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RESUMO
A tese de doutorado em andamento tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento do novo
método brasileiro de dimensionamento de pavimentos asfálticos por meio da investigação da deformação
permanente em todas as camadas e no subleito. Para tanto, será avaliado o comportamento de misturas asfálticas
em laboratório a partir do ensaio triaxial de carga repetida com confinamento e do creep dinâmico, e serão
também executadas e monitoradas pistas experimentais a partir de ensaios acelerados e instrumentação para
avaliar os deslocamentos que ocorrem em todas as camadas do pavimento e no subleito. Para as camadas
granulares, serão adotadas as soluções tipicamente utilizadas no Ceará e para o revestimento, misturas asfálticas
(i) com diferentes granulometrias e (ii) com ligantes modificados com diferentes tipos de polímeros. A partir da
base de dados gerada espera-se desenvolver modelos de desempenho de pavimentos asfálticos para a região, em
termos de deformação permanente.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A experiência adquirida pelos órgãos rodoviários no uso de métodos empíricos de
dimensionamento de pavimentos e a simplicidade dos mesmos faz com que estes permaneçam
em uso desde 1966 no Brasil, sem transformações significativas. Isso ocorre a despeito do
surgimento de novos materiais de pavimentação e correspondentes métodos de caracterização,
e do crescimento na magnitude das cargas e no volume do tráfego. No entanto, a deterioração
prematura dos pavimentos exigiu o desenvolvimento de um novo método brasileiro de
dimensionamento mecanístico-empírico de pavimentos asfálticos que encontra-se em
elaboração para ser lançado em 2016.
Nos últimos anos, a ocorrência prematura e/ou excessiva da deformação permanente nos
pavimentos asfálticos tem sido motivo de preocupação entre técnicos e pesquisadores
brasileiros da área de pavimentação. Dentre os diversos tipos de defeitos a que um pavimento
está sujeito, a deformação permanente em trilha de roda da camada de rolamento é um dos
mais importantes. Esse tipo de defeito além de propiciar uma degradação acelerada da
estrutura do pavimento, reduz consideravelmente o conforto ao rolamento, a segurança do
usuário, e aumenta os custos operacionais.
Em laboratório, o Flow Number obtido através do ensaio uniaxial de carga repetida pode não
ser o parâmetro mais adequado podendo variar com, por exemplo, o confinamento do corpo
de prova. Dessa forma, este trabalho utilizará o TSS comparando-o com o creep dinâmico
sem confinamento, objetivando determinar qual desses ensaios melhor se aproxima das
condições encontradas em campo.
Para tanto, o trabalho experimental foi dividido em quatro etapas. Na primeira etapa, serão
coletados solos, agregados e ligantes para ser aplicado na área piloto de estudo; esses
materiais serão caracterizados em laboratório, para serem aplicados em camadas dos
pavimentos; em seguida será realizada a dosagem da mistura asfáltica de controle e de dois
outros grupos de misturas. No primeiro grupo haverá misturas com variações da composição
granulométrica a fim de verificar a influência dessa variação na resistência à deformação
permanente das misturas (para proporcionar uma maior resistência à deformação permanente,
especialmente na fase de compactação da mistura optou-se por utilizar a metodologia Bailey
para gerar uma curva granulométrica com maior intertravamento entre os agregados). O
segundo grupo conterá misturas dosadas com a mesma granulometria e percentual de ligante,
porém com ligantes modificados com diferentes tipos de polímero. Esse grupo tem o intuito
de verificar a influência da modificação dos ligantes na resistência à deformação permanente
das misturas asfálticas (metodologia Superpave); em seguida essas misturas serão avaliadas
quanto à deformação permanente a partir do ensaio TSS (Choi, 2013) e do creep dinâmico
sem confinamento (Witczak et al., 2002).
Na segunda etapa, um trecho experimental já construído será utilizado para testar o simulador
de grande porte e a instrumentação de campo. Essa etapa terá a função de validação,
realização de testes e operação do RSGP e da instrumentação de campo. Na terceira etapa, os
trechos serão construídos com os materiais caracterizados em laboratório, para posterior
monitoramento. Serão determinados os módulos de elasticidade efetivos in situ das camadas,
utilizando-se o GeoGauge (ASTM D6758/08) e serão realizadas leituras de bacias de
deflexões de superfície, utilizando-se o Falling Weight Deflectometer - FWD (DNER-PRO
273/96). Na quarta etapa, serão realizadas medições de afundamentos em trilha de roda com a
treliça metálica (DNIT-PRO 006/03) e avaliação da condição de superfície. Em seguida será
realizada a interpretação dos dados obtidos pela instrumentação nas pistas experimentais
quanto a medição de umidades nas camadas granulares e no subleito, medição da temperatura
na camada asfáltica e dos deslocamentos que ocorrem na estrutura de todas as camadas do
pavimento e no subleito.
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