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ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS

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danos financeiros, administrativos ou comerciais, resultantes do uso incorreto das
informações contidas nesta publicação.
Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 5

1.1. Introdução ao tema ..................................................................................................................................... 5

1.2. Glossário ..................................................................................................................................................... 7

2. CONSUMO ............................................................................................................................................ 10

2.1. Introdução ................................................................................................................................................ 10

2.2. Conceitos de consumo ............................................................................................................................... 16

2.3. Impactos socioambientais do consumo ...................................................................................................... 22

2.4. Responsabilidades do cidadão-consumidor ................................................................................................ 24

2.5. Proposta de mudança de padrão de consumo ............................................................................................ 30

2.6. Certificação e rotulagem ambientais .......................................................................................................... 36

2.7. Maquiagem verde (Greenwashing) ............................................................................................................ 42

2.8. Dicas práticas para um consumo sustentável ............................................................................................. 47

3. ÁGUA E ENERGIA .............................................................................................................................. 54

3.1. Introdução: Universo da água .................................................................................................................... 54

3.2. Usos da água ............................................................................................................................................. 60

3.3. Dicas práticas para economia de água ....................................................................................................... 67

3.4. Técnicas de reaproveitamento e armazenamento da água ......................................................................... 74

3.5. Introdução: energia é tudo ........................................................................................................................ 76

3.6. Fontes de energia ...................................................................................................................................... 81

3.7. Dicas práticas para economia de energia ................................................................................................... 85

4. RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS .............................................................................................. 92

4.1. Introdução ................................................................................................................................................ 92

4.2. Resíduos sólidos no Brasil .......................................................................................................................... 97

4.3. Resíduos perigosos .................................................................................................................................. 105

4.4. Impactos dos resíduos ............................................................................................................................. 115

4.5. E o que o consumo tem a ver com isso? ................................................................................................... 119

4.6. Repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar (5Rs) ................................................................................ 123

4.7. Dicas práticas .......................................................................................................................................... 128


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 4

5. HABITAÇÕES SUSTENTÁVEIS..................................................................................................... 137

5.1. Introdução .............................................................................................................................................. 137

5.2. Impactos da construção ........................................................................................................................... 140

5.3. Ecovilas, permacultura e bioconstrução ................................................................................................... 142

5.4. Sustentabilidade na sua construção ......................................................................................................... 153

5.5. Gestão de resíduos de construção ........................................................................................................... 169

5.6. Cuidados ao adquirir um imóvel .............................................................................................................. 173

5.7. Materiais de limpeza ............................................................................................................................... 174

6. TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA ................................................................................. 175

6.1. Introdução .............................................................................................................................................. 175

6.2. Transporte sustentável ............................................................................................................................ 182

6.3. Meios de transporte não motorizados ..................................................................................................... 188

6.4. Casos bem-sucedidos .............................................................................................................................. 189

6.5. O que você pode fazer ............................................................................................................................. 194

7. OUTROS TEMAS PARA REFLEXÃO ............................................................................................ 196

7.1. Saúde ...................................................................................................................................................... 197

7.2. Alimentação ............................................................................................................................................ 200

7.3. Lazer ....................................................................................................................................................... 204

7.4. Ecoturismo .............................................................................................................................................. 207

7.5. Pegada Sustentável ................................................................................................................................. 211


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 5

1. INTRODUÇÃO

Este material contém os assuntos tratados no curso Estilos de vida


sustentáveis e pode ser utilizado como material de consulta e complemento.

Objetivo:
Incentivar a reflexão, discussão e ação interativas com informações e conceitos
sobre mudança em favor de estilos de vida sustentáveis.

Objetivos específicos:
 Apresentar alternativas que possam substituir os atuais padrões de consumo
insustentável.
 Apresentar os impactos negativos causados pelo atual padrão de consumo e
produção de bens.
 Indicar que é possível que você tenha outras práticas mais sustentáveis em
seu cotidiano.
 Promover o debate acerca do atual padrão de consumo e produção de bens.

Público-alvo:
Cidadãos-consumidores de ambos os sexos com faixa etária acima de 16 anos.

1.1. INTRODUÇÃO AO TEMA

Sustentabilidade tornou-se um princípio essencial a partir do crescimento da


população mundial e de uma economia fundamentada no sobre-consumo dos recursos
naturais. Uma vez que a vida de cada um depende da utilização desses recursos, é
hora de reunir práticas verdes, dicas ecológicas e modo de vida sustentável como
ferramentas que podem auxiliar na redução da pegada de carbono.
Segundo a ONU, até 2027, aproximadamente 85% da população mundial
habitarão as grandes cidades. É a demanda por produtos e serviços voltados a quem
vive nas cidades que resulta na devastação do meio ambiente, na poluição em todos
os níveis e na escassez de recursos naturais.
Adaptar as regras de sustentabilidade mais gerais a escolhas de estilo de vida
pessoal é um pequeno, mas importante passo na expansão de uma sociedade que
vive harmonicamente com a Terra.
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Existem muitos fatores que contribuem para o comportamento humano e as


escolhas que cada um de nós fazemos ao determinar como vivemos. Nosso estilo de
vida reflete como vemos o mundo, nós mesmos e nossos valores.
O estilo de vida representa o conjunto de ações cotidianas que reflete as atitudes
e valores das pessoas. Estes hábitos e ações conscientes estão associados à
percepção de qualidade de vida que o indivíduo traz consigo. Os componentes do
estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, mas isso só acontece se a pessoa
conscientemente enxergar algum valor em algum comportamento que deva incluir ou
excluir, além de perceber-se como capaz de realizar as mudanças pretendidas.
(Fonte: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/1002/1156)
Os estilos de vida nos ajudam a satisfazer nossas necessidades e aspirações e
funcionam como “diálogos sociais” através dos quais comunicamos para os outros
nossa posição na sociedade e as coisas que gostamos.
Entretanto, eles têm um enorme impacto no fluxo de bens e serviços na
sociedade e estão intimamente ligados à produção, aos padrões de consumo e à
extração de recursos em nossa sociedade.
(Fonte: Sustainable lifestyles: Today’s facts & tomorrow’s trends. Disponível em: http://www.sustainable-
lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-
4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf. Tradução: Kátia Cortez)
Os atuais estilos de vida e padrões de consumo são insustentáveis. Os níveis de
consumo têm crescido 6 vezes mais desde os anos 60. A população global dobrou,
enquanto as despesas por pessoa com consumo quase triplicou. Alimentação,
habitação, transporte e turismo são responsáveis por grande parte das pressões e
impactos causados pelo consumo na Europa, por exemplo.
O Estilo ou Modo de Vida Sustentável é a reunião de diversas escolhas de vida
que visam adaptar os modelos globais de sustentabilidade à escala da comunidade e
da família. É um estilo de vida que atenta para o uso individual e coletivo de recursos
naturais, para a redução da pegada de carbono, e busca uma melhor qualidade de
vida ao mesmo que tempo que contribui com a recuperação e preservação do meio
ambiente. Além de permitir às pessoas suprirem suas necessidades pessoais e
aspirações, sem privar as atuais e futuras gerações de fazerem o mesmo.
(Fonte: Estilo de vida sustentável (Fernanda Capdeville))
Suprir nossas necessidades individuais e desejos dentro dos limites dos recursos
disponíveis é o nosso desafio coletivo!
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 7

O estilo de vida sustentável está diretamente ligado com o desenvolvimento


sustentável, que contempla cinco pilares para a sustentabilidade:
 Social: fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto instrumentais, por
causa da perspectiva de rompimento social que paira de forma ameaçadora
sobre muitos lugares problemáticos do nosso planeta.
 Ambiental: com as suas duas dimensões (os sistemas de sustentação da vida
como provedores de recursos e como “recipientes” para a disposição de
resíduos).
 Territorial: relacionado à distribuição espacial dos recursos, das populações e
das atividades.
 Econômico: sendo a viabilidade econômica uma condição para que as coisas
aconteçam.
 Político: a governança democrática é um valor fundador e um instrumento
necessário para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferença.
Apesar de alguns verem o modo de vida sustentável como um passo para trás
tecnologicamente, a verdade é que muitos dos que praticam esse estilo de vida o
fazem por meio das mais avançadas tecnologias. Os estilos de vida sustentáveis
requerem uma grande mudança no comportamento individual e na colaboração entre
pessoas e comunidades. E, além disso, implicam na necessidade do desenvolvimento
de infraestruturas alternativas e soluções viáveis que respeitem as distintas realidades
socioculturais.
Na qualidade de cidadão, em casa e no trabalho, muitas das escolhas tomadas
em conformidade com o estilo de vida, relativas à habitação, à alimentação, ao
vestuário, à higiene, ao uso de energia, de água, ao transporte e ao tratamento de
resíduos, têm papel fundamental na mudança climática, na perda da diversidade e nas
desigualdades no mundo. Portanto, uma melhor compreensão dos estilos de vida
sustentáveis, bem como uma maior inovação no desenvolvimento de soluções
sustentáveis em diferentes partes do mundo são cruciais para se alcançar a
sustentabilidade.
(Fonte: Estilo de vida sustentável (Fernanda Capdeville))

1.2. GLOSSÁRIO
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Neste material existem alguns termos técnicos bastante específicos aos temas
tratados. Pensando nisso, apresentamos um breve glossário contendo esses
conceitos. Em caso de dúvidas, retorne ao glossário e consulte o termo desconhecido:

 Água cinzenta: se refere a qualquer água proveniente de processos


domésticos como lavar louça, roupa e tomar banho.
 Água negra: provinda dos vasos sanitários.
 Água pluvial: aquela que vem da chuva.
 Água virtual: aquela utilizada para produzir qualquer produto ou serviço, mas
que não é calculada formalmente nos custos e despesas de um processo
produtivo, e de compra e venda.
 Alimentos transgênicos: alimentos geneticamente modificados com o objetivo
de melhorar a qualidade e aumentar a produção e a resistência às pragas,
visando ao lucro.
 Aterro controlado: área de disposição final de resíduos sólidos que consiste
em uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Normalmente é
uma célula adjacente ao lixão que foi remediado, ou seja, recebeu cobertura de
argila, e grama e captação de chorume e gás.
 Aterro sanitário: área disposição final de resíduos sólidos que teve o terreno
preparado previamente com o nivelamento de terra sua impermeabilização.
Desta forma, os lençóis freáticos não serão contaminados pelo chorume.
 Coleta seletiva: termo utilizado para o recolhimento dos materiais que são
possíveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora.
 Combustíveis fósseis: são substâncias de origem mineral, formadas pelos
compostos de carbono e originadas pela decomposição de resíduos orgânicos.
 Compostagem: é o conjunto de técnicas aplicadas para controlar a
decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor
tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais, o
qual é usado como adubo.
 Consumo ético/responsável/consciente: aquele em que os consumidores
devem ter compromisso ético, consciência e responsabilidade quanto aos
impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem
causar em ecossistemas e outros grupos sociais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 9

 Consumo sustentável: essa proposta enfatiza tanto as inovações tecnológicas


e as mudanças nas escolhas individuais de consumo quanto as ações coletivas
e as mudanças políticas, econômicas e institucionais.
 Consumo verde: aquele e que o consumidor, além de buscar melhor qualidade
e preço, inclui em seu poder de escolha a variável ambiental, dando preferência
a produtos e serviços que não agridam o meio ambiente.
 Ecossaneamento: fundamenta-se na separação das diferentes formas de
águas residuárias nas suas origens e, através da reciclagem de água e de
nutrientes, promove a redução no consumo de água e energia em atividades de
saneamento.
 Energia eólica: energia produzida a partir da força dos eventos.
 Energia hidráulica: energia obtida a partir da energia potencial de uma massa
de água.
 Energia nuclear: energia liberada numa reação nuclear, ou seja, em processos
de transformação de núcleos atômicos.
 Energia termelétrica: obtida a partir da energia liberada por qualquer produto
que possa gerar calor.
 Estilo de vida sustentável: Reunião de diversas escolhas de vida que visam
adaptar os modelos globais de sustentabilidade à escala da comunidade e da
família.
 Estilo de vida: conjunto de ações cotidianas que reflete as atitudes e valores
das pessoas.
 Habitação sustentável: aquela em que a adequação ambiental, a viabilidade
econômica e a justiça social são incorporadas em todas as etapas do seu ciclo
de vida, ou seja, desde a fase de concepção, construção, uso a manutenção;
até em um processo de demolição.
 Hidrovias interiores: também chamadas de vias navegáveis interiores, se
referem aos rios, lagos ou lagoas nas quais a navegação pode ocorrer.
 Logística reversa: retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro
produtivo.
 Maquiagem verde (Greenwashing): prática realizada por algumas empresas,
que consiste em aparentar uma atitude socioambiental, mas sem realizar, de
fato, ações efetivamente úteis ao meio ambiente.
 Obsolescência programada: quando produtos são concebidos pela indústria
para se tornarem inutilizáveis num curto prazo de tempo.
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 Obsolescência: condição que ocorre a um produto ou serviços que deixa de


ser útil.
 Pegada ecológica: metodologia que busca examinar como a forma de vida das
pessoas deixa rastro e marcas no meio ambiente, estando diretamente ligada,
portanto, aos padrões de consumo dos indivíduos.
 Pegada hídrica: indicador do uso da água que analisa seu uso de forma direta
e indireta, tanto do consumidor quanto do produtor.
 Placas fotovoltaicas: dispositivos utilizados para converter a energia da luz do
Sol em energia elétrica.
 Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto
de atribuições que faz com que fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes e consumidores atuem tanto na redução da geração de resíduos
sólidos, do desperdício de materiais, da poluição e dos danos ambientais
quanto no estímulo ao desenvolvimento de mercados, produção e consumo de
produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis.
 Sociedade de consumo: expressão utilizada para se referir à sociedade
contemporânea.
 Sustentabilidade: capacidade de o ser humano suprir suas atuais
necessidades sem comprometer o futuro das próximas gerações.

2. CONSUMO

2.1. INTRODUÇÃO

O sistema industrial produz muitos e muitos bens de consumo, o que acaba


sendo considerado por muitas pessoas como um símbolo de sucesso das economias
modernas baseadas no capital, como a nossa.
Entretanto, essa enorme quantidade de bens de consumo começou a ser
criticada por aqueles que consideram o consumismo (valorização do “ter” ao invés do
“ser”) um dos principais problemas da nossa sociedade.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Os questionamentos acerca do consumo exigem que primeiro se saiba a
diferença entre o consumo e o consumismo:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 11

Consumo: atividade exercida pelo consumidor que consiste em consumir o


básico, de maneira consciente.
Consumismo: atividade exercida pelo consumista que consiste em consumir de
forma desenfreada ou desnecessária.
O problema não é consumo - visto que essa é uma atividade natural de ser
humano e indispensável na nossa sociedade –, mas sim o consumo em excesso,
desenfreado, sem consciência e dispensável para a nossa qualidade de vida.

Segundo relatório produzido pelo Worldwatch Institute em 2010, na última


década, a humanidade aumentou seu consumo de bens e serviços em 28%. Somente
em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de
refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares.

Além de excessivo, o consumo é desigual. Em 2006, os 65 países com maior


renda, que somam 16% da população mundial, foram responsáveis por 78% dos
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gastos em bens e serviços. Somente os americanos, representantes de apenas 5% da


população mundial, abocanharam uma fatia de 32% do consumo global.
Entretanto, a pior notícia é que nem mesmo um padrão de consumo médio,
equivalente ao de países como Tailândia ou Jordânia, seria suficiente para atender
igualmente todos os habitantes do planeta. A conclusão do relatório não deixa dúvidas:
sem uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade e não o consumismo, não
haverá esforços governamentais ou avanços tecnológicos capazes de salvar a
humanidade dos riscos ambientais e sociais.
(Fonte: http://www.agrosoft.org.br/agropag/214852.htm)
No que concerne à forma com que os brasileiros consomem, a revista Exame fez
uma previsão de como será o consumo no Brasil em 2020. Tal previsão foi realizada
com base numa pesquisa exclusiva da consultoria americana McKinsey,
complementada por dados da empresa de geomarketing Escopo. Vejamos seus
principais resultados.
O estudo indica que no intervalo de uma década, o mercado consumidor
brasileiro irá quase dobrar de tamanho: de 2,2 trilhões para 3,5 trilhões de reais, sendo
que esse valor abarca todos os gastos das famílias, que vão de moradia e escola ao
carrinho do supermercado.
Desse total, a McKinsey analisou o comportamento das 45 principais categorias
de produtos consumidos no país, que incluem cosméticos, comida congelada e
vestuário, os quais deverão movimentar 1,3 trilhões de reais no fim da década. Já a
Escopo projetou o consumo de itens como carros, eletrodomésticos e passagens
aéreas. Somadas, as 55 categorias representarão um mercado de quase 1,8 trilhões
de reais em 2020, ante 800 bilhões de hoje.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 13

Algumas projeções dão a noção do salto à frente: até o fim desta década, os
brasileiros deverão consumir tanto macarrão quanto os italianos; devemos ter o
terceiro maior mercado de carros do mundo; o consumo de cerveja, que era metade
do alemão em 2005, deverá ser três vezes maior; o valor das vendas de produtos para
cabelo, apenas na cidade de São Paulo, vai crescer o dobro do que na França. Assim,
o consumo no país deverá ganhar outra dimensão, chegando a 65% de um PIB de 5
trilhões de reais.
Hoje o país é o oitavo maior mercado consumidor do mundo. A previsão
realizada pela Exame indica que, até 2020, o Brasil deverá ultrapassar França,
Inglaterra e Itália e chegar ao quinto posto.
(Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/o-novo-mapa-do-consumo)
Não por acaso, etimologicamente a palavra “consumir” significa “esgotar”.
Enquanto os mais ricos exageram no consumo, os mais pobres sofrem de perto as
consequências do desequilíbrio ambiental. Nos últimos 30 anos, o consumo mundial
de bens cresceu numa média anual de 2,3%; em alguns países do leste asiático essa
taxa supera o patamar de 6%.
De um lado, cresce exageradamente o consumo e a dilapidação de todo
patrimônio natural (diminuição das florestas e de toda a biodiversidade; a
disponibilidade da água potável que era de 17000 metros cúbicos per capita em 1950
hoje atinge 7000 metros cúbicos) do outro, disparam os índices de desigualdade
social, tornando mais crônicos o modo de viver da população mais pobre.
Nessa camada populacional:
 Mais de 50% não dispõem de infraestrutura higiênica;
 1/3 não tem água potável;
 1/4 não mora num local em condições decentes;
 1/5 desconhece qualquer tipo de acesso aos serviços médicos e
sanitários.
82% da população da Índia, 65% da população da Indonésia, 55% da chinesa e
17% da brasileira ganham menos de US$2/dia, segundo dados do estudo Sustainable
Consumption: A Global Status Report, produzido pela United Nations Environment
Programme (2002).
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 14

Para exemplificar, de acordo com o mesmo estudo, os cinco países mais ricos -
pelo tradicional indicador PIB (Produto Interno Bruto) – (EUA, China, Japão, Alemanha
e França) consomem:
 45% das proteínas disponíveis;
 58% da energia;
 84% do papel;
 14% das linhas telefônicas.
Enquanto os cinco países mais pobres (Zimbábue, Chade, Burundi, Libéria e
Guiné-Bissau) consomem:
 5% das proteínas;
 4% da energia;
 1,1% do papel;
 1,5% das linhas telefônicas.
(Fonte: http://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-
EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdf)
No Brasil, a situação não é muito diferente, já que a desigualdade entre ricos e
pobres, no que se refere ao consumo, permanece de maneira muito acentuada.
Uma pesquisa produzida pela Federação do Comércio do Estado de SP
(Fecomércio SP) constatou, por exemplo, que a classe A brasileira, composta por 6,9
milhões de pessoas, gasta com artigos como joias, bijuterias, sabonetes, brinquedos e
jogos R$ 91 milhões por mês.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 15

A pesquisa da Fecomércio SP, batizada como ProConsumo, abrange 5.560 municípios dos 27
Estados do país. Para produzi-la, os economistas usaram dados oficiais das pesquisas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o Censo, Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)
e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Esse valor é 18,5% maior do que as despesas da classe E (54 milhões de


pessoas) com carne bovina. Também é superior ao consumo de arroz e de produtos
como móveis, artigos para o lar e eletrodomésticos entre os brasileiros mais pobres.
Entre os achados, os economistas mostram que a despesa total das famílias
paulistanas com renda superior a 30 salários mínimos mensais (ou o equivalente a R$
3,5 bilhões) é maior do que todo o gasto da Região Norte do País mais o Estado de
Alagoas (ou R$ 3,4 bilhões).
(Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31159)
A problemática do consumo atualmente é tão grande que alguns estudiosos
estão se referindo a nossa sociedade como “sociedade de consumo”. Você já ouviu
falar nesse assunto? Vejamos um pouco mais sobre ele:
Sociedade de consumo é uma expressão utilizada para se referir à sociedade
contemporânea. Consumir, seja para a satisfação de "necessidades básicas" e/ou
"supérfluas", é uma atividade presente em toda e qualquer sociedade humana.
Nesse momento, você deve estar se perguntando: “Mas se consumir é uma
atividade presente em todas as sociedades, por que só a sociedade atual recebeu
essa denominação?”.
Bom, alguns autores defendem que além do consumo exacerbado, a sociedade
de consumo englobaria outras características, como a forte presença da moda e o
sentimento permanente de insaciabilidade (consumir cada vez mais, sem nunca estar
satisfeito).
Observe as diferenças:

Sociedades tradicionais Sociedade contemporânea


Unidade de produção e consumo era a família. Unidade de consumo é o indivíduo.
Sociedade composta por grupos de status Cada um faz as suas próprias escolhas segundo
definidos pelas roupas, atividades de lazer, seu senso estético e conforto.
padrões alimentares etc.
Consumo de pátina, que corresponde a um Consumo da moda, que expressa temporalidade
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 16

ciclo de vida mais longo do objeto. O valor de curta duração, pela valorização do novo e do
estava na tradição dos bens: quanto mais velho, individual.
mais valioso.

Dessa forma, notamos a mudança nos padrões de consumo. E embora, alguns


defendam a autonomia e a soberania do consumidor nessa nova sociedade, é
importante ter em mente o quanto ela é materialista, pecuniária e na qual o valor das
pessoas é aferido pelo o que elas têm e não pelo que são.
(Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-
influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Wap)
Com a mudança nos padrões de consumo, houve também, nas últimas décadas,
um aumento significativo dessa atividade em todo o mundo. Algumas causas podem
ser apontadas:
 Crescimento populacional.
 Acumulação de capital das empresas que puderam se expandir e oferecer
os mais variados produtos.
 Anúncios publicitários que propõem consumo a todo o momento.
 No Brasil, especificamente, aumento do poder de compra da classe média,
e da população como um todo.
Consumir em excesso não é o único problema. Devemos buscar escolhas mais
conscientes, e no campo do consumo inclui pensar na procedência do produto
(recursos humanos e naturais), impactos do ciclo de vida do produto e destinação dos
resíduos, por exemplo, como veremos no decorrer desta apostila.

2.2. CONCEITOS DE CONSUMO

CONSUMO VERDE
Consumo verde é aquele em que o consumidor, além de buscar melhor
qualidade e preço, inclui em seu poder de escolha, a variável ambiental, dando
preferência a produtos e serviços que não agridam o meio ambiente, tanto na
produção, quanto na distribuição, no consumo e no descarte final.
Essa estratégia tem alguns benefícios importantes, como o fato de os cidadãos
comuns perceberem, na prática, que podem ajudar a reduzir os problemas ambientais.
Além disso, os consumidores verdes sentem-se parte de um grupo crescente de
pessoas preocupadas com o impacto ambiental de suas escolhas.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 17
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Mas a estratégia de consumo verde tem algumas limitações. Os consumidores


são estimulados a trocar uma marca X por uma marca Y, para que os produtores
percebam que suas escolhas mudaram. A possibilidade de escolha, portanto, acabou
se resumindo a diferentes marcas e não entre consumismo e não consumismo.
Portanto, é bem interessante que você se preocupe com os produtos que está
consumindo e opte por opções que agridem menos o meio ambiente. Entretanto, esse
é apenas um passo para uma sociedade mais sustentável, visto que são necessárias
outras medidas como: consumir menos, gerar menos resíduos e descartá-los
corretamente.

CONSUMO ÉTICO, CONSUMO RESPONSÁVEL E CONSUMO CONSCIENTE


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 18

Fonte: http://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-
sempre.html
Essas expressões surgiram como forma de incluir a preocupação com aspectos
sociais, e não só ecológicos, nas atividades de consumo. Nestas propostas, os
consumidores devem ter compromisso ético, consciência e responsabilidade quanto
aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem
causar em ecossistemas e outros grupos sociais, na maior parte das vezes geográfica
e temporalmente distantes.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
O consumo consciente é um movimento social crescente. Cada vez mais
pessoas baseiam suas decisões de compras no efeito ou impacto do produto no meio
ambiente, na saúde e na sociedade. Por esse impacto, devemos entender todo o ciclo
de vida dos produtos, desde a extração, a geração de resíduos em sua fabricação e
processamento, as relações éticas de trabalho, até o descarte e reciclagem.

CONSUMO SUSTENTÁVEL
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 19

Essa proposta se apresenta de forma mais ampla que as anteriores, pois além
das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de consumo,
enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais para fazer
com que os padrões e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis.
Além disso, a preocupação se desloca da tecnologia dos produtos e serviços e
do comportamento individual para os desiguais níveis de consumo. Afinal, meio
ambiente não está relacionado apenas a uma questão de como usamos os recursos
(os padrões), mas também uma preocupação com o quanto usamos (os níveis),
tornando-se uma questão de acesso, distribuição e justiça social e ambiental.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Utilizando como exemplo a área de transportes, na estratégia de consumo verde
haveria mudanças tecnológicas, para que os carros se tornassem mais eficientes
(gastando menos combustível) e menos poluentes, e mudanças comportamentais dos
consumidores, que considerariam essas informações na hora da compra de um
automóvel.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 20

Na estratégia do consumo sustentável, haveria também investimentos em


políticas públicas visando à melhoria dos transportes coletivos, o incentivo aos
consumidores para que utilizem esses transportes e o desestímulo para que não
utilizem o transporte individual (como por exemplo, a proibição da circulação de carros
em certos locais e horários).
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A ideia de um consumo sustentável, portanto, não se limita a mudanças


comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanças tecnológicas de
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 21

produtos e serviços para atender a este novo nicho de mercado. Apesar disso, não
deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porém priorizando suas ações,
individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas. Neste sentido, é necessário
envolver o processo de formulação e implantação de políticas públicas e o
fortalecimento dos movimentos sociais.

Por essa razão, o que importa não é somente o impacto ambiental do consumo,
mas também o impacto social e ambiental da distribuição desigual do acesso aos
recursos naturais, uma vez que tanto o “superconsumo” quanto o “subconsumo”
causam degradação social e ambiental.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 22
Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

2.3. IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO CONSUMO

Chamamos de impacto ambiental as alterações nas propriedades físicas,


químicas e biológicas do meio.

A partir do crescimento do movimento ambientalista, surgem novos argumentos


contra os hábitos ostensivos, perdulários e consumistas, deixando evidente que o
padrão de consumo das sociedades ocidentais modernas, além de ser socialmente
injusto e moralmente indefensável, é ambientalmente insustentável.
A crise ambiental mostrou que não é possível a incorporação de todos com os
atuais padrões de consumo ocidental em função da finitude dos recursos naturais. O
ambiente natural está sofrendo uma exploração excessiva que ameaça a estabilidade
dos seus sistemas de sustentação (exaustão de recursos naturais renováveis e não
renováveis, desfiguração do solo, perda de florestas, poluição da água e do ar, perda
de biodiversidade, mudanças climáticas etc.).
Por outro lado, o resultado dessa exploração excessiva não é repartido
equitativamente e apenas uma minoria da população planetária se beneficia desta
riqueza. Assim, se o consumo ostensivo já indicava uma desigualdade dentro de uma
mesma geração (intrageracional), o ambientalismo veio mostrar que o consumismo
indica também uma desigualdade intergeracional, já que este estilo de vida
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 23

ostentatório e desigual pode dificultar a garantia de serviços ambientais equivalentes


para as futuras gerações.
Estas duas dimensões, a exploração excessiva dos recursos naturais e a
desigualdade inter e intrageracional na distribuição dos benefícios oriundos dessa
exploração, conduziram à reflexão sobre a insustentabilidade ambiental e social dos
atuais padrões de consumo e seus pressupostos éticos. Torna-se necessário associar
o reconhecimento das limitações físicas da Terra ao reconhecimento do princípio
universal de equidade na distribuição e acesso aos recursos indispensáveis à vida
humana, associando a insustentabilidade ambiental aos conflitos distributivos e
sociais.

Para exemplificar:
No Pará, região Norte do Brasil, encontra-se um grande complexo industrial de
produção de alumínio. Esse complexo está situado no município de Barcarena, a
região brasileira mais rica em bauxita.

Complexo industrial Alunorte, situado em Vila do Conde, município de Barcarena.

