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INSTITUTO

OS PRINCÍPIOS DA
DOUTRINA SOCIAL
DA IGREJA
SIGNIFICADO E UNIDADE
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ……………………….. 3

A UNIDADE ENTRE OS …………………. 5


PRINCÍPIOS DA DSI

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE …………… 8


DA PESSOA HUMANA

OS DIREITOS HUMANOS ……………… 12

O PRINCÍPIO DO ………………………… 16
BEM COMUM

DESTINAÇÃO UNIVERSAL ……………. 18


DOS BENS

O PRINCÍPIO DA …………………….. 20
SUBSIDIARIEDADE

A PARTICIPAÇÃO ………………………… 22

PRINCÍPIO DA …………………………… 25
SOLIDARIEDADE

CONCLUSÃO ……………………………… 31

institutoparresia.
INTRODUÇÃO
“O CRISTIANISMO ROMPE DE SÚBITO
POR ENTRE ESTAS APALPADELAS,
PARA SE TORNAR O ARAUTO DE
UMA NOÇÃO DECISIVA DE PESSOA.”1

1
Mounier, Emanuel. O Personalismo. Centauro Editora. 1ª. Ed. 2004. Pg. 18
A Igreja Católica propõe uma doutrina social baseada na pessoa
humana, pelo bem do homem, inspirada em um humanismo integral
e solidário, e aponta para a qualidade de uma consciência moral,
capaz de orientar esse caminho a ser trilhado pessoal e socialmente.

Desse modo, indica princípios orientadores, capazes de fundamen-


tar critérios de julgamentos e as linhas de ação cristãs neste tempo,
instruindo na atualidade condutas aptas a transformar o mundo pela
força do amor. Com efeito, “a exposição dos princípios da doutrina
social da Igreja tem em vista sugerir um método orgânico na busca
de solução aos problemas, de sorte que o discernimento, o juízo, as
opções sejam mais consentâneas com a realidade…”2

A Igreja Católica, ancorada na compreensão do homem inteiro,


corpo e alma; coração e consciência; inteligência e vontade, consci-
ente de que o mais elevado questionamento racional do homem é
sobre a própria existência e o entrega a religiosidade; conclui que o
conteúdo ético da liberdade humana precisa de uma responsabili-
dade comum para ser autenticamente vivido.

Portanto, a Igreja parte da dignidade do homem para atingir o


social. Pressupõe que autênticas transformações sociais iniciam a
partir de conversões pessoais de comportamento moral fundadas no
amor de Deus e, por isso, apresenta valores e princípios orientadores,
em busca de promover a caridade como compromisso pessoal e co-
munitário da humanidade.

2
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. Pg 20.
4
A UNIDADE ENTRE
OS PRINCÍPIOS DA DSI
“OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA SOCIAL
DEVEM SER APRECIADOS NA SUA
UNIDADE, CONEXÃO E ARTICULAÇÃO.³”

³ Idem. Pg 100
Eles funcionam como uma unidade multifacetada de integração,
de modo que a aplicação de um princípio valida, associa e potenciali-
za os demais, não sendo possível separá-los ou contrapô-los.

Para tanto, a Igreja Católica, em sua doutrina social, reconhece


quatro princípios: a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a
subsidiariedade e a solidariedade pois “quer se trate de relações
entre indivíduos, grupos ou povos, em todos os casos, com os quatro
princípios da Doutrina Social Católica, é possível conhecer-se o que é
humanamente digno, social e correto.”4

Nesse sentido, quanto mais os princípios são reconhecidos nas


ações humanas mais a pessoa e a sociedade são valorizadas em sua
integralidade. Portanto, a generosa aplicação dos princípios da
doutrina social, levam a “compreender em profundidade uma reali-
dade social”5.

A título de exemplo, é possível destacar o direito a vida do feto


recém-concebido. Pelo princípio da dignidade da pessoa humana
aplicado ao feto e a sua mãe, ambos precisam do reconhecimento
de sua dignidade, qualquer que tenha sido a história da concepção e,
consequentemente, de apoio social necessário ao desenvolvimento
da gestação, ao nascimento e ao pós-parto.

Numa segunda abordagem dos princípios, entre mãe e filho vige o


mais alto grau do princípio da solidariedade, porque ancorado no
amor humano.

3
4
DOCAT. Como Agir ? Pag. 92
Idem.
6
Além disso, sendo o Estado o articulador primeiro do bem comum,
tem a obrigação precípua de promover a vida, numa concreta e real
observância ao princípio do bem comum. Portanto, ao Estado, cabe
reconhecer prioritariamente a verdade de que “Um embrião não se
desenvolve para se tornar homem, mas antes se desenvolve como
homem.”6

Por fim, o Estado não deve substituir a mãe, sobrepondo-a, mas


caso ela venha a necessitar de apoio, deve contar com o Estado para
manter a gravidez até o seu curso final, em aplicação ao princípio da
subsidiariedade.

