado do seu filho (Eduardo VI) o Anglicanismo mais se identificou com o Calvinismo,
aceitando apenas dois sacramentos (baptismo e eucaristia), proibiu o culto das imagens, suprimiu
altares, admitia a salvação pela fé e a predestinação, também defendia que o celibato não era
obrigatório.

A resposta da Igreja Católica


A contra-reforma
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Contra-reforma foi movimento religioso da Igreja Católica que surgiu como resposta à grande
contestação que sofreu no sécula XVI, sendo caracterizada por um conjunto de medidas
repressivas que pretendiam travar o avanço do protestantismo.
O objectivo da contra-reforma foi o de fortalecer a Igreja na guerra contra os heréticos e infiéis.
Na Contra-reforma, a Igreja Católica assumiu um carácter violento e repressivo, tendo utilizado a
Companhia de Jesus, o Index e a Inquisição.

A Companhia de Jesus ou Jeuítas


Foi fundada por Inácio de Loyola, em 1540 que tinha como objectivo a defesa da fé católica a
pregação, ensino e catequização da população. Era um verdadeiro exército e os seus membros
eram conhecidos como “ soldados de Cristo”.
A Inquisição: era um tribunal destinado a defender a fé católica. Vigiava, perseguia e condenava
todos aqueles que fossem suspeitos de praticar outras religiões. FIES Também censurava todas
as obras filosóficas ou científicas.
O Índex: era uma lista de obras consideradas perigosas para a ortodoxia católica.

As teorias económicas do antigo regime


Mercantilismo – seu papel na pilhagem das colónias e a acumulação de capitais na Europa
A partir da segunda metade do século do XVII, a oferta de produtos na Europa era maior do que
a procura, provocando desse modo uma baixa de preços, que se traduziu numa crise comercial.
Perante esta situação, os estados europeus desenvolveram uma nova doutrina denominada
mercantilismo.
Mercantilismo – foi uma doutrina económica que vigorou entre os séculos XVII e XVIII e que
defendia que a principal riqueza de um Estado residia na quantidade de metais preciosos que
acumulasse nos seus cofres.
O mercantilismo restringia as importações, impondo pesadas taxas aduaneiras aos produtos
estrangeiros, ou até mesmo proibir que certos artigos fossem importados. Esta medida tinha
como objectivo diminuir as importações e proteger a produção nacional da concorrência
estrangeira.
O mercantilismo exaltava o trabalho manufactureiro, a prática comercial e a aventura colonial, e
combatia as importações. Caracterizou-se por ser uma política de controlo e incentivo, por meio
da qual o Estado visava garantir o seu desenvolvimento comercial e financeiro, fortalecendo ao
mesmo tempo o próprio poder político.
O mercantilismo teve como defensores Jean Baptiste Colbert, Luis XIII, Cardeal Richelien entre
outros.
A política económica do Mercantilismo baseava-se em três aspectos:
a) Balança comercial favorável – quer dizer, a entrada de moedas no pais deveria ser
superior que a saída.
b) Proteccionismo – O Estado garante o monopólio através de leis.

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c) Monopólio – O comércio e a produção eram exclusivos do Estado ou da burguesia


mercantilismo do Estado.

Tipos de mercantilismo
1. Bulionismo ou Metalismo – Desenvolveu-se na península Ibérica (Portugal e Espanha),
defendendo a acumulação de metais preciosos.
2. Mercantilismo holandês – Apostou no desenvolvimento do comércio externo ou
colonial.
3. Colbertismo ou Intervencionismo – Desenvolveu-se na França, promovendo a
produção manufactureira.

O papel do Mercantilismo na pilhagem das colónias e a acumulação de capitais na Europa


O Mercantilismo contribuiu para a pilhagem das colónias, considerando os seus princípios,
segundo os quais as possessões coloniais deveriam fornecer metais preciosos e matérias-primas
para alimentar a manufactura nacional na metrópole. Com este propósito, os países Europeus
começaram a explorar ouro e prata das suas colónias. As colónias deviam consumir produtos
manufacturados e produzir matérias-primas para as colónias segundo as exigências da economia
mercantilista, garantindo lucros e rendas à coroa e a burguesia. Os grandes lucros obtidos pelas
colónias provinha da compra e venda de produtos, porque estas é que marcavam o preço.
De África, os Europeus, nomeadamente os Portugueses, levavam ouro, escravos, marfim e
malagueta. Da América, os Europeus levavam ouro, prata, açúcar, tabaco e algodão. Da Europa
para as colónias, saíam os produtos manufacturados, como panos, álcool e armas.

Fisiocratismo: origens e características


O fisiocratismo aparece como reacção ao mercantilismo e ao proteccionismo, opunha-se às
barreiras alfandegárias impostas pelo mercantilismo. Defendia que a actividade comercial devia
ser livre e não sujeita à fiscalização ou controlo do Estado.
Fisiocratismo foi uma doutrina económica que considera a terra como única fonte de riqueza e a
agricultura como a actividade fundamental.
O fisiocratismo defendia o direito individual, a propriedade e a livre iniciativa, a abolição de
todos os entraves e a livre circulação dos produtos e condena a interferência do Estado na vida
económica. As crises económicas e os entraves ao desenvolvimento provocado pelas barreiras
alfandegárias, o aumento populacional e da procura de bens alimentares estiveram na origem da
desacreditação do mercantilismo. Os fisiocratas defendiam também que o Estado devia actuar na
valorização da agricultura através da utilização de novas técnicas agrícolas.
O fisiocratismo teve como defensores Pierre Boisguillebert, Adam Smith,François Quesnay e
Turgot, entre outros.