Lá já ocorreram diversos acidentes decorrentes da produção do alumínio. Alguns


geraram TACs (Termo de Ajuste de Conduta) e outros são negados pelas empresas,
mas confirmados pelas comunidades e noticiados pela imprensa. Os maiores
ocorreram em 2003 e 2005, com vazamento de rejeito da indústria (lama vermelha)
para os rios e igarapés da região.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 24

As declarações e os relatos de pessoas das diversas comunidades locais em


Barcarena foram bastante contundentes em afirmar que os “rios e igarapés estavam
mortos” devido aos constantes vazamentos de resíduos da produção de alumínio.
Essas populações de baixa renda não podem usar a água do subsolo,
irremediavelmente contaminada pelas indústrias que operam na região, sendo
obrigadas, em muitos casos, a comprar água mineral engarrafada e outras bebidas
para garantir o consumo diário de líquidos. Além disso, as diversas lideranças são
enfáticas em afirmar que, devido à contaminação e aos problemas fundiários na
região, “não é possível mais manter nossas pequenas plantações”, coletar plantas e
frutos (contaminados e deformados) e pescar nos rios e igarapés.
Outro impacto social causado pelo complexo de alumínio, é que ele atraiu um
grande número de pessoas para região, sob falsas promessas de “desenvolvimento,
progresso e emprego” – hoje essas pessoas estão desempregadas e em ocupações
sem condições mínimas.
(Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-
e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/)
O consumo em excesso também exige que os Recursos Naturais sejam
extraídos de forma devastadora e a Produção de bens de consumo seja feita em um
escala monstruosa, o que gera outro problema muito grave: muitas pessoas que antes
viviam longe dos centros urbanos, acabaram sendo obrigadas a migrar para as
cidades e a trabalhar em grandes indústrias, não só pela oferta de empregos ser maior
nesses grandes centros, mas também pela própria devastação dos recursos naturais
em suas comunidades ou zonas rurais.
Na maioria dos casos, esses trabalhadores são expostos a condições
desumanas de trabalho, exercendo suas atividades sem segurança alguma e ainda
muito mal remunerados.
(Fonte: Revista Terceiro Setor: Consumo Excessivo e o modelo de economia de materiais. Disponível
em: http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/519/614)

2.4. RESPONSABILIDADES DO CIDADÃO-CONSUMIDOR

Quando selecionamos e adquirimos bens de consumo, seguimos uma definição


cultural do que consideramos importante para nossa integração e diferenciação
sociais. Assim, consumo e cidadania podem ser pensados de forma conjunta e
inseparável, já que ambos são processos culturais e práticas sociais que criam este
sentido de pertencimento e identidade.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 25

A educação para o consumo, na sociedade atual, se impõe como elemento


sociocultural imprescindível do cidadão consciente. Esta realidade exige que o
indivíduo tenha conhecimento de seus direitos e deveres como consumidor.
De acordo com Grada Hellman Tuitert, a educação para o consumo é o processo
através do qual os consumidores:
1. Desenvolvem técnicas para tomar decisões sobre a compra de bens e serviços
considerando seus valores pessoais e questões ecológicas e econômicas.
2. Adquirem conhecimentos sobre as leis, direitos e métodos para participar
efetivamente e com segurança do mercado e empreender a necessária ação de
seus desagravos.
3. Desenvolvem a percepção do novo papel do cidadão-consumidor na economia,
no sistema social e no governo e tentam influenciar esses sistemas a se
tornarem sensíveis às suas necessidades.
Espera-se dos cidadãos-consumidores, neste processo, o desempenho de suas
responsabilidades que são:
 Ter consciência crítica, distinguir necessidade e desejo, exigir qualidade,
comparar preços.
 Ter responsabilidade social, agir de forma consciente e equilibrada,
lembrando as consequências das ações junto a outros grupos sociais,
particularmente os menos favorecidos.
 Ter responsabilidade ecológica, consciência do efeito que suas ações podem
causar no meio ambiente e no desgaste dos recursos naturais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 26

 Ter solidariedade, promover ações conjuntas de grupos de cidadãos. Pois é


da força, credibilidade e influência do consumidor que vem a consideração
dos seus interesses nas políticas que o afetam.
(Fonte: THOMAZELLI, Maria Cecília. Educação para o consumo: guia para o professor. 1.ed., São
Paulo: Fundação Procon, 1998).
A esfera do consumo também pode gerar decepção e insatisfação. Diante disso,
o consumidor tem, basicamente, duas formas de reação. Se pensar que não teve sorte
e que recebeu um produto defeituoso, é provável que ele o devolva ou peça um
desconto; esta é, portanto, uma reação individual a um problema individual.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Mas se, por outro lado, o consumidor descobrir que o produto adquirido, ou o
serviço contratado, não é seguro ou traz prejuízos sociais e ambientais, e que isso é
uma das suas características, é o interesse público que estará em jogo, tornando mais
provável um engajamento numa manifestação pública.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 27

Consumidores fazem protesto contra alto preço dos combustíveis no DF

(Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-
preco-dos-combustiveis-no-df.html)

Manifestantes protestam contra o aumento das passagens das Barcas S/A, em Niterói (RJ)

(Fonte: http://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-
rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 28

Protesto reúne centenas em Dublin

(Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-protestam-em-ny-dublin-berlim-montreal-8706727)

Desta forma, surge a possibilidade de que um conjunto de pessoas busque criar


espaços alternativos de atuação, enfrentamento e busca de soluções coletivas para os
problemas que parecem ser individuais. Trata-se de sujeitos coletivos que buscam
juntos contribuir para uma sociedade mais justa e feliz.
Nesse sentido:
O consumidor deve cobrar permanentemente uma postura ética e responsável
de empresas, governos e de outros consumidores. Deve, ainda, buscar informações
sobre os impactos dos seus hábitos de consumo e agir como cidadão consciente de
sua responsabilidade em relação às outras pessoas e aos seres do planeta. Além
disso, o consumidor precisa saber que seu consumo individual tem impactos no
coletivo, sendo assim é importante que ele repense constantemente seus hábitos de
consumo.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 29

As empresas devem agir de forma social e ambientalmente responsável em


todas as suas atividades produtivas. Nesse sentido, responsabilidade socioambiental e
empresarial significa adotar princípios e assumir práticas que vão além da legislação,
contribuindo realmente para a construção de sociedades sustentáveis.

Os governos devem garantir os direitos civis, sociais e políticos de todos os


cidadãos; elaborar e fazer cumprir a Agenda 21 – que pode ser definida como um
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em
diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica - por meio de políticas públicas, de programas de
educação ambiental e de incentivo ao consumo sustentável. Além disso, devem
incentivar a pesquisa científica voltada para a mudança dos níveis e padrões de
produção e consumo e fiscalizar o cumprimento das leis ambientais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 30

A Sociedade Civil: O IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) é um


excelente exemplo de instituto que trabalha pela defesa do consumidor e também com
o consumo sustentável. Por meio de seu site, publica notícias e demais informações
para que os consumidores se previnam ou solucionem problemas relacionados ao
consumo utilizando o Código de Defesa do Consumidor.

Para saber mais acesse: http://www.idec.org.br/o-idec/o-que-faz

2.5. PROPOSTA DE MUDANÇA DE PADRÃO DE CONSUMO

Atualmente, os 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo, cerca de 7% da


população, são responsáveis por 50% das emissões de gases de efeito estufa,
enquanto 3 bilhões de pessoas mais pobres emitem apenas 6%.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 31

Em 2006, a humanidade consumiu algo em torno de US$30 trilhões em


mercadorias e serviços (cerca de 28% a mais do que se consumiu há dez anos), o que
levou a um aumento considerável da extração de recursos naturais para atender a
essa demanda.

Os norte-americanos, por exemplo, consomem aproximadamente 88 kg de


recursos por dia. Se todos vivessem dessa forma, a Terra só poderia sustentar um
quinto da população mundial, ou seja, 1,4 bilhão de pessoas.
(Fonte: Cadernos de educação ambiental: Consumo sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-
666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)
Diante desses dados, é possível constatar que, sem uma mudança cultural que
coloque valores sustentáveis acima do consumismo, nenhuma revolução tecnológica
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 32

ou política pública serão capazes de resgatar a humanidade de problemas graves


climáticos, sociais e ambientais.
Não se pode desconsiderar o fato positivo de que o aumento progressivo da
consciência da população em relação à necessidade de adotar padrões mais
responsáveis de utilização dos recursos naturais terá consequências virtuosas,
principalmente a médio e longo prazo, com a modificação de comportamentos e
hábitos de consumo.
A partir da Rio92 o tema do impacto ambiental do consumo surgiu como uma
questão de política ambiental relacionada às propostas de sustentabilidade. Ficou
cada vez mais claro que estilos de vida diferentes contribuem de formas diferentes
para a degradação ambiental. Os estilos de vida de uso intensivo de recursos naturais,
principalmente das elites dos países de hemisfério norte, são um dos maiores
responsáveis pela crise ambiental.

Conhecida mundialmente como Rio92, trata-se da II Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, que teve como principal
tema a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e sobre como reverter o atual processo de
degradação ambiental.

Diversas organizações ambientalistas começaram a considerar o impacto das


nossas tarefas cotidianas para a crise ambiental. Através de estímulos e exigências
para que mudem seus padrões de consumo, começaram a cobrar sua
corresponsabilidade. Assim, atividades simples e cotidianas como “ir às compras”, seja
de bens considerados de necessidade básicas, seja de itens considerados luxuosos,
começaram a ser percebidas como comportamentos e escolhas que afetam a
qualidade do meio ambiente.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 33

Dessa forma, muitos cidadãos se tornaram mais conscientes e interessados em


reduzir sua contribuição pessoal para a degradação ambiental, participando de ações
em prol do meio ambiente na hora das compras.

No entanto, esta ênfase na mudança dos padrões de consumo não deve nos
levar a entender que os problemas ambientais decorrentes da produção industrial
capitalista já tenham sido solucionados com sucesso. Ao contrário, as lutas por
melhorias e transformações na esfera da produção estão relacionadas e têm
continuidade nas lutas por melhorias e transformações na esfera do consumo, uma
vez que os dois processos são interdependentes.
Poderíamos identificar seis características essenciais que devem fazer parte de
qualquer estratégia de consumo sustentável:
 Deve ser parte de um estilo de vida sustentável em uma sociedade sustentável;
 Deve contribuir para nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivíduo e
sociedade;
 Requer justiça no acesso ao capital natural, econômico e social para as
presentes e futuras gerações;
 O consumo material deve ser tornar cada vez menos importante em relação a
outros componentes da felicidade e da qualidade de vida;
 Deve ser consistente com a conservação e melhoria do ambiente natural;
 Deve acarretar um processo de aprendizagem, criatividade e adaptação.
Por isso, uma das primeiras questões que devemos fazer é se não estaria
havendo uma espécie de transferência da responsabilidade, do Estado e do mercado
para os consumidores. Muitas vezes, governos e empresas buscam aliviar sua
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 34

responsabilidade, transferindo-a para o consumidor, que passou a ser considerado o


principal responsável pela busca de soluções. Mas os consumidores não podem
assumir sozinhos toda a responsabilidade. Ela deve ser compartilhada por todos, em
cada esfera de ação.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Assim, a solução para a sustentabilidade exigirá a participação de diversos
agentes sociais, envolvendo organizações multilaterais, governos, corporações e
organizações da sociedade civil.

Fica clara, então, a necessidade de uma referência concreta quanto a alguns


caminhos a seguir para que a produção e o consumo se tornem mais sustentáveis. Daí
nasceu o decálogo abaixo – realizado pelo Instituto Akatu -, que propõe um consumo
que valorize:
1. Os produtos duráveis mais do que os descartáveis ou os de obsolescência
acelerada: como já acontece com a substituição das sacolas plásticas
descartáveis por sacolas retornáveis e duráveis;
2. A produção e o desenvolvimento local mais do que a produção global: como as
organizações comunitárias na produção e comercialização de produtos típicos
regionais;
3. O uso compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso individual: como
as bicicletas compartilhadas em diversas grandes cidades, inclusive São Paulo,
que ficam disponíveis para retirada e devolução em pontos estratégicos;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 35

4. A produção, os produtos e os serviços social e ambientalmente mais


sustentáveis: como hoje já ocorre com o selo Procel, que será trabalhado mais
adiante;
5. As opções virtuais mais do que as opções materiais: como livros, discos e filmes
baixados em aparelhos MP3 em vez da versão material;
6. O não desperdício dos alimentos e produtos, promovendo o seu aproveitamento
integral e o prolongamento da sua vida útil: como acontece nos brechós de
roupas usadas;
7. A satisfação pelo uso dos produtos e não pela compra em excesso: como fazem
aqueles que mantêm seus celulares por anos e não os trocam a cada novo
lançamento;
8. Os produtos e as escolhas mais saudáveis: como os alimentos orgânicos
disponíveis em feiras e supermercados;
9. As emoções, as ideias e as experiências mais do que os produtos materiais:
como as viagens propostas por agências que oferecem vivências por meio de
visitas participativas e educativas;
10. A cooperação mais do que a competição: como ocorre com empresas do setor
varejista que praticam uma logística colaborativa para melhorar o nível dos
serviços e reduzir custos e emissões de CO2.
Diante de tantos problemas causados pelo consumo exagerado, outro tema
interessante de ser discutido é a simplicidade voluntária, um novo estilo de vida vem
ganhando representatividade atualmente:

Vida simples ou simplicidade voluntária é um estilo de vida no qual os indivíduos


conscientemente escolhem minimizar a preocupação com o "quanto mais, melhor", em
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 36

termos de riqueza e consumo. Seus adeptos escolhem uma vida simples por
diferentes razões, que podem estar ligadas a espiritualidade, saúde, qualidade de vida
e do tempo passado com a família e amigos,-- redução do stress, preservação do meio
ambiente, justiça social, anticonsumismo etc.
Algumas pessoas que praticam a simplicidade voluntária agem conscientemente
para reduzir as suas necessidades de comprar serviços e bens, e por extensão,
reduzir também a necessidade de vender o seu tempo por dinheiro. Alguns usam suas
horas extras, para ajudar os seus familiares ou a sociedade, se voluntariando para
alguma atividade. Alguns outros podem também utilizar o tempo para melhorar a
própria qualidade de vida, fazendo atividades criativas como arte ou artesanato.
Outra abordagem é procurar a verdadeira razão de toda a problemática do
porque nós compramos e consumimos tantos recursos para ter certa qualidade de
vida.
Uma das preocupações de quem escolhe o estilo de vida simples, é o meio
ambiente. O estilo de vida consumista impacta o mundo, por isso, é preciso estar
atento, rever e refletir sobre a real necessidade das nossas compras e da quantidade
de recursos que são utilizados para mantê-las. Opte por bens "amigos da natureza", e
sempre que possível, procure compartilhar bens pouco usados, com vizinhos e
amigos.

2.6. CERTIFICAÇÃO E ROTULAGEM AMBIENTAIS

A rotulagem ambiental consiste, basicamente, na atribuição de um selo ou rótulo


a um produto ou serviço para informar a respeito dos seus aspectos. Tais produtos ou
serviços devem apresentar menor impacto ambiental em relação a outros produtos ou
serviços comparáveis e disponíveis no mercado.
Desta forma, os consumidores podem obter mais informações para fazer suas
escolhas de compra com maior compromisso e responsabilidade social e ambiental. A
rotulagem ambiental pode ser considerada também uma forma de fortalecer as redes
de relacionamento entre produtores, comerciantes e consumidores.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Outras formas de se referir à rotulagem ambiental são: Selo verde, selo
ecológico, declaração ambiental, rótulo ecológico, ecorrótulo, ecosselo, etiqueta
ecológica.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 37

Convém salientar a diferença entre rotulagem ambiental (eco-labeling) e


certificação ambiental (eco-certification):
 A rotulagem ambiental relaciona-se às características do Produto ou serviço e
destina-se aos consumidores finais.
 A certificação ambiental relaciona-se aos métodos e processos de produção e
destina-se às indústrias utilizadoras de recursos, objetivando atestar um ou
mais atributos do processo de produção.
Lembrando que existem programas de certificação que também emitem um selo
ou rótulo nos produtos oriundos da matéria-prima certificada. Nesse caso, o programa
atinge tanto as indústrias como os consumidores finais.
A seguir vamos conhecer os principais selos utilizados no Brasil:

FSC (Forest Stewardship Council)

Este selo é atribuído a produtos florestais, como toras de madeira, móveis, lenha,
papel, nozes e sementes. Ele atesta que o produto vem de um processo produtivo
ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável. Dez princípios
devem ser atendidos, entre eles a obediência às leis ambientais, o respeito aos
direitos dos povos indígenas e a regularização fundiária.
Se você quiser saber mais, acesse o site do FSC: www.fsc.org.br

LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental)


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 38

Este selo é concedido a edificações que minimizam impactos ambientais, tanto


na fase de construção quanto na de uso. Materiais renováveis, implantação de
sistemas que economizem energia elétrica, água e gás e controle da poluição durante
a construção são alguns dos critérios. Um exemplo de edificação que possui esse selo
é uma grande rede do varejo, localizada na cidade de Indaiatuba (SP), que incorporou
em suas instalações diversos recursos para contribuir com a minimização dos
impactos ambientais.
Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_282198.shtml.

Rainforest Alliance Certified

Este selo é atribuído a produtos agrícolas, como frutas, café, cacau e chás e
comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais
envolvidos no processo. Com grande aceitação na Europa e nos EUA, é auditado no
Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
Saiba mais em: www.imaflora.org

Ecocert

Este selo é concedido a alimentos orgânicos e cosméticos naturais ou orgânicos.


Para recebê-lo os produtos devem conter um mínimo de 95% de ingredientes
orgânicos. O selo Ecocert é um só (demonstrado na figura), mas, por contrato com a
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 39

certificadora, o fabricante é obrigado a identificar no rótulo se o produto é orgânico ou


natural.
Se quiser mais informações sobre esse selo, acesse: www.ecocert.com.br

IBD (Instituto Biodinâmico)

Este selo é concedido a alimentos, cosméticos e algodão orgânicos. Além de


cumprir os requisitos básicos para a produção orgânica (como fazer rotação de
culturas e não usar agrotóxicos), o rótulo garante que a fabricação daquele produto
obedece ao Código Florestal Brasileiro e às leis trabalhistas.
Saiba mais em: www.ibd.com.br

PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat)

É um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos


firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do
Habitat II/1996). A sua meta é organizar o setor da construção civil em torno de duas
questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.
Dessa forma, espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da
qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos
recursos públicos.
Saiba mais em: www.cidades.gov.br/pbqp-h/pbqp_apresentacao.php
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 40

Selo Casa Azul Caixa

É uma classificação socioambiental de empreendimentos residenciais. Com 53


critérios de avaliação, o selo reconhece os empreendimentos residenciais que
otimizam o uso dos recursos naturais, como água e luz elétrica, e que reduzem custos
de manutenção.
São 6 categorias:
 Qualidade Urbana
 Projeto e Conforto
 Eficiência Energética
 Gestão da Água
 Conservação de Recursos Materiais
Além de promover a conscientização ambiental e promover o uso racional dos
recursos naturais, o Selo Casa Azul é a garantia da CAIXA de que preservação do
meio ambiente é também o melhor negócio.
Para saber mais, acesse:
http://www1.caixa.gov.br/popup/generico/700x450_1.asp.

PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica)


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 41

Este é talvez o selo mais conhecido aqui no Brasil, ele é atribuído a


equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos e indica os produtos que apresentam os
melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria. Para receberem
esse rótulo, os equipamentos passam por rigorosos testes feitos em laboratórios
credenciados no programa.
Se quiser obter mais informações sobre o selo Procel, acesse:
www.eletrobras.gov.br/PROCEL
Temos, também, a certificação ambiental ISO 14001, que certifica o sistema de
gestão ambiental de empresas e empreendimentos de qualquer setor. Em sua
operação, a empresa deve levar em conta o uso racional de recursos naturais, a
proteção das florestas e a preservação da biodiversidade, entre outros quesitos. No
Brasil, quem confere essa certificação é a Associação Brasileira de Normas técnicas
(ABNT).

Lembre-se: por se tratar de uma certificação, e não de uma rotulagem, não há um


selo visível nos produtos produzidos pelas empresas certificadas. Para saber se uma
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 42

empresa tem a ISO 14001, deve-se consultar seu site ou centro de atendimento ao
cliente.
Se quiser saber sobre a ISO 14001, acesse: www.abnt.org
Além de todos os selos apresentados, temos ainda, no Brasil, o Inmetro,
importante órgão de fiscalização e verificação do produto, que tem como uma de suas
funções a realização do acompanhamento dos produtos certificados e
regulamentados. Esse acompanhamento objetiva verificar se esses produtos estão de
acordo com as Normas e os Regulamentos Técnicos vigentes, pois a sua
conformidade é a garantia da saúde e da segurança dos cidadãos que os consomem.

Os tipos de selo apresentados são muito importantes, pois além de informarem o


consumidor, também incentivam os fabricantes a produzirem de uma forma que cause
menos impactos ao meio ambiente. Entretanto, para que essa estratégia dê certo, é
necessário que você, consumidor, dê preferência às mercadorias que possuem os
selos ambientais no momento da compra.

2.7. MAQUIAGEM VERDE (GREENWASHING)

Já está virando moda as empresas associarem seus produtos a ações sociais e


de defesa do meio ambiente, com o objetivo de sensibilizar os consumidores e
construir uma imagem de empresa responsável. Mas será que tais empresas
desenvolvem realmente ações importantes para o meio ambiente? Ou estão usando a
questão ambiental como campanha de marketing?
O termo “maquiagem verde” aplica-se a empresas que não realizam, de fato,
ações efetivamente úteis ao meio ambiente, mas “aparentam” uma atitude
socioambiental. Basta observar as propagandas que tais empresas divulgam.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 43

Há as que afirmam estarem investindo no jovem (em educação pública, por


exemplo), pois este investimento gera retorno em sustentabilidade, o que é muito
interessante. Mas, na prática, não há uma ação ou projeto ambiental da empresa que
traga benefícios ou resultados para o meio ambiente. No entanto, a empresa transmite
a imagem de que investe em sustentabilidade.
Há, também, os bancos que investem em preservação de áreas florestais para
compensar o CO² emitido pelos veículos e casas de seus clientes de seguros. Ao
proteger seu automóvel ou casa, o segurado passará a preservar, por meio do banco,
uma determinada área de mata nativa, que irá reter o equivalente ao que foi emitido na
residência ou pelo veículo.
Não seria mais apropriado que tais bancos criassem incentivos para induzir o
cliente a mudar seus hábitos e reduzir suas próprias emissões. Não é uma maravilha?
Eu posso emitir CO² à vontade, pois estou pagando. Cômodo, não é?!
(Fonte: http://drang.com.br/blog/2008/02/25/marketing-verde/)
Esta nova tendência "verde" do mercado estimula empresas a aproveitar o
momento para associar seus produtos a atributos eco-amigáveis duvidosos e
oportunistas, sem critérios claros que respaldem suas pretensões ambientalistas, ou,
ainda, através da apresentação de símbolos e apelos visuais que podem induzir o
consumidor a conclusões erradas sobre o produto ou serviço que deseja comprar.
Nessa "corrida maluca pelo verde" fica cada vez mais difícil para o consumidor, e
muitas vezes para a própria imprensa e formadores de opinião, identificar o que é um
produto genuinamente sustentável e outro encoberto por uma "maquiagem verde".
Ao mesmo tempo em que temos os consumidores brasileiros preocupados com
as consequências das mudanças climáticas, abertos a identificar produtos que possam
contribuir para um mundo melhor, acontece uma corrida de publicitários e
marqueteiros buscando atender essa demanda. Nesse esforço, muitas vezes podem
ser ultrapassados os limites da técnica e da ética.
A publicidade enganosa ("Maquiagem Verde" ou “Greenwashing") provoca uma
distorção na capacidade decisória do consumidor, que se estivesse mais bem
informado, não adquiriria o que foi anunciado.
Com o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do
Greenwashing no mercado, a consultora de marketing ambiental canadense
TerraChoice desenvolveu uma metodologia de pesquisa, em que, através dos padrões
observados, classificou tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas
de “Os sete pecados da rotulagem ambiental” (The seven sins of greenwashing).
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 44
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

“O desafio e a intenção dos “Sete pecados da rotulagem ambiental” é


desencorajar as empresas a utilizarem o greenwashing através do fornecimento de
ferramentas práticas aos consumidores para que estes possam ficar mais alertas na
hora da escolha de produtos e serviços, e também encorajar o esforço pró-
sustentabilidade exposto de forma clara e verdadeira” (TerraChoice Enviromental
Marketing Inc. – www.sinsofgreenwashing.org).
.

1. Pecado do custo ambiental camuflado


É uma declaração de que um produto é “verde” baseado apenas em um atributo
ou em um conjunto restrito de atributos ambientalmente corretos sem atenção a outras
importantes questões ambientais, talvez até mais importante que o próprio atributo
destacado (como o consumo de energia, o aquecimento global etc.).
Exemplo: o papel não é necessariamente ambientalmente preferível apenas pelo
fato de vir de uma floresta plantada sustentavelmente. Outras importantes questões no
processo de produção do papel, tais como a emissão de gases de efeito estufa ou a
utilização de cloro no branqueamento do papel podem ser igualmente importantes.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

2. Pecado da falta de prova


É uma declaração de que o produto é ambientalmente correto, porém não se
encontra facilmente informações que possam suportar e comprar tais declarações
ambientais, ou seja, faltam informações de suporte facilmente acessíveis ou uma
certificação confiável de terceira parte que prove o aspecto ambientalmente correto
declarado.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 45

Exemplo: produtos como guardanapos ou papel toalha que declaram várias


porcentagens de conteúdo reciclável pós-consumo sem fornecer evidências. Ou ainda
produtos que dizem não ser testados em animais, mas não comprovam tal afirmação;
eletrodomésticos que promovem sua eficiência energética sem certificação de
terceiros etc.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

3. Pecado da incerteza
É cometido quando uma declaração é tão pobre ou abrangente que seu real
significado pode não ser compreendido pelo consumidor.
Exemplos:
“Não tóxico” – Tudo é tóxico em dosagens suficientes. Água, oxigênio, sal etc.
são todos potencialmente perigosos.
“Natural” – Arsênio, urânio, mercúrio, formaldeído etc. são todos naturais, mas
venenosos.
“Verde”, “Amigo do Meio Ambiente”, “Ecologicamente Correto” (e mais outras
variações de terminologia) são algumas características sem significado se não
conterem alguma explicação.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

4. Pecado do culto a falsos rótulos


É cometido quando um produto, através de palavras ou imagem, dá a impressão
de endosso da terceira parte quando, na verdade, este endosso não existe, em outras
palavras: falsos rótulos.
Exemplo: algumas marcas de desodorantes e outros produtos spray/aerossol dão
a impressão de uma certificação do apelo “Não contém CFC – Inofensivo à Camada
de Ozônio”. Na verdade trata-se apenas de uma imagem, não uma certificação de
terceiros.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

5. Pecado da irrelevância
É cometido quando uma declaração ambiental, que pode ser verdadeira, não é
importante ou é inútil para os consumidores que buscam produtos ecologicamente
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 46

preferíveis. Pelo fato de ser irrelevante, distrai o consumidor na busca por opções mais
verdes.
Exemplo: O exemplo mais frequente de apelo irrelevante está relacionado ao
Clorofluorcarboneto (CFC) – principal contribuinte para a destruição da camada de
ozônio. Tal substância já está banida por lei há 30 anos, mesmo assim muitos
produtos ainda apresentam o apelo “Não contém CFC” como sendo uma aparente
vantagem ambiental.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

6. Pecado do “menos pior”


Corresponde a declarações ambientais que podem ser verdadeiras na categoria
do produto, mas que podem distrair o consumidor do maior impacto ambiental da
categoria do produto como um todo.
Exemplos: Cigarros orgânicos podem ser uma escolha mais responsável para
fumantes, mas não deveríamos desencorajar os consumidores de fumar? Assim como
veículos que têm como combustível o etanol; inseticidas e pesticidas que se
apresentam como ecologicamente mais corretos, etc.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

7. Pecado da mentira
É cometido através de declarações ambientais que são simplesmente falsas.
Exemplos: produtos falsamente declarados como sendo certificados ou
registrados por sua eficiência energética, mas tal certificado não foi encontrado
quando verificado sua veracidade.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos.
Disponível em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
Para não serem rotuladas de greenwashing, as empresas devem ficar atentas ao
conteúdo de suas campanhas publicitárias, investirem, de fato, em sustentabilidade e
tomar alguns cuidados:
 Conhecer profundamente os princípios e ações para que se alcance o
desenvolvimento sustentável;
 Fazer uma profunda e sincera avaliação dos impactos socioambientais da sua
empresa, produtos ou serviços;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 47

 Garantir a real sustentabilidade em todos os aspectos, como os impactos


causados na produção, distribuição e disposição dos produtos;
 Fiscalizar constantemente as ações de sustentabilidade que sua empresa
promete.
(Fonte: http://empresaverde.blogspot.com.br/2011/05/voce-sabe-o-que-e-greenwashing.html)

2.8. DICAS PRÁTICAS PARA UM CONSUMO SUSTENTÁVEL

Obs. Essa lição foi elaborada com base na cartilha “Pequeno guia de consumo
em mundo pequeno”. Disponível em:
http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mu
ndo_pequeno.pdf

Entrando em casa

 Cancelar o envio de correspondência que não lhe interessa, pode ser uma
ótima opção para reduzir o consumo de papel.

Na sala
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 48

 Que tal só trocar de celular quando parar de funcionar? Será que você precisa
comprar outro só porque tem mais recursos – que você nem vai usar?!
 Se preferir ler texto impresso, faça assinatura comunitária de jornais e revistas
com amigos e vizinhos. Aliás, quantos produtos poderiam ser compartilhados?
 Em festas e reuniões, é possível usar menos descartáveis. É possível contratar
utensílios, e até decoração reutilizáveis.
 Brinquedos com pilhas brincam sozinhos. Crianças adoram companhia. Bons
brinquedos são aqueles que instigam o raciocínio, a curiosidade e permitem a
interação. O melhor brinquedo para seus filhos? Você.

No guarda-roupa

 Quando suspeitar de uso de mão-de-obra infantil ou escrava na confecção do


produto, não compre. Um sapato feito em sofrimento não é bom para caminhar
em paz. Sustentabilidade pressupõe generosidade. Fique de olho nas etiquetas
e busque informações sobre formas de trabalho nos países de origem. Prefira
sempre o “feito aqui por perto”.

 Que tal comprar em brechós, reformar e customizar roupas, sapatos e


acessórios? Quando não for usar mais, doar é uma excelente opção.
 Muitas cidades já têm feiras de trocas. É também uma excelente forma de
mudar o guarda-roupa. Que tal você organizar uma feira em seu bairro?
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 49
1. Reúna ao menos dez participantes que possam levar bens e/ou serviços para trocar. Valem de
alimentos caseiros, roupas, livros e objetos usados à aula de violão, corte de cabelo e coisas fora do
mercado formal, como cuidar do gato ou fazer as compras.
2. Defina a data, a periodicidade e o local, que pode ser o clube, o salão de festas do condomínio
ou um galpão alugado, por exemplo. Lá, os participantes vão expor suas mercadorias como quiserem:
numa barraquinha de feira, numa mesa, toalha no chão e por aí vai.
3. Crie uma moeda social, uma nota com nome e identidade visual próprios, que não tem valor
fora da feira – é como o dinheiro do jogo Banco Imobiliário, lembra? Imprima cerca de 50 unidades por
pessoa (veja como cada participante consegue a moeda no item 4). O papel da moeda é permitir as
trocas indiretas, do contrário, você poderia querer uma caneca, mas o dono dela não gostou de nada
que você tem a oferecer – e aí, como ficaria?
4. Organize um banco, que compra com a moeda social uma cota dos produtos ou serviços
durante a feira. Essa é a forma de colocar as moedas em circulação para a feira começar. Por isso, as
pessoas devem se dirigir ao banco logo na chegada (os produtos ou serviços adquiridos pelo banco, por
sua vez, podem ser revendidos na própria feira ou vendidos fora dela, e os recursos obtidos, usados na
organização do próprio evento).
5. Defina o valor dos produtos ou serviços levados para trocar. Cada feira cria seu próprio
parâmetro de valores. Por exemplo: um eletrodoméstico em bom estado pode valer de 10 a 20 moedas
sociais; uma massagem, de 5 a 10; e uma camisa nova, 8..
6. Leve também materiais recicláveis para vender ou doar ao banco. No primeiro caso, o banco
vende os resíduos à indústria da reciclagem. No segundo, ele os doa para cooperativas de catadores.
7. Guarde no banco as moedas sociais que sobrarem. Você irá recebê-las de volta na edição
seguinte da feira.

No escritório

 Se for montar ou reequipar sua casa, prefira móveis usados, caso não possa
restaurar os que já têm. E só compre madeira certificada, de manejos que
respeitem a vida da floresta.
 Seja qual fora a sua profissão, fique antenado nas questões de
sustentabilidade. Cada vez mais, farão parte do seu dia a dia no trabalho.