De fato, os quatro princípios da DSI socorrem a pessoa humana


desde a sua geração, pois não é permitido violar, em qualquer está-
gio do tempo de vida, a integridade do outro, especialmente se
tratando dos mais indefesos.

No exemplo concreto, para concluir esse tópico, retratou-se a apli-


cação dos quatro princípios da DSI de maneira integrada e articulada
em vista de resguardar o feto e a mãe, podendo-se verificar que os
princípios da DSI encerram um conteúdo evidentemente moral, uma
vez que “remetem aos fundamentos últimos e ordenadores da vida
social.”7

6
7
DOCAT. Como agir ? Pg. 77
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
7
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. 163.
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA
“A PERFEIÇÃO DO UNIVERSO PESSOAL ENCARNADO NÃO É,
POIS, A PERFEIÇÃO DE UMA ORDEM, COMO PRETENDEM
TODAS AS FILOSOFIAS (E TODAS AS POLÍTICAS) QUE
PENSAM QUE O HOMEM PODERÁ UM DIA SUBMETER
TOTALMENTE O MUNDO. É PERFEIÇÃO DE UMA LIBERDADE
QUE COMBATE, E QUE COMBATE DURAMENTE.”8

8
Mounier, Emanuel. O Personalismo. Centauro Editora. 1ª. Ed. 2004. Pg. 41.
Imagem e semelhança do próprio Deus, cada criatura humana
guarda em si a dignidade de ser alguém, carregando a representação
do próprio Criador, foi a única trazida a existência por si mesma. É
capaz de conhecer a si própria, aos demais, e de cuidar da criação.
Foi-lhe dado o sopro da vida, carrega a consciência e a razão natural,
inteligência e vontade, que a distinguem do mundo criado. É capaz
de agir com responsabilidade e de sobrepor-se a si mesma em vista
do amor e dos altos ideais.

SOBRE A PESSOA HUMANA, DISSE MOUNIER: “A PESSOA NÃO É


O MAIS MARAVILHOSO OBJETO DO MUNDO, OBJETO QUE
CONHECEMOS DE FORA, COMO TODOS OS OUTROS. É A ÚNICA
REALIDADE QUE CONHECEMOS E QUE, SIMULTANEAMENTE,
CONSTRUÍMOS DE DENTRO. SEMPRE PRESENTE, NUNCA SE NOS
OFERECE.”9 COM EFEITO, ENCERRA EM SI RECURSOS
INDEFINIDOS, DE MODO QUE “NADA DO QUE A EXPRIME A
ESGOTA, NADA DO QUE A CONDICIONA, A ESCRAVIZA.”10

9
10
Mounier, Emanuel. O Personalismo. Centauro Editora. 1ª. Ed. 2004. Pg. 15.
Idem. Pag. 16
9
A semelhança com Deus nos mostra que a essência humana está
relacionada ao Sumo Amor, mas, com o pecado original, estabele-
ceu-se o drama da realidade humana, uma vez que perdeu a santi-
dade e a justiça primeiras, recebidas para si e para toda a humani-
dade.

Conclui-se, portanto, que todos somos pecadores, aderimos livre-


mente ao mal e ferimos os outros com o nosso modo pecaminoso
de viver. O pecado humano é uma mácula dupla porque atinge não
só o pecador, mas insere-se na própria realidade social, produzindo
estruturas de pecado. “Mas onde avultou o pecado, a graça super-
abundou(…)”11

Com efeito, o realismo cristão reconhece a gravidade do pecado,


mas o vê imerso na esperança do maior ato de amor feito pela hu-
manidade: Jesus que se entregou por nós. “Nele, Deus reconciliou o
homem consigo,”12 e por isso os capacitou à reconciliação de uns
com os outros.

Sublime é a dignidade humana, salva por Deus na Cruz de Amor.

Sendo assim, a pessoa não deve ser vista como individualidade ab-
soluta, construída a partir de si mesma; muito menos, como integrante
de um sistema que a valoriza pela sua utilidade funcional. Ela não é so-
mente um elemento do organismo social. Nessa ordem de ideias, no
início de seu pontificado, afirmou Bento XVI: “Não somos produto
casual e sem sentido da evolução. Cada um de nós é o fruto de um
pensamento de Deus.”