O Absolutismo e suas caracteristicas

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Absolulutismo foi um sistema político ou forma de governo que surgiu na Europa no século XVI
e se prolongou até finais do século XVIII, e que consistia na acumulação de todos os poderes nas
mãos de uma única pessoa – o rei. O absolutismo marcou o período de transição do Feudalismo
para o Capitalismo e o seu aparecimento está ligado ao aparecimento dos Estados modernos na
Europa. Este sistema foi muito contestado pela burguesia, pelos iluministas, humanistas e outros
estratos da sociedade.
O absolutismo atingiu o seu apogeu em França durante o reinado de Luís XIV, que se
caracterizou pela arrogância, extravagância e autoritarismo. Odiado por todos, quando morreu foi
enterrado de noite, às escondidas, por causa da fúria popular. Os reis igualavam-se ao sol que
ilumina o mundo ou a terra. O rei governa na base da razão, não tinha limites nas decisões.

Características do absolutismo
- Concentração de todos os poderes nas mãos do rei: poder legislativo, poder executivo e poder
judicial.
- O direito divino dos reis : os reis diziam que recebiam o poder directamente de Deus, por isso
todos lhe deviam respeito e total obediência, e este apenas prestava a Deus, em nome de quem
governava.

Defensores do absolutismo
Nicolau Maquiavel – No livro o Principe, refere que o fim justifica os meios.
Jean Bodin – Na Republica, defende a soberania real nao pode ter restriçoes nem ameaças.
Thomas Hobbes – No Leviatã, defende que ha direitos e liberdades (nega leis e deveres ) assim
guerra permanente entre os homens, - o homem é lobo do homem, cada um devia renunciar uma
parte dos seus direitos para o chefe que devia ser autoritario.
Jacques Bossuet – Na Memorias para a educaçao do Delfim e em Politica Segundo a Sagrada
Escritura – a autoridade do rei é sagrad, pois age como ministro de Deus na terra.

O surgimento e o desenvolvimento do capitalismo


Capitalismo é um sistema económico que emergiu na Europa ao longo dos séculos XVI a XVIII,
com a transferência da vida económica, politica e social do campo para a cidade.
Capitalismo foi um sistema económico, social e político caracterizado pela propriedade privada
dos meios de produção, trabalho livre, assalariado e acumulação de capital.
O grande motor da economia europeia consistia em gerar capital, invsti-lo e aumentá-la. Esta
practica levou a colonização da America, bem como a intensificação do comércio entre Africa,
América e Europa – comércio triangular.
O Capitalismo na Inglaterra
O capitalismo trouxe novas maneiras de produçao. Na agricultura por exemplo, apareceram
novas técnicas como: utilização sistemática de adubos, irrigação dos campos, selecção dos
campos e das sementes, rotação das culturas, introdução de novas culturas, prática de forragens e
aumento das pastagens.
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Na indústria, a produção manufactureira ou doméstica, passou para a produção industrial, onde


cada trabalhador era especializado em tarefa determinada.

Os factores que teriam contribuido para que a Inglaterra fosse pioneiro da Revolução
Industrial
O capitalismo conheceu um grande avanço a partir da segunda metade do século XVIII, com o
aparecimento da Revolução Industrial. Nesta fase inicia-se um processo ininterrupto de produçao
colectiva, geraçao de lucro e acumulaçao de capital nas mãos dos burgueses, os quais passaram a
controlar o poder económico. Os factores que concorreram para na Inglaterra foram:
 O papel de Londres como centro financeiro internacional,
 As propriedades no exterior proporcionaram a economia Inglesa importantes
rendimentos,
 A libra esterlina, que se tornou a moedad de refeência no sistema internacional.

As Revoluções Burguesas
Impacto das Revoluções Burguesas
As Revoluções foram feitas de várias maneiras a nível do mundo, desde as inssureições armadas
até as reformas instituicionais. As revoluções tiveram como impacto:
Na história das revoluções, a primeira revolução burguesa surgiu nos países baixos, cujas causas
foram a transferência do poder das mãos dos proprietários feudais para a burguesia. Contudo, foi
na Inglaterra onde a revolução teve maior relevância.

A Revolução Burguesa na Inglaterra


Causas da revolução burguesa
 Surgimento das tendências absolutistas
Jaime I queria ser reconhecido como rei absoluto, esta maneira de pensar, levou-o a violar as leis
até então em vigor na Inglaterra adoptando uma política verdadeiramente baseada numa forte
autoridade do rei. O seu objectivo era de impor o absolutismo como regime político. Para tal,
Jaime I tomou várias medidas, como:
Introduziu novos impostos sem consultar o Parlamento, dissolveu várias vezes o parlamento;
interferiu na liberdade de comércio, dando monopólio a companhias comerciais suas
protegidas, prejudicando os restantes comerciantes; conduziu as relações externas sem observar
os interesses de alguns sectores da economia inglesa, tendo assinado um acordo de paz com a
Espanha enquanto os comerciantes ingleses pretendiam lutar até destruir o império comercial
Espanhola, etc. Em suma, Jaime I retirou aos cidadãos ingleses direitos que tinham conquistado
desde século XIII, o que provocou descontentamento da população. Este era um problema
político.
 Problemas religiosos entre o rei e os protestantes.
Quando Jaime I chegou ao poder, assumiu uma política que beneficiou os católicos. Em 1605,
ocorreu a chamada “conspiração da pólvora” (plano católico que visava explodir o parlamento
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durante a sessão). Em resposta a esta tentativa, o parlamento composto na sua maioria por
protestantes, adoptou várias leis contra os católicos, mas as mesmas foram ignoradas pelo rei, o
que aumento a fúria dos protestantes.