No banheiro

 Os cosméticos feitos com produtos orgânicos são uma alternativa aos


convencionais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 50

Na cozinha

 Você não precisa de tanta carne, cuja produção tem grande impacto ambiental.
Só de água, por exemplo, um quilo de carne bovina, até chegar à sua mesa,
exigiu pelo menos 15000 litros.
 Estoques de peixes e frutos do mar estão ameaçados pela sobrepesca e
poluição. Varie o cardápio: evite atum (albacora), lagostas e badejo, e prefira
sardinhas e anchovas.
 Armazenar alimentos em potes com tampas é uma ótima opção para evitar
embrulhos descartáveis.

 Prefira alimentos cultivados em sua região, pois seu transporte consomem


muita energia e geral considerável poluição.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 51

 Sirva-se só do que for comer. O desperdício de alguns é a falta de alimentos


para muitos outros.
 Facilite (e torne menos custoso) o tratamento de esgotos não despejando óleo
na pia. Ao descer pelo ralo, o óleo vai para a rede de esgoto e pode entupir as
tubulações e contaminar a água. Cada litro de óleo despejado no esgoto tem
capacidade para poluir cerca de um milhão de litros de água. Veja duas opções
de como lidar com a sobra de óleo em sua casa:
o Armazene e leve a um posto de coleta: Coloque a sobre da fritura em
uma garrafa PET limpa e entregue em um posto de coleta para que seja
reciclado corretamente. Pesquise e conheça os locais próximos da sua
casa.
o Transforme-o em sabão caseiro: Você mesmo pode dar um novo destino
ao óleo de cozinha. A receita é simples e pode ser feita em casa:
Materiais: 5 litros de óleo de cozinha usado, 2 litros de água, 200 mililitros
de amaciante, 1 quilo de soda cáustica em escama. Preparo: Coloque
cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde e acrescente
a água fervendo. Mexa até diluir todas as escamas da soda e depois
adicione o óleo e mexa. Em seguida, adicione o amaciante e mexa
novamente. Jogue a mistura numa fôrma e espera secar. Corte o sabão
em barras.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 52

Na varanda/terraço

 Reserve um cantinho verde na varanda (na cozinha ou na área de serviço) para


um tempo seu com a terra. Utilize aquele pó de café com adubo.
 Não deixar água nos pratinhos de vasos é muito importante. Recolher as sobras
de ração de seus animais domésticos e cobrir alimentos também. Se você não
der chance aos insetos e roedores, não vai precisar de venenos.

Na rua

 Para evitar o uso de garrafa descartável de água, use um squeeze abastecido


com água filtrada.
 Escolha estabelecimentos de alimentos que empreguem utensílios duráveis,
laváveis. E, no caso de embalagens de bebidas, retornáveis. E se você sai de
casa na intenção de comprar comida para viagem, leve sua vasilha.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 53

 Para os assíduos frequentadores de restaurantes orientais: se o estabelecimento


não oferecer hashis duráveis, que tal adquirir e levar seus hashis de uso pessoal?
 Vai um sorvetinho? Casquinha dá para comer, potinho, nem tanto...

 E o canudo? Certeza que é indispensável? Mexa o suco com colher.


 Para as compras, há ecobags de plástico durável, de lona, de palha de milho.
Leve sua ecobag na bolsa ou no carro para carregar compras inesperadas.

 Incentive empresas e mercados a usarem embalagens de menor impacto na


natureza.
 Corte os exageros nas compras. Depois veja o que mais você pode fazer, como
adquirir produtos que têm refil.
 Optar por produtos com certificações ambientais e sociais é uma excelente
maneira de contribuir com a sustentabilidade, pois assim você influirá em toda a
cadeia produtiva.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 54

Aspectos sociais a serem considerados no momento da compra:

 Adquira sempre produtos originais e exija nota fiscal. Somente através do


comércio legal pode-se buscar igualdade nas competições de mercado.
 Verifique onde o produto foi fabricado. Quanto mais próximo de nossa casa,
melhor. Ao comprar um produto oriundo da economia local, estamos ajudando a
fortalecer essas empresas e colaborando para o desenvolvimento da região.
Verificar a origem é importante também para evitar produtos de regiões ou
países com práticas sociais inadequadas.
 Opte por produtos oriundos da economia verde e avalie adotar algumas de suas
práticas. Produtos com o selo “Fair Trade” garantem que sua produção
promoveu relações de comércio mais justas e solidárias. Redes ou cooperativas
de consumidores facilitam o acesso a produtos orgânicos com um preço
acessível. E feiras de troca mostram ser possível existir relações comerciais que
não se baseiam em dinheiro.
 Pesquise as práticas de responsabilidade social das empresas. Isto é, verifique
se adquirem matéria-prima e componentes a um preço justo (sem usar o poder
de barganha para levar vantagens sobre pequenos produtores), se não usam
mão-de-obra infantil ou escrava (direta ou indiretamente), se respeitam acordos
coletivos, se estão em dia com impostos e taxas, se pagam os funcionários em
dia, se têm boas práticas em gestão de pessoas, se compartilham com a
comunidade parte de seus lucros em forma de programas e ações sociais, entre
outras coisas.

3. ÁGUA E ENERGIA

3.1. INTRODUÇÃO: UNIVERSO DA ÁGUA

A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies


que habitam a Terra. No organismo humano a água atua, entre outras funções, como
veículo para troca de substâncias e para a manutenção da temperatura, representando
cerca de 70% de sua massa corporal.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 55

Fonte: http://www.aguahtz.com.br/2010/09/28/a-importancia-da-agua-para-humanos/

Além disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias


que encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Os alimentos que ingerimos dependem diretamente da água para a sua
produção. Necessitamos da água também para a higiene pessoal, para lavar roupas e
utensílios e para a manutenção da limpeza de nossas habitações.
Ela é essencial na produção de energia elétrica, na limpeza das cidades, na
construção de obras, no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros.
As indústrias utilizam grandes quantidades de água, seja como matéria-prima, seja na
remoção de impurezas, na geração de vapor e na refrigeração.
Dentre todas as nossas atividades, porém, é a agricultura aquela que mais
consome água – cerca de 70% de toda a água consumida no planeta é utilizada pela
irrigação.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 56

Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

A ameaça da falta de água, em níveis que podem até mesmo inviabilizar a nossa
existência, pode parecer exagero, mas não é. Os efeitos na qualidade e na quantidade
da água disponível, relacionados com o rápido crescimento da população mundial e
com a concentração dessa população em megalópoles, já são evidentes em várias
partes do mundo.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Inclusive no Brasil, existem regiões em que muitas pessoas sofrem com a falta de
água, seja por haver secas constantes, ou porque a água existente não é indicada
para o consumo, devido à poluição.
Por exemplo, ao longo de quilômetros de extensão do rio São Francisco,
concentra-se as contradições e conflitos que marcam o consumo da água no Brasil
como um todo. A região do São Francisco tem 58% de sua área, no total 270
municípios, incluída no chamado Polígono da Seca. Às margens do rio, é comum ver
fazendas ricas, abastecidas com água farta, tendo nas vizinhanças terras secas e
improdutivas, sem acesso à irrigação. Trata-se de um rio de várias vocações, da
agrícola à mineral, com enorme potencial hidrelétrico. Tais possibilidades abrem um
leque de disputas pelo uso da água, que castigam o São Francisco ao longo dos
séculos.
Outro exemplo se refere às regiões Sul e Sudeste, pois embora seus rios sejam
volumosos, não conseguem abastecer os maiores centros urbanos do país.
(Fonte: http://horizontegeografico.com.br/exibirMateria/251/agua-demais-agua-de-
menos#sthash.8GlfElIK.dpuf)
As projeções da Organização das Nações Unidas indicam que, se a tendência
continuar, em 2050 mais de 45% da população mundial estará vivendo em países que
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 57

não poderão garantir a cota diária mínima de 50 litros de água por pessoa. Com base
nestes dados, em 2000, os 189 países membros da ONU assumiram como uma das
metas de desenvolvimento do milênio reduzir à metade a quantidade de pessoas que
não têm acesso à água potável e saneamento básico até 2015.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

O ciclo da água
Na natureza, a água se encontra em contínua circulação, fenômeno conhecido
como ciclo da água ou ciclo hidrológico.

Fonte: http://www.aguasdevalongo.net/site/imagens/ciclo_g.jpg

A água dos oceanos, dos rios, dos lagos, da camada superficial dos solos e das
plantas evapora por ação dos raios solares. O vapor formado vai constituir as nuvens
que, em condições adequadas, condensam-se e precipitam-se em forma de chuva,
neve ou granizo. Parte da água das chuvas infiltra-se no solo, outra parte escorre pela
superfície até os cursos de água ou regressa à atmosfera pela evaporação, formando
novas nuvens. A porção que se infiltra no solo vai abastecer os aquíferos,
reservatórios de água subterrânea que, por sua vez, vão alimentar os rios e os lagos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A distribuição e o consumo de água doce no mundo


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 58

O volume total de água na Terra não aumenta nem diminui, é sempre o mesmo.
A água ocupa aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta.

Diante disso, você pode ser perguntar: “Mas se tem tanta água assim no planeta,
por que estudos alegam que a água do planeta pode acabar em breve?”.
Bom, 97,5% da água do planeta é salgada. Da parcela de água doce, 68,9%
encontra-se nas geleiras, calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em
águas subterrâneas, 0,9% compõe a umidade do solo e dos pântanos e apenas 0,3%
constitui a porção superficial de água doce presente em rios e lagos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 59

Além disso, a água doce não está distribuída uniformemente pelo globo. Sua
distribuição depende essencialmente dos ecossistemas que compõem o território de
cada país. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco), na América do Sul encontra-se 26% do total de água doce
disponível no planeta e apenas 6% da população mundial, enquanto o continente
asiático possui 36% do total de água e abriga 60% da população mundial.
O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da
disponibilidade do local, o consumo médio de água está fortemente relacionado com o
nível de desenvolvimento do país e com o nível de renda das pessoas.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Por isso são tão importantes as campanhas de conscientização do uso correto da
água!
Uma pessoa necessita de, pelo menos, 50 litros de água por dia para beber,
tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos, cozinhar etc. Dados da ONU, porém,
apontam que um europeu, que tem em seu território 8% da água doce no mundo,
consome em média 150 litros de água por dia. Já um indiano, consome 25 litros por
dia.
Segundo estimativas da Unesco, se continuarmos com o ritmo atual de
crescimento demográfico e não estabelecemos um consumo sustentável da água, em
2025 o consumo humano pode chegar a 90%, restando apenas 10% para os outros
seres vivos do planeta.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A água no Brasil

Você já deve ter ouvido falar que o Brasil abriga uma grande quantidade de água.
Entretanto, nos deparamos constantemente com reportagens a respeito da falta de
água principalmente na região do nordeste. Vejamos o motivo dessa situação.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 60

De maneira geral, o Brasil é um país privilegiado quanto ao volume de recursos


hídricos, pois abriga 13,7% da água doce do mundo. Porém, a disponibilidade desses
recursos não é uniforme, mais de 73% da água doce disponível no país encontra-se
na bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da população.
Não só a disponibilidade de água não é uniforme, mas a oferta de água tratada
reflete os contrastes no desenvolvimento dos Estados brasileiros. Enquanto na região
Sudeste 87,5% dos domicílios são atendidos por rede de distribuição de água, no
Nordeste a porcentagem é de apenas 58,7%.
O Brasil registra também elevado desperdício: de 20% a 60% da água tratada
para consumo se perde na distribuição, dependendo das condições de conservação
das redes de abastecimento. Além dessas perdas de água no caminho entre as
estações de tratamento e o consumidor, o desperdício também é grande nas nossas
residências.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Obs.: A respeito do desperdício de água em casa, ainda nesse capítulo você
receberá algumas dicas para que isso não aconteça.

3.2. USOS DA ÁGUA

Uso doméstico
Segundo o Ministério da Saúde, para que a água seja potável e adequada ao
consumo humano, deve apresentar características microbiológicas, físicas, químicas e
radioativas que atendam a um padrão de potabilidade estabelecido. Por isso, antes de
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 61

chegar às torneiras das casas, a água passa por estações de tratamento, onde são
realizados processos de desinfecção para garantir seu consumo sem riscos à saúde.
Após o tratamento, a água passa por análises laboratoriais, a fim de garantir a
distribuição de um produto de qualidade. O tratamento da água é fundamental para a
saúde pública.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Saneamento Básico
No Brasil, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 60 milhões de brasileiros
(9,6 milhões de domicílios urbanos) não são atendidos pela rede de coleta de esgotos
e, destes, aproximadamente 15 milhões (3,4 milhões de domicílios) não têm acesso à
água encanada.
Ainda mais alarmante é a informação de que, quando coletado, apenas 25% do
esgoto é tratado, sendo o restante despejado “in natura”, ou seja, sem nenhum tipo de
tratamento, nos rios ou no mar.

Como resultado dos baixos índices de tratamento, 65% das internações


hospitalares no País são devidos às doenças transmitidas pela água, como, por
exemplo, disenteria, hepatite, meningite, ascaridíase, tracoma, esquistossomose e
outras.
Segundo a OMS, mais de cinco milhões de pessoas morrem por ano no mundo
(número equivalente a toda a população de um país como a Finlândia) devido às
doenças transmitidas pela água.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 62

Uso industrial
As indústrias respondem por cerca de 22% do consumo total de água, utilizando
grandes quantidades de água limpa. O uso nos processos industriais vai desde a
incorporação da água nos produtos até a lavagem de materiais, equipamentos e
instalações, a utilização em sistemas de refrigeração e geração de vapor.

Dependendo do ramo industrial e da tecnologia adotada, a água resultante dos


processos industriais pode carregar resíduos tóxicos, como metais pesados e restos
de materiais em decomposição. Engana-se quem pensa que apenas as indústrias
químicas são grandes poluidoras. Uma fábrica de salsichas, por exemplo, pode
contaminar uma área considerável, se não adotar um sistema para tratar a água usada
na lavagem dos resíduos de suínos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Em relação à quantidade de água utilizada na produção de mercadorias, vale
ressaltar o conceito de “água virtual”. Você já ouviu falar nesse assunto?
Bom, água virtual é aquela utilizada para produzir qualquer produto ou serviço,
mas que não é calculada formalmente nos custos e despesas de um processo
produtivo, e de compra e venda.
Veja alguns exemplos:
 A produção de 1 Kg de:
o Arroz requer 3.000 litros de água.
o Milho requer 900 litros de água.
o Trigo exige 1.350 litros de água.
o Carne bovina requer 16.000 litros de água.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 63

 140 litros de água são necessários para produzir 1 xícara de café.


 A produção de 1 litro de leite exige 1.000 litros de água.
 Um Soja-Burgers (hambúrguer de soja) de 150 gramas, produzido na Holanda,
gasta cerca de 160 litros de água em sua produção, já um hambúrguer de carne,
do mesmo país, necessita cerca de 1000 litros de água para ser produzido.

Uso agrícola
As chuvas nem sempre são suficientes para suprir a umidade necessária para a
produção agrícola. A alternativa para os produtores é a irrigação, uma atividade que,
como vimos, consome mais de dois terços da água doce utilizada no planeta.
Além do alto consumo, não raro provocado pelo mau aproveitamento, que leva
ao desperdício, a agricultura também afeta drasticamente a qualidade dos solos e dos
recursos hídricos. Os agrotóxicos e fertilizantes empregados na agricultura podem ser
carregados para os corpos d’água, causando a contaminação, tanto da água
superficial, quanto subterrânea.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Diante disso, um modelo de agricultura que está sendo cada vez mais difundido
no Brasil é a agroecologia. Esse sistema leva em conta um conjunto de fatores, como
a preservação da biodiversidade, o equilíbrio do fluxo de nutrientes, a conservação da
superfície do solo e a utilização eficiente da água e da luz. Além disso, inclui os fatores
sociais, como a geração de trabalho e renda, a promoção de educação, do
aperfeiçoamento técnico e da qualidade de vida, além do estímulo ao associativismo e
ao cooperativismo, de forma a reforçar o enraizamento das famílias rurais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 64

Dica: Sempre que possível opte por alimentos orgânicos (aqueles em cuja
produção não foram utilizados produtos químicos). Procure por feiras de alimentos
orgânicos em sua região, os preços nessas feiras geralmente são mais acessíveis que
nos supermercados. No site do Idec você pode verificar qual é a feira mais próxima de
você: http://www.idec.org.br/feirasorganicas.

Navegação
O regime fluvial é ditado pelas chuvas e pela capacidade de escoamento do solo
da Bacia Hidrográfica (quanto menos cobertura vegetal tiver a Bacia Hidrográfica, mais
rapidamente a enxurrada chegará ao leito). Assim, as hidrovias interiores requerem a
preservação da cobertura vegetal das respectivas bacias hidrográficas. Seu
funcionamento adequado depende, pois, da preservação do meio ambiente.

Nem sempre a construção de uma hidrovia á a melhor opção, pois para que elas
sejam construídas são necessárias grandes obras de infraestrutura que podem
degradar o entorno do empreendimento e também modificar o leito dos rios, afetando
a vida e seu curso natural.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 65

Veja o seguinte exemplo:


O projeto Hidrovia Paraguai-Paraná, desde a sua proposição em 1987, vem
gerando sérias discussões entre a sociedade civil organizada e os governos dos
países envolvidos na Bacia do Prata. Estudos já foram realizados, comprovando que a
implantação da hidrovia implicará em grandes impactos na estrutura e funcionamento
do Pantanal. Em consequência, as comunidades ribeirinhas e população indígena,
sofrerão com a alteração ambiental, em especial com a diminuição da pesca, gerando,
assim, impactos socioambientais, culturais e econômicos.
Assim como toda atividade humana, o transporte hidroviário interior tem seus
riscos. Sempre existe a possibilidade de ocorrerem acidentes e, em consequência,
danos ao meio ambiente. No entanto, esses riscos podem ser minimizados se houver
uma boa gestão hidroviária.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Pesca e lazer
A pesca e o lazer são atividades que dependem essencialmente da qualidade da
água. A poluição dos corpos d’água por esgotos domésticos, dejetos industriais, entre
outras atividades, causam prejuízos cada vez maiores à indústria pesqueira e
comprometem a sobrevivência de populações ribeirinhas que têm nos pescados sua
principal e, não raro, única fonte de sobrevivência.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 66

Por isso, a pesca e o lazer devem ser assegurados pela proteção ambiental dos
cursos d’água, represas a mares, por meio do combate às fontes poluidoras. Mas
essas atividades, que precisam de água com qualidade, também podem prejudicá-la.
A pesca predatória, a limpeza dos peixes à beira dos rios e o lixo colocam em riscos a
segurança ambiental dos corpos d’água. Em ambos os casos, a solução está na
conscientização e na educação ambiental das populações e no combate às fontes
poluidoras.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Geração de energia
A energia hidráulica, que provém da água em movimento, fornece cerca de 19%
da energia mundial. Mas o aproveitamento é desigual. Enquanto nos países
industrializados praticamente todo o potencial de geração de energia é utilizado, a
África explora apenas 7% de seu potencial; a Ásia, 22%; a América Latina, 33%; o
Brasil, 24%.
No Brasil, as usinas hidrelétricas respondem por cerca de 90% da produção de
energia elétrica. Esta é uma vantagem, já que se trata de uma fonte renovável, ao
contrário dos combustíveis derivados do petróleo, carvão ou minerais radioativos que,
além de poluidores, são finitos.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 67

Mas, mesmo no caso das hidrelétricas, é preciso adotar critérios de construção e


localização que minimizam os impactos negativos ao meio ambiente. No Brasil foram
construídas grandes usinas, como as de Itaipu, Tucuruí e Sobradinho. Além do alto
custo da construção, usinas hidrelétricas de grande porte geralmente causam um
grande impacto ambiental nas regiões onde são instaladas, pois tendem a alagar
áreas extensas, com sérios reflexos sobre os ecossistemas e sobre a população local.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

3.3. DICAS PRÁTICAS PARA ECONOMIA DE ÁGUA

Obs.: Essa lição apresenta as dicas contidas no “Guia de boas práticas: uso
sustentável da água”. Disponível em:
www.regiaodeaveiro.pt/Download.aspx?id=33089.

BANHEIRO
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 68

Descarga

Na utilização doméstica de água, as descargas representam cerca de 30% do


consumo total.
 Ajuste a caixa de descarga (quando você a possuir) para um volume de
descarga mínimo baixando a boia. Em média, cada descarga gasta de 10
a 12 litros de água quando metade seria suficiente;
 Tenha preferência por caixas de descarga de dupla descarga ou com
interrupção de descarga;
 Evite descargas desnecessárias. Não jogue resíduos (cabelos, papéis,
cigarros etc.) no sanitário. Tenha sempre um lixo no banheiro.
Torneiras de Lavatório
As torneiras são os dispositivos de consumo de água mais comuns numa
habitação, existindo no mínimo de 3 a 5 torneiras. Estima-se que as torneiras
representem de 15 a 20% do consumo na habitação.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 69

 Feche a torneira enquanto escova os dentes e use um copo para


bochechar;
 Encha metade do lavatório com água para fazer a barba, feche a torneira
enquanto se barbeia;
 Considere a colocação de torneiras temporizadoras e/ou de comando
eletrônico (com sensor de proximidade);
Banho

Fonte: http://worldfabibooks.wordpress.com/2011/10/03/o-tempo-do-banho/

Os banhos de chuveiro são usos bastante significativos na habitação,


representando próximo de 1/3 do consumo médio. Desta forma, existe um potencial de
poupança significativo aplicando medidas que reduzam o volume gasto em cada
utilização.

 Feche a água do chuveiro enquanto se ensaboa e lava o cabelo ou, em


alternativa, adquira chuveiros temporizados que interrompem o fluxo de
água decorrido algum tempo;
 Sempre que tenha que substituir/adquirir novos chuveiros considere a sua
eficiência;
 Utilize concentradores de esguicho, que reduzem a área de difusão,
concentrando-a;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 70

 Utilize um balde para aproveitar a água que sai do chuveiro enquanto não
aquece. Essa água pode depois ser utilizada para limpezas, rega etc.

COZINHA

Torneiras
Juntamente com as torneiras de lavatório, o consumo de água nas torneiras de
cozinha tem um peso significativo no consumo de uma casa.
 Minimize a utilização de água corrente para descongelar alimentos.
 A água utilizada para lavar a fruta e legumes poderá ser utilizada para a
rega de plantas. Não a jogue fora!
 Evite encher excessivamente as panelas com água para cozinhar, utilize
apenas a água suficiente para cobrir os alimentos, cozinhe com a tampa
fechada e diminua a chama do fogão assim que levantar fervura – a água
não ultrapassa os 100°C mesmo que mantenha a chama no máximo.
 Use a mínima quantidade de detergente para uma lavagem de louça. É
eficaz e, dessa forma, poupa detergente e água para enxaguá-la;

ÁREA DE SERVIÇO
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 71

Máquinas de lavar
A utilização das máquinas de lavar roupa e louça é responsável por cerca de
10% do consumo de água de uma habitação. A redução do consumo de água nesses
equipamentos está diretamente ligada à forma como eles são utilizados.
 Não utilize programas com ciclos desnecessários (ex. pré-lavagens);
 Que tal juntar bastante roupa antes de usar a máquina? Aproveitar a água
do enxágue para lavar outras coisas? E lembre-se: mais sabão não
significa mais branco. Use só o necessário. E roupas não precisam de
água quente;
 Deixe as roupas de molho e use a mesma água para lavar e ensaboar;
 Sempre que tenha que substituir/adquirir as máquinas de lavar, considere
a sua eficiência. Prefira as máquinas que consumam menos água nas
suas lavagens. O valor considerado como ideal para uma máquina de
lavar roupa é de 6 litros/kg de roupa.
Limpeza
É uma atividade muito importante na manutenção da habitação e para o bem-
estar dos seus residentes.
A lavagem dos veículos pode ter um alto impacto ambiental. Além de um grande
consumo de água, pode ainda ser responsável pela poluição por descarga direta de
poluentes!
 Opte por baldes de água. Evite a utilização da mangueira, mas, caso o
faça, feche a torneira quando não estiver utilizando a água.
 Use vassoura, rodo e balde para limpar a casa, quintal e calçada. Assim,
você não vai usar a mangueira e gastar tanta água. Evite usar a
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 72

mangueira para “empurrar” o lixo. Varra-o e recolha-o antes. Assim você


economiza na conta e não desperdiça água potável.
 Utilize equipamentos com água sob pressão ou com mistura de ar. Eles
conferem maior força à água e consequentemente maior poder de
limpeza, tornando essa operação mais eficiente.

QUINTAL

Piscinas
Embora pouco usuais, podem ter um peso importante no consumo de água da
habitação. A construção/instalação de uma piscina carece de uma atenção redobrada
de forma a otimizar o consumo.
 Proteja a piscina do vento mediante barreiras naturais ou encontre uma
zona protegida para implantá-la, evitando desta forma uma perda de água
por evaporação em quantidade nada desprezível;
 Utilize uma cobertura isotérmica, permitindo a redução de cerca de 80 e
90% da perda de água por evaporação a que evita também a entrada de
pó, folhas e outros elementos;
 Não encha demais a piscina, de forma a evitar a perda de água com os
mergulhos e brincadeiras;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 73

 Na manutenção da qualidade da água da piscina faça a recirculação da


água conjuntamente com um sistema de tratamento eficiente do ponto de
vista do consumo de água na lavagem de filtros;
 Cumpra o intervalo recomendado entre manutenções.

Espaços verdes

Quem possui um espaço verde também consome água para rega que representa
um peso importante no consumo. Pense na economia de água que conseguirá em
longo prazo, afinal o jardim perdurará por muito tempo. O dinheiro que investir na sua
concepção pode ser recuperado em poucos anos.
 Considere a plantação de espécies endêmicas (espécies típicas da região)
que naturalmente conseguem sobreviver com menor quantidade de água,
visto estarem adaptadas ao clima ou prefira as espécies menos exigentes.
 Evite regas excessivas, que acabam por asfixiar a vegetação;
 Plante com composto rico em matérias orgânicas e nutrientes, o qual
facilita a retenção da água no solo junto às raízes;
 Escolha espécies com diferentes ciclos vegetativos de modo a que não
necessitam ao mesmo tempo de maiores quantidades de água;
 Plante árvores que façam sombra no verão, reduzindo a evaporação da
água na terra protegida pela sombra;
 Tenha atenção às condições meteorológicas visto que pode não precisar
regar caso chova;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 74

 Regue de manhã cedo ou à noite, visto que desta forma poupa a água que
se perde com o calor do sol (evaporação), além de ser mais adequado
para as plantas;
 Evite a rega em dias ventosos, para que a maioria da água não evapore
ou não atinja a zona pretendia;
 Certifique que o sistema de rega distribui a água uniformemente;
 Lave os animais de estimação ao ar livre numa área que precise de rega e
ao substituir a água, não a jogue fora e use-a para regar árvores ou
arbustos.

3.4. TÉCNICAS DE REAPROVEITAMENTO E ARMAZENAMENTO DA

ÁGUA

A água pluvial é aquela que vem da chuva, enquanto a chamada “água


cinzenta” se refere a qualquer água proveniente de processos domésticos como lavar
louça, roupa e tomar banho (exceto dos vasos sanitários, que são as águas negras).
Em atividades como a rega, a lavagem de automóveis e quintais ou para
descargas não é necessária a utilização de água potável, com elevados padrões de
qualidade. Como forma de redução de consumo de água potável pode-se reaproveitar
as águas cinzentas ou pluviais para esses fins.
Para que seja possível fazer o aproveitamento da água da chuva, é necessária
uma superfície de recolha, que geralmente é a cobertura da habitação/edifício, e um
depósito de armazenamento. Pode optar-se por um reservatório subterrâneo, o qual,
apesar de acarretar custos de instalação mais elevados, tem a vantagem de não
ocupar espaço acima do solo. Neste caso, será necessário instalar uma bomba para a
elevação da água.
(Fonte “Guia de boas práticas: uso sustentável da água”. Disponível em:
www.regiaodeaveiro.pt/Download.aspx?id=33089)

Sistema de reuso de água cinzenta

As águas cinzentas podem ser reutilizadas para atividades como irrigação,


limpeza e descarga de sanitários. Estas águas apresentam teores de matéria orgânica
e turbidez; portanto, seu reuso direto (em estado bruto) não é recomendável, sendo
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 75

necessário um prévio tratamento do efluente em nível secundário, com posterior


desinfecção.
Um sistema de reuso da água cinza compreende:
 Sistema de coleta de esgoto sanitário – consiste em dois tipos de condutores
visando à separação das águas cinzentas e águas negras (efluentes das bacias
sanitárias);
 Sistema de tratamento – as águas cinzentas sofrem tratamento para a remoção
da carga poluidora e a desinfecção;
 Reservatório de armazenamento – após o processo de tratamento, a água de
reuso é encaminhada para um reservatório de armazenamento exclusivo;
 Sistema de distribuição predial – consiste em ramais e sub-ramais que levam a
água de reuso até o destino de utilização.
Atualmente, existem no mercado inúmeros sistemas industrializados de
tratamento de esgoto doméstico que facilitam muito a implantação de sistemas de
reuso de água em edificações residenciais e pequenos conjuntos habitacionais. A
escolha do equipamento deve se basear no tipo de efluente a ser tratado e na sua
vazão diária de contribuição.
Observe algumas ideias para o reuso da água do lavatório e do chuveiro:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 76

Dica: Se informe. Procure por novas tecnologias no reaproveitamento da água,


ou até mesmo crie a sua ou adapte alguma para que ela custe menos!