O homem, na verdade, é autor da sociedade, é sujeito autônomo


capaz de juízo moral que constrói o tecido social através de suas de-
cisões, relações e ações. A socialidade do homem realiza-se de diver-
sas formas, partindo da família até atingir grupos políticos, culturais e
econômicos etc. Esses grupos são dotados de autonomia, guardan-
do uma espécie de subjetividade que não deve ser anulada, mas as-
segurada, inclusive pelos governos.

13
Bento XVI. Homilia do início do ministério petrino. 24/04/2005. 10
“É NA RESPOSTA AO APELO DE DEUS, CONTIDO NO SER DAS
COISAS, QUE O HOMEM TOMA CONSCIÊNCIA DA SUA
DIGNIDADE TRANSCENDENTE. CADA HOMEM DEVE DAR ESTA
RESPOSTA, NA QUAL SE ENCONTRA O CLÍMAX DA SUA
HUMANIDADE, E NENHUM MECANISMO SOCIAL OU SUJEITO
COLETIVO O PODE SUBSTITUIR. A NEGAÇÃO DE DEUS PRIVA
A PESSOA DO SEU FUNDAMENTO E CONSEQUENTEMENTE
INDUZ A REORGANIZAR A ORDEM SOCIAL, PRESCINDINDO
DA DIGNIDADE E RESPONSABILIDADE DA PESSOA.”14

A pessoa humana criada por Deus é uma unidade de alma e corpo,


confiada a si própria e responsável pela moralidade de suas ações,
capaz da vida espiritual, podendo penetrar em profundas estruturas
da realidade. É aberta ao infinito, ao criado “(…)porque com sua in-
teligência e a sua vontade se eleva acima de toda a criação e de si
mesmo, torna-se independente das criaturas, é livre perante todas as
coisas criadas e tende à verdade e ao bem absoluto.”15

Também é aberto aos demais, sendo capaz de transcender ao


outro, e de experimentar a profunda percepção de que “o outro é in-
finitamente outro e pela sua grandeza supera o eu”16, uma vez que a
dimensão ética começa, no fundo, quando o eu admite o tu acima de
si mesmo.

14
João Paulo II. Carta Encíclica Centesimos Anus.
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
15
11
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. 130.
Levinas, Emmanuel. Violência do rosto. Edições Loyola. p. 09.
16
OS DIREITOS HUMANOS
“OS DIREITOS HUMANOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS
SÃO DIREITOS NATURAIS DE TODOS OS SERES HUMANOS;
SUA PROTEÇÃO E PROMOÇÃO SÃO RESPONSABILIDADES
PRIMORDIAIS DOS GOVERNOS.”17

Declaração e programa de ação de Viena, adotada consensualmente


17

pela Conferência Mundial dos Direitos Humanos, em 25/06/1993. Item I.1


Reconhece-se nos direitos humanos conceitos admitidos pela
razão universal em defesa da dignidade e da liberdade humana, ca-
pazes de agir em proteção aos direitos e deveres da consciência indi-
vidual. Nesse sentido, “o movimento rumo a identificação e à procla-
mação dos direitos do homem é um dos mais relevantes esforços
para responder de modo eficaz às exigências imprescindíveis da
dignidade humana.”18

Atendendo à transcendência humana, as coisas devem subme-


ter-se às pessoas, e nunca o contrário19, sob pena de comprometer-se
a dignidade do homem; denegrindo valores autenticamente sociais,
provoca-se uma sociedade doente. Para evitar, o progresso precisa
observar o bem do ser humano de maneira ética, ou seja, evitando
qualquer tipo de instrumentalização do homem e respeitando a sua
liberdade, uma vez que “o exercício da vida moral atesta a dignidade
da pessoa.”20
Desse modo, para serem autênticos, os direitos humanos não
devem jamais refutar uma real comunicação com a tradição católica,
ainda que instrumentos exteriores possam revesti-los distintamente.

Com efeito, não é possível arquitetar uma ordem natural apartada


do sobrenatural, ou seja, exclusivamente racional, deixando de lado o
essencial do cristianismo, de maneira autossuficiente, sob pena de
confiar-se de maneira incauta na razão humana, olvidado a ferida do
pecado original. Portanto, na esteira do pensamento de Bento XVI, a
compreensão dos direitos humanos apresenta consistência na
medida em que se ancora na verdade revelada sobre a criação
humana, em Deus Criador.