Os principais períodos ou fases da revolução burguesa na Inglaterra


A história da Revolução Inglesa pode dividir-se em três períodos:
I – Período de 1628 (Petição de Direitos) a 1658 (fim do governo de Oliver Cromwell).
II – Período da Restauração e do Habeas Corpus, reinado de Carlos II, um Stuart.
III – Período da Declaração dos Direitos.

Iª Fase: Petição de Direitos


Carlos I foi obrigado a aproximar-se do parlamento, pois precisava de dinheiro para custear as
despesas da guerra contra a Espanha e revoltas internas. Assim viu-se obrigado a convocar o
parlamento.
Aproveitando esta oportunidade, o parlamento apresento em 1628, a petição dos direitos, que foi
obrigado a assinar para conseguir que o parlamento aprovasse novos impostos para o rei
conseguir dinheiro.

Guerra civil
O rei Carlos I assinou a petição dos direitos apenas para o parlamento aprovar novos impostos, e
tomou várias medidas que levaram que aos parlamentares e religiosos a manifestar o seu
descontentamento.
O rei e o parlamento não chegaram a um entendimento o que originou a guerra civil em 1642
que durou até 1649. Esta guerra que opôs de um lado os cavaleiros que apoiavam o rei e do
outro lado os cabeças redondas que apoiavam o Parlamento e eram defensores da liberdade
política, religiosa e económica. Os cabeças redondas dirigidos por Oliver Cromwell, saíram
vencedores e assim terminou a revolução com o derrube da monarquia, execução do rei e
implantação da república em 1649, iniciando uma ditadura na Inglaterra. Cromwell tornou-se
“Lord Protector” da Inglaterra, Escócia e Irlanda.

2ª fase: Restauração e Habeas Corpus


Depois da morte de Oliver Cromwell (1658), os sucessores não conseguiram manter a ordem,
seguiu um período de anarquia, o que obrigou ao parlamento a convidar um rei para dirigir o
país que acabou conduzindo ao restabelecimento da monarquia na Inglaterra, em 1660 com
Carlos II, filho de Carlos I. Antes de assumir o poder, o novo rei foi obrigado jurar perante o
parlamento a abandonar o absolutismo, esta passou a ser uma monarquia constitucional.

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Ainda com objectivo de defender os direitos dos cidadãos, em 1679 o parlamento votou e
submeteu a aprovação do rei o documento denominado Habeas Corpus, ou seja, a garantia de
que ninguém podia ser preso sem culpa formada.

3ª fase: Declaração dos Direitos


O parlamento convidou a princesa Maria, filha de Jaime II, casada com Guilherme de Orange,
Stauder (chefe da república) na Holanda para tomar o poder. Respondendo ao pedido do
parlamento inglês, Guilherme invadiu a Inglaterra em 1688. Sem nenhum apoio, Jaime II fugiu
para França, Guilherme de Orange e Maria foram coroados reis da Inglaterra, contudo, antes
foram obrigados pelo parlamento a jurar a Declaração dos Direitos, que enumerava as
liberdades e direitos dos ingleses punha limites ao poder do rei. Assim, o parlamento e a
burguesia tinham triunfado na Inglaterra.

Importância ou significado da revolução burguesa na Inglaterra


A revolução contribuiu para a tomada do poder pela burguesia e o triunfo do regime parlamentar,
o que não acontecia noutros países europeus. A revolução inglesa contribuiu para despertar
noutros países europeus, sobretudo, nas colónias inglesas da América do Norte para lutar contra
o absolutismo.
A revolução burguesa na Inglaterra é um dos acontecimentos mais importantes da história
europeia e até mundial. Significou a rejeição do absolutismo, fim das barreiras sociais e a
instauração de um regime parlamentar. Fez triunfar o regime capitalista.
Esta revolução marcou o início da história moderna ou história do capitalismo.

A luta pela independência nas colónias inglesas da América do Norte


As colónias inglesas da América
Nos séculos XVII e XVIII, formaram-se ao longo da costa da América do Norte treze colónias
inglesas, independentes entre si. Estas colónias apresentavam diferenças profundas:
Colónias do Norte (quatro colónias)
As populações destas colónias dedicavam-se ao comércio, pesca e caça; As indústrias eram de
pequenas dimensões; a agricultura estava pouco desenvolvida porque as condições naturais eram
pouco favoráveis.
Colónias do centro (quatro colónias)
Eram menos homogéneas, formadas pelos holandeses, suecos, britânicos, alemães e franceses,
entre outros; dedicavam-se ao comércio e à agricultura.
Colónias do Sul (cinco colónias)
Situavam-se numa região extensa de clima quente e húmido, propício para agricultura,
dedicavam-se as grandes plantações de tabaco, arroz e de algodão, isto é; dedicavam-se á
agricultura.

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NB: Apesar destas diferenças, vários aspectos uniam as colónias, como por exemplo: língua,
forte liberdade de pensamento e todos tinham a necessidade de protecção contra Índios que
lutavam por não perder as suas terras. Isto reforçou o sentimento de unidade entre as colónias.