3.5. INTRODUÇÃO: ENERGIA É TUDO

A energia elétrica se tornou um dos bens de consumo mais fundamentais para


as sociedades modernas. Usamos energia para gerar iluminação, movimentar
máquinas e equipamentos, controlar a temperatura produzindo calor ou frio, agilizar as
comunicações etc. Da eletricidade dependem a nossa produção, locomoção,
eficiência, segurança, conforto e vários outros fatores associados à qualidade de vida.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 77

A contrapartida dos benefícios proporcionados pelo desenvolvimento


tecnológico é o crescimento constante do consumo de energia. Para atender à
demanda, os governos precisam investir cada vez mais na construção de usinas de
geração, linhas de transmissão e distribuição, com sérios prejuízos ambientais.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A gravidade dos impactos ambientais vai depender em grande parte da fonte de


energia usada na geração da eletricidade. O emprego de fontes não renováveis, como
o petróleo, o gás natural, o carvão mineral e o urânio, está associado a maiores riscos
ambientais, tanto locais (poluição do ar e vazamento radioativo) como globais
(aumento do efeito estufa).
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 78

Já as fontes de energia renováveis, como a água, o Sol, os ventos e a


biomassa (lenha, bagaço de cana, carvão vegetal, álcool e resíduos vegetais) são
considerados as formas de geração mais limpas que existem, embora também possam
afetar o meio ambiente, dependendo das formas de utilização desses recursos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

No campo da produção de energia da biomassa, o Brasil é um país


absolutamente privilegiado. Por dispor da incidência da energia solar durante todo o
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 79

ano, em quase toda a sua extensão territorial, pode ser propor a implantar um amplo
programa de geração de energia de variados teores e fontes.
Para enfrentar o aumento da demanda no futuro precisamos encarar o uso da
energia sob a ótica do consumo sustentável, ou seja, aquele que atende às
necessidades da geração atual sem prejuízo para as gerações futuras. Isso significa
eliminar desperdícios e buscar fontes alternativas mais eficientes e seguras para o
homem e o meio ambiente. O desafio está lançado, não apenas para as autoridades
governamentais, mas para a sociedade como um todo.
Atualmente, boa parte da tecnologia de produção baseia-se em derivados de
petróleo. Como as reservas de petróleo são finitas e diminuem a cada ano, são
enormes as vantagens competitivas dos Países com capacidade de produção de
energia a partir de fontes perenes, como o Sol, os ventos e a biomassa.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Setor elétrico no Brasil:

As características físicas e geográficas do Brasil foram determinantes para a


implantação de um parque gerador de energia elétrica de base predominantemente
hidráulica. Nosso sistema hidrelétrico foi planejado entre 1951 e 1956, dando
sustentação ao forte impulso do País rumo à industrialização e ao desenvolvimento.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 80

Isso, no entanto, não significa que podemos ficar tranquilos. Nos últimos 40
anos, a população brasileira mais que triplicou, e a demanda por energia elétrica
cresceu de forma exponencial. Para garantir o fornecimento de eletricidade à
população, ao parque industrial e comercial, o País investiu na construção da maior
usina do planeta, a Hidrelétrica de Itaipu.
Mesmo assim, em meados dos anos 90, o sistema hidrelétrico começou a não
acompanhar o crescimento da demanda, em função do decréscimo de investimento.
Os excedentes de água que davam garantias de abastecimento para os cinco anos
seguintes passaram a ser consumidos sem a compensação proporcional que deveria
ser assegurada pelos períodos chuvosos.
Nosso consumo de eletricidade tem crescido a uma média de 3% ao ano. A
atividade industrial é a que mais consome energia – 46% do total gerado no País. Em
seguida vem o setor residencial, com 23% e o comercial, com 14%. Na última década,
o consumo disparou em todos os setores. O comércio não apenas ganhou novos
estabelecimentos com alto padrão de consumo (shopping centers, hipermercados)
como dinamizou suas atividades com ampliação do horário de funcionamento. O
consumo residencial também não para de subir. Isso se deve não apenas ao aumento
da população, mas também à crescente incorporação de novos aparelhos e
equipamentos eletroeletrônicos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Consumo x desperdício

Segundo estimativas do setor elétrico, cada consumidor desperdiça em média


10% da energia fornecida, seja por hábitos adquiridos, seja pelo uso ineficiente de
eletrodomésticos. Esse quadro, no entanto, parece estar mudando.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 81

Em 2001 o país inteiro passou por um racionamento de energia elétrica. Os


consumidores domésticos tiveram de reduzir o consumo em até 20%. Embora isso
tenha exigido uma boa dose de sacrifício, o racionamento acabou sendo útil, na
medida em que a população se tornou mais consciente em relação ao desperdício.
Para boa parte da população que nunca havia se preocupado com o gasto de
energia, foi uma oportunidade para identificar e eliminar fontes de desperdício em suas
residências e se conscientizar de que o consumo de energia implica custos
econômicos, ambientais e sociais. Para outra parte da população, a de menores
recursos, a redução do consumo, teve de abrir mão do uso de eletrodomésticos. Ao
final do racionamento, muitas pessoas já estavam habituadas a níveis mais baixos de
consumo e continuaram economizando energia, agora não mais de forma compulsória,
mas voluntariamente.
Além de fazer bem ao bolso, essa economia contribui para diminuir a
exploração de recursos naturais não renováveis e reduzir os impactos ambientais, pois
permite o adiamento da construção de novas usinas de geração, linhas de transmissão
e distribuição de energia.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Isso mostra que economizar energia requer um esforço extra, mas não é nada
que nós não podemos fazer.

3.6. FONTES DE ENERGIA

Energia hidráulica
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 82

A construção de usinas hidrelétricas geralmente exige a formação de grandes


reservatórios de água. Para isso, normalmente, é preciso inundar uma vasta área de
terra, o que provoca profundas alterações no ecossistema, já que a fauna e a flora
locais são completamente destruídas. Dependendo do tipo de relevo e da região onde
se encontra o empreendimento, as hidrelétricas podem também ocasionar o
alagamento de terras e o deslocamento de populações ribeirinhas. Outro tipo de usina
hidrelétrica é a usina de fio d’água, que opera sem a necessidade de grandes
reservatórios.
Até bem pouco tempo defendia-se que a hidroeletricidade era uma forma de
energia não poluente. Hoje se sabe que a decomposição da vegetação submersa dá
origem a gases como o metano, o dióxido de carbono e óxido nitroso, que causam
mudanças no clima da terra.
Mesmo assim, geralmente, as usinas hidrelétricas são menos prejudiciais do
que as termelétricas, que emitem outros gases tóxicos, como o dióxido de enxofre e de
nitrogênio, além de material particulado (poeira e fumaça resultantes da queima de
combustíveis fósseis, especialmente das termelétricas movidas a óleo combustível),
prejudiciais à saúde.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Energia termelétrica
A energia térmica ou calorífera é o resultado da combustão de diversos
materiais, como carvão, petróleo, gás natural, que são fontes não renováveis, e
biomassa (lenha, bagaço de cana etc.), que é uma fonte renovável.
A energia térmica pode ser convertida em energia mecânica e eletricidade, por
meio de equipamentos como a caldeira a vapor e as turbinas a gás. Após a produção
de eletricidade, o calor rejeitado pode ainda ser aproveitado em outros processos,
principalmente na indústria. As usinas que produzem simultaneamente calor e
eletricidade são chamadas de usinas de cogeração.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Veja a seguir os combustíveis que podem movimentar as termelétricas:
 Gás natural: As reservas de gás natural formaram-se há milhões de anos a
partir da sedimentação do plâncton. Sua combustão libera óxido de nitrogênio e
também dióxido de carbono, embora este último em quantidades menores que
o petróleo e o carvão.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 83

 Petróleo: Se formou durante milhões de anos pelas transformações químicas de


materiais orgânicos, como os plânctons. Quando queimados, os derivados do
petróleo (gasolina, óleo combustível, óleo diesel etc.) produzem gases
contaminantes, como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de
carbono, que poluem a atmosfera e contribuem para o aquecimento da Terra e
para a formação de chuva ácida, entre outros efeitos nocivos.
 Carvão mineral: Também se formou há milhões de anos a partir de plantas e
animais. É o pior combustível não-renovável, pois sua combustão emite grandes
quantidades de óxidos de nitrogênio e enxofre, que provocam acidificação
(chuva ácida), além de agravar doenças pulmonares, cardiovasculares e renais
nas populações próximas. A queima do carvão também libera dióxido de
carbono, que contribui para o aumento do efeito estufa.
 Biomassa: A biomassa é matéria de origem orgânica que pode ser usada como
combustível em usinas termelétricas, com a vantagem de ser uma fonte
renovável. Um exemplo de biomassa é a lenha. Podemos dizer que a lenha é
renovável somente quando o ritmo de extração está em equilíbrio com o de
reflorestamento. Caso contrário, ela perde seu caráter de renovabilidade,
colocando em risco a sobrevivência das florestas.
A produção de biomassa pode ocorrer pelo aproveitamento de lixo residencial e
comercial, ou de resíduos de processos industriais, como serragem, bagaço de cana e
cascas de árvores ou de arroz.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Energia nuclear
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 84

É a energia liberada por uma reação denominada fissão nuclear – no reator


nuclear, os núcleos dos átomos são bombardeados uns contra os outros, provocando
o rompimento dos núcleos e a liberação de energia. Esse processo resulta em
radiação e calor, que por sua vez transforma a água em vapor. A pressão resultante é
usada para produzir eletricidade.
A matéria-prima empregada na produção de energia nuclear é o urânio, um
metal pesado radioativo. Seu uso é muito questionado, tanto pelos problemas de
contaminação resultantes da extração do urânio, como pelas dificuldades de depósito
final dos dejetos radioativos.
As usinas nucleares também estão sujeitas a acidentes. O vazamento de
radiação tem o poder de provocar alterações genéticas e câncer por várias gerações,
além dos danos ambientais com consequências incalculáveis em logo prazo.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Energia eólica
É a energia produzida a partir da força dos ventos. Nos aerogeradores, a força
do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico.

No Brasil, o potencial de aproveitamento da energia eólica é de 143.000


megawatts. Os Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte apresentaram os
potenciais mais promissores.
Considerando que as fontes alternativas ainda têm custos mais elevados do que
as convencionais, em abril de 2002 o governo federal criou, pela Lei nº 10.438, o
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 85

Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), como


objetivo de ampliar a inserção da fonte eólica, da biomassa e PCH (Pequenas Centrais
Hidrelétricas) no sistema elétrico interligado, de uma forma sustentável.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Energia solar
O Sol é a fonte primária de energia e, também, de vida. Podemos dizer que o
Sol é, em última análise, a fonte responsável pela maior parte da energia existente na
superfície da Terra. A radiação eletromagnética do Sol propicia a produção de calor e
potência. Assim, podemos obter dois tipos de energia solar: a térmica e a fotovoltaica.
 Energia solar térmica: a forma mais comum desse aproveitamento utiliza
coletores solares que a captam a energia do sol e a transferem para a água,
dispensando ou reduzindo a necessidade de uso de aquecedores e chuveiros
elétricos.
 Energia solar fotovoltaica: a energia solar também pode ser coletada por meio
de lâminas ou painéis chamados fotovoltaicos. Eles são recobertos com um
material capaz de capturar a radiação solar e gerar energia elétrica. Essa
energia pode ser utilizada diretamente ou armazenada em baterias para uso
nos horários em que não haja sol. A energia solar não polui nem requer o uso
de turbinas ou geradores, mas seu aproveitamento ainda tem custo elevado.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

3.7. DICAS PRÁTICAS PARA ECONOMIA DE ENERGIA

Obs.: Você também pode visualizar as dicas contidas nessa lição no “Manual de
educação e consumo sustentável”. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf.
Eficiência energética pode ser definida como a otimização que podemos fazer no
consumo de energia.
A ameaça de esgotamento das reservas de combustíveis fósseis, a pressão dos
resultados econômicos e as preocupações ambientais, levam-nos a encarar a
eficiência energética como uma das soluções para equilibrar o modelo de consumo
existente e para combater as alterações climáticas.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 86

Aprender a utilizar de forma responsável a energia de que dispomos é garantir


um futuro melhor para as gerações vindouras.
No entanto, para lá chegarmos, precisamos alterar a nossa atitude em relação ao
consumo de energia, refletindo-a nos gestos do dia-a-dia.
(Fonte: Guia prático da eficiência energética: o que saber & fazer para sustentar o futuro. Disponível em:
http://ws.cgd.pt/blog/pdf/guia_edp.pdf)
Veja a seguir algumas dicas pra baixar o consumo:

Chuveiro

 Quando o tempo não estiver frio, procure usar o chuveiro com a chave na
posição verão (morno). O consumo é 30% menor do que na posição inverno.
 Tente limitar seus banhos em aproximadamente cinco minutos. Feche o
chuveiro enquanto se ensaboa.
 Use resistências originais, verificando a potência e a voltagem correta do
aparelho. Jamais faça emendas ou adaptações. Esse procedimento aumenta o
consumo de energia e causa sérios danos à instalação e ao chuveiro.

Máquinas de lavar e ferro elétrico


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 87

 Habitue-se a juntar a maior quantidade possível de roupas para passá-las de


uma só vez.
 Mantenha o filtro da máquina de lavar roupa sempre limpo.
 Se o ferro for automático, regule sua temperatura. Passe primeiro as roupas
delicadas, que precisam de menos calor. No final, depois de desligá-lo, você
ainda pode aproveitar o calor para passar algumas roupas leves.
 Evite ligar o ferro elétrico nos horários em que muitos outros aparelhos estejam
ligados. Ele sobrecarrega a rede elétrica.

Geladeira e freezer
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 88

 De forma geral, esses equipamentos são responsáveis por cerca de 30% do


consumo de uma residência. Na hora de comprar, leve em conta a eficiência
energética certificada pelo selo PROCEL e dê preferência aos que utilizam
gases inofensivos à camada de ozônio (livres de CFCs).
 Evite a proximidade com o fogão, aquecedores ou áreas expostas ao sol. No
caso de instalações entre armários e paredes, deixe um espaço mínimo de 15
cm dos lados, acima e no fundo do aparelho.
 Evite abrir a porta da geladeira em demasia ou por tempo prolongado.
 Deixe espaço entre os alimentos e guarde-os de forma que você possa
encontrá-los rápida e facilmente.
 Não guarde alimentos e/ou líquidos quentes, nem recipientes sem tampa na
geladeira.
 Não forre as prateleiras com vidros ou plásticos, pois isso dificulta a circulação
interna de ar.
 Faça o descongelamento do freezer periodicamente, conforme as instruções do
manual, para evitar que se forme uma camada com mais de meio centímetro de
espessura.
 No inverno, a temperatura interna do refrigerador não precisa ser tão baixa
como no verão. Regule o termostato.
 Conserve limpas as serpentinas (as grades) que se encontram na parte de trás
do aparelho e não as utilize para secar panos, roupas etc.
 Mantenha em perfeito estado a borracha de vedação da porta.
 Quando você se ausentar de casa por tempo prolongado, esvazie o freezer e a
geladeira e deixe-os desligados.

Lâmpadas
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 89

 Na hora de comprar, dê preferência a lâmpadas fluorescentes, compactas ou


circulares, para a cozinha, área de serviço, garagem e qualquer outro lugar da
casa que fique com as luzes acesas por mais de quatro horas por dia. Além de
consumir menos energia, essas lâmpadas duram mais que as comuns. Não se
esqueça, porém, de que essas lâmpadas contêm substâncias químicas que
podem ser prejudiciais à saúde se não forem descartadas adequadamente. O
melhor é entregar nos locais de venda, quando possível.
 Sempre que possível, usar lâmpadas LEDs. Elas duram mais, são bastante
econômicas e não são consideradas resíduos perigosos como as fluorescentes
(no entanto, elas possuem ainda hoje preço mais alto).
 Evite acender lâmpadas durante o dia. Aproveite melhor a iluminação natural
abrindo bem as janelas, cortinas e persianas. Apague as lâmpadas dos
ambientes que estiverem desocupados.
 Apague as lâmpadas dos ambientes desocupados. Use iluminação dirigida
(spots) para leitura, trabalhos manuais etc. para ter mais conforto e economia.
 Periodicamente, faça a manutenção das instalações elétricas. Fios mal
encapados, desencapados e mal isolados causam fuga de corrente.

Televisão

 Não durma com a televisão ligada. Mas se você se acostumou com isso, uma
opção é recorrer ao timer (temporizador) para que o aparelho desligue
automaticamente.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 90

 Telas de LCD consomem menos energia do que as de plasma.


 Não deixe os aparelhos em stand-by. Tire-os da tomada quando não estiverem
em uso.

Ar-condicionado

 Na hora da compra, escolha um modelo adequado ao tamanho do ambiente em


que será utilizado. Prefira os aparelhos com controle automático de temperatura
e dê preferência às marcas de maior eficiência (selo PROCEL).
 Na instalação, procure proteger a parte externa da incidência do sol (mas sem
bloquear as grades de ventilação).
 Quando o aparelho estiver funcionando, mantenha as janelas e as portas
fechadas.
 Desligue-o quando o ambiente estiver desocupado.
 Evite o frio excessivo, regulando o termostato.
 Mantenha limpos os filtros do aparelho, para não prejudicar a circulação e a
qualidade do ar.

Aquecedor (boiler)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 91

 Na hora da compra, escolha um modelo com capacidade adequada às suas


necessidades e leve em conta a possibilidade de uso da energia solar.
 Dê preferência a aparelhos com bom isolamento do tanque e com dispositivo de
controle de temperatura.
 Ao instalar, coloque o aquecedor o mais próximo possível dos pontos de
consumo.
 Isole com cuidado as canalizações de água quente.
 Ao utilizar, ajuste o termostato de acordo com a temperatura ambiente.
 Ligue o aquecedor apenas durante o tempo necessário; se possível, coloque
um timer para que essa função se torne automática.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 92

Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf.

4. RESÍDUOS SÓLIDOS DOM ÉSTICOS

4.1. INTRODUÇÃO

Animais, excrementos, folhas e todo tipo de material orgânico morto se


decompõem com a ação de milhões de microrganismos decompositores, como
bactérias, fungos, vermes e outros, disponibilizando os nutrientes que vão alimentar
outras formas de vida.

Entretanto, com a industrialização e a concentração da população e a evolução


de materiais há a geração de novos tipos de lixo como as embalagens, por exemplo, o
que foi se tornando um problema.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 93

A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza: por um lado, extraímos mais


e mais matérias-primas, por outro, fazemos crescer montanhas de lixo. E como todo
esse resíduo, infelizmente, não é tratado para ser transformado em novas matérias-
primas, ele pode tornar-se uma perigosa fonte de doenças e de contaminação para o
meio ambiente.

Recentemente começamos a perceber que, assim como não podemos deixar o


lixo acumular dentro de nossas casas, é preciso conter a geração de resíduos e dar
um tratamento adequado ao lixo no nosso planeta. Para isso, será preciso educar para
o consumo, sensibiliza a população quanto os impactos causados pelo consumismo e
investir em tecnologias que permitam diminuir a geração de resíduos, além da
reutilização e da reciclagem dos materiais em desuso.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
HTTP://PORTAL.MEC.GOV.BR/DMDOCUMENTS/PUBLICACAO8.PDF)

Precisamos, ainda, reformular nossa concepção a respeito do lixo. Não podemos


mais encarar todo lixo como “resto inútil”, mas, sim, como algo que pode ser
transformado em nova matéria-prima para retornar ao ciclo produtivo.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
HTTP://PORTAL.MEC.GOV.BR/DMDOCUMENTS/PUBLICACAO8.PDF)

Outro assunto importante a ser discutido nessa lição é Política Nacional de


Resíduos Sólidos. Você sabe por que a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi
criada?

Uma pesquisa de 2008 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o


IBGE, apontou que grande parte dos resíduos sólidos gerados em nosso País é
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 94

descartada inadequadamente. Esses dados apenas confirmam uma preocupação que


já estava em debate há muito tempo, pois o nosso País não possuía ainda diretrizes
que orientassem os Estados e Municípios na forma de gerir esses resíduos.

É por isso que, a partir de 2004, o Ministério do Meio Ambiente concentrou


esforços para elaborar uma proposta que abrangesse os resíduos sólidos. Assim,
começou uma caminhada que culminou na aprovação da Lei 12.305/2010, que foi
sancionada em 2010, e que instituiu finalmente a Política Nacional de Resíduos
Sólidos.

A PNRS estabelece princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão


e gerenciamento dos resíduos sólidos. Assim, os geradores, o poder público e os
consumidores passam a possuir responsabilidades específicas neste quadro.

Vamos conhecer algumas das principais diretrizes estabelecidas por meio dessa
lei?
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 95

A Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é um conjunto


de atribuições que faz com que fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes
e consumidores atuem tanto na redução da geração de resíduos sólidos, do
desperdício de materiais, da poluição e dos danos ambientais quanto no estímulo ao
desenvolvimento de mercados, produção e consumo de produtos derivados de
materiais reciclados e recicláveis.

Isto envolve toda a sociedade na discussão de temas como reavaliação dos


padrões de consumo, reciclagem de materiais, oportunidades de novos negócios com
viés socioambiental, ecodesign, diminuição dos impactos ambientais inerentes ao
nosso modo de vida e inclusão social.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 96

A Logística Reversa propõe que os resíduos sólidos sejam coletados e


devolvidos ao setor empresarial. Dessa forma, o setor empresarial pode reaproveitar
os resíduos sólidos em seu ciclo produtivo ou encaminhá-los para uma destinação final
que seja ambientalmente adequada.

A partir da PNRS, o sistema de logística reversa – retorno dos produtos após o


uso pelo consumidor, independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo
de resíduos – se tornou obrigatório para as seguintes cadeias: agrotóxicos, seus
resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e
embalagens; lâmpadas fluorescente, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
produtos eletroeletrônicos e seus componentes; e produtos comercializados em
embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens,
considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao
meio ambiente dos resíduos gerados.

A implantação do sistema de Coleta seletiva também é um dos instrumentos da


Lei, e se dará por meio da separação dos resíduos sólidos conforme sua constituição
ou composição. Esse item ajudará, dentre outras coisas, na logística reversa,
permitindo um retorno mais fácil dos resíduos sólidos.

O SINIR - Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos também


é estabelecido por meio desta Lei e deverá coletar e sistematizar os dados relativos
aos serviços públicos e privados de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 97

Outro aspecto muito importante da Lei é o incentivo para que Catadores de


materiais recicláveis atuem nos processos de gestão de resíduos sólidos. Desta forma,
além de melhorar suas condições de trabalho, eles ocuparão papel fundamental por
meio das cooperativas e outras associações.

Por fim, o último ponto da Lei a ser destacado é o estabelecimento do Plano


Nacional de Resíduos Sólidos, que é um conjunto de diversos conceitos e propostas
para os vários setores envolvidos na gestão dos resíduos sólidos. O Plano deve,
obrigatoriamente, contemplar um conteúdo mínimo, que pode ser resumido em três
assuntos:

 O diagnóstico da situação atual dos diferentes tipos de resíduos;

 A identificação dos cenários macroeconômicos e institucionais;

 Diretrizes e metas para o manejo adequado de resíduos sólidos no Brasil.

4.2. RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

Panorama brasileiro

Em termos do uso racional de embalagens, o Brasil serve de exemplo até para


países mais desenvolvidos: uma boa parte do vinho produzido no país é
acondicionada em garrafões de 5 litros; as vidrarias automáticas oferecem ao mercado
garrafões de 2,5 litros e de 4 litros, inéditos no mercado mundial.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 98

O Brasil conta com o maior acervo mundial de garrafas retornáveis de vidro para
cerveja e refrigerantes e inventou o uso do copo de vidro para embalagem, passando
a ser imitado por outros países. Infelizmente, observa-se a tendência de desativar nos
supermercados os setores responsáveis pelas trocas de vasilhames de vidro. Os
supermercados vendem exclusivamente refrigerantes e cervejas em latas e em
embalagens de vidro, ou plástico. Essa transformação é a consequência da força das
leis de mercado – menor peso, menor custo, sem retorno, sem custo.
(Fonte: Cadernos de educação ambiental: Guia pedagógico do lixo. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/12-GuiaPedagogicodoLixo.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 99

E a respeito do tipo de lixo produzido pelos brasileiros? Você já parou para refletir
sobre isso?

Vejamos alguns dados:

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado à Secretaria


de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, divulgou em abril de 2012 um
diagnóstico da situação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.

Esse levantamento faz parte da elaboração do Plano Nacional de Resíduos


Sólidos, exigido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Os principais resultados do levantamento são:

 A parcela de material reciclável (metais, plásticos, papéis, vidros) constitui 31,9%


dos resíduos no Brasil;

 A parcela de matéria orgânica, passível de compostagem ou biodegradação para


geração de energia, constitui 51,4% do total dos resíduos;

 Apenas 18% dos municípios brasileiros possuem programas oficiais de coleta


seletiva;

 A maior parte da coleta seletiva é feita nas próprias empresas (pré-consumo) ou


através da coleta pós-consumo informal (catadores). Apenas 0,7% dos metais
reciclados são coletados por programas oficiais de coleta seletiva. Para os
plásticos, esse número sobe para 17,7%;

 Apenas 1,6% dos resíduos orgânicos coletados eram encaminhados para


compostagem;

 Em 2012, quando foi realizado o levantamento, existiam 2.906 lixões no Brasil,


que deveriam ser erradicados até 2014, conforme a PNRS. O levantamento
revelou que a maior presença era na região nordeste onde 89,1% dos municípios
possuem lixões. A melhor situação é no sul do país com 15,3%;

 90% dos resíduos coletados eram destinados no solo (aterros sanitários, aterros
controlados ou lixões). 10% enviados a usinas de triagem/reciclagem,
compostagem, incineradores e outras formas de destinação;

 Dos resíduos destinados no solo: 20,3% para lixões, 19,9% para aterros
controlados e 59,8% para aterros sanitários;

 Em 2012, no Brasil, existiam entre 400.000 e 600.000 catadores de materiais


recicláveis. Cerca de 1.100 organizações coletivas de catadores estão em
funcionamento no país.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 100
(Fonte: http://www.silvaporto.com.br/blog/?p=2526)

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os resíduos sólidos no Brasil,
vamos conhecer como ele é classificado.

Em geral, as pessoas consideram lixo tudo aquilo que se joga fora e que não tem
mais utilidade. Mas, se olharmos com cuidado, veremos que o lixo não é uma massa
indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de resíduos, que precisam
de manejo diferenciado. Portanto, pode ser classificado de várias maneiras.

O lixo pode ser classificado como “seco” (inorgânicos) ou “úmido” (orgânicos). O


lixo “seco” é composto por materiais potencialmente recicláveis (papel, vidro, lata,
plástico etc.). Entretanto, alguns materiais não são reciclados por falta de mercado,
como é o caso de vidros planos etc.. O lixo “úmido” corresponde à parte orgânica dos
resíduos, como as sobras de alimentos, cascas de frutas, restos de poda etc., que
pode ser usada na compostagem. Essa classificação é muito usada nos programas de
coleta seletiva, por ser facilmente compreendida pela população.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos potenciais. De
acordo com a NBR/ABNT 10.004 (2004), os resíduos dividem-se em:

 Classe I: perigosos;

 Classe II: não perigosos.

Estes ainda são divididos em:


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 101

 Classe IIA: não inertes (apresentam características como biodegradabilidade,


solubilidade ou combustibilidade, como os restos de alimentos e o papel);

 Classe IIB: inertes (não são decompostos facilmente, como plásticos e


borrachas).

Quaisquer materiais resultantes de atividades que contenham radionuclídeos


(nuclídeos radioativos, existentes na natureza ou obtidos artificialmente em reator
nuclear) e para os quais a reutilização é imprópria são considerados rejeitos
radioativos e devem obedecer às exigências definidas pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN.

Existe ainda outra forma de classificação, baseada na origem dos resíduos


sólidos. Nesse caso, o lixo pode ser, por exemplo, domiciliar ou doméstico, público, de
serviços de saúde, industrial, agrícola, de construção civil e outros. Essa é a forma de
classificação usada nos cálculos de geração de lixo. Veja a seguir as principais
características dessas categorias:

 Domiciliar:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 102

São os resíduos provenientes das residências. São muito diversificados, mas


contêm principalmente restos de alimentos, produtos deteriorados, embalagens em
geral, retalhos, jornais e revistas, papel higiênico, fraldas descartáveis etc.

 Comercial:

São os resíduos originados nos diversos estabelecimentos comerciais e de


serviços, tais como supermercados, bancos, lojas, bares, restaurantes etc..

 Público:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 103

São aqueles originados nos serviços de limpeza urbana, como restos de poda e
produtos da varrição das áreas públicas, limpeza de praias e galerias pluviais,
resíduos de feiras livres e outros.

 De serviços de saúde:

Resíduos provenientes de hospitais, clínicas médicas ou odontológicas,


laboratórios, farmácias etc.. É potencialmente perigoso, pois pode conter materiais
contaminados com agentes biológicos ou perigosos, produtos químicos e
quimioterápicos, agulhas, seringas, lâminas, ampolas de vidro, brocas etc..

 Industrial:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 104

São os resíduos resultantes dos processos industriais. O tipo de lixo varia de


acordo com o ramo de atividade da indústria. Nessa categoria está a maior parte dos
materiais considerados perigosos ou tóxicos.

 Agrícola:

Resulta das atividades de agricultura e pecuária. É constituído por embalagens


de agrotóxicos, rações, adubos, restos de colheitas, dejetos da criação de animais
etc..

 Entulho:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 105

Restos da construção civil, reformas, demolições, solos de escavações etc..

No Brasil, a geração de lixo per capita varia de acordo com o porte populacional
do munícipio. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB),
elaborada pelo IBGE em 2000, a geração per capita de resíduos no Brasil varia entre
450 e 700 gramas para os municípios com população inferior a 200 mil habitantes e
entre 700 e 1200 gramas em municípios com população superior a 200 mil habitantes.

4.3. RESÍDUOS PERIGOSOS

Os resíduos industriais e alguns domésticos, como restos de tintas, solventes,


aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, medicamentos vencidos,
pilhas e outros, contêm significativa quantidade de substâncias químicas nocivas ao
meio ambiente.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 106

Estima-se que existam de 70 a 100 mil produtos químicos sintéticos, utilizados de


forma comercial na agricultura, na indústria e em produtos domésticos. Infelizmente, as
suas consequências são percebidas apenas depois de muito tempo de uso. Foi o que
aconteceu com o clorofluorcarbono, conhecido como CFC, que há bem pouco tempo
era amplamente usado em aerossóis, isopor, espumas, sistemas de ar condicionado,
refrigeradores e outros produtos, até descobrir-se que sua liberação na atmosfera
vinha causando a destruição da camada de ozônio.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 107

Muitos desses produtos contêm metais pesados, como mercúrio, chumbo,


cádmio e níquel, que podem se acumular nos tecidos vivos, até atingir níveis perigosos
para a saúde. Os efeitos da exposição prolongada do homem a essas substâncias
ainda não são totalmente conhecidos. No entanto, testes em animais mostraram que
os metais pesados provocam sérias alterações no organismo, como o aparecimento
de câncer, deficiência do sistema nervoso e imunológico, distúrbios genéticos etc.

Quando não são adequadamente manejados, os resíduos perigosos contaminam


o solo, as águas e o ar. Veja a seguir alguns exemplos de resíduos perigosos, que
devem ser dispostos adequadamente para evitar riscos ao homem e ao meio
ambiente.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Pilhas
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 108

Algumas pilhas de uso doméstico ainda possuem elevadas concentrações de


metais pesados. Porém, como o processo de reciclagem é complicado e caro, não é
realizado na maioria dos países. Por isso, o consumo de pilhas que contêm altas
concentrações de metais pesados e de pilhas de origem incerta deve ser evitado.

A Legislação Brasileira (Resolução CONAMA 257/99) estabelece que as pilhas


alcalinas do tipo manganês e zinco-manganês, com elevados teores de chumbo,
mercúrio e cádmio, devem ser recolhidas pelo importador ou revendedor. Para melhor
informar o consumidor, esta Resolução estabelece que as cartelas das pilhas
contenham informações sobre o seu descarte.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Assim, ao comprar pilhas, verifique na embalagem as informações sobre os


metais que a compõem e como descartá-las.