18
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. 152.
13
19
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018.
20
João Paulo II. Catecismo da Igreja Católica. 1706.
QUANDO APARTADA DE DEUS, A IDEIA DE DIREITOS
HUMANOS CONDUZ A UMA INDEVIDA MULTIPLICAÇÃO DE
DIREITOS QUE AO INVÉS DE REALIZAR, DESMANTELAM O
DIREITO. TUDO SE TORNA DIREITO DE TODOS, DE MODO
QUE ESSE COMPLEXO DE DIREITOS ATROPELA UNS AOS
OUTROS, FAZENDO RUIR O QUE HÁ DE VERDADE NA
SEMPRE FRÁGIL E DELICADA PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS. MESMO A SABEDORIA POPULAR AO COMPOR
A MÁXIMA: “O MEU DIREITO TERMINA ONDE COMEÇA O
DO OUTRO”, SERIA NEGADA PELA VISÃO CÉTICA QUE
ANIQUILA VALORES E CONVICÇÕES, CAPAZ DE PRIVILEGIAR
OS FORTES E FAZER RUIR O DIREITO DO MAIS FRÁGIL.

Vejamos o exemplo do princípio da dignidade da pessoa humana,


invocado pelo Estado Brasileiro, num caminho que vem sendo fabri-
cado ao longo de anos, para autorizar a descriminalização do aborto.
Entre diversos argumentos, fala-se da liberdade, autonomia e autode-
terminação da mulher, pelo direito de fazerem escolhas existenciais
básicas e tomarem suas próprias decisões morais21, flexibilizando o di-
reito a vida do feto.

Essa é de fato uma amostra do entendimento sobre direitos hu-


manos que se contrapõe aos direitos humanos ancorados na ver-
dade, uma vez que desalinhados do referencial básico valorativo
oferecido pela Igreja, ao considerar inegociável a vida humana, ava-
liando o aborto “em todo caso, a morte premeditada de um ser
humano inocente.”

21
HC STF 124.306 RJ 14
A liberdade humana, de fato, é um valor a ser protegido com
fervor, mas a negação do valor moral ao qual ela deve estar a serviço,
emudece a humanidade da pessoa, embrutecendo-a. Assim exerci-
da, ela se torna capaz de voltar-se contra aquilo que pretende prote-
ger, fragilizando os mais fracos. Para subsistir, a liberdade precisa de
um conteúdo comunitário22 capaz de ordenar todas as liberdades en-
volvidas. Os valores da verdade, da justiça e do bem são os que inte-
gram a liberdade para que ela não pereça. Como já ensinou Bento
XVI, “a liberdade conserva sua dignidade apenas quando ligada ao
seu fundamento moral e à sua incumbência moral.”23

Na Carta Encíclica de João Paulo II, Centesimus Annus, foram elen-


cados direitos humanos reconhecidos como principais: “o direito a
vida, do qual é parte integrante o direito de crescer à sombra do
coração da mãe depois de ser gerado; o direito de viver numa família
unida e num ambiente moral favorável ao desenvolvimento da
própria personalidade; o direto a maturar a sua inteligência e liber-
dade na procura e no conhecimento da verdade; o direito a partici-
par no trabalho para valorizar os bens da terra e a obter dele o
próprio sustento e dos seus familiares; o direito de fundar uma família
e a acolher e educar os filhos exercitando responsavelmente a sua
sexualidade.”24

Destarte, a Igreja percebe a conexão íntima entre direitos e de-


veres, pois sublinha a evidente contradição de base numa afirmação
de direitos que não abrange os deveres correspondentes.

Por fim, vale ressaltar que os direitos humanos se projetam além da


pessoa individualmente considerada em vista de proteger os grupos
mais frágeis, e com a natural expansão dos direitos humanos aos
povos e nações, a Igreja compreende incluída em sua missão religio-
sa a defesa e promoção dos direitos fundamentais da pessoa
humana.

22
23
Bento XVI. Liberar a liberdade. Paulus. 2019.
Idem. P. 82
15
24
João Paulo II. Carta Encíclica Centesimos Anus. 47.
O PRINCÍPIO DO
BEM COMUM
“NÃO VIVAIS ISOLADOS, RETIRADOS
EM VÓS MESMOS, COMO SE JÁ
ESTIVÉSSEMOS JUSTIFICADOS, MAS
REUNI-VOS PARA PROCURAR, JUNTOS,
O QUE É O INTERESSE COMUM.”25

25
S. Barnabé. Apud Catecismo da Igreja Católica. 1905.
A definição de bem comum foi posta pelo Concílio Vaticano II, no
ensejo da Gaudium et Spes como “O conjunto daquelas condições
da vida social que permitem aos grupos e a cada um dos seus mem-
bros atingirem de maneira mais completa e desembaraçadamente a
própria perfeição.”26

O bem comum abrange o bem de todos os homens e do homem


todo e deve ter prioridade no Estado democrático de Direito, pois
correlaciona as exigências do bem comum com os princípios de di-
reitos humanos fundamentais. De fato, a democracia precisa se es-
forçar para harmonizar os interesses setoriais, sem esquecer as mino-
rias. Nesse contexto, “o que não beneficia a colmeia, também não
beneficia a abelha”27.