As contradições entre a Inglaterra e as colónias


A revolução americana foi levada a cabo pelos ingleses que viviam na América como colonos
contra a Inglaterra.
Depois da guerra dos sete anos entre a Inglaterra e França, (1756-1763) a Inglaterra tomou várias
medidas para as suas colónias, com vista a aumentar o seu domínio colonial, como:
 Política de repressão colonial: a Inglaterra queria o desenvolvimento industrial das
colónias e impôs o chamado regime exclusivo, obrigando as colónias a fazer o comércio
só com a metrópole e proibiu a ocupação de novos territórios pelos colonos ingleses, o
que para os colonos violava os seus direitos.
 Questão dos impostos: a Inglaterra defendia que as colónias saíram beneficiadas com a
guerra dos sete anos por isso obrigou-as a pagar vários impostos, como: imposto de selo-
data (sobre contratos, licenças, livros, e jornais); imposto sobre produtos importados
(1773, para os produtos como: papel, vidro, chumbo, pinturas e chá.)
Assim, nos meados do século XVII, as relações entre os colonos e a Inglaterra eram de
rivalidade. A partir de 1773, as tensões agravaram-se.

Principais acontecimentos da Revolução Americana


Em Dezembro de 1773, um grupo de colonos disfarçados de Índios lançou ao mar, no porto de
Boston, grandes quantidades de chá de três navios ingleses, marcando o arranque da Revolução
Americana e da luta pela independência das colónias americanas face ao domínio inglês. Este
acontecimento ficou conhecido como “festa do Chá”. O governo inglês mandou fechar o porto
de Boston e ocupou militarmente a cidade.
Em 1774, realizou-se em Filadélfia o 1° Congresso dos representantes das treze colónias, com a
finalidade de obter o reconhecimento dos seus direitos, decide-se um boicote a todas as
mercadorias britânicas.
Em 1775, os representantes das treze colónias reuniram-se no 2° congresso em Filadélfia, onde
resolveram criar um exército e escolheram George Washington para comandante. Começa assim
a guerra da independência.
Em 1776, A colónia da Virgínia declarou-se independente, proclamou uma Declaração dos
Direitos e em seguida uma Constituição. Seguindo o exemplo da Virgínia, as restantes colónias
decidiram pela união pelo que se realizou o 4° congresso em Filadélfia onde decidiram aprovar o
texto da Declaração da Independência, dos EUA. A declaração da independência deu início à
guerra aberta contra a Inglaterra.
1783 – A Inglaterra reconhece o direito à independência e assina com os colonos o tratado de
Versalhes.

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1787 – Aprovação de uma nova Constituição dos EUA, como um país resultante da unificação
das treze colónias inglesas da América do Norte.
1789 - George Washington torna-se no primeiro presidente dos EUA.

A Constituição Americana e sua importância


Em 1787, as colónias aprovaram uma constituição ou seja, um documento que fixava a
organização dos poderes sob a forma de uma república federativa:
 Cada uma das antigas colónias era um estado autónomo, possuindo uma administração,
uma justiça, uma polícia e um ensino próprio, dependendo do governo central no que
dizia respeito a questões comuns, como defesa e negócios estrangeiros.
A constituição Americana defendia:
 Separação dos poderes legislativos, executivo e judicial;
 Liberdade e igualdade de direitos;
 O poder pertence ao povo;
 Os representantes do povo devem ser escolhidos em eleições livres;
 Qualquer cidadão tem direito à propriedade.
A Revolução Americana consagrou a liberdade individual e os direitos de cada um produzir e
comercializar livremente. Destruiu as estruturas do período de transição como a renda feudal, a
primogenitura, isto é; o direito de herança só para o primeiro filho. Assim esta revolução foi uma
revolução liberal.
O sistema político americano tinha como principais órgãos de poder:
Congresso – formado pelo senado e pela câmara dos representantes. Detinha o poder legislativo
e com as seguintes funções: fixar impostos; regulamentar a política comercial e alfandegária;
declara a guerra; etc
Presidente – tem o poder executivo, e com as seguintes funções: nomear os ministros; comandar
as forças armadas; dirigir a administração central e os negócios estrangeiros; etc.
Supremo Tribunal – controla o poder judicial e a sua principal função é zelar pelo cumprimento
da Constituição.

Importância da Revolução Americana


A revolução americana teve grande alcance, muito além dos Estados Americanos:
Serviu de exemplo para outras colónias americanas – outras colónias, principalmente da América
Central e do Sul, começaram a perceber que também podiam libertar-se e começaram a
organizar-se para lutar pelas suas independências;
Deu início a uma onda revolucionária – tendo atingido o ponto mais alto com a Revolução
Francesa.
Provocou grande entusiasmo na Europa – os acontecimentos da América chegaram à Europa
através de diversas formas, como: propaganda dos diplomatas americanos na Europa; soldados
que participaram na luta pela independência da América do Norte; publicações como jornais,
revistas, etc. e lojas maçónicos.
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A Revolução Francesa (1789-1795)


Nas vésperas da revolução, a população Francesa vivia dividida em três Estados: Clero, Nobreza
e Terceiro Estado (povo).
O Clero (Primeiro Estado) e a Nobreza (Segundo Estado) representavam 2% da população, eram
mais privilegiados, encontrando-se isentos de quase todos os impostos e ocupavam
exclusivamente os lugares públicos.
A nobreza exercia todas as funções do governo e ocupava todos os postos do comando do
exército.
O Terceiro Estado (povo) era muito injustiçado e representava 98% da população, constituídos
pelos artesãos, operários, burgueses e trabalhadores rurais.