Baterias
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 109

As baterias de automóveis, industriais, de telefones celulares e outras também


contêm metais pesados em concentração elevada. Por isso, devem ser descartadas
de acordo com as normas estabelecidas para proteção do meio ambiente e da saúde.

O descarte das baterias de carro, que contêm chumbo, e de telefones celulares,


contêm cádmio, chumbo, mercúrio e outros metais pesados, deve ser feito somente
nos postos de coleta mantidos por revendedores, assistências técnicas, fabricantes e
importadores – é deles a responsabilidade de recolher e encaminhar esses produtos
para destinação final ambientalmente adequada. O mesmo vale para qualquer outro
tipo de bateria, devendo o usuário criar o hábito de ler as instruções de descarte
presente nos rótulos ou embalagem dos produtos.

(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Lâmpadas fluorescentes
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 110

Mais econômicas, as lâmpadas fluorescentes se tornaram muito populares no


Brasil, principalmente em função da necessidade de economizar energia durante o
período de racionamento de energia elétrica, ocorrido em 2001. Isso, no entanto, criou
um problema, uma vez que as lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio, um metal
pesado altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde.

Como ainda não há dispositivos legais específicos que regulem o descarte nem o
interesse dos fabricantes em proporcionar soluções tecnológicas e sistemas de
destinação adequados para esse tipo de material, toda essa quantidade de lâmpadas
fluorescentes vem sendo descartada junto com o lixo domiciliar.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 111

Caso o lixo seja encaminhado para um lixão ou aterro controlado, o mercúrio


poderá contaminar o ambiente, colocando a saúde da população em risco. O
consumidor pode usar seu poder de escolha e de pressão sobre as autoridades e as
empresas, exigindo o estabelecimento de medidas adequadas e seguras para o
descarte desse tipo de lâmpada e de outros resíduos perigosos.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Como descartar lâmpadas fluorescentes?

Por lei, estabelecimentos comerciais que realizam a revenda de tais produtos são
obrigados a recebê-los e enviá-los para tratamento adequado. Para fazer o descarte,
procure as lojas da sua cidade e cobre o recolhimento do material.

O site E-Cycle tem um sistema de busca que ajuda você a achar pontos de coleta
mais próximos (de lâmpadas e outros materiais) e o CEMPRE (Compromisso
Empresarial para Reciclagem) fornece alguns endereços que recolhem lâmpadas.

Outro tipo de lixo considerado perigoso e muito preocupante é o lixo eletrônico.

No início do século passado, o lixo urbano era rico em restos de alimentos, poda
de jardins, produtos domésticos têxteis e entulho. Ainda hoje o lixo é composto em sua
maior parte por materiais orgânicos. Porém, cresceu muito a quantidade de papel e
material de embalagem (metais, plásticos e papelão), além de produtos como pilhas,
equipamentos eletrônicos, óleo de motor usado, restos de tinta e outros.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 112

Fonte: http://techlixo.blogspot.com.br/2010/11/charge-sobre-e-lixo.html

A partir da década de 1980, um novo tipo de componente, quando descartado


inadequadamente, tornou-se prejudicial ao meio ambiente: o lixo eletrônico. São
computadores, telefones celulares, televisores e outros tantos aparelhos e
componentes que acabam sendo descartados de forma indevida.

Estima-se que até 2004 cerca de 315 milhões de microcomputadores tenham


sido descartados, 850 mil dos quais no Brasil. Além de ocupar muito espaço, peças e
componentes de microcomputadores feitos de metais pesados apresentam toxidade
para a saúde humana. O chumbo dos tubos de imagem, o cádmio das placas e
circuitos impressos e semicondutores, o mercúrio das baterias, o cromo dos
anticorrosivos do aço e o plástico dos gabinetes são ameaças concretas que requerem
soluções em curto prazo.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Mas será que o problema do lixo eletrônico tem solução?

A reciclagem é um dos meios de tratar esses resíduos; a outra é a substituição


de metais pesados por outros componentes menos tóxicos. Se prevalecer o princípio
do “poluidor pagador”, a tendência apontada pela Política Nacional dos Resíduos
Sólidos é a de que os fabricantes sejam corresponsabilizados pelos equipamentos
descartados e sejam incumbidos de lhes dar um fim ambientalmente seguro.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 113

Como descartar o lixo eletrônico?

A cidade de São Paulo já oferece algumas alternativas e soluções para o


descarte consciente dos gadgets, como o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de
Informática (CEDIR). Só entre janeiro e junho do ano passado, o galpão de reciclagem
eletrônica da USP recebeu 42 toneladas de equipamentos (1.439 monitores, 1.202
CPUs e 511 impressoras).

Para deixar seus equipamentos lá, basta agendar uma visita pelos telefones (11)
3091-6455 ou (11) 3091-6454. Vale ressaltar que o local recebe apenas lixo eletrônico
de pessoas físicas.

Outra opção é entrar em contato com o próprio fabricante da máquina. Empresas


como DELL, HP, Positivo e Itautec fazem a coleta do equipamento antigo. Todas
oferecem o serviço de graça, mas antes é preciso que seja feito um agendamento por
telefone ou e-mail.

Há ainda na internet o site E-LIXO MAPS, uma iniciativa do Instituto Sergio Motta
em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A
ferramenta indica os pontos de coleta mais próximos do local consultado — hoje, são
aproximadamente 3.000 postos cadastrados. Basta digitar o endereço e selecionar o
tipo de lixo a ser descartado (bateria de celular, videogames, brinquedos, caixas de
som, calculadoras etc.). Vale ressaltar que a maioria não possui o serviço de coleta,
portanto o usuário deve ir ao endereço indicado.

Vamos estudar, agora, sobre outro tipo de resíduo perigoso muito comum:
medicamentos.

É provável que você tenha, em casa ou no escritório, uma farmacinha com


remédios para tratar resfriados ou dores de cabeça. Depois de medicado e livre dos
sintomas, ou quando o prazo de validade é encerrado, você saberia dizer que destino
dar aos comprimidos e líquidos que sobraram nas embalagens? Descartar
corretamente essas substâncias é uma atitude fundamental para a sua saúde e a de
outras espécies também.
(Fonte: http://www.stylofarma.com.br/lugar_de_remedio_nao_e_no_lixo)

O descarte inadequado de substâncias como medicamentos, materiais


hospitalares e químicos pode comprometer a saúde do homem, dos animais e afetar o
meio ambiente como um todo. Existem determinadas substâncias químicas que
causam danos graves à saúde, como o cianeto.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 114

Os medicamentos (antimicrobianos, hormônios e drogas quimioterápicas)


também apresentam riscos à saúde por conterem substâncias químicas, e seus
resíduos podem ficar acumulados no meio ambiente contaminando a água e o solo,
podendo até alterar a flora local e selecionar microrganismos resistentes.
(Fonte: http://www.olharvital.ufrj.br/2010/index.php?id_edicao=269&codigo=9)

Quando não descartados corretamente, esses resíduos podem ir para o esgoto e


chegar aos rios, lagos e mares. Embora o esgoto passe por tratamento, o processo
não consegue eliminar completamente os resíduos de medicamentos. De acordo com
a professora Cintia Mara Ribas de Oliveira (Universidade Positivo, no Paraná),
publicações científicas recentes têm demonstrado diversos efeitos toxicológicos de
medicamentos em rios, lagos e mares, mesmo quando em baixas concentrações.

“Os registros na literatura científica indicam, por exemplo, que a presença de


contraceptivos em rios pode resultar em feminização de peixes, acompanhada ou não,
dependendo da concentração e do tempo de exposição, de alterações no metabolismo
desses organismos, como a síntese aumentada de determinadas proteínas e até
mesmo alterações no DNA. A exposição crônica parece representar o pior problema
em relação a essas substâncias ativas, pois vários organismos apresentam receptores
celulares muito semelhantes aos dos seres humanos, que podem ser acionados
nestas situações”, afirma a professora.
(Fonte: http://www.unimedcuritiba.com.br/wps/wcm/connect/portal/portal/sua-
saude/qualidade_de_vida/prevencao_e_bem_estar/7c46f50045e27c6aa09eaf46e5b3badf)

Você deve estar se perguntando: “Como eu posso descartar corretamente esse


tipo de resíduo?”.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 115

Bom, a maioria das pessoas faz o descarte junto com o lixo comum, ou
despejando em água corrente. Ambas as formas de descarte são perigosas e
danosas. Quaisquer medicamentos vencidos, contaminados e/ou impróprios para o
consumo devem ser devolvidos à indústria farmacêutica para o correto descarte, que é
a incineração do produto e depois o envio para aterros sanitários de resíduos
perigosos.
(Fonte: http://www.olharvital.ufrj.br/2010/index.php?id_edicao=269&codigo=9)

No Brasil, não existe ainda uma lei específica sobre como realizar o descarte de
medicamentos. Remédios de venda controlada devem ser entregues em locais
autorizados pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), como postos de saúde e das
vigilâncias municipais. A Anvisa tem buscado tornar viável a instalação de postos de
coleta em todos os locais onde o consumidor adquira remédios.

Em São Paulo, duas grandes redes de farmácias e todas as Unidades Básicas de


Saúde da capital já aceitam os remédios trazidos pela população. Outros Estados têm
iniciativas similares. Mas a criação desses postos é voluntária. Farmácias e hospitais
não são obrigados a recolher medicamentos, nem consumidores são obrigados a levá-
los para a coleta.

Acessando este link: http://www.descarteconsciente.com.br/ , você pode


descobrir qual o ponto de recolhimento mais próximo da sua casa.

Lembre-se: O problema do descarte seria menor se as pessoas não guardassem


tantos medicamentos em casa. Uma das causas do acúmulo de medicamentos é a
dificuldade de implantar o fracionamento. "Os consumidores também precisam evitar a
automedicação. Eles gastam mais e expõem sua vida a risco”, afirma Gustavo
Trindade da Silva, chefe da unidade técnica de regulação da Anvisa.

4.4. IMPACTOS DOS RESÍDUOS

De acordo com o artigo 1º da Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do


Meio Ambiente) 001/86, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada pelos seres humanos, que
direta ou indiretamente afeta a saúde, a segurança e o bem estar da população, as
atividades sociais e econômicas e o meio ambiente.

As principais causas da poluição do solo decorrem do acúmulo de resíduo sólido,


como embalagens de plástico, papel e metal, e de produtos químicos. Esse tipo de
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 116

material demora muito tempo para desaparecer no ambiente. O vidro, por exemplo,
leva em torno de cinco mil anos para se decompor, enquanto determinados tipos de
plástico nunca se decompõem.

O lixo orgânico, no processo de decomposição, gera um líquido escuro, turvo e


malcheiroso altamente poluente denominado de chorume (ele é dez vezes mais
poluente que o esgoto doméstico). Esse líquido contém substâncias tóxicas que
contaminam o solo, impedindo o desenvolvimento das plantas.

No período chuvoso, em que o lixo se mistura com a água de chuva, o chorume


encontra maior facilidade de infiltração no solo, contaminando lençóis freáticos, rios,
lagos e córregos. O chorume pode permanecer por décadas no solo mesmo após o
encerramento do lixão, exigindo tratamento durante vários anos com o objetivo de
remediar a contaminação.

Em relação aos gases provenientes da disposição do lixo, o metano é o


componente mais problemático devido a sua elevada concentração (em torno de
300.000 vezes maior que a encontrada na atmosfera) exigindo técnicas sanitárias e
ambientais apropriadas de controle. A concentração de metano superior a 5% é
explosiva e é o segundo elemento causador do efeito-estufa na atmosfera.

O lixo é também o ambiente perfeito para a proliferação de doenças. Quando


disposto no solo sem nenhum tratamento, o lixo atrai para si dois grandes grupos de
seres vivos: os macrovetores e os microvetores. Fazem parte do grupo dos
macrovetores as moscas, baratas, ratos, porcos, cachorros e urubus, por exemplo.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 117

O grupo dos microvetores como as bactérias, os fungos e vírus são considerados


de grande importância epidemiológica por serem patogênicos e, consequentemente,
causarem doenças aos seres humanos.

Esses vetores são causadores de uma série de moléstias como diarreias


infecciosas, amebíase, febre tifoide, malária, febre amarela, cólera, tifo, leptospirose,
males respiratórios, infecções e alergias, encontrando no lixo um dos grandes
responsáveis pela sua disseminação.

A leishmaniose, considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como


uma das seis doenças infecciosas e perigosas vê a sua transmissão favorecida pelo
acúmulo de lixo nos terrenos baldios e lixões, que são locais extremamente favoráveis
à reprodução e desenvolvimento do mosquito transmissor.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 118

Outra enfermidade bastante conhecida pelos brasileiros é a dengue, transmitida


pela picada do mosquito Aedes Aegypti, a doença pode levar à morte. As larvas
reproduzem-se principalmente em pneus velhos, vasos de plantas, garrafas e outros
locais onde a água da chuva fica acumulada. O sistema de coleta de lixo deve ser
visto como uma medida preventiva, pois impede o acúmulo desses tipos de materiais
próximos a população.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) 5,2 milhões de pessoas,


dentre elas quatro milhões de crianças menores de cinco anos, morrem a cada ano
devido a enfermidades com os resíduos sólidos.
(Fonte: http://pedropominensinareciclar.webnode.pt/news/mpactos-do-lixo-no-meio-ambiente-e-na-
saude-publica/)

O aumento da geração de resíduos sólidos tem também outras consequências


negativas: custos cada vez mais altos para coleta e tratamento do lixo; dificuldade para
encontrar áreas disponíveis para sua disposição final; grande desperdício de matérias-
primas. Por isso, os resíduos deveriam ser integrados como matérias-primas nos ciclos
produtivos ou na natureza.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Diante de toda essa situação, reduzir o consumo e reciclar os materiais possíveis


são algumas das medidas principais para que o lixo não se torne um problema cada
vez maior.

Além disso, é preciso ter em mente o potencial dos resíduos como matéria-prima
para a fabricação de novos produtos. O primeiro passo dessa transformação é a
reciclagem. Através dela, recursos como plástico, vidro e papel são separados e
reaproveitados. O resto do lixo é incinerado, produzindo dessa maneira energia e
calor.

Segundo especialistas, também há um potencial enorme na reciclagem de


aparelhos eletrônicos. Cerca de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são
produzidas por ano, conforme dados das Nações Unidas (ONU). Dessa maneira,
muitos metais preciosos, como ouro, prata e cobre, vão parar nos aterros sanitários, e
bilhões de euros são jogados fora.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 40


celulares possuem a mesma quantidade de ouro que uma tonelada de minério.
Somente na China são desperdiçados por ano quatro toneladas de ouro, seis de cobre
e 28 de prata.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 119

4.5. E O QUE O CONSUMO TEM A VER COM ISSO?

A geração de lixo cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo. Quanto


mais mercadorias adquirimos, mais recursos naturais consumimos e mais lixo
geramos.

Até o início do século passado, o lixo gerado – restos de comida, excrementos de


animais e outros materiais orgânicos – reintegrava-se aos ciclos naturais e servia
como adubo para a agricultura. Mas, com a industrialização e a concentração da
população nas grandes cidades, o lixo foi se tornando um problema.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

O dilema da destinação dos resíduos sólidos representa os padrões de produção


e consumo inaugurados com a Revolução Industrial, séculos XVIII e XIX, que é fruto
da falsa ideologia de que a Natureza estaria a serviço do capitalismo. Falsa crença da
existência de recursos naturais em quantidade ilimitada para suprir o crescimento da
nova sociedade que se percutia, relegando o substrato do alto e feroz consumo de
energia e matérias-primas, utilização de combustíveis fósseis, carvão vegetal para
movimentação de engenhos monstruosos nas fábricas e, chegando ao petróleo e,
quiçá, dentro poucos anos, a energia nuclear frente ao esgotamento desta última
fonte. Substituição energética determinada pela esgotabilidade de fontes e, jamais,
pelo racionamento ecológico.

Da exatidão de transição da força produtiva e formas de consumo em evolução


no decorrer das épocas, a incapacidade do bioma em reciclar ou reutilizar as diversas
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 120

etapas dos resíduos sólidos foi ditada pelo aspecto de que o homem produz levando à
escassez seu potencial energético (produção "fordista"), e em laço, consumindo de
forma desenfreada (consumo à "american way of life" (modo de vida americano)).
(Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/3890/producao-e-consumo-versus-residuos-
solidos#ixzz2XEGLZWO8)

A situação é mais grave nos países desenvolvidos – eles são os que mais geram
lixo, proporcionalmente ao número de habitantes. Porém, nos países em
desenvolvimento o quadro também é preocupante. O crescimento demográfico, a
concentração da população nas grandes cidades e, em muitas regiões, a adoção de
estilo de vida semelhante ao dos países ricos, fizeram aumentar o consumo e a
consequente geração de lixo.

Hoje já sabemos que, se os países em desenvolvimento passarem a consumir


matérias-primas no mesmo ritmo dos países desenvolvidos, poderemos chegar, em
um curto espaço de tempo, a um esgotamento dos recursos naturais e a níveis
altíssimos de contaminação e geração de resíduos.

A situação tem sido amplamente debatida nos fóruns internacionais, nos quais
especialistas de todo o mundo apontam uma saída: para que os países pobres do
mundo possam aumentar seu consumo de maneira sustentável, o consumo dos
países desenvolvidos precisará diminuir.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 121

O desafio, de qualquer maneira, impõe-se a todos: consumir de forma


sustentável implica poupar os recursos naturais, conter o desperdício, diminuir a
geração, reutilizar a reciclar a maior quantidade possível de resíduos. Só assim
conseguiremos prolongar o tempo de vida dos recursos naturais do planeta.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

O discurso “o lixo é um problema de todos”, recorrente nos dias atuais, tem


trazido alguns bons resultados, pois de acordo com a Associação Brasileira de
Embalagem – Abre, o Brasil, mesmo quando comparado a alguns países
desenvolvidos, apresenta elevados índices de reciclagem.

Entretanto, ainda há uma boa parte da população que não se apropriou do


problema e que não faz esforço para reduzir, reciclar ou reaproveitar o lixo que produz.
A Abre ressalta em seu site que o maior engajamento da população pode contribuir
ainda mais, para o aumento do índice de embalagens reaproveitadas. Alguns
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 122

especialistas defendem que, apesar dos bons resultados, os recursos perdidos nos
aterros, lixões e terrenos baldios do Brasil ainda são impressionantes.

Com o simples ato de separar o lixo na sua casa você está contribuindo com o
meio ambiente além de estar colaborando para aumentar a renda de muitas famílias
num país que, de acordo com dados do IBGE de 2006, 3,4 milhões vivem em situação
de insegurança alimentar grave.
(Fonte: http://portaldoconsumidor.wordpress.com/2009/09/23/lixo-e-consumo/)

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela Abrelpe


(Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais),
foram produzidos 60,8 milhões de toneladas de lixo no país, só no ano de 2010.

A reciclagem é uma atividade extremamente importante e tende a ser apontada


como a principal solução para o problema, entretanto, para que nós consigamos
diminuir os impactos ambientais e sociais causados pelos resíduos sólidos, é
necessário discutir também a produção do lixo.

“A reciclagem é um bom conceito. Mas não adianta investir nisso sem, ao mesmo
tempo, questionar o modelo de produção e consumo que temos, e que ainda é o da
aquisição e descarte permanente de produtos. É como se a reciclagem funcionasse
como garantia de que é possível consumir mais e mais”, diz Luciane Lucas dos
Santos, socióloga e pós-doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de
Coimbra, Portugal.

A obsolescência programada – quando produtos são concebidos pela indústria


para se tornarem inutilizáveis num curto prazo de tempo – é expressão da lógica de
consumo vigente, marcada pela aceleração, pela busca do novo, pela urgência e pelo
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 123

desperdício. Paradoxalmente, acumulação e descartabilidade combinam-se na


configuração da economia global: enquanto países africanos enfrentam crises
humanitárias relacionadas à falta de alimentos e à fome, na Europa e nos Estados
Unidos toneladas de carne, legumes e cereais são jogadas no lixo ou mesmo
queimadas para que o preço dessas commodities mantenha-se elevado no mercado
financeiro, por exemplo.
(Fonte: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/2441/lixo-e-consumo-retrato-do-que-
somos-.html)

4.6. REPENSAR, REDUZIR, RECUSAR, REUTILIZAR E RECICLAR (5RS)

Repensar

Antes de realizar uma compra de um produto, devemos nos perguntar: eu preciso


mesmo disso? Por que eu estou consumindo esse produto? Vou usá-lo por muito
tempo? Sua fabricação atendeu aos pressupostos da sustentabilidade? Entre outras
perguntas desse gênero.

Dessa forma, você pode diminuir muito o seu consumo e o lixo gerado por ele,
basta repensar antes de comprar!

Reduzir
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 124

Nossa sociedade valoriza o consumo; somos diariamente incentivados a comprar


e muitas vezes compramos coisas de que realmente não necessitamos ou nem
mesmo desejamos. Ao reduzir o consumo estamos também reduzindo o desperdício e
a quantidade de resíduos jogados fora.

Vamos ver alguns exemplos de como podemos reduzir...

 Obter fotocópias em frente e verso;

 Editar e revisar na tela do computador em vez de recorrer a cópias impressas;

 Não pegar folhetos na rua à toa;

 Não jogar fora papel que possa servir de rascunho;

 Na cozinha, dar preferência à toalha de pano em vez do papel toalha e usar


mais coador de pano;

 Procurar comprar produtos que tenham qualidade e sejam duráveis, mesmo


com preço maior. Com o tempo valerá a pena!

 Evitar os produtos com muitas embalagens;

 Evitar embalagens pequenas;

 Doar, trocar ou vender produtos que você não esteja usando;

 Evitar o uso de pratos e copos descartáveis;

 Ao ir ao supermercado ou à feira, levar sacolas retornáveis ou bolsas;

 De uma maneira geral, não desperdiçar e comprar somente o necessário.


(Fonte: O lixo agora é problema de todos: guia sobre responsabilidade compartilhada. Disponível em:
http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-
content/uploads/2010/12/responsabilidade_compartilhada.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 125

Veja mais algumas dicas para reduzir o consumo e desperdício:

 Não comprar embalagens descartáveis de refrigerantes e outras bebidas, por


exemplo, quando houver alternativa de embalagens retornáveis;

 Preferir produtos com embalagens recicláveis;

 Planejar bem suas compras para não haver desperdício;

 Evitar produtos descartáveis;

 Diminuir o uso de plásticos;

 Sempre que possível, substituir o papel comum por papel reciclado.


(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: Guia pedagógico do lixo. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/12-GuiaPedagogicodoLixo.pdf)

Recusar

Quando você recusa produtos que prejudicam a saúde e o meio ambiente está
contribuindo para um mundo mais limpo. Prefira produtos de empresas que tenham
compromisso com o meio ambiente e sempre fique atento às datas de validade dos
produtos. Recuse sacos plásticos, embalagens não recicláveis e aerossóis.

Reutilizar
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 126

Significa fazer com que um material ou um objeto tenha o maior tempo de vida
útil possível, retardando ao máximo sua ida para um aterro ou sua reciclagem.

Muitas vezes, pode-se fazer um determinado material ser utilizado muitas e


muitas vezes, seja na sua forma original, seja transformando-o. As embalagens
retornáveis são um bom exemplo.

Exemplos de reutilização:

 Antes de descartar ou reciclar os produtos, usá-los de uma forma diferente e


criativa;

 Dar preferência aos sebos para comprar livros;

 Não jogar sua mobília fora, mas reformá-la;

 Reutilizar os envelopes ao máximo;

 Cuidar melhor dos livros;

 Reaproveitar os alimentos, criando outras receitas que reutilizem o que sobrou


do dia anterior, por exemplo;

Muitas coisas podem ser reutilizadas antes de ir para o lixo, por você ou por
outras pessoas, basta usar a criatividade!

Antes de jogar fora, pare e pense um pouco: Como fazer para este objeto não ir
para o lixo?
(Fonte: O lixo agora é problema de todos: guia sobre responsabilidade compartilhada. Disponível em:
http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-
content/uploads/2010/12/responsabilidade_compartilhada.pdf)

Observe também outras sugestões:


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 127

 Leve seu lanche ou almoço em recipientes reutilizáveis (marmita) e não em


invólucros plásticos descartáveis.

 Não jogue no lixo aparelhos quebrados: eles podem ser vendidos ao ferro velho
ou desmontado, reaproveitando-se as peças.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: Guia pedagógico do lixo. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/12-GuiaPedagogicodoLixo.pdf)

Reciclar

Reciclar significa reinserir o produto no processo produtivo, utilizando a sua


matéria-prima em substituição a matérias-primas virgens. O seu ciclo é completado
quando o produto volta ao mercado.

A reciclagem é feita pelas indústrias, mas nós também podemos contribuir, seja
através de leis ou através da lei do mercado, preferindo os produtos reciclados. Esse
processo é muito mais eficiente quando os materiais já estão limpos e separados, por
isso a importância da coleta seletiva.

(Fonte: O lixo agora é problema de todos: guia sobre responsabilidade compartilhada.


Disponível em: http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-
content/uploads/2010/12/responsabilidade_compartilhada.pdf)

O que fazer para reciclar:


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 128

 Fazer compostagem doméstica com os resíduos de jardim e de cozinha.

 Separar materiais recicláveis (papel, vidros, metais e plásticos) para:

a) Entregá-los aos programas de coleta seletiva;

b) Vendê-los a comerciantes de sucata.


(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: Guia pedagógico do lixo. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/12-GuiaPedagogicodoLixo.pdf)

Benefícios da reciclagem

 Redução do volume do lixo, com maior vida útil dos aterros;

 Economia de energia;

 Geração de emprego;

 Menor preço de alguns produtos para o consumidor;

 Melhorias no processo de decomposição da matéria orgânica;

 Melhor controle da poluição nas praias, córregos e ruas;

 Melhor qualidade de vida e saúde para a população.


(Fonte: O lixo agora é problema de todos: guia sobre responsabilidade compartilhada. Disponível em:
http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-
content/uploads/2010/12/responsabilidade_compartilhada.pdf)

4.7. DICAS PRÁTICAS


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 129

A preservação do meio ambiente começa com pequenas atitudes diárias, que


fazem toda a diferença. Uma das mais importantes é a reciclagem do lixo. As
vantagens da separação do lixo doméstico ficam cada vez mais evidentes.
Fonte: http://waldomironeto.blogspot.com.br/2010/09/chare-para-o-jornal-da-gleba-reciclagem.html

Além de aliviar os lixões e aterros sanitários, chegando até eles apenas os


rejeitos (restos de resíduos que não podem ser reaproveitáveis), grande parte dos
resíduos sólidos gerados em casa pode ser reaproveitada. A reciclagem economiza
recursos naturais e gera renda para os catadores de lixo, parte da população que
utiliza a venda dos materiais recicláveis como fonte de renda.

Segundo a última pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2012, são recolhidas no
Brasil cerca de 180 mil toneladas diárias de resíduos sólidos. O resíduo é resultante de
atividades de origem urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou
diferenciada. Esses materiais gerados nessas atividades são potencialmente matéria
prima e/ou insumos para produção de novos produtos ou fonte de energia.

Mais da metade desses resíduos é jogado, sem qualquer tratamento, em lixões a


céu aberto. Com isso, o prejuízo econômico passa de R$ 8 bilhões anuais. No
momento, apenas 18% das cidades brasileiras contam com o serviço de coleta
seletiva. Ao separar os resíduos, estão sendo dados os primeiros passos para sua
destinação adequada.

Com a separação é possível: a reutilização; a reciclagem; o melhor valor


agregado ao material a ser reciclado; as melhores condições de trabalho dos
catadores ou classificadores dos materiais recicláveis; a compostagem; menor
demanda da natureza; o aumento do tempo de vida dos aterros sanitários e menor
impacto ambiental quando da disposição final dos rejeitos.

O que é reciclável?

É reciclável todo o resíduo descartado que constitui interesse de transformação


de partes ou o seu todo. Esses materiais poderão retornar à cadeia produtiva para
virar o mesmo produto ou produtos diferentes dos originais.

Por exemplo: Folhas e aparas de papel, jornais, revistas, caixas, papelão, PET,
recipientes de limpeza, latas de cerveja e refrigerante, canos, esquadrias, arame,
todos os produtos eletroeletrônicos e seus componentes, embalagens em geral e
outros.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 130

Como separar o lixo doméstico?

Não misture recicláveis com orgânicos - sobras de alimentos, cascas de frutas e


legumes. Coloque plásticos, vidros, metais e papéis em sacos separados.

Lave as embalagens do tipo longa vida, latas, garrafas e frascos de vidro e


plástico. Seque-os antes de depositar nos coletores.

Papéis devem estar secos. Podem ser dobrados, mas não amassados.

Embrulhe vidros quebrados e outros materiais cortantes em papel grosso (do tipo
jornal) ou colocados em uma caixa para evitar acidentes. Garrafas e frascos não
devem ser misturados com os vidros planos.

O que não vai para o lixo reciclável?

Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, fotografias, filtro de


cigarros, papéis sujos, papéis sanitários, copos de papel. Cabos de panela e tomadas.
Clipes, grampos, esponjas de aço, canos. Espelhos, cristais, cerâmicas, porcelana.
Pilhas e baterias de celular devem ser devolvidas aos fabricantes ou depositadas em
coletores específicos.

E as embalagens mistas: feitas de plástico e metal, metal e vidro e papel e


metal?

Nas compras, prefira embalagens mais simples. Mas, se não tiver opção,
desmonte-a separando as partes de metal, plástico e vidro e deposite-as nos coletores
apropriados. No caso de cartelas de comprimidos, é difícil desgrudar o plástico do
papel metalizado, então as descarte junto com os plásticos. Faça o mesmo com
bandejas de isopor, que viram matéria-prima para blocos da construção civil.

Outras dicas:

Papéis: todos os tipos são recicláveis, inclusive caixas do tipo longa-vida e de


papelão. Não recicle papel com material orgânico, como caixas de pizza cheias de
gordura, pontas de cigarro, fitas adesivas, fotografias, papéis sanitários e papel-
carbono.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 131

Plásticos: 90% do lixo produzido no mundo são à base de plástico. Por isso, esse
material merece uma atenção especial. Recicle sacos de supermercados, garrafas de
refrigerante (pet), tampinhas e até brinquedos quebrados.

Vidros: quando limpos e secos, todos são recicláveis, exceto lâmpadas, cristais,
espelhos, vidros de automóveis ou temperados, cerâmica e porcelana.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 132

Metais: além de todos os tipos de latas de alumínio, é possível reciclar


tampinhas, pregos e parafusos. Atenção: clipes, grampos, canos e esponjas de aço
devem ficar de fora.

Isopor: Ao contrário do que muita gente pensa, o isopor é reciclável. No entanto,


esse processo não é economicamente viável. Por isso, é importante usar o isopor de
diversas formas e evitar ao máximo o seu desperdício. Quando tiver que jogar fora,
coloque na lata de plásticos. Algumas empresas o transformam em matéria-prima para
blocos de construção civil.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 133

CURIOSIDADES:

 A reciclagem de uma única lata de alumínio economiza energia suficiente para


manter uma TV ligada durante três horas.