Ademais, esse princípio da doutrina social obriga todos os mem-


bros da sociedade, não dispensa ninguém de participar da cons-
trução de uma sociedade justa, que também é responsabilidade do
Estado, cabendo-lhe “defender e promover o bem comum da socie-
dade civil, dos cidadãos e dos organismos intermédios.”28

Contudo, o bem comum não é um fim em si mesmo, seu valor se


evidencia na medida e que promove “os fins últimos da pessoa e o
bem comum universal de toda a criação”29. Por isso, o bem comum
em sua inteireza visa, ao fim, a salvação e restauração plena da pessoa
humana, em vista da Eternidade, valor primeiro e transcendente de
todo ser humano, razão de ser da existência terrena e aspiração mais
profunda das almas.

26
Concílio vaticano II. Const. Apost. Gaudium et Spes. 26.
Barão de Montesqueiu.
27
17
28
Catecismo. 1910.
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
29

Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. 103.


DESTINAÇÃO UNIVERSAL
DOS BENS
“DEUS DEU A TERRA A TODO GÊNERO HUMANO,
PARA QUE ELA SUSTENTE TODOS OS SEUS MEMBROS
SEM EXCLUIR NEM PRIVILEGIAR NINGUÉM.”30

30
João Paulo II. Carta Encíclica Centesimos Anus. 31.
A Igreja Católica reconhece que a propriedade privada promove a
liberdade e a responsabilidade do homem pelo criado através do tra-
balho humano, mas a enxerga como um meio para a realização do
bem comum, em vista de uma saudável administração dos bens da
terra e, portanto, à destinação universal dos bens.

João Paulo II, no ensejo da Encíclica Laborem Exercens, esclarece a


íntima relação existente entre a destinação universal dos bens, a pro-
priedade privada e o trabalho humano: “Por outras palavras, a proprie-
dade, segundo o ensinamento da Igreja, nunca foi entendida de ma-
neira a poder constituir um motivo de contraste social no trabalho.
Conforme já foi recordado acima, a propriedade adquire-se primeiro
que tudo pelo trabalho e para servir ao trabalho.”31

A relação entre capital e trabalho em colaboração aponta, destarte,


para a destinação universal dos bens na medida em que a pessoa, no
uso de sua inteligência e liberdade, assume o mundo para o seu aper-
feiçoamento, e nesse agir, empenha-se não apenas em seu próprio
favor, mas para os outros e com os outros.32 De fato, “Tal como a
pessoa se realiza plenamente na livre doação de si própria, assim a
propriedade se justifica moralmente na criação, em moldes e tempos
devidos, de ocasiões de trabalho e crescimento humano para to-
dos.”33

31
32
João Paulo II. Carta Encíclica Laborem Exercens. p. 52.
João Paulo II. Carta Encíclica Centesimos Anus. p.81
19
33
Idem. p.82.
O PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE
“MUITAS PESSOAS PEQUENAS, EM MUITOS LUGARES
PEQUENOS, QUE FAZEM COISAS MUITO PEQUENAS,
PODEM MUDAR O ROSTO DO MUNDO.”34

34
Autor desconhecido.
Como já se mencionou anteriormente, existe uma autêntica subje-
tividade nas relações entre os indivíduos e sociedades intermédias,
que dá vida ao tecido social e estrutura a comunidade das pessoas,
enaltecendo as variadas formas de sociabilidade. Em vista de preser-
var tais relações, vige o princípio da subsidiariedade, que orienta “as
sociedades de ordem superior a se colocarem em atitude de ajuda
(subsidium), e, portanto, de apoio, subsidio e incremento, em relação
as menores.”35

Quer isso dizer que os pequenos grupos devem ser preservados


para realizarem a tarefa social que lhes compete, não cabendo ao
grupo superior subtrair-lhe o direito de resolver as próprias demandas
sociais, devendo apenas socorrer as necessidades do grupo inferior,
quando se mostre incapaz de resolver.

Esse princípio, que veda a invasão das competências e impõe o


auxílio, quando necessário, dá vigor a autonomia e a força criativa da
subjetividade das sociedades intermédias, valorizando-as. De fato, “a
iniciativa individual deve ser fortalecida, porque poder ajudar-se a si
mesmo representa uma componente significativa da dignidade da
pessoa.”36