Causas da revolução Francesa


Nível económico
Baixas colheitas na agricultura, que provocaram a subida de preços e encarecimento do pão; do
outro lado, a boa produção de certos produtos provocava uma baixa de preços; queda da
produção de gado devido à falta de forragens e às doenças surgidas nos animais.
Na indústria registou-se uma subida de desemprego devido a falência das indústrias têxteis.
Incompatibilidade de padrões sócias com o advento do capitalismo;
O feudalismo e a monarquia absoluta paralisavam todo o progresso nacional, provocando o
descontentamento dos camponeses, das camadas urbanas exploradas e da burguesia.
Nível social
Regista-se uma crise social: no campo- os camponeses recusam-se a pagar rendas aos senhores
feudais, pilham celeiros e atacam os carregamentos de cereais, nas cidades- assiste-se ao
descontentamento dos operários devido aos baixos salários e aumento do desemprego.
Nível ideológico e político
Exclusão no exercício do poder da burguesia economicamente rica;
Os encargos feudais que recaíam sobre os povoados e a opressão que o campesinato sofria
impediam a introdução de uma nova economia rural de tendência capitalista,
Existência de uma classe burguesa inconformada com o regime político vigente;
O Terceiro Estado, influenciado pelas ideias iluministas sobre a liberdade e igualdade dos
homens, clamava por uma ordem económica, social e política mais justa e exigia o fim da
monarquia absoluta, limitando os direitos do rei e a supressão dos privilégios da nobreza e do
clero.

O início da Revolução Francesa


A convocação dos Estados Gerais e a tomada da Bastilha
Em 1789, a França atravessa grandes dificuldades financeiras e o rei Luís XVI não conseguia
solucionar a crise económica que se tinha instalado no país, tendo decidido cobrar impostos aos
grupos privilegiados, mas estes não concordaram.
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Para o lançamento deste imposto convocou os Estados Gerais (Assembleia dos representantes
das três ordens sociais: clero, nobreza e Terceiro Estado) que não se reuniam desde 1614.
A Assembleia dos Estados Gerais reuniu-se em Versalhes a partir do dia 05 de Maio de 1789.
Em vez de discutir o desejo do rei de aprovar medidas para resolver a situação financeira da
nação, cada ordem aproveitou a ocasião para apresentar as suas queixas, principalmente o
terceiro Estado. Cada ordem, esperava importantes soluções: O clero e a Nobreza queriam a
manutenção ou mesmo o reforço dos seus privilégios, enquanto o Terceiro Estado exigia o
pagamento de impostos pelas ordens mais privilegiadas, a regularidade da convocação dos
Estados Gerais, a igualdade entre as ordens e o fim do absolutismo do rei.
Os representantes dos três Estados, entraram em divergências no que dizia respeito a forma de
orientar as sessões e votação. O clero e a nobreza defendiam a realização de sessões em separado
e que o voto fosse por ordem, pois trazia muitas vantagens para as duas ordens e no processo de
votação sairiam sempre a ganhar pela maioria. O Terceiro Estado exigia a votação por cabeça
(cada deputado um voto).
O Terceiro Estado, representante da maioria, vendo que não havia consenso, separaram-se e
declararam os Estados Gerais em Assembleia Nacional (órgão supremo com poderes
legislativos). A aprovação de uma constituição significava na prática o fim da monarquia
absoluta. O rei Luís XVI, considerando que foi usurpado o poder ameaçou dissolver a
Assembleia e ordenou o seu exército cercar Paris.
O povo de Paris, dirigido por alguns burgueses e apoiado por militares, em 14 de Julho de 1789,
assaltou a fortaleza-prisão da Bastilha símbolo do poder absoluto, onde estavam detidos os que
opunham ao regime e libertou os presos.
A tomada da Bastilha significou o fim da monarquia absoluta e o início da Revolução Francesa.

As etapas da Revolução Francesa.


A Revolução Francesa conheceu quatro etapas importantes, a saber:
1ªEtapa: da Monarquia Constitucional ao fim do Antigo Regime (Julho de 1789- Agosto de
1792)
Esta fase também é conhecida de fase da Assembleia Nacional, porque durante a maior parte
deste período, o país esteve nas mãos da Assembleia Nacional, dominada pelos líderes do
Terceiro Estado. Houve pouca violência tanto em Paris como em Versalhes, tendo -se tomado as
seguintes medidas:
 Abolição dos direitos feudais;
 Aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão inspirou-se nos princípios iluministas e na
declaração dos direitos dos vários estados americanos. Proclamou-se que “os homens nascem e
permanecem livres e iguais em direitos” como liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
Reconheceu-se que a autoridade dos governos reside na nação e que a sua finalidade é a
salvaguarda dos direitos humanos.
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 Rejeitou o absolutismo e a intolerância religiosa, Nacionalização dos bens do clero e