 Cerca de 100 mil pessoas no Brasil vivem exclusivamente de coletar latas de


alumínio e recebem em média três salários mínimos mensais, segundo a
Associação Brasileira do Alumínio.

 Uma tonelada de papel reciclado economiza 10mil litros de água e evita o corte
de 17 árvores adultas.

 Cada 100 toneladas de plástico reciclado economizam 1 tonelada de petróleo.

 Um quilo de vidro quebrado faz 1kg de vidro novo e pode ser infinitamente
reciclado.

 O lacre da latinha não vale mais e não deve ser vendido separadamente. As
empresas reciclam a lata com ou sem o lacre. Isso porque o anel é pequeno e
pode se perder durante o transporte.

 Para produzir 1 tonelada de papel é preciso 100 mil litros de água e 5 mil KW de
energia. Para produzir a mesma quantidade de papel reciclado, são usados
apenas 2 mil litros de água e 50% da energia.

 O vidro pode ser infinitamente reciclado.


(Fonte: http://www.mma.gov.br/informma/item/8521-como-e-porqu%C3%AA-separar-o-lixo)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 134

Agora que já vimos como separar o lixo reciclável, você deve estar se
perguntando o que fazer com o lixo orgânico. Será que é possível reutilizá-lo também?

Sim! Podemos utilizar os restos de alimentos como adubo para as plantas. Para
isso, devemos realizar o processo da compostagem, que é um conjunto de técnicas
aplicadas para controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de
obter, no menor tempo possível, um material estável e rico em húmus e nutrientes
minerais.

Veja a seguir algumas dicas de como fazer uma composteira (local no qual será a
realizada a compostagem dos alimentos):

1. Reserve um recipiente, em sua cozinha, apenas para o descarte de resíduos


orgânicos. As embalagens ou objetos de plástico, vidro, metais etc. deverão ser
descartados em outro recipiente.

2. Escolha um canto no seu quintal, de preferência sombreado, onde você


montará sua composteira. Use materiais como bambu, madeira velha, tela de
galinheiro, blocos ou tijolos (sem cimentar).

3. Deposite na composteira o material orgânico já separado do seu lixo. Cubra-o


com folhas, grama etc., do seu jardim (ou de um terreno baldio próximo), ou
com serragem, esterco seco, cama de animais, até que não dê para ver o
material mais úmido (restos de alimentos) embaixo.

4. Regue o monte para umedecer esta camada de cobertura mais seca. Em época
de chuva cubra a composteira com tábuas, telhas ou plástico, para não
encharcar. Essa cobertura também protege o monte do sol direto.

Importante:

 A cada dois ou três dias areje bem o monte, passando todo o material de um
lado para o outro. Após estes revolvimentos o material esquenta – não será fácil
deixar a mão no meio do monte por muito tempo! – indicando que a
decomposição está ocorrendo corretamente. Em qualquer momento você pode
adicionar mais material orgânico à composteira, repetindo a etapa 3.

 Fungos, tatuzinhos, besouros, piolhos-de-cobra, minhocas e trilhões de


bactérias estarão trabalhando para você, decompondo o material. Esses
“bichinhos” são inofensivos e não se espalham para além da leira (monte).
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 135

Se, quando o composto estiver pronto, você quiser ensacá-lo para doar ou
vender, peneire-o antes, devolvendo ao monte os bichinhos, para que eles
possam continuar o trabalho de decomposição.

5. Quando não couber mais material num dos lados da composteira, comece outra
seguindo o mesmo procedimento. O monte deve ser revirado e regado, por
cerca de 2 meses. Após este período, o monte deve ter murchado pela metade.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 136

6. Pronto: O material será um composto, pronto para ser usado, se o monte:

 Tiver cor marrom café, e cheiro agradável de terra;

 Estiver homogêneo, e não der para distinguir os restos (talvez apenas um


ossinho ou caroço mais duro) e;

 Não esquentar mais, mesmo após o revolvimento.


(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Caso não haja espaço em sua casa para fazer esse tipo de composteira, você
pode optar por outras opções mais práticas. Em sites como Youtube e Vimeo, você
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 137

encontra vários vídeos que explicam como fazer um composteira para residências que
não possuem muito espaço.

Outro assunto a ser tratado nessa lição é o cuidado que se deve ter ao descartar
materiais cortantes, já que eles podem machucar os coletores de recicláveis.

Vários catadores já sofreram acidentes com vidro, seringas, palito de churrasco e


galhos de árvores com espinhos. O problema se repete em todas as cidades a solução
é bem simples: basta ser consciente.

“A população deve ter conscientização, saber que quando for jogar fora o
material cortante o mesmo deve estar organizado, dentro de uma sacola separada e
com aviso, enrolado no jornal ou até mesmo no papelão ou simplesmente dentro de
uma garrafa pet”, ensina Júlio César, coletor há 10 anos em Itapecerica da Serra.

Cleber Bernardes, diretor de obras em Itapecerica orienta que todo o material


cortante deve ser envolvido dentro de caixa de leite, papelão, garrafa pet. “Os
problemas podem ser menores com a conscientização”.
(Fonte: http://www.jornalnanet.com.br/noticias/367/separar-material-cortante-evita-acidente-com-
coletores-de-lixo-domiciliar)

5. HABITAÇÕES SUSTENTÁV EIS

5.1. INTRODUÇÃO
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 138

As alterações climáticas observadas nos últimos tempos representam um divisor


de águas no setor da construção civil. É inquestionável a dimensão dos impactos
ambientais decorrentes dessa atividade; favorecendo, assim, a busca por formas
alternativas de construção.

Grande parte da mudança pode ser verificada no universo das construções


voltadas para a habitação, setor que vem despontando como um dos mais aptos a
promover a economia de baixo carbono, tão em voga no discurso de governos e
empresas e cujo objetivo consiste em fornecer, ao consumidor, alternativas com
potencial cada vez menor de emissões de gases de efeito estufa e geração de
poluentes, iniciando um processo de mudança cultural, no que diz respeito às formas
de se habitar um imóvel.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

Por esse motivo surgiu o conceito de habitação sustentável. Uma habitação pode
ser considerada sustentável quando a adequação ambiental, a viabilidade econômica
e a justiça social são incorporadas em todas as etapas do seu ciclo de vida, ou seja,
desde a fase de concepção, construção, uso e manutenção; até em um processo de
demolição.

Uma habitação sustentável traz uma série de benefícios, como a minimização do


uso de recursos naturais e da geração de poluição, o desenvolvimento da economia
local e a formalidade nas relações de trabalho, além do aumento da eficiência no uso
de recursos financeiros na construção e valorização do imóvel pelo mercado.

Há no Brasil considerável restrição por parte da população em adotar práticas de


construção sustentável, normalmente devido ao mito dos custos superiores. Isto
porque nem toda construção sustentável implica em maiores custos, depende da
intervenção e se ela foi integrada na etapa da concepção e projeto. Em alguns casos,
pode até reduzir. Além disso, ao analisarmos com mais atenção, veremos que caso o
custo inicial seja mais caro, ainda sim, ele pode ser revertido em ganho ambiental e
econômico posterior. Por exemplo, mesmo que o preço de implementação de alguns
sistemas ambientalmente sustentáveis em uma habitação gere um custo cerca de 5%
maior do que um edifício convencional, sua utilização pode representar uma economia
de 30% de recursos, durante o uso e ocupação do imóvel.

O aumento da demanda relativa à aquisição de materiais e equipamentos


sustentáveis contribui para a diminuição dos preços. Boas práticas, representadas por
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 139

mudanças de hábitos e de valores, podem impulsionar a transformação do mercado no


ramo da construção civil.

Uma habitação sustentável contempla os seguintes aspectos:

Eficiência energética – redução do consumo de energia em todo o ciclo de vida


de uma habitação; utilização de fontes alternativas. A implantação de sistemas e
equipamentos que promovam a redução do consumo de energia ou que sejam
movidos a fontes alternativas de energia necessitam de certo investimento inicial, o
qual é amortizado ao longo do tempo tendo em vista a economia de energia elétrica;

Uso racional da água – redução do consumo e da geração de efluentes. Por


exemplo, habitações que empregam sistema de reuso de água (a água dos chuveiros
e lavatórios, após tratamento, volta para abastecer os sanitários e as torneiras das
áreas comuns) podem ter uma economia de água da ordem de 35%;

Materiais de construção sustentáveis – redução do uso de recursos naturais e


das perdas durante a obra, uso de materiais e equipamentos que causem menor
impacto ambiental, reuso e reciclagem de materiais. Uma construção sustentável pode
representar uma economia de até 30% de recursos, durante a vida útil do imóvel
(uso/manutenção).

Fonte: http://r3ambiental.blogspot.com.br/2013/03/tijolo-ecologico.html

Conforto térmico – redução da utilização de produtos tóxicos e garantia de


conforto térmico aos ocupantes da habitação;

Acessibilidade – utilização do conceito de desenho universal, isto é, ambientes


adequados às necessidades do morador. Traduz-se pela utilização de técnicas como:
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 140

rampas de acesso, pisos antiderrapantes, alturas e larguras especiais, banheiros


adaptados entre outros. Estima-se que uma construção como esta seja 1% mais cara.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf).

5.2. IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO

Você pode não saber, mas das atividades humanas sobre a terra, a construção
civil é uma das que mais causam impactos ao meio ambiente. Os edifícios consomem
mais da metade de toda a energia usada nos países desenvolvidos e produzem mais
da metade de todos os gases que vem modificando o clima.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 141

Já no Brasil, por exemplo, aproximadamente 35% de todos os materiais extraídos


da natureza anualmente (madeira, metais, areia, pedras etc...) são usados pela
construção civil.

Além dos recursos naturais utilizados, uma grande porcentagem da energia


produzida no Brasil é usada para abastecer nossas casas e condomínios, grande parte
dessa energia poderia ser facilmente economizada se essas construções
aproveitassem melhor a luz solar natural ou então utilizassem lâmpadas e chuveiros
econômicos, por exemplo.
(Fonte: http://www.todosjuntospeloplaneta.com.br/2010/10/o-impacto-da-construcao-civil-e-o.html)

O processo de produção da indústria da construção causa impacto no meio


ambiente ao longo de toda sua cadeia produtiva. Ao ocuparmos terras, extrair e
processar matéria-prima, construir e usar edifícios, recursos naturais são explorados e
resíduos são gerados afetando o ar, clima, lençol freático, solo, paisagem, animais,
plantas, prejudicando o habitat humano.

A situação precária das áreas destinadas à disposição final destes resíduos e o


enorme potencial que eles apresentam para a reciclagem, tornam urgente a
necessidade de implantação de medidas que permitam a segregação e o controle do
fluxo dos resíduos gerados na construção de forma a viabilizar o processo de
reciclagem e a utilização de materiais reciclados.

Veja, agora, alguns problemas causados pelo mau gerenciamento do entulho


proveniente das construções:

 Esgotamento prematuro das áreas de disposição final de resíduos urbanos


(aterros sanitários/lixões), já que o entulho de obras ocupa um grande volume
nestes locais.

 Obstrução de elementos de drenagem urbana de água, provocando riscos de


enchentes.

 Assoreamento, obstrução e poluição de rios, córregos e outros mananciais.

 Poluição visual das cidades, já que parte desse material é depositada em áreas
clandestinas, geralmente próximo às rodovias, dentro do perímetro urbano.

 Contribuição para a proliferação de espécies indesejáveis como ratos, baratas e


insetos, que podem atuar como vetores de doenças.

 Custos adicionais para o governo, como limpeza em geral, que deixa de aplicar
os recursos em outras áreas prioritárias etc.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 142

 Esgotamento prematuro de fontes de matérias prima não-renováveis e que


poderiam ser substituídas por agregados reciclados (como, por exemplo cascalho
de rio, brita, areia etc.).
(Fonte: Programa Entulho Limpo (1ª etapa) – Coleta Seletiva: uma forma racional de tratar os resíduos
sólidos gerados nos canteiros de obra. Disponível em:
http://www.cepam.sp.gov.br/arquivos/sisnama/meio_ambiente_em_temas/sinduscon1_ma.pdf)

5.3. ECOVILAS, PERMACULTURA E BIOCONSTRUÇÃO

Ecovilas são como uma experiência para pesquisa, educação e


comprovação de que a qualidade de vida pode ser mantida, e até mesmo
melhorada, com redução significativa da produção e do consumo de recursos.

Fonte: http://agnesamaisde100.blogspot.com.br/2010/04/comunidades-sustentaveis-ecovilas.html

Elas ressaltam que o acúmulo de bens materiais não tem nada a ver com o
bem-estar individual. Em uma ecovila, ninguém tenta aumentar a própria renda.
Nessas comunidades, tudo é concebido e planejado com o objetivo de reduzir o
uso energético e o consumo de materiais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 143

Nas ecovilas a qualidade de vida tende a ser alta. Isso porque elas criam e
valorizam outros tipos de “capital”, acima de tudo o “capital social”, por exemplo:
relações humanas consistentes, identificação com o grupo e busca por objetivos
em comum, o trabalho não é apenas um meio para um fim, e sim uma parte
prazerosa da vida.

Além do mais, o modo de vida dos residentes de ecovilas é sustentável. O


impacto ambiental das ecovilas é muito menor do que o das comunidades
convencionais.
(Fonte: Ter mais ou viver melhor? Disponível em:
http://akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/Publicacoes/EstadodoMundoTeen.pdf)

Fonte: http://www.acasaecologica.com.br/construcoes-bioclimaticas/
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 144

Para alcançar este objetivo, as ecovilas incluem em sua organização muitas


práticas como:

 Produção local e orgânica de alimentos;

 Utilização de sistemas de energia renováveis;

 Utilização de material de baixo impacto ambiental nas construções


(bioconstrução ou Arquitetura sustentável);

 Criação de esquemas de apoio social e familiar;

 Diversidade cultural e espiritual;

 Governança circular e empoderamento mútuo, incluindo experiência com


novos processos de tomada de decisão e consenso;

 Economia solidária, cooperativismo e rede de trocas;

 Educação transdisciplinar e holística;

 Sistema de Saúde integral e preventivo;

 Preservação e manejo de ecossistemas locais;

 Comunicação e ativismo global e local.


(Fonte: http://maosverdes.wordpress.com/o-que-e-uma-ecovila/)

Uma atividade que normalmente está presente nas ecovilas é a


permacultura.

Os australianos Bill Mollison e David Holmgren, criadores da Permacultura,


cunharam esta palavra nos anos 70 para referenciar “um sistema evolutivo
integrado de espécies vegetais e animais perenes úteis ao homem”. Estavam
buscando os princípios de uma Agricultura Permanente. Logo depois, o conceito
evoluiu para “um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos
sustentáveis”, como resultado de um salto na busca de uma Cultura Permanente,
envolvendo aspectos éticos, socioeconômicos e ambientais.

Para tornar o conceito mais claro, pode-se acrescentar que a Permacultura


oferece as ferramentas para o planejamento, a implantação e a manutenção de
ecossistemas cultivados no campo e nas cidades, de modo que eles tenham a
diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. Alimento
saudável, habitação e energia devem ser providos de forma sustentável para
criar culturas permanentes.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 145

Fonte: http://www.nopatio.com.br/ecofriendly/permacultura-convivencia-sustentavel-com-o-meio-
ambiente/

Fonte: http://naturaekos.com.br/blog/design-sustentavel/voce-sabe-o-que-e-permacultura/

Os três pilares da Permacultura são: cuidado com a terra, cuidado com as


pessoas e repartir os excedentes.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 146

No primeiro nível, a ação do permacultor volta-se principalmente para áreas


agrícolas com o propósito de reverter situações dramáticas de degradação sócio-
ambiental. “Culturas não sobrevivem muito tempo sem uma agricultura
sustentável”, assegura Bill Mollison. No entanto, os sistemas permaculturais
devem evoluir, com designs arrojados, para a construção de sociedades
economicamente viáveis, socialmente justas, culturalmente sensíveis, dotadas de
agroecossistemas que sejam produtivos e conservadores de recursos naturais.
(Fonte: http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/)

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/voceecod/permacultura-planejamento-consciencia-e-
etica-na

Vamos falar agora sobe bioconstrução.


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 147

Bioconstrução se refere às construções nas quais a preocupação ecológica


está presente desde sua concepção até sua ocupação. Combina técnicas
milenares com inovação tecnológica, garantindo a sustentabilidade não só do
processo construtivo como também do período pós-ocupação de casas e
edifícios.

Os profissionais responsáveis pela execução da obra devem pensar em


detalhes para que se prevaleça à preservação do meio ambiente, como o uso de
matérias-primas recicladas ou naturais disponíveis no local da obra.

Outros pontos privilegiados são a economia de água a partir de métodos


como o reuso ou aproveitamento da água da chuva, fontes alternativas de
energia como aquecimento solar, energia eólica e energia proveniente de
biodigestores, coleta seletiva e reciclagem de lixo e técnicas construtivas
baseadas na utilização do barro, palha ou bambu.

O objetivo é que a construção seja menos tóxica e invasiva para os


moradores. A bioconstrução abrange uma série de tecnologias e a viabilidade
ecológica, econômica e social e sua aplicação depende, principalmente, da
avaliação do local da obra.
(Fonte: http://www.ecocasa.com.br/bioconstrucao.asp)

A bioconstrução geralmente compreende técnicas simples que qualquer


pessoa é capaz de fazer, coordenada ou não por profissionais, permitindo, assim,
serem chamadas técnicas de autoconstrução. Elas incluem grande dose de
criatividade, vontade pessoal do proprietário e responsável pela obra e o uso de
soluções ecológicas pontuais adaptadas a cada caso.

Algumas das técnicas de bioconstrução são:


(Fonte: http://www.ipoema.org.br/ipoema/home/conceitos/bioc/)

Terra: Pau-a-pique, Adobe, Superadobe, Cob, Taipa de pilão, Solo-


cimento;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 148
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 149

Fibras renováveis: Palha, Fardo Palha, Bambu;


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 150

Fonte: http://artinfoco1.com/decks-pergolas/

Fonte: http://construircomfardosdepalha.blogspot.com.br/p/casa-de-fardos-de-palha.html
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 151

Fonte: http://www.bambujungle.com.br/

Coberturas vegetais;

Fonte: http://karlacunha.com.br/tag/cobertura-vegetal/

Ecossaneamento: Círculo de Bananeiras, Bacia de Evapotranspiração;


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 152

Fonte: http://anaveraldo.blogspot.com.br/p/jardim-permacultural.html

Fonte: http://www.10porhora.org/permaculturailimitada/bacia-de-evapotranspiracao/

Mosaicos: reutilizando materiais disponíveis.


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 153

Fonte: http://www.chrisarte.com/2013/02/mosaicos-de-mandalas-em-pisos.html

Bioconstrução é o nome que se dá a forma de se construir que busca a


harmonia entre a edificação e o ambiente no qual ela será inserida.

A Bioconstrução através de seus processos construtivos encontra o melhor


aproveitamento dos recursos, naturais ou não, necessários a sua constituição.
Como também busca elevar o grau de interação dessa edificação com o seu
entorno e os vários seres que a habitam.
(Fonte: http://www.trevert.com/o-que-e-bioconstrucao)

5.4. SUSTENTABILIDADE NA SUA CONSTRUÇÃO

Para que o aprendizado seja mais eficaz, dividiremos essa lição em quatro
partes: Projeto, Escolha dos materiais, Eficiência energética e Gestão da água.

A primeira coisa que decidimos é onde construir nossa casa.

Logo nesse primeiro momento devemos nos preocupar com o meio ambiente,
pois construir em áreas inapropriadas pode resultar em grandes impactos ambientais.

Durante o processo de seleção, é importante priorizar locais que não incluam


áreas restritivas à ocupação e que possuam infraestrutura adequada (saneamento e
acesso ao transporte público) e serviços básicos (bancos, supermercados, escolas,
restaurantes, postos de saúde etc.).
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 154
(Fonte: Moradias sustentáveis: economia e durabilidade. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/publicacoes/responsabilidade-socioambiental/category/90-producao-e-consumo-
sustentaveis?download=981:cartilha-de-construcoes-sustentaveis)

Projeto

A decisão de reformar sua casa ou construir um imóvel exige planejamento.


Neste aspecto, sobressai um dos pilares da sustentabilidade: a viabilidade econômica.
É preciso prever e ter controle do seu orçamento em todas as etapas da obra.

Fonte: http://www.blogdomenorpreco.com.br/tag/reforma

Esse é o único caminho para que seu sonho de construir ou reformar não vire um
pesadelo!

Não há uma “receita sustentável” única para todas as construções, cada uma –
um prédio, uma casa, um puxadinho – tem suas peculiaridades e estará assentada em
um terreno diferente, em cidades diferentes, com clima específico.

Apresentamos aqui algumas ideias para tornar sua construção ou reforma mais
sustentável, que poderão ser discutidas com o profissional técnico responsável pelo
projeto e pela obra. Uma boa maneira de começar o projeto é observar como as
pessoas do local construíram suas casas antigamente. Assim, não corremos o risco de
importar soluções inadequadas.
(Fonte: Moradias sustentáveis: economia e durabilidade. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/publicacoes/responsabilidade-socioambiental/category/90-producao-e-consumo-
sustentaveis?download=981:cartilha-de-construcoes-sustentaveis)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 155

Veja algumas dicas a respeito do projeto:

 Adapte seu projeto à topografia natural do terreno, reduzindo o impacto com a


retirada de terra e nas áreas de “bota fora” (para onde é levada a terra retirada).

Por exemplo:

Localizada em uma área de reserve florestal em Campos do Jordão-SP, a casa


de 50m², projetada por André Eisenlohr, foi construída preservando a topografia do
terreno, sem a necessidade de movimentação do solo.

 Preserve as espécies nativas existentes no terreno: elas garantem a


estabilidade do solo e refrescam o ambiente.

 Faça um projeto adequado ao clima do local, isso irá minimizar o consumo de


energia ao longo da etapa de uso da edificação.

 Otimize as condições de ventilação natural, garantindo ventilação cruzada na


residência.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 156

Fonte: http://arquitetando-sustentabilidade.blogspot.com.br/2012/02/ventilacao-cruzada.html

 Evite a utilização de janela de correr, principalmente preta. Prefira janelas de


abrir e com o adequado sombreamento.

 Em climas frios, preveja o aquecimento solar passivo, com a admissão do sol


nas fachadas leste e norte para as primeiras horas do dia.

 O projeto deve permitir o uso da moradia por pessoas com mobilidade reduzida.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 157

 Dependendo do clima da sua região, utilize coberturas verdes. Esse tipo de


cobertura proporciona melhoria do conforto térmico e ajuda na retenção de
águas pluviais.

 Utilize vegetação no entorno da edificação. Isso combina a evapotranspiração


das plantas com isolamento térmico.

 Utilize telhados inteligentes. Uma opção acessível é pintar o telhado com tintas
especiais, com pigmentos refletores, que não permitem a absorção de radiação
solar, mantendo a superfície fria.

 Priorize as empresas da construção civil que estejam certificadas no Sistema de


Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras (SIAC) do Programa Brasileiro
da Qualidade e Produtividade do Habitat.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 158

Escolhas dos materiais

A construção civil é responsável pelo consumo de 40% de todos os recursos


extraídos da natureza. A madeira, por exemplo, dos 64% produzidos na Amazônia,
15% são consumidos pelo setor no Estado de São Paulo, com a probabilidade de a
grande maioria de madeira utilizada ser de origem ilegal ou predatória (IPT, 2009),
contribuindo para a emissão de toneladas de Dióxido de carbono na atmosfera.

Outro material muito utilizado na construção civil e que contribui para o efeito
estufa é o cimento Portland (comum). Para a produção do cimento, há o processo de
descarbonatação do calcário, que responde pela emissão de 6% de Dióxido de
carbono, no mundo todo. Somente no Brasil, com produção anual de 38 milhões de
toneladas de cimento, liberam-se na atmosfera, aproximadamente, 22,8 milhões de
toneladas/ano de dióxido de carbono.

A produção, o transporte e o uso de materiais contribuem para a ocorrência de


diversos impactos socioambientais. O uso sustentável destes recursos depende da
habilidade dos profissionais em selecionarem os produtos mais adequados e os
fornecedores com maior responsabilidade ambiental e social.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

A avaliação dos materiais deve considerar os seguintes aspectos:

 Custos: Avaliar aqueles materiais que possuam melhor custo-benefício.

 Qualidade e durabilidade: Quanto maior a sua vida útil, menor é a


necessidade de materiais de reposição ou de manutenção, para que não ocorra
a geração de resíduos.

 Material local: Materiais cuja extração e produção tenham sido realizadas


localmente.

 Resíduos gerados: Baixa geração de resíduos implica redução de custos e de


impactos ambientais.

 Energia incorporada: Descreve a quantidade de energia usada para produzir


um objeto.

 Formalidade: Verificar se os fabricantes e fornecedores dos materiais estão em


conformidade com as legislações trabalhistas, fiscais e ambientais.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 159

 Relatórios de sustentabilidade: Buscar relatórios de sustentabilidade


socioambiental das empresas e verificar o alcance do compromisso delas com o
desenvolvimento sustentável.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

Madeira

O principal cuidado na hora da compra da madeira consiste na exigência do


Documento de Origem Florestal (DOF). O DOF, emitido pelo IBAMA, corresponde a
uma licença obrigatória para o controle do transporte e armazenamento de produtos e
subprodutos florestais.

Além do DOF, a exigência de nota ou cupom fiscal é de extrema importância,


pois se comerciante emitiu esse documento significa que também comprou a
mercadoria com nota fiscal, sendo maiores as chances de a madeira ser legalizada.

Outra possibilidade de adquirir madeira legal é por meio da compra de madeiras


certificadas, como já vimos neste curso, na lição intitulada “Certificação e Rotulagem
ambientais”.

Materiais reciclados
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 160

Fonte: http://blogneobambu.com/?p=992

Muitos materiais podem ser reciclados e a incorporação de resíduos na produção


de novos materiais de construção permite a redução do consumo de energia e de
matérias-primas e, muitas vezes, possibilita a produção de materiais com melhores
características técnicas, como é o caso da utilização da escória de alto-forno (resíduo
proveniente da produção do aço), que melhora o desempenho do concreto.

A reciclagem dos Resíduos da Construção Civil (RCC) também se caracteriza


como alternativa para minimizar os grandes impactos ambientais ocorridos nos centros
urbanos.

Aproximadamente 80% de todo o resíduo de construção gerado é passível de


reciclagem. Devidamente reciclados, os RCC apresentam propriedades físico-químicas
apropriadas para o seu emprego como material de construção e em processos de
pavimentação.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 161

Fonte: http://www.monteirotijolos.com/index-processo-reciclagem.htm

Veja mais algumas dicas sobre os materiais de construção:

 Sempre que possível, compre os itens de que necessita em um único lugar,


combinando a entrega em uma mesma remessa. Essa atitude reduz a
circulação de veículos, uma importante contribuição para o trânsito, com menos
poluentes na atmosfera.

 Materiais de demolição: hoje está muito em moda “garimpar” madeiras, portas,


janelas e outros materiais encontrados em imóveis demolidos.

 Pintura que garante proteção ambiental. Hoje o mercado oferece tintas à base
de água para aplicações em interiores e exteriores.

Eficiência energética

Fonte: http://www.arjunaturcarelli.com/sustentabilidade-e-eficiencia-energetica/
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 162

Segundo os estudiosos Lambert, Dutra e Ferreira, a eficiência energética pode


ser entendida como: “a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia.
Portanto, um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona
as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia”.

As edificações consomem mais energia do que qualquer outro setor. Observe a


tabela a seguir:

Existem algumas ações que contribuem para a eficiência energética de uma


construção, vejamos algumas a seguir.

Sistema de aquecimento solar

Os aquecedores solares promovem economia de até 35% na conta de luz mensal


das famílias. Somente no ano de 2007, foram economizados, no Brasil, cerca de 620
GWh, energia suficiente para abastecer 350 mil residências.

Os aquecedores solares são compostos por coletor (ou placa) solar, reservatório
térmico e um componente auxiliar.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 163

Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:


http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf

Placas fotovoltaicas

A eletricidade produzida por metro quadrado de placas fotovoltaicas pode


efetivamente evitar a emissão de mais de 2 toneladas de gás carbônica. Os sistemas
fotovoltaicos integrados às edificações geram energia de forma silenciosa, sem
emissão de gases poluentes, não necessitam de área extra, uma vez que os painéis
fotovoltaicos podem ser utilizados como telhados ou ser inseridos em fachadas.

Fonte: http://www.bolsademulher.com/mundomelhor/energia-solar-pode-ser-opcao-para-sua-casa-
conheca-o-sistema/

Por causa do grau de pureza dos seus componentes, que são cristais, esta
alternativa de energia ainda apresenta custo elevado na instalação do sistema,
variando, em média, entre R$ 2mil e R$3 mil. Porém, o retorno do investimento pode
ser verificar em até quatro anos.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 164
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

Iluminação natural

Fonte: http://blogs.regiaodosvales.com.br/arquimomentos/2012/05/18/iluminacao-natural/

Tendo em vista o fato de se tratar de critério que requer menores investimentos,


o uso da iluminação natural deve ser sempre priorizado, pois contribui para a redução
do consumo de energia elétrica e para a melhoria do conforto visual dos ocupantes.

A adequação arquitetônica que permite a iluminação natural prevê a adoção de


sistemas de aberturas verticais e iluminação zenital. A iluminação zenital é
caracterizada pela entrada de luz natural através de aberturas superiores dos espaços
internos e tem como objetivo otimizar a quantidade e a distribuição de luz natural em
um espaço.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

Gestão da água

Uso racional e programas de conservação da água constituem medidas eficazes


para reduzir o consumo, contribuindo para a sua preservação. Estratégias – que
variam desde mudanças de hábito do consumidor até a implantação de novas
tecnologias – garantem a qualidade necessária para a realização das atividades
consumidoras, com o mínimo de desperdício.

Benefícios
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 165

 Reduz a quantidade de água extraída das fontes;

 Reduz o consumo;

 Reduz o desperdício;

 Evita a poluição;

 Aumenta a eficiência do uso da água;

 Aumenta a reutilização da água.

Veja, a seguir, três exemplos de habitação sustentável:

Casa Aqua

Chamado Casa Aqua, o projeto de habitação tem 40 m², custou R$ 40 mil e foi
projetado pelo arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb em parceria com a Fundação Vanzolini,
a Leroy Merlin e a Inovatech. Ele integra vários sistemas e possui o certificado Aqua,
emitido pela Fundação Vanzolini.

Os materiais utilizados na Casa Aqua atendem às exigências da certificação, pois


têm o poder de diminuir o impacto das construções no meio ambiente e proporcionar
mais conforto e bem estar ao usuário. Na casa há sistemas como o de
reaproveitamento de água de chuva, os equipamentos que reduzem o consumo de
energia, a utilização de energia solar e de produtos e materiais recicláveis.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 166

Para saber mais, acesse: http://mulher.uol.com.br/casa-e-


decoracao/noticias/redacao/2010/04/28/conheca-a-casa-aqua-um-modelo-de-
habitacao-sustentavel-e-de-baixo-custo.htm.