Com propriedade, enumera o Compêndio da DSI: “À atuação do


princípio de subsidiariedade correspondem: o respeito e a pro-
moção efetiva do primado da pessoa e da família; a valorização das
associações e das organizações intermedias, nas próprias opções
fundamentais e em todas as que não podem ser delegadas ou assu-
midas por outros; o incentivo oferecido a propriedade privada, de tal
modo que cada organismo social, com as próprias peculiaridades,
permaneça ao serviço do bem comum; a articulação pluralista da so-
ciedade e a representação das suas forças vitais; a salvaguarda dos di-
reitos humanos e das minorias; a descentralização burocrática e ad-
ministrativa; equilíbrio entre a esfera pública e a privada, com o conse-
quente reconhecimento da função social do privado; uma adequada
responsabilização do cidadão no seu ‘ser parte’ ativa da realidade
política e social do País.”37

35
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. p. 112.
21
36
DOCAT, Como agir ? p. 99.
37
Pontifício Conselho Justiça e Paz. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Paulinas. 7ª. Ed 2011. 7ª. Reimpressão 2018. p. 113.
A PARTICIPAÇÃO
Do princípio da subsidiariedade também se pode extrair a partici-
pação, um chamado feito a todos os homens para contribuir, com
ações diretas ou mediante representação, na ordem temporal, para a
realização do bem comum.

“A participação é o envolvimento voluntário e generoso da pessoa


nas relações sociais.”38 Ela inicia nos pequenos grupos, quando se
assume uma posição ativa na família, no trabalho, na comunidade
local, onde todos são chamados a desempenhar a própria responsa-
bilidade pessoal atendendo as exigências do bem comum.

Mas não pára aí, pois “toda democracia deve ser participativa.”39 A
participação permite que os vários sujeitos da comunidade civil
possam ter acesso à vida pública, respondendo com responsabili-
dade social a um chamado específico, necessário e exigente, uma
vez que impõe vida austera, livre e responsável, numa construção
cívica com e pelos outros.

38
39
João Paulo II. Catecismo da Igreja Católica. 1913.
Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Compendio da Doutrina Social da Igreja. 190.
23
DE FATO, SOMENTE PODE SER UMA BOA AUTORIDADE
POLÍTICA A PESSOA QUE TENHA VIVIDO E
EXPERIMENTADO O BEM, POIS O PODER NADA MAIS É
QUE UM SERVIÇO ABNEGADO. COM EFEITO, “A IGREJA
LOUVA E APRECIA O TRABALHO DE QUANTOS SE
DEDICAM AO BEM DA NAÇÃO E TOMAM SOBRE SI O
PESO DE TAL CARGO, EM SERVIÇO DOS HOMENS.”40

Nesse sentido, é saudável para o corpo social a ampla participação


de todos e o dilatado acesso aos cargos públicos, inclusive para os
menos favorecidos, o que pode significar, além do exercício
democrático, uma alternância positiva que realiza a oxigenação no
exercício das funções públicas, reduzindo as oportunidades de pri-
vilégios e ditaduras pelo tempo excessivo no exercício da autori-
dade. De fato, “é necessária uma forte tensão moral para que a gestão
da vida pública seja fruto da corresponsabilidade de cada um em
relação ao bem comum.”41

40
41
Concílio Vaticano II. Constituição Pastoral Gaudium et Spes. 75.
Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Compendio da Doutrina Social da Igreja. 189.
24
PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE
“A PRÁTICA DA SOLIDARIEDADE NO INTERIOR DE CADA
SOCIEDADE É VÁLIDA, QUANDO OS SEUS MEMBROS SE
RECONHECEM UNS AOS OUTROS COMO PESSOAS.
AQUELES QUE CONTAM MAIS, DISPONDO DE UMA PARTE
MAIOR DE BENS E DE SERVIÇOS COMUNS, HÃO DE
SENTIR-SE RESPONSÁVEIS PELOS MAIS FRACOS E ESTAR
DISPOSTOS A COMPARTILHAR COM ELES O QUE POSSUEM.
POR SEU LADO, OS MAIS FRACOS, NA MESMA LINHA DE
SOLIDARIEDADE, NÃO DEVEM ADOTAR UMA ATITUDE
MERAMENTE PASSIVA OU DESTRUTIVA DO TECIDO SOCIAL;
MAS, EMBORA DEFENDENDO OS SEUS DIREITOS LEGÍTIMOS,
FAZER O QUE LHES COMPETE PARA O BEM DE TODOS.”42

42
João Paulo II. Carta Encíclica Sollicitudo rei socialis. 39
Atualmente, o mundo globalizado permitiu uma expressiva inter-
ação e comunicação entre pessoas, povos e nações. Paradoxal-
mente, as desigualdades sociais que deveriam reduzir em vista de ta-
manho intercâmbio, tem crescido de maneira alarmante entre pes-
soas, povos e entre as nações. De tais dados é possível concluir-se
que “o processo de aceleração da interdependência entre as pes-
soas e os povos deve ser acompanhado por um empenho no plano
ético-social igualmente intensificado.”43

De fato, mostra-se necessário que o desenvolvimento tecnológico


seja acompanhado por um desenvolvimento humano integral, con-
sciente e ético, dotado de um atributo humano e solidário, no anseio
de alcançar a unificação da família humana, ou seja, um desenvolvi-
mento capaz de promover o homem todo e todo homem44.