da Nobreza, O pagamento de impostos por todos, Aprovação da Constituição de
1971, que defendia a separação de poderes: legislativos, judicial e executivo;
Publicação dos direitos do Homem e do Cidadão, Estabelecimento de uma Monarquia
Constitucional, Estabelecimento da liberdade de expressão, Igualdade de direitos de
todos os cidadãos perante a lei.
A constituição de 1791 não assegurava a plena igualdade política a todos os cidadãos porque
apenas os cidadãos activos e os que pagavam uma determinada quantia de impostos tinham
direito de voto.
2ª Etapa: a Convenção: (1792-1795) – a República Francesa
Em 1792, o rei foi preso e a Assembleia Legislativa deu lugar a Convenção (Assembleia eleita
por todos os cidadãos), tendo abolido a monarquia e proclamada a República. A Convenção era o
órgão máximo de toda a Franca durante a República. Em 22 de Setembro de 1792, começou o
ano I da República.
Na convenção estavam representadas várias tendências políticas, entre as quais os Girondinos
(burgueses moderados) e os Jacobinos (burgueses radicais).
O primeiro governo foi dos Girondinos, onde se destacaram Brissot, Vergniand e Roland tendo
perdido a confiança devido aos vários insucessos militares. Foram substituídos pelo governo dos
Jacobinos, onde se destacaram Robespierre, Danton e Marat. Estes procuravam defender a
revolução a todo o custo, tendo instalado um governo de terror. Milhares de franceses acusados
de actividades contra a revolução foram mortos na guilhotina, que a arma mais usada neste
período para silenciar o povo. Foi o período mais sangrento da Revolução, caracterizada pela
repressão social, violentas perseguições e execuções em massa.
Os deputados jacobinos tinham apoio da força popular da Comuna de Paris e defendiam a acção
revolucionária violenta mais organizada. Em 1793, a Convenção promulgou também uma nova
Constituição, a Constituição do ano II da República, que veio a substituir a de 1791.
A Constituição de 1793 era mais democrática, pois:
 Instaurou o sufrágio universal e o referendo; Proclamou a liberdade do povo e a sua
autodeterminação; Reconheceu e assumiu como responsabilidade do Estado os primeiros
direitos sociais dos trabalhadores, como o direito ao trabalho e à assistência;
O governo dos Jacobinos, acabou sendo vítima dos seus excessos. Robespierre mandou executar
todos os que que atreviam a criticá-lo, entre eles Danton. Robespierre foi afastado do poder por
uma conjura da Convenção e o considerou fora da lei.
3ª Etapa: do Directório à queda do Império Napoleónico (1795-1799)
Os Girondinos voltaram a assumir o poder e prepararam uma nova Constituição com o objectivo
de estabilizar a vida dos franceses. Em Agosto, a Convenção aprovou a nova Constituição do ano
III da República, destinada a estabelecer a ordem e concórdia da burguesia, dando origem a
uma nova etapa da Revolução Francesa, conhecida por Directório.
A nova Constituição estabelecia que o poder legislativo passava a pertencer a duas Assembleias,
enquanto o executivo pertencia a um Directório. O Governo prometia fazer reinar a concórdia e
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restabelecer a paz civil. Contudo, nos anos do Directório, a Franca continuou com guerras na
Europa e a crise financeira agravou-se e as diferenças sociais eram bem visíveis. O exército
passou a ser visto como a única instituição capaz de repor a ordem no país. Foi neste contexto
que Napoleão Bonaparte, um general prestigiado e ainda jovem, foi convidado a assumir o
poder, em 1799, contando com apoio da alta burguesia.

O Consulado e a acção de Napoleão Bonaparte


A 9 de Agosto de 1799, através de um golpe de Estado, Napoleão derrubou o Directório e
instaurou o regime de Consulado, em que o regime executivo cabia a três cônsules encarregados
de procederem à reforma da Constituição vigente.
Em 1799, após o regresso de uma expedição no Egipto, Napoleão autoproclamou-se primeiro
cônsul e, três anos depois (1802), foi eleito cônsul vitalício. Em 1804, coroou-se imperador da
França.
Com a vista a estabilizar a Revolução e a consolidar as conquistas burguesas Napoleão pautou
pela centralização administrativa e judicial, pela recuperação financeira e pela reconciliação
nacional.
Durante 15 anos que esteve no poder, Napoleão contribuiu para a modernização da França,
através de medidas como:
 Reorganização da administração pública; Publicação do Código Civil (1804), que
estabeleceu o direito à propriedade privada e a igualdade perante a lei; Construção de
obras públicas, como estradas e melhoramento de cidades; Reforma do ensino; Fundação
do Banco de França (1800).

Incapaz de vencer militarmente a Inglaterra, Napoleão decretou em 1806, o bloqueio continental,


proibindo todos os países europeus de comercializar com a Inglaterra.
A partir de 1812, inicia-se a decadência do império napoleónico, devido ao fracasso da invasão
da Rússia. Em 1813, uma força europeia conjunta (Rússia, Prússia, Inglaterra e Áustria), entrou
em Paris e obrigou Napoleão a render-se. Ficou preso e enviado para exílio na ilha de Elba,
donde viria a fugir em 1814, retomando ao poder durante 100 dias, sendo finalmente derrotado
na batalha de Waterloo e enviado novamente para exílio na ilha de Santa Helena, onde acabou
morrendo a 5 de Maio de 1821.
Após a derrota de Napoleão, os imperadores, reis e delegados da maior parte dos estados
europeus reuniram-se no Congresso de Viena (1814-1815) tendo como principais objectivos:
restaurar as monarquias absolutas que haviam sido derrubadas por Napoleão e definir um novo
mapa político da Europa.

Importância da Revolução Francesa


A Revolução Francesa representou um marco decisivo na História da Humanidade. Fez triunfar
as ideias de carácter universal, como a liberdade, a igualdade e a soberania da nação. A defesa e

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concretização destes princípios provocaram uma série de transformações no campo político, da


sociedade e da economia:
 Soberania da nação, expressa através do voto; Separação dos poderes legislativos,
executivo e judicial; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; Fim das
sociedades de ordens e estabelecimento da sociedade de classes; A burguesia tornou-se o
grupo social dominante; Alterações na economia- liberdade de comércio e reduzido
controlo do Estado; Abolição dos privilégios feudais; Nacionalização dos bens do clero;
Desenvolvimento do capitalismo industrial e financeiro;
Pôs fim ao Antigo Regime. Os soldados de Napoleão espalharam por toda a Europa os
ideais da Revolução Francesa. Esta serviu de modelo a seguir por todas as outras nações,
influenciando as revoluções liberais da europa contra os regimes absolutistas como os
movimentos de independência da América.

