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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Socioeconômico
Departamento de Economia e Relações Internacionais
Economia Brasileira Contemporânea

15 Anos do Real

O documentário basicamente mostra, através de entrevistas com ex-ministros e ex-


presidentes, filmagens da época e economistas, como o Brasil foi laboratório de planos
econômicos (em sua maioria fracassados) e com isso adquiriu um acumulado de trilhões
percentuais de inflação e o recorde mundial de imposto indireto e concentração de renda.
O começo desse mergulho trilionário no abismo da inflação foi com o Cruzeiro. Nos
governos militares, a indexação e as correções monetárias faziam com que alguns setores da
economia convivessem com a inflação. Porém no primeiro governo democrático a inflação foi de
100% ao ano para 80% ao mês e talvez as pessoas não tenham sentido essa dor por causa da
correção monetária que anestesiava a população, funcionando como uma morfina.
Os planos de estabilização dessa época eram como remédios errados e nunca iam curar a
economia, tudo isso porque o diagnóstico não era correto. Prova disso é que nas vésperas de
lançar o Plano Cruzado, alguém disse para o presidente Sarney que o plano era arriscado e ele
respondeu que a economia já estava ruim, o que nos leva a crer que Sarney tomou essa decisão
por ser a última saída. Nas palavras do FHC, o Plano Cruzado foi a primeira tentativa mais
organizada de combater a inflação e no começo deu certo, mas tinham alguns componentes
complicados.
Nesse plano, o controle de preços era pra ser um acessório e acabou tornando-se o
principal. Com esse congelamento, a inflação foi derrubada e houve adesão total ao plano. Tinha
um consumo muito acelerado por causa do ganho de poder aquisitivo. Começou não ter
produção suficiente e tiveram que importar. Não tinha abastecimento e a população começou a
comprar até carne clandestinamente.
Depois de 3 ou 4 semanas, precisaram começar o descongelamento de preços. Caiu como
uma bomba no planalto. Era época de eleição e o PMDB, partido do Sarney, dominava a política.
Não deixaram fazer os ajustes necessários no plano. Elegeram 22 governadores do PMDB e
decidiram por colocar outro plano em prática. Dois planos brigaram. Um deles não tinha muita
intervenção do estado e o outro tinha mais. Ganhou o que tinha mais.
Todos reajustaram seus preços em 100%, o que levou aumento geral de preços, que foi
considerado um desrespeito ao congelamento. Esse acontecimento levou a uma reação popular
de insatisfação que nunca tinha sido vista. Ônibus foram queimados, manifestações foram feitas
e até tanque das forças armadas foi chamado para conter a população.
“Se o plano cruzado teve problemas, foi porque o presidente não teve apoio político”.
Fizeram de tudo para o presidente não ter estabilidade. Sem esse apoio político não tiveram
como fazer os ajustes que precisava. Brasil quebrou no cenário externo, ficou sem doláres. Teve
que pedir moratória. Não foi decisão política, mas Sarney fez um discurso para tornar político, o
que acabou significando calote. Brasil ficou fora do mercado, em situação ruim.
Com isso Sarney começou uma guerra contra a alta de preços, convocando assim seu
próprio exército, os Fiscais do Sarney. A guerra foi perdida por falta de munição.
Um novo plano seria formulado, o Plano Bresser, porém Bresser não teve apoio político
para fazer o ajuste fiscal para preparar o novo plano. Sarney dizia que “esse negócio de plano era
bobagem, vamos fazer o feijão com arroz”. Em seguida, viu que feijão com arroz não dava certo
e fez o plano verão.
O Plano Verão cortava 3 zeros e mudava a moeda para Cruzado Novo. Tentava controlar
o déficit público, privatizava estatais e estabelecia novo congelamento de preços. Tentava a
desindexação da economia, porém sem nenhuma condição fiscal.
Após esse plano, deu-se início o governo Collor. Collor durante as eleições dizia que só
tinha um tiro e tinha que acertar pra liquidar a inflação e acusava que se o Lula ganhasse, ia
pegar o dinheiro do povo. Porém quando ele iniciou o governo, confiscou todos os ativos do país
e deixa todo mundo com 50k cruzeiros. O confisco foi de cerca 80% dos depósitos bancários e
aplicações.
Collor fez com que voltasse o cruzeiro como moeda, congelou preços, tentou acabar com
a indexação, demitiu funcionários, privatizou estatais, fechou órgãos públicos e começou a abrir
a economia para a competição internacional. Um caos foi gerado por causa do confisco das
contas bancárias, muita gente entrou em depressão ou cometeu suicídio. Esse radicalismo acabou
danificando a economia brasileira
Com isso mudou ministro e volta pra política arroz e feijão. Inflação 20% ao mês.
Acordo com FMI foi concretizado e a ideia era continuar ajuste fiscal e fazer enorme aperto
monetário - aumento da taxa de juros.
Com o impeachment de Collor, o vice Itamar Franco assume. Ele não sabia nada sobre
inflação, então nomeava um ministro e se ele não resolvesse, demitia. Nessa época o déficit
público era mascarado pela inflação. 93 e 94 foram anos bons de crescimento econômico apesar
da inflação. Crescimento pra quem? Pro empresário, porque o povo tava sofrendo. O salário
mínimo era 4mi cruzeiros, esses 4mi tinham poder de compra equivalente a 65URV, ou seja,
pouco.
Itamar implanta em março de 1994 o plano Real formulado por Fernando Henrique
Cardoso novo ministro da fazenda , convidado após três sucessivas nomeações de insucesso para
solução dos problemas econômicos, decorrido da crise política e dos constantes testes
econômicos, obviamente, fracassados. Resumidamente as medidas do plano real foram as
seguintes : mudar a moeda para Real; fixa a taxa de câmbio na paridade de 1,00 RS para 1,00
US; acelerar as privatizações ; eleva os juros ; facilita as importações ; prever o controle dos
gastos públicos; mantém o processo de abertura econômica ; busca medidas de apoio a
modernização das empresas.
Diante de uma violenta crise econômica que se arrastava desde a década de 80, o Plano
Real, procura a estabilidade econômica por meio uma transição na moeda brasileira, primeira,
chamada Cruzeiro Real e a ideia da URV ( Unidade Real de Valor), em seguida implantada a
nova e atual moeda, em julho de 2004, o REAL. A estabilidade econômica veio através de
elevados juros que atraíam o capital estrangeiro e retraia o consumo, controlando a
desvalorização da moeda e a inflação, aliado ao forte incentivo à exportação.
O Plano Real, ao contrário de todos os demais, conseguiu controlar a inflação e
estabilizar a economia do país, além de proporcionar um aumento da produtividade industrial,
principalmente nos primeiros anos. Com este plano também houve um crescimento no
investimento externo, uma elevação da arrecadação pública, aumento do salário real, bem como
proporcionou um cenário para o ajuste fiscal. No entanto a dívida externa total, Dívida
Mobiliária e Dívida Líquida do Setor Público cresceram profundamente neste momento. Outro
aspecto negativo do Real é o crescimento do desemprego nas regiões metropolitanas e elevação
da carga tributária bruta.
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