Tendo sido marcada pelo pecado, a pessoa humana sente-se in-


clinada ao egoísmo, projetando equivocadamente no poder e no
possuir as finalidades últimas de sua existência, esquecendo-se de
que esses são apenas os meios para um autêntico desenvolvimento
social. Deste modo, vai-se apropriando do criado, forjando estruturas
de pecado que se estendem ao longo do tecido social, de modo a
sintetizar graves desigualdades econômicas, sociais, culturais e
morais, entre outras tantas.

43
44
Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Compendio da Doutrina Social da Igreja. 192.
Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Compendio da Doutrina Social da Igreja.
26
Tais estruturas podem ser rompidas a partir de uma transformação
de pensamento, que passa do egoísmo para a amizade, fruto de uma
autêntica fraternidade humana e cristã. É possível, com a graça de
Deus, porque Cristo nos libertou. De fato, o que torna o homem ver-
dadeiramente homem é ser capaz de elevar-se acima da concupis-
cência do prazer, do poder e do possuir, para se perguntar não
apenas sobre o que deseja, pode, ou tem; mas o que deve fazer
diante desses apelos e, amparado na graça, seguir a voz da consciên-
cia responsavelmente.

Sobre o tema afirmou São João Paulo II, “Estas atitudes e estas ‘estru-
turas de pecado’ só poderão ser vencidas — pressupondo o auxílio
da graça divina — com uma atitude diametralmente oposta: a apli-
cação em prol do bem do próximo, com a disponibilidade, em senti-
do evangélico, para ‘perder-se’ em benefício do próximo em vez de
o explorar, e para ‘servi-lo’ em vez de o oprimir para proveito
próprio.”45

PELA SOLIDARIEDADE, ENTENDE-SE A CARIDADE


SOCIAL QUE CHAMA TODOS OS HOMENS A UMA
RESPONSABILIDADE PESSOAL E CONJUNTA,
COMPROMETIDA E REAL, SEM SENTIMENTALISMOS,
MAS PERMEADA DE DECISÃO PELO BEM COMUM.
ELA PRESUME A FORÇA DO AMOR QUE ROMPE AS
FRONTEIRAS DAS DIVISÕES E DIFERENÇAS
HUMANAS, IMPLICA EM VENCER O MAL COM O
BEM, CONTA COM A POTÊNCIA DO PERDÃO E
PROMOVE A GRATUIDADE NAS RELAÇÕES SOCIAIS.

45
João Paulo II. Carta Encíclica Sollicitudo rei socialis. 38.
27
A caridade social é o rosto da caridade fraterna no âmbito social, e
portanto, é fruto da experiência do amor de Deus, pois “a sociedade
cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz
irmãos.”46 Trata-se de uma força superior que movimenta o humano
na direção dos grandes ideais, levando-o a transcendência de si
mesmo, a ultrapassar com generosidade os próprios interesses em
vista do outro e dos demais.

A solidariedade ancorada no amor de Deus vence o egoísmo do


coração humano alçando-o para o amplo horizonte da fraternidade
universal, onde não há inimigos, mas pessoas com pensamentos di-
ferentes, culturas diversas e modos distintos de pensar e agir, revesti-
dos todos de uma igual dignidade de filhos de Deus.

“É NECESSÁRIO VOLTAR A SENTIR QUE PRECISAMOS UNS DOS


OUTROS, QUE TEMOS UMA RESPONSABILIDADE PARA COM
OS OUTROS E O MUNDO, QUE VALE A PENA SERMOS BONS E
HONESTOS. VIVEMOS JÁ MUITO TEMPO NA DEGRADAÇÃO
MORAL, DESCARTANDO A ÉTICA, A BONDADE, A FÉ, A
HONESTIDADE; CHEGOU O MOMENTO DE RECONHECER QUE
ESTA ALEGRE SUPERFICIALIDADE DE POUCO NOS SERVIU.”47

46
47
Bento XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate. 18.
Francisco. Carta Encíclica Laudato Si. 229
28
Sendo o bem contagiante, as ações e relações travadas no âmbito
da fraternidade vão como que penetrando nas estruturas do mal en-
raizadas naquele âmbito social, destronando-o pela força do amor.
Nas célebres palavras de Luther King, “a escuridão não pode expulsar
a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar
o ódio, só o amor pode fazer isso.”48 Com efeito, a santidade de um
único homem é capaz de modificar o seu entorno social e de envol-
ver muitos outros. Consciências desta estirpe podem e devem estar
presentes nas sociedades intermédias em vista de uma reviravolta
social.