O Capitalismo Industrial e o Movimento Operário


A Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo industrial
A partir de meados do século XVIII, a Europa Ocidental passou por um processo de
transformações económicas que tiveram impacto na estrutura social, marcando o estabelecimento
do sistema capitalista como modo de produção dominante, através da Revolução Industrial.
A aplicação da máquina a vapor na indústria e nos transportes marca o início da Revolução
Industrial.

Factores da eclosão da Revolução Industrial na Inglaterra


Não houve uma única causa ou factor que fez com que a Inglaterra fosse o país pioneiro da
Revolução Industrial. A industrialização foi resultado de uma série de factores que, uma vez
inter-relacionados, permitiram que este pais fosse o primeiro a iniciar a revolução Industrial, e
pelo facto de ter criado condições básicas para o efeito, dentre os factores, destacamos:
 Regime político- parlamentarismo, Acumulação de capitais e alargamento de mercados,
Mão-de-obra numerosa, proveniente dos campos devido ao aumento da população
(revolução demográfica), bem como escravos, Abundância de matérias-primas, como
ferro, carvão, algodão, bem como revolução agrícola. Vasta rede de comunicações
Inicialmente, o capitalismo fundamentava-se na propriedade privada dos meios de produção, e
que era dirigida pela burguesia que tinha total liberdade económica, para produzir, comprar,
vender, investir, fazer circular as riquezas produzidae e fixar salários.
A produção industrial era realizada em pequenas fábricas, onde havia divisão do trabalho, uso da
máquina a vapor e trabalhadores assalariados. Produzia-se em larga escala para ter mais lucros e
havia livre concorrência.
NOTA:
Revolução agrícola: profundas transformações no domínio da agricultura, nomeadamente ao
nível da aplicação de novas técnicas de cultivo, novas culturas, equilíbrio agro-pecuário.

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Revolução Demográfica: profunda transformação demográfica de determinada sociedade que se


traduz num aumento significativo da população.
Revolução Industrial: Conjunto de transformações ocorridas na actividade industrial, agrícola,
comercial, transporte, comunicações e banca, tornando-se capitalistas.

As invenções técnicas na primeira e na segunda fase da Revolução Industrial e as novas


fontes de energia
A primeira fase da Revolução Industrial e as invenções técnicas
A primeira fase da Revolução Industrial, é considerada a época da revolução mecânica. O motor
da revolução industrial é o aparecimento da máquina a vapor de James Watt, quando o Homem
conseguiu produzir energia artificialmente, transformando o calor em força mecânica.
As novas máquinas inventadas contribuiram em grande escala para a industira têxtil,
especialmente no sector algodoeiro, dai que se diz que a indústria têxtil constitui o primeiro de
sector de arranque e seguiu a metalúrgica. A utilização da força do vapor deu um incremento
decisivo à produção metalúrgica: o ferro e o aço tornaram-se indispensáveis para o fabrico de
todo tipo de máquinas e instrumentos.
A imprtância da máquina a vapor para a Revolução Industrial foi o facto de ter permitido o início
do processo de maquinofactura, que passou a ser utilizado em todos os sectores de produção.

A segunda fase da Revolução Industrial e as novas fontes de energia (1869-1900)


A segunda fase da Revolução Industrial desenvolveu-se simultaneamente em vários países,
principalmente nos EUA e na Alemanha. Nesta fase, o petróleo e a electrecidade, constituiram
novas fontes de energia. Nesta fase, também juntou-se o gás natural como fonte de energia.
Aliados as novas fontes de energia, está o desenvolvimento a partir de 1870, de diversas
indústrias, como por exemplo, as indústrias química e siderúrgica. Também apareceram as
indústrias dos explosivos, medicamentos,insecticidas, adubos, detergentes,etc. Como resultado
da indústria quimica.
A indústria quimica libertou o homem da dependência exclusiva de produtos frescos, melhorou a
conservação dos produtos bem como o seu transporte em boas condições entre várias regiões.
A segunda fase, também é marcada pela concorrência de novas potências indústriais, como os
EUA, Alemanha e outras, que rapidamente ocuparam lugares importantes com maior
especialização. A máquina passou então a subistituir cada vez mais o trabalho manual.

O impacto da Revolução Industrial


a) A nível económico
Aumento da produção, expansão do comércio nacional e internacional, o trabalho manual cedeu
à maquinofactura, o artesanato à produção em série, o capitalismo passou a ser o principal eixo
económico.
b) A nível político
Formou-se uma sociedade burguesa detentora do poder económico e político da sociedade.
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Triunfou a democracia burguesa, passando os cidadãos a ter direito de participar na vida política,
através do voto e formação de partidos políticos.
c) A nível social
Crescimento demográfico, caracterizado pelo recuo da mortalidade e rejuvenescimento da
população, que passou a ter uma esperança de vida mais prolongada. Isto tudo fruto da melhoria
dos meios de transporte e comunicação, da melhoria da condições de higiene e da dieta
alimentar, dos progressos na medicina, etc.
A população afluía às fábricas, às minas, aos centros de produção de petróleo ou de electricidade,
locais em redor dos quais, mais tarde, viriam a nascer novas cidades.

d) A nível ambiental
Alterou-se a paisagem natural com a instalação de inúmeras fábricas no campo e a consequente
poluição ambiental (poluição das águas, do ar, do solo, etc.).

e) A nível cultural
Como consequência da elevada densidade populacional nas zonas urbanas, começou a ahaver
escassez de emprego, o que fez aumentar a emigração para outros continentes. Estas
movimentações provocaram a miscigenação de culturas, a aculturação e a perda da identidade
cultural de diferentes povos, bem como o desaparecimento de algumas culturas.