Ecoloft

O Ecoloft foi concebido como um exemplo de casa ecológica contemporânea e


contempla todas as funções de uma residência convencional em um espaço compacto
e versátil.

Para saber mais, acesse: http://www.criaarquiteturasustentavel.com.br/projeto-


ecoloft.html.

Casa Container

Os containers utilizados para transporte de mercadorias, hoje sem valor


comercial, viraram sucata. Este tipo de projeto de reutilização do material evidencia o
caráter ecológico, sem esquecer o conforto térmico e a plasticidade da edificação.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 167

A pré-fabricação na construção, reduz o tempo de obra (cerca de 3 semanas),


além de eliminar o trabalho de fundação do terreno, por se tratar de uma estrutura
leve. A redução do custo da obra pode chegar até 50% do valor em residências de
menor padrão.

Veja alguns exemplos de casas containers:


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 168

Depois de conhecer todas essas sugestões para deixar sua habitação ainda mais
sustentável, gostaria que você refletisse sobre a possibilidade de fazer tais adaptações
em sua moradia (caso não as possua), uma vez que algumas medidas sugeridas
nessa lição também podem ser inseridas em sua casa depois que ela já foi construída.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 169

Tenha em mente que esta lição apresentou apenas ALGUMAS dicas, existem
inúmeras alternativas para a redução dos impactos ambientais causados pela
construção. Quando for construir ou reformar, procure um profissional especializado e
se informe sobre as melhores opções para a sua casa.

Lembre-se que os primeiros gastos podem ser um pouco altos, mas o retorno
financeiro é garantido, em longo prazo, e o bem que você estará fazendo ao meio
ambiente não tem preço!

5.5. GESTÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

Durante o projeto é importante calcular o consumo de materiais para que não


haja desperdício, sempre que possível, reutilizar, além de também enviar para a
reciclagem as sobras e resíduos provindos de demolições.

Por isso é importante que você leve em consideração esses aspectos na hora de
contratar uma construtora, ou até mesmo siga tais recomendações ao realizar
pequenas reformas em sua casa.

Vamos, então, conhecer alguns aspectos importantes ao lidar com resíduos da


construção civil.

A gestão dos resíduos na construção permite a reutilização de materiais e


também a reciclagem. Esta visa à redução do uso de recursos naturais e permanência
da matéria-prima no processo de produção. Sendo que a viabilização da coleta
seletiva no canteiro de obras envolve procedimentos como:

a) Preparação do canteiro
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 170

O layout do canteiro deve sofrer pequenas alterações com o objetivo de facilitar o


transporte interno e a implantação dos procedimentos de segregação e
armazenamento dos resíduos, levando-se em consideração:

 Definição da localização dos compartimentos (tambores, contêineres, caçambas,


cômodos, baias etc.) onde os resíduos já segregados devem ser coletados pela
empresa responsável pelos serviços de coleta e transporte;

 A definição de um sistema de transporte interno dos resíduos, segregados por


classes, dos pavimentos até aos locais de armazenamento temporário (baias
etc.) ou até às caçambas identificadas para receber os resíduos;

b) Segregação e armazenamento dos resíduos.

Eles devem ser separados em 4 classes, definidas por uma resolução do


Conselho Nacional de Meio Ambiente (Resolução Conama 307/2002).

 Classe A: resíduos reutilizáveis como pavimentação, tijolos, blocos, concreto


etc.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 171

 Classe B: resíduos recicláveis como plásticos, papeis, metais etc.

 Classe C: resíduos que ainda não permitem reciclagem como gesso.


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 172

 Classe D: resíduos perigosos, tais como tintas, solventes, óleos e outros, ou


aqueles contaminados oriundos de obras em clínicas radiológicas, hospitais,
instalações industriais etc.

c) Organização dos fluxos dos resíduos

Comercialização dos resíduos

Já existe um mercado estabelecido para a comercialização dos resíduos classe B


(vidro, papelão, madeira, plástico). Existem cooperativas de reciclagem que compram
estes resíduos diretamente nas obras. Além disso, os resíduos da classe B também
podem ser reutilizados na construção de outras moradias e vendidos por preços mais
acessíveis.

Assim, separando corretamente os resíduos, além de contribuir com o meio


ambiente, você ainda pode vender os materiais e reduzir os gastos na obra! Ou, então,
doar para que possam ser reutilizados em moradias mais simples!

Benefícios para as obras que implantarem a coleta seletiva:

 Ordenamento, de forma racional, dos resíduos gerados na obra, favorecendo a


estocagem ou a sua retirada;

 Garantia de uma obra limpa e organizada;

 Os custos de implantação são praticamente nulos, possibilitando até a redução


nos custos atuais para os serviços de coleta e transporte, uma vez que parte
dos resíduos pode ser reutilizada nas obras;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 173

 Os próprios operários que executam os serviços e a limpeza diária das obras


são capazes de selecionar os resíduos, por meio de procedimentos simples e
de fácil implantação;

 Viabilização e fortalecimento do processo de reciclagem;

 Estimula o estabelecimento de um novo modelo de gestão de resíduos urbanos


no Brasil;

 Estabelece condições para que exista a oferta de agregados reciclados no


mercado, desde que os mesmos obedeçam às normas da ABNT.

Quem sai ganhando?

 O Governo, com menos gastos com a limpeza pública;

 As empresas, com ações de responsabilidade socioambiental;

 A natureza, com a preservação das reservas naturais;

 A indústria da construção, que pode evitar uma crise no fornecimento de


algumas matérias-primas básicas;

 A sociedade como um todo, com melhor qualidade de vida nas cidades e com
redução permanente da poluição visual e da degradação ambiental;
(Fonte: Programa Entulho Limpo (1ª etapa) – Coleta Seletiva: uma forma racional de tratar os resíduos
sólidos gerados nos canteiros de obra. Disponível em:
http://www.cepam.sp.gov.br/arquivos/sisnama/meio_ambiente_em_temas/sinduscon1_ma.pdf)

Viu só como existem várias maneiras de reduzir os impactos ambientais


causados pelo lixo produzido nas construções?

Basta sensibilização e melhores escolhas!

5.6. CUIDADOS AO ADQUIRIR UM IMÓVEL

Ao adquirir uma propriedade, seja um terreno ou uma edificação, alguns cuidados


devem ser tomados para que imprevistos não ocorram durante e após a compra do
imóvel.

A ausência de informações sobre o histórico de ocupação e o levantamento


atualizado da área junto aos órgãos competentes pode apresentar problemas ao futuro
proprietário e também para vizinhança. Ocupação em áreas contaminadas e em Áreas
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 174

de Preservação Permanente (APP), por exemplo, é comum e pode acarretar riscos à


saúde da população, ao meio ambiente e prováveis transtornos legais ao proprietário.

Portanto, identificar se a propriedade está ou será alocada em uma área


contaminada, em uma APP ou em uma área de manancial é fundamental.

Outra ação a ser tomada no momento da compra do imóvel é fazer um


levantamento de informações para garantir a adequada aquisição.

O histórico do imóvel pode ser realizado mediante o levantamento de


informações contidas em documentos preexistentes nos arquivos de órgãos públicos e
de outras entidades. Para cada tipo de informação, recomenda-se a pesquisa em
prefeituras, órgãos ambientais, departamentos de água e energia, organizações não
governamentais.

Preliminarmente, recomenda-se a exigência da certidão de propriedade do


terreno atualizada, a fim de verificar se a situação encontra-se regular. Nesse
documento, requerido no Cartório de Registro de Imóveis, é possível obter o histórico
do terreno ao longo dos anos (se foi vendido, arrendado ou hipotecado, por exemplo).

Outras informações necessárias para que o futuro proprietário possa avaliar o


imóvel são:

 Uso e ocupação do solo: verificar a existência de Plano Diretor Municipal ou


legislação de uso e ocupação do solo, na localidade em questão. Essas
informações estabelecem diretrizes de ocupação (tipos de construção,
adensamento, expansão territorial etc.).

 Pesquisas em departamento de meio ambiente, de planejamento urbano ou de


obras da Prefeitura do respectivo município também são necessárias.

 Áreas contaminadas: verificar se a área a ser ocupada apresenta contaminação


causada pela introdução de substâncias ou resíduos que coloquem em risco a
saúde humana e o meio ambiente.
(Fonte: Cadernos de Educação Ambiental: habitação sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/Habitacao-Sustentavel-p_INTERNET4969.pdf)

5.7. MATERIAIS DE LIMPEZA


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 175

Os produtos de limpeza não ecológicos contêm produtos químicos prejudiciais ao


meio ambiente e sua produção também gera resíduos perigosos não só para o meio
ambiente, mas também para a saúde humana.

Alguns dos detergentes, ceras, lustra-móveis, sabão em pó e alvejantes contêm


substâncias nocivas como o fosfato e o cloro. O primeiro contribui para a proliferação
desenfreada de algas que roubam o oxigênio da água e acabam com a vida aquática.
Já o outro é responsável por alergias na pele e irritação nos olhos.

(Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_424274.shtml)

Por esse motivo, algumas pessoas optam por produtos ecológicos – aqueles que
utilizam como matérias-primas componentes que já existem na natureza, exemplos
disso são o sabão de coco e os sabonetes à base de óleos vegetais – e
biodegradáveis – que são decompostos na natureza -, que apesar de terem um custo
mais elevado do que as convencionais, compensam por outras vantagens, como:

 Os detergentes, normalmente, contêm indicações da dosagem para o uso


correto do produto, evitando desperdícios.

 Os detergentes para máquinas de lavar louça e máquinas de lavar, geralmente,


funcionam bem a baixas temperaturas, o que poupa energia elétrica.
(Fonte: http://www.bulhufas.com/ecologia/o-uso-de-produtos-ecologicos-e-seus-beneficios/)

E os produtos caseiros? Quem nunca comprou desinfetante, amaciante e água


sanitária vendidos em caminhões na rua? Será que eles são prejudiciais ao meio
ambiente?

Pois bem, a origem desses produtos é completamente duvidosa. Geralmente


fabricados de forma caseira, eles não possuem autorização para comercialização. Por
isso, não se encaixam nos padrões de segurança da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde.
(Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_424274.shtml)

6. TRANSPORTE E MOBILID ADE URBANA

6.1. INTRODUÇÃO

Os meios de transporte têm um papel fundamental em nossa sociedade. Direta


ou indiretamente, dependemos deles para a maioria de nossas atividades cotidianas.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 176

O problema é que boa parte dos transportes que utilizamos atualmente se move
a partir da queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, lançando
grandes quantidades de gases tóxicos na atmosfera. Há outras fontes de
contaminação, tais como indústrias, centrais termelétricas e de incineração de
resíduos, mas o aumento da frota de veículos movidos a gasolina e óleo diesel nas
últimas décadas fez da poluição veicular o principal responsável pela má qualidade do
ar que respiramos na cidade.
Fonte: http://www.culturamix.com/meio-ambiente/filtro-que-reduz-emissoes-de-gases-nos-veiculos

Na América Latina encontram-se algumas das metrópoles mais poluídas do


mundo: Santiago do Chile, Cidade do México e São Paulo. O problema tem reflexos
diretos sobre a saúde da população: alergias, irritação nos olhos, coceira na garganta,
tosse, além de problemas mais graves, como doenças respiratórias e até
cardiovasculares.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Além disso, a poluição do ar tem causado vários impactos ambientais, como


veremos a seguir:

Inversão térmica

Em muitas cidades, como São Paulo, é comum ocorrer no inverno um fenômeno


conhecido como inversão térmica, quando uma camada de ar quente se sobrepõe à
camada de ar frio próxima do solo, impedindo que o ar se dissipe. O efeito é visível: a
cidade fica encoberta por uma névoa que nada mais é que poluição concentrada sobre
a cidade.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 177

Chuva ácida

Os contaminantes industriais e o tráfego de veículos automotores produzem


dióxido sulfúrico, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos voláteis, que se misturam nas
nuvens e reagem com a água e a luz solar para formar ácido sulfúrico e nítrico, sais de
amônia e outros. Tais compostos caem sobre a terra em forma de partículas secas ou
como chuva, neblina ou neve ácidas.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A acidificação diminui o ritmo de crescimento da vegetação, assim como sua


resistência à seca, às geadas e aos parasitas. Afeta também a saúde das pessoas,
corrói as construções e monumentos públicos e prejudica os rendimentos na
agricultura.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Ozônio no nível do solo

O ozônio (O3) é um gás normalmente encontrado na alta atmosfera, onde forma


uma fina camada que nos protege dos raios ultravioletas do sol. Mas quando ele se
concentra no nível do solo, é muito tóxico e perigoso para os seres humanos, os
animais e as plantas.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 178

Efeito estufa

Ao contrário do que é normalmente difundido, o efeito estufa é um fenômeno


natural benéfico, de extrema importância para a manutenção da vida na Terra, que é
produzido por uma camada natural de gases na atmosfera que protege a Terra da
diminuição excessiva de temperatura, impedindo que o calor se dissipe em níveis que
façam o planeta se resfriar muito.

O problema começou com a Revolução Industrial. A intensificação da queima de


combustíveis fósseis levou a uma maior liberação de CO2 (Dióxido de carbono) para a
atmosfera, o que causou seu excesso de acúmulo, intensificando o efeito estufa.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Aquecimento global

Pelos motivos apontados anteriormente, a temperatura da Terra está


aumentando lentamente. Estima-se que esse aquecimento vai provocar o aumento do
nível do mar, na medida em que as geleiras e camadas de gelo polar da superfície
derretam e que o volume das águas marítimas sofra uma expansão térmica com o
aumento da temperatura média do planeta.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 179

A elevação do nível do mar é preocupante. As ilhas e cidades costeiras são as


áreas mais vulneráveis, com possibilidade de inundações.

A mudança climática deverá provocar ainda o aumento das chuvas em algumas


partes e a diminuição em outras, aumento da evaporação, além de que repercutirá na
produção de alimentos e na maior incidência de doenças tropicais, como a malária e a
dengue.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A situação é preocupante. Embora vários países tenham adotado medidas para


baixar os índices de poluição, como a regulagem de motores, redução de substâncias
tóxicas nos combustíveis e até rodízios de automóveis, a contaminação do ar ainda
representa uma séria ameaça.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

A grande quantidade de carros em movimento nas grandes cidades brasileiras


causa um grande problema: o engarrafamento. Na cidade de São Paulo, por exemplo,
é comum acontecer grandes congestionamentos, isso por causa da falta de vias
disponíveis aos veículos. Estudiosos apontam que a solução seria o investimento em
transporte público de qualidade.

Reverter esse quadro é um desafio que deve envolver toda a sociedade: se não
podemos abrir mão de algo tão necessário como os meios de transporte resta-nos
tratar de encontrar formas de usá-los sem que prejudiquem nem a nós mesmos nem
às gerações futuras. Isto é o que chamamos de um transporte sustentável.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 180

Com esse objetivo, foi criada a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei
12.587/2012), conhecida como Lei da Mobilidade.

Em resumo, a lei diz que os governantes devem priorizar o transporte coletivo


(não o individual), o público (no lugar do particular) e o não motorizado (ao invés do
motorizado).

O objetivo da lei é impedir que os governantes insistam em responder ao


crescimento da frota de veículos com mais avenidas, viadutos e túneis. As obras
acabam tendo, no fim das contas, efeito contrário. Servem de estímulo para que mais
carros entrem em circulação e, assim, voltem a colapsar a infraestrutura viária.

Grande parte da Lei da Mobilidade incentiva o transporte público coletivo. A razão


é óbvia: 30 pessoas num ônibus ou num trem não congestionam uma rua, mas 30
pessoas divididas entre 30 carros, sim. Por isso, a lei determina que as passagens
precisam ser as mais baratas possíveis.

Além disso, está claro que para que um cidadão decida deixar o carro em casa e
usar o transporte público, não basta que a passagem seja barata. É essencial que haja
paradas de ônibus ou estações de metrô por toda a cidade, que a espera não seja
longa e que os veículos estejam em bom estado. Para isso, a Lei da Mobilidade afirma
que as prefeituras devem fixar metas de desempenho para as empresas de transporte.
Cumpridas as metas, elas são premiadas. Descumpridas, são punidas.

Outro avanço trazido pela Lei da Mobilidade é esclarecer que as prefeituras


podem, sim, instalar o pedágio urbano (como o de Londres, que cobra uma taxa dos
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 181

carros que entram no centro da cidade) e implantar o rodízio (como o de São Paulo,
onde os carros, conforme a placa, ficam proibidos de sair às ruas uma vez por semana
nos horários de pico). Embora extremadas, são medidas que desestimulam o uso do
carro e ajudam a desafogar o trânsito.
(Fonte: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2011/12/12/nova-politica-tenta-desafogar-transito-
das-grandes-cidades)

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/pops/pedagio-londrino.shtml
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 182

Como você pode perceber a Política Nacional de Mobilidade Urbana, se seguida


corretamente, pode gerar muitos benefícios para a população e para o meio ambiente.

Mas, como o próprio texto da lei 12.587/2012 ressalta, a responsabilidade de


cobrar ações do governo para transformar a PNMU em realidade é da sociedade civil.
Por isso, é fundamental que você se organize junto a organizações civis por meio de
documentos formais, que exijam o cumprimento da lei que vai melhorar mobilidade
urbana das cidades brasileiras.

Um exemplo é a iniciativa da ONG Rede Nossa São Paulo que lançou, em


agosto de 2011, o Programa Cidades Sustentáveis. O projeto traz pontos-chave para
desenvolver os municípios de um jeito ambiental, econômico e socialmente mais
responsável.
(Fonte: http://thecityfixbrasil.com/2012/04/16/politica-nacional-de-mobilidade-urbana-entra-em-
vigor/#sthash.yEXi03es.dpuf)

6.2. TRANSPORTE SUSTENTÁVEL

Uma das características mais importantes do transporte sustentável é o uso


eficaz de energia, ou seja, a capacidade de transportar o máximo de carga gastando o
mínimo de combustível. Além da economia de recursos naturais, quanto menos
combustível se usa, menos emissões de dióxido de carbono são lançadas na
atmosfera.

Você sabe que é o meio de transporte que mais consome energia (combustível)?

É o avião! Além de também não possui nenhum sistema de purificação de suas


emissões. Ao viajar de avião, consomem-se cinco ou seis vezes mais energia
(calculada em quilômetros por pessoa) do que numa viagem de trem. O aumento de
tráfego aéreo é, portanto, uma ameaça séria para o meio ambiente.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 183

No transporte de bens e alimentos por estradas também se gasta muita energia.


As viagens de longa distância têm efeito negativo sobre o meio ambiente e também
encarecem os produtos, por isso sempre dê preferência a produtos locais.

Para o deslocamento das pessoas, o transporte coletivo é o mais eficaz, já que é


capaz de conduzir muitas pessoas ao mesmo tempo. Essa eficácia, no entanto,
depende muito do número de passageiros em relação ao seu consumo de energia. Se
os ônibus estão vazios, o gasto de energia por pessoa será muito elevado.

Do ponto de vista da capacidade de carga versus consumo, os transportes


coletivos de maior eficácia são os metrôs, trens, bondes e ônibus elétricos,
considerando que utilizem energia oriunda de hidrelétricas, placas solares, das marés
ou dos ventos. Eles constituem uma boa alternativa para reduzir as emissões
contaminantes na atmosfera.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

Vejamos os exemplos das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Bogotá,


Santiago do Chile e Madri, que compartilham iniciativas que buscam tornar o
transporte mais sustentável, mitigando as emissões de CO2 e a poluição.

Os projetos desenvolvidos por essas cidades fazem parte de ações do C40,


grupo de grandes cidades mundiais que discute alternativas para combater as
mudanças climáticas. Atualmente, cerca de 60 cidades participam do C40, entre elas
Cairo (Egito), Pequim (China), Sydney (Austrália), Berlim (Alemanha), Paris (França),
Nova York (EUA) e Buenos Aires (Argentina). Do Brasil, fazem parte as cidades de
Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 184

Atualmente, alguns dos projetos que mais têm chamado a atenção são os de
transporte sustentável, que visam reduzir as emissões de carbono e diminuir a
poluição das cidades. Um desses é o Programa de Teste de Ônibus Híbrido e Elétrico
(HEBTP), realizado em parceria com Iniciativa Climática Clinton (CCI) e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), e que no último mês publicou um relatório
com o parecer dos testes.

Segundo o documento do HEBTP (Hybrid Electric Bus Test Program - Programa


de Teste de Ônibus Híbrido e Elétrico), publicado em abril de 2013, que avaliou a
iniciativa nas cidades latino-americanas de Bogotá, Rio de Janeiro, Santiago do Chile
e São Paulo, as tecnologias híbridas produzem volumes até 35% menores de
emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e de poluentes, e os ônibus são cerca de
30% mais eficientes em combustível do que os comuns, movidos a diesel.

Para consultar o documento do HEBTP na íntegra, acesse:


http://www.c40.org/system/resources/BAhbBlsHOgZmIkMyMDEzLzA1LzIxLzE2XzQ0X
zU4XzY0MV9IRUJUUF9SZXBvcnRfQXByaWxfMjAxM19wb3J0dWd1ZXNlLnBkZg/HE
BTP%20Report%20April%202013_portuguese.pdf.

Já os ônibus elétricos não produzem emissões e oferecem uma redução de 77%


no consumo energético em relação ao uso de combustíveis fósseis. O texto também
aponta que a nova tecnologia proporciona a redução de poluentes e outros problemas
relacionados ao transporte público, como poluição sonora, o que traz não só
benefícios ambientais, mas também sociais.

Além disso, o relatório indica que as tecnologias elétricas e híbridas são mais
baratas em longo prazo. Isso porque apesar de os custos iniciais de compra dos
ônibus de baixo carbono serem altos – 50% a 60% a mais para híbridos e 125% a
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 185

150% a mais para elétricos –, os gastos do ciclo de vida total, calculados para uma
projeção de dez anos de operação, são iguais ou menores do que os valores dos
ônibus convencionais à diesel. Os custos de manutenção de um ônibus elétrico, por
exemplo, são cerca de 50% menores do que os de um convencional.

O documento enfatiza que esses números são excepcionalmente relevantes se


considerarmos que o setor de transporte na América Latina é o maior emissor de CO2
por consumo energético, e é responsável por 35% das emissões totais do continente.
Os valores são muito maiores do que a média mundial, na qual a participação desse
setor nas emissões fica em 24%.

A análise, entretanto, ressalta que esse não é o primeiro projeto a tentar


implantar ônibus híbridos e elétricos no transporte urbano público. De acordo com o
relatório, “cidades do C40 tais como Chicago, Curitiba, Londres, México, Nova York,
São Francisco, Seattle, Xangai, Tóquio e Toronto foram pioneiras no uso de ônibus
híbridos e estão colaborando com os fabricantes para que estes entendam suas
necessidades e para melhorar as tecnologias”.

Curitiba, por exemplo, foi pioneira nacional na produção de ônibus elétricos para
transporte coletivo, e atualmente 30 veículos híbridos operam na cidade. A operação
dos ônibus começou em setembro de 2012, e atualmente eles percorrem cinco linhas,
atendendo mais de 20 mil passageiros por dia.

Como os ônibus testados pelo HEBTP, os veículos de Curitiba apresentam


redução de 35% no consumo de combustível, 35% menos emissões de CO2, 80%
menos óxido de nitrogênio (80%) e 89% menos fumaça.
(Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias5/noticia=734113)

A principal questão a ser abordada é determinar como as necessidades de


mobilidade dos cidadãos podem ser atendidas de forma sustentável. Isto inclui dois
desafios principais: o dever de reduzir a necessidade de transporte motorizado,
sempre que possível, e o dever de mudar as opções de transportes insustentáveis
para opções sustentáveis.

Ferramentas administrativas e financeiras desempenham um papel importante no


apoio a mudanças em direção a modos sustentáveis de transporte. Um primeiro passo
seria manter acessíveis os preços das passagens, pois dessa forma, as pessoas
seriam estimuladas a utilizar o transporte coletivo.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 186

Tais situações não podem ser superadas sem uma mudança de valores da nossa
sociedade. Isto significa, por exemplo, o fim da percepção de um carro como símbolo
de status e, em vez disso, ver o transporte público como algo desejável.

Educação é fundamental para a mudança de valores!

Por esse motivo, é importante que você repasse os conhecimentos adquiridos


nesse curso: quanto mais pessoas forem sensibilizadas, mais rápido as mudanças
ocorrerão.

Do ponto de vista ambiental "tecnologias verdes" e inovadoras, como novos tipos


de combustíveis, podem trazer grandes oportunidades, mas somente se os potenciais
efeitos rebote são evitados. Os veículos elétricos, por exemplo, poderiam beneficiar o
meio ambiente (dependendo da fonte de energia elétrica) e reduzir os efeitos
ambientais nocivos dos gases de escape. Mas um efeito rebote poderia incluir o
aumento dos congestionamentos, se os veículos elétricos resultassem em mais carros
nas estradas.
(Fonte: Sustainable lifestyles: Today’s facts & tomorrow’s trends. Disponível em: http://www.sustainable-
lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-
4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf. Tradução: Kátia Cortez)

Para as situações em que o uso de algum meio de transporte motorizado é


imprescindível, pode-se amenizar seu impactos negativos utilizando os
biocombustíveis.

Você sabe o que são os biocombustíveis?

Eles são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou


totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 187

Os dois principais biocombustíveis líquidos utilizados no Brasil são o etanol


(extraído de cana-de-açúcar e utilizado nos veículos leves) e, mais recentemente, o
biodiesel (produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais, utilizado
principalmente em ônibus e caminhões).

Saiba mais sobre os diferentes biocombustíveis produzidos no Brasil.

Etanol

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais e o maior exportador de etanol.


Atualmente, o etanol brasileiro representa a melhor e mais avançada opção para a
produção sustentável de biocombustíveis em larga escala no mundo.

Em relação ao meio ambiente, o etanol reduz as emissões de gases de efeito


estufa em cerca de 90% e a poluição atmosférica nos centros urbanos. Além disso,
produção tem baixo consumo de fertilizantes e defensivos e apresenta níveis
relativamente baixos de perdas do solo.

Biodiesel

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como


óleos vegetais e gorduras animais. Estimulados por um catalisador, eles reagem
quimicamente com álcool.

Existem diferentes espécies de oleaginosas no Brasil que podem ser usadas para
produzir o biodiesel. Entre elas estão a mamona, dendê, canola, girassol, amendoim,
soja e algodão. Matérias-primas de origem animal, como o sebo bovino e gordura
suína, também são utilizadas na fabricação do biodiesel.
(Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/matriz-energetica/biocombustiveis)

Viu só como é possível ter transportes motorizados mais sustentáveis?!

Mas para isso, sua contribuição é indispensável. Tanto no papel de consumidor,


dando preferência a veículos e combustíveis que agridem menos o meio ambiente,
quanto no papel de cidadão, cobrando do poder público mudanças no transporte.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 188

6.3. MEIOS DE TRANSPORTE NÃO MOTORIZADOS

Em muitos países a bicicleta é um importante meio de transporte, tanto de


pessoas como de pequenas mercadorias.

No Brasil, em São Paulo, por exemplo, a bicicleta tem ganhado grande


importância, com a instauração do Sistema de Bicicletas Públicas Bike Sampa, que
visa oferecer à cidade de São Paulo uma opção de transporte sustentável e não
poluente.

O Sistema Bike Sampa é composto de Estações inteligentes, conectadas a uma


central de operações via wireless, alimentadas por energia solar, distribuídas em
pontos estratégicos da cidade de São Paulo, onde os Clientes cadastrados podem
retirar uma Bicicleta, utilizá-la em seus trajetos e devolvê-la na mesma, ou em outra
Estação.

O projeto tem como objetivo:

 Introduzir a Bicicleta como modal de Transporte Público saudável e não


poluente;

 Combater o sedentarismo da população e promover a prática de hábitos


saudáveis;

 Reduzir os engarrafamentos e a poluição ambiental nas áreas centrais das


cidades;
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 189

 Promover a humanização do ambiente urbano e a responsabilidade social das


pessoas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, 60% dos paulistanos estão


acima do peso. Ao dirigir, além do gasto calórico ser baixo - cerca de 150 calorias por
hora - o motorista é submetido a um alto nível de estresse nos congestionamentos,
que ultrapassam os 200 km nos horários de pico. Complicações nas relações
pessoais, tensão constante e hipertensão arterial estão entre os problemas que podem
surgir de uma vida estressante.

Quem tiver disposição e habilidade, pode adotar a bicicleta como meio de


transporte alternativo e mandar embora entre 600 e 800 calorias, já a prática de
exercícios melhora o bem estar, dá ânimo e ajuda no condicionamento físico.
(Fonte: http://saude.terra.com.br/bem-estar/transporte-alternativo-melhora-a-saude-e-emagrece-
confira,ed683f04c2f27310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html)

Além da bicicleta existem outros meios de transporte alternativos que fazem


bem tanto a saúde das pessoas quanto ao meio ambiente, como o skate, patins e
patinetes.

6.4. CASOS BEM-SUCEDIDOS

Prática promissora: Projeto “Ônibus feliz” em Parma (Itália)


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 190

Este projeto, implementado pela empresa local de transportes públicos em


colaboração com o município de Parma, é um serviço que reúne jovens estudantes de
escolas de ensino fundamental e médio em frente de suas casas e os leva para a
escola. É um serviço de alta qualidade, com 45 ônibus ecológicos movidos a metano.
Cerca de 1.250 crianças de 50 escolas usam o serviço diariamente.

Prática promissora: Sarecar - Carros Elétricos Compartilhados em Ataun


(Espanha)

Ataun tornou-se a primeira vila na Europa a pôr em prática um serviço de aluguel


público para veículos elétricos partilhados. Essa iniciativa, chamada Sarecar, está em
operação desde janeiro de 2011. O objetivo principal é criar um modelo de mobilidade
sustentável, reduzindo a quantidade de carros movidos a petróleo.
(Fonte: Sustainable lifestyles: Today’s facts & tomorrow’s trends. Disponível em: http://www.sustainable-
lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-
4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf. Tradução: Kátia Cortez)

Prática promissora: Teleféricos


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 191

Além de atração turística, os teleféricos são importantes opções de transporte


urbano em diversas cidades do mundo, uma vez que são considerados não poluentes,
rápidos e práticos. Os sistemas de cabos e cabines surgiram, nos últimos anos, como
alternativa para regiões com muitos morros, grande densidade demográfica e de difícil
penetração de trens e ônibus.

Em Medellín, na Colômbia, fica um dos teleféricos mais conhecidos do mundo,


principalmente por sua utilidade pública. Inaugurado em 2004, o Metrocable liga os
principais morros da cidade à região central, fazendo integração com o metrô da
cidade. O sistema transporta cerca de 30 mil pessoas por dia e cobra uma passagem
equivalente a R$2.

No Brasil, há uma série de iniciativas semelhante em grandes cidades do país.


No Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão conta, desde 2011, com o primeiro sistema
de transporte de massas por cabos do país, que transporta cerca de 12 mil pessoas
por dia. Com 3,5 quilômetros, seis estações e 152 gôndolas, o Telefério do Alemão
liga a estação Bonsucesso, integrada com a rede ferroviária da cidade carioca, ao topo
do morro.

Os moradores do Alemão que se cadastram no sistema têm direito a fazer duas


viagens diárias gratuitas (ida e volta). Cada viagem adicional custa R$1. Para turistas,
o valor é de R$5.

Prática promissora: Vagas vivas


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 192

Em São Francisco (EUA), a prefeitura recorreu a uma solução criativa para


diminuir o volume de carros nas ruas e atrair pessoas para o espaço público: criou o
sistema de “Vagas Vivas”. Com essa política, os comerciantes que desejarem ocupar o
espaço para vagas de estacionamento em frente a seus estabelecimentos com jardins,
por exemplo, participam de um edital, pagam uma indenização e, caso selecionados,
obtêm o direito de ocupar o local.
(Fonte: http://www.mobilize.org.br/noticias/3353/mobilidade-urbana-solucoes-criativas-e-politicas-
publicas.html)

Prática promissora: Curitiba

A cidade de Curitiba possui uma política que busca a integração multimodal,


criação participativa de um plano diretor metropolitano de transporte e mobilidade,
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 193

implementação de anéis tarifários no transporte público e promoção de transporte


limpo e sustentável.

Prática Promissora: Rio Branco

Rio Branco, capital do Acre, também apresenta um grande diferencial no quesito


mobilidade urbana. A cidade possui a maior rede cicloviária per capita do País. Ao
todo, são mais de 160 km de vias projetadas para 300 mil habitantes, o que
transformou a bicicleta no meio de transporte mais popular do local.
(Fonte: http://www.mobilize.org.br/noticias/3353/mobilidade-urbana-solucoes-criativas-e-politicas-
publicas.html)

Prática promissora: Pernambuco

Outros exemplos são Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, que vão contar
com o primeiro sistema intermunicipal de compartilhamento de bicicletas do Brasil a
partir de 2013. 70 estações deverão ser implantadas em 20 bairros das três cidades,
abrigando as 700 novas bicicletas do projeto chamado Bike PE. O centro do Recife já
conta com oito estações do projeto instaladas.

Os equipamentos estarão disponíveis à população durante todos os dias da


semana, das 6h às 22h. A bicicleta poderá ser usada por 30 minutos seguidos, e o
ciclista pode usar quantas vezes quiser ao longo do dia, desde que devolva o
equipamento a uma das estações por um período de pelo menos 15 minutos. Para
utilizar o sistema, o usuário das bicicletas deverá fazer um cadastro prévio pela
internet. Um aplicativo do Bike PE está disponível para Iphone e Android.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 194

O custo do serviço será de R$ 10 mensais. Para os usuários do Vale Eletrônico


Metropolitano (VEM), o valor será de R$ 10 ao ano. Esta é uma das grandes
vantagens. A ideia é favorecer ainda mais a interação entre os tipos de transporte
público modais. Para cada meia-hora excedente, será cobrada uma taxa de R$ 5.

Serão 60 estações no Recife, cinco em Jaboatão e cinco em Olinda. Cada


bicicleta vai ter uma apólice de seguro que prevê a cobertura para o usuário em caso
de acidentes ou danos a terceiros.

O serviço vai funcionar de forma semelhante aos projetos Bike Rio - que tem
cerca de 150 mil usuários, implantado em 2011 - e Bike Sampa - maior
compartilhamento de bicicletas do país, implantado em 2012 e que já conta com 100
estações e mil equipamentos.

6.5. O QUE VOCÊ PODE FAZER

 Evite usar o carro nos horários e locais de maior congestionamento. A cada 20


minutos em um congestionamento, você desperdiça 1 litros de combustível.

 Evite usar o automóvel para trajetos curtos – dê preferência ao transporte coletivo


ou vá a pé ou de bicicleta.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 195

 Procure sempre que possível compartilhar o carro com outras pessoas.

 Dê preferência aos transportes coletivos que não emitam gases tóxicos, como o
trem e o metrô.

 Procure atuar junto ao poder público e às empresas no sentido de exigir a


implantação de medidas que contribuem para um transporte mais sustentável,
como:

o Melhorar o transporte coletivo;

o Construir ciclovias;

o Substituir o uso de combustíveis fósseis por outros de fontes renováveis;


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 196

o Estimular e viabilizar o uso de meios de transporte menos poluidores,


como o hidroviário;

o Desenvolver novas tecnologias para geração de energia limpa etc.

Quando o uso do automóvel for inevitável, o motorista poderá dar sua parcela de
contribuição fazendo com que o seu carro polua menos. Seguindo as dicas abaixo,
além de melhorar a qualidade do ar e evitar acidentes, o motorista vai economizar
cerca de 10% de combustível, velas e pneus.

 Troque de marcha na rotação correta;

 Evite reduções constantes de marcha, acelerações bruscas e freadas em


excesso;

 Evite paradas prolongadas com o motor funcionando;

 Use o afogador somente no momento da partida, sem esquecer de desativá-lo;

 Tente manter a velocidade constante, tirando o pé do acelerador quando o


semáforo fecha ou quando o trânsito para à frente;

 Oriente os seus passageiros para que não joguem lixo, pontas de cigarro, latas
etc. pelas janelas;

 Faça as manutenções e revisões recomendadas pelo fabricante, principalmente


no que tange ao catalisador do escapamento;

 Observe a vida útil dos componentes importantes no controle da poluição, como


filtro de ar e de óleo;

 Abasteça o veículo com combustível de boa qualidade;

 Rode com os pneus bem calibrados;

 Não sobrecarregue o veículo;

 Desligue o ar-condicionado nas subidas muitos íngremes;

 Mantenha o sistema de arrefecimento do motor revisado e no nível adequado de


funcionamento.
(Fonte: Manual de educação e consumo sustentável. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

7. OUTROS TEMAS PARA RE FLEXÃO


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 197

7.1. SAÚDE

Você já deve ter ouvido o ditado: “Melhor prevenir do que remediar”. Isso vale
para todo o sistema de saúde e também para o planeta.

Saúde e sustentabilidade caminham de mãos dadas. Na vida, os cuidados


envolvem a alimentação, a prática de exercícios, a importância do sono e o
acompanhamento médico, entre outros fatores. Para que o planeta seja sustentável, é
preciso reciclar o lixo, usar recursos naturais de maneira responsável, não consumir
excessivamente etc.

Em ambos os casos, é necessário investir em prevenção e se preocupar com as


atitudes, antes de lidar com os problemas que poderão surgir com o passar dos anos.
É preciso trabalhar de maneira preventiva, tanto no que diz respeito à saúde de um
indivíduo, quanto à do planeta.

Muitas vezes não nos damos conta de que somos uma espécie a mais no planeta
e os seres vivos dependem uns dos outros. Pensando de forma sustentável, podemos
enxergar essa interdependência, relacionando as causas com as consequências.

Essa postura traduz uma visão integrada da preocupação com a saúde e com o
ambiente. Isso porque o corpo também é um ecossistema que merece cuidados. Se
eu não tenho saúde, como vou querer tomar conta dos outros?

Alimentação industrializada, sedentarismo, estresse e consumo em excesso são


alguns dos itens constituem um estilo de vida nocivo ao indivíduo e à sociedade.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 198

Para ser sustentável é importante ser simples e buscar uma vida mais saudável.
Portanto, ser sustentável é uma escolha individual, que envolve a mudança em
pequenos hábitos.
(Fonte: http://www.fleury.com.br/revista/materias/Pages/vida-sustentavel-para-voce-e-para-terra.aspx)

O estilo de vida que adotamos, seja em relação ao consumo, transporte,


habitação, descarte de resíduos, entre outros, reflete diretamente em impactos
ambientais, que, por sua vez, refletem em nossa saúde. Vejamos algumas das
inúmeras doenças causadas por problemas ambientais:

 Disenteria, esquistossomose, gastroenterite, paralisia infantil, febre tifoide,


giardíase, salmonelose, cólera, hepatite, diarreia: todas transmitidas pelas águas
poluídas;

 Dengue, febre amarela, malária, elefantíase: essas transmitidas por meio de


insetos que se desenvolvem nas águas poluídas;

 Asma, rinite, bronquite, tuberculose, intensificação de alergias: transmitidas pelo


ar contaminado;

 Manchas e até câncer de pele: causadas pela destruição da camada de ozônio;

 Intoxicação alimentar: causada, dentre outros motivos, pela poluição dos solos;

 Leptospirose, e outras parasitoses: causadas pelo acúmulo de lixo;

 Aumento de estresse, perda de concentração e memória, dores de cabeça e de


estômago, ansiedade e nervosismo, cansaço, úlceras, depressão e até surdez:
doenças que possuem como uma das fontes a poluição sonora.
(Fonte: http://www.problemasambientais.eco.br/doencas-causadas-por-problemas-ambientais/)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 199

Outro problema de saúde que afeta muitas pessoas no mundo é a desnutrição.


Entretanto, se por um lado existem pessoas necessitando de comida, por outro existe
um imenso desperdício de alimentos em todo o mundo. Vejamos alguns dados sobre
isso:

 Todos os anos, um terço de toda a comida produzida pelo sistema agrícola global
está sendo perdida, indica a pesquisa realizada pelo World Resources Institute
(WRI) em parceria com o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma).

 1,3 bilhão de toneladas, ou um terço, da produção total de alimentos no mundo


vai parar no lixo. Em termos de calorias, uma a cada quatro calorias produzidas
são perdidas.

 Enquanto isso, 870 milhões de pessoas passam fome e, a cada dia, mais de 20
mil crianças menores de 5 anos morrem de fome. Segundo a ONU, 26% das
crianças em todo o mundo são consideradas raquíticas por desnutrição.

 Dos 1,3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçados, 44% é composto de


frutas e vegetais, os produtos que mais vão para o lixo. Em seguida, aparecem
raízes e tubérculos, compondo 20% das perdas; cereais com 19% e leite, com
8%.

 O desperdício de comida significa também desperdício de recursos naturais,


contribuindo assim para impactos ambientais negativos. Hoje, a produção global
de alimentos ocupa 25% de toda a terra habitável do mundo. A quantidade de
terras cultiváveis usada para produzir comida desperdiçada é equivalente ao
tamanho do México.

 Mais da metade do desperdício de alimentos na Europa, Estados Unidos, Canadá


e Austrália ocorre na fase do consumo. Juntos, os países ricos são responsáveis
por 56% de todo o desperdício.

 Enquanto nos países em desenvolvimento, cerca de dois terços da comida é


perdida após a colheita e armazenamento inadequado. Melhorar a eficiência
nessa etapa é fundamental pata reduzir as perdas.

 O desperdício de alimento no Brasil é estimado em 26,3 milhões de toneladas.


Cerca de 10% desse total se perdem ainda no campo, outros 50% se dá no
transporte e manuseio, e 10% da perda acontece na fase de consumo.
(Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/fotonoticias/o-custo-do-que-nao-se-
come.shtml)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 200

7.2. ALIMENTAÇÃO

Para manter o peso ideal e ainda obter todos os nutrientes de que o corpo
necessita é imprescindível ter uma dieta variada, na qual a deficiência de um nutriente
em certos alimentos seja compensada por sua presença em outros. Por isso, é muito
importante consumir alimentos dos quatro grupos básicos (verduras, legumes e frutas;
cereais; leite e derivados; carne).

A sua alimentação pode ficar ainda mais saudável com o consumo de alimentos
orgânicos. Além disso, os alimentos orgânicos também contribuem com a preservação
do meio ambiente. Continue a lição e veja por quê.

Pela análise das características da agricultura convencional (uso de agrotóxicos,


adubos, impregnação de resíduos químicos nos alimentos, alteração de seu sabor,
comprometimento da saúde do lavrador, que manuseia os produtos químicos, e do
consumidor), verifica-se a negatividade de seus impactos, como a contaminação de
mananciais, leitos de rios, lençóis freáticos, dentre outros.

No processo de poluição do solo, por exemplo, um dos grandes vilões é o


fertilizante químico, utilizado para melhorar a produtividade ou tentar assegurar os
índices já obtidos de produção. Uma das consequências desse uso é que o nitrogênio
presente nos fertilizantes pode se acumular no solo e ser transformado, por processos
químicos, em nitrato, que é um composto cancerígeno.

A agricultura orgânica, por sua vez, tem como alicerces a qualidade dos
alimentos, a saúde da terra em que são cultivados e do próprio ser humano que
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 201

produz e consome esses alimentos. Prioriza, portanto, a utilização de técnicas naturais


de combate às pragas e técnicas manuais de combate ao mato, utilizando adubos sem
processamento químico, proporcionando a interação entre o ser humano e a natureza
durante o processo de cultivo.
(Fonte: Cadernos de Educação ambiental: Consumo sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)

Fonte: http://www.tecnologiaetreinamento.com.br/agricultura/agricultura-organica-agricultura/cultivo-
organico-hortalicas-agricultura-organica/

Além disso, a agricultura orgânica caracteriza-se pela adoção de critérios sociais


e ambientais de produção, cabendo aos produtores atuar dentro da legalidade,
registrando todos os seus funcionários, bem como a posse do alvará da Vigilância
Sanitária e certificação ambiental. Há, ainda, a preocupação com a recuperação da
mata ciliar e com a utilização de estercos dos próprios animais, com a rotação de
culturas, compostagem e controle biológico de pragas e doenças, trabalhando-se em
harmonia com a natureza.
(Fonte: Cadernos de Educação ambiental: Consumo sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)

Observe a comparação entre os produtos convencionais e os orgânicos:


ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 202

Os alimentos transgênicos (ou Organismos Geneticamente Modificados - OGM)


são prontamente rejeitados pelos agricultores orgânicos. Por serem geneticamente
modificados para produzir mais, eles alteram o equilíbrio natural dos ecossistemas e
tendem a, gradualmente, substituir espécies e acabar com a variabilidade genética, a
capacidade que os organismos têm de se adaptar a um ecossistema ao longo de
gerações.

O solo e a água, recursos naturais sobre os quais o homem não tem controle,
são dois dos maiores beneficiados com a agricultura orgânica. A ausência de
agrotóxicos e o foco na sustentabilidade previnem a contaminação de futuras safras e
da fauna local. Com o uso sustentável, os recursos não se esgotam e permanecem
disponíveis para gerações futuras.

Os próprios produtores agrícolas são beneficiados com a agricultura orgânica.


Sabe-se que o contato frequente com agrotóxicos causa doenças graves. Os
alimentos orgânicos também podem ser vendidos diretamente, em feiras livres e
quitandas nos centros urbanos, proporcionando aos pequenos produtores
oportunidades de comércio mais justas e garantindo-lhes uma vida mais digna.
(Fonte: http://vidaequilibrio.com.br/alimentos-organicos-e-o-meio-ambiente)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 203

Embora os alimentos saudáveis e orgânicos façam bem tanto à nossa saúde


quanto ao meio ambiente, não são eles os que mais vemos sendo consumidos pelas
pessoas, não é verdade?

Num mundo acelerado como o nosso, qualquer coisa que nos ofereça
comodidade e conveniência a baixo custo, tem futuro garantido. É por isso que a
indústria “junk food” tem conseguido se enraizar nas nossas vidas.

Diante dessa situação, podemos pensar que não temos nada a perder, certo?

À primeira vista sim. Entretanto, peritos em Saúde Pública denunciaram já há


algum tempo, a existência de problemas associados à chamada “comida de
conveniência”, devido a sua composição à base de ingredientes pouco saudáveis.

O valor nutricional do produto é sacrificado em detrimento desta conveniência.


Para devolver todos os sabores perdidos durante o processamento dos ingredientes,
são adicionadas grandes quantidades de açúcares, gorduras e sal. Contudo, sabe-se
que, quando em excesso, estes ingredientes provocam consequências, como:

 As gorduras usadas neste tipo de produtos, as chamadas gorduras saturadas


aumentam os níveis de colesterol, provocando coágulos nas artérias e
aumentando o risco de doenças coronárias.

 O excesso de açúcares na “comida de plástico” é motivo de grande preocupação.


Não só pelo reconhecido impacto na saúde dentária, mas também pela sua
ligação direta à obesidade, às doenças cardíacas e até ao câncer.

 O sal em excesso é responsável em grande parte pelo aumento da pressão


arterial e risco de ataques cardíacos.
(Fonte: http://fitness.clix.pt/2395/os-perigos-escondidos-da-fast-food.htm)

Diante disso, será que vale a pena seguir o “estilo de vida americano”?
Consumindo os mesmo alimentos que eles sem refletir se é o melhor para você e para
o planeta?

Se "somos o que comemos", como diz o ditado, um estudo acadêmico feito nos
Estados Unidos comprovou que nossos hábitos alimentares têm relação direta
também com a "saúde" do planeta. De acordo com a pesquisa, adotar uma dieta
vegetariana é uma forma simples de consumir sem agredir o meio ambiente, enquanto
que hábitos alimentares com predominância de comida industrializada e rica em
proteína animal contribuem diretamente para um dos problemas ambientais que mais
ameaçam o mundo: o aquecimento global.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 204

A pesquisa mostra que a produção, a estocagem e a conservação de alimentos


enlatados, embutidos e fast food - todos com processamento industrial - é responsável
por cerca de 20% da queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo) nos
EUA. Assim, a dieta típica dos norte-americanos emite gases de efeito estufa em
quantidade equivalente a um terço da emissão de todos os carros, motos e caminhões
do país.

Portanto, o consumidor consciente pode, por meio de sua escolha alimentar,


contribuir para não aprofundar o problema de aquecimento da Terra e mudanças
climáticas decorrentes.
(Fonte: http://www.consea.sp.gov.br/noticia.php?id=145)

7.3. LAZER

Dessa forma, nessa lição você receberá algumas sugestões de como gastar seu
tempo livre com qualidade e sem precisar consumir desenfreadamente.

 Renove o seu cartão da biblioteca municipal e pegue emprestados livros, CDs e


DVDs… tudo de graça!

 Existem muitos museus, galerias de arte, jardins zoológicos, parques de diversão,


jardins temáticos, entre outros, que oferecem preços de entrada mais acessíveis
ou até gratuitos durante certos dias ou horas da semana, procure aproveitar
essas oportunidades.

 Ao invés de sair para comer em restaurantes com os amigos, chame-os para sua
casa, cada convidado pode trazer alguma coisa – aperitivos, salgados, doces,
bebidas etc. A diversão é garantida e você não precisa gastar com restaurantes!

 Dedique-se a um projeto que possa desenvolver em casa: construir uma casa


numa árvore para os seus filhos, confeccionar roupas, recuperar um velho
carro… Se não sabe como fazer tais atividades, aproveite para aprender e utilize
a Internet como fonte de informação.

 Procure formas econômicas de praticar exercícios físicos: caminhadas, corridas,


partidas de tênis, futebol, basquetebol com os amigos, entre outros.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 205

 Se você tiver filhos, existem inúmeras atividades lúdicas que podem ser
desenvolvidas com a criançada sem gastar dinheiro: um passeio na praia, onde
eles podem correr e brincar à vontade; jogos de tabuleiro, montagem de
quebra-cabeças ou trabalhos manuais; organização de uma caça ao tesouro
etc.

 Esteja sempre atento à agenda da sua cidade – haverá sempre alguma mostra
cultural, seminário, exibição, festival, feira, peça de teatro ou concerto com
entrada gratuita. Aproveite!
(Fonte: http://saberpoupar.com/artigos/como-poupar-dinheiro-momentos-lazer)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 206

Lembre-se de que nem todos os prazeres da vida são pagos!

Veja a seguir mais algumas dicas de atividades desvinculadas do consumo:

 As bicicletas são indispensáveis para o lazer em família. Graças a elas o grupo


se mantém unido, já que um passeio de bicicleta pode ser compartilhado sem
precisar gastar dinheiro. Sem dúvida, o investimento para adquiri-las será
necessário, porém se você vive numa cidade relativamente grande, é bem
provável que encontre um serviço de aluguel de bicicletas. Neste caso, você
não terá desculpas para não sair e aproveitar um fim de semana ao ar livre com
as pessoas que mais ama.

 Se você tem a sorte de viver perto do mar, tem uma vantagem a mais, já que a
praia em si, o pôr-do-sol e as ondas podem ser espetáculos para toda a família.
Sem ter que pagar nada, você pode organizar um dia de praia para desfrutar
junto a ela. Uma tarde de sol à beira-mar vai cair bem a todos. Para evitar
gastar dinheiro, leve uma bolsa térmica com refrescos e sanduíches, assim
você evita comprar comidas e bebidas na praia, além de se alimentar de forma
mais saudável, mas lembre-se de levar o seu lixo de volta para casa ou
descartá-lo de forma apropriada.

 Se você tem um jardim em casa, não é preciso gastar com um jardineiro. Você
e sua família podem realizar mutirões de jardinagem para embelezar seus
próprios espaços verdes, conseguindo poupar gastos e recebendo benefícios
duplos: compartilhar a arte das plantas e deixar a casa mais bonita e
acolhedora.
(Fonte: http://www.ehow.com.br/atividades-familiares-divertidas-custo-slide-show_21584/#pg=1)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 207

Outra opção de lazer sustentável é o Passaporte Verde. Você já ouviu falar dele?

Bom, o Passaporte Verde é uma campanha parte do Projeto Férias Sustentáveis,


desenvolvido no âmbito da Força Tarefa Internacional para o Desenvolvimento do
Turismo Sustentável (FTI-DTS), coordenada pelo Governo Francês. Parte das ações
do Plano de Implementação da Conferência Internacional de Meio Ambiente e
Desenvolvimento de Johannesburgo, a FTI-DTS, é uma iniciativa voluntária, da qual
participaram inicialmente 20 países membros, dentre os quais o Brasil, por meio dos
ministérios do Meio Ambiente e de Turismo, e visa estimular mudanças globais em
direção a padrões de produção e consumo sustentáveis.

No Brasil, o Passaporte Verde - Turismo Sustentável tem como objetivo apoiar a


qualificação da cadeia produtiva do turismo e a implantação de infraestrutura básica e
turística. A ação também incentiva o turista a consumir de forma consciente e reduzir
os impactos do turismo no meio ambiente.
(Fonte: http://www.mma.gov.br/desenvolvimento-rural/turismo-sustent%C3%A1vel/passaporte-verde)

7.4. ECOTURISMO

“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma


sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a
formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações” (Diretrizes para uma Política Nacional de
Ecoturismo).
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 208

Utilizar o patrimônio natural e cultural de forma sustentável representa a


promoção de um turismo ecologicamente suportável a longo prazo, economicamente
viável, assim como ética e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exige
integração ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando a fragilidade que
caracteriza muitas destinações turísticas.

Esse tipo de turismo pressupõe atividades que promovam a reflexão e a


integração homem e ambiente, em uma inter-relação vivencial com o ecossistema,
com os costumes e a história local. é planejado e orientado visando o envolvimento do
turista nas questões relacionadas à conservação dos recursos que se constituem
patrimônio natural e cultural.

Assim, o Ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas baseadas


na relação sustentável com a natureza e as comunidades receptoras, comprometidas
com a conservação, a educação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 209

Veja a seguias algumas atividades praticadas no âmbito do Ecoturismo:

a) Observação de fauna: Relaciona-se com o comportamento e habitats de


determinados animais. Podem ser observados: aves, mamíferos, cetáceos (como
baleias, botos e golfinhos), insetos, répteis, anfíbios e peixes.

b) Observação de flora: Permite compreender a diversidade dos elementos


da flora, sua forma de distribuição e as paisagens que compõem um bioma, e está
associada às possibilidades de interação com a fauna silvestre existente na localidade
e região. Os usos tradicionais das comunidades locais sobre as plantas (usos
medicinais, cosméticos, ornamentais) despertam muito interesse, podendo ampliar as
experiências dos visitantes e promover o uso sustentável de elementos que integram
as áreas visitadas.

c) Observação de formações geológicas: Atividade ainda tímida no Brasil


que consiste geralmente em caminhada por área com características geológicas
peculiares e que oferecem condições para discussão da origem dos ambientes
(geodiversidade), sua idade e outros fatores, por meio da observação direta e indireta
das evidências das transformações que ocorreram na esfera terrestre.

d) Visitas a cavernas (Espeleoturismo): Atividade recreativa originada da


exploração de cavidades subterrâneas, também conhecida por espeleologia – estudo
das cavernas. As cavernas atuam como habitat ideal para a conservação de espécies
ameaçadas de extinção, tanto da fauna como da flora e cada vez mais, tornam-se
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 210

fontes de atividades economicamente importantes, das quais advêm benefícios


financeiros, tais como o Ecoturismo e a prática de esportes e de recreação.

e) Observação astronômica: Observação de estrelas, astros, eclipses,


queda de meteoros, em locais preferencialmente com reduzida influência de
iluminação artificial.

f) Mergulho livre: Mergulho no mar, rios, lagos ou cavernas com o uso de


máscara, snorkel e nadadeiras, sem equipamentos autônomos para respiração.

g) Caminhadas: Percursos a pé em itinerário predefinido. Existem


caminhadas de um ou mais dias com a necessidade de carregar parte dos
equipamentos para pernoite em acampamentos ou utilizando meios de hospedagem,
em pousadas ou casas de família.
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h) Trilhas interpretativas: Conjunto de vias e percursos com função


vivencial, com a apresentação de conhecimentos ecológicos e socioambientais da
localidade e região. Podem ser autoguiadas por meio de sinalização e mapas ou
percorridas com acompanhamento de profissionais, como Guias de Turismo e
Condutores Ambientais Locais.

i) Safáris fotográficos: Itinerários organizados para fotografar paisagens


singulares ou animais. Os safáris podem ser feitos a pé ou com a utilização de um
meio de transporte.
(Fonte: ECOTURISMO: Orientações Básicas. Disponível em:
http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/
Ecoturismo_Orientacoes_Basicas.pdf)

7.5. PEGADA SUSTENTÁVEL

Nossa caminhada pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser maiores
ou menores, dependendo de como caminhamos.

A Pegada Ecológica consiste em uma metodologia que busca examinar como a


forma de vida das pessoas deixa rastros e marcas no meio ambiente, estando
diretamente ligada, portanto, aos padrões de consumo dos indivíduos. Não se trata de
uma medida exata, mas sim de uma estimativa que mostra até que ponto nossa forma
de viver está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer e renovar seus
recursos naturais e de absorver os resíduos que geramos ao longo de vários anos.
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 212
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 213

Assim, considerando inúmeros fatores, tais como o fato de a economia global


estar em choque com muitos limites naturais da Terra; de a população humana estar
em constante crescimento, aumentando o consumo e a emissão de gases de efeito
estufa; de as reservas de água estar se esgotando, é necessário que nós calculemos
nossa “pegada ecológica”, pois, assim, podemos perceber quanto nossas atitudes e
padrões de consumo podem acarretar consequências irreversíveis para o meio
ambiente.
(Fonte: Cadernos de Educação ambiental: Consumo sustentável. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)
ESTILOS DE VIDA SUSTENTÁVEIS 214

Assim como existe a pegada ecológica, também existe a pegada hídrica. Você já
ouviu falar nesse conceito?

Bom, a Pegada Hídrica é um indicador do uso da água que analisa seu uso de
forma direta e indireta, tanto do consumidor quanto do produtor. A Pegada Hídrica de
um indivíduo, comunidade ou empresa é definida como o volume total de água doce
que é utilizado para produzir os bens e serviços consumidos pelo indivíduo,
comunidade ou produzidos pelas empresas.

"O interesse na Pegada Hídrica está enraizado no reconhecimento de que os


impactos humanos nos sistemas de água doce podem estar ligados ao consumo
humano, e que questões como a escassez de água e a poluição podem ser melhores
compreendidas e tratadas, considerando a produção e cadeias de suprimento como
um todo," diz o professor Arjen Y. Hoekstra, criador do conceito da Pegada Hídrica.

"Os problemas da água normalmente estão intimamente ligados à estrutura da


economia global. Muitos países externalizarão significativamente sua Pegada Hídrica,
a importação de bens intensivos em água de outro lugar. Isso coloca pressão sobre os
recursos hídricos nas regiões de exportação, onde muitas vezes os mecanismos para
a sábia governança e conservação da água são escassos. Não só os governos, mas
também os consumidores, as empresas e comunidades da sociedade civil podem
desempenhar um papel na obtenção de uma melhor gestão dos recursos hídricos”.

Continuando com a nossa revisão, vimos que as construções geram um grande


impacto ambiental, principalmente devido aos seguintes fatores:

• Extração de recursos naturais para a produção de materiais.

• Gases tóxicos emitidos no processo de fabricação dos materiais.

• Resíduos sólidos gerados na construção civil.

• Consumo de água e energia na habitação.

Por último, a seguir você terá a disposição alguns links de sites que trazem várias
informações a respeito dos assuntos abordados no curso, pois, assim, você poderá
aprofundar ainda mais os conhecimentos adquiridos.

Alimentação

Movimento Slow Food Brasil: www.slowfoodbrasil.com.br

Alimentos orgânicos: www.aao.org.br


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Reciclagem

Compromisso Empresarial para Reciclagem: www.cempre.org.br

Lixo: www.lixo.com.br

Reciclagem: www.reciclaveis.com.br

Instituto Pólis: www.polis.org.br

Setor reciclagem: www.setorreciclagem.com.br

Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro:


www.abividro.org.br

Instituto Socioambiental dos Plásticos: www.plastivida.org.br

Meio ambiente

Ambiente Brasil: www.ambientebrasil.com.br

Ibama: www.ibama.gov.br

Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental: www.cetesb.sp.gov.br

World Wide Fund for Nature Brasil: www.wwf.org.br

Secretaria do Meio Ambiente – SP: www.ambiente.sp.gov.br/cea

Videoteca da Secretaria do Meio Ambiente – SP:


www.ambiente.sp.gov.br/cea/category/videoteca. Por meio desse link, você pode
acessar uma lista com inúmeras sugestões de vídeos que tratam do tema Meio
Ambiente.

Instituto Akatu: www.akatu.org.br

Greenpeace Brasil: www.greenpeace.org.br

Blog do projeto “Eficiência Hídrica”: www.eficienciahidrica.wordpress.com

Sustentabilidade

Planeta melhor: www.planetamelhor.com.br

Planeta sustentável: www.planetasustentavel.abril.com.br

Mundo sustentável: www.mundosustentavel.com.br


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Habitação sustentável

Instituto para o desenvolvimento da habitação ecológica: www.idhea.com.br

Construção Sustentável: www.construcaosustentavel.pt

Conselho Brasileiro de Construção Sustentável: www.cbcs.org.br

Ecocasa: www.ecocasa.pt

Mobilidade Urbana

Bicicleta: www.compartibike.com.br

Mobilidade urbana sustentável: www.mobilize.org.br

Lembre-se: “A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo” (Confúcio).


Portanto, coloque em prática o que você aprendeu, transmita-o aos seus familiares e
amigos, incentive atitudes sustentáveis. Enfim, pequenas atitudes podem fazer uma
grande diferença!

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