Uma vez que a solidariedade concreta se evidencia na partilha de


bens e recursos e no amplo acesso ao trabalho49, mostra-se impos-
sível de ser atingida se ancorada em valores estritamente mercantis.
De fato, necessário é desenvolver formas internas de solidariedade e
confiança recíprocas em vista de uma justiça autenticamente distribu-
tiva e social.

Existem movimentos econômicos de hoje que percorrem desvios


graves, mas também se propõe uma economia de mercado capaz
de incluir e de promover comunhão, por isso, lastreada no amor. Vale
destacar: Esse caminho, antes de se mostrar mera liberalidade, re-
veste-se de obrigação e responsabilidade para todos os homens.
Com efeito, “Quando alguém tem mais do que o suficiente e existe
alguém que não tem o necessário, o que está em causa não é uma
questão de caridade, mas sim e sobretudo, de justiça.”50

48
49
Martin Luther King.
Catecismo da Igreja Católica.
29
50
DOCAT. Como agir ? p. 95.
Imperativa, nessa ordem de ideias, é a solidariedade social na
medida em que a pessoa, atuante no mundo e consciente das conse-
quências de suas ações e relações, precisa assumir uma responsabili-
dade social comprometida com o desenvolvimento integral próprio
e alheio, para efetivamente contribuir com um mundo de paz, sob
pena de, agindo ao largo e ao contrário, prenhe dos próprios inte-
resses, se transformar em algoz da sociedade em que vive.

Não somente no mercado e na política, também a solidariedade in-


ternacional e a consequente implantação da paz no mundo se anco-
ram na ordem moral, ambas dependem em larga medida de tais
premissas morais, cuja origem primeira e força propulsora é o amor
de Deus e a participação na família humana, levando em conside-
ração a dignidade e o direito à vida de todos os homens.

30
CONCLUSÃO
Como visto, os princípios da Doutrina Social da Igreja - a dignidade da
pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade -
compreendem uma unidade teórica e prática incindível que funda-
menta a vida em sociedade a partir da pessoa humana para o desen-
volvimento integral - de todo homem e do homem todo -, nos mais
diversos âmbitos, família, política, trabalho, economia, comunicação,
meio ambiente, entre outros. Ao longo da exposição, foi sendo
demonstrado como os princípios se entrelaçam de maneira harmôni-
ca, numa unidade multifacetada de integração.

Nesse contexto, para melhor esclarecimento, restou invocado o


exemplo de aplicação una dos princípios sob o enfoque do respeito
pela vida humana, tema que norteia os ensinamentos da Igreja em
sede de doutrina social, sendo certo que não convém separá-los,
pois “a abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimen-
to.”51

De fato, uma sociedade quando começa a desvalorizar a vida, vai


perdendo motivações e energias necessárias para trabalhar ao
serviço do verdadeiro bem comum52. Essa também é a conclusão al-
cançada pelos santos, como disse Madre Teresa de Calcutá: “Se acei-
tarmos que uma mãe mate seu próprio filho, como poderemos dizer
aos outros para não se matarem ?”53

51
52
Bento XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate. 28.
Idem
32
53
Madre Teresa de Calcutá.
Ademais, os princípios da DSI, em sua unidade e significado nas diver-
sas esferas de atuação da vida humana, culminam inexoravelmente
na fé cristã, pois para o cristianismo, “acima das pessoas já não reina a
tirania abstrata de um Destino, de uma constelação de ideias ou de
um Pensamento Impessoal, indiferentes a destinos individuais, mas
um Deus que ‘entregou sua pessoa’ para assumir a transfiguração
humana, e que propõe a cada pessoa uma relação única em intimi-
dade, uma participação na sua divindade.”54

Por tudo isso, importa destacar as sempre eloquentes palavras do


Papa Emérito Bento XVI: “Deve-se trabalhar na transformação do
mundo continuamente: com sobriedade, realismo, paciência, hu-
manidade. Mas há uma exigência e uma pergunta do homem que ul-
trapassa tudo o que podem realizar a política e a economia, capaz de
ser respondida só por Cristo crucificado, pelo homem no qual o
nosso sofrimento toca o coração de Deus, o amor eterno.”55

54
55
Mounier, Emanuel. O Personalismo. Centauro Editora. 1ª. Ed. 2004. Pg. 19.
Bento XVI. Dogma e anúncio. Loyola. 2007. p. 290
33
INSTITUTO

Escrito por

Regma Janebro
Membro da Comunidade
Católica Shalom, juíza de
direito e mestre em
ciências jurídicas.

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