As condições de vida e de trabalho dos operários


Depois do surgimento da revolução industrial, as condições de vida e de trabalho dos operários
não eram das melhores.
No seu local de trabalho, o operário defrontava-se com um ambiente inóspito, como frio no
inverno, calor no verão, má iluminação, falta de arejamento, barulho ensurdecedor, falta de
horário de trabalho, sem feriados, férias, descanso dominical, etc. O que contribuiu para o
surgimento de várias doenças como tuberculose, alergias, asma, raquitismo e várias outras
doenças.
Os salários dos operários eram baixos, o que os manteve no limiar ou abaixo do mínimo de
sobrevivência. Com estes baixos salários dificilmente conseguiam equilibrar os orçamentos face
à subida constante de vida.
A necessidade de sobreviver à miséria, levou as famílias operárias a recorrerem ao trabalho de
todos os seus membros capazes. Generalizou-se, por isso, o emprego das mulheres e das
crianças, onde o seu trabalho era pago com salário muito inferior ao de um homem, o que fez
com que os patrões preferissem empregar mulheres e crianças para diminuir os custos de
produção.
As más condições de vida e de trabalho alteraram substancialmente os hábitos e costumes dos
operários. Assistiu-se a degradação das relações familiares, a proliferação de vários vícios, como
o alcoolismo, e a prostituição, a vagabundagem e a mendicidade tornaram-se igualmente
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frequentes. As duras condições de vida e a violência do meio conduziram muitas vezes a


criminalidade.

As contradições fundamentais entre a classe operária e a burguesia


Na fase da revolução industrial, existia um grande contraste socioeconómico entre a burguesia e
o operariado, a burguesia vivia confortavelmente e enriquecia cada vez mais e por sua vez, os
operários viviam em situações cada vez mais miseráveis. O operariado estava convicto da
desigualdade e, por isso, cedo manifestou o seu descontentamento. Este descontentamento
manifestou-se pela revolta, greves, embora inicialmente de uma forma desorganizada.
A falta de uma boa organização levou ao fracasso destas lutas e a sua severa repressão e por isso
estes movimentos foram-se organizando gradualmente.

Exigências e conquistas do movimento sindical


- Proibição do trabalho infantil,
- Regulamentação do trabalho da mulher, (licença de parto, etc.)
- Redução do horário de trabalho,
- Melhoria e regulamentação das tabelas salariais,
- Direito a negociação de contratos colectivos de trabalho,
- Regulamentação do direito a greve,
- Nascimento do sistema de segurança social, etc.
O aparecimento das teorias socialistas
A situação socioeconómico que opunha a burguesia e o operariado cedo preocupou um grupo de
teóricos que criticavam o sistema capitalista. Estes teóricos foram os primeiros socialistas e
defendiam uma sociedade mais justa e livre da “exploração do Homem pelo Homem”, onde
todos pudessem partilhar entre si, de forma equitativa, as riquezas produzidas.
Assim, nasceram as ideias e doutrinas socialistas, nomeadamente o socialismo utópico e o
socialismo científico.

Socialismo utópico
O socialismo utópico teve como defensores Robert Owen, Saint-Simon, Charles Fourier e Pierre-
Joseph Proudhon. Socialismo utópico foi uma corrente de pensamento que se desenvolveu na
primeira metade do século XIX, de crítica ao regime vigente e que propunha soluções
consideradas irrealizáveis, para minimizar o sofrimento das populações. As ideias apresentadas
pelos utópicos não continham os mecanismos necessários para a eliminação dos males da
sociedade capitalista que recaiam sobre os operários.
Charles Fourier por exemplo: defendia que “para que o trabalho fosse menos fatigante e mais
atraente, o operário teria que mudar de ocupação várias vezes por dia ”, ou seja, fazendo outros
tipos de serviços. Dizia também que “os lucros da empresa deviam ser repartidos por todos”.

Socialismo científico
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Foi nos meados do século XIX que o socialismo encontrou os seus verdadeiros teorizadores, os
alemães Karl Marx e Friedrich Engels, que fundaram o socialismo científico.
Marx foi o principal teorizador deste socialismo, tendo fornecido uma base científica, definindo-
lhe os meios de luta. Nasceu como uma tentativa de resolver os problemas dos trabalhadores,
uma vez que o socialismo utópico não o tinha conseguido, limitando se a prometer, sem chegar a
entrar em acção.
Os ideais de Marx acabariam por convencer as massas de trabalhadores de todo o mundo, tendo
estado na base de profundas alterações politica e sociais em vários países, já no século XX.
Marx escreveu “ Quem alguma vez experimentou a liberdade aconselhará os outros a lutarem por
ela…”. Dava assim a entender que a liberdade não podia conquistar-se senão pela luta das
massas populares. Defendia a ideia de suprimir a propriedade privada por meio da revolução e de
avançar para o comunismo. Também defendia que o fim da exploração dos trabalhadores só seria
possível através de uma revolução em que os trabalhadores tomassem o poder e instaurassem
uma ditadura do prolectariado. Para Marx dizia que para que cessasse a exploração de Homem
pelo Homem era preciso proceder ao aniquilamento da propriedade privada dos meios de
produção e fazer deles uma propriedade colectiva.

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